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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

2025: o temido ano que ainda não começou - Paulo Roberto de Almeida

2025: o temido ano que ainda não começou 

Paulo Roberto de Almeida 

O ano de 2025 corre o grande risco de não ser melhor que este que se acaba de 2024, justamente pela presença ativa no cenário internacional de dois personagens absolutamente nefastos para o bem da humanidade, assim como para o de seus próprios paises em especial, como destaca Helga Hoffmann (vide abaixo) a partir de uma caricatura, ou cartoon, pateticamente irônica da revista alemã Der Spiegel. Ambos possuem uma visão autoritária de como deve ser o mundo, a serviço de suas obsessões pessoais, no caso de Putin uma visão propriamente despótica, o que não chega a esse extremo no caso de Trump, uma vez que os EUA ainda pertencem ao universo das democracias, no caso uma tristemente falha, ainda que não falida.

Neste derradeiro dia de 2024, torna-se, portanto, arriscado, talvez mesmo cruel, se não perversamente irônico, desejar um “Feliz 2025”, sabendo que os dois nefastos personagens estarão no máximo de suas potencialidades e capacidades para converter este ano de 2025 num dos mais “eletrizantes” — se me perdoam a expressão — das relações internacionais contemporâneas. 

Como diplomata brasileiro, eu espero, e desejo, que pelo menos a política externa e a diplomacia do Brasil continuem equilibradas o suficiente, sob um governo personalista como é o de Lula 3, para preservar nossa tradicional autonomia decisória e neutralidade ponderada, em face de conflitos interimperiais dessas duas grandes potências, de molde a confirmar os valores e principios tradicionais de nossa postura equilibrada no plano externo, como garantem as cláusulas de relações internacionais de nossa Constituição e a própria história do “diplomacia na construção do Brasil” (se ouso retomar o titulo da mais importante obra do embaixador Rubens Ricupero).

2025 pode não ser tão catastrófico como prometem as idiossincrasias desses dois personagens, mas será certamente apreensivo para os espíritos mais temerosos.

Paulo Roberto de Almeida

São Paulo, 31 de dezembro de 2024

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Helga Hoffmann:

“ Gosto do semanário “Der Spiegel”, ainda que não o veja tão útil quanto “The Economist”. Tipos diferentes de ironia. Comentários e noticiário do dia recebo do “Der Spiegel” toda tarde. Com o desta tarde (30/12/3024) veio este “cartoon”, resumo das primeiras declarações de Trump.  Para quem pensa que 2025 será melhor que 2024... Traduzo:

”OK, Vladimir, você fica com a Ucrânia e o Báltico, em troca eu fico com a Groenlândia e o Canadá! E ainda pego o Panamá, e em troca você pega a Polônia!

Importante são bons “deals”!

“Bom negócio” me parece tradução fraca para “good deal”...  Negócio é uma troca honesta no regime capitalista. “Deal” pode ser qualquer transação, inclusive alguma bastante diabólica.

Pretendo ficar uns dias fora de circulação digital. Einen guten Rutsch ins neue Jahr!  Menos categórico que "Feliz Ano Novo!””



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