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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon.com ou com.br. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, está livremente disponível na plataforma Academia.edu, link: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

terça-feira, 8 de julho de 2025

O Brasil no Brics - Rubens Barbosa O Estado de S. Paulo

 Opinião:

O Brasil no Brics

O Brics é visto, em Brasília, como instrumento-chave para reequilibrar a ordem mundial, contrapondo o domínio do G-7
Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 08/07/202

        No contexto atual de incertezas e insegurança global, o governo brasileiro organizou ontem, no Rio de Janeiro, o encontro de cúpula do Brics, sem a presença dos líderes da Rússia, China, Egito, Turquia, Irã e México.
        O Brics, hoje, ampliado, é integrado pelos cinco países originais (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) e agora pelos novos membros, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes. Foi igualmente criada uma categoria de Países Associados, tendo sido convidados Cuba, Bolívia, Turquia, Nigéria, Indonésia, Argélia, Bielorrússia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã e Uganda. A expansão do Brics permitirá um maior conhecimento e novas oportunidades de ampliação do intercâmbio comercial entre os países-membros. Existem cerca de 200 mecanismos de interação entre os países-membros, com reuniões entre ministérios e instituições oficiais e privadas que vão nessa direção. No tocante ao funcionamento do bloco, o Brasil apoiou a expansão do grupo (2023-2024) e defende termos de referência para a entrada de novos membros para preservar a coerência e eficácia do bloco. Há cerca de 35 países que manifestaram interesse em se juntar ao Brics.
        Apesar de dois de seus membros estarem envolvidos em conflitos regionais, o Brics, pelo seu peso político, econômico e comercial, tem sido um polo de atração, o que indica uma tendência à sua consolidação como um ator relevante no cenário global. Heterogêneo e com interesses nem sempre coincidentes, o Brics se tornou uma fonte de propostas de regras para a nova ordem internacional, embora haja preocupação de parte de seus membros com o risco de que o grupo se torne excessivamente politizado ou antiocidental, o que comprometeria sua capacidade prática. Por isso, apresentar-se como uma força de construção e de estabilização será um grande desafio para o bloco, levando em conta as guerras em curso e as atitudes antiocidentais de alguns de seus membros.
        A reunião mostrou a grande diversidade entre os países-membros e a divergência de interesses político e econômico-comerciais, mas a moderação prevaleceu sobre a confrontação. Além da declaração de líderes, foram aprovadas declarações sobre finanças climáticas; sobre governança global da inteligência artificial e a parceria do Brics para a eliminação de doenças socialmente determinadas. O Brasil contribuiu para encontrar fórmulas de conciliação sobre os temas dominados por questões geopolíticas globais, em especial, as guerras no Oriente Médio e na Europa e o protecionismo, em função do tarifaço dos EUA. O grupo condenou os ataques militares ao Irã e ao programa nuclear iraniano, reiterando o apoio às iniciativas diplomáticas relativas aos desafios regionais e reiterou as posições nacionais sobre a guerra na Ucrânia, expressas na ONU. O comunicado final registra a grave preocupação com a ocupação de Gaza e expressa o direito dos palestinos de um Estado independente e, quanto à ampliação do Conselho de Segurança da ONU, que Brasil e Índia deveriam ter um papel mais ativo em temas globais e nas Nações Unidas, inclusive no Conselho de Segurança.
        No contexto das atuais prioridades na política externa, o governo brasileiro mantém seu compromisso com o Brics como um meio estratégico para reforçar sua política externa, aumentar sua autonomia e atuar como liderança entre os países em desenvolvimento (Sul Global). O Brics é visto, em Brasília, como instrumento-chave para reequilibrar a ordem mundial, contrapondo o domínio do G-7, o esvaziamento do G-20 e de instituições lideradas por EUA e Europa. A presidência brasileira defendeu a reforma da governança global e a ampliação da voz dos países em desenvolvimento. Reiterou a necessidade da reforma do Conselho de Segurança da ONU, o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC) e enfatizou a necessidade de mudanças no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial, com maior representatividade e poder de voto para os emergentes. Ressaltou o diálogo sobre o uso de moedas locais no comércio com o objetivo de reduzir os custos das operações financeiras e sobre a cooperação entre os países do Brics para melhor utilização do sistema financeiro vigente. Defendeu maior atuação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), com financiamentos que beneficiem infraestrutura e transição energética no Sul Global.
        Ao lado do apoio à agenda do Brics, o Brasil incluiu, com êxito, nas discussões e no comunicado final, a ampliação da cooperação entre os países em desenvolvimento nas áreas de saúde, com o estabelecimento de parcerias e projetos com os países-membros para ampliar a cooperação no combate a doenças tropicais; clima, no tocante ao aprimoramento das estruturas de financiamento para enfrentar as mudanças climáticas levando em conta a agenda da COP-30; comércio, na defesa de princípios básicos do comércio internacional, como o da nação mais favorecida, visando ao incremento do comércio entre os dez membros do bloco e buscando revigorar a OMC e crítica à política protecionista dos EUA; taxação dos super-ricos; inteligência artificial, com vistas a aprofundar as discussões sobre a governança da IA, com o apoio da governança inclusiva e responsável da IA para o desenvolvimento.

Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) e membro da Academia Paulista de Letras.

https://www.estadao.com.br/opiniao/rubens-barbosa/o-brasil-no-brics/

A volta ao mundo em 80 livros: revisitando Jules Verne - Paulo Roberto de Almeida (série “Clássicos Revisitados”)

A volta ao mundo em 80 livros: revisitando Jules Verne

Proposta de um novo livro da série “Clássicos Revisitados”.
Cidades, regiões e países pelas quais passaram Phileas Fogg e Passepartout

1) Londres, Inglaterra, Reform Club, Museu Madame Tussaud, Bank of England: Planning de Voyage: De Londres à Suez par le Mont-Cenis et Brindisi, railways et paquebots ... 7 jours De Suez à Bombay, paquebot ... 13 jours De Bombay à Calcutta, railway ... 3 jours De Calcutta à Hong-Kong (Chine), paquebot ... 13 jours De Hong-Kong à Yokohama (Japon), paquebot ... 6 jours De Yokohama à San Francisco, paquebot ... 22 jours De San Francisco à New York, railroad ... 7 jours De New York à Londres, paquebot et railway ... 9 jours Total = 80 jours
2) Dover,
3) Calais,
4) Paris
5) Mont Cénis,
6) Turim,
7) Brindisi,
😎 Suez,
9) Aden,
10) Bombai, Great Peninsular Railway
11) Buhrampour, Assurghur, Rothal, Kholby (por trem)
12) Allahabd (via Terrestre, por elefante, 2.000 libras)
13) Florestas da Índia: Bundelkung, Vindhias, Kallenger, Pillaji, Salvamento
14) Benares, Chandernagor, ville française
15) Calcutta,
16) Singapura,
17) Hong Kong
18) Shanghai
19) Yokohama pela linha Pacific Mail Steam, com o valor General Grant
20) San Francisco: Central Pacific,
21) Sacramento;
22) Reno
23) Salt Lake City (mórmons); Ogden station;
24) Wyoming
25) Medicine-Bow: ponte destruído
26) Denver, Colorado
27) Fort Kearney, ataque dos Sioux
28) Travessia em trenó sobre a neve
29) Columbus, Omaha, estado do Nebraska;
30) Iowa,
31) Des Moines,
32) Iowa City
33) Illinois
34) Chicago, rail-road, Chicago Rock Island Road
35) Indiana
36) Ohio
37) Pennsylvania
38) New Jersey
39) New York; o barco para Liverpool tinha partido 45 minutos antes
40) Barco Henrietta, em direção de Bordeaux, desviado para Liverpool
41) Queenstown, Irlanda
42) Dublin
43) Liverpool; preso em nome da Rainha
44) Londres
45) Reform Club, um minute antes da hora final
80 – 45 = 35 livros faltantes.
AGORA: livros para falar de todos esses lugares, desde o momento em que Phileas Fogg passou (1872) e nas décadas seguintes, até chegar à atualidade...
O que era o Brasil nessa época (Censo desse ano...)
Reproduzir trechos de Jules Verne (o imperialismo europeu, a supremacia colonialista britânica), a ausência de passaportes de entrada, vistos consulares, Suez e Lesseps, Aída de Verdi, os vapores e cabos telegráficos, a dominância da libra britânica, os horários dos trens e o cronograma dos vapores, a ausência de vacinas.
O atraso da Índia (livro de Robert Barro e Xavier Sala-i-Martin, Economic Growth), a selvageria dos EUA matando bisões e índios, e a fleugma dos ingleses: Phileas Fogg em nenhum momento perde a calma ou a cabeça, e sim se mantém imperturbavelmente sereno e tranquilo.
Livros de turismo e de história econômica.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4982, 8 julho 2025, 2 p.

Um jantar “inesquecível” na Casa Branca, e uma conversa inacreditável - Paulo Roberto de Almeida

Um jantar “inesquecível” na Casa Branca, e uma conversa inacreditável:

Trump e Netanyahu coincidiram ontem, mais uma vez, em que é preciso expulsar, vender, eliminar os 2 milhões de palestinos da Faixa de Gaza, se livrar deles, para enfim construir, no espaço livre desse incômodo humano, uma Big, Beautiful, bright Riviera, um resort de luxo à beira do Mediterrâneo, para os seu negócios imobiliários e acolher os BBBs, os bilionários brancos e belos naquelas paragens.

Gostaria de ouvir a opinião a respeito dos meus amigos e conhecidos judeus, sionistas ou não l, apenas seres pensantes, o que eles, em especial o Julio Benchimol Pinto, têm a dizer sobre esse Big, Belo Projeto de dois supremacistas arrogantes. 

Não adianta me chamar de antissemita, pois estou apenas refletindo o que ouvi ontem na inacreditável entrevista à imprensa antes do jantar (quando devem ter combinado, em segredo, coisas ainda piores contra os pobres palestinos).

Se concluído o projeto, ele não eliminará o terrorismo: ao contrário, produzirá centenas, talvez milhares, de novos terroristas pelos anos à frente, não só no Oriente Médio, mas em todas partes do mundo, com força no território americano, contra americanos.

“Meu ódio será tua herança”, mas não é um filme…

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 8/07/2025


Postagens mais recentes neste quilombo de resistência intelectual - Paulo Roberto de Almeida

 Um amigo me merguntou sobre uma (ou mais de uma) postagem que eu havia feito recentemente neste pequeno espaço de opiniões libertárias, contrarianistas, anarquistas (à escolha de quem pretende me classificar). Sem saber exatamente qual era, alinhei as mais recentes, de opiniões próprias, sempre céticas, mas saudáveis. Ei-las, para usar uma mesóclise tão ao gosto de alguns: 

O que eu postei no período recente: 


4/07: 

Esta postagem foi objeto de dezenas de visualizações, por isso esta nova divulgação. A lição de Rui Barbosa perdura, pela sua sensatez elementar.

Ser neutro em face de um crime representa ser conivente com o criminoso

O Brasil de Lula (como antes o governo Bolsonaro) afirma ser neutro na questão da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.

Rui Barbosa, em 1916, já tinha chamado a atenção sobre a impossibilidade da neutralidade, ou “imparcialidade”, em face de uma grave transgressão do Direito, a propósito da invasão da Bélgica neutra invadida pelo Reich alemão na Grande Guerra (desde 1914). Ele disse que não se pode ser “neutro” em face de uma clara transgressão ao Direito Internacional.

Um ano depois o Brasil deixou de ser neutro na Grande Guerra, rompeu relações com as potências centrais e ingressou na guerra do lado dos agredidos.

Lula precisaria reler Rui Barbosa, ou alguém ler para ele.

Paulo Roberto de Almeida”


6/07: 

Statement of fact

Paulo Roberto de Almeida 

        Não combato pessoas, luto por ideias, contra ou a favor. Não ideias em geral, abstratas, conceitos vagos, mas ideias, afirmações, opiniões sobre fatos concretos, como por exemplo o desenvolvimento do Brasil e o bem-estar de seus habitantes, em primeiro lugar os mais pobres, desvalidos ou não educados, e por isso mesmo pobres ou remediados. 

        Na história, o Brasil tem sido um país dominado por oligarquias, não por cidadãos livres, conscientes e educados, e esta é a razão de porque somos, em grande maioria, pobres, deseducados e desvalidos.

        Trata-se não de um projeto consciente de malvados oligarcas, mas o resultado de um tipo de estrutura social impessoal, que vai moldando formas de organização social, política e econômica que podem ser mais ou menos conducentes à evolução de uma sociedade para uma melhor condição geral de bem-estar geral.

        No caso do Brasil ainda não conseguimos evoluir para um grau de desenvolvimento social capaz de reduzir o número dos menos qualificados pelo nascimento ou pela condição de origem.

        A origem colonial por um Estado precocemente unificado, mas também oligárquico e centralizado dificultou a modernização. As oligarquias escravistas e latifundistas bloquearam aquilo que se classificou como sendo uma “revolução burguesa”, ou seja, a ascensão de camadas médias ao poder político e econômico, o que não quer dizer que todas as camadas médias (os imigrantes, por exemplo) estivessem em condição de suplantar o poder das oligarquias. 

        Durante minha formação, busquei as vias intelectuais para escapar do subdesenvolvimento, com base no estudo e na observação da realidade ambiente, no próprio Brasil ou no exterior. Nem sempre fui exitoso no empreendimento, por limitações pessoais ou do meio ambiente. Creio ter contribuído modestamente para a difusão de um conhecimento mais preciso sobre nossos impedimentos ao pleno desenvolvimento material e cultural de nossa nação, com resultados também limitados pelo pouco alcance de minhas ideias.

        Daí uma preocupação persistente com os escritos — livros e artigos publicados — que são os que perduram acima das palavras que se perdem na confusão natural das sociedades.

        Não tenho maiores instrumentos para difundir o conhecimento adquirido ao longo de uma vida de estudos e de atenta observação das realidades que me cercam ou das quais sou consciente pelos meios disponíveis de informação e de comunicação.

        Persistência em certas ideias e disposição para revisá-las em face de novas evidências científicas parecem ser as chaves para algum êxito nesse tipo de empreendimento.

        Por que o faço? Simplesmente, ou conscientemente, porque provenho dessas tais classes desprivilegiadas em face das oligarquias dominantes, sempre as elites. Nunca pertenci às elites, sequer às intelectuais, mas sempre me esforcei para, no mínimo, me integrar a essa tribo diáfana e pouco influente em face dos oligarcas poderosos.      

        Infelizmente, o Brasil vai demorar muito para deixar de ser um país de oligarcas para se tornar uma nação de cidadãos conscientes. O processo é longo e demorado e segue caminhos sempre únicos e originais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 6/07/2025


7/07: 

 Mensagem a meus colegas diplomatas, da ativa e aposentados (como eu)

        Muitos sabem, talvez os mais jovens não saibam, que eu não tive nenhum cargo na SERE de 2003 a 2016, ou seja, durante toda a duração dos primeiros governos lulopetistas. Fui novamente chamado a exercer um cargo, apenas acadêmico, não executivo, como diretor do IPRI, de agosto de 2016 ao início de 2019, quando o Itamaraty foi literalmente assaltado pela franja lunática dos antiglobalistas. Fui demitindo do IPRI, com alívio, pois me sentiria muito mal tendo de servir a um governo e a uma administração na SERE totalmente esquizofrênicos. Como vários sabem, escrevi quatro livros contra o bolsolavismo diplomático – começando por Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019) e terminando por O Itamaraty Sequestrado (2022), todos digitais, mas concluindo o ciclo pelo livro impresso Apogeu e Demolição da Política Externa (Appris, 2022), cobrindo 30 anos de diplomacia, nos seus altos e baixos.
        No intervalo, durante o segundo ano do bolsolavismo esquizofrênico, tentei articular um projeto de "resistência clandestina" aos malucos da Casa de Rio Branco e uma espécie de planejamento para o período de reconstrução, após as eleições de 2022. Enviei correspondência bilateral para mais de meia centena de colegas, de meu conhecimento, pedindo sugestões para uma agenda futura de trabalho. Talvez por temor, talvez pela turbulência da pandemia em seu início, recebi poucas sugestões (todas registradas, um dia farei um relato, não nominal), e dei por encerrado o exercício.
        Obviamente que apoiei a luta contra o bolsonarismo delirante, ainda que o resultado não fosse o ideal.
        Pois bem, confirma-se agora que a atual diplomacia do lulopetismo declinante está engajando o Brasil,  acintosamente, abertamente, decididamente numa vertente bastante negativa para todo e qualquer diplomata consciente de nossa doutrina, de nossos valores e princípios, aliás para todo e qualquer cidadão benm informado, aqueles que eu acredito que contemplem com extrema rejeição a aliança do Brasil com duas grandes autocracia e vários outros regimes autoritários numa agenda claramente antiocidental, em busca de uma mal definida "nova ordem global multipolar".
        Todos os que me conhecem, e que acompanham eventualmente o que escrevo (no Diplomatizzando ou em outros canais), sabem exatamente o que eu acho desse projeto míope, desviante, prejudicial ao Brasil e ao seu conceito diplomático.
Esta nota serve apenas como denúncia de uma deriva deformadora das melhores tradições do Itamaraty e de sua diplomacia profissional.
Creio que as últimas manifestações do chefe de Estado e da diplomacia já provaram que há uma ruptura clara com nossa postura independente e autônoma em relação aos conflitos interimperiais e quaisquer enfrentamentos entre grandes potências (o que talvez nem seja mais o caso, dada a clara aderência do outrora "farol da democracia" ao neoczarismo expansionista).
        Lamento por meus colegas diplomatas, lamento pelo Brasil, lamento pela quebra das diretivas que sempre guiaram nossa política externa no caminho da independência em relação aos enfrentamentos geopolíticos, que não têm absolutamente nada a ver com nossos interesses nacionais.
        Estarei atento aos desenvolvimentos nessa área.
        Com pesar, mas com confiança, um abraço a todos os meus colegas diplomatas.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de junho de 2025

Tudo isso está no Diplomatizzando. Tem mais algumas coisas no Facebook e no Threads ou Linkedin.
O abraço do
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Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Livro: De Bonifácio a Amorim: elementos de uma teoria social da política externa brasileira - Dawisson Belém Lopes (Editora UFMG)

De Bonifácio a Amorim: elementos de uma teoria social da política externa brasileira

Dawisson Belém Lopes

Sinopse

O livro explora conexões e continuidades do pensamento autóctone em política externa, forjado como resposta a desafios de ordem empírica que se puseram, no curso de dois séculos de história de Estado independente, aos tomadores de decisão do Brasil. Está centrado em quatro linhas investigativas, a saber: o imaginário da política exterior e as variáveis socioeconômicas e culturais; o impacto da ossatura institucional na construção da política exterior; os alinhamentos internacionais cambiantes da política exterior e suas justificativas; e os projetos de nação e de inserção internacional para o Brasil. A partir desses balizadores, reconta-se a evolução das práticas sobre o “estar no mundo” brasileiro, de 1822 aos dias correntes, de José Bonifácio a Celso Amorim, com proposta de teorização sobre o caso. Produzida entre o Reino Unido e o Brasil, esta obra condensa mais de duas décadas de pesquisas do seu autor no campo da Política Externa Brasileira.

Área:
Ciência Política
Coleção:
ISBN:
9786558581499
Ano | Edição:
2025 | 1
Páginas:
373
Editora:
UFMG
Dimensão:
23,00 x 2,00 x 16,00 cm
Peso:
0.52 g

https://www.editoraufmg.com.br/#/pagamento

A guerra de Trump no Oriente Médio - J. A. Guilhon Albuquerque (O Estado de S. Paulo)

 Opinião

A guerra de Trump no Oriente Médio
O conceito de crise sem solução descreve um problema cuja existência é reconhecida por todas as partes, que todos sabem que tem solução, mas que se arrasta indefinidamente
Por J. A. Guilhon Albuquerque
O Estado de S. Paulo, 07/07/2025

        Dentre os conflitos em andamento no Oriente Médio, o ataque de Israel contra o Irã, surpreendente, mas não inesperado, gerou um conflito que encarna as peculiaridades de uma guerra sem solução. O conceito de crise sem solução descreve um problema cuja existência é reconhecida por todas as partes, que todos sabem que tem solução, mas que se arrasta indefinidamente.
        O conflito latente e indireto entre Israel e Irã começou com a revolução iraniana de 1979 e, até hoje, não apenas não tem solução, mas deixou de ser indireto e tornou-se uma guerra aérea, embora, por enquanto, não terrestre.
        Quando tomou o poder, o Aiatolá Khomeini rompeu com o Estado Judeu por motivos religiosos e passou a apoiar econômica e militarmente movimentos muçulmanos contrários à ocupação israelense da Faixa de Gaza e sua expansão em todo o território palestino.
        Durante o governo Obama, os EUA firmaram um acordo com o Irã, em conjunto com os membros do Conselho de Segurança da ONU e da União Europeia, que restringia a produção e o emprego de material atômico pelo Irã, impedindo, assim, o seu uso militar. Opondo-se diretamente a esse acordo, Israel executou, desde então, centenas de ataques indiretos, contra unidades militares iranianas em terceiros países, promoveu assassinatos de cientistas e autoridades iranianas e efetuou ataques cibernéticos, com o objetivo de obter a cumplicidade e uma possível intervenção direta dos EUA.
        A neutralização da ameaça nuclear do Irã no governo Obama foi apenas uma parte de sua política de desenvolvimento do Médio Oriente. Tratava-se de fazer um pivô de seus objetivos geopolíticos para a Ásia (a competição econômico-militar com a China), livrando-se os EUA do peso proporcionado por suas funções como potência hegemônica do Levante.
        Com sua vitória sobre os democratas, Trump, em seu afã de apagar os rastros de Obama, retirou seu país do Grupo dos Seis, eximindo-se de respeitar o acordo com o Irã.
        Com isso, Trump abriu as portas para suspeitas de que Teerã também ficasse livre de cumprir seus compromissos assumidos perante o Grupo dos Seis. Com isso, o Irã tornou-se alvo de eventuais ameaças militares dos EUA ou de quaisquer outros inimigos do Irã. Em particular Israel, a única potência que reunia interesse vital e capacidade militar para tanto.
        Em seu primeiro mandato, Trump criou seu próprio pivô para a China, por meio de um acordo a ser adotado entre Israel e os países árabes, com o fim de promover a pacificação e o desenvolvimento no Oriente Médio.
        Sem um objetivo estratégico bem fundamentado, mas crente na beleza de sua obra pacificadora, não levou em conta que sua realização dependeria de eliminar os empecilhos causados pela diáspora palestina em Gaza, na Cisjordânia, no Egito e, sobretudo, nos campos de refugiados espalhados pela Jordânia, a Síria e o Líbano.
        As tratativas para a assinatura do acordo entre a Arábia Saudita e Israel, que selaria o pacto, previam uma data no final de setembro de 2023, o que teria, segundo alguns autores – entre os quais me inscrevo – provocado o ataque do Hamas no dia 7 de outubro. Os dirigentes desse partido extremista teriam pretendido suscitar uma reação desproporcional do governo Natanael, capaz de desencadear uma guerra que tornasse inviável qualquer acordo dos sauditas e demais Estados árabes com Israel.
        À medida que Natanael estendeu sua guerra contra o Hamas para o Hezbollah e outros partidos e grupos armados pelo Irã, passou a subordinar sua posição no governo à continuidade e ampliação dos objetivos de guerra, tendo que encarar também a ameaça de perder o poder e, consequentemente, sua liberdade. O que chamei de “as mil guerras de Natanael”.
        Foi também nesse contexto de sobrevivência política e pessoal que, a meu juízo, Natanael deixou claro que até mesmo a libertação dos reféns israelenses era secundária à prioridade da guerra. O premier israelense jogou todas as suas cartas com objetivo de atrair Trump para um ataque militar conjunto capaz de destruir o suposto poderio nuclear iraniano, uma vez que, a despeito de todo o seu poderio militar, sem a permissão prévia de Trump e a intervenção militar direta dos EUA, Israel teria demasiado a perder.
          A Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), a própria diretoria de Inteligência Nacional dos EUA, a quase unanimidade dos cientistas, especialistas e observadores do programa nuclear iraniano, têm opinado que a bomba não existia, nem poderia ser testada a curto prazo, e que o ataque não teria sido inteiramente bem-sucedido. Formou-se um consenso internacional de que, mutatis mutandi, sem uma destruição em massa da economia e das instituições iranianas, sem pôr as botas no chão - o que logo saiu da agenda Natanael/trumpiana, Israel não alcançaria seu objetivo de extinguir a ameaça iraniana.
        O que levou os EUA, por enquanto, a tentar novamente voltar à diplomacia.

Opinião por J. A. Guilhon Albuquerque
É professor titular aposentado da USP

https://www.estadao.com.br/opiniao/espaco-aberto/a-guerra-de-trump-no-oriente-medio/

Lista cumulativa dos livros doados à Biblioteca do Itamaraty (2020-2025) - Paulo Roberto de Almeida

Lista cumulativa dos livros doados à Biblioteca do Itamaraty (2020-2025)

Paulo Roberto de Almeida
Junção das diversas listas setoriais das entregas progressivas de livros para a Coleção PRA na Biblioteca do MRE, até julho de 2025. Em evolução.

Sumário:
1. Livros individuais impressos (de 1 a 37) 1
2. Ensaios, artigos, capítulos em obras coletivas (de 38 a 165) 2
3. Obras de terceiros, autores diversos (de 166 até 1002) 10

Doações sucessivas à Biblioteca do Itamaraty de livros impressos

1. Livros individuais e editados impressos (de 1 a 37)
1) Contra a Corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (2019)
2) A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (2018).
(...)
1000) Iglesias, Francisco. Constituintes e Constituições Brasileiras (1985
1001) Assidon, Elsa. Les théories économiques du développement (2002).
1002) Castro, Josué de. Géographie de la Faim: Le dilemme brésilien, pain ou acier (1964).

(em seguimento)

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4980, 7 julho 2025, 34 p.

Relação completa neste link da plataforma Academia.edu:



Mensagem a meus colegas diplomatas, da ativa e aposentados (como eu) - Paulo Roberto de Almeida

 Mensagem a meus colegas diplomatas, da ativa e aposentados (como eu)

        Muitos sabem, talvez os mais jovens não saibam, que eu não tive nenhum cargo na SERE de 2003 a 2016, ou seja, durante toda a duração dos primeiros governos lulopetistas. Fui novamente chamado a exercer um cargo, apenas acadêmico, não executivo, como diretor do IPRI, de agosto de 2016 ao início de 2019, quando o Itamaraty foi literalmente assaltado pela franja lunática dos antiglobalistas. Fui demitido do IPRI, com alívio, pois me sentiria muito mal tendo de servir a um governo e a uma administração na SERE totalmente esquizofrênicos. Como vários sabem, escrevi quatro livros contra o bolsolavismo diplomático – começando por Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019) e terminando por O Itamaraty Sequestrado (2022), todos digitais, mas concluindo o ciclo pelo livro impresso Apogeu e Demolição da Política Externa (Appris, 2022), cobrindo 30 anos de diplomacia, nos seus altos e baixos.
        No intervalo, durante o segundo ano do bolsolavismo esquizofrênico, tentei articular um projeto de "resistência clandestina" aos malucos da Casa de Rio Branco e uma espécie de planejamento para o período de reconstrução, após as eleições de 2022. Enviei correspondência bilateral para mais de meia centena de colegas, de meu conhecimento, pedindo sugestões para uma agenda futura de trabalho. Talvez por temor, talvez pela turbulência da pandemia em seu início, recebi poucas sugestões (todas registradas, um dia farei um relato, não nominal), e dei por encerrado o exercício.
        Obviamente que apoiei a luta contra o bolsonarismo delirante, ainda que o resultado não fosse o ideal.
        Pois bem, confirma-se agora que a atual diplomacia do lulopetismo declinante está engajando o Brasil,  acintosamente, abertamente, decididamente numa vertente bastante negativa para todo e qualquer diplomata consciente de nossa doutrina, de nossos valores e princípios, aliás para todo e qualquer cidadão benm informado, aqueles que eu acredito que contemplem com extrema rejeição a aliança do Brasil com duas grandes autocracia e vários outros regimes autoritários numa agenda claramente antiocidental, em busca de uma mal definida "nova ordem global multipolar".
        Todos os que me conhecem, e que acompanham eventualmente o que escrevo (no Diplomatizzando ou em outros canais), sabem exatamente o que eu acho desse projeto míope, desviante, prejudicial ao Brasil e ao seu conceito diplomático.
Esta nota serve apenas como denúncia de uma deriva deformadora das melhores tradições do Itamaraty e de sua diplomacia profissional.
Creio que as últimas manifestações do chefe de Estado e da diplomacia já provaram que há uma ruptura clara com nossa postura independente e autônoma em relação aos conflitos interimperiais e quaisquer enfrentamentos entre grandes potências (o que talvez nem seja mais o caso, dada a clara aderência do outrora "farol da democracia" ao neoczarismo expansionista).
        Lamento por meus colegas diplomatas, lamento pelo Brasil, lamento pela quebra das diretivas que sempre guiaram nossa política externa no caminho da independência em relação aos enfrentamentos geopolíticos, que não têm absolutamente nada a ver com nossos interesses nacionais.
        Estarei atento aos desenvolvimentos nessa área.
        Com pesar, mas com confiança, um abraço a todos os meus colegas diplomatas.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de junho de 2025

domingo, 6 de julho de 2025

Statement of fact - Paulo Roberto de Almeida

Statement of fact

Paulo Roberto de Almeida 

        Não combato pessoas, luto por ideias, contra ou a favor. Não ideias em geral, abstratas, conceitos vagos, mas ideias, afirmações, opiniões sobre fatos concretos, como por exemplo o desenvolvimento do Brasil e o bem-estar de seus habitantes, em primeiro lugar os mais pobres, desvalidos ou não educados, e por isso mesmo pobres ou remediados. 

        Na história, o Brasil tem sido um país dominado por oligarquias, não por cidadãos livres, conscientes e educados, e esta é a razão de porque somos, em grande maioria, pobres, deseducados e desvalidos.

        Trata-se não de um projeto consciente de malvados oligarcas, mas o resultado de um tipo de estrutura social impessoal, que vai moldando formas de organização social, política e econômica que podem ser mais ou menos conducentes à evolução de uma sociedade para uma melhor condição geral de bem-estar geral.

        No caso do Brasil ainda não conseguimos evoluir para um grau de desenvolvimento social capaz de reduzir o número dos menos qualificados pelo nascimento ou pela condição de origem.

        A origem colonial por um Estado precocemente unificado, mas também oligárquico e centralizado dificultou a modernização. As oligarquias escravistas e latifundistas bloquearam aquilo que se classificou como sendo uma “revolução burguesa”, ou seja, a ascensão de camadas médias ao poder político e econômico, o que não quer dizer que todas as camadas médias (os imigrantes, por exemplo) estivessem em condição de suplantar o poder das oligarquias. 

        Durante minha formação, busquei as vias intelectuais para escapar do subdesenvolvimento, com base no estudo e na observação da realidade ambiente, no próprio Brasil ou no exterior. Nem sempre fui exitoso no empreendimento, por limitações pessoais ou do meio ambiente. Creio ter contribuído modestamente para a difusão de um conhecimento mais preciso sobre nossos impedimentos ao pleno desenvolvimento material e cultural de nossa nação, com resultados também limitados pelo pouco alcance de minhas ideias.

        Daí uma preocupação persistente com os escritos — livros e artigos publicados — que são os que perduram acima das palavras que se perdem na confusão natural das sociedades.

        Não tenho maiores instrumentos para difundir o conhecimento adquirido ao longo de uma vida de estudos e de atenta observação das realidades que me cercam ou das quais sou consciente pelos meios disponíveis de informação e de comunicação.

        Persistência em certas ideias e disposição para revisá-las em face de novas evidências científicas parecem ser as chaves para algum êxito nesse tipo de empreendimento.

        Por que o faço? Simplesmente, ou conscientemente, porque provenho dessas tais classes desprivilegiadas em face das oligarquias dominantes, sempre as elites. Nunca pertenci às elites, sequer às intelectuais, mas sempre me esforcei para, no mínimo, me integrar a essa tribo diáfana e pouco influente em face dos oligarcas poderosos.      

        Infelizmente, o Brasil vai demorar muito para deixar de ser um país de oligarcas para se tornar uma nação de cidadãos conscientes. O processo é longo e demorado e segue caminhos sempre únicos e originais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 6/07/2025


sábado, 5 de julho de 2025

A China e a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia - Paulo Roberto de Almeida

Uma China que revela as suas verdadeiras atenções e intenções e as consequências para o Brasil

“Chinese Foreign Minister Wang Yi told the European Union’s top diplomat that Beijing can’t accept Russia losing its war against Ukraine as this could allow the United States to turn its full attention to China, an official briefed on the talks.” (Jun 3)

Ou seja, a China está muito engajada na vitória, ou na não derrota da Rússia, em sua guerra de agressão contra a Ucrânia, que não é mais conquista de novos territórios (por incapacidade bélica), mas de destruição pura e simples de todo o patrimônio do país e a matança indiscriminada de civis. 

Isso possui ENORME consequências para o Brasil e sua diplomacia, supostamente neutra, ou imparcial (o que já é completamente errado, do ponto de vista do Direito Internacional e da CF-1988, que condenam isso), e para um alegado Plano de Paz conjunto com a China para “terminar o conflito”. A diplomacia de Lula coloca o Brasil do lado do AGRESSOR, e isso claramente aos olhos da comunidade internacional.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 5/07/2025

sexta-feira, 4 de julho de 2025

O Grande Realinhamento (de Trump para Putin) e o significado do 4 de julho para os americanos - Anne Applebaum

 Anne Applebaum escreve sobre o Grande Realinhamento (de Trump para Putin) e sobre o significado do 4 de Julho, e tudo o que Trump vem fazendo contrariamente à Declaração da Independência americana:


The Great Realignment
Also: the Declaration of Independence makes interesting reading this July 4th
ANNE APPLEBAUM
JUL 4, 2025

Slowly, and not exactly imperceptibly, the United States of America is changing its geopolitical orientation. The Trump administration has made clear that it can no longer automatically be considered a strategic partner to Ukraine, or a reliable ally to Europe. Perhaps the president is not yet fully aligned with his Russian counterpart, but he is moving in that direction, much faster than many realize.

This shift has already had devastating consequences. In very clear ways, Trump’s policies are encouraging Putin’s war. For the Atlantic, I connected some of the dots:

Trump occasionally berates Putin, or makes sympathetic noises toward Ukrainians, as he did last week when he seemed to express interest in a Ukrainian journalist who said that her husband was in the military. Trump also appeared to enjoy being flattered at the NATO summit, where European leaders made a decision, hailed as historic, to further raise defense spending. But thanks to quieter decisions by members of his own administration, people whom he has appointed, the American realignment with Russia and against Ukraine and Europe is gathering pace—not merely in rhetoric but in reality.

Not for the first time, Trump’s Pentagon has abruptly blocked transfers of weapons to Ukraine. The most shocking decision concerns air defense:

Just this week, in the middle of the worst aerial-bombing campaign since the war began, the Trump administration confirmed that a large shipment of weapons, which had already been funded by the Biden administration, will not be sent to Ukraine. The weapons, some of which are already in Poland, include artillery shells, missiles, rockets, and, most important, interceptors for Patriot air-defense systems, the ammunition that Ukrainians need to protect civilians from missile attacks. Trump had suggested that he would supply Ukraine with more Patriot ammunition, which is an American product. “We’re going to see if we can make some available,” he said after meeting Ukrainian President Volodymyr Zelensky last week. But what he says and what his administration actually does are very different.

Within days of receiving the news that Ukraine will have less air defense, Putin hit Kyiv, on Thursday night, with the largest air attack of the entire war. This morning, parts of the city were burning. This is what it looked like (with thanks to @kateinkharkiv.bsky.social‬):


But the realignment is not only military. In practice, the US is reducing sanctions on Russia, easing pressure on the economy and helping the Russians acquire the components they need to build the missiles that kill civilians. The Trump administration has also stopped fighting any kind of narrative war with Russia, dropping efforts to identify Russian propaganda, and blocking independent Russian-language media of all kinds, including our own Radio Free Europe/Radio Liberty:

During the Biden administration, the State Department’s Global Engagement Center regularly identified Russian disinformation operations around the world—exposing misleading websites or campaigns secretly run or directed by Russian operatives in Latin America and Africa, as well as in Europe. Trump appointees have not only dissolved the center; they also baselessly and bizarrely accused it of somehow harming American conservatives, even of having “actively silenced and censored the voices of Americans,” although the GEC had no operations inside the U.S.

At the same time, cuts to USAID and other programs have abruptly reduced funding for some independent media and Russian-opposition media. The planned cuts to Radio Free Europe/Radio Liberty, if not stopped by the courts, will destroy one of the few outside sources of information that reaches Russians with real news about the war. Should all of these changes become permanent, the U.S. will no longer have any tools available to communicate with the Russian public or counter Russian propaganda, either inside Russia or around the world.

The result? Putin, who might otherwise have been running into real trouble right now, in his third year of an unsucceesful and costly conflict, has been encouraged and inspired to keep going. Trump has given him and his war a new lease on life.

Add all of these things together, and they are something more than just a pattern. They are a set of incentives that help persuade Putin to keep fighting. Sanctions are disappearing, weapons are diminishing, counterpropaganda is harder to hear. All of that will encourage Putin to go further—not just to try to defeat Ukraine but to divide Europe, mortally damage NATO, and reduce the power and influence of the United States around the world.

I am no longer interested in speculating about why Trump is helping Putin. But I will continue to demonstrate, over and over again, that he does.

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When in the course of human events… (July 4th, 1776)

I re-read the Declaration of Independence a few weeks ago, just to remind myself of what it contains. If you are lucky enough to live in an American town or neighborhood that stages annual readings on the 4th of July, then pay close attention this year. If you don’t, then read it yourself. (Check out the National Archives website, which has a transcription as well as photographs of the original). In essence, the Declaration was a list of things the colonists hated about the King. Here are a few which now sound familiar once again.

He has kept among us, in times of peace, Standing Armies without the Consent of our legislatures (and now Trump plans, in times of peace, to create a massive, heavily armed ICE army)

He has affected to render the Military independent of and superior to the Civil power (as when Trump moblized the marines against the will of the government of California)

For cutting off our Trade with all parts of the world ( aren’t tariffs the same thing?)

For transporting us beyond Seas to be tried for pretended offences (reminds me of the deportation of people to El Salvador)

He has erected a multitude of New Offices, and sent hither swarms of Officers to harrass our people, and eat out their substance (The Trump administration has also taken over budgets and government programs without consent of the legislature)

We didn’t want a king in 1776 - will we tolerate one now?

Russia hammers Kyiv in largest missile and drone barrage since war in Ukraine began (AP News)

 Vai sair alguma nota do Itamaraty a este respeito?


"Russia hammers Kyiv in largest missile and drone barrage since war in Ukraine began - AP News
Russia launched 550 drones and missiles across Ukraine overnight in the largest aerial assaults since the war began."
https://apnews.com/article/ukraine-russia-war-attack-missile-drone-58bc08ddcf1038fb409999c56b11e9fa

Acho que não. Alguém aposta nessa possibilidade?
Paulo Roberto de Almeida

Parece que o Itamaraty não está suficientemente informado sobre o que está acontecendo na Ucrânia. Nem precisa de embaixadores para informar. Basta dar uma olhada nas notícias, como as que eu recebo diariamente. Fica mais fácil fazer notas a partir das notícias fiáveis das principais agências.

Ukraine war
Google Daily update ⋅ July 4, 2025
NEWS

Russia hammers Kyiv in largest missile and drone barrage since war in Ukraine began - AP News
Russia launched 550 drones and missiles across Ukraine overnight in the largest aerial assaults since the war began. The capital Kyiv was the ...

Russia-Ukraine war: List of key events, day 1226 | News - Al Jazeera
Fighting · Russia launched 539 drones and 11 ballistic and cruise missiles at Ukraine overnight in the largest aerial attack since the war began, ...

Ukraine war briefing: Trump says he 'didn't make any progress' with Putin after call - The Guardian
Russia launches drone attack on Kyiv hours after presidents' phone call; US company Techmet to bid in first pilot project of US-Ukraine minerals ...

Russia hits Ukraine with biggest overnight attack of war - as Trump says he's disappointed in Putin - Sky News
Ukraine war latest: Russia hits Ukraine with biggest overnight attack of war - as Trump says he's disappointed in Putin. Ukraine's air force says ...

Deputy head of Russian navy killed by Ukraine in Kursk, Moscow says - Al Jazeera
Mikhail Gudkov, 42, is one of the most senior Russian commanders to have died in the war.

Russia 'will not back down' on Ukraine war goals, Putin tells Trump - Al Jazeera
Russia 'will not back down' on Ukraine war goals, Putin tells Trump. Russian president says future talks need to be between Kyiv and Moscow amid signs ...

Russian use of chemical weapons against Ukraine 'widespread', Dutch defence minister says - Reuters
The Dutch intelligence findings on alleged Russian use of chloropicrin, a banned warfare agent first used by Germany during World War One, ...

Is This The Summer That Russia Breaks Ukraine? (Not Likely) - RFE/RL
That is well in excess of all casualties suffered by Russia and the Soviet Union in all the conflicts since World War II combined. The summer ...

Russia expanding chemical weapons use in Ukraine, say European spy agencies - Al Jazeera
A Ukrainian air force official told local media it is the biggest of the war so far, with Moscow firing 539 drones and 11 missiles overnight. The ...

Trump says call with Putin yielded no progress on a Russia-Ukraine ceasefire - NBC News
The president repeatedly said on the campaign trail that he would bring an end to the war during the first 24 hours of his second term.

Comment archive - Peace Research Institute Oslo (PRIO)
Peace Research Institute Oslo (PRIO)
Ukraine War Beyond the COVID Curve Research Politics Peace Research Nobel Peace Prize Climate & Conflict PRIO Stories

Russia-Ukraine War: Kherson Hospital Damaged, Loud Explosions Heard

Russia-Ukraine War: Kherson Hospital Damaged, Loud Explosions Heard | Subscribe to Firstpost | N18G Russia-Ukraine War: At least two people were ...


Ser neutro em face de um crime representa ser conivente com o criminoso - Rui Barbosa, lembrado por Paulo Roberto de Almeida

Esta postagem foi objeto de dezenas de visualizações, por isso esta nova divulgação. A lição de Rui Barbosa perdura, pela sua sensatez elementar.

Ser neutro em face de um crime representa ser conivente com o criminoso

O Brasil de Lula (como antes o governo Bolsonaro) afirma ser neutro na questão da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.

Rui Barbosa, em 1916, já tinha chamado a atenção sobre a impossibilidade da neutralidade, ou “imparcialidade”, em face de uma grave transgressão do Direito, a propósito da invasão da Bélgica neutra invadida pelo Reich alemão na Grande Guerra (desde 1914). Ele disse que não se pode ser “neutro” em face de uma clara transgressão ao Direito Internacional.

Um ano depois o Brasil deixou de ser neutro na Grande Guerra, rompeu relações com as potências centrais e ingressou na guerra do lado dos agredidos.

Lula precisaria reler Rui Barbosa, ou alguém ler para ele.

Paulo Roberto de Almeida”

Airton Dirceu Lemmertz: um atento seguidor deste blog Diplomatizzando

 Airton Dirceu Lemmertz segue sistematicamente meu blog Diplomatizzando e muito frequentemente reproduz algumas das postagens ali efetuadas, como estas três, por exemplo:

Quem se movimenta, ao fim e ao cabo, não é o povo pobre; e sim as classes médias, que possuem meios de pressão.

https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/aprofundando-o-debate-atual-sobre-os.html

Lula precisa reler Rui Barbosa - ou alguém ler para ele.

https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/ser-neutro-em-face-de-um-crime.html

"Presidente do Brasil está perdendo influência no exterior e é impopular em casa". (The Economist):

https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/brazils-president-is-losing-clout.html 

Licença para ser contra o consenso - Aurelio Schommer

 O que é um populista? É seu adversário no jogo político, esteja ele onde estiver no espectro ideológico.

O que é um extremista? É seu adversário.

O que é um tirano? É seu adversário.

As palavras utilizadas para definirmos posturas políticas não conduzem a consensos, mas antes ao que chamamos, também com carga negativa, de “polarização”. São palavras inúteis para fins de conceituação portanto.

Já “consenso” é visto como algo positivo. Não deveria, pois exclui o dissenso. O problema da polarização raivosa, dominada pelo xingamento de parte a parte, surge justamente da decisão de afastar o dissenso, de não o permitir. Está em curso entre nós, de tal forma que tenho de ter muito cuidado no que vou dizer sobre isso para não ser preso. 

Inclino-me a defender a liberdade para o dissenso, para as ideias tidas por boas por uns, por ruins por outros. Sim, é preciso algum consenso para elegermos rumos e ações, mas convém não reprimir o dissenso. Se tudo que nos resta é a violência para conter a tirania de nosso oponente, pois ele, oponente, não admite que expressemos nosso dissenso por palavras, a tendência é nos sacrificarmos em vista de substituir uma tirania por outra, que não apenas tire o poder de nossos adversários, mas os calem. 

Na história, a permissão para o dissenso manifesto é rara. Tão rara quanto preciosa. Não caiamos na tentação de glorificarmos a censura quando a nosso favor, pois isso é evocar o ciclo de sucessão de soluções totalitárias, ciclo abundantemente repetido ao longo da história.

Aurelio Schommer

Como extinguir uma democracia - Roman Sheremeta

A sobering message from a history teacher

Roman Sheremeta

I’ve spent years teaching both American and international government. We study the full spectrum of systems: from well-established democracies like the UK, to hybrid regimes like Mexico and Nigeria, to authoritarian states like russia, Iran, and China. Each case study offers a lesson — but lately, the most unsettling one comes from within our own borders.

One key lesson I teach my students: there’s never a single, defining moment when a democracy falls. No leader ever declares, “I am now a dictator.” The erosion is subtle. Gradual. Legal on the surface. And often supported — or at least tolerated — by the public.

Look at russia. When Putin took power in 2000, it had the trappings of democracy: elections, a constitution, federalism, and a separation of powers. Today, those structures remain on paper, but functionally, they mean nothing. Putin holds absolute power — and is, perhaps not coincidentally, admired by Donald Trump.

So, how do we recognize when a democracy is backsliding? There are clear warning signs — every first-year political science student learns them. Here are a few I share with my students:

1. When the Legislative Branch yields to the Executive.

Congress was designed to check presidential power. If Congress becomes subservient — whether through inaction or complicity — the balance envisioned by the Constitution collapses. Putin faced early pushback from the Duma. He eventually sidelined, intimidated, and replaced dissenters with loyalists. Sound familiar?

2. When corporatism becomes normalized.

In an authoritarian slide, industries and oligarchs cozy up to power in exchange for favors. In russia, compliant billionaires got rich. Critics were jailed or exiled. We’ve seen similar patterns here: tax breaks, deregulation, and media consolidation benefiting those aligned with Trump.

3. When adherence to the Constitution becomes optional.

Rule of law is foundational to democracy. Yet we’ve seen moments when Constitution was ignored under Trump’s leadership. In healthy democracies, that shouldn't even be a question.

4. When enemies — internal and external — are manufactured.

Authoritarians thrive by uniting people against scapegoats. Vulnerable communities become targets. Historic allies become threats. The purpose? To consolidate power under the guise of protecting the nation.

5. When personal loyalty to the leader outweighs loyalty to the nation.

Public servants swear oaths to the Constitution, not individuals. But when loyalty shifts toward one man — especially among military, law enforcement, and intelligence — democracy is in grave danger.

Here’s the hardest truth: if America continues down this path, it won’t be because we were blind. It won’t happen in darkness. It will happen in plain sight — and with our permission.

Democracy is not self-sustaining. It survives only when we choose it — over and over again.