O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sábado, 31 de dezembro de 2016

Minhas previsoes imprevidentes para 2017 - Paulo Roberto de Almeida


Minhas previsões imprevidentes para 2017: já estou sentindo saudades dos companheiros

Paulo Roberto de Almeida
[Dando continuidade à série, com novas e jocosas previsões impossíveis]


Desde o início do milênio atual, com absoluta constância desde 2003, dei início a esta série que denominei, provocativamente, de “previsões imprevidentes”, ou seja, o contrário daqueles chutes bem informados que todo astrólogo amador, ou profissional, faz a cada final ou começo de ano. A diferença de minhas previsões, em relação a essas afirmações científicas dos adivinhos de plantão, é que as minhas não estão de modo algum destinadas a serem confirmadas pelo carro sempre balouçante da História: ao contrário, elas foram expressamente concebidas para, justamente, não se realizarem.
Devo dizer que desde o início da década passada, eu vinha sendo ajudado – e como! – pelos companheiros e suas políticas tresloucadas: cada vez que eles expunham um programa, uma nova política, uma medida macro ou setorial, eu sempre apostava exatamente o contrário. E pimba!: não hvia nenhuma chance das coisas acontecerem, da forma como eles queriam. Alto lá: corrijo imediatamente: a coisa sempre se desenvolvia de modo totalmente inverso ao pretendido. Os companheiros eram infalíveis nesse jogo.
Confesso que fiquei repentinamente órfão: com o afastamento totalmente injusto dos companheiros do poder, por meio desse golpe aplicado pela direita, pelos tucanos neoliberais, pela grande mídia, pelos capitalistas mancomunados com o perverso imperialismo, pelos banqueiros conspirando com o capital financeiro monopolista internacional – enfim, por todos aqueles que não são companheiros, ou pecedobistas, ou psolistas, ou gramscianos de academia, ou teólogos da libertação, ou saúvas freireanas e pedagogos da conscientização, os que não são progressistas, esquerdistas, modernistas, pós-modernos, partidários do politicamente corretos, enfim, toda essa fauna, que lutou bravamente contra os golpistas organizados por aquele ex-presidente da Câmara, ufa!, retomo –, com esse atentado fundamental contra a democracia companheira fiquei totalmente sem a ajuda dos ditos companheiros na minha elaboração regular, anual, destas previsões imprevidentes. Eu estava ameaçado de ficar agora sem previsões.
Estava até disposto a apoiar um movimento de novas eleições, só para ter um pequeno laivo de esperança no retorno dos companheiros ao poder, especialmente do chefão mafioso, e com isso poder voltar a elaborar minhas previsões com plena certeza de que nunca vou acertar, ou melhor, sabendo que vou acertar errando redondamente (ou quadradamente, como poderia ser o caso em se tratando desse pessoal de apoio).  
Antes, porém, de me debruçar sobre minhas novas previsões imprevidentes e imprevisíveis para o ano da graça de 2017, vamos fazer um pequeno retrospecto. Aliás, que graça tem esse ano que começa? Depois de dois anos de recessão, vamos continuar recuando no poder de compra, pois o fraquíssimo crescimento da economia, previsto pelos gurus habituais, ficará bem abaixo da inflação, pela primeira vez, não dentro da meta, como andam anunciando, mas dentro da banda, que já é larga. Então, vamos ver o que é que eu que tinha previsto para este ano de 2016, nesta tresloucada profissão?

Previsões imprevidentes para 2016: pela primeira vez a imprevisão ganha da previsão (Brasília, 31 de dezembro de 2015)
1) Criação do programa Pedaladas Legais
2) Cristo Redentor entra no programa de concessões companheiras
3) Companheiros aderem ao livre comércio... de talentos
4) Protocolo aditivo à convenção da ONU sobre corrupção
5) O governo companheiro vai conseguir equilibrar as contas nacionais
6) Os companheiros renovam sua promessa de não mais roubar
7) A Justiça aumenta sua produtividade em 350%
8) Os industriais da FIESP param de reclamar do aumento de juros
9) O PSOL reconhece que Cuba pode não ser um modelo para o Brasil
Como todos podem constatar, eu errei todas, ou seja, acertei a totalidade das minhas previsões, sucesso a 100% portanto. (Quem quiser conferir o detalhe de cada uma dessas previsões destinadas fatalmente ao fracasso completo, pode ver neste link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/previsoes-imprevidentes-para-2016.html).

OK, chega da enrolação típica dos preguiçosos. Mesmo sem a contribuição que sempre considerei fundamental dos companheiros, vou tentar arriscar novas previsões imprevidentes para o ano que está começando. Fazer esse tipo de chute contra o futuro imediato apresenta um alto risco, pois nas condições surrealistas do Brasil atual – quando não se sabe quem é situação, quem é oposição, que deu golpe e quem o sofreu – as coisas mais surpreendentes podem ocorrer, até minhas previsões darem certo, ou melhor, errado, e tudo se realizar contra os prognósticos. Vamos portanto dar a partida nos chutes, em mais um exercício de surrealismo futurista na total irresponsabilidade dos adivinhadores improvisados, assim como quem faz esporte com uma bola de ferro amarrada numa das pernas, com uma mão amarrada nas costas, com um olho tapado.

1) Companheiros aderem definitivamente à honestidade teórica
Depois de tentar todas as demais maneiras ter sucesso no mundo da política e dos negócios em famiglia, os companheiros decidiram anunciar que estavam, formal e oficialmente, renunciando a qualquer intermediação escusa com grandes companhias estatais e privados, et pour cause: com todos os seus principais operadores e executivos temporariamente fora de combate – com uma única e grande exceção – e com todos eles colocados na mesa de escuta de companheiros outrora aliados na causa da justiça social, eles decidiram enveredar por novas formas de empreendedorismo político e social, caçando as sandálias da humildade, prometendo ir à missa todos os domingos e comer o pão bento da honestidade. Não sabemos ainda se eles conseguirão refrear seus instintos adquiridos ao longo de anos e anos de treinamento intenso nas artes que o Padre Vieira já encontrava insuperáveis nestas paragens de Pindorama, mas o fato é que eles parecem sinceramente engajados no novo jogo da castidade política. Vai ser difícil, sobretudo com respeito aos companheiros que ainda ocupam cargos públicos, e que podem, por isso mesmo, fazer um por fora), mas o comitê central (ops, a direção) já avisou que a ordem, por enquanto, é se mostrar bem comportado, pelo menos enquanto a República de Curitiba estiver alerta e lépida nos procedimentos. (Atenção: eu disse “teórica”.)

2) Governo golpista anuncia anistia preventiva, com validade de dez anos
Um imenso alívio ouviu-se nos mais diferentes recantos do país: do Oiapoque ao Chuí, a chusma respirou aliviada com essa promessa de cheque em branco, quero dizer, de vale habeas-corpus com prazo delongado de validade, até, pelo menos, que consigam aprovar a tal lei do “pega leve” no propinoduto. A medida (ainda provisória, mas que deve ser rapidamente aprovada pelos garotos em plenário) não concede total liberdade preventiva aos meliantes políticos, apenas alivia os processos, solicitando documentos em cartório, em três vias cada um, devidamente legalizados, antes de passar por três comissões parlamentares e obter pelo menos dois relatórios favoráveis, o que deve fazer com que cada processo demore três legislaturas, tempo suficiente para que cada um em perigo possa repousar na doce aposentadoria congressual. Estava sendo esperada essa medida, pois do contrário não seria possível votar mais nada na Santa Casa legislativa.

3) Odebrecht passa a operar unicamente com o banco do Vaticano
A caminho de uma difícil regeneração, com seu patrimônio diminuído em vários bilhões de dólares, e governos arredios a continuar operando com uma empresa que parece ter o DNA da malversação, ou seja, ser geneticamente corrupta, a outrora maior construtora do país liquidou todas as suas 3.547 contas em 189 bancos em 25 países, e anunciou solenemente que, doravante, e em conformidade com seu espírito cristão, vai trabalhar única e exclusivamente com o Istituto per le Opere dei Religione, mais vulgarmente conhecido como Banco do Vaticano (antigamente Ambrosiano, mais do que centenário), indiferente ao fato de que o banco já foi colhido mais de uma vez em lavagem de dinheiro pelo Fisco italiano. O que vale, no entanto, são as boas intenções: a Odebrecht e o IOR devem fazer uma bela dupla a caminho do paraíso fiscal. As duas empresas prometem se sustentar mutuamente, e até combinaram que vão fazer confissões conjuntas, desde que essas delações premiadas mereçam indulgência eterna, o que o papa peronista prometeu examinar. Como diria Santo Agostinho, “Uma virtude simulada é uma impiedade duplicada: à malícia une-se a falsidade. (Quem duvidar da total correção e da fidelidade desta frase aparentemente debochada pode ver aqui: http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/agostinho/).

4) Teremos candidatos absolutamente honestos sendo preparados para 2018
A palavra do momento é aquela famosa frase – provavelmente mentirosa – sobre a “mulher de César” (quem era ela, mesmo?). Segundo essa hipocrisia cansativamente repetida por 11 jornalistas entre cada 10, ela deveria não só ser, como parecer honesta. Ninguém conferiu, no entanto, se era isso mesmo que ocorria naqueles tempos de traições e golpes baixos E alguém de fato acreditava nessa coisa? Repetida a frase, todo mundo seguia adiante, como se nada tivesse acontecido, e assim segue a vida. Em todo caso, já aquecendo os músculos para a maratona do ano seguinte, os principais candidatos a qualquer coisa, estão em busca de novos laranjas naquele cantinho da Ucrânia cuja soberania ainda permanece indeterminada, pelo menos enquanto durar o reinado do neoczar. Vão precisar de um dicionário de bolso russo-português, mas nada que a Amazon não possa encontrar, inclusive em formato Kindle, o que facilita um bocado os negócios. Estima-se novo equilíbrio no balanço de pagamentos da Ucrânia oriental, a ponto de poderem até emprestar para a pátria-mãe, caso as sanções se agravem no futuro imediato.

5) PEC dos Gastos ganha Emenda constitucional: banda da inflação
Com o agravamento da situação fiscal dos estados e municípios, e sem a possibilidade de criar novos ou amentar os impostos já existentes, os parlamentares resolvem fazer um favor a seus amigos governadores e aprovam uma emenda à emenda constitucional (de número 117, na sequência linear) sem mudar o vínculo dos gastos públicos à inflação, mas criando uma banda para o número, que deixa de ser um número e passa a ser um espaço flexível, com trezentos pontos-base para lá e mais trezentos para cá. Chamado de “nova banda diagonal endógena”, o sistema, engenhoso, como se vê, vai permitir salvar “gregos e goianos”, empurrando as obrigações futuras para os tataranetos dos atuais estudantes do ensino fundamental. Trata-se de um novo conceito de ajuste gradual e seguro, compatível com a qualidade reconhecida dos melhores economistas da UniCamp e adjacências. Os brasileiros, sobretudo os desempregados, podem dormir tranquilos: não há que os economista da UniCamp não imaginem que os bravos representantes do povo deixam de aproveitar em seus labores parlamentares.

6) Trump propõe um pacto de não agressão ao Estado Islâmico
Ops, esse tipo de previsão internacionalista não costuma fazer parte do menu habitual de previsões imprevidentes (e irresponsáveis) já tradicionais neste blog, mas como é preciso exercer todas as competências que a divina providência nos concedeu, aqui vamos nós pelos terrenos sempre pantanosos das relações internacionais. O fato é que o novo, imprevisível e imprevidente, presidente da maior potência planetária (depois da torcida do Barça, claro) ainda em estado de propor qualquer coisa fez uma oferta aparentemente irrecusável ao califa-chefe do Daesh, também conhecido como EI: parar com o mercado de escravas brancas em troca de deixar estacionados na Turquia os drones ditos inteligentes. O EI ficou de pensar, e ao que parece só vai parar com seu departamento de operações estruturadas se a OTAN enviar um suprimento adequado de garotas de programa, de maneira a aquietar os ardores belicistas dos seus combatentes do profeta. Não se sabe, no momento do fechamento destas previsões, se negociações sérias poderiam ser estabelecidas num terreno apropriado, em Genebra ou Viena, de preferência, com interrupções para algumas escapadas no Folies Bergères.

Voilà: é tudo que eu posso prometer para o novo ano que pronto se inicia, mesmo sabendo que minhas previsões imprevidentes são tudo, menos seguras. Não se pode oferecer certezas num país no qual sequer sabe se vamos terminar o ano com o mesmo governo. Em todo caso, eu desejo a todos e a todas (ou a todxs, como quer certo pessoal chatérrimo), um feliz início, um ótimo desenvolvimento e uma excepcional finalização de um ano altamente incerto, como são, aliás, estas minhas previsões imprevidentes. Nisso 2017 também me ajuda, já que nem toda bola de cristal funciona.
Numa coisa, portanto, estou alinhado com eles: sem os companheiros eu estava me sentindo, como direi?, órfão, sem qualquer indício de que poderia contar com eles para errar em toda a linha (ou seja, acertando 100% dos chutes formulados ao longo dos últimos treze anos durante os quais fui por eles maltratado). Eu lhes sou, de verdade, devotamente reconhecido: sem sua proverbial inépcia, sua incompetência, aa tradicional improvisação, a tremenda burrice, a estupidez contumaz e a sua ignorância crassa, eu teria corrido o risco de acertar algumas, pelo menos, de minhas previsões ao longo de todo este milênio tão rico de babaquices por eles perpetradas. Se vocês duvidam do que estou dizendo, basta conferir a série completa:

Previsões anteriores:
2016:
2912. “Previsões imprevidentes para 2016: pela primeira vez a imprevisão ganha da previsão”, Brasília, 31 dezembro 2015, 5 p. Continuidade do exercício, com apenas quatro previsões imprevisíveis. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/12/previsoes-imprevidentes-para-2015-pela.html), e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1061451080585008). Revisão ampliada, 14 de janeiro de 2016, 8 p. Postado novamente no Diplomatizzando (link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/previsoes-imprevidentes-para-2016.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1069196793143770).

Para as previsões anteriores a 2016, ver estas duas postagens:
Preparando as previsões imprevidentes para 2016: conferindo as de 2015:
e
Preparando as previsões de 2016: algum retrospecto pode ser útil:

A despeito de tudo, e desculpando qualquer erro de previsão, feliz 2017 a todos!

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 31 de dezembro de 2016

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

ABRI anuncia novo numero de Carta Internacional, vol. 11, n. 3/2016

Caros leitores,

A revista Carta Internacional acaba de publicar seu último número, disponível em https://www.cartainternacional.abri.org.br/Carta. Convidamos a navegar no sumário da revista para acessar os artigos e outros itens de seu interesse.

Agradecemos seu interesse e apoio contínuo em nosso trabalho,
Administrador da Carta Internacional
Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI)
cartainternacional@abri.org.br

Carta Internacional
v. 11, n. 3 (2016)
Sumário
https://www.cartainternacional.abri.org.br/Carta/issue/view/35

Artigos
--------
A identidade internacional do Brasil: uma síntese da literatura (5 - 31)
    Rafael Mesquita
Rumo à cooperação e ao desenvolvimento: as políticas brasileiras para a faixa de fronteira (32 - 55)
    Marcio Scherma
A Política Externa do Império no Prata e a Missão Bellegarde ao Paraguai (1848 - 1852) (56 - 76)
    Pedro Henrique Verano
Enriquecimento de animosidades: o início da política nuclear brasileira (77 - 98)
    Túlio Sérgio Henriques Ferreira,    Vanessa Horácio Lira
Comunidades epistêmicas e de prática em Defesa na Argentina e no Brasil: entre a organicidade e a plasticidade (99 - 123)
    Samuel Alves Soares
As razões de ser do Conselho de Defesa Sul-Americano da UNASUL (124 - 148)
    Tamires Aparecida Ferreira Souza
O Brasil e o acender das luzes das independências de Angola e Moçambique (1974-1975) (149 - 171)
    Jose Alejandro Sebastian Barrios Diaz
Reconsidering the consistency between principles and practices for Technical Cooperation between Developing Countries: A critical analysis of ProSavanah. (172 - 198)
    Niels Søndergaard
O Sudeste Asiático entre Estados Unidos e China: “arquipélago de economias de mercado” ou palco da competição interestatal capitalista? (199 - 222)
    Isabela Nogueira,    Bruno Hendler
O Brasil como potência regional: uma análise de sua liderança na América Latina no início do século XXI (222 - 252)
    Patricia Nasser de Carvalho,    Fernanda Cristina Izidro Nanci Gonçalves
============
Edição Completa (1 - 252)
--
Editoria da Revista Carta Internacional
http://www.cartainternacional.abri.org.br
cartainternacional@abri.org.br
Associação Brasileira de Relações Internacionais - ABRI

Venezuela: mercado negro de alimentos controlado pelo Exercito

Na escassez, tudo é motivo de superlucros. Já detendo boa parte do mercado de drogas, que costumava garantir grandes ganhos, o Exército bolivariano se dedica agora ao mercado negro de produtos básicos, que garante lucros ainda mais extraordinários.
Como, quando, onde isso vai parar, não sabemos. O que se sabe é que a Venezuela deixou de existir como nação organizada: virou um caos total, um país sem lei, sem ordem, sem moral, sem respeito, sem futuro...
Paulo Roberto de Almeida


Exército venezuelano controla venda clandestina de alimentos
O Estado de S. Paulo, 30/12/2016
De acordo com investigação da agência Associated Press, em meio à grave crise econômica o tráfico de alimentos tornou-se uma indústria no país caribenho; preços cobrados em mercados paralelos gerenciados pelos militares são até 100 vezes maiores que o tabelado pelo governo
PUERTO CABELLO,VENEZUELA - Encarregado pelo presidente Nicolás Maduro de controlar a distribuição de comida após uma série de protestos no meio do ano contra a escassez de alimentos, o Exército venezuelano tem usado essa prerrogativa para vender mantimentos no mercado negro, revela uma investigação publicada nesta quarta-feira, 28, pela agência Associated Press.
Em meio à grave crise econômica provocada pela queda de reservas em moeda estrangeira, inflação e redução drástica no preço do petróleo, o tráfico de alimentos tornou-se uma indústria na Venezuela. Documentos e entrevistas feitos com mais de 60 membros do governo, empresários, trabalhadores do setor e ex-militares, mostram que as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) estão no coração desse processo.
Os generais de Maduro controlam desde a venda de arroz e manteiga até a farinha de milho, ingrediente principal para a arepa - o prato nacional dos venezuelanos -, com preços até 100 vezes maiores que o tabelado pelo governo. Dono de um mercado em Caracas, José Campos tentou reabastecer sua venda em um mercado ilegal comandado por militares. "Os militares acompanhavam tudo e ganhavam sacos de dinheiro", disse. "Eles sempre tinham o que eu precisava."
Como resultado do tráfico de alimentos, a comida importada pelo governo com os escassos dólares provenientes do petróleo não chega a quem precisa. "Ultimamente a comida tem se tornado um negócio melhor que as drogas", disse o general da reserva Cliver Alcalá, que costumava vigiar as fronteiras.
O Ministério da Alimentação foi criado em 2004 pelo então presidente Hugo Chávez. Desde então, nacionalizou fazendas e fábricas de produtos alimentícios. Com isso, a produção privada de alimentos no país diminuiu drasticamente. Hoje, quase tudo que é consumido vem de fora da Venezuela.
"Se a Venezuela pagasse valores de mercado, poderíamos dobrar nossas importações. Em vez disso as pessoas estão passando fome", disse o professor de agronomia da Universidade de Zulia, Werner Gutierrez.
Preocupados com a alta incidência da cobrança de propinas, as três principais empresas que importam alimentos no mundo, todas sediadas nos Estados Unidos, deixaram de vender diretamente para o governo da Venezuela.
Um empresário sul-americano do ramo disse à AP ter pago milhões de dólares em propina a autoridades venezuelanas depois que a escassez de alimentos se agravou. Só o Ministro de Alimentação, o general Rodolfo Marco Torres, teria recebido US$ 8 milhões. O empresário falou sem se identificar porque não queria admitir publicamente seu envolvimento em corrupção.
Ainda de acordo com ele, as propinas são volumosas porque os empresários conseguem construir margens de lucro igualmente altas em negociações com o governo. Um desses contratos obtidos pela AP mostra que o governo venezuelano pagou US$ 52 milhões na compra de milho. Por esse contrato, foi pago um suborno de US$ 20 milhões.
O ministro não quis se pronunciar sobre as denúncias. No passado, ele declarou que não iria se envolver em brigas com a "oposição apátrida", que o governo acusa de travar uma "guerra econômica" contra o chavismo.
Alguns dos contratos envolvem empresas sem experiência com a produção de alimentos e outras que existem apenas no papel. Documentos mostram que Marco Torres fechou um negócio com a panamenha Atlas Systems International, uma empresa de fachada, assim como a J.A. Comércio de Gêneros Alimentícios, registrada na Grande São Paulo num endereço fantasma.
Foto: AP Photo/Ricardo Nunes
Soldado venezuelano vigia o tráfego de caminhões em Puerto Cabello, que recebe a maior parte dos mantimentos importados pelo país
As duas empresas enviaram US$ 5,5 milhões em 2012 para uma conta em Genebra, na Suíça, controlada pelos cunhados do então Ministro da Alimentação, o general Carlos Osório. O general, hoje responsável pela corregedoria da FANB, não respondeu às acusações, mas costuma vinculá-las também à oposição.
"O Estado tem a obrigação de combater a corrupção em todos os níveis do governo", disse o ministro da Defesa Vladimir Padrino. Ainda assim, o tráfico de alimentos transcorre entre os portos e mercados do país. Em Puerto Cabello, que recebe a maior parte dos mantimentos importados, é comum oficiais da alfândega segurarem navios até o pagamento de propinas, segundo estivadores locais.
Depois que a carga é entregue, funcionários da alfândega cobram a sua parte da propina e às vezes se recusam a dar prosseguimento aos trâmites sem pagamento.
Se os importadores se negam a participar, é normal ver a comida apodrecer.  "No ano passado enterramos contêineres com frango, carne e feijão estragado", disse o operador de guindaste Daniel Arteaga.
Depois que sai dos portos, os militares cobram propinas em postos de controle nas estradas, principalmente de caminhões de carga. No fim da cadeia de corrupção, alguns oficiais tomam conta eles mesmos de mercados clandestinos.
José Ferreira, dono de uma padaria, disse que tem que fazer sempre dois pagamentos para comprar seus produtos, como o açúcar, por exemplo: enquanto o primeiro paga o preço oficial do produto, o segundo cobre a propinas cobrada pelo militares, neste caso, 30 vezes maior que o preço oficial. "Não temos outra opção", disse. / AP


Crise venezuelana faz Cuba entrar em recessão pela 1ª vez em 20 anos
O Estado de S. Paulo, 30/12/2016
Em meio ao caos econômico, governo de Caracas teve de reduzir fornecimento de petróleo para ilha
Abalada pela crise da Venezuela, Cuba entrou em recessão pela primeira vez em mais de duas décadas, ao registrar uma queda de 0,9% do PIB em 2016, após um crescimento de 4,4% no ano passado. “As limitações no fornecimento de combustíveis e as tensões financeiras se agravaram no segundo semestre, levando à queda do PIB de 0,9%”, afirmou ontem o presidente Raúl Castro.
“Em 2017, persistirão as tensões e os desafios que podem até mesmo recrudescer em determinadas circunstâncias.” Esta é a primeira vez desde 1995 que o governo socialista prevê um resultado negativo do PIB, de acordo com a série estatística. No início dos anos 90, a ilha enfrentou sua pior crise com o colapso do comunismo na Europa e a dissolução da União Soviética, com contrações da economia que chegaram a 15% em apenas um ano.
Em meio ao recuo global no preço das matérias-primas, Cuba experimenta queda em suas exportações de níquel, produtos refinados de petróleo e de açúcar, além de uma redução nos ingressos de recursos pela venda de serviços médicos a países aliados exportadores de petróleo como Venezuela e Angola.
De acordo com analistas, a economia cubana foi prejudicada especialmente pela redução nas vendas de petróleo para a Venezuela, que está mergulhada em uma grande crise econômica. Caracas reduziu este ano em 40% o fornecimento de petróleo a Cuba. Por ouro lado, a retomada nas relações entre Cuba e Estados Unidos impulsionou o turismo e deve sustentar no curto prazo um crescimento maior do setor privado em razão de um aumento de remessas financeiras de expatriados.
Especialistas, contudo, temem que esse crescimento vá se reduzindo em razão das políticas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que prometeu “terminar” com a reaproximação entre os dois países caso Havana não ofereça a Washington o que ele chama de “um melhor acordo”.
Avanço. Na terça-feira, o ministro da Economia e Planejamento de Cuba, Ricardo Cabrisas, reconheceu, em um encontro com jornalistas a portas fechadas, que a principal razão para a contração deste ano foi uma redução das exportações para nações aliadas produtoras de petróleo afetadas pela queda no preço da commodity.
O porcentual sugere que a economia centralizada pelo Estado caiu com força no segundo semestre do ano, após uma drástica redução das importações, dos investimentos e do uso de combustível em razão de uma crise de liquidez. Para o primeiro semestre, o governo cubano anunciou uma previsão de crescimento tímido de apenas 1%.
Recentemente, Cabrisas garantiu, em pronunciamento feito na Assembleia Nacional de Cuba, que o panorama econômico havia melhorado, estimando crescimento sólido em 2017 para o turismo e a indústria açucareira, de acordo com artigos publicados por meios de comunicação oficiais. “Para o ano de 2017, prevemos um crescimento do PIB de 2%”, afirmou Cabrisas.

Se, nouvelle maniere, na era da globalizacao - Paulo Roberto de Almeida (d'apres Rudyard Kipling)

Se, "nouvelle manière"
ou as qualidades do homem na globalização


Paulo Roberto de Almeida  

Se você for capaz de manter o seu sangue frio quando os C-bonds
e todos os seus derivativos estiverem despencando nas bolsas de valores,
Se você for capaz de confiar num especulador de Wall Street,
mesmo sabendo que ele foi condenado por "insider trading",
Se você não temer se aventurar em joint ventures
com pessoas tão honestas quanto um capitalista russo,
Se for capaz de arriscar o seu, o meu, o nosso dinheiro
em novos negócios, tendo como sócios a turma do Casseta e Planeta,
Se você não se importar em manter um caixa dois e de mandar um grana pela conta CC5
quando os juízes, os policiais federais e a própria Receita estão correndo atrás de você…
Se você puder sonhar com algum monopólio de software
e conseguir escapar dos organismos antitrust da Europa e dos Estados Unidos,
Se você puder poluir à vontade algum país do Terceiro Mundo
e não precisar enfrentar regras nacionais e internacionais de controle ambiental,
Se puder pensar em alguma boa reserva de mercado garantindo exclusividade longeva
e puder implementá-la com a ajuda decisiva do Estado receptor do seu investimento,
Se você conseguir enfrentar as taxas de juros extorsivas dos banqueiros domésticos
com um empréstimo generoso, a taxa negativa, de algum banco estatal,
Se você lograr extrair uma isenção fiscal válida por 99 anos
e ainda assim obter participação estatal no capital da nova empresa…

Se você mantêm sua frota de superpetroleiros
com bandeira liberiana e mão-de-obra haitiana,
Se você conseguiu pegar o fundo de pensão das velhinhas aposentadas
e investiu todo o dinheiro delas no mercado de futuros da Coréia do Norte,
Se conversa sem restrições e ao mesmo tempo com gente do FED e da Via Campesina
assegurando a ambos que a solução está num capitalismo social de mercado (regulado),
Se você consegue vender um acordo de livre-comércio aos sindicatos de metalúrgicos
e ainda assim garantiu a eles que eles têm tudo a ganhar com a liberalização de mercados,
Se você conseguir apostar impassível na desvalorização do iene
com a mesma segurança com que se arrisca na valorização do peso argentino,
Se você aprecia, intelectualmente, as virtudes da Tobin Tax
mas sabe que, na prática, vai precisar mesmo de algumas infusões de hot money,
Se você pensa que a eliminação do risco-Brasil vai resultar em tributação mais baixa
e que a reforma da Justiça vai finalmente tirar do limbo aquele seu caso dos anos 1950…
Se você conseguir freqüentar com a mesma desenvoltura
os foros de Davos e de Porto Alegre, a OTAN e o movimento não-alinhado,
Se você quer moeda única, fundos de compensação e parlamento eleito pelo voto direto
e ainda assim pretender preservar a soberania e a autonomia nacionais,
Se você contentar a galera condenando publicamente as políticas de recessão do FMI
mas assegurar, por outro lado, a preservação, e até o aumento, do superávit primário,
Se você acha que está na hora de dar um basta ao ecologismo exagerado
e conseguir o apoio do Bush num programa de "emissões cientificamente controladas",
Se tem vacas milionárias, galinhas com conta em banco e porcos com piscina coberta
e garantir no Conselho Europeu que nada muda na Política Agrícola Comum,
Se você conseguir explorar crianças indianas e bengalis nas suas fábricas de juta
e assinar sem pestanejar manifestos pela cláusula social e petições de direitos humanos…
Se você fizer do superlucro uma virtude, da agiotagem uma prática respeitada
e da exploração de mão-de-obra feminina e infantil uma regra de vida,
Se você conseguir ganhar o título de empresário do ano e entrar no "Fortune 500"
mesmo praticando fraudes contábeis e comprando suas próprias ações incógnito,
Se puder falar ao mesmo tempo na Assembléia da UNE e numa reunião da TFP
relatando, sem ficar corado, que a vida inteira foi revolucionário (ou conservador),
Se concordar com os primeiros que um outro mundo é possível, uma outra América idem,
mas garantir sua felicidade terrena antes que turma do MST entre em campo,
Se puder aplicar sem pudor o neoliberalismo e as regras do Consenso de Washington
garantindo a todo mundo que está fazendo políticas sociais avançadas,
Então, meu caro amigo, meus parabéns de verdade, pois tudo na terra lhe pertence:
pois você conseguiu encarnar todas as promessas da globalização assimétrica!

Com o empréstimo involuntário (e sem pagamento de copyright) do modelo do poema "If", do imperialista britânico de um século atrás, Rudyard Kipling.

Thomas Sowell: um grande intelectual, se aposenta - Mark J. Perry

 The Brilliance of Thomas Sowell: A Tribute
After writing a weekly (sometimes semi-weekly) column for the last 25 years (here’s an archive of his columns back to 1998), economist, scholar, author and national treasure Thomas Sowell made this announcement in his column today (“Farewell“):
Even the best things come to an end. After enjoying a quarter of a century of writing this column for Creators Syndicate, I have decided to stop. Age 86 is well past the usual retirement age, so the question is not why I am quitting, but why I kept at it so long.
Here’s a link to Thomas Sowell’s second column today (“Random Thoughts, Looking Back“), here’s some of the reaction on Twitter and the Internet to Sowell’s retirement, here’s Thomas Sowell’s webpage, and here’s his Wikipedia entry. Milton Friedman once said, “The word ‘genius’ is thrown around so much that it’s becoming meaningless, but nevertheless I think Tom Sowell is close to being one.”
In my opinion,
 In terms of both his quantity of work (at least 40 books and several thousand newspaper columns) and the consistently excellent and crystal-clear quality of his writing, I don’t think any living free-market economist even comes close to matching Sowell’s prolific record of writing about economics. And I don’t think there is any writer today, economist or non-economist, who can match Thomas Sowell’s “idea density” and his ability to consistently pack so much profound economic wisdom into a single sentence and a single paragraph.
Even at 86 years old, Thomas Sowell has remained intellectually active with his syndicated newspaper columns and the publication last year of his 40th book — Wealth, Poverty and Politics: An International Perspective — which was, amazingly, his 13th book in the last decade! To honor Thomas Sowell’s well-deserved retirement from writing his invaluable weekly column for the last quarter century, I present below some of my favorite quotations from Dr. Thomas Sowell (most were featured on a CD post in June on Sowell’s birthday) and a bonus video of the great economist:
1. Knowledge. The cavemen had the same natural resources at their disposal as we have today, and the difference between their standard of living and ours is a difference between the knowledge they could bring to bear on those resources and the knowledge used today.
2. Obamacare. If we cannot afford to pay for doctors, hospitals and pharmaceutical drugs now, how can we afford to pay for doctors, hospitals and pharmaceutical drugs, in addition to a new federal bureaucracy to administer a government-run medical system?
3. Economics vs. Politics I. Economics and politics confront the same fundamental problem: What everyone wants adds up to more than there is. Market economies deal with this problem by confronting individuals with the costs of producing what they want, and letting those individuals make their own trade-offs when presented with prices that convey those costs. That leads to self-rationing, in the light of each individual’s own circumstances and preferences.
4. Economics vs. Politics II. The first lesson of economics is scarcity: There is never enough of anything to satisfy all those who want it. The first lesson of politics is to disregard the first lesson of economics.”
Politics deals with the same problem by making promises that cannot be kept, or which can be kept only by creating other problems that cannot be acknowledged when the promises are made.
5. Predicting the Future. Economists are often asked to predict what the economy is going to do. But economic predictions require predicting what politicians are going to do– and nothing is more unpredictable.
6. Politicians as Santa Claus. The big question that seldom— if ever— gets asked in the mainstream media is whether these are a net increase in jobs. Since the only resources that the government has are the resources it takes from the private sector, using those resources to create jobs means reducing the resources available to create jobs in the private sector.
So long as most people do not look beyond superficial appearances, politicians can get away with playing Santa Claus on all sorts of issues, while leaving havoc in their wake— such as growing unemployment, despite all the jobs being “created.”
7. Health Insurance. Whatever position people take on health care reform, there seems to be a bipartisan consensus— usually a sign of mushy thinking— that it is a good idea for the government to force insurance companies to insure people whom politicians want them to insure, and to insure them for things that politicians think should be insured. Contrary to what politicians expect us to do, let’s stop and think.
Why aren’t insurance companies already insuring the people and the conditions that they are now going to be forced to cover? Because that means additional costs— and because the insurance companies don’t think their customers are willing to pay those particular costs for those particular coverages.
It costs politicians nothing to mandate more insurance coverage for more people. But that doesn’t mean that the costs vanish into thin air. It simply means that both buyers and sellers of insurance are forced to pay costs that neither of them wants to pay. But, because political rhetoric leaves out such grubby things as costs, it sounds like a great deal.
8. Diversity. If there is any place in the Guinness Book of World Records for words repeated the most often, over the most years, without one speck of evidence, “diversity” should be a prime candidate. Is diversity our strength? Or anybody’s strength, anywhere in the world? Does Japan’s homogeneous population cause the Japanese to suffer? Have the Balkans been blessed by their heterogeneity — or does the very word “Balkanization” remind us of centuries of strife, bloodshed and unspeakable atrocities, extending into our own times? Has Europe become a safer place after importing vast numbers of people from the Middle East, with cultures hostile to the fundamental values of Western civilization?
“When in Rome do as the Romans do” was once a common saying. Today, after generations in the West have been indoctrinated with the rhetoric of multiculturalism, the borders of Western nations on both sides of the Atlantic have been thrown open to people who think it is their prerogative to come as refugees and tell the Romans what to do — and to assault those who don’t knuckle under to foreign religious standards.
It has not been our diversity, but our ability to overcome the problems inherent in diversity, and to act together as Americans, that has been our strength.
9. Greed. Someone pointed out that blaming economic crises on “greed” is like blaming plane crashes on gravity. Certainly planes wouldn’t crash if it wasn’t for gravity. But when thousands of planes fly millions of miles every day without crashing, explaining why a particular plane crashed because of gravity gets you nowhere. Neither does talking about “greed,” which is constant like gravity.
10. The Anointed Ones. In their haste to be wiser and nobler than others, the anointed have misconceived two basic issues. They seem to assume: 1) that they have more knowledge than the average member of the benighted, and 2) that this is the relevant comparison. The real comparison, however, is not between the knowledge possessed by the average member of the educated elite versus the average member of the general public, but rather the total direct knowledge brought to bear through social processes (the competition of the marketplace, social sorting, etc.), involving millions of people, versus the secondhand knowledge of generalities possessed by a smaller elite group.
The vision of the anointed is one in which ills as poverty, irresponsible sex, and crime derive primarily from ‘society,’ rather than from individual choices and behavior. To believe in personal responsibility would be to destroy the whole special role of the anointed, whose vision casts them in the role of rescuers of people treated unfairly by ‘society.’
11. There’s No Free Red Tape/Obamacare. Do you seriously believe that millions more people can be given medical care and vast new bureaucracies created to administer payment for it, with no additional costs?
Just as there is no free lunch, there is no free red tape. Bureaucrats have to eat, just like everyone else, and they need a place to live and some other amenities. How do you suppose the price of medical care can go down when the costs of new government bureaucracies are added to the costs of the medical treatment itself?
And where are the extra doctors going to come from, to treat the millions of additional patients? Training more people to become doctors is not free. Politicians may ignore costs but ignoring those costs will not make them go away. With bureaucratically controlled medical care, you are going to need more doctors, just to treat a given number of patients, because time that is spent filling out government forms is time that is not spent treating patients. And doctors have the same 24 hours in the day as everybody else.
When you add more patients to more paperwork per patient, you are talking about still more costs. How can that lower medical costs? But although that may be impossible, politics is the art of the impossible. All it takes is rhetoric and a public that does not think beyond the rhetoric they hear.
12. Helping the Poor. It was Thomas Edison who brought us electricity, not the Sierra Club. It was the Wright brothers who got us off the ground, not the Federal Aviation Administration. It was Henry Ford who ended the isolation of millions of Americans by making the automobile affordable, not Ralph Nader.
Those who have helped the poor the most have not been those who have gone around loudly expressing “compassion” for the poor, but those who found ways to make industry more productive and distribution more efficient, so that the poor of today can afford things that the affluent of yesterday could only dream about.
13. Income Mobility. Only by focusing on the income brackets, instead of the actual people moving between those brackets, have the intelligentsia been able to verbally create a “problem” for which a “solution” is necessary. They have created a powerful vision of “classes” with “disparities” and “inequities” in income, caused by “barriers” created by “society.” But the routine rise of millions of people out of the lowest quintile over time makes a mockery of the “barriers” assumed by many, if not most, of the intelligentsia.
14. “Giving Back.” All the high-flown talk about how people who are successful in business should “give back” to the community that created the things that facilitated their success is, again, something that sounds plausible to people who do not stop and think through what is being said. After years of dumbed-down education, that apparently includes a lot of people.
Take Obama’s example of the business that benefits from being able to ship their products on roads that the government built. How does that create a need to “give back”? Did the taxpayers, including business taxpayers, not pay for that road when it was built? Why should they have to pay for it twice?
What about the workers that businesses hire, whose education is usually created in government-financed schools? The government doesn’t have any wealth of its own, except what it takes from taxpayers, whether individuals or businesses. They have already paid for that education. It is not a gift that they have to “give back” by letting politicians take more of their money and freedom.
When businesses hire highly educated people, such as chemists or engineers, competition in the labor market forces them to pay higher salaries for people with longer years of valuable education. That education is not a government gift to the employers. It is paid for while it is being created in schools and universities, and it is paid for in higher salaries when highly educated people are hired.
One of the tricks of professional magicians is to distract the audience’s attention from what they are doing while they are creating an illusion of magic. Pious talk about “giving back” distracts our attention from the cold fact that politicians are taking away more and more of our money and our freedom.
15. Government Assistance. Do people who advocate special government programs for blacks realize that the federal government has had special programs for American Indians, including affirmative action, since the early 19th century — and that American Indians remain one of the few groups worse off than blacks?
16. Statistical Disparities and Discrimination. Many of us have been so brainwashed over the years — by sheer repetition, rather than by either logic or empirical tests — that statistical disparities are automatically taken to mean discrimination, whether between races, sexes or whatever. The plain fact that different individuals and groups make different choices is resolutely ignored, because it does not fit the prevailing preconceptions, or the crusades based on those preconceptions.
Women make different career choices than men, and wisely so, because men do not become mothers, and being a mother is not the same as being a father. And we can’t make them the same by simply calling them both “parents” or saying that “the couple” is pregnant. Discrimination can certainly cause statistical disparities. But statistical disparities do not automatically mean discrimination.
17. Black Lives Matter. We keep hearing that “black lives matter,” but they seem to matter only when that helps politicians to get votes, or when that slogan helps demagogues demonize the police. The other 99% of black lives destroyed by people who are not police do not seem to attract nearly as much attention in the media. What about black success? Does that matter? Apparently not so much.
We have heard a lot about black students failing to meet academic standards. So you might think that it would be front-page news when some whole ghetto schools not only meet, but exceed, the academic standards of schools in more upscale communities. There are in fact whole chains of charter schools where black and Hispanic youngsters score well above the national average on tests.
If black success was considered half as newsworthy as black failures, such facts would be headline news — and people who have the real interests of black and other minority students at heart would be asking, “Wow! How can we get more kids into these charter schools?” But the teachers’ unions are opposed to charter schools — and they give big bucks to politicians, who in turn put obstacles and restrictions on the expansion of charter schools. These include politicians like New York’s “progressive” mayor Bill de Blasio, who poses as a friend of blacks by denigrating the police, standing alongside Al Sharpton.
18. The Legacy of Slavery vs. the Legacy of Liberalism. If we wanted to be serious about evidence, we might compare where blacks stood a hundred years after the end of slavery with where they stood after 30 years of the liberal welfare state. In other words, we could compare hard evidence on “the legacy of slavery” with hard evidence on the legacy of liberals.
Despite the grand myth that black economic progress began or accelerated with the passage of the civil rights laws and “war on poverty” programs of the 1960s, the cold fact is that the poverty rate among blacks fell from 87 percent in 1940 to 47 percent by 1960. This was before any of those programs began.
Over the next 20 years, the poverty rate among blacks fell another 18 percentage points, compared to the 40-point drop in the previous 20 years. This was the continuation of a previous economic trend, at a slower rate of progress, not the economic grand deliverance proclaimed by liberals and self-serving black “leaders.”
Nearly a hundred years of the supposed “legacy of slavery” found most black children [78%] being raised in two-parent families in 1960. But thirty years after the liberal welfare state found the great majority of black children being raised by a single parent [66%]. Public housing projects in the first half of the 20th century were clean, safe places, where people slept outside on hot summer nights, when they were too poor to afford air conditioning. That was before admissions standards for public housing projects were lowered or abandoned, in the euphoria of liberal non-judgmental notions. And it was before the toxic message of victimhood was spread by liberals. We all know what hell holes public housing has become in our times. The same toxic message produced similar social results among lower-income people in England, despite an absence of a “legacy of slavery” there.
If we are to go by evidence of social retrogression, liberals have wreaked more havoc on blacks than the supposed “legacy of slavery” they talk about.

Bonus: In the video below from 2009, Thomas Sowell discusses Obama’s proposed (at that time) health care reform:

This piece ran at the AEI blog
Mark J. Perry
Mark J. Perry
Mark J. Perry is a scholar at the American Enterprise Institute and a professor of economics and finance at the University of Michigan’s Flint campus.

Cem anos da revolucao bolchevique de 1917: impacto na AL: chamada para artigos

Para os que consideram que o evento em si, e suas consequências mais amplas (Comintern, etc.), teve grandes repercussões na América Latina.
Teve sim, mas não tão grande quanto supõem certos saudosistas do socialismo.
Sobraram alguns partidecos irrelevantes, aqui e ali, e um regime stalinista empenhado em um programa de regime forçado sobre seu próprio povo, além de suprimir completamente qualquer sinal de liberdade que poderia haver. Só não é pior que o stalinismo demencial da Coreia do Norte.
Paulo Roberto de Almeida

CF: Convocatoria.
1917-2017: Cien Años de la Revolución Rusa en América Latina
by Marc Becker

“Las repercusiones de la revolución de octubre fueron mucho más profundas y generales que las de la revolución francesa, pues si bien es cierto que las ideas de ésta siguen vivas cuando ya ha desaparecido el bolchevismo, las consecuencias prácticas de los sucesos de 1917 fueron mucho mayores y perdurables que las de 1789. La revolución de octubre originó el movimiento revolucionario de mayor alcance que ha conocido la historia moderna. Su expansión mundial no tiene parangón desde las conquistas del Islam en su primer siglo de existencia.” (Hobsbawm, Historia del siglo XX. Buenos Aires, Crítica, 1998).

La confluencia del auge del capitalismo tardío, la universidad neoliberal, la precariedad del trabajo intelectual, el debilitamiento del movimiento laboral, el retroceso de la izquierda latinoamericana y los populismos de ultraderecha, ha estimulado la idea de que las transformaciones provocadas en diferentes planos por la Revolución Rusa—que afectaron la vida de millones de seres humanos—, hoy forman parte del pasado, quedando anacrónico su legado. El surgimiento de dichos fenómenos ha contribuido a distorsiones y hasta falsificaciones no sólo de la propia Revolución Rusa, sino de su influencia global. Comúnmente se tacha la experiencia revolucionaria con argumentos tales como: “el poder fue tomado por unos pocos”; “el partido bolchevique sustituyó a la clase”, “se aplicó un terror rojo sobre quienes dieron sustento al proceso revolucionario”, “el bolchevismo es el pasado”, entre otros.

La consecuencia inmediata de esto ha sido la invisibilización de los enormes logros de la Revolución Rusa en materia de cuestiones sociales, culturales y política-económicas; además de la corrosión gradual de la contribución de Lenin, de Trotsky y Gramsci a la historia; sin mencionar el legado de las combatientes campesinas; y de Krupskaya, Stassova, Kollantai u otras mujeres aliadas, como Rosa Luxemburgo. Pero parafraseando a Marx, los rumores de la muerte de su influencia se han comprobado prematuros.

Sin embargo, la Revolución Rusa ha influenciado fuertemente al continente latinoamericano-caribeño con procesos como las secuelas y derivas de la Revolución Mexicana; las manifestaciones obreras anarquistas de Brasil en 1917 (ver el libro icónico 1917: El Año Rojo); la rebelión del militar socialista Marmaduke Grove (1932), las décadas que van desde el Frente Popular (1936-1941) hasta la Unidad Popular (1970-1973) en Chile; pasando por las revoluciones antiimperialistas en Bolivia (1952), Cuba (1959-), Nicaragua (1979-1990) y Granada (1983); las resistencias armadas posguerras de Nicaragua, El Salvador, Colombia, Venezuela, Uruguay, Argentina, y Brasil; hasta la revolución bolivariana de Hugo Chávez, el Movimento sim Terra en Brasil; los movimientos estudiantiles a partir de la reforma universitaria en Córdoba, Argentina (1918) hasta nuestros días; y los partidos comunistas, socialistas y revolucionarios de toda la América Latina; además de varios movimientos feministas.

La difusión de los procesos e ideas no es lineal. Los movimientos sociales suelen mezclar diferentes influencias (véase por ejemplo al MST). Podríamos aseverar que la historia de los últimos cien años responde—en una u otra medida—a la influencia de los acontecimientos que parieron a la Unión Soviética. Emergen a través de la época variantes marxistas-leninistas, trotskistas y estalinistas, desembocando en distintos feminismos; van acompañadas por un espectro de políticas desde la “revolución por etapas” hasta su rechazo por las guerrillas armadas. Típicamente dichos límites se definen por la interrogativa: ¿Reforma o Revolución? Derrotadas con cierta frecuencia por el imperialismo en conjunto con sus aliados neocoloniales, dichas experiencias han tendido a reconstituirse, pasando por procesos constantes de composición, descomposición y recomposición.

Tensiones Mundiales llama a la presentación de artículos para un número especial centrado en una reflexión crítica del legado de la Revolución Rusa en América Latina y el Caribe. El objetivo principal es abrir el debate sobre las muchas y variadas influencias de la Revolución Rusa en América Latina y el Caribe: por ejemplo, en el campo de la vida social, la cultura, el arte, la educación, las ciencias, la salud, la arquitectura, y la política. Se solicitan artículos dedicados a los temas siguientes, sin ser exclusivos:

Las revoluciones latinoamericanas y su relación con el Marxismo soviético. (Casos de Estudio: p.e., la influencia soviética en la praxis histórica de la educación, la medicina, las cooperativas, el cine, políticas internacionales, las guerrillas internacionalistas)
Revoluciones exitosas, revoluciones fracasadas: su relación con el Octubre Rojo (p.e., La Revolución Mexicana, La Revolución Cubana, La Revolución Sandinista, La Revolución Boliviana).
Los feminismos y feministas marxistas: sus proyectos sociales después de Octubre.
Las clases sociales latinoamericanas y su relación con el Octubre Rojo.
Utopías, Romanticismo y Revolución.
6.   El Marxismo de intelectuales como Mariátegui, Marta Harnecker, Che Guevara, Celia Hart Santamaría: ¿Cómo respondió al legado de Octubre?

Octubre en los proyectos de la marea rosada: socialismo y populismo.
Los partidos Marxistas en la práctica política y los caminos del centralismo democrático.

Favor preparar su artículo original de acuerdo con las normas de la revista, para enviar vía el sistema electrónico: ver http://www.tensoesmundiais.net/ Solicitamos también reseñas de libros relevantes al tema del número; sugerimos contactarse primero con el equipo respecto a la relevancia del texto.

Fecha de límite para contribuciones: 30 de abril del 2017
Fecha de límite para correcciones:     30 de julio del 2017
Fecha de publicación del número:      septiembre del 2017


Contactos:        Camila Costa (portugués)        camila_al_costa@yahoo.com.br
                            Débora D’Antonio (español)   dantoniodebora7@gmail.com
                            Robert Austin (inglés)              r.austin@sydney.edu.au

Robert Austin, Grad. Cert. IV (Workplace Ed), BA (Hons), Grad. Dip. Ed., M.Ed, Ph.D
Honorary Associate, Dept. of Peace & Conflict Studies
School of Social & Political Sciences/Fac. of Arts & Social Sciences
University of Sydney, NSW, 2006, Australia
p 61 2 9351 3971 | f 61 2 9660 0862
w https://sydney.academia.edu/RobertAustin
w http://sydney.edu.au/arts/peace_conflict/people/visiting_scholars.shtml
e r.austin@sydney.edu.au

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

As previsoes imprevisiveis do Sachsida para 2017

Eu ainda estou devendo as minhas previsões imprevisíveis (o que faço todo ano) para 2017, mas antes seguem as do meu amigo Adolfo Sachsida, o melhor economista p revisionista que conheço. Mas ele também não sabe o que vai acontecer em 2017, ninguém sabe, pois tudo pode acontecer, inclusive coisas boas...
Paulo Roberto de Almeida 

QUARTA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2016

Previsoes do Sachsida para 2017

Antes de informar ao leitor sobre minhas previsões para 2017 (que estao na parte final do texto), deixo aqui registrado um modesto: eu não sei o que irá ocorrer em 2017. Esta é a melhor previsão possível para 2017. Em minha defesa, afirmo que qualquer bom economista terá a mesma resposta que eu. Em minha experiência, nos últimos 20 anos, nunca foi tao difícil prever o que acontecerá no ano seguinte como agora. Tudo pode acontecer, como pode também não acontecer.

Para efeitos de credibilidade, você pode conferir minhas previsões anteriores aqui:
a) Previsões para 2016 (feita em 26 de dezembro de 2015)
b)Previsões para 2015 (feita em 5 de dezembro de 2014)
c) Previsões para 2014 (feita em 18 de dezembro de 2013)
d) Previsões para 2013 (feita em 12 de dezembro de 2012). Peco a atenção do leitor para essa passagem que escrevi ainda em 2012 quando elaborava as previsões para 2013:
"Se o governo insistir no curso atual da política econômica teremos, a partir de 2015, o mesmo problema que enfrentamos no final da década de 1970 e começo da década de 1980: inflação alta, crescimento baixo e desemprego alto. Este blog insiste em se REPETIR: estamos no caminho de reviver a década perdida, estamos cometendo os MESMOS ERROS que já foram cometidos na década de 1970 e que geraram 30 anos de baixo crescimento para a economia brasileira".
e) Resumo de algumas das previsões gerais feitas pelo blog desde 2009(escrito em 5 de dezembro de 2013).

Mas agora vamos ao que eu acredito que deva ocorrer em 2017.

PIB: +1,5% (isso mesmo, iremos crescer ano que vem)

Inflação: 5,5%

Desemprego: continuará ao redor de 12% (infelizmente o desemprego continuará a ser um problema sério)

IBOVESPA: acho que será um ano ruim para a Bolsa. Claro que acoes individuais podem ter destaque, mas o índice como um todo deve ter um desempenho similar a inflação.

Mercado imobiliário: acho que vai continuar patinando até junho, daí em diante acho que estabiliza.

Contas públicas: será mais um ano horroroso para as contas públicas. O próprio governo federal prevê um déficit primário da ordem de R$ 139,5 bilhões. Confesso que, em minha modesta opinião, tal déficit não é sustentável. Medidas adicionais terão que ser tomadas. Mas o problema mesmo virá dos estados e municípios. Em 2017 será a vez dos municípios pararem de pagar o salário de seus funcionários (o que já acontece hoje com diversos funcionários estaduais). As contas de previdência de diversos estados e municípios são impagáveis. E em 2017 isso ficará claro de uma vez por todas.

No campo externo a maior ameaça ao Brasil continua sendo o aumento das taxas de juros americanas. Isso sim pode complicar razoavelmente a nossa situação. Por sorte tais taxas ainda continuam num patamar baixo, mas cedo ou tarde elas voltarão ao patamar normal. O Brasil precisa realizar urgentemente suas reformas econômicas ANTES que as taxas de juros americanas retornem a níveis históricos.

A verdade cruel é que em 2017 tudo pode acontecer, mas tudo pode também não acontecer...