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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 3 de setembro de 2024

O Brasil no admirável mundo dos BRICS - Luiz Carlos Azedo Correio Braziliense

Análise: 

O Brasil no admirável mundo dos BRICS

"Essa mudança geopolítica está por trás da crise da Venezuela, que rompeu com o Ocidente. Essa não pode ser a nossa, defendemos a democracia e nossos interesses", observa o jornalista

Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense, 27/08/2024

https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2024/08/6928465-analise-o-brasil-no-admiravel-mundo-dos-brics.html#google_vignette

O economista Paulo Gala, professor da economia da EESP/FGV, é um dos maiores especialistas em política industrial e comércio exterior do Brasil. Muito ativo nas redes sociais, vem chamando a atenção do grande público para a importância dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em particular, para o Brasil. Estabelecido em 2006, o grupo pesa cada vez mais nas relações internacionais, com destaque para a China e a Índia.

Segunda maior economia do mundo, depois dos Estados Unidos, segundo Gala a China se estabeleceu como um líder global em inovação e tecnologia, com empresas como a Huawei, Tencent e Alibaba, que atuam em setores como telecomunicações, comércio eletrônico e inteligência artificial. E passou por um grande avanço na infraestrutura, com a construção de sua rede de ferrovias de alta velocidade e projetos ambiciosos de logística, como a iniciativa do Cinturão Econômico da Rota da Seda.

A Índia também emergiu como líder global em serviços de tecnologia da informação e terceirização de processos de negócios. Cidades como Bangalore são centros tecnológicos, com empresas de TI de renome.

O país é um dos maiores produtores de medicamentos genéricos do mundo. Destaca-se, também, na pesquisa espacial, com realizações notáveis, incluindo a Missão Marte Orbiter (Mangalyaan) e o lançamento de inúmeros satélites para diversos fins.

Em postagem recente no X (antigo Twitter), Gala elencou diversas razões para que o G-7 (Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Japão), o grupo de países mais desenvolvidos e industrializados do mundo, passe a levar mais a sério a existência dos BRICS, que somarão, em breve, 3,7 trilhões de habitantes — ou seja, 46% da população mundial. Vamos a elas.

China, Índia e Brasil estão entre as 10 maiores economias do mundo. Os indianos também pousaram na Lua, e os BRICS (Rússia, oito; China, três; e Índia, um) estão quase igualando o número de missões lunares dos EUA (15).

Os BRICS representam 32,1% do PIB global contra os 29,9% do G-7. Em 2024, cinco países se associaram: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia, Egito e Irã.

Em 2023, a Índia tornou-se a maior população do mundo, com o maior número de usuários do Facebook, Instagram, You- Tube e WhatsApp, e exportou mais em software (US$ 133 bilhões) do que a Arábia Saudita em petróleo (US$113 bilhões). Em 2022, a China comprou 97% de todo o lítio da Australia, o maior produtor mundial, e responde por 57% dos carros elétricos do planeta.

A maioria das pessoas no Ocidente não conhece a Saudi Aramco, a petroleira da Arábia Saudita, que, agora, faz parte dos BRICS e fatura U$ 48 bilhões/ano, mais do que a Tesla, Meta, Apple e Microsoft juntas, que somam US$ 45 bilhões/ano. As duras sanções do Ocidente contra a Rússia são quase inúteis, porque os russos estão inundando a Ásia com petróleo — e os chineses inundando a Rússia com produtos industrializados.

Pragmatismo

Os chineses lideram a distribuição de supercomputadores. A indiana Tata Motors comprou a Jaguar e a Land Rover. A chinesa Geely comprou a Volvo, e a vietnamita Vinfast abriu capital na Bolsa de Nova York e já vale mais do que a General Motors.

O leste da Ásia (China, Índia, Coréia do Sul, Taiwan e Japão) formam o bloco econômico mais importante do mundo, maior do que os EUA ou a Zona do Euro, pois 70% do crescimento do mundo este ano vem da Ásia — a China, sozinha, responde por 1/3 do crescimento mundial.

Mais de 20 países querem entrar nos BRICS. Bangladesh, por influência da Índia; Egito, Etiópia e Marrocos, da Rússia; Belarus e Cazaquistão, antigas repúblicas soviéticas, também fizeram a solicitação.

Tailândia e Vietnã pediram para ingressar no bloco, e Argélia busca aproximação. Países ligados aos Emirados Árabes Unidos — como a Palestina, Nigéria e Bahreim — já manifestaram interesse. O Irã não fica atrás.

Na América Latina, países como Cuba, Honduras e Venezuela querem ingressar no bloco. O próximo encontro do BRICS será em Moscou e caminha nessa direção.

É uma grande mudança geopolítica. Entretanto, há contradições políticas relevantes entre esses países. Exemplo: a Rússia é aliada da China, porém, a Índia é aliada dos Estados Unidos. É um erro avaliar que esses países formam um bloco monolítico, tanto quanto é insensato, no caso do Brasil, um alinhamento que não leve em consideração as relações históricas com os EUA e a União Europeia.

Nosso principal parceiro comercial é a China, que compra nossas commodities minerais e de alimentos, e nos vende a maior parte dos produtos industrializados que consumimos. Isso está matando a nossa indústria e nos toma mercado. Essa mudança geopolítica está por trás da crise da Venezuela, que rompeu com o Ocidente democrático e se tornou aliada incondicional da China.

Essa não pode ser a nossa. Defendemos a democracia e uma política externa independente e pragmática, cujo eixo são nossos interesses. Devemos nos relacionar igualmente com os países dos BRICS e o Ocidente democrático, ao qual pertencemos.


CEPAL: El desarrollo político es fundamental para abordar las tres trampas en las que está sumida América Latina y el Caribe

 CEPAL: El desarrollo político es fundamental para abordar las tres trampas en las que está sumida América Latina y el Caribe

Desarrollo productivo y empresarial

23 de agosto de 2024

Secretario Ejecutivo Adjunto Javier Medina Vásquez encabezó seminario organizado por la Escuela Latinoamericana de Estudios del Desarrollo (ELADES) de la CEPAL, en colaboración con la Asociación Latinoamericana de Ciencia Política (ALACIP).


Qué significa “desarrollo político”, cuál es el estado de las democracias en tiempos de incertidumbre y cómo el fortalecimiento de las capacidades institucionales y de la gobernanza puede ayudar a superar las trampas de desarrollo en las que está sumida América Latina y el Caribe fueron algunos de los temas abordados en el seminario El desarrollo político en América Latina y el Caribe en la última década, que tuvo lugar el viernes 23 de agosto de 2024 en la sede de la CEPAL en Santiago, Chile.

El encuentro, en el que participaron especialistas de la región, fue inaugurado por el Secretario Ejecutivo Adjunto de la Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), Javier Medina Vásquez, en representación del Secretario Ejecutivo José Manuel Salazar-Xirinachs, y por Daniel Buquet, Secretario General de la Asociación Latinoamericana de Ciencia Política (ALACIP) y académico de la Universidad de la República del Uruguay.

Javier Medina Vásquez saludó la realización del seminario como parte de las actividades de la Escuela Latinoamericana de Estudios del Desarrollo (ELADES) de la CEPAL y de su Programa de Estudios sobre Políticas del Desarrollo (Ex Escuela de verano) que cursa su vigésima quinta edición. “El desarrollo político es uno de los cinco pilares de la ELADES junto al desarrollo económico, social, ambiental y de las personas”, explicó.

Durante su presentación, el alto funcionario analizó las tres “trampas del desarrollo” identificadas por la CEPAL y que son parte central de los debates que propondrá la institución durante su Cuadragésimo período de sesiones que tendrá lugar en Lima, Perú, del 9 al 11 de octubre de 2024.

“Estamos en un momento de cambio de época, en un punto de inflexión, en el cual la región de América Latina y el Caribe está sumida en tres grandes trampas del desarrollo: Una incapacidad de largo plazo para crecer, una elevada desigualdad, y una baja capacidad institucional y de gobernanza”, indicó Javier Medina.

Por eso, dijo, “en la CEPAL hemos buscado que los retos del desarrollo se puedan organizar alrededor de un decálogo de brechas que constituyen áreas prioritarias de acción para la política pública y los esfuerzos colectivos de transformación”.

Medina centró su intervención en los desafíos de gobernanza, diálogo social y capacidades técnicas, operativas, prospectivas y políticas (TOPP) de la región -tema que se profundiza en la Revista CEPAL no. 141. Edición Especial 75 años: hacia un modelo de desarrollo más productivo, inclusivo y sostenible-, para luego terminar con una reflexión sobre la gestión de las transformaciones necesarias en América Latina y el Caribe.

“Los efectos de las políticas públicas, tanto a corto como largo plazo, están profundamente influenciados por los procesos mediante los cuales se diseñan e implementan”, indicó el Secretario Ejecutivo Adjunto, por lo que “analizar y comprender el proceso de formulación, adopción e implementación de una política es tan relevante como el contenido de la política misma”, recalcó.

Según Medina, “en un momento de crecientes demandas ciudadanas hacia los gobiernos e instituciones, necesitamos desarrollar capacidades para liderar las transformaciones en los modelos de desarrollo. Estas transformaciones requieren no solamente una mejora continua, sino el abordaje de las disrupciones en la capacidad institucional para diseñar, implementar, evaluar y ajustar las políticas públicas en circunstancias cambiantes”.

“La falta de estas capacidades se refleja en respuestas institucionales insuficientes a situaciones complejas e inciertas, como, por ejemplo, el retraso en el cumplimiento de los Objetivos de Desarrollo Sostenible (ODS), el incremento de la polarización y los conflictos, las dificultades de gobernabilidad en muchos países y el deterioro en los índices globales de gobernanza y transparencia”, enfatizó.

A su vez, Daniel Buquet, Secretario General de la ALACIP y académico de la Universidad de la República del Uruguay, presentó los fundamentos teóricos de una propuesta de medición del desarrollo político en América Latina y cómo se complementa con los estudios sobre la democracia en la región.

“El desarrollo político se debería conceptualizar como algo que tiene que ver con la democracia, que está vinculado a la democracia, a la democratización, a la calidad de la democracia, pero que no es lo mismo”, concluyó, agregando que se trata de “un proceso acumulativo, que refleja más el potencial que la situación”.

El seminario también contó con intervenciones de Flavio Gaitán, Coordinador del Grupo de Estado, Instituciones y Desarrollo de ALACIP y académico de la Universidad Federal de Integración Latinoamericana; David Altman, Director del Centro Regional del V-Dem Project para América Latina, y académico de la Pontificia Universidad Católica de Chile; y Marcela Ríos, Directora para América Latina y el Caribe del Instituto Internacional para la Democracia y Asistencia Electoral (IDEA Internacional).

 



domingo, 2 de junho de 2024

Segundo Bolivar, a América Latina não tem solução; só resta emigrar - Memórias de Rubens Ricupero

Introdução de Maurício David, meu anjo protetor em matéria de informação de boa qualidade: 

Citação do dia (na verdade feita em 1830, mas que nos faz pensar até hoje...) de Simón Bolivar, poucas semanas antes de morrer, de acordo com os comentários publicados pelo embaixador Rubens Ricupero em seu livro de Memórias, recém-publicado pela editora UNESP : 


“... lembrei que o historiador Mariano Picón Salas, embaixador da Venezuela no Brasil na época de Juscelino, achava que os latino-americanos tinham começado mal desde a independência. Contrastava o destino trágico de quase todos os próceres hispânicos – fuzilados, enforcados, mortos na prisão ou no exílio – com o dos Founding Fathers norte-americanos, pacificamente expirando em seus leitos, cercados da veneração da pátria.

Desde o princípio, a sensação de fracasso, de que tínhamos quei­mado a partida, vinha do primeiro e maior dos latino-americanos. 

 

Pouco mais de um mês antes de morrer em Santa Marta, Simón Bolívar concluía na carta que escreveu ao general venezuelano Juan José Flores, primeiro presidente do Equador:

[…] exerci o comando por vinte anos e deles não deduzi mais que poucas conclusões seguras: 1A América é ingovernável […]. 2Aquele que serve a uma revolução ara no mar. 3A única coisa que se pode fazer na América é emigrar. 4Este país cairá infalivelmente em mãos da multidão desenfreada, para depois passar a tiranetes […] de todas as cores e raças. 5Devorados por todos os crimes […], os europeus não se dignarão conquistar-nos. 6Se fosse possível que uma parte do mundo voltasse ao caos primitivo, este seria o último período da América. (Barranquilla, 9.11.1830).

Não era a primeira vez que o Libertador expressava essa opi­nião. Na véspera de morrer, as circunstâncias lhe pesavam no âni­mo: politicamente derrotado, chocado pelos atentados contra sua vida, deprimido, minado pela tuberculose, tudo isso agravou-lhe o julgamento. Não obstante, o libelo se tornaria o padrão para com­parar o atraso latino com o progresso dos Estados Unidos, as tira­nias degradantes sucedendo-se umas às outras, os degolamentos e atrocidades das guerras civis, as torturas, os desaparecimentos, as ditaduras militares.

De vez em quando, vive-se a ilusão, mais ou menos fugaz, do sucesso. A Argentina teve sua brilhante “era das vacas e do trigo”, foi a 6maior economia do mundo; o México, a gloriosa Revolução de 1910, de Emiliano Zapata e Pancho Villa; o Uruguai chegou a ser a “Suíça da América do Sul”; o petróleo criou por um tempo a “Venezuela saudita”, o país de maior poder de compra do continente;

o Brasil conheceu, nos anos 1970, o “milagre brasileiro” e na primeira década do século XXI, o Cristo do Corcovado elevando-se aos céus como foguete foi a capa da revista The Economist. O último mito a desmoronar foi o do Chile, “país desenvolvido, uma espécie de Nova Zelândia descolada do resto da América Latina”.

Esse destino ciclotímico do continente não tem nada a ver com o sono eterno das civilizações mortas, ou, no outro extremo, com o dinamismo de chineses e de outras nações asiáticas, imperturbá­veis no êxito ininterrompido de crescimento ao longo de quatro ou cinco décadas seguidas. A imagem que melhor nos define é a de uma espécie de montanha russa na qual a euforia embriagante dos pináculos se alterna com vertiginosos mergulhos no vácuo. No máximo se diria que ultimamente as subidas duram cada vez menos, enquanto a travessia dos vales se parece mais à estagnação dos cemitérios.

É por isso que não faz muito sentido indagar qual foi o ponto de inflexão, o momento em que nos perdemos. Simplesmente porque não cessamos de nos perder e de nos reencontrar de tempos em tempos. Cada geração passa incessantemente por vários extravios, uns mais longos que outros.

Para os nascidos no Brasil em fins dos anos 1930, não faltaram sobressaltos e rupturas: o autogolpe do Estado Novo em 1937 segui­do de longa e repressiva tirania; o golpe militar contra a ditadura Vargas em 1945; o suicídio de Getúlio em 1954; a ameaça de golpe e contragolpe de 1955; a renúncia de Jânio em 1961; o golpe militar de 1964; o “golpe dentro do golpe” do AI-5 em 1968; a inesperada morte de Tancredo em 1985; o impeachment de Collor em 1992; o de Dilma em 2016, coincidente com a profunda crise moral da Lava Jato, a recessão econômica e o esboroamento da hegemonia de Lula e do PT. 

(citação do livro “Memórias”, do embaixador Rubens Ricupero, recém-lançado pela editora da UNESP)

 


terça-feira, 7 de maio de 2024

Esquerda e direita na politica e na economia: ainda faz algum sentido? - Paulo Roberto de Almeida

 Esquerda e direita na politica e na economia: ainda faz algum sentido?


Paulo Roberto de Almeida

Doutor em Ciências Sociais, mestre em planejamento econômico, diplomata de carreira, autor de livros e artigos sobre relações internacionais, integração econômica e política externa do Brasil. O autor não pertence, nem pretende pertencer, a qualquer partido político, nem possui simpatia particular por qualquer um dos existentes no atual sistema partidário brasileiro, embora possa ter antipatia por alguns deles.

 

 

Sumário: 

1. O jogo de oposições como norma nas sociedades humanas

2. A dimensão da alteridade na política moderna e contemporânea

3. A velha divisão entre a esquerda e a direita: ainda válida?

4. A alternância de políticas entre situação e oposição: como e por que ocorre?

5. A alternância nas políticas econômicas: ortodoxia versus heterodoxia

6. Lições a serem tiradas da alternância de políticas econômicas: o que fazer?

 

 

1. O jogo de oposições como norma nas sociedades humanas

O universo mental e material das sociedades humanas é permeado de oposições, de contradições, de antagonismos e de projetos contraditórios. As escolhas a fazer são muitas e difíceis, algumas apenas ambíguas, outras até antagônicas: que deuses honrar?; que tipo de liderança política escolher?; qual regime constitucional adotar?; que sistema econômico privilegiar?; qual código de conduta respeitar na vida pública?; que posturas observar na sociedade em que se vive?; competição aberta ou cooperação solidária?; devemos favorecer o individualismo ou as práticas coletivas?; buscamos a iniciativa privada ou damos preferência ao estatismo?; queremos capitalismo ou socialismo?

Poucas escolhas humanas, poucas opções sociais estão isentas de paixão, quando não exibem, pura e simplesmente, antagonismos irredutíveis. Em alguns poucos casos, manifesta-se uma atitude de compreensão dos atores sociais ante posturas adversas, ou mesmo competidoras da sua própria postura; em outros, registra-se, ao contrário, cenas de intolerância explícita, quando não de ódio em relação à posição oposta. Fundamentalistas religiosos e milenaristas salvacionistas podem arrastar grupos humanos, por vezes toda uma sociedade e até mesmo nações vizinhas, em direção de conflitos sangrentos: ocorrem, então, enfrentamentos entre estados, lutas civis, fratricidas, como foi o caso, por exemplo, das guerras de religião, no início da era moderna na Europa. O mesmo continente, aliás, assistiu, menos de um século atrás, a duas terríveis carnificinas, numa espécie de reedição ideológica da guerra de trinta anos do século 17; em meados do breve século 20, a “era dos extremos”, os enfrentamentos se deram entre os três fascismos militaristas (hitlerista, mussoliniano e nipônico) e as democracias ocidentais, aliadas temporariamente ao comunismo soviético (muito embora este último fosse, no início da guerra, aliado do hitlerismo).

Mas mesmo uma simples torcida de futebol, desgostosa com a derrota do seu time, pode incorrer em insanas destruições patrimoniais, quando não na eliminação física de algum infeliz torcedor adversário. Os conflitos mais comuns nos ambientes urbanos, que constituem o núcleo das sociedades contemporâneas, costumam ocorrer ou por causa de crises repentinas de seus regimes políticos ou sistemas econômicos – fatores conjunturais e contingentes, portanto; ou pela via da mobilização de instintos religiosos ou de símbolos identitários de clãs e seitas unidos por alguma motivação não exatamente racional (como ocorre, justamente, com essas torcidas organizadas de marginais que descambam para a violência gratuita). Turbas são especialmente violentas e propensas a acatar uma visão maniqueísta do mundo, segundo uma concepção que vê a alteridade como um perigo, uma ameaça latente, podendo representar a derrota de suas próprias crenças e convicções. Na maior parte dos casos, felizmente, se trata de um fenômeno de segurança pública, mais do que propriamente de um processo sociológico, como ainda ocorre, por exemplo, no subcontinente indiano – dividido em centenas de castas e dezenas de dialetos diferentes – ou até na Europa meridional ou na Ásia central, embora os exemplos mais graves se situem mesmo no continente africano.

 

2. A dimensão da alteridade na política moderna e contemporânea


(...)


Ler a íntegra neste link: 

https://www.academia.edu/118707662/4567_Esquerda_e_direita_na_politica_e_na_economia_ainda_faz_algum_sentido_2024_

terça-feira, 18 de julho de 2023

Vidas Paralelas? Os processos de integração da América Latina comparados com os esquemas da Ásia Pacífico (2015) - Paulo Roberto de Almeida

 Um trabalho inédito, feito em 2015, antes que o TPP fosse confirmado, e antes de muitos outros desenvolvimentos nas duas regiões: 

Vidas Paralelas? Os processos de integração da América Latina comparados com os esquemas da Ásia Pacífico

Parallel lives? Regional integration processes in Latin America compared to the schemes in the Asia Pacific region.

 

Paulo Roberto de Almeida (2015)

 

Resumo: Ensaio sobre os processos de integração regional na América Latina e na região da Ásia Pacífico, em caráter comparativo e em perspectiva histórica. Examina as diferentes modalidades e esquemas de integração, em ambas as regiões, com destaque para os experimentos de áreas preferenciais de comércio – bem mais disseminados na região asiática – e de livre comércio ou de união aduaneira, sucessivamente tentados na América Latina, mas não conduzidos até sua implementação completa. Contrasta as políticas econômicas – macro e setoriais – aplicadas em cada uma das regiões, destacando o caráter mais aberto ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros no Pacífico asiático e a natureza mais introvertida, ou protecionista, com maior grau de dirigismo econômico, dos esquemas existentes na região latino-americana. Observa que, desde os anos 1960 se operou uma notável inversão de inserção econômica internacional de cada uma das duas regiões, uma vez que as perspectivas relativamente favoráveis existentes para a América Latina até os anos 1970 foram finalmente transferidas para a região asiática, que se inseriu de modo mais completo na economia mundial.

Palavras-chave: Integração regional. América Latina. Ásia Pacífico. Avaliação.

 

Abstract: Analytical essay dealing with the regional integration processes in Latin America and in the Asia Pacific regions, in historical perspective and with a comparative approach. Attempts an evaluation of the various modalities of the integration schemes, from more simple forms, as the preferential trade areas – more common in the Asia Pacific region – to the more complex free trade zones or customs unions, in implementation, albeit not completely, in the Latin American region. Compare and assess their differing economic policies – both macroeconomic and sectorial – and stress the more open features of the Asia experiments, integrated into the world trade and foreign investment flows, in contrast with the more introverted and protectionist nature of the Latin American experiments, characterized by various degrees of economic intervention by the States. A final observation can be made as to the clear inversion of the roles and respective places of the two regions in the world economy, from the early 1960s to our days, since the more favorable perspectives of Latin America seem to be transferred to the Asia Pacific region, where a deeper integration into the international productive networks is being operated. 

Kew words: Regional integration. Latin America. Asia Pacific. Assessment.

 

Ler a íntegra aqui: 

https://www.academia.edu/104708639/2796_Vidas_Paralelas_Os_processos_de_integra%C3%A7%C3%A3o_da_Am%C3%A9rica_Latina_comparados_com_os_esquemas_da_%C3%81sia_Pac%C3%ADfico_2015_

sábado, 24 de junho de 2023

Ah, esse ambicionado Prêmio Nobel da Paz... - Paulo Roberto de Almeida (Crusoé)

Meu artigo publicado mais recente: 

1513. Ah, esse ambicionado Prêmio Nobel da Paz...”, Brasília, 11 junho 2023, 3 p. Artigo sobre os prêmios Nobel e a pretensão de Lula de conquistar um da Paz para si. Publicado na revista Crusoé (23/06/2023; link: https://crusoe.uol.com.br/secao/paulo-roberto-de-almeida/ah-esse-ambicionado-nobel-da-paz/?utm_source=crs-site&utm_medium=crs-login&utm_campaign=redir). Relação de Originais n.  4412.

Ah, esse ambicionado Prêmio Nobel da Paz...

  

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Artigo sobre os prêmios Nobel e a pretensão de Lula de conquistar um da Paz para si. Publicado na revista Crusoé

  

O testamento de Alfred Nobel, reservando uma parte de sua imensa fortuna para premiar cinco personalidades que, no ano anterior, realizaram grandes feitos em favor da humanidade, foi finalizado em 1895, prevendo a distribuição de prêmios nas seguintes áreas: física, química, medicina, literatura e a promoção da paz e da amizade entre as nações. Mas, os primeiros prêmios só foram concedidos a partir de 1901, em função de dissensões familiares quanto à repartição de seu legado. Os prêmios científicos e de literatura seriam avaliados por academias suecas dos respectivos setores, enquanto o da paz estaria a cargo do parlamento norueguês, cujo reino, naquela época, era unido ao da Suécia. Bem mais tarde, em 1968, foi introduzido um prêmio Nobel em Economia, a ser atribuído pelo Banco Nacional da Suécia. 

Ao longo dos anos, com poucas exceções, os prêmios foram sendo atribuídos, previsivelmente para cientistas, pesquisadores, literatos dos próprios países avançados, onde naturalmente estavam concentradas as pesquisas científicas e a produção intelectual. Paulatinamente, escritores e cientistas dos demais países, alguns que hoje se situam no que vem sendo chamado de Sul Global, foram sendo contemplados, alguns dos quais bem próximos do Brasil, mas jamais alguém de nacionalidade brasileira (embora alguns cientistas que viveram ou trabalharam no Brasil tenham recebido a graça). Tentativas foram feitas, candidaturas foram apresentadas, mas a sorte foi ingrata com o país abençoado por Deus, ou onde ele teria supostamente o seu lugar de eleição.

(...)

... muitas das democracias ocidentais, entre elas todos os membros da Otan, contestam, inclusive, a suposta imparcialidade do Brasil, para liderar um “clube da paz”, uma vez que Lula, mais identificado atualmente por sua simpática postura em favor de ditaduras de esquerda, tem consistentemente dado mostras de defender o lado russo. Esse posicionamento ocorre a despeito do fato de a diplomacia brasileira ter votado condenando a Rússia na Assembleia Geral da ONU, mas em resoluções puramente simbólicas da, pois que desprovidas do poder coercitivo que teria uma decisão do seu Conselho de Segurança. A proposta de “cessação de hostilidades”, agregada a uma dessas resoluções, só favoreceria a Rússia de Putin, pois que “congelando”, de certa forma, as forças sobre o terreno, sendo que a potência agressora ocupa boa parte da Ucrânia oriental e meridional. 

Não será, portanto, com qualquer manobra inovadora em torno do pior conflito militar na Europa, desde o final da Segunda Guerra Mundial, que Lula conquistará o ambicionado Prêmio Nobel da Paz. Ele terá de pensar em outras iniciativas, de grande peso na atualidade, para almejar o mítico prêmio. Que tal começar por um grande dever de casa, e fazer cessar, por completo, as hostilidades de madeireiros e garimpeiros contra a paz dos povos originários da Amazônia? Eis uma missão que poderia valer como um 13º trabalho de Hércules...


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4412, 11 junho 2023

.  

Ler a íntegra no site da revista Crusoé: 

 https://crusoe.uol.com.br/secao/paulo-roberto-de-almeida/ah-esse-ambicionado-nobel-da-paz/?utm_source=crs-site&utm_medium=crs-login&utm_campaign=redir

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Las cuatro lecciones que Uruguay le puede enseñar al resto de América Latina - Brian Winter (La Nación)

Las cuatro lecciones que Uruguay le puede enseñar al resto de América Latina

La democracia más fuerte de la región ofrece muchas lecciones, incluido el valor de una sólida red de seguridad social

Brian Winter

 La Nación, Buenos Aires - 1.2.2023

 

Montevideo - Fue una escena que inspiró admiración, y no poca envidia, en toda América Latina. En la toma de posesión del pasado primero de enero del presidente de Brasil, Luiz Inacio Lula da Silva, estuvieron presentes no uno, sino tres presidentes de Uruguay: el actual mandatario, Luis Lacalle Pou, así como los expresidentes José “Pepe” Mujica (2010-2015) y Julio María Sanguinetti (1985-1990; 1995-2000), rivales históricos en la política uruguaya, uno de izquierda, otro de centroderecha, sonriéndose y dándose palmaditas en la espalda mientras las cámaras grababan.

En otra época, una escena así podría haberse considerado banal. Pero en esta época de extrema polarización y agitación social en toda América Latina, la muestra de unidad fue tratada nada menos que como una revelación en Twitter y demás sitios. “Los uruguayos son siempre tan civilizados que no sé cómo nos soportan como vecinos”, bromeó Bruno Bimbi, periodista argentino. “Por eso Uruguay es Uruguay, y es la democracia con más calidad de la región y una de las mejores del mundo”, escribió Daniel Zovatto, destacado politólogo en Panamá. Los periódicos brasileños señalaron celosamente el contraste con su propio país; el predecesor de Lula, Jair Bolsonaro, no asistió a la inauguración tras perder las elecciones, y en su lugar voló a Orlando, en Florida.

Francamente, no era la primera vez que Uruguay parecía estar una realidad aparte. El país tiene la renta per cápita más alta de América Latina (unos 17.000 dólares), la tasa de pobreza más baja (7%) y uno de los niveles de desigualdad más bajos. La matriz energética uruguaya es la más verde de la región, y se prevé que su economía crezca un saludable 3,6% en 2023, más del doble que el promedio latinoamericano.

Los estudios internacionales sitúan con frecuencia a Uruguay como el país menos corrupto de la región; The Economist Intelligence Unit lo clasificó como la décima tercera democracia más fuerte del mundo, por delante del Reino Unido (18), España (24) y Estados Unidos (26), y muy por delante de países de la región como Brasil (47), Colombia (59) o México (86).

Este éxito no ha pasado desapercibido en otros lugares de la región y, de hecho, del mundo. En mayo pasado se celebró en la Universidad Católica de Chile una conferencia titulada “El caso uruguayo: ¿un modelo posible?”, centrada en cómo ha combinado el crecimiento económico con una sólida red de seguridad social.

Uruguay está atrayendo cifras récord de expatriados no solo de Argentina, como suele ocurrir en tiempos de crisis, sino también de Brasil, Chile, Venezuela y otros países. La ciudad turística de Punta del Este se convirtió en un imán para los trabajadores extranjeros durante la pandemia, impulsando un boom inmobiliario estimado en 6000 millones de dólares en nuevas inversiones solo en los últimos tres años.

La idea de que Uruguay se está convirtiendo en una especie de Singapur para América del Sur, un relativo oasis para los negocios y el comercio en un continente convulso, ha atraído la atención de empresas globales y grandes potencias, por igual; el gobierno conservador de Lacalle Pou inició recientemente negociaciones para cerrar acuerdos comerciales con China y Turquía.

Tim Kaine, demócrata del Comité de Relaciones Exteriores del Senado de Estados Unidos, calificó recientemente a Uruguay de “modelo en muchos sentidos” y se preguntó por qué Estados Unidos no está invirtiendo más o impulsando su propia agenda comercial en este país.

Dado todo este interés, viajé a Montevideo en noviembre con la esperanza de responder a las preguntas: ¿qué podemos aprender de Uruguay? ¿Cuáles son los secretos de su relativo éxito? A lo largo de una semana, entrevisté a destacados políticos, analistas, líderes empresariales y gente corriente, en un esfuerzo por comprender los puntos fuertes y débiles de Uruguay, y cómo otros países de América, incluido Estados Unidos, podrían aprender de ellos. Asistí a un mitin político; caminé por la rambla de la capital; me comí un chivito, el plato nacional no oficial que consiste en carne con jamón, panceta, queso y un huevo frito. Bueno, me comí dos.

A pesar de estas delicias, una de las conclusiones más obvias de mi visita fue la siguiente: Uruguay no es un paraíso. Es un país que tuvo su mejor momento hace más de un siglo, cuando las exportaciones agrícolas lo convirtieron brevemente, junto con la Argentina, en uno de los diez países más ricos del mundo. Desde entonces, ha habido largos periodos en los que la economía apenas creció, y hoy los economistas afirman que su rendimiento está muy por debajo de su potencial, con una tasa media de crecimiento anual de solo el 1% en los cinco años anteriores a la pandemia. Montevideo puede parecer una versión más gris y menos dinámica de Buenos Aires; incluso en los barrios acomodados, a casi todo le vendría bien una mano de pintura.

El Uruguay actual se enfrenta a una ola de delincuencia realmente aterradora, con una tasa de homicidios que casi duplica la de la Argentina o Chile, causada en parte por la expansión de bandas criminales procedentes de otros lugares de la regiónSolo el 40% de los estudiantes terminan el bachillerato, una de las tasas más bajas de América Latina, aunque los resultados de los exámenes son altos en comparación con la región.

A fines de 2022, estalló un escándalo de corrupción que involucraba la administración de Lacalle Pou y que puso en entredicho la reputación del país de tener un gobierno no corrupto que había sido tan cuidadosamente cultivada.

Del mismo modo, es razonable preguntarse hasta qué punto el éxito de Uruguay es realmente replicable en otros lugares de América Latina.

Muchos brasileños y argentinos ponen los ojos en blanco, alegando que la pequeña población de Uruguay, de unos 3,4 millones de habitantes, hace que sea mucho más fácil gobernar. (Esto ignora el hecho de que, por ejemplo, Honduras y El Salvador también son pequeños).

Otros dicen que la historia de la inmigración europea ha hecho de Uruguay un lugar “homogéneo” y, por tanto, próspero. (Esto es manifiestamente falso, y también racista, pero lo he oído muchas veces). Otros susurran que Uruguay puede tener algunos méritos, pero que se ha beneficiado sobre todo de los errores de la Argentina y Brasil, en consonancia con su historia como Estado amortiguador sujeto a los ciclos de sus mucho más grandes vecinos.

Pero también es cierto que la historia de Uruguay es más… bueno, cercana… de lo que muchos suponen. La próspera democracia actual fue una dictadura en 1985, plagada de las mismas divisiones y violaciones de los derechos humanos que se han observado en otros lugares del continente. ¿Esa envidiable tasa de pobreza del 7%? Hace solo 20 años, alcanzaba el 40%, en medio de una crisis económica tan grave que Uruguay exportaba miles de trabajadores cualificados, en lugar de recibirlos.

Según Sanguinetti, uno de los dos expresidentes que inspiraron tanta admiración, incluso la bonhomía política que se exhibió en la toma de posesión de Lula costó trabajo construirla y corre peligro de desvanecerse.

“Si la gente cree que Uruguay siempre fue así, se equivoca”, me dijo riendo Sanguinetti, de 87 años. “Nada es fácil. Estoy seguro de que hay lecciones que humildemente podemos ofrecer a los demás”.

De hecho, hay muchas. Pero basándome en mis viajes e investigaciones, destacaría cuatro aspectos que ayudan a explicar la imperfecta historia de éxito de Uruguay:

 

1)  Una red de seguridad social refuerza la democracia

 

Mujica, el otro expresidente que viajó a la toma de posesión de Lula, consiguió seguidores en todo el mundo en la década de 2010 como una especie de oráculo del anticonsumismo, al seguir conduciendo su Volkswagen Beetle de 1987 de ida y vuelta a su humilde granja en las afueras de Montevideo todos los días mientras ocupaba el cargo, en lugar de vivir en el palacio presidencial, y también al donar el 90% de su salario a obras de caridad.

Y aunque Mujica nunca fue tan popular en su país como lo fue en el extranjero, una de sus frases más famosas capta indudablemente el ethos uruguayo: “Nadie es más que nadie”.

Esa filosofía igualitaria sobresale en América Latina, donde la mayor brecha existente en el mundo entre ricos y pobres ha alimentado innumerables conflictos sociales a lo largo de los años. Y aunque sigue siendo más un ideal que una realidad, ha sostenido lo que en algunos aspectos es el Estado de bienestar más antiguo y generoso de la región.

En la actualidad, alrededor del 90% de la población uruguaya mayor de 65 años está cubierta por el sistema de pensiones, una de las tasas más altas de la región. El Estado proporciona seguro de desempleo, transferencias monetarias a las familias de bajos ingresos, recursos para el cuidado de niños y ancianos, y un sistema de sanidad pública.

Pagar todo esto no es barato, por supuesto. Uruguay recauda alrededor del 27% de su PBI en impuestos, por encima de la media latinoamericana (22%), aunque menos que Brasil (32%) y la Argentina (29%), y muy por debajo de la media de la OCDE (34%), un club compuesto en su mayoría por países europeos desarrollados. En general, el gobierno desempeña un papel importante en la economía uruguaya: las empresas estatales dominan el sector petrolero, los préstamos hipotecarios e incluso la transmisión de datos de internet. Aproximadamente uno de cada cinco trabajadores está empleado por el sector público, según el Banco Mundial.

Javier de Haedo, economista vinculado a la centroderecha uruguaya, afirma que la economía se ha visto afectada por un ciclo de largo plazo de crecientes demandas sociales, aumentos de impuestos y reestructuraciones periódicas de la deuda. “Esa es la historia de Uruguay”, me dijo. “La única solución es crecer más”.

Lacalle Pou llegó al cargo con un programa de reformas favorables a las empresas tras 15 años de gobierno del izquierdista Frente Amplio (FA). Pero por un golpe del destino fue investido el 1 de marzo de 2020, 12 días antes de que apareciera el primer caso de Covid-19 en Uruguay. Ha pasado gran parte de su mandato gestionando la pandemia en lugar de aprobar leyes.

Pero incluso Lacalle Pou y sus aliados se centran más en introducir ajustes en el sistema vigente -por ejemplo, aumentar la edad mínima de jubilación- que en derribarlo por completo.

En Uruguay se escucha muy poco acerca de la acalorada retórica sobre el socialismo o el neoliberalismo que domina la política en otros lugares de América Latina. “Casi no importa quién esté en el poder; hay una especie de consenso socialdemócrata que no cambia en lo fundamental”, afirma Nicolás Saldías, analista uruguayo para América Latina de The Economist Intelligence Unit.“Lo que se oye son debates sobre las tasas de impuestos, más que sobre el impuesto en sí”, añade.

De Haedo, el economista crítico, reconoció que ha habido “ejemplos espectaculares” de buena administración por parte del sector público.

Puede que el modelo uruguayo no sea para todos. Pero en una época en la que las demandas de mayores derechos sociales y servicios han invadido América Latina, provocando violentas protestas y una grave inestabilidad en países como Chile, Ecuador, Perú y otros, es difícil no darse cuenta de que Uruguay está… bastante tranquilo. Incluso después de la pandemia, los uruguayos consideraban en general que sus necesidades básicas estaban cubiertas.

En una encuesta publicada en mayo de 2022 por las Naciones Unidas, el 37% de los uruguayos dijo que su situación socioeconómica era buena, el 48% la consideró ni buena ni mala, y solo el 14% la calificó como mala. Dada la relativa satisfacción con el statu quo, no parece casualidad que Uruguay nunca haya elegido a un verdadero populista ideológicamente de izquierda o de derecha, mientras que los pilares fundamentales de una economía estable basada en el mercado también son ampliamente aceptados.

Hablé con un grupo de jóvenes activistas del Partido Nacional de Lacalle Pou, de centroderecha, y ellos también parecían apreciar el equilibrio. “La gente en Uruguay se siente protegida”, dice María Ángela Rosario, de 27 años. “No conozco a nadie que quiera cambiar eso en lo fundamental”.

2) La carrera se gana despacio y con constancia

Hacer algo a la uruguaya significa hacerlo despacio, gradual y deliberadamente. Es un aspecto célebre de la cultura local, tan uruguayo como tomar mate o contemplar la puesta de sol sobre el Río de la Plata (ambas cosas, no por casualidad, se deben hacer a la uruguaya).

Y, como tantas otras cosas aquí, puede ser un arma de doble filo.

Cuando se propone una nueva legislación, los políticos dicen que suele debatirse, y debatirse, y luego volver a debatirse. Las reformas a menudo no se consideran definitivas hasta que son aprobadas a través de plebiscitos o referéndums populares, cuya organización puede llevar años, los cuales se han utilizado desde la década de 1990 para votar sobre la privatización de los servicios públicos, leyes de amnistía, políticas contra la delincuencia, derechos sobre el agua y otras cuestiones.

A veces, cuando el cambio entra en vigor, el mundo ya ha cambiado. “He visto a Uruguay perder muchas oportunidades porque no pudimos actuar a tiempo”, me dijo un abogado que trabaja con inversionistas internacionales, haciendo referencia a puertos de aguas profundas, centros de datos y más.

De hecho, incluso en Montevideo, el ritmo de todo -comercio, política y vida cotidiana- puede resultar un poco extraño para quienes están acostumbrados a Buenos Aires, Lima o Ciudad de México. Una mañana cometí el pecado capital del periodista: se me acabó el espacio en mi cuaderno.

Eran las 11.30 de un miércoles y estaba en pleno centro. Encontré una papelería a dos cuadras; las llaves estaban en la puerta principal, la cual abrí lentamente, y me quedé esperando unos minutos hasta que un hombre mayor, mate en mano, apareció en la parte de atrás de la tienda. “¡Buen día!”, dijo alegremente. “No abrimos hasta, no sé, las 12.45 o 13. Intente cruzando la calle”. Así lo hice: “Ah, no me quedan cuadernos”, me dijo el vendedor. “Vuelva el lunes o el martes. O puede intentar al otro lado de la calle”. Al final me rendí y le pedí uno prestado a un periodista uruguayo. Otros expatriados compartieron historias similares acerca de un país que rara vez parece tener prisa. Un amigo de Sen Paulo me dijo: “Todos los días quiero gritar”.

Pero tomar la vida con calma tiene sus ventajas, sobre todo en política. Una reforma puede tardar mucho en aprobarse y luego sobrevivir a un referéndum. Pero una vez que lo hace, el cambio se considera legítimo y establecido, y la gente generalmente sigue adelante. “Tenemos una cultura política de tomar decisiones y luego aceptarlas”, afirma Yamandú Orsi, intendente de Canelones, una ciudad al norte de Montevideo, y posible candidato presidencial en las elecciones de 2024. “Lo que desde fuera puede parecer lento, muchas veces es una búsqueda democrática de diálogo y consenso”.

Como resultado, Uruguay ha visto poco de la política extrema en otras partes de América Latina, así como en los Estados Unidos y Europa, en que los gobiernos asumen el poder decididos a deshacer los logros de sus predecesores. Esta estabilidad ha dado certeza a los inversionistas, un sentido de dirección a largo plazo que generalmente no existe en el resto de la región. “Aburrido es bueno. Dios, ojalá la Argentina y Brasil fueran así de aburridos”, me dijo un inversionista. Como con tantas otras cosas en Uruguay, me quedé pensando si era posible separar lo positivo de lo negativo.

3) Las instituciones importan, sobre todo, cuando son accesibles para el público

Mientras estaba en el país, un gran escándalo se desató en torno a un esquema en el que funcionarios del gobierno supuestamente vendieron docenas, y quizás cientos, de pasaportes falsos a extranjeros, incluidos rusos que huían de su país tras la invasión de Ucrania.

A medida que los fiscales investigaban el caso, también encontraron indicios de que el guardaespaldas presidencial de Lacalle Pou intentó vender un software que podría utilizarse para rastrear a líderes de la oposición. (El presidente, su guardaespaldas y otros funcionarios negaron haber actuado indebidamente).

A pesar de todo, los fiscales hicieron su trabajo con normalidad, sin interferencias políticas, como es costumbre en Uruguay. “El fuerte sentido republicano hace que el uruguayo promedio entienda que ninguno de los poderes del Estado puede pisar al otro. Por encima de todo, el sistema judicial es una salvaguarda”, dijo Agustín Mayer, abogado del despacho Ferrere. Y aunque el escándalo fue claramente vergonzoso y un golpe a la reputación del país, algunos vieron una oportunidad para fortalecer aún más la democracia uruguaya.

“Lo que veo es a la sociedad debatiendo esto, procesándolo, tratando de entender lo que pasó”, dijo Adolfo Garcé, analista político. “Eso es lo que hacemos. Esta es una democracia con una tremenda capacidad de aprendizaje”.

Algo que distingue a las instituciones uruguayas es lo abiertas que son y lo integradas que están en la sociedad. Casi todo el mundo parece formar parte de algo: un partido político, un sindicato, un club de barrio, que a su vez tiene vínculos, o al menos cierta conectividad, con el Estado. “Los movimientos sociales activos han sido el motor de la política y la democracia uruguayas”, me dijo Carolina Cosse, intendenta de Montevideo y otra posible aspirante a la presidencia.

En su opinión, prácticamente “todas” las reformas sociales de los últimos años se iniciaron desde las bases, y mencionó la sanidad universal, la matrimonio igualitario y una nueva universidad en el interior del país como causas que los políticos asumieron como propias. Cosse y otros destacaron la gran importancia de los partidos políticos: Los mismos tres partidos han dominado la política uruguaya durante décadas, han defendido ideologías generalmente consistentes en lugar de servir como vehículos personalistas, y cuentan con miles de personas de a pie entre sus miembros.

Toda esta mezcla de gente común y funcionarios electos también desmitifica un poco la política, y en este punto, de acuerdo, el tamaño del país puede tener mucho que ver. Cuatro personas diferentes me enseñaron selfies con Lacalle Pou, tomadas en heladerías, restaurantes y en la calle. Esto también puede contribuir a la cultura de transparencia de Uruguay.

“Si un político se compra un coche nuevo y caro, todo el mundo lo sabe. Vivimos uno al lado del otro, nos vemos en el supermercado”, afirma Martín Aguirre, director del diario El País. Como prueba de ello, al salir de comer (chivito, naturalmente), nos topamos con su tía. Charlaron durante 15 minutos; cuando nos íbamos, él sonrió y se encogió de hombros. “¡Pequeño país!”

4) La civilidad es difícil, pero merece la pena

Sería tentador concluir que el énfasis en el civismo en la política uruguaya es también un resultado de la que la gente viva codo con codo. Pero no siempre fue así, especialmente en los años 60 y 70, cuando Uruguay cayó en la misma espiral de violencia guerrillera y represión brutal que asoló gran parte de la región.

En nuestra conversación, Sanguinetti me dijo que él y Mujica solían ser “no solo adversarios, sino enemigos”, señalando que Mujica fue líder del grupo rebelde Tupamaro, que no se reincorporó plenamente a la vida política hasta que retornó la democracia en los años ochenta.

Sanar esas divisiones llevó tiempo y esfuerzo. Mujica, que pasó 13 años en la cárcel, ha hablado de forma conmovedora a lo largo de los años sobre su propio camino. “Yo tengo mi buena cantidad de defectos, soy pasional, pero en mi jardín hace décadas que no cultivo el odio”, dijo Mujica al retirarse de la política cotidiana en 2020. “Aprendí una dura lección que me impuso la vida, que el odio termina estupidizando, nos hace perder objetividad”.

Esos sentimientos parecen haber calado en el conjunto de la sociedad. Orsi habló de la importancia de las “reglas no escritas” en la política uruguaya, en concreto el respeto a la oposición por parte del gobierno que esté en el poder, y señaló que Lacalle Pou asistió a su toma de posesión como intendente a pesar de ser de partidos rivales. “Eso es algo que nunca olvidaré”, dijo Orsi.

Orsi tiene 55 años y el presidente, 49, lo que sugiere que estas tradiciones se están transmitiendo a una nueva generación de dirigentes. No obstante, otros uruguayos con los que hablé expresaron la sensación de que estas tradiciones están bajo amenaza por las redes sociales y las presiones que afectan al resto de América Latina tras la pandemia. Algunos observaron con preocupación que un partido de tendencia populista quedó en cuarto lugar en las elecciones de 2019. Chile es un ejemplo de cómo incluso las más cacareadas historias de éxito de la región pueden desmoronarse rápidamente y sin previo aviso.

Y por eso Sanguinetti y Mujica, incluso a sus 87 años, siguen haciendo de su relación un escaparate, hasta el punto de escribir juntos un libro recientemente. “Seguimos discrepando en muchas cosas, cosas fundamentales”, dijo Sanguinetti. “Pero bueno, estos viejos intentan demostrar a las nuevas generaciones que se puede discrepar, sin perder la civilidad”.

“Creo que otros también pueden hacer esto”, añadió. “Uruguay no tiene nada de especial”.

  

Esta columna fue publicada originalmente en Americas Quarterly. El autor es su editor general y vicepresidente de la Americas Society and Council of the Americas.

 

Para acessar a íntegra:

https://www.lanacion.com.ar/el-mundo/las-cuatro-lecciones-que-uruguay-le-puede-ensenar-al-resto-de-america-latina-nid01022023/

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

A esquerda latino-americana continua com os velhos cacoetes e manias - Christopher Garman, entrevista a José Fucs

‘A ESQUERDA ESTÁ DE MÃOS ATADAS NA AMÉRICA LATINA’!

José Fucs

O Estado de S. Paulo, 18/08/2022

O cientista político Christopher Garman, não “compra” a ideia de que o avanço da esquerda na América Latina se deve a uma guinada ideológica dos eleitores, como dizem por aí políticos e militantes do grupo. Segundo ele, o que está levando a esquerda a vitórias em série na região é “um profundo sentimento desencanto com o sistema e de revolta contra o status quo”. Nesta entrevista, que faz parte da série sobre o avanço das esquerdas na América Latina lançada pelo Estadão, ele afirma também que, no atual cenário regional e global, os governantes do grupo na região “estão de mãos atadas” e terão dificuldade para cumprir as promessas de campanha.

Como o sr. analisa a atual onda de governos de esquerda na América Latina? O que está levando a esta guinada para a esquerda na região? 

Isto não está acontecendo por causa de uma predisposição em favor de plataformas de esquerda. É um movimento de revolta contra o status quo. Quando a gente olha as pesquisas, a América Latina aparece no topo do ranking global de desencanto. A geologia da opinião pública está podre. Estamos vivendo um ambiente de insatisfação muito grande com a qualidade dos serviços públicos, com falta de confiança no sistema de forma mais ampla. A confiança nas lideranças políticas, nos partidos, no Judiciário, na mídia, está num nível muito baixo.

 

Na sua visão, a que se deve este alto grau de desencanto? 

É fruto de uma expansão brutal da classe média no período de alta dos preços das commodities, do início dos anos 2000 até 2011, 2012. Milhões de famílias saíram da miséria. Isso levou a uma mudança nas demandas eleitorais. A preocupação passou a ser mais segurança, saúde, educação. O eleitor associou a corrupção à má qualidade dos serviços públicos. Antes da pandemia, a corrupção havia se tornado o primeiro ou o segundo tema mais relevante no Brasil, no Chile, na Colômbia, no México, no Peru, e houve esse descrédito total no sistema. No fundo, o que a gente está vendo é uma combinação deste choque de falta de confiança com novas demandas de uma classe média emergente que são difíceis de entregar num contexto de crescimento econômico mais baixo.

 

Como a pandemia se encaixa neste cenário?

A pandemia pegou a América Latina, em termos epidemiológicos, com mais força do que outras regiões. Então, houve uma queda mais acentuada do PIB (Produto Interno Bruto), a desigualdade aumentou e a capacidade de os governos atenderem a essas demandas caiu. Isso exacerbou esse mal estar. Para completar, veio o choque de inflação global que reforçou a queda de renda das famílias mais pobres. Este é o caldeirão de revolta que está elegendo a esquerda na região. Como mais governos de direita e de centro estavam no poder, eles estão sentindo mais. A esquerda estava mais bem posicionada para navegar nesta onda.

 

Em que medida esta nova onda de esquerda é diferente da que se propagou pela América Latina do início dos anos 2000 até meados da década passada?

O quadro atual é muito diferente. A primeira onda aconteceu em meio ao boom das commodities e a um superciclo econômico e político que proporcionou uma abundância de recursos e levou a taxas de aprovação muito altas dos governantes. Agora, este ambiente de desencanto vai impactar a esquerda politicamente. Os governantes vão ter uma lua de mel curta e uma taxa de aprovação estruturalmente baixa. A capacidade de os governantes se reelegerem também deve diminuir estruturalmente.

 

Agora, hoje também está ocorrendo uma alta das commodities. Isto também não pode ter um impacto positivo para os atuais governantes latino-americanos? 

Sim, isto ajuda o governo do lado da arrecadação. Mas, em termos de trocas, não está ajudando muito, porque o valor das importações, dos insumos, também subiu muito. Os preços das commodities estão elevados, mas a renda caiu no Brasil e em outros países. A sensação de bem estar não está acompanhando este ciclo. Os ganhos políticos, portanto, não são os mesmos que os da primeira onda. Além disso, há um cenário de recessão nos Estados Unidos, na Europa, e de desaceleração na China. Isso deverá conter esta alta das commodities. Todos os países da América Latina aumentaram os juros para tentar controlar a inflação. A conta vai chegar nos próximos 12 meses. 

Que efeito isso deve ter? 

Os mesmos fatores que estão levando líderes da esquerda a ganhar as eleições vão dificultar seus governos e colocar restrições no que podem entregar e fazer. Por isso, o potencial de estrago da esquerda hoje está mais limitado, porque eles não vão ter capacidade de se reeleger, de encaminhar medidas mais ambiciosas, até porque muitas vezes não têm apoio parlamentar e terão de compor com o centro. Então, os governos de esquerda estão com as mãos atadas.


sexta-feira, 24 de junho de 2022

A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica - livro de Paulo Roberto de Almeida

Eu, pessoalmente, gosto muito desse livro, pois que condensa muitos anos de pesquisa econômica e de sínteses de livros de história econômica, assim como de questões da atualidade econômica do Brasil e da América Latina: 

A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica (Pensamento Político Livro 2) por [Paulo Roberto de Almeida]

A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica 

(Pensamento Político Livro 2) eBook Kindle 


Os ensaios coletados neste livro consolidam uma longa trajetória de pesquisas acadêmicas e de atuação prática – no quadro da diplomacia brasileira – em torno dos grandes temas das relações econômicas internacionais, do século XIX à atualidade, e da inserção da América Latina na economia global. Eles resultam, por um lado, do estudo aplicado à história econômica mundial e, por outro, do papel nela desempenhado pelas economias dos principais países latino-americanos, assim como derivam da experiência adquirida pelo autor no campo da representação diplomática e das negociações práticas em diversos foros de debate e de conformação de acordos e instituições internacionais e regionais voltados para o comércio, as finanças e os investimentos internacionais, assim como aos processo de integração econômica. Eles condensam muitos anos, ou mesmo várias décadas, de leituras e de reflexões sobre os temas do desenvolvimento econômico e das relações internacionais do Brasil no contexto mundial e regional. 
Os ensaios podem tanto servir de guia de estudos para os estudantes dessas áreas, quanto como material de discussão sobre problemas concretos da economia internacional dos últimos dois séculos, com ênfase para a América Latina, desde o século XIX até a fase contemporânea. Os capítulos – complementados por muitas tabelas estatísticas e gráficos ilustrativos – são os seguintes: 
1. As ideias e as realidades: a economia mundial do século XIX ao XX
2. Economia mundial: de onde viemos, para onde vamos? 
3. O equilíbrio europeu de poderes e os imperialismos 
4. O que move o mundo? A energia e suas transformações
5. Os cinquenta anos que mudaram o mundo 
6. Sobressaltos da globalização, da belle époque ao entre guerras 
7. Economia mundial: do livre comércio ao protecionismo 
8. As grandes mudanças da ordem econômica mundial desde o século XIX
9. Os dois grandes conflitos globais: impactos econômicos 
10. Finanças internacionais: do padrão ouro às desvalorizações agressivas 
11. Fundamentos de uma nova ordem econômica mundial: Bretton Woods
12. A grande divergência e a América Latina, 1890-1940
13. A América Latina na ordem econômica mundial desde o século XIX
14. Dinâmicas da economia no século XX 
15. O Bric e a substituição de hegemonias: um exercício duvidoso
16. O Brasil no Brics
17. A longa trajetória da América Latina na economia mundial

https://www.amazon.com.br/ordem-econ%C3%B4mica-mundial-Am%C3%A9rica-Latina-ebook/dp/B08CCFDVM2/ref=sr_1_37?crid=38E44Y68V88S3&keywords=paulo+roberto+de+almeida&qid=1656119134&sprefix=Paulo+Roberto+de+%2Caps%2C320&sr=8-37