Diplomatizzando

Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).

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sábado, 23 de agosto de 2025

Mensagem numa garrafa imaginária - Paulo Roberto de Almeida

 Uma "mensagem" do início do ano, que ainda parece ter algunma validade:


Mensagem numa garrafa imaginária

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Dirigindo-me aos que me seguem e outros curiosos.

        A meus amigos da Direita e da Esquerda, que os tenho, certamente (pelo menos quando eu posso com eles argumentar racionalmente), e não sei se os tenho também na Extrema-Direita (alguns o são, discretos, talvez disfarçados, vários não confessos) e na Extrema-Esquerda (ela anda meio frouxa ultimamente, ao passo que os do outro lado do espectro andam mais excitados):
        Uma simples nota para dizer que não tenho nenhum arrepio ou reserva em discutir e argumentar racionalmente com quaisquer representantes do amplo leque ideológico presente no espaço público. Só tenho uma certa alergia à burrice, que parece se estender democraticamente por todo o espectro político (acredito, porém, que nenhum da espécie se digna discutir comigo, que sou de um natural reservoso, mas aberto a todo tipo de argumento).
        Aceito argumentos contra e a favor das economias de mercado, assim como contra e favor de uma economia parcial ou totalmente estatizada, de preferência apoiados em evidências empíricas que sustentem sua eficácia, going to the best, ainda que seja um second best.
        Aceito argumentos em favor de repúblicas ou monarquias, sistemas presidencialistas ou parlamentaristas, centralizados, unitários ou federativos, de preferência abertos às alternâncias, próprias dos regimes democráticos. Populismos são inevitáveis em quaisquer regimes, mas detesto a demagogia popularesca e as mentiras muito frequentemente assacadas para enganar eleitores incautos.
        Não preciso dizer que detesto, repudio, odeio e combato ditaduras de todo tipo, as resultantes de golpes de força, assim como aquelas plebiscitariamente construídas a partir de solertes golpes publicitários.
        Tortura e torturadores devem ser imediatamente denunciados e seus autores expostos à execração pública.
        Indo à concretude dos fatos, os assaltantes do Capitólio americano, assim como os invasores e destruidores dos três poderes no Brasil devem julgados, condenados e punidos, sem qualquer leniência. Não há “mas…”.
        Os apoiadores da Direita no Brasil não precisam de uma ditadura para exercer o poder, desde que o conquistem pela via eleitoral, democraticamente expressa, o que vale igualmente para as Esquerdas.
        Aqueles que adentrarem meus espaços para defender seres ou regimes execráveis, à Direita ou à Esquerda, são solicitados a permanecer inertes e silentes, do contrário serão inapelavelmente deletados ad aeternum, como diria o papa, sem qualquer explicação ou recurso.
        Suponho que “centristas”, de qualquer coloração, sejam naturalmente tolerantes à alternância e respeitadores das regras do jogo democrático, embora alguns sejam perfeitamente oligárquicos, como é o caso na maioria dos países.
        Assim como na maioria dos países, o Brasil comporta, tradicionalmente, seus oligarcas, em geral de Direita, embora as Esquerdas também os possam exibir. Populistas e demagogos se exercem de forma abundante, mas são o mal menor de todas as democracias, abertas a todos os talentos, mesmo aqueles menos recomendáveis.
        Assim que minha mensagem na garrafa está lançada: ditatoriais ostensivos ou in pectore abstenham-se e me deletem. Não preciso da companhia dessa casta de intocáveis políticos (sei que eles raras vezes se corrigem, e uma vez fascistas, racistas e autoritários eles tendem a se manter assim).
        Basta ver bolsonaristas e trumpistas, assim como chavistas, orteguistas, putinistas e aiatolás: aceitam qualquer ignomínia de seus chefetes execráveis e conseguem ser tão idiotas e repugnantes quanto eles. Mil perdões às almas cândidas por estas ofensas finais: apenas uma maneira de deixar bem claro meu repúdio a toda uma categoria concreta e completa de imbecis (existem vários outros, porém).
        Como sempre, assino embaixo do que escrevo:

Paulo Roberto Almeida
Brasília,21/02/2025

============

Complemento em 22/02/2025:
        Almas cândidas se espantam com meu posicionamento a favor de um julgamento pelo STF da mal identificada turba de golpistas — na Denúncia da PGR apresentada como grupo criminoso, o que estava longe de ser formalizado — que tentou DE FATO consumar um golpe autoritário continuísta, e só não o conseguiu por extraordinária imbecilidade e covardia do chefe formal do ajuntamento de meliantes antidemocráticos. Esse foi o único fator do fracasso da tentativa: estupidez extrema e total incapacidade do condutor do brancaleônico grupo de golpistas amadores. O outro fator foi a recusa de dois comandantes militares de movimentar tanques e aviões, ponto. Se, mesmo com toda essa desorganização, eles tivessem conseguido, estaríamos entregues não a uma organização tecnocrática-autoritária, como a de 1964 (com a classe política quase toda aliada no empreendimento), mas a uma ditadura de milicianos, rufiões e bandidos vulgares, uma seja, um ridículo regime autoritário incapaz de prover, como em 1964, ordem e segurança, mesmo no arbítrio dos tigres torturadores. Só teríamos estes últimos, o caos bolsonarista e sua tropa mambembe.         O Brasil não evitou um regime autoritário, o Brasil escapou de um bando de imbecis consumados. Esse era o golpe, muito diferente do caso americano, que acaba de reeleger democraticamente um imbecil consumado.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4856, 21 fevereiro 2025, 3 p.
Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/02/mensagem-numa-garrafa-imaginaria-paulo.html).


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Marcadores: direita, esquerda, Mensagem numa garrafa imaginária, Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 11 de junho de 2024

A Direita progrediu eleitoralmente? Talvez, graças à Esquerda - Allan Marcos

 Lido no X, por Allan Marcos

“A esquerda foi tão longe à esquerda que todo o resto parece de direita.

• Capitalismo = extrema direita

• Meritocracia = extrema direita

• Propriedade privada = extrema direita

• Querer impostos mais baixos = extrema direita

• Fatos científicos/biológicos = extrema direita

• Países devem ter controle de fronteiras = extrema direita

• Liberdade de expressão = extrema direita

• Questionar o governo = extrema direita

• País tem o direito de se defender = extrema direita

• Israel tem o direito de existir = extrema direita

Reparem como quase todos influenciadores e jornalistas de esquerda chamam todo mundo de fascista e extrema direita.”

às junho 11, 2024 Nenhum comentário:
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quinta-feira, 6 de junho de 2024

Corrupção: tem de esquerda e de direita - Paulo Roberto de Almeida

Corrupção: tem de esquerda e de direita

Paulo Roberto de Almeida 

Nos países europeus, no Japão, a corrupção política é geralmente de Direita. 

No Brasil, sempre foi de todas as tendências, mas calhou de crescer enormemente num governo de Esquerda. 

Agora, um juiz medíocre quer apagar todos os traços dos corruptos e corruptores. Está fazendo. Vergonha total.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 6/06/2024

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domingo, 6 de novembro de 2022

Economia brasileira: direita e esquerda querem furar (e furam) o teto de gastos (G1, Estadão)

 Teto de gastos foi 'furado' cinco vezes no governo Bolsonaro; veja a lista

Impacto das mudanças chega a R$ 236,5 bilhões, segundo cálculos da Instituição Fiscal Independente.

 

Por G1, 04/11/2022

 

Matéria completa clique abaixo:

 

https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/11/04/teto-de-gastos-foi-furado-cinco-vezes-no-governo-bolsonaro-veja-a-lista.ghtml 

 

TCU vê precedente em crédito extraordinário; Pacheco apoia a saída

 

A edição de crédito extraordinário seria um plano B à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Transição, que depende de complexa negociação no Congresso Nacional 

 

Estadão Conteúdo, 05/11/22

 

Ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) veem precedente para o uso de crédito extraordinário para cobrir o Auxílio Brasil de R$ 600 e despesas de outros programas já em curso e sem verbas previstas no Orçamento de 2023. A edição de crédito extraordinário seria um plano B à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Transição, que depende de complexa negociação no Congresso Nacional.

 

Segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o tribunal autorizou a abertura de créditos extraordinários em casos similares, como em consulta feita em 2016 pelo então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), sobre a possibilidade de medidas provisórias para cobrir despesas de programas já existentes que não estavam no Orçamento.

 

+ Correção da tabela do Simples e do MEI pode retirar R$ 66 bi em receitas

 

Na época, o governo de Michel Temer (MDB) foi autorizado a cobrir por esse tipo de crédito despesas obrigatórias da Justiça do Trabalho, auxílio para a Olimpíada do Rio e subsídios para o BNDES, que não tinham receitas correspondentes no Orçamento aprovado.

 

No acórdão, o TCU diz que “é cabível a abertura de crédito extraordinário quando a insuficiência de dotação puder potencialmente acarretar a descontinuidade de serviços públicos essenciais”.

 

A PEC aumenta a dependência do Centrão e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas é considerada o melhor caminho por alguns técnicos por poder ser aprovada ainda neste ano, o que faria Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomar posse já com as despesas previstas. Segundo cálculos da equipe de transição, os gastos fora do teto seriam de R$ 160 bilhões, podendo chegar a R$ 200 bilhões.

 

O senador eleito Wellington Dias (PT-PI), porta-voz do novo governo na questão orçamentária, disse que a equipe estuda como a alternativa a abertura do crédito extraordinário, mas está “fixada” na PEC.

 

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prefere a abertura do crédito extraordinário a mexer na Constituição – seria a sexta alteração no teto de gastos (as outras cinco foram no governo Bolsonaro). “Se houver alternativa que seja medida provisória através de crédito extraordinário, para que tudo isso seja implementado, evidentemente que não mexer na Constituição seria melhor”, afirmou ontem, à GloboNews.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

às novembro 06, 2022 Nenhum comentário:
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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

A esquerda latino-americana continua com os velhos cacoetes e manias - Christopher Garman, entrevista a José Fucs

‘A ESQUERDA ESTÁ DE MÃOS ATADAS NA AMÉRICA LATINA’!

José Fucs

O Estado de S. Paulo, 18/08/2022

O cientista político Christopher Garman, não “compra” a ideia de que o avanço da esquerda na América Latina se deve a uma guinada ideológica dos eleitores, como dizem por aí políticos e militantes do grupo. Segundo ele, o que está levando a esquerda a vitórias em série na região é “um profundo sentimento desencanto com o sistema e de revolta contra o status quo”. Nesta entrevista, que faz parte da série sobre o avanço das esquerdas na América Latina lançada pelo Estadão, ele afirma também que, no atual cenário regional e global, os governantes do grupo na região “estão de mãos atadas” e terão dificuldade para cumprir as promessas de campanha.

Como o sr. analisa a atual onda de governos de esquerda na América Latina? O que está levando a esta guinada para a esquerda na região? 

Isto não está acontecendo por causa de uma predisposição em favor de plataformas de esquerda. É um movimento de revolta contra o status quo. Quando a gente olha as pesquisas, a América Latina aparece no topo do ranking global de desencanto. A geologia da opinião pública está podre. Estamos vivendo um ambiente de insatisfação muito grande com a qualidade dos serviços públicos, com falta de confiança no sistema de forma mais ampla. A confiança nas lideranças políticas, nos partidos, no Judiciário, na mídia, está num nível muito baixo.

 

Na sua visão, a que se deve este alto grau de desencanto? 

É fruto de uma expansão brutal da classe média no período de alta dos preços das commodities, do início dos anos 2000 até 2011, 2012. Milhões de famílias saíram da miséria. Isso levou a uma mudança nas demandas eleitorais. A preocupação passou a ser mais segurança, saúde, educação. O eleitor associou a corrupção à má qualidade dos serviços públicos. Antes da pandemia, a corrupção havia se tornado o primeiro ou o segundo tema mais relevante no Brasil, no Chile, na Colômbia, no México, no Peru, e houve esse descrédito total no sistema. No fundo, o que a gente está vendo é uma combinação deste choque de falta de confiança com novas demandas de uma classe média emergente que são difíceis de entregar num contexto de crescimento econômico mais baixo.

 

Como a pandemia se encaixa neste cenário?

A pandemia pegou a América Latina, em termos epidemiológicos, com mais força do que outras regiões. Então, houve uma queda mais acentuada do PIB (Produto Interno Bruto), a desigualdade aumentou e a capacidade de os governos atenderem a essas demandas caiu. Isso exacerbou esse mal estar. Para completar, veio o choque de inflação global que reforçou a queda de renda das famílias mais pobres. Este é o caldeirão de revolta que está elegendo a esquerda na região. Como mais governos de direita e de centro estavam no poder, eles estão sentindo mais. A esquerda estava mais bem posicionada para navegar nesta onda.

 

Em que medida esta nova onda de esquerda é diferente da que se propagou pela América Latina do início dos anos 2000 até meados da década passada?

O quadro atual é muito diferente. A primeira onda aconteceu em meio ao boom das commodities e a um superciclo econômico e político que proporcionou uma abundância de recursos e levou a taxas de aprovação muito altas dos governantes. Agora, este ambiente de desencanto vai impactar a esquerda politicamente. Os governantes vão ter uma lua de mel curta e uma taxa de aprovação estruturalmente baixa. A capacidade de os governantes se reelegerem também deve diminuir estruturalmente.

 

Agora, hoje também está ocorrendo uma alta das commodities. Isto também não pode ter um impacto positivo para os atuais governantes latino-americanos? 

Sim, isto ajuda o governo do lado da arrecadação. Mas, em termos de trocas, não está ajudando muito, porque o valor das importações, dos insumos, também subiu muito. Os preços das commodities estão elevados, mas a renda caiu no Brasil e em outros países. A sensação de bem estar não está acompanhando este ciclo. Os ganhos políticos, portanto, não são os mesmos que os da primeira onda. Além disso, há um cenário de recessão nos Estados Unidos, na Europa, e de desaceleração na China. Isso deverá conter esta alta das commodities. Todos os países da América Latina aumentaram os juros para tentar controlar a inflação. A conta vai chegar nos próximos 12 meses. 

Que efeito isso deve ter? 

Os mesmos fatores que estão levando líderes da esquerda a ganhar as eleições vão dificultar seus governos e colocar restrições no que podem entregar e fazer. Por isso, o potencial de estrago da esquerda hoje está mais limitado, porque eles não vão ter capacidade de se reeleger, de encaminhar medidas mais ambiciosas, até porque muitas vezes não têm apoio parlamentar e terão de compor com o centro. Então, os governos de esquerda estão com as mãos atadas.


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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Eleições 2022: Lula, uma aula de realpolitik - Demétrio Magnoli (FSP)

 Demétrio Magnoli

Lula, uma aula de realpolitik

O petista sempre foi, para o bem ou o mal, o mais convicto dos políticos realistas

 Demétrio Magnoli

Sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP. 

Folha de S. Paulo, 4/02/2022

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2022/02/lula-uma-aula-de-realpolitik.shtml?pwgt=kr29fjig9jh9wjofasry3l0wyifone8xsxjiexuine17iww2&utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwagift

Realpolitik, termo de origem alemã, designa a política realista, fundada nos interesses objetivos e nas circunstâncias concretas, não em ideais ou princípios abstratos. Lula sempre foi, para o bem ou o mal, o mais convicto dos políticos realistas. Sua pré-campanha forma uma aula de realpolitik. Não vai aí uma crítica: de fato, pelo contrário, no atual cenário, seus gestos iniciais são monumentos à política democrática.

"Golpista neoliberal" –assim, o manifesto furibundo firmado por antigos figurões petistas como Rui Falcão e José Genoino descreveu Alckmin, numa tentativa de implodir a chapa dos sonhos de Lula. O ex-presidente rebateu, ignorando olimpicamente as acusações ideológicas ("tenho confiança no Alckmin") e prometendo que o vice estará "em todo lugar junto do presidente" pois "faz parte da governança do país". Na política realista, inexiste lugar para a figura proverbial do "inimigo do povo". Por isso, Lula não abomina amplas alianças, inclusive com adversários de ontem.

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O ex-presidente Lula - Carla Carniel - 29.jan.22/Reuters

Passo seguinte, colocar a casa em ordem. Lula descartou a presença de Dilma Rousseff no palco iluminado de sua campanha, explicando que a sucessora escolhida a dedaço carece de "jogo de cintura" e da "paciência que a política exige". Em 2016, Dilma e tantos outros fingiram enxergar no impeachment um ato de machismo. Agora, porém, diante do oráculo intocável, o falso feminismo oportunista não ousou lançar mão da mesma chantagem.

Ainda bem: nem o impeachment, nem a sentença de morte política pronunciada por Lula tem conexão com a identidade de gênero de Dilma. A ex-presidente foi excluída para proteger mensagens centrais da campanha. O candidato está dizendo que representa a unidade, contra Bolsonaro, e que não reproduzirá os catastróficos erros do passado. Mais: sagazmente, atribui à sucessora o papel de bode expiatório pelo populismo fiscal inaugurado no segundo mandato dele mesmo. É realpolitik na veia, com pitadas de maldade.

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Pragmatismo é o outro nome de Lula. No seu primeiro mandato, ele selecionou uma equipe econômica moldada para prosseguir a ortodoxia herdada de FHC. No Planalto, converteu os programas de transferência de renda preconizados pelo Banco Mundial em sinônimo de políticas sociais, desidratando (até demais!) as propostas reformistas de esquerda. Hoje, o PT fala sem parar de Bolsa Família mas quase emudece quando se trata de bens públicos universais como educação e saúde.

Lula desviou-se do realismo apenas na hora dos pecados capitais de seu governo: o mensalão e o petrolão. Configurar maiorias parlamentares pelo financiamento corrupto de máfias partidárias foi um atalho desastroso para circundar o imperativo de fazer política – e, sobretudo, de enfrentar o tema da reforma política. O pacto de aliança com Alckmin, junto com a federação de partidos em construção, destina-se não só a obter o triunfo completo no primeiro turno como, ainda, a construir uma maioria minimamente estável no Congresso.

As opções realistas adotadas por Lula sempre podem ser criticadas, como tudo mais (com a devida vênia, claro, dos comitês de jornalistas censores). Contudo, na sua natureza, contrastam positivamente com as duas versões de antipolítica personificadas por Bolsonaro e Moro.

Bolsonaro nunca emergiu de seu caldeirão de delírios golpistas. Moro, uma sublegenda da direita antidemocrática, distingue-se do presidente pela ferramenta com a qual pretende subordinar as instituições: um Judiciário capturado pelo Partido dos Procuradores. Ambos recusam a política —ou seja, o jogo difícil da persuasão, das alianças e da costura de consensos majoritários.

A cruzada de Bolsonaro é contra "comunistas" (isto é, todos que não o seguem); a de Moro, contra "corruptos" (ou seja, todos os adversários). Lula não faz cruzada, um conceito ausente no universo da realpolitik.


às fevereiro 04, 2022 Um comentário:
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sábado, 25 de dezembro de 2021

Chile: escolheu a esquerda para lutar contra as desigualdades - Editorial Le Monde

 O Chile realmente melhorou enormemente a qualidade de suas políticas econômicas a partir da Concertación, nos anos 1990, ou seja, pós-Pinochet. Mas tinha, sempre teve, uma enorme concentração de renda, pois desde sempre foi um país elitista, no sentido mais mesquinho da palavra, e a maior parte dessa desigualdade tinha origem num sistema educacional deficiente. 

Os chilenos votaram bem para a Constituinte e acabam de votar melhor ainda, não tanto ao eleger um “jovem esquerdista” — como a mídia conservadora considera Borič —, mas ao recusar aderir a um fascista-pinochetista declarado, como é o Kast. Esperamos que o “esquerdismo” de Borič não comprometa a qualidade das políticas econômicas.

Paulo Roberto de Almeida 

Le Chili choisit la gauche pour lutter contre les inégalités

ÉDITORIAL
Le Monde, 21 décembre 2021
L’élection à la présidence chilienne de Gabriel Boric, au terme d’un scrutin marqué par une forte participation à l’aune du pays, est avant tout la répudiation d’un modèle économique néolibéral décomplexé. 

Le Chili a tourné une page de son histoire le 19 décembre. En portant Gabriel Boric à sa présidence, à une large majorité qu’un premier tour serré remporté par le candidat d’extrême droite José Antonio Kast ne laissait pas deviner, les Chiliens ont choisi de tourner le dos à une politique jugée responsable de profondes inégalités, épousée avec seulement quelques nuances par les majorités de droite comme de gauche qui se sont succédé au pouvoir depuis la fin de la dictature d’Augusto Pinochet.

L’élection de l’ancien dirigeant étudiant venu de l’extrême gauche, qui sera à 36 ans, en mars, le plus jeune président de l’histoire du pays, ne marque donc pas seulement un saut de génération. Sa victoire alimente en Amérique du Sud, à gauche, l’espoir d’un regain qui dépasserait en 2022 les frontières du Chili. Des élections cruciales sont prévues en mai en Colombie et plus tard au Brésil. Elles pourraient entraîner le reflux de la droite dure incarnée par Ivan Duque comme celle encore plus extrême de Jair Bolsonaro, quelles que soient les contorsions politiques de ce dernier.

Les élections législatives partielles en Argentine, en novembre, ont cependant mis en évidence les difficultés du président péroniste de centre gauche Alberto Fernandez, dont le parti a été devancé par l’opposition de centre droit. L’Amérique latine compte aussi des bastions d’une autre gauche, autoritaire, dictatoriale, au Nicaragua, à Cuba et au Venezuela, qui reste assez peu compatible avec la première.

L’élection de Gabriel Boric, au terme d’un scrutin marqué par une forte participation à l’aune du Chili, constitue avant tout la répudiation d’un modèle économique néolibéral décomplexé, incarné jusqu’à la caricature par le président sortant Sebastian Piñera, dont le mandat a été entaché par des accusations d’affairisme. Ce « modèle » chilien a fait la part belle au privé dans les secteurs de l’éducation et de la santé, générant une société à deux vitesses qu’un système de retraite par capitalisation a figée un peu plus.

Fracture sociale

Il a produit des résultats incontestables en matière de croissance du produit intérieur brut, mais au prix d’une fracture sociale mise à nu en 2019 par une lame de fond protestataire. Celle-ci a fourni le socle populaire de la victoire du 19 décembre, balayant les mots d’ordre ultraconservateurs, sécuritaires et anti-immigration de José Antonio Kast.

Gabriel Boric, dont la famille a des racines croates, s’est montré capable de rassembler derrière lui les différentes composantes de la gauche chilienne en promettant que son pays serait le « tombeau » de ce néolibéralisme. Il va s’efforcer de revenir sur les inégalités qui affligent le pays par une fiscalité plus équitable, redistributive, et le retour assumé de l’Etat, en un mot par un programme qui s’inspire, volontairement ou non, de ce qui est déjà en vigueur, et de longue date, au sein de l’Union européenne.

Il lui faudra cependant compter avec une solide opposition de droite au Parlement. Elle pourrait le contraindre aux ajustements dont l’exercice du pouvoir est souvent synonyme. Le nouveau président a déjà promis le dialogue, une nécessité autant qu’un signal encourageant pour le Chili. C’est d’autant plus le cas que le début de son mandat va également coïncider avec une révision constitutionnelle majeure qui pourrait permettre à la fois d’enterrer définitivement les années de plomb subies par le pays et de mieux prendre en compte l’ensemble des minorités chiliennes.


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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

O Chile e o Brasil: consequências políticas da vitória de Boric para o Brasil (matérias de imprensa)

 Bolsonaro perde aliados na América e sofre prejuízos do isolamento


Brasileiro colhe outro revés com a eleição do esquerdista Boric, no Chile, e inicia o último ano de sua gestão mais isolado do que nunca

Raphael Veleda
Metrópoles, 21/12/2021 

A vitória do esquerdista Gabriel Boric nas eleições presidenciais chilenas no último domingo (19/12) foi mais uma na série de más notícias para o presidente Jair Bolsonaro (PL) no cenário internacional.

Por escolha e falta de sorte, o governo brasileiro trilhou um caminho rumo ao isolamento diplomático ao longo dos primeiros três anos de mandato, segundo especialistas e diplomatas ouvidos pelo Metrópoles, e agora colhe os amargos frutos desse ostracismo.

A gestão Bolsonaro teve início em meio a uma conjuntura externa positiva. A diplomacia apostou suas fichas numa aproximação sem precedentes com os Estados Unidos, então governados pelo direitista Donald Trump, e o Brasil ainda contava com aliados ideológicos no poder na maioria dos vizinhos estratégicos: Maurício Macri, na Argentina; Iván Duque, na Colômbia; Martín Vizcarra, no Peru; Enrique Peña Nieto, no México; e Sebastián Piñera, no Chile. Três anos depois, quase todos eles foram tirados do poder pela oposição e, assim como no Brasil, na Colômbia haverá eleição em 2022 e o favorito nas pesquisas é de esquerda: o senador Gustavo Petro.

O crescente isolamento diplomático incomoda Bolsonaro e seu entorno. Enquanto esta reportagem era produzida, o presidente brasileiro era o único líder sul-americano que ainda não havia cumprimentado Boric por sua vitória. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal antagonista político de Bolsonaro no Brasil, já havia feito isso no domingo, além de ter previsto uma aliança com o chileno e com o argentino Alberto Fernández, caso também vença a eleição do ano que vem.

A proximidade com a esquerda brasileira também fez com que Bolsonaro ignorasse a vitória de Fernández, em 2019, quando não só não o parabenizou, mas lamentou sua vitória, inaugurando uma relação fria com um dos maiores parceiros históricos do Brasil na região.

Os prejuízos
A escolha por uma política externa de enfrentamento aos organismos multilaterais e o fracasso de aliados nos quais o Brasil apostou estão causando prejuízos reais ao Brasil de acordo com o cientista político Guilherme Casarões, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e pesquisador da extrema-direita no mundo. “Portas foram fechadas e nossa margem de manobra em temas comerciais ficou bem estreita”, afirmou ele, em entrevista ao Metrópoles.

Um dos exemplos desse prejuízo foi dado pelo próprio Bolsonaro em seu discurso na última reunião de chefes de Estado do Mercosul, na semana passada, quando ele admitiu não ter conseguido avançar no objetivo de reduzir a Tarifa Externa Comum do bloco durante a presidência temporária do Brasil. “Lamentamos que não tenhamos podido lograr acordo neste semestre sobre esse tema, a despeito dos esforços realizados pelo Brasil e de nossa disposição de aceitar redução inferior àquela que planejávamos inicialmente”, disse o brasileiro.

Outros reveses
O insucesso em flexibilizar a tarifa comum no Mercosul se junta a outros problemas recentes que têm relação com o isolamento diplomático. Também na última semana, o país foi surpreendido pela notícia de que cinco redes europeias de supermercados não vão mais vender carne brasileira devido ao problema do desmatamento na cadeia de produção. Esse revés veio logo após o Brasil conseguir reverter outro boicote à sua carne, esse da China, que durou mais de três meses e causou prejuízo próximo a R$ 10 bilhões, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA).

Num cenário de longo prazo, o governo Bolsonaro viu supostas vitórias diplomáticas se transformarem em problemas. Em 2019, primeiro ano da atual gestão, o então presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou apoio à ambição brasileira de integrar a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é uma espécie de clube dos países ricos.

Com a derrocada de Trump, porém, o processo pouco andou desde então. O mesmo acontece com o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, fechado em junho de 2019, mas que não foi ratificado pelos parlamentos de países do Velho Continente, como a França. As nações que resistem usam o comportamento errático de Bolsonaro como motivo para não fecharem de vez um acordo que pode pressionar suas próprias economias.

Saída de Ernesto Araújo fez pouca diferença
A política externa brasileira tenta voltar a um comportamento mais pragmático desde março deste ano, quando um dos auxiliares mais ideológicos de Bolsonaro, o diplomata Ernesto Araújo, foi trocado pelo discreto Carlos França. Para Guilherme Casarões, no entanto, a mudança foi mais na forma do que no conteúdo.

“Claro que é positivo a gente não ter um chanceler tuitando absurdos o tempo todo, mas França não tem muito espaço para mudanças mais profundas porque é funcionário de Bolsonaro e também precisa lidar com as bravatas e maluquices do presidente”, afirmou ele, lembrando que Bolsonaro usou seu discurso na Assembleia Geral da ONU neste ano para defender a política brasileira para o meio ambiente e insistir em tratamentos ineficazes contra a Covid-19.

Para o cientista político, o prejuízo da política bolsonarista para a diplomacia brasileira ainda deverá durar algum tempo. “Quem assumir o próximo governo vai ter de lidar com um passivo diplomático muito grande e vai precisar arrumar os rumos da política externa. Se Bolsonaro for o vencedor das eleições, a dificuldade será maior ainda, pois ele está carente de aliados e necessitará inventar um jeito de lidar com um isolamento que atrapalha”.

Diplomatas do Itamaraty ouvidos pela reportagem sob a condição de anonimato concordam com essa avaliação e lamentam a perda de influência do Brasil em debates globais nos quais havíamos conquistado relevância, como em relação ao meio ambiente, aos direitos humanos e à saúde pública em nível global.

Para eles, a saída de Ernesto Araújo foi positiva, mas seu legado é forte e pode ser resumido num discurso do ex-chanceler feito em outubro de 2020, quando disse a novos diplomatas que estavam se formando no Instituto Rio Branco: “Se a nova política externa do Brasil faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária”.

https://www.metropoles.com/brasil/bolsonaro-perde-aliados-na-america-e-sofre-prejuizos-do-isolamento


Bolsonaro silencia, e aliados lamentam vitória de Boric no Chile


Presidente é praticamente o único na América do Sul que ainda não se manifestou

Marianna Holanda
Folha de S. Paulo, 20.dez.2021

Um dia depois de o Chile eleger o esquerdista Gabriel Boric, Jair Bolsonaro (PL) ainda não o havia parabenizado pela vitória até as 18h desta segunda-feira (20). Aliados do presidente, por sua vez, lamentaram o resultado nas redes sociais.

Dentre os principais mandatários da América do Sul, só Bolsonaro não havia se pronunciado. Ele está, desde a sexta-feira passada (17), em Guarujá (SP).

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, por exemplo, felicitou Boric e disse que os países trabalharão juntos para seguir fortalecendo as relações entre os países.

Já Alberto Fernandez, da Argentina, disse: "Devemos assumir o compromisso de fortalecer os laços de irmandade que unem nossos países, e trabalhar unidos na região para pôr fim à desigualdade na América Latina".

Reservadamente, embaixadores relataram mal-estar com a demora do Brasil em se manifestar. O processo deve partir do presidente, em nome do governo, e depois o Itamaraty também costuma divulgar uma nota.

Na época em que Fernández foi eleito na Argentina, em 2019, Bolsonaro não só não o parabenizou como lamentou sua vitória. O líder argentino é próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Líder dos protestos estudantis de 2011, Boric foi eleito no domingo (19) ao derrotar o ultradireitista José Antonio Kast. Venceu por 55,8% contra 44,1%.

Com 4,6 milhões de eleitores, o candidato da Frente Ampla se tornou mais votado da história chilena. O voto não é obrigatório no país, mas mais da metade da população compareceu às urnas (55,65%).

Ainda assim, aliados do presidente Bolsonaro ressaltavam a alta abstenção e faziam relação com a disputa em 2022 no Brasil.

"Bater no peito dizendo que não votou em político nenhum só fará a história [no Brasil] se repetir", disse Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal e filho do presidente.

"Se não percebermos a estratégia da esquerda acabaremos governados por um deles".

Já o vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente, Carlos Bolsonaro, disse que, "enquanto isso no Brasil", cresce o possível voto na "terceira via", que chamou de "LULO", dando a entender que pode beneficiar Lula.

O tom nas redes bolsonaristas, que levantaram a hashtag #JairOuJáEra, foi de alarmismo com a eleição chilena. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles disse: "O Chile caiu".

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alvesa publicou no Twitter um mapa da América do Sul com o símbolo comunista da foice e do martelo.

"Como ainda tem gente que não entendeu, me pediram para desenhar! Não é de Bolsonaro que falo, é de esperança, é de democracia! Sim, a mais importante eleição do mundo no ano de 2022 acontecerá no Brasil!", afirmou.

A imagem foi compartilhada por apoiadores do presidente.

Ainda que Boric seja diametralmente oposto no espectro ideológico a Bolsonaro, experientes diplomatas no Itamaraty veem-no como diferente de outras lideranças esquerdistas mais tradicionais da região.

A avaliação é de que ele não terá uma postura tão nacionalista na economia como Fernández, por exemplo. O Chile é um importante parceiro comercial do Brasil.

A expectativa é de que ele terá de fazer alianças com demais partidos, de forma a caminhar mais ao centro. Sua agenda à esquerda, apostam, se dará mais quanto à pauta dos "costumes", como questões de gênero.

Para conseguir se eleger, Boric teve de adotar um tom mais moderado em seu discurso e se reconciliou com a Concertação, aliança de centro-esquerda que governou o Chile por 20 anos. Ele representa a nova geração de políticos de esquerda que emergiram das revoltas estudantis de 2011.

O resultado da eleição chilena marca também a derrota de Kast, que sustenta bandeiras consideradas conservadoras do ponto de vista social e é admirador do ditador Augusto Pinochet (cujo regime matou mais de 3.000 pessoas, segundo estimativas oficiais).

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/12/bolsonaro-silencia-e-aliados-lamentam-vitoria-de-boric-no-chile.shtml?utm_source=twitter&origin=folha


Chile mostra que refluxo da direita pode chegar ao Brasil

Vitória de Boric marca virada na América Latina para governos de esquerda voltados ao diálogo e a causas sociais

Guilherme Boulos
Folha de S. Paulo, 20.dez.2021 

Enfim, abriram-se as grandes alamedas chilenas por onde passarão o homem e a mulher livres. Essa foi a previsão de Salvador Allende em seu último e corajoso discurso, antes de ter o Palácio de La Moneda bombardeado e ser morto pelas forças golpistas de Pinochet. Demorou 48 anos, mas as alamedas se abriram neste domingo.

A vitória de Gabriel Boric sobre José Antonio Kast representa uma espécie de segunda morte do pinochetismo, o mais cruel regime latino-americano. Foi a expectativa de presenciar esse acerto de contas histórico que me levou, com a delegação do PSOL, a Santiago para acompanhar as eleições.

O resultado tem dois significados diretos para a América Latina. Simboliza, primeiro, o refluxo da ofensiva direitista. No último período, a esquerda venceu na Bolívia, no Peru, em Honduras e, agora, no Chile. Já havia vencido antes no México e na Argentina. No Brasil, Bolsonaro está enfraquecido, e pesquisas indicam amplo favoritismo de Lula para 2022. Ao que parece, a onda de governos autoritários e antipopulares se desfaz antes do que muitos imaginavam.

E Boric venceu apesar de todo o jogo baixo da extrema direita. Tantas foram as fake news que ele teve que mostrar um exame toxicológico para comprovar que não usava drogas. No dia do pleito, empresas de ônibus reduziram a frota para dificultar a locomoção de eleitores, afetando mais a base de Boric. Ainda assim o comparecimento foi recorde, e a vitória foi por margem maior do que a esperada, 55% a 45%.

O segundo ponto que merece destaque é a chegada de nova geração de esquerda ao poder. Boric tem 35 anos. É produto das grandes mobilizações estudantis de 2011, que também formaram lideranças como Giorgio Jackson e Camila Valejos, com papel de destaque na coalizão vitoriosa e provavelmente no futuro governo. Foram ainda os jovens chilenos que protagonizaram as grandes mobilizações de 2019, sem as quais a vitória de Boric seria impensável.

Pude conversar com várias dessas lideranças e com o próprio Boric nesses dias em Santiago e é muito bom ver como não carregam velhos vícios políticos, têm abertura para novas pautas —com destaque para a ambiental e a feminista— e são capazes de uma comunicação mais direta com a juventude, sem chavões tradicionais.

Mas o governo de Boric terá grandes dificuldades, a começar pelo boicote anunciado de setores econômicos e por não ter maioria parlamentar. Além disso, a contraofensiva da direita se concentrará na Constituinte, formada como resposta à revolta popular. A próxima batalha será o plebiscito sobre as alterações constitucionais progressistas. E não será fácil. Na verdade, nunca foi. Mas os ventos que vem do Chile nos enchem de esperança. O próximo acerto de contas será no Brasil.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/guilhermeboulos/2021/12/chile-mostra-que-refluxo-da-direita-pode-chegar-ao-brasil.shtml
às dezembro 21, 2021 Nenhum comentário:
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domingo, 5 de dezembro de 2021

Biden is right that global democracy is at risk. But the threat isn’t China - Aaron David Miller and Richard Sokolsky (WP)

Biden is right that global democracy is at risk. But the threat isn’t China

By Aaron David Miller and Richard Sokolsky

The Washington Post, December 3, 2021 at 9:13 a.m. EST


If the Biden administration has a foreign policy doctrine, it’s surely the president’s oft-stated vision that democracies are locked in a must-win historic battle with autocracies. “I predict to you your children or grandchildren are going to be doing their doctoral thesis on the issue of who succeeded, autocracy or democracy, because that is what is at stake,”Joe Biden intoned in his first news conference as president.

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To give substance to that focus, the administration this coming week will convene the first of two planned Summits for Democracy. The virtual gathering of leaders from more than 100 countries is designed, according to a State Department announcement, to “set forth an affirmative agenda for democratic renewal and to tackle the greatest threats faced by democracies today through collective action.” Implicitly, it is a show against authoritarianism, especially in China.

There are many good reasons to host such a gathering. It’s smart politics, fulfills a campaign commitment and counters the perception, fostered by President Donald Trump, that America is no longer interested in promoting democracy and human rights. But as a geopolitical instrument, drawing lines between democracies and autocracies is not only certain to disappoint — it’s also a deeply flawed organizing principle for America’s approach to the world.

Trump’s China tariffs failed. Why isn’t Biden dropping them?

China and Russia, which Biden has also singled out for criticism, are not the main causes of the weakening of democracies around the world. Most of the backsliding, according to a recent study, has been caused by erosion within the world’s democracies, including the United States and many of its allies. Indeed, the upcoming summit includes a number of countries — India, Brazil, the Philippines and Poland among them — marked by growing autocratic movements and infringements on freedom of expression and a free press. And pushing these and other countries to reform their political, electoral or judicial institutions from the outside is hard if not impossible.

Biden isn’t the first and won’t be the last American president to make democracy promotion central to his foreign policy. Woodrow Wilson wanted to make the world “safe for democracy”; Franklin Roosevelt promulgated the Atlantic Charter. The Clinton administration was present at the creation of the Community of Democracies. George W. Bush had his Freedom Agenda and talked about ridding the world of dictators. All found democracy promotion a useful tool to advance U.S. values and interests.

Biden seems to genuinely believe that democrats and dictators are in a do-or-die battle over who will own the 21st century. Though he insists that he doesn’t want a new cold war, some of his overcharged rhetoric belies this view. In March, Biden announced his intention “to invite an alliance of democracies to come here to discuss the future,” including holding “China accountable to follow the rules” on issues such as persecution of its Uyghur citizens and its territorial disputes with Taiwan. Biden has said of China’s President Xi Jinping that he “doesn’t have a democratic bone . . . in his body” and that Xi believes “democracy cannot keep up with” China. 

Putin is testing Biden on Ukraine. Here’s what will keep him in check.

It is simplistic to believe, however, that Chinese and Russian foreign policies are driven by the ideological impulse to spread autocracy. Both countries see the United States as their main geopolitical adversary and seek to undermine American influence and alliances wherever they can; the Chinese are also bent on outcompeting the United States in 21st-century technologies.

But the Russians don’t have an authoritarian model for export, and other autocratic-minded governments don’t need inspiration from Moscow to run kleptocratic, corrupt, repressive and misgoverned regimes. Putin’s overriding priority is self-preservation and the preservation of his regime. What evidence is there that he believes these objectives can be achieved only if the rest of the world looks like Russia?

Likewise, Xi’s main priority is maintaining his control and the Chinese Communist Party’s monopoly on power. He is all too happy to claim that the Chinese government is outperforming America’s dysfunctional system. But it is simply not the case that he thinks these goals require Beijing to actively spread authoritarianism with Chinese characteristics abroad. And China’s wealth and power, not to mention its social stability, depend on competing effectively within the interdependent global economic system, not toppling it.

Another flaw in the Biden administration’s approach is the presumption that all democracies think alike based on their shared commitment to democratic values. If only it were that simple. Values do shape a nation’s foreign policy, but history, geography, culture, political ideology and material interests also matter. It is precisely for these reasons that America’s democratic allies and partners do not see eye to eye on how to deal with China or Russia — and why they shouldn’t be forced to choose sides between the United States and the authoritarians. 

The losers always doubt election results. That reached a dangerous level in 2020.

There’s also the politically inconvenient question of whether the United States is best positioned to lead this effort. Rarely has America’s democracy crusade abroad contrasted more with its commitment to democratic practices at home — where the threats include Trump’s false claims that the presidential election was “stolen,” an insurrection to stop a democratic transition and efforts to restrict voting rights. America has a glass-house problem, and it needs to promote its democratic virtues with considerable humility. According to Freedom House’s annual country-by-country assessment of political and civil rights, the United States continued to experience erosion in democratic practices in 2020;over the past decade, America’s score dropped from 94 to 83 out of 100, among the steepest falls of any country during this period. 

It is hard to take seriously the notion that the United States can restore its “soft power” by virtue of the example it is setting at home. A recent Pew Research Center study found that a median of only 17 percent of people in surveyed countries thought U.S. democracy worth emulating, while 23 percent said it had never offered a good example. It is also hard to quibble with the proposition that America’s influence abroad is waning primarily because of its domestic problems, rather than authoritarian muscle-flexing in Moscow or Beijing.

Instead of chasing the chimerical goal of democratizing the domestic political orders of other countries according to a one-size-fits-all democratic shoe, the Biden administration would be well-advised to set its sights lower. For example, under approaches some have dubbed “micro” or “mini” multilateralism, the administration could collaborate on an ad hoc basis with a small number of like-minded democratic countries that have the skill, will, resources and capacity to make progress on pressing global problems. The recent agreement between Australia, the United Kingdom and the United States (known as AUKUS) to share advanced military technologies, as well as U.S.-led efforts to strengthen the Quad grouping of the United States, Australia, India and Japan in the Indo-Pacific, are good examples. In Europe, the United States and the European Union should get behind NATO’s proposal for a Center for Democratic Resilience. Another way to focus would be to identify countries that have a special skill or track record in overcoming a particular challenge. Estonia, for example, under great pressure from Russia, has experience in fending off cyberattacks and could share those lessons with others. The sharing among nations of such experiences and knowledge could have real practical value.

The Biden administration is fond of talking about going big, but when it comes to promoting democracy, it would be far better if it went smaller abroad and, given the perilous state of American democratic practices, very big at home.

Twitter: @aarondmiller2

 

 

às dezembro 05, 2021 Nenhum comentário:
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Marcadores: Aaron David Miller, China, Democracy Summit, direita, esquerda, EUA, populistas, Richard Sokolsky, Rússia, The Washington Post

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Esquerda E direita estão paralisadas frente a Bolsonaro: Marcos Nobre (Carta Capital)

 Normalmente, eu não costumo separar os políticos em esquerda e direita, pois ambas são oportunistas e integradas por políticos patrimonialistas. Mas é assim que o jornalismo e os próprios partidos se classificam, o que deve ser tomado com muitas toneladas de sal...

POLÍTICA

Esquerda e direita mostram imensa fragilidade diante de Bolsonaro, diz Marcos Nobre

Em entrevista a CartaCapital, filósofo analisa os riscos e ameças no cenário político brasileiro. 'O desafio não é só vencer Bolsonaro'

Alisson Matos

Carta Capital, 13 de fevereiro de 2021 - 05:59

Foto: EVARISTO SA / AFP

As eleições de 2022 despontam no horizonte da democracia brasileira e os desafios da oposição a Jair Bolsonaro são maiores do que vencê-lo nas urnas. A avaliação é do filósofo Marcos Nobre, professor da Unicamp e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Para ele, o próximo pleito será uma oportunidade para que o País construa “um novo conjunto de regras de convivência política, que é algo que foi destruído nos últimos seis ou sete anos”.

Para evitar o que chama de “um cenário de altíssima incerteza e de perigo para o Brasil”, Nobre aponta para a necessidade de formação de uma frente ampla entre os opositores do presidente.

“Frente ampla não significa uma candidatura única. A frente ampla é, em primeiro lugar, afastar democraticamente o atual presidente.”

No entanto, dada a fragmentação da oposição, o risco de se repetir a situação de 2018 não é descartado.

“O que me chama atenção é que muitas pessoas dizem que a situação é muito grave. Mas eu não consigo ver as pessoas tomando as atitudes correspondentes a essa gravidade”, lamenta. “Muitos acham que quem chegar contra o Bolsonaro no segundo turno ganha – e todo partido acha que vai chegar. Esse é raciocínio demonstra total deslocamento da realidade, pois Bolsonaro é o candidato mais forte”.

Nobre conversou com CartaCapital nesta semana. Confira, a seguir, os destaques da entrevista.

CartaCapital: O contexto da eleição do Lira para presidente da Câmara antecipa algo sobre 2022?

Marcos Nobre: Muito. Para começar, o resultado antecipou a largada das eleições de 2022. Basta a gente ver o movimento do governador João Doria no seu partido e na tentativa de trazer o DEM. Já o Lula anunciou o [Fernando] Haddad como candidato. Ou seja, houve uma antecipação por causa da eleição na Câmara.

Tivemos uma candidatura [Baleia Rossi com apoio de Rodrigo Maia] que se apresentou como oposição a Bolsonaro e que era um ensaio de frente ampla que foi derrotada. O resultado do processo é um estado de fragilidade muito grande dos partidos que estão na oposição ao presidente, tanto à direita quanto à esquerda.

CC: Foi, sobretudo, uma vitória do Bolsonaro?

MN: Sem dúvida, pois ele conseguiu convencer uma parte significativa do sistema político de que ele é a candidatura mais forte para 2022 e, de fato, é. Isso não significa que a relação de Bolsonaro com esses partidos vá ser tranquila. Pelo contrário, será tumultuada, mas de qualquer maneira é uma grande vitória.

As pessoas dizem: ‘o Bolsonaro ganhou, mas a pandemia vai piorar, a crise econômica virá, o Centrão vai cobrá-lo’. O fato é que esse ‘mas’ ainda não chegou.

Na oposição, até agora, todo mundo acha que consegue resolver individualmente, como se uma força política sozinha fosse capaz de derrotar o Bolsonaro.

CC: Uma solução seria sair com uma frente ampla já no primeiro turno em 2022?

MN: É importante fazer uma distinção, pois frente ampla não significa uma candidatura única. A frente ampla é, em primeiro lugar, afastar democraticamente o atual presidente, seja por meio do impeachment ainda em 2021 ou derrotá-lo em 2022.

Derrotar eleitoralmente o Bolsonaro em 2022 significa que a frente ampla vai ser capaz de reestabelecer uma repactuação da democracia brasileira, no sentido de construir um novo conjunto de regras de convivência política, que é algo que foi destruído nos últimos seis ou sete anos.

O efeito eleitoral dessa repactuação deve ser: quem quer que concorra contra Bolsonaro no segundo turno em 2022 deve receber o apoio de todas as demais forças do campo democrático. Esta é a ideia de frente ampla.

CC: Há o risco de em 2022 se repetir o que ocorreu em 2018?

MN: A lição de 2018 é: não se formando a frente ampla antes do segundo turno, ela não se formará no segundo turno. Então, precisa haver conversas e pactos anteriores a 2022, se não cada um vai para um lado.

As pessoas dizem: ‘o Bolsonaro ganhou, mas a pandemia vai piorar, a crise econômica virá, o Centrão vai cobrá-lo’. O fato é que esse ‘mas’ ainda não chegou.

CC: O senhor acha que o impeachment do Bolsonaro ficou mais distante com a eleição de Arthur Lira para presidente da Câmara?

MN: A vitória do Lira diminuiu a chance do recebimento de um pedido de impeachment, mas se houver mobilização social e uma rejeição próxima de 2/3 do eleitorado, a pressão pode ser de tal ordem que mesmo um deputado como Lira pode aceitar o pedido.

Não sendo assim, o Lira vai segurar. O limite para a abertura do impeachment é 2021, pois no ano seguinte tem eleição.

CC: Com a eleição do Lira, após o apoio explícito do governo, como o senhor acha que o presidente se portará, já que foi um candidato antissistema?

MN: O discurso não vai mudar muito, porque os candidatos antissistema, quando chegam ao poder, continuam se comportando como candidatos. Quando olhamos a base de apoio do Bolsonaro, que gira em torno de 1/3 do eleitorado, está com ele aconteça o que acontecer, mesmo ele expulsando o Moro do governo e fazendo acordos com Centrão.

A questão é quanto ele consegue além disso. O eleitorado lavajatista abandonou em grande medida essa base de apoio e foi substituído pelo efeito do auxílio emergencial.

Tem uma outra parte formada bolsonaristas que são simpatizantes de causa. Esses são os mais difíceis de se manter. Por isso, ele precisa reforçar as pautas conservadoras no Congresso e, para isso, a eleição do Lira e a indicação da Bia Kicis para a CCJ são fundamentais.

Se ele não conseguir aprovar nenhuma das pautas de costume, vai reforçar o discurso de luta contra o sistema e, portanto, ele precisa se reeleger para ficar mais forte para dobrar o sistema, que é implantar o autoritarismo no Brasil.

CC: Ele teria força para dobrar o sistema no segundo mandato?

MN: Ele já está destruindo o País, vidas, a Amazônia e as instituições democráticas por dentro ao aparelhar órgãos de segurança, de controle e parte do Judiciário, além de ocupar espaços do estado com a ideologia de extrema-direita. E são coisas que não são muitas vezes visíveis.

Se o Bolsonaro se reeleger, cai o discurso de que a eleição dele foi um acaso e portanto ele se fortalece para redobrar a aposta na destruição das instituições democráticas por dentro.


Para Nobre, não se formando a frente ampla antes do segundo turno, ela não se formará com ele em disputa (Foto: Agência Pública) 

CC: Caso ele perca em 2022, haverá tentativa de golpe?

MN: Sem dúvida. O que aconteceu nos EUA após a derrota de Trump é apenas um pequeno aviso do que acontecerá no Brasil caso o Bolsonaro seja derrotado, pois ele não vai aceitar o resultado. É um cenário de altíssima incerteza e de perigo para o País. O golpe que ele encenou em abril e maio de 2020 será mais grave em 2022. Se ele será bem sucedido é outra questão.

No entanto, para que alguém ganhe, todos os demais adversários precisam aceitar perder, não só o Bolsonaro, que não vai aceitar. Dentro do campo democrático, é preciso que as outras forças políticas aceitem a vitória de um outro candidato. E para elas aceitarem é preciso ter uma repactuação da democracia, porque não adianta ganhar a eleição se você não consegue governar.

Essa repactuação não é apenas para derrotar Bolsonaro, tem que ser também para salvar a democracia brasileira. Só afastar Bolsonaro não resolve o problema que ele representa, de uma democracia fragilizada em que um sentimento anti-sistema se confunde com um sentimento anti-democratico. E é essa conjunção que é tarefa do campo democrático desfazer.

CC: O que ficou da esquerda nesta conjuntura?

MN: A esquerda mostrou uma imensa fragilidade, fragmentação, falta de coordenação e de orientação. O exemplo flagrante disso é que o PT e o PDT apoiaram uma candidatura contra Bolsonaro na Câmara e uma a favor de Bolsonaro no Senado. Mas a fragilidade não é só da esquerda, mas também da direita tradicional.

O que me chama atenção é que muitas pessoas dizem que a situação é muito grave, mas eu não consigo ver as pessoas tomando as atitudes correspondentes a essa gravidade. Muitos acham que quem chegar contra o Bolsonaro no segundo turno ganha e todo partido acha que vai chegar. Esse é o raciocínio que demonstra total deslocamento da realidade, pois Bolsonaro é o candidato mais forte. Não adianta só ganhar, tem que repactuar para conseguir governar. O cenário mostra uma impotência da oposição, pois não há nenhuma força que sozinha possa vencer.


às fevereiro 15, 2021 Nenhum comentário:
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Uma reflexão...

Recomendações aos cientistas, Karl Popper:
Extratos (adaptados) de Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades (Popper falando a biólogos, em 1963, em plena Guerra Fria):
"A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico, do qual muitos de nós temos orgulho. Um orgulho desse tipo é compreensível. Mas ele é um erro. Deveria ser nosso orgulho ensinar a nós mesmos, da melhor forma possível, a sempre falar tão simplesmente, claramente e despretensiosamente quanto possível, evitando como uma praga a sugestão de que estamos de posse de um conhecimento que é muito profundo para ser expresso de maneira clara e simples.
Esta, é, eu acredito, uma das maiores e mais urgentes responsabilidades sociais dos cientistas. Talvez a maior. Porque esta tarefa está intimamente ligada à sobrevivência da sociedade aberta e da democracia.
Uma sociedade aberta (isto é, uma sociedade baseada na idéia de não apenas tolerar opiniões dissidentes mas de respeitá-las) e uma democracia (isto é, uma forma de governo devotado à proteção de uma sociedade aberta) não podem florescer se a ciência torna-se a propriedade exclusiva de um conjunto fechado de cientistas.
Eu acredito que o hábito de sempre declarar tão claramente quanto possível nosso problema, assim como o estado atual de discussão desse problema, faria muito em favor da tarefa importante de fazer a ciência -- isto é, as idéias científicas -- ser melhor e mais amplamente compreendida."

Karl R. Popper: The Myth of the Framework (in defence of science and rationality). Edited by M. A. Notturno. (London: Routledge, 1994), p. 109.

Uma recomendação...

Hayek recomenda aos mais jovens:
“Por favor, não se tornem hayekianos, pois cheguei à conclusão que os keynesianos são muito piores que Keynes e os marxistas bem piores que Marx”.
(Recomendação feita a jovens estudantes de economia, admiradores de sua obra, num jantar em Londres, em 1985)

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