Diplomatizzando

Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).

Mostrando postagens com marcador Demétrio Magnoli. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Demétrio Magnoli. Mostrar todas as postagens

sábado, 12 de julho de 2025

As tarifas e a Tarifa-Bolsonaro - Demétrio Magnoli Folha de S. Paulo

 As tarifas e a Tarifa-Bolsonaro

Demétrio Magnoli
Folha de S. Paulo, sábado, 12 de julho de 2025

Ninguém está a salvo da espada erguida pela Casa Branca

Trump declarou, vezes sem conta, sua tórrida paixão por tarifas. Celebremente, selecionou "tarifas" como sua palavra predileta, para depois corrigir-se colocando-a atrás de "Deus" e "amor". Na visão dele, tarifas desempenham três funções distintas. A Tarifa-Bolsonaro, de 50%, anunciada contra o Brasil, enquadra-se na terceira família.

Nas suas versões de esquerda e direita, o populismo econômico destina-se a impulsionar o consumo, angariar popularidade e colher triunfos eleitorais. No fim, o resultado é sempre a explosão da dívida pública. Pela esquerda, caso do Brasil, sob o dístico "gasto é vida", os gastos públicos crescem além das possibilidades de aumento da arrecadação tributária. Pela direita, ao estilo de Trump, sob o lema de que "redução de impostos é vida", comprime-se a receita tributária a patamares inferiores às necessidades orçamentárias.

A primeira função das tarifas de Trump é compensar a redução de impostos. O presidente imagina retroceder o relógio da história até o final do século 19, quando as taxas sobre importações representaram a fonte principal de arrecadação do governo dos EUA. Não funcionará: mesmo sob políticas suicidas de cortes de despesas, o Estado contemporâneo precisa arrecadar muito mais do que proporcionariam as tarifas alfandegárias.

A Lei de Tarifas de 1890, proposta por William McKinley, um herói de Trump, aumentou para 50% as taxas alfandegárias médias dos EUA. A ideia era proteger a manufatura nacional, estimulando a expansão industrial do país. Na época, funcionou –como, mais tarde, a substituição de importações aceleraria a industrialização do Brasil.

A segunda função das tarifas de Trump é provocar um renascimento manufatureiro dos EUA. Trata-se, também, de uma utopia reacionária. Atualmente, as grandes empresas assentam seus negócios em cadeias produtivas internacionalizadas, tirando proveito das vantagens comparativas de diversas economias nacionais. As tarifas de Trump tendem a inflacionar a economia doméstica sem restaurar os parques manufatureiros devastados pela história.

"America First" —a guerra tarifária orienta-se tanto contra adversários como contra aliados geopolíticos dos EUA. Em princípio, ninguém está a salvo da espada erguida pela Casa Branca. Contudo, a terceira função das tarifas é castigar governos que tornam-se alvos da ira sagrada de Trump. A Tarifa-Bolsonaro pertence a essa família de sanções ideológicas.

Lula tagarela à vontade sobre soberania nacional, mas só a respeita quando lhe convém. Já declarou apoio a candidatos estrangeiros, fez campanha para Hugo Chávez e, há pouco, exibiu-se na mansão onde Cristina Kirchner cumpre prisão domiciliar reivindicando a libertação da ex-presidente. Não teria o direito moral de exigir de Trump respeito à Justiça brasileira enquanto insurge-se contra sentenças judiciais argentinas.

Mas a Tarifa-Bolsonaro situa-se num pavilhão superior de interferência na soberania nacional. De fato, trata o Brasil como uma ditadura que emprega o sistema judicial para violar direitos humanos. Diante dela, Lula tem o dever de enrolar-se na bandeira auriverde e enfrentar a ameaça. De quebra, beneficia-se politicamente da submissão canina de Tarcísio de Freitas aos interesses de Bolsonaro que, à vista de todos, contrariam diretamente o interesse nacional.
às julho 12, 2025 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: As tarifas e a Tarifa-Bolsonaro, Demétrio Magnoli, Folha de S. Paulo

domingo, 8 de setembro de 2024

A surpresa ucraniana - Demétrio Magnoli (O Globo)

A surpresa ucraniana 

Demétrio Magnoli

O Globo, 2/09/2024

Começou, à sombra da noite, nas primeiras horas de 6 de agosto. Ninguém sabia — nem as tropas mecanizadas envolvidas na operação, que receberam o aviso no último minuto, nem os Estados Unidos e os aliados europeus. As forças de elite da Ucrânia, cerca de 10 mil soldados, avançaram sobre a província russa de Kursk e, em duas semanas, ocuparam um saliente de mais de mil quilômetros quadrados e 92 povoados, inclusive a cidade de Sudja.

A ofensiva surpreendente foi descrita por analistas em termos que oscilam entre uma genial manobra tática e uma aventura desesperada. A operação tem uma série de objetivos que podem ser rotulados como propagandísticos, militares e diplomáticos.

Propaganda

Desde o fracasso da ofensiva ucraniana do verão de 2023, o conflito sedimentou-se como guerra de atrito ao longo de um extenso front no leste e no sul ucranianos. O atrito de artilharia pesada, com os incessantes bombardeios de mísseis e drones russos sobre cidades da Ucrânia, configurou uma narrativa de inevitabilidade de triunfo russo no horizonte de longo prazo. A ofensiva em Kursk desfigurou a narrativa predominante.

Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, forças militares estrangeiras invadiram território russo. O choque, expresso na evacuação de mais de 100 mil civis, desafia a retórica de Putin. O ditador proibiu o uso da palavra “guerra” na Rússia, substituída pelo eufemismo “operação militar especial”, e, temendo a quebra da coesão social no país, recusa-se até hoje a ordenar uma mobilização geral. A guerra, contudo, chegou a solo russo, expondo a fantasia do Kremlin.

Putin segue manufaturando eufemismos. A invasão ucraniana é descrita como “provocação” ou “atos de terrorismo”. Mas o rei, que ficou nu, foi obrigado a atribuir ao “Ocidente coletivo” a humilhação imposta pela Ucrânia.

Tática militar

São duas as metas militares da ofensiva em Kursk. De um lado, como mínimo, a Ucrânia almeja obrigar a Rússia a desviar suas forças que operam no Donbass para o novo front de Kursk. De outro, como máximo, imagina estabelecer uma zona-tampão dentro da Rússia, que protegeria a região ucraniana de Sumy.

A primeira meta ainda não foi alcançada. A Rússia enviou tropas secundárias para estabilizar o cenário no saliente invadido, sem comprometer suas melhores forças. O Kremlin faz de tudo para não desistir de seu esforço principal, o avanço acelerado na província de Donetsk antes da chegada do inverno.

A segunda meta depende da capacidade ucraniana de implantar linhas de defesa no saliente conquistado. Já existem sinais do estabelecimento de trincheiras e fortificações. A tentativa envolve riscos significativos, expondo as forças ucranianas à retaliação aérea russa. A distância entre manobra tática e aventura desesperada estreita-se com a passagem do tempo.

Desafio diplomático

O presidente ucraniano Zelensky aludiu à ideia de usar o saliente de Kursk como moeda de troca em hipotéticas negociações de paz. É pura especulação, destinada a ocultar uma operação diplomática sofisticada cujo alvo é o governo Biden.

Os Estados Unidos, principal fornecedor de equipamento bélico à Ucrânia, adotam uma política de “administração da guerra”, postergando a entrega de sistemas avançados de artilharia, mísseis antimísseis e aviões de combate. O blefe russo, expresso nas ameaças periódicas de escalada nuclear, definiu a hesitante postura estratégica do governo Biden.

Uma “linha vermelha” imposta por Washington é a proibição do uso de sistemas americanos contra alvos em território russo. O veto foi parcialmente flexibilizado diante da tática russa de usar o território do país como santuário para artilharia de longa distância e bombardeios de mísseis e drones. Hoje Washington permite atingir alvos na Rússia — mas apenas como “contrafogo”.

A invasão do saliente de Kursk, em que foram utilizadas armas americanas, ultrapassou a “linha vermelha” e criou um dilema para Biden. A Ucrânia está dizendo que a ofensiva é parte integral de uma guerra defensiva, algo óbvio para qualquer oficial militar. Como responderá o governo dos Estados Unidos?


às setembro 08, 2024 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: A surpresa ucraniana, Demétrio Magnoli, O Globo

sábado, 10 de agosto de 2024

Um funeral em Caracas: o apoio ao governo Lula à ditadura chavista na Venezuela - Demétrio Magnoli (FSP)

Venezuela

Um funeral em Caracas

Gesto brasileiro por reunião com opositora de Maduro formaria um anel de proteção

Demétrio Magnoli

Sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP. 

Folha de S. Paulo, 9 de agosto de 2024

Inutilmente, Lula exibiu-se como mediador ideal na Ucrânia e no Oriente Médio, esferas fora do alcance da política externa brasileira. A prova de fogo chegou na Venezuela, desenrolando-se como espetáculo humilhante: em Caracas, junto com a esperança de transição democrática, enterra-se a credibilidade da palavra do Brasil.

Celso Amorim fala como enviado diplomático de Maduro ao mundo democrático. "A oposição coloca dúvidas, mas não consegue provar o contrário." Falso: a oposição publicou as atas de votação escondidas pelo ditador —e a autenticidade delas foi confirmada por especialistas independentes. 

Diante disso, EUA, Argentina, Uruguai, Peru, Equador e Costa Rica reconheceram o triunfo de Urrutia. Boric chegou perto da conclusão factual, declarando que "o Chile não reconhece a vitória autoproclamada de Maduro". Na direção contrária, o Brasil articulou com México e Colômbia um bloco negacionista que, simulando cautela, oferece à ditadura o intervalo indispensável para consolidar a fraude por meio da repressão generalizada.

Circula, nas chancelarias, o desenho de uma solução negociada: a formação de um governo provisório de união nacional com a missão de promover novas eleições. A ideia inspira-se no precedente da Polônia, em 1989, cuja transição começou com a derrota eleitoral do regime autoritário. No governo unitário venezuelano, o chavismo controlaria os ministérios da segurança, enquanto a oposição teria as pastas econômicas. Uma anistia ampla e a criação de instituições eleitorais imparciais preparariam o terreno para eleições gerais livres.

A solução não é justa, pois o povo já votou, mas é realista. Sem a força das armas, a oposição teria que aceitá-la. Mas a chance de impor à ditadura uma saída negociada depende da intensidade das pressões diplomáticas —e, em especial, da rejeição regional à autoproclamada vitória de Maduro.

Regimes ditatoriais começam a desabar quando sofrem fraturas internas. A aposta na pressão diplomática, combinada com garantias de impunidade à máfia chavista, oferece oportunidade a potenciais dissidentes. É precisamente para sabotá-la que o governo brasileiro costurou o bloco tripartite da protelação. Maduro precisa mais do amparo sinuoso do Brasil que do apoio efusivo de Cuba ou da Nicarágua.

O fracasso diplomático estende-se às obrigações mínimas. O Brasil foi um dos fiadores do Acordo de Barbados. Calou-se, repetidamente, frente às violações sistemáticas do compromisso de eleições democráticas. Hoje, avança um pouco mais na via da desonra, virando as costas à selvagem repressão desencadeada contra os oposicionistas vitoriosos no voto popular.

Amorim justificou a resistência brasileira a condenar a fraude alertando para a iminência de um "conflito muito grave", quase uma "guerra civil", que seria caso único de guerra entre uma ditadura armada e uma oposição desarmada. Antes, em entrevista a um jornalista beija-mão, enquanto o regime encarcerava opositores em massa, o mesmo Amorim exprimiu sua "preocupação" com "a hipótese de perseguição aos chavistas caso a oposição chegue ao poder". Entre uma entrevista e outra, esclareceu que o Brasil dialoga com todos os lados —exceto, apenas, com María Corina Machado.

A ditadura acusa a oposição do crime de lesa-pátria de divulgação das atas eleitorais autênticas, que pela lei venezuelana são documentos públicos, qualificando-as como "forjadas". Nada pode impedir a prisão de Corina Machado, mas o gesto brasileiro de enviar um representante de alto nível para reunir-se com ela, sob a luz das câmeras, formaria um anel de proteção. O Brasil, porém, prefere deixá-la exposta.
Na avenida central de Caracas, evolui o cortejo fúnebre das expectativas de transição democrática. Maduro segura uma das alças do caixão. Brasil, México e Colômbia sustentam as outras três.


às agosto 10, 2024 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: Demétrio Magnoli, FSP, o apoio ao governo Lula à ditadura chavista na Venezuela, Um funeral em Caracas

terça-feira, 5 de março de 2024

O lugar do Brasil, segundo Lula - Demétrio Magnoli (O GLobo)

A Doutrina Lula, em todo o seu esplendor... 

O lugar do Brasil, segundo Lula 

Demétrio Magnoli 

O Globo, segunda-feira, 4 de março de 2024

Uma política externa oscilante, inconsistente — eis o que pensa a revista The Economist. “Lula quer que o Brasil seja todas as coisas para todos: um amigo do Ocidente e um líder do Sul Global, um defensor do meio ambiente e uma potência petrolífera mundial, um promotor da paz e um amparo para os autocratas”. O diagnóstico gira em falso, como refém da retórica ilusionista do governo. De fato, existe uma Doutrina Lula.

A orientação de política externa pode ser decifrada a partir de dois movimentos estratégicos. O primeiro renega o discurso oficial; o segundo elimina suas ambivalências.

1. O Novo PAC lançado pelo governo, no eixo consagrado à transição energética, prevê recursos de R$ 565,4 bilhões, dos quais 64% para óleo e gás e meros 12% para fontes limpas. Os investimentos em combustíveis fósseis fluirão principalmente do Estado, enquanto as fontes alternativas dependerão de financiamento privado.

2. O Brasil aumentou radicalmente seu intercâmbio com a Rússia desde a invasão da Ucrânia. O crescimento apoiou-se especialmente nas importações de petróleo, diesel e fertilizantes. As importações de diesel saltaram de 101 mil toneladas em 2022 para 6,1 milhões em 2023 — ou, em valores, de US$ 95 milhões para US$ 4,5 bilhões. No cenário do embargo europeu, o Brasil converteu-se no terceiro maior importador de hidrocarbonetos russos, atrás apenas da China e da Turquia.

O Acordo de Paris, a matriz baseada na fonte hídrica, a Amazônia e Marina Silva organizaram o discurso inaugural de política externa do governo Lula. Era ilusão: o Brasil chega às vésperas do G20, no Rio de Janeiro, e à antevéspera da COP30, em Belém, sem uma estratégia de transição energética. O discurso sobre a “liderança climática” funciona como rarefeita cortina de fumaça destinada a ocultar a Doutrina Lula.

As ambivalências sobre a guerra imperial russa circulam unicamente na superfície da retórica diplomática. Reiterando o gesto original de Bolsonaro, Lula oferece “solidariedade” à Rússia. A visita de Celso Amorim ao Kremlin e a visita de Lavrov a Brasília, logo após a ordem de prisão emitida pelo TPI contra Putin, evidenciam a direção para a qual aponta a bússola de política externa.

O PT é parceiro do Rússia Unida, partido de Putin. Quase um ano atrás, à sombra da guerra de agressão na Ucrânia, participou de um fórum sobre “neocolonialismo” promovido pelo partido putinista. Logo mais, a convite do Rússia Unida, uma delegação oficial petista acompanhará a farsa eleitoral russa montada para simular legitimidade democrática a mais um mandato de Putin.

“Para que essa pressa de acusar alguém?”, indagou o presidente brasileiro, antes de criticar os governos que responsabilizam o regime russo pela morte de Navalny. Lula “compreende os interesses de quem acusa” e recomenda aguardar as conclusões dos legistas a serviço do Kremlin. A presença pessoal de Putin no G20 é uma meta difícil perseguida por Lula.

Cuba, Venezuela, Nicarágua. Aponta-se, desde o primeiro mandato lulista, a crônica inclinação à solidariedade com regimes ditatoriais de esquerda. A crítica não se aplica, porém, ao regime de Putin.

O governo russo, em aliança com o patriarcado ortodoxo de Moscou, combina o nacionalismo grão-russo com um conservadorismo extremo. O chefe do Kremlin conta com admiradores como Trump, Orbán e líderes da extrema direita europeia. Bolsonaro admirava Putin por compartilhar com o russo o conceito de uma ordem social baseada na família tradicional. Lula figura na lista, mas não por motivos ideológicos. Sua parceria com Putin deriva de uma visão estratégica.

A Doutrina Lula tem como norte o Sul Global, expressão altamente imprecisa que substitui o antigo conceito de Terceiro Mundo e atualiza a noção de anti-imperialismo. Em sua versão atual, adotada por uma esquerda irreformável, anti-imperialismo é, antes de tudo, hostilidade aos Estados Unidos e a seus aliados europeus. O Brasil de Lula almeja um lugar de destaque numa coalizão internacional anti-Ocidente. Nessa visão, China e Rússia emergem como parceiros privilegiados.

Lula tem rumo — eis aí o verdadeiro problema.


às março 05, 2024 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: Demétrio Magnoli, Lula, O Globo, O lugar do Brasil

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

A nossa extrema-direita – e as deles - Demétrio Magnoli (Interesse Nacional)

Uma única correção a este artigo de Demetrio Magnoli: o artigo de Ernesto Araujo, Trump e o Ocidente”. Cadernos de Política Exterior, v. 3, n. 6, IPRI/FUNAG, Brasília, é de 2017, não de 2018. Eu era editor dos Cadernos nessa época, mas retirei o meu nome do expediente, não por causa da bizarrice, mas de outra questão.

Paulo Roberto de Almeida


A nossa extrema-direita – e as deles

Demetrio Magnoli

Interesse Nacional, janeiro de 2024

 

■ Demétrio Magnoli é sociólogo, conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, colunista dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, comentarista internacional na GloboNews.

 

 

O triunfo eleitoral de Donald Trump, em 2016, ativou os alarmes: as democracias ocidentais enfrentavam o desafio da ascensão do populismo de direita. Na Europa, partidos populistas de direita obtiveram, em 2018, perto de 15% dos votos totais, contra menos de 5% em 1998 – e alguns deles tinham forte presença nos gabinetes de governo. Por isso, naquele ano, a vitória do extremista Jair Bolsonaro parecia significar a inserção do Brasil numa tendência mais geral.

Sem surpresa, fixou-se uma narrativa predominante que inscreve a extrema-direita bolsonarista no panorama internacional do avanço da direita populista. O argumento deve ser divido em duas teses distintas: 1) o bolsonarismo articula-se politicamente com correntes internacionais da extrema-direita; 2) as raízes ideológicas do bolsonarismo são similares às das principais correntes internacionais da extrema-direita.

A primeira tese é factualmente comprovável – mas tende a superestimar a relevância dessas articulações. A segunda tese é basicamente equivocada: o bolsonarismo não é mera expressão nacional das ideias que movem o populismo de direita nos EUA ou na Europa.

■ Deus e Pátria

“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A invocação da fé religiosa pontilhou os discursos oficiais do governo Bolsonaro, do presidente à ministra dos Direitos Humanos, passando por Ernesto Araújo, seu primeiro ministro das Relações Exteriores. Paralelamente, o governo insistiu nos ícones da nacionalidade. Como esquecer a frustrada iniciativa do ministro da Educação de solicitar às escolas vídeos de professores e alunos entoando o hino nacional, durante o hasteamento do auriverde pendão da esperança? Ou a conclamação do porta-voz presidencial, general Otávio Rêgo Barros, para “toda a sociedade prostrar-se diante da bandeira ao menos uma vez por semana”?

É um equívoco transferir a ladainha carola e “nacionalisteira” para o arquivo morto dos anacronismos. Há um sentido mais profundo no recurso exaustivo a tais referências: nos EUA, primeiro, e no Brasil, depois, o populismo de direita encontrou uma refutação eficaz do multiculturalismo.

Há décadas, as elites políticas liberais e de esquerda substituíram o discurso universalista (cidadãos) pelo discurso multiculturalista (minorias). A diferença converteu-se em valor supremo, enquanto dissolvia-se a aspiração à igualdade (de direitos, de oportunidades). A nação deu lugar a uma miríade de grupos singulares (negros, mulheres, gays). A ideia de direitos universais (educação, saúde, previdência, transportes) deu lugar à chamada discriminação positiva (leis e regras específicas, cotas de gênero ou de “raça”). Deus e a pátria fazem seu caminho no espaço aberto por essa abdicação histórica.

A estratégia manipula poderosos signos de igualdade. O “Brasil acima de tudo” cumpre dupla função. Na sua face oculta, tenta identificar a pátria ao governo, um expediente autoritário clássico. Mas, na sua face pública, veicula uma mensagem inclusiva: todos – ricos e pobres, homens e mulheres, “brancos” e “negros” – pertencem igualmente à comunidade nacional. O nacionalismo da direita populista carrega as sementes da xenofobia (diante do imigrante) e da intolerância política (diante das oposições). Ao mesmo tempo, oferece um abrangente manto comum – e, com ele, a promessa de resgate dos fracos e humilhados.

As religiões monoteístas deitaram raízes pois ofereciam uma base pétrea de legitimidade aos governantes (um Deus no céu, um imperador na Terra) e, simultaneamente, a esperança de justiça aos desamparados (todos são filhos do mesmo Deus). O “Deus acima de todos” também desempenha dois papeis. Numa ponta, corrói a laicidade estatal e propicia o acesso das igrejas à mesa do poder. Na outra, apela ao sentido popular de igualdade: nenhuma ovelha do rebanho será deixada para trás.

Deus, a bandeira e o hino são chaves narrativas compartilhas por Trump, nos EUA, Vladimir Putin, na Rússia, Recep Erdogan, na Turquia, Viktor Orbán, na Hungria, e a coalizão Meloni/Salvini, na Itália. Nesse plano mais genérico, Bolsonaro participa do movimento geral da direita populista.

Num artigo de ressonâncias místicas, publicado em novembro de 2018, Ernesto Araújo encontrou no “Deus de Trump” o motor da história.[1] O “pan-nacionalismo”, a identidade cristã, Spengler e a xenofobia unem-se como escudos contra o “cosmopolitismo” e o “liberalismo”. Três meses depois, Eduardo Bolsonaro tornou-se o “representante na América Latina” do movimento de partidos populistas de direita articulado por Steve Bannon. Era o ensaio de uma “Internacional dos nacionalistas”, uma contradição em termos fadada ao insucesso.

A geringoça andou um pouco. Na visita presidencial aos EUA, em março de 2019, a comitiva brasileira ofereceu um jantar que teve Bannon como convidado especial. Depois, em abril, Eduardo Bolsonaro fez um giro europeu de encontros com líderes da direita nacionalista, iniciado por uma visita ao então co-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini. Mas o Movimento de Bannon logo desandou, esbarrando nas divergências entre os líderes da direita europeus e na resistência de vários deles a se submeterem ao ideólogo americano.

Sob o patrocínio de Trump e de Orbán, no lugar da “Internacional dos nacionalistas”, nasceu uma “Internacional cristã”: a International Religious Freedom (Belief Alliance).[2] Sob o manto da liberdade de crença, a aliança reuniu, além das lideranças políticas cristãs que a conceberam, correntes religiosas conservadoras hindus, muçulmanas e judaicas. Araújo participou de sua estruturação, em 2020.[3] Entretanto, suas atividades só deslancharam após a demissão do ministro, no início do ano seguinte. A articulação contou com a entusiasmada adesão do Brasil – mas basicamente a cargo de Damares Alves, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, com discreta participação do Itamaraty.[4]

O “Deus de Trump” produziu escassos frutos, do ponto de vista dos alinhamentos geopolíticos internacionais. A política externa bolsonarista, enunciada aos brados por Araújo, praticamente limitou-se a visitas, encontros e conferências sectárias, além de frequentes votos antiliberais em fóruns internacionais. Muita fumaça, pouco fogo.

■ Ideia fora de lugar

O bolsonarismo foi descrito como expressão brasileira da onda nacionalista e populista que varre o Ocidente. No fundo, porém, o bolsonarismo é uma exceção.

A poesia épica do populismo de direita nasce na gramática do medo. Nos EUA e na Europa, a angústia, a insegurança diante do futuro alimentou a onda populista em curso, que ainda não dá sinais consistentes de retrocesso. Nesse sentido genérico, o Brasil acompanhou a tendência internacional. Bolsonaro foi catapultado ao Planalto por eleitores temerosos, inseguros, indignados. Mas, por aqui, os eleitores não foram seduzidos pela narrativa ideológica do bolsonarismo. O voto negativo, não a adesão política, definiu o triunfo de um líder carente de bases sociais sólidas. Aí reside nossa excepcionalidade.

O grande tropeço da globalização, iniciado em 2008, deflagrou a ascensão do populismo nacionalista. Trump venceu no Colégio Eleitoral apoiando-se na baixa classe média branca submetida à corrosão da indústria tradicional. A crise do euro, seguida por longos programas de austeridade econômica, inflou o balão dos partidos da nova direita europeia. Dos megafones de Trump, Salvini, Le Pen, Farage, Orbán e tantos outros emanaram as conclamações antiliberais do nativismo, da xenofobia e do protecionismo.

No Brasil, Bolsonaro também emergiu do caos: a depressão econômica armada pelas estratégias fiscais do lulo-dilmismo. A campanha bolsonarista apertou as teclas sensíveis da corrupção e da criminalidade, mas o triunfo eleitoral derivou do colapso catastrófico do sistema político. Lá fora, uma corrente histórica profunda impulsiona a nova direita nacionalista. Aqui, um cruzamento de circunstâncias fortuitas colocou um político obscuro na cadeira presidencial.

A extrema-direita brasileira é uma ideia fora de lugar: a imitação sem disfarce de um discurso elaborado nos EUA ao longo de mais de dois séculos. Lá, a noção de liberdade foi moldada em oposição aos conceitos de democracia e igualdade perante a lei. A “liberdade dos estados” funcionou como oposição à existência de uma Constituição nacional, depois como alicerce do sistema escravista e, finalmente, como moldura das leis de segregação racial. Hoje, reciclada, a reivindicação fundamenta as legislações destinadas a restringir o acesso às urnas em estados controlados pelos republicanos.

No Brasil, uma semana antes do 7 de setembro de 2021, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) publicou o manifesto do bolsonarismo.[5] A Fiesp e a Febraban haviam ensaiado discurso da democracia, curiosamente definida como “harmonia entre os Poderes”. Em contraponto, a Fiemg intitulou sua declaração com a senha de combate da extrema-direita: Manifesto pela Liberdade.

Um centro de comando único, uma espécie de Comitê Central, esculpiu os discursos do bolsonarismo. Assim como o texto da Fiemg, as bandeiras dos atos bolsonaristas daquele 7 de setembro sofreram uma padronização, organizando-se em torno da senha principal. Tudo – os ataques ao STF, as injúrias contra governadores e parlamentares, a contestação das urnas eletrônicas – foi recoberto por uma mão de tinta fresca que exibia a palavra liberdade.

“Assistimos a uma sequência de posicionamentos do Poder Judiciário que acabam por tangenciar, de forma perigosa, o cerceamento à liberdade de expressão no país”, escreveram os industriais mineiros para condenar o inquérito das fake news – e, de passagem, oferecer um apoio implícito ao pedido de impeachment do juiz Alexandre de Moraes. Liberdade, desdobrada em “liberdade de expressão” e “liberdades individuais”, era esta a mensagem.

A senha emergiu, igualmente, em textos assinados pelo ministro da Defesa, Braga Netto, um expoente da agitação bolsonarista entre os militares. Na nota de repúdio às declarações do senador Omar Aziz (7 de julho), o general proclamou que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.[6] Duas semanas depois, em nota de desmentido de ameaças de golpe (22 de julho), expressou o compromisso das Forças Armadas com “a manutenção da democracia e da liberdade do povo brasileiro”.[7]

A Constituição atribui às Forças Armadas as missões de “defesa da Pátria”, “garantia dos poderes constitucionais” e, por iniciativa de um deles, proteção “da lei e da ordem”. A “liberdade do povo brasileiro” era uma invenção (in)constitucional de Braga Netto –  ou melhor, dos mestres ideológicos que o controlavam. Mas, aqui, o que importa é registrar a consistência do discurso bolsonarista.

Liberdade – não democracia. A opção tem significado e implicações. O conteúdo da liberdade depende do ponto de vista do sujeito do discurso. Democracia, porém, tem conteúdo objetivo: o sistema de governo baseado na vontade da maioria filtrada por leis e instituições que limitam o poder dos governantes, asseguram os interesses permanentes da sociedade e protegem os direitos da minoria. Fora da democracia, liberdade é privilégio de uma minoria que tem poder. Os arautos bolsonaristas da “liberdade” são os saudosistas da ditadura militar que acalentaram o sonho de um golpe contra as liberdades democráticas.

■ Aliança profana

Paulo Guedes, o superministro da Economia,  definiu o governo Bolsonaro como uma aliança entre conservadores e liberais.[8] Era, claro, um álibi destinado a justificar sua própria adesão ao presidente extremista – mas também um duplo equívoco conceitual. A extrema-direita bolsonarista não é conservadora, mas reacionária: defende uma ruptura com a democracia e um retrocesso à “idade de ouro” da ditadura militar. Já o liberalismo econômico do governo resumia-se a uma fantasia destinada a recobrir políticas fiscais populistas que desmoralizaram o teto de gastos e tentativas de subordinar a Petrobras às necessidades reeleitorais do presidente.

A “santa aliança” de Guedes deflagrou um debate público sobre as relações entre liberalismo e democracia. “É natural que a Fiesp assine um manifesto em defesa da democracia, já que não existe liberalismo, economia de mercado ou propriedade privada, valores tão caros à entidade e ao setor industrial, sem que exista segurança jurídica, cujo pilar essencial é a democracia e o Estado de Direito”, declarou Josué Gomes da Silva, presidente da entidade empresarial paulista no início da campanha eleitoral de 2022.[9]

O manifesto cumpria um papel positivo, mas a justificativa continha uma imprecisão conceitual: o liberalismo não precisa, necessariamente, da democracia.

O liberalismo tomou de assalto o Ocidente no século XIX, antes do advento das democracias contemporâneas. Os princípios liberais clássicos – os direitos individuais, as liberdades civis e políticas, o secularismo, o livre mercado – estabeleceram-se em regimes políticos aristocráticos ou oligárquicos. A democracia chegou depois.

Democracia supõe o direito universal de voto, algo que só se difundiu ao longo do século XX. Os sistemas pioneiros de governo liberais baseavam-se no consentimento de uma minoria que gozava do privilégio de plenos direitos políticos. Durante um longo período, massas de pobres eram excluídas do voto por muralhas ligadas à propriedade ou à renda e as mulheres simplesmente não tinham direito de voto.

O rótulo democracia liberal indica uma ruptura. O liberalismo sofreu uma revolução interna para adaptar-se ao advento da democracia de massas. Nesse passo, tornou-se menos “puro” na esfera econômica, pois teve que admitir as intervenções estatais destinadas a combater a pobreza extrema e as mais clamorosas desigualdades sociais.

Nem todos curvaram-se aos novos tempos. Uma corrente de economistas liberais, aferrada ao dogma da absoluta liberdade de mercado, enxergou na democracia liberal um malévolo disfarce do socialismo. Dessa crença nasceu uma atração por regimes autoritários dispostos a conduzir programas de radical liberalização econômica.

No ponto de partida, o pensamento liberal enxergava as liberdades políticas e econômicas como partes indissociáveis de uma mesma doutrina. Milton Friedman, pai-fundador da Escola de Chicago, desafiou essa tradição ao operar como conselheiro do ditador chileno Augusto Pinochet e do regime totalitário chinês. A liberdade, imaginava Friedman, floresce na esfera econômica, alastrando-se mais tarde pela esfera política.

A dissociação teórica entre as duas esferas propiciou um álibi político à corrente de liberais que enxergam a democracia como valor secundário ou mesmo como obstáculo à promoção irrestrita da liberdade de mercado. A adesão de significativa parcela do empresariado brasileiro à candidatura de Bolsonaro em 2018 encontra aí uma base ideológica.

Guedes falou em “democracia responsável”, conectando-se a uma extensa tradição autoritária de adjetivação da democracia.[10] Nesse passo, reuniu-se com personagens como Oliveira Salazar (“democracia orgânica”), Erdogan (“democracia conservadora”) e Putin (“democracia soberana”). Os falsos liberais brasileiros, sempre dispostos a conciliar com o populismo econômico, aliaram-se aos reacionários saudosistas da ditadura militar. A aliança profana entre Bolsonaro e Guedes ilumina a singularidade brasileira: nos EUA e na Europa, a direita nacionalista e a extrema-direita abominam o liberalismo.

A atual direita republicana nos EUA, ainda liderada por Trump, deita raízes no nativismo, na xenofobia e no isolacionismo. Contudo, no plano econômico, prega o protecionismo comercial e aponta a globalização (às vezes, nas formas da China e do México) como responsável pelas agruras que afligem o “americano esquecido”.

Os partidos da direita populista europeia que ascenderam recentemente deitam raízes em correntes profundas das histórias nacionais. A Reunião Nacional francesa deriva tanto da nostalgia do regime colaboracionista de Vichy quanto do neocolonialismo poujadista. O Vox, na Espanha, nutre-se da memória do franquismo. O Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, engaja-se na atualização do mussolinismo. Todos eles, porém, encontram-se no pátio da “democracia iliberal” pregada por Orbán.

Aliança entre liberais de araque e reacionários saudistas. A extrema-direita bolsonarista é, em parte, uma imitação. Mas, no fundo, é uma colcha de retalhos incongruentes e um fenômeno singular.   n


[1]. “Trump e o Ocidente”. Cadernos de Política Exterior, v. 3, n. 6, IPRI/FUNAG, Brasília, 2018.

[2]. https://bit.ly/3xMH3Hk

[3].  https://bit.ly/3ZdmdMZ

[4]. https://bit.ly/3ZcVbFD

[5].  Manifesto pela Liberdade, FIEMG. https://bit.ly/3KEK3NI

[6].  Nota Oficial – Ministério da Defesa, 7/7/2021. https://bit.ly/3Z2TQRW

[7]. Nota Oficial – Ministério da Defesa, 22/7/2021. https://bit.ly/3ZnzYci

[8]. O Estado de S. Paulo, 22/2/2022. https://bit.ly/3SroO3T

[9]. Folha de S. Paulo, 4/8/2022. https://bit.ly/3ZmKJeU

[10]. Valor, 26/11/2019. http://glo.bo/41ugLaH

 

 

às janeiro 04, 2024 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: bolsonarismo, Brasil, Demétrio Magnoli, extrema-direita, interesse nacional, Mundo

sábado, 16 de setembro de 2023

Negacionista Silencioso, o ministro dos Direitos Humanos seletivos - Demétrio Magnoli (FSP)

 NEGACIONISTA SILENCIOSO

Lula e Silvio Almeida negam direitos humanos por motivos geopolíticos e ideológicos

Demétrio Magnoli

Folha de São Paulo (15/09/2023)

No 16 de novembro de 1998, o então ex-ditador Pinochet foi preso em Londres por solicitação do juiz Baltasar Garzón. A prisão no Reino Unido de um chileno indiciado por um espanhol representou uma aplicação inédita do princípio da universalidade dos direitos humanos. Meses antes, o Estatuto de Roma estabelecera o Tribunal Penal Internacional (TPI), que entrou em vigor em 2002. Nos 50 anos do golpe de Pinochet, quando Lula investiu contra o TPI, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, alinhou-se ao presidente por meio de um silêncio cúmplice.

Lula e Almeida são negacionistas dos direitos humanos, mas o primeiro os despreza por motivos geopolíticos enquanto o segundo os renega por motivos ideológicos. As razões do presidente, embora abjetas, inscrevem-se na esfera superficial do oportunismo. Já as razões do ministro têm raízes profundas e, por isso, ferem o núcleo da cultura dos direitos humanos.

Meses antes de assumir o ministério, Almeida publicou um artigo esclarecedor. Consagrado à invasão da Ucrânia, o texto conseguiu a proeza de, ao longo de 613 palavras, evitar a responsabilização de Putin. Nele, invoca-se a "complexidade do evento" para, afastando "reflexões maniqueístas", atribuir o "conflito" ao "expansionismo capitalista" e à "lógica destrutiva da mercadoria" (leia-se: EUA). Culpa coletiva, difusa, espalhada: "todos os governos estão cientes do horror que estão promovendo".

O substrato ideológico do artigo encontra-se, contudo, em outro lugar: uma citação de 1950 do martinicano Aimé Cesaire, que ainda militava no Partido Comunista Francês e admirava Stalin. Segundo Cesaire, a indignação diante do nazismo, fonte da Declaração Universal de 1948, não decorria do "crime contra o homem, mas contra o homem branco" pois inexistiria diferença fundamental entre a máquina de extermínio hitlerista e os "processos colonialistas" europeus.

Cesaire escreveu durante 66 anos. Almeida escolheu o voo mais baixo do martinicano. A passagem pertence à extensa tradição do antissemitismo soft contemporâneo que, no lugar da negação factual do Holocausto, opera pela sua relativização. Mas a cuidadosa seleção faz sentido: o objetivo do ministro é exibir a cultura dos direitos humanos como pura hipocrisia de brancos ocidentais.

A narrativa identitária de Cesaire e Almeida tem mil e uma utilidades, inclusive a proteção de Stalin, no caso do primeiro, e a de Putin, no do segundo. Sobretudo, porém, trata-se de contestar a natureza universal dos direitos humanos para sustentar uma doutrina assentada na cisão "brancos/não-brancos". Daí, a hostilidade tanto à Declaração Universal quanto ao TPI, seu principal fruto.

"Todos os seres humanos podem invocar os direitos e liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião...". O artigo 2º da Declaração Universal, aprovada antes da queda dos impérios coloniais, indica o alcance da reação civilizatória ao Holocausto.

O Estatuto de Roma nasceu do repúdio ao genocídio de Ruanda (1994) e ao massacre de Srebrenica (1995), eventos incompreensíveis nos termos da doutrina identitária. A "purificação racial" foi a mola propulsora de ambos. Na antiga Iugoslávia, militares sérvios eliminaram milhares de civis muçulmanos bósnios. No país africano, a ditadura hutu comandou o extermínio de mais de meio milhão de tutsis. "Brancos contra brancos" e "negros contra negros"? O exterminismo racista não precisa de diferenças de cor de pele.

O crime de Putin que provocou a ordem de prisão do TPI é do mesmo tipo. A deportação de dezenas de milhares de crianças ucranianas para a Rússia destina-se a russificá-las, um passo no projeto de eliminar a Ucrânia como nação. O negacionista Almeida não vê escândalo nisso: "brancos contra brancos", tudo bem.

às setembro 16, 2023 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: Demétrio Magnoli, Folha de São Paulo, Lula, ministro Silvio Almeida, negacionismo, TPI

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Antonio Risério entrevista Demétrio Magnoli e Luiz Mott - o começo de uma série...

Antonio Risério entrevista Demétrio Magnoli

8 de ago. de 2023
 https://www.youtube.com/watch?v=wlg0NFxKWeM&t=36s

Em seu primeiro vídeo produzido para o Youtube, Antonio Risério anuncia o novo espaço, entrevista o sociólogo Demétrio Magnoli e apresenta o compositor Toni Costa.
Ensaísta, poeta e antropólogo, Risério propõe uma intervenção livre e independente no ambiente digital.
O objetivo é abrir um espaço para leituras críticas da vida e das realidades brasileiras, longe de amarras ideológicas e simplificações.
Para contribuir com o projeto, nossa chave pix é o e-mail encontroscomriserio@gmail.com - onde também podemos iniciar diálogos e receber sugestões.

Antonio Risério entrevista Luiz Mott

27 de ago. de 2023
https://www.youtube.com/watch?v=xPVH8LYYCj4

Antonio Risério entrevista o antropólogo Luiz Mott e apresenta o reporter fotográfico Agliberto Lima

Ensaísta, poeta e antropólogo, Risério propõe uma intervenção livre e independente no ambiente digital.

O objetivo é abrir um espaço para leituras críticas da vida e das realidades brasileiras, longe de amarras ideológicas e simplificações.


às agosto 28, 2023 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: Antonio Risério, Demétrio Magnoli, entrevista, Luiz Mott

sábado, 22 de abril de 2023

Demétrio Magnoli: Dez perguntas para dois chanceleres (FSP)

 

Demétrio Magnoli

Sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP.

Dez perguntas para dois chanceleres

Proponho questões para esclarecer a posição oficial do Brasil sobre a invasão russa


Lula tem dois chanceleres: Mauro Vieira, que comanda o Itamaraty, e Celso Amorim, assessor presidencial. O primeiro representa a política institucional, que definiu o voto brasileiro na resolução da ONU exigindo a retirada das forças russas de ocupação da Ucrânia. O segundo representa a política ideológica, lulista e petista, que renegou aquele voto.

Proponho dez perguntas a eles, destinadas a esclarecer a posição oficial do Brasil sobre a invasão russa:

1) A Carta da ONU e a Constituição brasileira consagram os princípios da soberania nacional e do respeito à integridade territorial das nações. É nesses princípios que o Brasil apoia sua pretensão de ajudar a mediar negociações entre Rússia e Ucrânia?

2) O encontro de Amorim com Putin, em Moscou, seguido pelas declarações de Lula na visita à China e pela recepção de Serguei Lavrov em Brasília, paralelamente à ausência de visitas à Ucrânia, indicam que o Brasil escolheu o lado russo. Ou existe explicação diferente para o desequilíbrio diplomático?

3) O Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o Brasil participa, emitiu ordem de prisão contra Vladimir Putin, pelo crime de deportação forçada de crianças ucranianas para a Rússia. O Itamaraty não se pronunciou sobre o tema e Amorim visitou Putin pouco depois do gesto do TPI. O governo brasileiro decidiu ignorar o TPI?

4) Lavrov declarou, em Brasília, que Rússia e Brasil compartilham "posição similar" sobre a "gênese" da guerra na Ucrânia. Lula afirmou, repetidamente, que a raiz da invasão russa é o alargamento da Otan –e, ainda, que os EUA e seus aliados europeus estimulam a continuidade da guerra. Deve-se concluir disso que, de fato, o governo brasileiro concorda com a declaração do chanceler russo?

5) Segundo Lula, a responsabilidade pela guerra cabe, igualmente, a Putin e Zelenski. O governo brasileiro não distingue o país agressor do país agredido, o invasor do invadido?

6) A Casa Branca classificou as afirmações de Lula como um alinhamento com a propaganda de guerra russa. Vieira reagiu, negando a interpretação do governo dos EUA –mas não negou a veracidade da declaração de Lavrov sobre a similaridade entre as visões russa e brasileira. Quem cala consente?

7) Tradicionalmente, Amorim abusa do conceito de soberania, usando-o para evitar qualquer crítica a ditadores amigos que violam os direitos humanos. Contudo, nega solidariedade à nação cuja soberania é destruída por uma guerra de agressão destinada a promover anexações territoriais. Na política externa do governo, soberania é um princípio com validade geral ou mero álibi utilizado para justificar alinhamentos ideológicos?

8) A Crimeia é território ucraniano internacionalmente reconhecido. A própria Rússia reconheceu as fronteiras ucranianas em tratado firmado em 1994 –pelo qual, aliás, a Ucrânia entregou suas armas nucleares à Rússia. Com que direito Lula sugere a cessão da Crimeia à Rússia como condição para futuras e hipotéticas negociações de paz?

9) A Carta da ONU suporta o princípio da "autodefesa coletiva", isto é, o direito de fornecer ajuda bélica a nações que resistem a uma invasão não provocada. Sem auxílio militar ocidental, a Ucrânia já não existiria como Estado independente. A "paz" pela rendição –é isso que deseja o governo ao criticar tal auxílio?

10) No seu pronunciamento sobre o diálogo com Lavrov, Vieira mencionou as "preocupações securitárias" russas e ucranianas mas não se referiu às anexações territoriais russas ou à soberania ucraniana. Lula pretende realmente ser aceito pela Ucrânia como mediador de negociações de paz ou simplesmente invoca a palavra paz para legitimar as narrativas imperiais russas?

O jornalismo adulatório faz, no máximo, as indagações fáceis. Haverá, ainda, jornalistas dispostos a confrontar os dois chanceleres com as perguntas difíceis?


às abril 22, 2023 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: Demétrio Magnoli, Dez perguntas para dois chanceleres, FSP

terça-feira, 9 de agosto de 2022

O sul da política externa lulista - Demétrio Magnoli (FSP)

Rússia

O sul da política externa lulista

'Sul global' é fantasia acadêmica, tardia flor ideológica do terceiro-mundismo

Demétrio Magnoli

Sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP. 

Putin e Zelenski são igualmente responsáveis pela invasão russa da Ucrânia. O diagnóstico neutralista de Lula encontra sua teorização na réplica à minha última coluna, assinada por um grupo de professores universitários (Folha, 2/8).

O "conflito é multicausal", explicam, atribuindo-o em partes iguais ao "expansionismo da Otan" e à "deriva nacionalista do regime de Vladimir Putin". A ordem dos fatores não é casual: fazendo eco a Lula, e ignorando as evidências factuais, o primeiro surge como raiz da tragédia e, implicitamente, como fonte do segundo. O conjunto do texto desdobra o argumento inicial e, nesse passo, descortina os fundamentos da política externa do provável futuro governo. Por isso, merece exame.

Homem observa destroços de imóvel em Toretsk, Ucrânia - Bulent Kilic-4.ago.22/AFP

O Brasil deve "trabalhar pelo multilateralismo", dizem os autores, enquanto criticam as ações multilaterais destinadas a enfrentar a agressão russa. A ONU, principal instituição multilateral, votou duas resoluções de condenação à invasão, uma no Conselho de Segurança (vetada por Moscou) e outra na Assembleia-Geral. As sanções à Rússia assentam-se nessas resoluções —e são, elas mesmas, iniciativas multilaterais adotadas por dezenas de países.

As sanções não atingiram "o objetivo de acabar com a guerra", escrevem os professores, inventando uma meta maximalista impossível. De fato, embora as exportações da Rússia tenham sido pouco afetadas, suas importações sofreram golpes profundos, o que provocou recuo generalizado na produção industrial russa, como explica Paul Krugman. As sanções reduzem, a longo prazo, as capacidades militares de Putin. Mas o governo Bolsonaro as condena --e Lula também.

O fornecimento de armas à Ucrânia ampara-se no princípio multilateralista da autodefesa coletiva, consagrado na Carta da ONU. Os autores dizem que "a sobrevivência de Kiev será um abalo para a visão do mundo de Putin", como se tal "sobrevivência" fosse uma dádiva da natureza, não um fruto do auxílio militar. Bolsonaro e Lula pedem, juntos, o fim desse suporte bélico. Não é preciso excessiva perspicácia para concluir que a "visão do mundo de Putin" prevaleceria e a Ucrânia deixaria de existir caso imperasse a posição compartilhada pelos dois.

No texto de réplica, curiosamente, sanções e ajuda militar são excluídas do conceito de multilateralismo. Para os autores, multilateralismo parece só se aplicar a iniciativas de um certo "sul global", que faria contraponto à "posição ocidental". Aí, emerge uma noção organizadora da concepção de política externa lulista.

"Sul global" é um herdeiro imaginário do antigo Terceiro Mundo e, mais nitidamente, do Movimento dos Países Não Alinhados (NAM). Nascido da Carta de Bandung (1955), o NAM adotou posições coletivas que refletiam o ciclo da descolonização afro-asiática. Depois, tornou-se um campo de concorrência diplomática entre China e Índia, até perder relevância. Já o "Sul global" não passa de uma fantasia acadêmica.

Quem estrutura o "Sul global"? A China, engajada no jogo de poder mundial com os EUA? A Índia, cuja rivalidade com a China produz alinhamentos duais, com os EUA e a Rússia? A Turquia, integrante da Otan que, para preservar sua influência geopolítica regional, mantém uma parceria limitada com a Rússia?

A autonomia brasileira no sistema internacional exige a rejeição da Guerra Fria 2.0 entre EUA e China e solicita a edificação de parcerias flexíveis baseadas no interesse nacional. Nossa política externa certamente não deve buscar "alinhamentos automáticos com grandes potências" –mas a condenação efetiva da guerra imperial russa não equivale a nenhum "alinhamento automático".

"Sul global" é uma tardia flor ideológica do terceiro-mundismo. No atual discurso lulista, funciona como pretexto sofisticado para a reiteração da política bolsonarista de solidariedade com Putin.


às agosto 09, 2022 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: Demétrio Magnoli, FSP, política externa lulista, Sul Global

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Eleições 2022: Lula, uma aula de realpolitik - Demétrio Magnoli (FSP)

 Demétrio Magnoli

Lula, uma aula de realpolitik

O petista sempre foi, para o bem ou o mal, o mais convicto dos políticos realistas

 Demétrio Magnoli

Sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP. 

Folha de S. Paulo, 4/02/2022

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2022/02/lula-uma-aula-de-realpolitik.shtml?pwgt=kr29fjig9jh9wjofasry3l0wyifone8xsxjiexuine17iww2&utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwagift

Realpolitik, termo de origem alemã, designa a política realista, fundada nos interesses objetivos e nas circunstâncias concretas, não em ideais ou princípios abstratos. Lula sempre foi, para o bem ou o mal, o mais convicto dos políticos realistas. Sua pré-campanha forma uma aula de realpolitik. Não vai aí uma crítica: de fato, pelo contrário, no atual cenário, seus gestos iniciais são monumentos à política democrática.

"Golpista neoliberal" –assim, o manifesto furibundo firmado por antigos figurões petistas como Rui Falcão e José Genoino descreveu Alckmin, numa tentativa de implodir a chapa dos sonhos de Lula. O ex-presidente rebateu, ignorando olimpicamente as acusações ideológicas ("tenho confiança no Alckmin") e prometendo que o vice estará "em todo lugar junto do presidente" pois "faz parte da governança do país". Na política realista, inexiste lugar para a figura proverbial do "inimigo do povo". Por isso, Lula não abomina amplas alianças, inclusive com adversários de ontem.

ADVERTISING
O ex-presidente Lula - Carla Carniel - 29.jan.22/Reuters

Passo seguinte, colocar a casa em ordem. Lula descartou a presença de Dilma Rousseff no palco iluminado de sua campanha, explicando que a sucessora escolhida a dedaço carece de "jogo de cintura" e da "paciência que a política exige". Em 2016, Dilma e tantos outros fingiram enxergar no impeachment um ato de machismo. Agora, porém, diante do oráculo intocável, o falso feminismo oportunista não ousou lançar mão da mesma chantagem.

Ainda bem: nem o impeachment, nem a sentença de morte política pronunciada por Lula tem conexão com a identidade de gênero de Dilma. A ex-presidente foi excluída para proteger mensagens centrais da campanha. O candidato está dizendo que representa a unidade, contra Bolsonaro, e que não reproduzirá os catastróficos erros do passado. Mais: sagazmente, atribui à sucessora o papel de bode expiatório pelo populismo fiscal inaugurado no segundo mandato dele mesmo. É realpolitik na veia, com pitadas de maldade.

Colunas e Blogs

Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.

Carregando...

Pragmatismo é o outro nome de Lula. No seu primeiro mandato, ele selecionou uma equipe econômica moldada para prosseguir a ortodoxia herdada de FHC. No Planalto, converteu os programas de transferência de renda preconizados pelo Banco Mundial em sinônimo de políticas sociais, desidratando (até demais!) as propostas reformistas de esquerda. Hoje, o PT fala sem parar de Bolsa Família mas quase emudece quando se trata de bens públicos universais como educação e saúde.

Lula desviou-se do realismo apenas na hora dos pecados capitais de seu governo: o mensalão e o petrolão. Configurar maiorias parlamentares pelo financiamento corrupto de máfias partidárias foi um atalho desastroso para circundar o imperativo de fazer política – e, sobretudo, de enfrentar o tema da reforma política. O pacto de aliança com Alckmin, junto com a federação de partidos em construção, destina-se não só a obter o triunfo completo no primeiro turno como, ainda, a construir uma maioria minimamente estável no Congresso.

As opções realistas adotadas por Lula sempre podem ser criticadas, como tudo mais (com a devida vênia, claro, dos comitês de jornalistas censores). Contudo, na sua natureza, contrastam positivamente com as duas versões de antipolítica personificadas por Bolsonaro e Moro.

Bolsonaro nunca emergiu de seu caldeirão de delírios golpistas. Moro, uma sublegenda da direita antidemocrática, distingue-se do presidente pela ferramenta com a qual pretende subordinar as instituições: um Judiciário capturado pelo Partido dos Procuradores. Ambos recusam a política —ou seja, o jogo difícil da persuasão, das alianças e da costura de consensos majoritários.

A cruzada de Bolsonaro é contra "comunistas" (isto é, todos que não o seguem); a de Moro, contra "corruptos" (ou seja, todos os adversários). Lula não faz cruzada, um conceito ausente no universo da realpolitik.


às fevereiro 04, 2022 Um comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: Brasil, Demétrio Magnoli, eleições 2022, esquerda, FSP, Geraldo Alckmin, governo, Lula, pragmatismo, realismo, Realpolitik
Postagens mais antigas Página inicial
Assinar: Comentários (Atom)

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...

  • 673) A formacao e a carreira do diplomata
    Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
  • 561) Informações sobre a carreira diplomatica, III: desoficiosas...
    FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
  • Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu - Paulo Roberto de Almeida
    Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
  • Mercado Comum da Guerra? Acordo Militar EUA-Paraguai
    Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
  • Um prefácio meu sobre um livro de Dennys Xavier apresentando a obra de Thomas Sowell (2020) - Paulo Roberto de Almeida
    Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell   quarta-feira, 4 de março...
  • 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia - Elio Gaspari (FSP)
      Itamaraty   'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
  • Israel Products in India: A complete list
      Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
  • Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...) - Paulo Roberto de Almeida
    Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...)   Paulo Roberto de Almeida Colaboração a número especial da rev...
  • Conversando com os Brics? Talvez, mas sem deixar de pensar… - Paulo Roberto de Almeida
     O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...

O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

Site pessoal: www.pralmeida.net.

Pesquisar este blog

Quem sou eu: Paulo Roberto de Almeida

Minha foto
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, DF, Brazil
Ver meu perfil completo

Últimas Postagens:

  • ▼  2025 (1526)
    • ▼  dezembro (111)
      • Textos sobre guerra e paz, numa perspectiva histór...
      • "No One is Safe" Ukraine Strikes Putin's Palace as...
      • “A Paz como Projeto e Potência”, 4º seminário do C...
      • Madame Inteligência Artificial me corrige mais uma...
      • A paz como projeto e potência, com André Magnelli ...
      • Do que o chanceler acidental escapou: "1ª Turma do...
      • Quando a desgraça é bem-vinda… - Paulo Roberto de ...
      • The Berlin Leaders' Statement on Ukraine (December...
      • Book by Dani Rodrik: "Shared Prosperity in a Fract...
      • Efeitos a longo prazo do colonialismo português na...
      • Política externa e diplomacia do Brasil: convergê...
      • UM GRITO PELA DEMOCRACIA!, Manifesto pela Democrac...
      • Trabalhos selecionados sobre temas de paz e segura...
      • O quadro da produtividade latino-americana - Estud...
      • Las nuevas ultraderechas conservadoras y reacciona...
      • Conversando com os Brics? Talvez, mas sem deixar d...
      • Como diplomata, confesso que tenho vergonha da pol...
      • Uma paz não kantiana?: Sobre a paz e a guerra na e...
      • Mercado Comum da Guerra? Acordo Militar EUA-Paraguai
      • RECHERCHES INTERNATIONALES, FISSURES DANS L’ATLANT...
      • A Paz como Projeto e Potência! - Ciclo de Humanida...
      • Uma paz não-kantiana? Sobre a paz e a guerra na er...
      • FORÇA, MINISTRO FACHIN EDITORIAL DO ESTADÃO, 15/1...
      • Países que mais acessaram os trabalhos PRA em Aca...
      • Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia....
      • A luta contra a corrupção na China: algo como os 1...
      • O Decálogo dos Cansados - Restaurante Pecorino, Br...
      • O grande historiador do totalitarismo assassino do...
      • Um prefácio meu sobre um livro de Dennys Xavier ap...
      • Um debate sobre a política externa brasileira a pr...
      • O filósofo francês Pascal Bruckner recebe o prêmio...
      • Ucrânia encontrou tesouro contra a Rússia no lugar...
      • 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma a...
      • Com disputa entre Poderes, Brasil vive baderna ins...
      • The speed of the Russian offensive in Ukraine is t...
      • Russia Burns, under Kyiv missiles and drones - The...
      • A nova Questão Alemã, submetida à Madame Inteligên...
      • O fim e o começo de uma época: outra vez a Alemanh...
      • A inteligência da Ucrânia contra a violência estúp...
      • Conversas sobre os Brics? - Coord. emb. José Vicen...
      • Numéro special de Recherches internationales, cons...
      • A New Cold War? Worse than that - McFaul
      • George Orwell on Nationalism (1945)
      • La tradición liberal venezolana Gabriela Calderón ...
      • O pequeno manual prática da decadência, examinado ...
      • Pequeno manual prático da decadência (recomendável...
      • Pequeno manual prático da decadência (recomendável...
      • Rato de Biblioteca: memórias intelectuais de um di...
      • Putin Eradicates Officials as FSB CANNIBALIZES Kre...
      • Trump: the end of Freedom in the U.S. and the Betr...
      • A estratégia de Trump para o ‘quintal’ do Hemisfér...
      • Vergonha diplomática: governo Lula se recusa a con...
      • A resistência intelectual contra o bolsonarismo di...
      • CREDN repudia abstenção do Brasil sobre devolução ...
      • Minha luta contra o bolsonarismo diplomático conti...
      • Trabalhos mais acessados PRA em Academia.edu (acim...
      • “A Diplomacia Brasileira na Elaboração do Direito ...
      • Política Externa e interesse nacional: três versõe...
      • A internacional dos poderes totalitários no mundo:...
      • Simplifique, simplifique, fica melhor! Nem sempre…...
      • A Europa unida em face da dominação de dois grande...
      • Ironias da história de vida do chanceler acidental...
      • Ucrânia: tempos decisivos numa guerra que não term...
      • A estratégia dos EUA e a Doutrina Monroe - Rubens ...
      • A “doutrina Trump” e o Brasil - Paulo Roberto de A...
      • New Strategic Security Trumpian doctrine and the S...
      • The National Security Strategy of the Trump Admini...
      • Doutrina Trump e a nova desordem global Editorial...
      • Brazilian Foreign Policy beyond Itamaraty’s Insula...
      • ¿Giro a la (extrema) derecha en América latina? - ...
      • O marxismo confuciano de Xi Jinping - Xulio Rios (...
      • Integração Regional e as perspectivas do Mercosul ...
      • A Short History on a K-like style - PRA, seguido d...
      • A Paz como Projeto e Potência - Paulo Roberto de A...
      • “Shame on America”, from Prime Minister of Poland ...
      • Banks of China in Brazil and Brazilian Banks The c...
      • A Short History on a K-like style - By PRA (adora ...
      • Putin deveria ter aceitado o acordo de Trump. Agor...
      • Correspondência secreta de Putin a Trump neste sáb...
      • Could Brazil’s mega-election herald the end of pol...
      • Minas e as formigas - Ary Quintella, sobre o livro...
      • Opinion - Sadly, Trump is right on Ukraine - Alan ...
      • Russia’s Reign of Terror: The Five Worst Atrocitie...
      • O mundo em três tempos: 1925, 1945 e 2025 – Paulo ...
      • O multilateralismo vazio da diplomacia brasileira,...
      • Bertrand Arnaud: avaliação sumária da Estratégia d...
      • A estratégia de Trump para o Hemisfério Ocidental ...
      • Trabalhos publicados por Paulo Roberto de Almeida ...
      • Uma estratégia destinada ao fracasso: a de Trump p...
      • Trajetórias quase Toynbeeanas - Paulo Roberto de A...
      • Trump está recuando os EUA cem anos atrás com sua ...
      • November: more than 81,000 Russian targets DESTROY...
      • Minhas impressões sobre Paulo Guedes e Olavo de Ca...
      • A. Western Hemisphere: The Trump Corollary to the ...
      • O mundo em três tempos: 1925, 1945, 2025 - Paulo R...
      • Revista Será?, o melhor semanário da imprensa inov...
      • Diplomacia telefônica - Rubens Barbosa (Editorial ...
      • ONU: Brasil se abstém sobre volta de crianças sequ...
      • Mini-história das crises políticas no Brasil - Pa...
      • THE END OF THE WAR IN UKRAINE - Jason Smart (UATV)
    • ►  novembro (120)
    • ►  outubro (107)
    • ►  setembro (105)
    • ►  agosto (107)
    • ►  julho (150)
    • ►  junho (87)
    • ►  maio (144)
    • ►  abril (159)
    • ►  março (168)
    • ►  fevereiro (134)
    • ►  janeiro (134)
  • ►  2024 (1681)
    • ►  dezembro (106)
    • ►  novembro (154)
    • ►  outubro (93)
    • ►  setembro (126)
    • ►  agosto (128)
    • ►  julho (103)
    • ►  junho (178)
    • ►  maio (172)
    • ►  abril (186)
    • ►  março (184)
    • ►  fevereiro (132)
    • ►  janeiro (119)
  • ►  2023 (1268)
    • ►  dezembro (119)
    • ►  novembro (92)
    • ►  outubro (89)
    • ►  setembro (105)
    • ►  agosto (93)
    • ►  julho (92)
    • ►  junho (97)
    • ►  maio (118)
    • ►  abril (139)
    • ►  março (119)
    • ►  fevereiro (96)
    • ►  janeiro (109)
  • ►  2022 (1317)
    • ►  dezembro (107)
    • ►  novembro (104)
    • ►  outubro (121)
    • ►  setembro (94)
    • ►  agosto (119)
    • ►  julho (121)
    • ►  junho (132)
    • ►  maio (104)
    • ►  abril (100)
    • ►  março (122)
    • ►  fevereiro (116)
    • ►  janeiro (77)
  • ►  2021 (1250)
    • ►  dezembro (106)
    • ►  novembro (107)
    • ►  outubro (75)
    • ►  setembro (85)
    • ►  agosto (76)
    • ►  julho (88)
    • ►  junho (96)
    • ►  maio (134)
    • ►  abril (139)
    • ►  março (116)
    • ►  fevereiro (87)
    • ►  janeiro (141)
  • ►  2020 (1711)
    • ►  dezembro (162)
    • ►  novembro (165)
    • ►  outubro (147)
    • ►  setembro (128)
    • ►  agosto (129)
    • ►  julho (101)
    • ►  junho (141)
    • ►  maio (171)
    • ►  abril (148)
    • ►  março (138)
    • ►  fevereiro (150)
    • ►  janeiro (131)
  • ►  2019 (1624)
    • ►  dezembro (123)
    • ►  novembro (107)
    • ►  outubro (124)
    • ►  setembro (90)
    • ►  agosto (147)
    • ►  julho (129)
    • ►  junho (176)
    • ►  maio (125)
    • ►  abril (138)
    • ►  março (189)
    • ►  fevereiro (134)
    • ►  janeiro (142)
  • ►  2018 (1134)
    • ►  dezembro (126)
    • ►  novembro (111)
    • ►  outubro (101)
    • ►  setembro (104)
    • ►  agosto (91)
    • ►  julho (102)
    • ►  junho (77)
    • ►  maio (88)
    • ►  abril (80)
    • ►  março (100)
    • ►  fevereiro (89)
    • ►  janeiro (65)
  • ►  2017 (937)
    • ►  dezembro (79)
    • ►  novembro (94)
    • ►  outubro (118)
    • ►  setembro (93)
    • ►  agosto (127)
    • ►  julho (77)
    • ►  junho (52)
    • ►  maio (71)
    • ►  abril (59)
    • ►  março (58)
    • ►  fevereiro (52)
    • ►  janeiro (57)
  • ►  2016 (1203)
    • ►  dezembro (76)
    • ►  novembro (64)
    • ►  outubro (111)
    • ►  setembro (105)
    • ►  agosto (109)
    • ►  julho (88)
    • ►  junho (108)
    • ►  maio (120)
    • ►  abril (123)
    • ►  março (109)
    • ►  fevereiro (86)
    • ►  janeiro (104)
  • ►  2015 (1479)
    • ►  dezembro (118)
    • ►  novembro (93)
    • ►  outubro (132)
    • ►  setembro (114)
    • ►  agosto (107)
    • ►  julho (110)
    • ►  junho (81)
    • ►  maio (103)
    • ►  abril (136)
    • ►  março (147)
    • ►  fevereiro (194)
    • ►  janeiro (144)
  • ►  2014 (3131)
    • ►  dezembro (146)
    • ►  novembro (144)
    • ►  outubro (266)
    • ►  setembro (234)
    • ►  agosto (231)
    • ►  julho (287)
    • ►  junho (339)
    • ►  maio (337)
    • ►  abril (234)
    • ►  março (308)
    • ►  fevereiro (256)
    • ►  janeiro (349)
  • ►  2013 (3297)
    • ►  dezembro (337)
    • ►  novembro (189)
    • ►  outubro (231)
    • ►  setembro (296)
    • ►  agosto (330)
    • ►  julho (322)
    • ►  junho (351)
    • ►  maio (324)
    • ►  abril (293)
    • ►  março (204)
    • ►  fevereiro (282)
    • ►  janeiro (138)
  • ►  2012 (2221)
    • ►  dezembro (186)
    • ►  novembro (162)
    • ►  outubro (152)
    • ►  setembro (172)
    • ►  agosto (174)
    • ►  julho (183)
    • ►  junho (151)
    • ►  maio (170)
    • ►  abril (217)
    • ►  março (205)
    • ►  fevereiro (226)
    • ►  janeiro (223)
  • ►  2011 (2416)
    • ►  dezembro (232)
    • ►  novembro (195)
    • ►  outubro (250)
    • ►  setembro (261)
    • ►  agosto (212)
    • ►  julho (196)
    • ►  junho (188)
    • ►  maio (230)
    • ►  abril (181)
    • ►  março (137)
    • ►  fevereiro (168)
    • ►  janeiro (166)
  • ►  2010 (2336)
    • ►  dezembro (149)
    • ►  novembro (148)
    • ►  outubro (196)
    • ►  setembro (240)
    • ►  agosto (270)
    • ►  julho (235)
    • ►  junho (215)
    • ►  maio (262)
    • ►  abril (189)
    • ►  março (98)
    • ►  fevereiro (152)
    • ►  janeiro (182)
  • ►  2009 (648)
    • ►  dezembro (80)
    • ►  novembro (88)
    • ►  outubro (65)
    • ►  setembro (70)
    • ►  agosto (82)
    • ►  julho (69)
    • ►  junho (53)
    • ►  maio (40)
    • ►  abril (37)
    • ►  março (22)
    • ►  fevereiro (11)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2008 (162)
    • ►  dezembro (33)
    • ►  novembro (19)
    • ►  outubro (12)
    • ►  setembro (6)
    • ►  agosto (6)
    • ►  julho (9)
    • ►  junho (25)
    • ►  maio (11)
    • ►  abril (7)
    • ►  março (10)
    • ►  fevereiro (10)
    • ►  janeiro (14)
  • ►  2007 (146)
    • ►  dezembro (11)
    • ►  novembro (19)
    • ►  outubro (18)
    • ►  setembro (6)
    • ►  agosto (12)
    • ►  julho (8)
    • ►  junho (22)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (9)
    • ►  março (7)
    • ►  fevereiro (17)
    • ►  janeiro (13)
  • ►  2006 (193)
    • ►  dezembro (38)
    • ►  novembro (9)
    • ►  outubro (7)
    • ►  setembro (10)
    • ►  agosto (9)
    • ►  julho (67)
    • ►  junho (53)

Vidas Paralelas (2025)

Vidas Paralelas (2025)
Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil

Intelectuais na Diplomacia Brasileira

Intelectuais na Diplomacia Brasileira
a cultura a serviço da nação

Construtores da nação

Construtores da nação
Projetos para o Brasil, de Cairu a Merquior

Apogeu e demolição da política externa

Apogeu e demolição da política externa
Itinerários da diplomacia brasileira

O Itamaraty Sequestrado

O Itamaraty Sequestrado
a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021

A ordem econômica mundial

A ordem econômica mundial
e a América Latina (2020)

Miséria da diplomacia (2019)

Miséria da diplomacia (2019)
A destruição da inteligência no Itamaraty

Contra a Corrente: ensaios contrarianistas

Contra a Corrente: ensaios contrarianistas
A grande Ilusão do BRICS e o universo paralelo da diplomacia brasileira (2022)

O Homem que Pensou o Brasil

O Homem que Pensou o Brasil
Roberto Campos: trajetória intelectual

Formação da Diplomacia Econômica no Brasil

Formação da Diplomacia Econômica no Brasil
as relações econômicas internacionais no Império

Pesquisar este blog

Obras do autor:

Manifesto Globalista
Plataforma Academia.edu
Nunca Antes na Diplomacia...
Prata da Casa: os livros dos diplomatas
Volta ao Mundo em 25 Ensaios
Paralelos com o Meridiano 47
O Panorama visto em Mundorama
Rompendo Fronteiras
Codex Diplomaticus Brasiliensis
Polindo a Prata da Casa
Livros individuais PRA
Livros editados por PRA
Colaboração a livros coletivos
Capítulos de livros publicados
Teses e dissertações
Artigos em periódicos
Resenhas de livros
Colaborações regulares
Videos no YouTube

Paulo Roberto e Carmen Lícia

Paulo Roberto e Carmen Lícia
No festival de cinema de Gramado, 2016

PRA on Academia.edu

  • PRA on Academia.edu

PRA on Research Gate

  • Paulo Roberto de Almeida on ResearchGate

Works PRA

  • Carreira na diplomacia
  • Iluminuras: minha vida com os livros
  • Manifesto Globalista
  • Sun Tzu para Diplomatas: uma estratégia
  • Entrevista ao Brasil Paralelo
  • Dez grandes derrotados da nossa história
  • Dez obras para entender o Brasil
  • O lulopetismo diplomático
  • Teoria geral do lulopetismo
  • The Great Destruction in Brazil
  • Lista de trabalhos originais
  • Lista de trabalhos publicados
  • Paulo Roberto de Almeida
  • Works in English, French, Spanish

Outros blogs do autor

  • Eleições presidenciais 2018
  • Academia
  • Blog PRA
  • Book Reviews
  • Cousas Diplomaticas
  • DiplomataZ
  • Diplomatizando
  • Diplomatizzando
  • Eleições presidenciais 2006
  • Eleições presidenciais 2010
  • Meu primeiro blog
  • Meu segundo blog
  • Meu terceiro blog
  • Shanghai Express
  • Textos selecionados
  • Vivendo com os livros

Total de visualizações de página

Inscrever-se

Postagens
Atom
Postagens
Comentários
Atom
Comentários

Détente...

Détente...
Carmen Lícia e Paulo Roberto

Links

  • O Antagonista
  • Academia.edu/PRA
  • Mercado Popular
  • Mão Visivel
  • De Gustibus Non Est Disputandum
  • Mansueto Almeida
  • Orlando Tambosi - SC
  • Carmen Lícia Palazzo - Site
  • Carmen Licia Blogspot
  • Foreign Policy
  • Instituto Millenium
  • O Estado de Sao Paulo

Uma reflexão...

Recomendações aos cientistas, Karl Popper:
Extratos (adaptados) de Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades (Popper falando a biólogos, em 1963, em plena Guerra Fria):
"A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico, do qual muitos de nós temos orgulho. Um orgulho desse tipo é compreensível. Mas ele é um erro. Deveria ser nosso orgulho ensinar a nós mesmos, da melhor forma possível, a sempre falar tão simplesmente, claramente e despretensiosamente quanto possível, evitando como uma praga a sugestão de que estamos de posse de um conhecimento que é muito profundo para ser expresso de maneira clara e simples.
Esta, é, eu acredito, uma das maiores e mais urgentes responsabilidades sociais dos cientistas. Talvez a maior. Porque esta tarefa está intimamente ligada à sobrevivência da sociedade aberta e da democracia.
Uma sociedade aberta (isto é, uma sociedade baseada na idéia de não apenas tolerar opiniões dissidentes mas de respeitá-las) e uma democracia (isto é, uma forma de governo devotado à proteção de uma sociedade aberta) não podem florescer se a ciência torna-se a propriedade exclusiva de um conjunto fechado de cientistas.
Eu acredito que o hábito de sempre declarar tão claramente quanto possível nosso problema, assim como o estado atual de discussão desse problema, faria muito em favor da tarefa importante de fazer a ciência -- isto é, as idéias científicas -- ser melhor e mais amplamente compreendida."

Karl R. Popper: The Myth of the Framework (in defence of science and rationality). Edited by M. A. Notturno. (London: Routledge, 1994), p. 109.

Uma recomendação...

Hayek recomenda aos mais jovens:
“Por favor, não se tornem hayekianos, pois cheguei à conclusão que os keynesianos são muito piores que Keynes e os marxistas bem piores que Marx”.
(Recomendação feita a jovens estudantes de economia, admiradores de sua obra, num jantar em Londres, em 1985)

ShareThis

Livros, livros e mais livros

Livros, livros e mais livros
My favorite hobby...

Academia.edu

Follow me on Academia.edu
Powered By Blogger
Paulo Roberto de Almeida. Tema Simples. Tecnologia do Blogger.