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sexta-feira, 31 de março de 2023

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre o golpe de 1964 e sobre a ditadura militar

 Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre o golpe de 1964 e a ditadura militar


Lista elaborada a partir da lista geral de trabalhos

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 31 de março de 2023

 

013. “L’Etat Brésilien”, Bruxelas, novembro 1972, 12 p. Artigo sobre a evolução política brasileira e sobre a natureza autoritária do regime de 1964. Publicado La Revue Nouvelle (Bruxelles, 29e année, Tome LVIII, numéro 11, spécial “Amériques Latines, Novembre 1973, p. 426-432). Relação de Trabalhos Publicados n. 001.

 

032. Idéologie et Politique dans le Développement Brésilien, 1945-1964, Bruxelas-Antuérpia, dezembro 1975-janeiro 1976, 108 p. “Mémoire” apresentado para obtenção do grau de Licenciado em Ciências Sociais; Diretor: Prof. Robert Devleeshouwer (Bruxelles, Université Libre de Bruxelles, Faculté des Sciences Sociales, Politiques et Economiques, 1976, 108 p.). Relação de Publicados n. 005.

 

1990. “Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964”, Brasília-Rio de Janeiro, 20 março 2009, 23 p. Sobre o maniqueísmo construído em torno do golpe ou da revolução de 1964, condenando a historiografia simplista que se converteu em referência nos manuais didáticos e paradidáticos. Espaço Acadêmico(ano 9, n. 95, abril 2009). Dividido em quatro partes e publicado sucessivamente em Via Política: Os mitos em torno do movimento militar de 1964 (1): Uma historiografia enviesada (12/04/2009); (2) Mitos do Governo Goulart (19/04/2009); (3) Análise das alegadas ‘reformas de base’ (26/04/2009); (4) Balanço econômico do Governo Goulart (03/05/2009). Reproduzido na Revista Acadêmica Espaço da Sophia (ano 3, n. 26, maio 2009). Relação de Publicados n. 898.

 

2393. “Dou-me o direito de discordar (Comissão da “Verdade”), Paris, 16 maio 2012, 2 p. Comentários a frase da presidente Dilma Rousseff, para quem os que se levantaram em armas contra a ditadura militar estavam lutando pela “redemocratização” do Brasil. Postado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.fr/2012/05/dou-me-o-direito-de-discordar-comissao.html); trecho reproduzido em matéria da Veja, edição 2270, de 23/05/2012. 

 

2580. “O governo Goulart e o mito das reformas de base”, Hartford, 6 Março 2014, 15 p. Ensaio baseado no trabalho 1990, sobre as falácias em torno do golpe militar de 1964 (10.092009), para número especial da Revista Estudos em Jornalismo e Mídia (vol. 11 n. 1, janeiro-junho de 2014; Tema: 50 anos do Golpe Militar de 64. Adaptado, ampliado, no trabalho 2590, para a revista do Clube Militar.

 

2589. “Governance in Brazil during Dictatorship and Democracy”, Hartford, 14 março 2014, 25 slides para apresentação no “Brazil: From Dictatorship to Democracy (1964-2014)”; A Brown Student and Alumni Conference and International Symposium (Watson Institute for International Studies, Brown University; 111 Thayer Street, Providence, Rhode Island; - April 9-12, 2014). 

 

2590. “Deformações da História do Brasil: o governo Goulart, o mito das reformas de base e o maniqueísmo historiográfico em torno do movimento militar de 1964”, Hartford, 14 março 2014, 22 p. Reelaboração dos trabalhos 1990 e 2580, para fins de publicação na revista do Clube Militar (Rio de Janeiro: ano LXXXVI, no 452, fevereiro-março-abril de 2014; edição especial: “31 de Março de 1964 – A Verdade”, p. 107-122; ISSN: 0101-6547). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9430621/2590_Deforma%C3%A7%C3%B5es_da_Hist%C3%B3ria_do_Brasil_o_governo_Goulart_o_mito_das_reformas_de_base_e_o_manique%C3%ADsmo_historiogr%C3%A1fico_em_torno_do_movimento_militar_de_1964_2014_). Relação de Publicados n. 1127.

 

2595. “O Brasil na crise de 1964 e a oposição armada ao regime militar: um retrospecto histórico, por um observador engajado”, Hartford, 30 março 2014, 15 p. Considerações sobre a conjuntura histórica de 1964 e os anos de contestação armada, aproveitando extratos dos trabalhos 2329 e 2470. Dividido em dez partes para o Instituto Millenium e para o Dom Total. Publicado nas Colunas Dom Total, a partir de 3/04/2014 até 2/05/2014, link: 1. http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4170; etc. até o 10. http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4179); divulgado no blog Diplomatizzando, sob o título geral de “O regime militar e a oposição armada” (1: 31/03/2014; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-1.html; 2. 31/03/2014; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-2.html; 3. 31/03/2014, link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-3.html; 4. 31/03/2014, link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-4.html; até o 10. http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-10.html).

 

2717. “Sobre as ‘causas’ do golpe militar de 1964”, Hartford, 23 novembro 2014, 7 p. Sobre artigo de Carlos Fico, “50 anos do golpe: balanço”, blog Brasil Recente, 20/11/2014; link: http://www.brasilrecente.com/2014/11/50-anos-do-golpe-balanco.html?spref=fb), criticando o suposto “medo” da classe média e das elites das reformas de base de João Goulart. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/11/sobre-as-causas-do-golpe-militar-de.html), no Academia.edu (link: https://www.academia.edu/10006736/2717_Sobre_as_causas_do_golpe_militar_de_1964_2014_) e disseminado no Facebook. 

 

2910. “Pensamento Diplomático Brasileiro: a era militar (1964-1985); proposta de organização e texto introdutório”, Brasília-Anápolis, 20-25 dezembro 2015, 14 p. Texto propositivo para a continuidade do projeto PDB, cobrindo o período do regime militar.

 

3012. “Pensamento Diplomático Brasileiro: o período autoritário (1964-1985)”, Brasília, 13 julho 2016, 43 p. Proposta de trabalho para a Funag, no seguimento do primeiro projeto, que cobriu o período 1750-1964. Entregue ao presidente da Funag, sem intenção de participar. Partes servindo de subsídio para redação de um capítulo sobre as relações internacionais do Brasil durante o regime militar brasileiro, para obra coletiva sob a direção de Jorge Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado, Brasil Republicano (Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003, 4 vols., várias edições e reimpressões). 

 

3022. “O golpe de 1964 e os acadêmicos de 2013: persistem os maniqueísmos”, Brasília, 6 agosto 2016, 2 p. Considerações sobre o texto de Manuel Domingos Neto (UFF): “A necessidade de estudos de defesa”, in: Álvaro Dias Monteiro; Erica C. A. Winand; Luiz Rogério Goldoni (orgs.): Pensamento brasileiro em defesa: VI ENABED; Aracaju: Editora UFS, 2013, p. 39-54, p.49. Blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/o-golpe-de-1964-e-os-academicos-de-2013_6.html) e Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1210696195660495).

 

3078. “As relações internacionais do Brasil na era militar (1964-1985)”, Buenos Aires, 25 janeiro 2017, 22 p. Ensaio historiográfico para o 4o. volume da 2a. edição do livro de Jorge e Lucilia de Almeida Neves Delgado (orgs.), Brasil Republicano (Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003, 4 vols.). 

 

3112. “O caso ainda não resolvido do pensamento diplomático brasileiro: hipóteses sobre o regime militar (1964-1985)”, Brasília, 3 maio 2017, 13 p. Texto preliminar sobre a existência de um pensamento diplomático na era militar, para a II Jornada de Pensamento Político Brasileiro (IESP-UERJ), para o GT de Pensamento Internacional Brasileiro. Inserido em Academia.edu (5/08/2017; link: https://www.academia.edu/s/64e2552ba9/o-caso-ainda-nao-resolvido-do-pensamento-diplomatico-brasileiro-hipoteses-sobre-o-regime-militar1964-1985?source=link), Diplomatizzando(https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/o-caso-ainda-nao-resolvido-do.html). 

 

3174. “O processo econômico na era militar: crescimento e crises”, Brasília, 8 outubro 2017, 40 p. Ensaio sobre a economia brasileira na era militar, Versão resumida sob n. 3252, apresentada na 7ª Conferência Internacional de História de Empresas e IX Encontro de pós-graduação em História Econômica. Ribeirão Preto: USP/ABPHE, 2019.

 

3252. “A trajetória econômica do Brasil na era militar: crescimento e crises”, Brasília, 27 fevereiro 2018, 26 p. Versão resumida do trabalho n. 3174, para apresentação na 7ª Conferência Internacional de História Econômica da ABPHE (Ribeirão Preto, em 10-11 de julho de 2018), na área de “Brasil e América nos séculos XX e XXI”; in: OLIVEIRA, Lélio Luiz de; MARCONDES, Renato Leite e MESSIAS, Talita Alves de (orgs.), Anais do 7ª Conferência Internacional de História de Empresas e IX Encontro de pós-graduação em História Econômica. Ribeirão Preto: USP/ABPHE, 2019. ISBN: 978-85-68378-02-1; disponível no link: http://www.abphe.org.br/uploads/Encontro_2018/ALMEIDA.%20A%20TRAJET%C3%93RIA%20ECON%C3%94MICA%20DO%20BRASIL%20NA%20ERA%20MILITAR_CRESCIMENTO%20E%20CRISES.pdf); Academia.edu (link: http://www.academia.edu/38275891/3252TrajetoriaEconRegimeMilitar.pdf) e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/330838771_A_trajetoria_economica_do_Brasil_na_era_militar_crescimento_e_crises). Relação de Publicados n. 1300.

 

3255. “Uma tragédia brasileira: a loucura insurrecional do PCdoB”, Brasília, 24 março 2018, 6 p. Texto de caráter ensaístico-histórico, oferecido como comentários sobre uma aventura irresponsável, a guerrilha do Araguaia, em conexão e em colaboração a livro de Hugo Studart, sobre o tema. Publicado no livro de Hugo Studart: Borboletas e Lobisomens: vidas, sonhos e mortes dos guerrilheiros do Araguaia (Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 2018, 660 p.; ISBN: 978-85-265-0490-5; p. 503-507). Versão original publicada no blog Diplomatizzando (9/07/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/golpes-revolucoes-e-movimentos-armados.html). Relação de Publicados n. 1285.

 

3271. “Moção de louvor das esquerdas à CIA”, Brasília, 12 maio 2018, 2 p. Gozação com a esquerda, fazendo-a agradecer à CIA pela produção de documento secreto, liberado pelo Departamento de Estado, confirmando ordens dos generais-presidentes para a eliminação física (execução sumária) de opositores políticos à ditadura militar; com documento anexo. Divulgado no blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/05/mocao-de-louvor-das-esquerdas-cia-paulo.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1911076248955816).

 

3442. “Sobre as intervenções de militares na política brasileira”, Brasília, 31 março 2019, 5+6 p. Introdução histórica e política e comentários de Mario Sabino (Crusoé, n. 48, 31/03/2019) ao texto da Ordem do Dia das FFAA a propósito do dia 31 de março. Publicado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/para-ler-os-militares-em-1964-e-em-2019.html). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/f60c55b452/sobre-as-intervencoes-de-militares-na-politica-brasileira). Transcrita de forma parcial no Blog Diplomatizzando (18/04/2019; link; https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/04/as-forcas-armadas-e-sociedade-cel.html).

 

3874. “A diplomacia blindada do Brasil e o golpe militar no Chile em 1973”, Brasília, 22 março 2021, 10 p. Resenha de O Brasil contra democracia: a ditadura, o golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul, de Roberto Simon (São Paulo: Companhia das Letras, 2021); Book review para Meridiano 47, Carlo Patti (carlo.patti@ufg.br); entre 2000 e 4000 palavras, com a bibliografia no fim do manuscrito, o sistema autor-data de citação e o uso de notas de rodapés somente para comentários. Postado no Meridiano 47. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal(Brasília, n. 11, 2021, pp. 285-297; ISSN: 2525-6653); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/63866502/Resenha_Rob_Simon_Golpe_Chile_Rev_IHGDF). Relação de Publicados n. 1425.

 

3930. “Sobre a política externa e a diplomacia brasileira: uma entrevista”, Brasília, 16 junho 2021, 14 p. Respostas a questões do jornalista Duda Teixeira, em formato de entrevista para a revista Crusoé sobre temas de diplomacia e de política externa; matéria publicada na seção “Entrevista da Semana” da Revista Crusoé (edição 164, 18/06/2021; link: https://crusoe.com.br/edicoes/164/mudanca-a-forca/0). Parte relativa aos militares, divulgada de forma independente, sob o título de “Existe algum risco de golpe miliar no Brasil? Não, embora o capitão gostaria que ocorresse”, no blog Diplomatizzando (18/06/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/06/existe-algum-risco-de-golpe-militar-no.html). Relação de Publicados n. 1406.

 

3994. “Três decisões conscientes, em três momentos de meu itinerário acadêmico-profissional”, Brasília, 11 outubro 2021, 2 p. Reflexões sobre minha postura contrarianista sob a ditadura militar, no reinado dos companheiros e no governo dos novos bárbaros. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/10/tres-decisoes-conscientes-em-tres.html). Reproduzido em 18/03/2023, no corpo do trabalho n. 4338, retomando os termos do testemunho de 2021. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/03/decisoes-sao-tomadas-depois-sao.html).

 

4207. “O Brasil e o golpe de Estado: imaginando cenários”, Brasília, 25 julho 2022, 2 p. Nota irônica sobre as ameaças de golpe de Estado pelo personagem histriônico que nos governa. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/07/o-brasil-e-o-golpe-de-estado-paulo.html).

 

4307. “Foi golpe, Golpe ou foi GOLPE?”, Brasília, 19 janeiro 2023, 3 p. Observações sobre diferentes versões da história no caso de impeachments. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/01/foi-golpe-golpe-ou-foi-golpe-paulo.html).

 

4315. “Da banalidade do mal que acaba de ser extirpado depois de quatro anos de infortúnio nacional”, Brasília, 4 fevereiro 2023, 2 p. Nota sobre a degradação da política no Brasil, ameaçado por golpe militar e convivendo com o infortúnio do genocídio indígena. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/02/da-banalidade-do-mal-que-acaba-de-ser.html).

 


"Aniversário" do golpe militar que inaugurou a mais longeva ditadura da história do Brasil: 31 de março de 1964 - Chico Alves, Leonardo Sakamoto, Josias de Souza (UOL)

 Para não deixar passar em branco o aniversário da famigerada.

Se ouso um toque de ironia sombria, graças à "Redentora" dos milicos, eu me politizei bem cedo, ainda adolescente, e comecei a ler sobre política, logo tornando-me um opositor decidido: saí a tempo de não ser preso, torturado, eventualmente "desaparecido", como tantos outros. Voltei 7 anos depois dos anos de chumbo.

Os artigos no site do UOL:
Colunistas lembram e lamentam aniversário do golpe de 64
Rodrigo Barradas, editor de Opinião

Para surpresa de ninguém, o Clube Militar do Rio comemorou o golpe de 64 nesta sexta. Enquanto na Lagoa Rodrigo de Freitas delírios revisionistas e autoritários fermentavam junto ao bufê, aqui no UOL os colunistas marcavam a data pelo que ela foi: o início de uma ditadura que ainda não foi devidamente processada.

Chico Alves lembrou depoimentos de vítimas do torturador Carlos Brilhante Ustra, herói de Bolsonaro e do senador Hamilton Mourão. Leonardo Sakamoto cobrou das Forças Armadas um exercício de autocrítica. E Josias de Souza, falando com os 99% de civis da população, arremata: "Brasil precisa parar de tratar militar como bibelô".

BRICS é um bloco majoritariamente ditatorial - Astrid Prange (Deutsche Welle, via Augusto de Franco)

Da página de Augusto De Franco:

BRICS É UM BLOCO MAJORITARIAMENTE DITATORIAL

Além do Brasil e da África do Sul, compõem o bloco três das maiores autocracias do mundo: Rússia (autocracia eleitoral), Índia (autocracia eleitoral) e China (autocracia fechada). Agora estão tentando incluir nos BRICS, além da Argentina, mais quatro autocracias: Egito (autocracia eleitoral), Irã (autocracia eleitoral), Turquia (autocracia eleitoral) e Arábia Saudita (autocracia fechada). O perigo é que seja o embrião de um bloco de uma segunda grande guerra fria das autocracias contra as democracias liberais.

Vejam o que escreve Astrid Prange, Deutsche Welle (27/03/2023):

A sigla começou como um termo um tanto otimista para descrever quais eram as economias de crescimento mais rápido do mundo na época. Mas agora as nações do BRICS – Brasil , Rússia, Índia, China , África do Sul – estão se estabelecendo como uma alternativa aos fóruns financeiros e políticos internacionais existentes.

"O mito fundador das economias emergentes desapareceu", confirmou Günther Maihold, vice-diretor do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança, ou SWP. "Os países do BRICS estão vivendo seu momento geopolítico."

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul estão tentando se posicionar como representantes do Sul Global, oferecendo “um modelo alternativo ao G7”.

Desde o início da guerra russa na Ucrânia, os países do BRICS só se distanciaram ainda mais do chamado Ocidente. Nem Índia , Brasil, África do Sul ou China estão participando de sanções contra a Rússia. Isso ficou cada vez mais claro com níveis quase históricos de comércio entre Índia e Rússia, ou na dependência do Brasil de fertilizantes russos.

"Diplomaticamente, a guerra na Ucrânia parece ter traçado uma linha divisória rígida entre uma Rússia apoiada pelo leste e o Ocidente", escreveu o cientista político Matthew Bishop, da Universidade de Sheffield, para o Economics Observatory no final do ano passado. "Consequentemente, alguns formuladores de políticas europeus e americanos temem que os BRICS possam se tornar menos um clube econômico de potências emergentes que buscam influenciar o crescimento e o desenvolvimento global e mais um clube político definido por seu nacionalismo autoritário."

Brasil deixa de assinar declaração contra Rússia em Cúpula da Democracia - Thiago Amâncio (FSP)

Existe ameaça maior à democracia e à soberania de um país do que ser invadido militarmente por uma grande potência? Lula ponderou suas palavras na carta? 

O resguardo num multilateralismo puramente formal e superficial é um engodo para fugir à obrigação ética de condenar um criminoso de guerra e violador deliberado da Carta da ONU e do Direito Internacional.

Paulo Roberto de Almeida

Brasil deixa de assinar declaração contra Rússia em Cúpula da Democracia

Lula não participou de evento de Biden, mas enviou carta com menções ao 8 de Janeiro e a conflito entre EUA e China


WASHINGTON

O Brasil não assinou a declaração final da segunda edição da Cúpula da Democracia, evento promovido pelo governo Joe Biden e organizado em conjunto com Costa RicaHolandaCoreia do Sul e Zâmbia.

O texto traz uma série de críticas à invasão da Ucrânia pela Rússia, que já dura mais de 13 meses. "Lamentamos as terríveis consequências humanitárias e de direitos humanos da agressão da Federação Russa contra a Ucrânia, incluindo os ataques contínuos contra infraestrutura crítica em toda a Ucrânia com consequências devastadoras para os civis, e expressamos nossa grande preocupação com o alto número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças, o número de deslocados internos e refugiados que precisam de assistência humanitária, e violações e abusos cometidos contra crianças", diz o documento.

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante segunda edição da Cúpula da Democracia, na Casa Branca - Jonathan Ernst - 29.mar.23/Reuters

A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha.

A declaração levanta ainda preocupações com o impacto da guerra em áreas como segurança alimentar e energética, proteção nuclear e meio ambiente. "Exigimos que a Rússia retire imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares do território da Ucrânia e pedimos o fim das hostilidades", continua o texto, pedindo responsabilização por crimes que violam o direito internacional.

Ao todo, 76 países assinaram o comunicado, 16 deles apontando discordâncias. Três países signatários, por exemplo, não concordam integralmente com o parágrafo que cita a Rússia: Índia (membro do Brics, ao lado de Moscou, Brasil, China e África do Sul), Armênia e México. A avaliação do governo brasileiro, segundo diplomatas ouvidos pela reportagemfoi de que o fórum adequado para discutir o tema seria a ONU, não a Cúpula da Democracia.

O evento, que começou na terça-feira (28) e se encerra nesta quinta-feira (30), serviu como uma espécie de fórum online com discursos feitos por líderes via videoconferência. O governo americano convidou 120 países para participar, mas apenas 85 lideranças enviaram discursos, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não estava entre eles. O presidente estaria na China —país não convidado para a cúpula— e iria enviar um vídeo gravado, o que não foi possível por questões de saúde depois que ele recebeu diagnóstico de pneumonia, segundo fontes do governo brasileiro.

Lula, porém, enviou uma carta aos organizadores em que lembrou do ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro e ressaltou a importância de fortalecer a democracia. "As instituições democráticas precisam ser capazes de resistir a atentados violentos, a campanhas de desinformação e a discursos de ódio, que frequentemente se valem das redes sociais. Estamos diante de um desafio civilizatório, da mesma forma que a superação das guerras, da crise climática, da fome e da desigualdade no planeta", escreveu.

O presidente brasileiro também defendeu a importância de "instituições sólidas, lideranças determinadas e cooperação internacional" para combater "inimigos da democracia" para além das fronteiras nacionais. "Na América Latina e no Caribe, apostamos na integração regional e no diálogo como plataformas para o enfrentamento coletivo desses desafios e fortalecimento da democracia."

Lula ainda se referiu, sem citar os nomes dos países, ao conflito entre EUA e China. "Atravessamos momento de ameaça de uma nova guerra fria e da inevitabilidade de um conflito armado. Todos sabem os custos que a primeira guerra teve em gastos com armas em detrimento de investimentos sociais. A bandeira da defesa da democracia não pode ser utilizada para erguer muros nem criar divisões. Defender a democracia é lutar pela paz. O diálogo político é o melhor caminho para a construção de consensos."

Questionado sobre as ausências de assinaturas na declaração final da cúpula, uma autoridade sênior do governo americano afirmou que "em qualquer declaração conjunta as negociações podem ser intensas" e que as assinaturas são preliminares, uma vez que mais países podem aderir ao documento.

A declaração conjunta da cúpula não é centrada na Guerra da Ucrânia, mas é uma espécie de compromisso dos signatários com a promoção da democracia e com o fortalecimento de instituições. O texto, porém, foi assinado por líderes criticados por ações consideradas antidemocráticas, como Narendra Modi, da Índia, Binyamin Netanyahu, de Israel, e Andrzej Duda, da Polônia.

Sob Lula, a diplomacia brasileira manteve postura semelhante à que já tinha com Jair Bolsonaro (PL) na Guerra da Ucrânia e tem evitado aderir às manifestações mais duras dos Estados Unidos e de aliados do Ocidente, ainda que tenha condenado a guerra em fóruns internacionais.

Lula já propôs criar um "clube da paz" de países não alinhados para negociar o fim da guerra e se opõe ao envio de armas e de munições aos ucranianos e à adoção de sanções contra os russos. Na carta enviada aos membros da cúpula, voltou a colocar o Brasil como negociador da paz no conflito do Leste Europeu. "O Brasil fará a sua parte. Contribuiremos, nos diferentes foros multilaterais e no diálogo entre países, para o fortalecimento da democracia, sempre norteados pelo direito internacional e pelos direitos humanos."

Nesta semana, o Brasil votou junto com Rússia e China no Conselho de Segurança da ONU pela abertura de uma investigação do ataque aos gasodutos russos Nord Stream, que ligam a Rússia à Alemanha, mas a posição foi derrotada pelos outros membros do órgão.

Em fevereiro, porém, o governo brasileiro cedeu à pressão da Casa Branca e aceitou uma declaração conjunta com o governo Biden após a visita de Lula a Washington que condenava nominalmente Moscou pela violação territorial na Ucrânia, pelo desrespeito ao direito internacional, pelas mortes e pelos ataques à infraestrutura essencial do país.

A Cúpula da Democracia neste ano estava esvaziada em relação ao primeiro encontro, e ausências importantes foram notadas. Além do Brasil, líderes de países como ChileArgentinaEspanha e Portugal não participaram.

Biden anunciou um financiamento de US$ 690 milhões (R$ 3,5 bilhões) para um fundo para fortalecer democracias em todo o mundo. O valor ultrapassa os cerca de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) anunciados com um propósito semelhante em 2021, durante a primeira edição do evento. Segundo o líder americano, o montante servirá para ajudar a combater a corrupção, apoiar eleições livres e justas e desenvolver tecnologias avançadas a fim de apoiar governos democráticos.

Há, no entanto, dúvidas em relação à efetividade desse tipo de iniciativa, e ressalvas ao protagonismo que os EUA tentam assumir nesse sentido, alinhado, por óbvio, às pretensões americanas.