O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador Golpe de 1964. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Golpe de 1964. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Afasta de mim esse cálice - Marcos Rolim (Sul 21)

 Opinião

Sul21,
19 de abril de 2024

Afasta de mim esse cálice (por Marcos Rolim) 

Há 60 anos, um golpe militar submeteu o Brasil a uma ditadura que duraria 21 anos e cuja herança está longe de ser superada. Naquele período, como ocorre em qualquer ditadura, de direita ou de esquerda, as liberdades foram suprimidas: milhares de pessoas foram perseguidas politicamente, presas, torturadas e/ou mortas. Com as garantias constitucionais suprimidas, com as organizações populares colocadas na ilegalidade, com a imprensa sob censura e com os poderes Legislativo e Judiciário dominados, o arbítrio e a violência estabeleceram a “paz dos cemitérios” e a injustiça e a mediocridade foram promovidas e enaltecidas. Longa noite.

Ainda hoje, sequer sabemos o número real dos que foram mortos pela ditadura militar. Há diferentes listas de pessoas desaparecidas, reclamadas por seus familiares a quem foi negado o direito à sepultura e à verdade, com números em torno de 400 mortos. Pesquisas mais recentes, entretanto, têm contabilizado centenas de outras mortes no campo e se estima que outras tantas possam ser contadas entre as vítimas indígenas.

Falar sobre ditadura pressupõe situar-se na defesa do ideal democrático. Afinal, se não sustentamos a democracia, se ela não é nosso objetivo, como ser coerente na crítica à ditadura? É possível e necessário que tenhamos uma postura crítica diante de qualquer regime político e as democracias contemporâneas, como a que temos no Brasil, estão cheias de imperfeições, privilégios e distorções que devem ser corrigidas. O ponto, entretanto, segue: em nome de que valores, que não os da democracia, é possível efetuar essa crítica? A questão é antiga e já foi objeto de muitos debates, mas é irresoluta para importantes partidos da esquerda que se alinham no plano internacional aos regimes autocráticos da Rússia e da China, versões liberticidas do capitalismo de Estado, e que simpatizam com ditaduras como as existentes na Venezuela, em Cuba e na Nicarágua.

O Brasil não construiu uma política pública de memória e verdade sobre as ditaduras que já tivemos. Não temos, por exemplo, museus sobre a tortura, uma prática que chegou por aqui com a colonização portuguesa, que atingiu dramaticamente – e por mais de três séculos – as pessoas negras escravizadas e, como regra, os pobres suspeitos e que se disseminou no Estado Novo e na ditadura militar com as garantias da impunidade oferecidas pelo Poder Público. Essa conta, aliás, envolve, além das Forças Armadas, boa parte das lideranças políticas, mas também muitos magistrados, promotores, empresários e lideranças civis e religiosa, que apoiaram o golpe e prestaram serviços ao horror, inclusive no financiamento do aparato clandestino de tortura e desaparição de corpos.

Normalmente, quando uma nação transita de um Estado de exceção para um regime democrático, se estabelece o que se convencionou chamar de “Justiça de Transição”, período em que se produz a verdade jurídica sobre os crimes cometidos e se define ações de reparação e memória. Em muitas experiências, como na Argentina, os responsáveis por crimes contra a humanidade, como a tortura, são condenados a longas penas de prisão; em outras experiências, como na África do Sul pós-Apartheid, ou como na experiência recente do acordo de paz na Colômbia, anistias são produzidas mediante o reconhecimento dos crimes cometidos e o arrependimento público. O processo de transição vivido no Brasil foi feito em sentido contrário. Aqui, a Anistia foi um projeto da ditadura (aliás, aprovado com os votos contrários da oposição) cujo único sentido foi assegurar a impunidade aos torturadores, aos estupradores de presas e aos assassinos do regime, de tal modo que a verdade nunca fosse produzida. A Anistia no Brasil pretendeu assegurar o silêncio ou, como os cínicos sempre disseram, o “esquecimento”.

Violações, abusos, maldades de toda a ordem se nutrem de silêncios. As ditaduras também. Alimentamos o mal quando a palavra não é dita ou quando as palavras mesmo perdem o sentido. O não dito é o resultado do medo ou do cálculo; é, por isso, frequentemente covardia ou conivência. Assim, importa falar, sempre. Lula escolheu não falar sobre a ditadura e até justificou dizendo que “não quer mexer com o passado”. Quem acha que a opção é postura nova, resultado da atual “correlação de forças”, não sabe da missa a metade. Houve quem se apressasse a justificar o presidente. Sempre há. O silêncio do Estado brasileiro, sob o comando de uma liderança tida como “de esquerda”, entretanto, assegura nova derrota moral ao campo democrático, exatamente porque, como o assinalou Faulkner, o passado sequer é passado. Com o silêncio oficial, aliás, se alarga o campo para o negacionismo sobre a própria ditadura, tema ao qual a extrema direita tem se dedicado muito.  Ao contrário do que pensa Lula, falar sobre a ditadura é mexer no futuro para que nunca mais. Calar cobra um preço muito alto; sempre.

(*) Marcos Rolim é Doutor e mestre em Sociologia e jornalista. Autor, entre outros, de “A Formação de Jovens Violentos: estudo sobre a etiologia da violência extrema” (Appris, 2016).

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


segunda-feira, 1 de abril de 2024

Golpe de 1964: materiais contra a a favor: jornal Nexo e Revista Manchete

 Temos de tudo e eu leio de tudo. Primeiro o material contra o golpe, escrito por jornalistas e pesquisadores.

Mais abaixo o link para a revista Manchete, de abril de 1964, que mostra que o golpe se beneficiou, sim, de muito apoio popular, dada a situação de crise na qual vivia o Brasil.

Paulo Roberto de Almeida 


Nexo recupera nesta série de textos os momentos determinantes da ruptura de 1964. Relembre o “dia a dia do golpe” que jogou o Brasil numa ditadura de 21 anos.

 

 

 

 

 

O golpe de 1964 aos olhos de um adolescente ingênuo - Paulo Roberto de Almeida

O golpe de 1964 aos olhos de um adolescente ingênuo 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

 

Em 1964 eu tinha recém-saído do curso primário e iniciado o que se chamava então de curso secundário e não tinha formação política suficiente para compreender o que estava se passando com o país. Adquiri logo depois, justamente sob o impacto do golpe e a partir de 1965 passei a me considerar um opositor do regime e mais adiante um adversário da ditadura, e até mais do que isso. 

Mas no golpe não, eu apenas posso repetir o que se passava com uma família pobre — sim, éramos bastante pobres e eu tinha começado a trabalhar muito cedo para ajudar em casa, pois a “renda” da casa era até insuficiente para o básico—e como ela reagia ao ambiente político e social do Brasil logo depois da surpreendente renúncia de Jânio Quadros da presidência da República.

Minha primeira “consciência” política veio justamente das eleições de 1960, que deram uma vitória inquestionável ao estranho político que prometia acabar com a inflação e com a corrupção. Sem entender direito o que se passava, acompanhei meu pai à “cabine” de votação, e me recordo do símbolo usado por Janio: uma vassoura, para varrer os dois grandes males do Brasil, que atormentavam os pobres e a classe média em geral.

Os três anos seguintes, foram de recrudescimento da inflação e, portanto, de angústia numa casa que vivia com poucos recursos para as coisas mínimas da vida diária. Não me lembro de usar sapatos nessa época, mas sim “Alpargatas”, calçados simples de pano e sola de cordas, que era o que se podia comprar. Tampouco me lembro de presentes valiosos no Natal ou ovos de chocolate nas Páscoas, já que o dinheiro era limitado.

Assim que, quando o golpe ocorreu, creio ter detectado um grande suspiro de alívio em meus pais, exasperados depois de mais de três anos de inflação crescente, grevismo exagerado (nos transportes públicos, por exemplo) e a sensação de descontrole num governo feito mais de agitação inconsequente do que de preocupação com a vida dos mais pobres, como éramos naquela época. 

Sim, meus pais receberam muito bem o “golpe”, com a esperança de que tudo aquilo iria terminar e que nossa vida iria enfim melhorar. Pode-se dizer que o pré-adolescente ingênuo que eu era naquele momento era um perfeito “golpista”, ou pelo menos simpático a um regime que se iniciava e que iria fazer aquilo que políticos corruptos não tinham conseguido fazer nos três agitados anos pós-renúncia de Janio: acabar com a inflação destruidora de nossos parcos recursos. 

Um ano depois, já politizado precocemente, eu me alinhava com as forças de oposição, mas no momento exato do golpe eu partilhava do sentimento de alívio de meus pais com o fim da “bagunça”. Essa era a minha percepção naquele 1. de abril de 1964, eu, uma criança ingênua, que refletia o sentimento corrente em famílias de muito baixa renda, e amplamente despolitizadas, como era a minha.

Se posso dizer, esse é o testemunho primário que posso oferecer sobre o início do regime que me levou, menos de seis anos depois, à decisão de iniciar um auto exilio europeu, para escapar de uma possível, até provável, prisão, que decorreria de meu precoce engajamento na resistência à ditadura militar. Dali voltei, sete anos depois para continuar na luta política, não mais armada, contra o regime que trouxe de volta inflação e corrupção, os dois maiores males aos olhos do adolescente ingênuo de 1964. 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4623, 1 abril 2024, 1 p.


Ainda sobre o golpe de 1964 e a memória da ditadura e seus crimes - Luiz Carlos Azedo entrevista Caetano Araújo

 

Existe um fio de história que liga os acontecimentos de 1964 aos dias atuais, que passa pelas reformas de base na marra, a luta armada, o voto nulo, o não apoio a Tancredo Neves, a rejeição ao Plano Real e o fracasso do governo Dilma Rousseff: o voluntarismo e a frustração de esquerda porque a queda da ditadura não se confundiu com a revolução.”

 

domingo, 31 de março de 2024

Luiz Carlos Azedo - Por quem os sinos dobram neste 31 de março 

image001.png

Correio Braziliense

Há um pacto de silêncio entre Lula e os comandantes militares, que proibiram as comemorações nos quartéis do golpe de 1964, enquanto golpistas prestam contas à Justiça

É preciso fugir ao senso comum e ao passado imaginário para ter um novo olhar sobre o dia 31 de março de 1964. O regime militar que ali se instalou somente se encerrou com a eleição de Tancredo Neves, em 1985, e a bem-sucedida transição à democracia presidida por José Sarney, cujo coroamento foi a promulgação da Constituição de 1988. Desde então, temos uma democracia representativa de massas, de caráter social-liberal. Não é pouca coisa a preservar.

Um velho amigo, o sociólogo Caetano Araújo, consultor do Senado, a propósito da polêmica sobre se o governo Lula deveria comemorar ou não o golpe de 1964, fez uma sensata separação entre a verdade e a Justiça, que não são mesma coisa, embora devam caminhar juntas. É verdade que os órgãos de segurança cometeram crimes hediondos, sobretudo no caso dos desaparecidos, mas a aprovacão da anistia em 1979, que não foi exatamente como os militares queriam, foi o grande pacto entre o governo e a oposição que deu início efetivo à ultrapassagem pacífica do regime autoritário.

Era a justiça possível, como correu em outras transições complexas da época. O Chile até hoje convive com uma constitucionalidade herdada do governo de Augusto Pinochet. O Uruguai promoveu um plebiscito que anistiou os militares. A Argentina puniu seus ditadores, depois do desastre das Malvinas, mas também motoneros e militantes do ERP envolvidos em crimes de sangue. Na África do Sul, sob liderança de Nelson Mandela, a Comissão da Verdade promoveu uma reflexão para que o passado do apartheid não se repetisse, não teve papel criminal.

Seguiram o rastro da Espanha, profundamente dividida desde a década de 1930. Após a morte de Franco, em meio à crise econômica e social, sem a mínima estrutura democrática, com apoio do rei Juan Carlos I, Adolfo Suarez abriu o diálogo entre esquerda, centro e direita. No Palácio la Moncloa, em 1977, em Madri, todos os partidos assinaram um pacto no qual predominava a preocupação econômica, mas que abarcava previdência, trabalho, liberdade, direito, energia, defesa e educação. A Espanha tornou-se uma democracia sólida, que sobreviveu à tentativa de golpe militar de 1981.

“Por quem os sinos dobram” (Bertrand Brasil), de Ernest Hemingway, que lutou como voluntário nas Brigadas Internacionais, é uma grande história de amor, tendo por referência a experiência pessoal do escritor na Guerra Civil Espanhola. Entretanto, narra a extrema violência das tropas de ambos os lados: os nacionalistas, auxiliados pelo governo italiano e nazista alemão, e os republicanos, apoiados pelas brigadas e a União Soviética. O livro é inspirado no poema “Meditações”, do pastor e poeta John Donne: “Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade”. Empresta o título à coluna.

Mortos e desaparecidos
Sim, os sinos hoje dobram por 434 mortos e desaparecidos, vítimas do regime militar, a maioria dos quais na tortura ou executados em confrontos simulados com os órgãos de repressão. Mas também dobram por cerca de 119 mortos pelos grupos armados que se opuseram à ditadura. E quatro militantes de esquerda que foram executados pelos próprios companheiros. Não eram “cachorros”. Qualquer tentativa de ajuste de contas punitivo com esse passado é um equívoco. Isso não significa confinar essa memória ao culto doméstico dos familiares de mortos e desaparecidos.

A radicalização política que antecedeu o golpe de 1964 dividiu profundamente a sociedade, inclusive as classes sociais e as famílias. Nem tudo foi fruto da “guerra fria”. Havia, como há ainda, um ambiente de iniquidade social propício. E também uma visão de ambos os lados de que as coisas se resolveriam pela força bruta do Estado e não pela sociedade, por via democrática.

A esquerda deveria se perguntar: por que Juscelino Kubitscheck e Ulyssses Guimarães apoiaram o golpe? A resposta é simples: foram empurrados para os braços de Carlos Lacerda e Magalhães Pinto, que empunharam a bandeira da democracia contra o radicalismo de esquerda. Os militares deveriam também se perguntar: por que Juscelino e Ulysses passaram à oposição, logo após o golpe de 1964? Outra resposta simples: o regime cancelou as eleições e derivou para uma ditadura sanguinária.

Existe um fio de história que liga os acontecimentos de 1964 aos dias atuais, que passa pelas reformas de base na marra, a luta armada, o voto nulo, o não apoio a Tancredo Neves, a rejeição ao Plano Real e o fracasso do governo Dilma Rousseff: o voluntarismo e a frustração de esquerda porque a queda da ditadura não se confundiu com a revolução.

Outro fio de história liga a frustração dos militares que ingressaram na carreira quando era uma via de ascensão ao poder político, cuja recidiva se deu no governo Bolsonaro, à tentativa de golpe de 8 de janeiro da extrema direita bolsonarista, inspirada no passado imaginário do regime militar: a mentalidade de que às Forças Armadas cabe tutelar a nação, por representar “o povo em armas”.

A polêmica sobre a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não relembrar oficialmente o golpe militar de 31 de março de 1964 é fruto dessas vicissitudes históricas. De fato, há um pacto de silêncio entre Lula e os comandantes militares, que proibiram as comemorações nos quartéis, enquanto generais e outros oficiais golpistas prestam contas à Justiça comum, fato inédito na história.

Entretanto, a sociedade não está proibida de reverenciar seus mortos, como fizeram os professores da Faculdade de Direito de Niterói (UFF), ao propor o título de Doutor Honoris Causa ao seu ex-aluno Fernando Santa Cruz, sequestrado e assassinato em 1974, depois de diplomá-lo bacharel post mortem. 

Lincoln Gordon pode ter sido o embaixador do golpe, mas para isso teve a ajuda do coronel Vernon Walters - Elio Gaspari (Globo, FSP)

O americano esteve em todas

Elio Gaspari


O Globo, domingo, 31 de março de 2024


Na manhã de hoje, há 60 anos, o embaixador americano Lincoln Gordon chegou à sua sala por volta das 9h15m. Ele sabia que o golpe estava por dias, mas não sabia que o general Olímpio Mourão Filho, comandante da Região Militar com sede em Juiz de Fora (MG), havia resolvido se rebelar. Quem o avisou que a coisa havia começado foi seu adido militar, o coronel Vernon Walters, um homem corpulento, amigo de militares brasileiros desde a Segunda Guerra Mundial.

Walters ralou durante esse dia. No fim da tarde achava-se que o general Castello Branco, seu colega de barraca na Itália e chefe do Estado-Maior do Exército, estava encurralado no Ministério da Guerra. (Falso, ele estava num aparelho na Zona Sul.) Um marechal avisou-o de que uma tropa legalista da Vila Militar marchava para Minas Gerais. Às 19h05m seu prognóstico era sombrio: “A rebelião parece estar perdendo ímpeto.”

Naqueles dias o Rio de Janeiro penava um racionamento de energia e bairros inteiros ficavam sem luz à noite. Perto das 23h, o marechal Lima Brayner, chefe do Estado-Maior da Força Expedicionária Brasileira durante a guerra, ouviu pancadas na entrada de serviço do seu apartamento de Copacabana, abriu a portinhola e viu, iluminado por uma vela, o coronel Walters. Brayner disse-lhe: “O Kruel acaba de lançar um manifesto.” “Graças a Deus”, respondeu Walters, um católico devoto.

A adesão do general Amaury Kruel, comandante da guarnição de São Paulo, havia decidido a parada. O marechal Cordeiro de Farias, patriarca de todas as sublevações militares do período resumiria a questão: “O Exército foi dormir janguista a acordou revolucionário.”

No dia 2 de abril, Walters passou pela casa de Castello Branco, em Ipanema. No dia 4, de novo, e também na do ex-presidente, marechal Eurico Dutra (1946-1950).

Eleito presidente, no primeiro dia de serviço, Castello convidou-o para um almoço no Palácio do Planalto. Walters presenteou-o com um abacaxi.

O coronel Walters entrou na mitologia das intervenções militares americanas como se, com seus seu pés enormes, esmagasse governos. Teria ajudado a derrubar o rei Farouk no Egito (1954), o premier Mossadegh no Irã (1953), os presidentes Manuel Prado no Peru e Arturo Frondizi na Argentina (1962), noves fora Jango. É um exagero.

Na vida real ele foi mais que isso. Onde houve encrenca ou mistério, lá está ele. Conversas secretas com chineses e vietnamitas? Foi Walters quem bateu à porta de embaixada chinesa em Paris com um recado do presidente americano Richard Nixon. Era em sua casa que Henry Kissinger se escondia para negociar com os vietnamitas do Norte. Escândalo do Watergate, que derrubou o presidente dos Estados Unidos? Ele era o vice-diretor da Central Intelligence Agency em 1972, quando a Casa Branca concebeu um estratagema para congelar as investigações do FBI. Walters e o diretor da CIA, Richard Helms, barraram a manobra.

Walters alistou-se no Exército para derrotar o nazismo e continuou na carreira para derrotar o comunismo. Em 1989, ele era embaixador na Alemanha e de sua janela viu o fim do Muro de Berlim. Morreu em 2002, aos 85 anos.

O homem que falava oito línguas

Walters era um interlocutor direto, dotado de um humor sarcástico. Costumava dizer que falava outras sete línguas (francês, italiano, espanhol, português, alemão, russo e holandês) mas não pensava em nenhuma. Seu português tinha pouco sotaque, como o de Roberto Campos.

Quando Fidel Castro lhe disse que estudou com padres, cortou:

— Yo también, pero me quedé fidel.

Quando era acusado de saber tudo sobre o Brasil, respondia.

— Se eu fosse isso tudo, não teria comprado um apartamento no Panorama Palace Hotel. (Lançado no Rio nos anos 1960, o Panorama foi um mico e hoje é chamado de Favela Hub.)

Walters alistou-se no Exército em 1941 antes mesmo que os Estados Unidos entrassem na guerra. Seu pai teve algum dinheiro, mas perdeu-o na Depressão dos anos 1930. Tinha talento para idiomas e lapidou-o na adolescência, como mensageiro de uma companhia de seguros da Babel de Nova York. Achou que com isso teria uma boa posição mas, de saída, virou soldado raso.

Um ano depois era tenente, na área de informações, e um coronel mandou que aprendesse português. Em 1943 foi designado para acompanhar oficiais brasileiros nos Estados Unidos e, mais tarde, na Itália. Daí em diante foi interprete das conversas de presidentes americanos com brasileiros, de Dutra a Médici, de Harry Truman a Richard Nixon. Teve dois padrinhos, o presidente Eisenhower e Averell Harriman, milionário, diplomata, ex-governador de Nova York grão-duque do partido democrata.

Depois de ter vivido alguns anos no Rio (e virar flamenguista), era adido militar em Roma em 1962, quando o embaixador Lincoln Gordon pediu ao presidente Kennedy que o removesse para o Rio, reforçando o dispositivo militar da embaixada. Walters moveu céus e terra para não sair de Roma, pensou em pedir passagem para a reserva. Em outubro o coronel desceu no Rio e teve 13 generais para recebê-lo no aeroporto.

Na noite de 13 de março de 1964 ele viu o discurso de João Goulart na casa do general Castello Branco. (O alto da testa de Castello batia abaixo da base do queixo de Walters, que o descreveria assim: “Baixo, robusto. O pescoço muito curto e a grande cabeça dão a impressão de que é corcunda”.)

Walters deixou o Brasil em 1967 como general. Uma semana depois da edição do AI-5, quando havia pressão para que os EUA se afastassem da ditadura, ele escreveu ao secretário de Estado Henry Kissinger defendendo a aliança:

“Se o Brasil se perder, não será outra Cuba. Será outra China”.

Walters foi adido militar em Paris, vice-diretor da CIA, embaixador nas Nações Unidas e em Berlim. Lá, pelo seu jeitão loquaz, o secretário de Estado James Baker evitava-o.

Washington manda, e Walters cumpre

Em 1966 a Polícia Federal prendeu dois americanos com contrabando de minérios na Amazônia. Um poderoso senador foi ao secretário de Defesa e pediu por eles. Walters recebeu o seguinte telegrama:

“Apreciamos seus francos comentários se há algo que possa ser feito nesse caso através de seus bons contatos com seus interlocutores militares brasileiros.”

Walters foi a Castello Branco dizendo-se envergonhado por encaminhar a gestão. Dias depois, as celas dos americanos amanheceram com as portas abertas e eles fugiram.

Missão impossível, Resgatar Kissinger

Quando: 1970.

Onde: Paris

O general Walters está no seu gabinete de adido militar na França e recebe uma mensagem de Washington informando que o avião que conduz do secretário de Estado Henry Kissinger para mais um encontro secreto com vietnamitas está sobre o Atlântico e será obrigado a descer no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha.

Missão: Trazer Kissinger, incógnito, a Paris.

Walters desceu, caminhou até o palácio presidencial e pediu para ser recebido imediatamente pelo presidente francês Georges Pompidou. Expôs o seu caso: precisava de um avião para buscar o secretário.

Quando Pompidou perguntou-lhe o que Kissinger vinha fazer em Paris, respondeu que a viagem envolvia uma senhora.

Pompidou emprestou-lhe um jato militar, ele desceu em Frankfurt, atravessou a pista, mandou apagar os refletores e resgatou Kissinger. Seguindo a rotina, levou-o para seu apartamento, onde a empregada jamais soube quem era o hóspede.

Serviço:

Walters escreveu dois livros de memórias, o primeiro, “Missões silenciosas”, muito bom, tem edição em português.

 

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Corrupção compensa (sobre o golpe de 1964, objeto de propina a um general) - Pedro Scuro (site pessoal)

Corrupção compensa

Pedro Scuro Neto

 18 de março de 2020

“Cada um trazia duas maletas, uma em cada braço. No total, seis maletas. (…) Mandei abrir. Começou uma briga, mas olhei e vi que era só dólar, dólar, dólar. Todas elas cheias de dólares. Amarradinhos do banco, aqueles pacotes de depósito bancário. Um milhão e 200 mil dólares.”

Um dos corruptos, comandante do II Exército, o general Kruel, para trair Jango, presidente da República, recebeu, intermediado pelo governador Adhemar de Barros, 600 mil dólares de propina da FIESP.

Um milhão e 200, segundo testemunhas insuspeitas, mas os 600 mil “se perderam” no caminho até a sede do Comando na Conselheiro Crispiniano.
https://ultimosegundo.ig.com.br/…/fiesp-subornou-general-pa…

Seu lugar tenente depois se tornou presidente do Loide Brasileiro, e continuou a cobrar propina, até de militares, inclusive do meu pai (sou testemunha), que lutava por seu direito a promoção durante a Segunda Guerra (e o Exército não queria dar).
Esse corrupto – General Tito – foi diretor do Hospital Militar. Recebeu, na época, muitos resistentes torturados e feridos pela ditadura.


Kruel depois virou marechal e foi eleito deputado federal pelo MDB. Morreu dando risada de todo mundo, na cama, Seus herdeiros tiveram de indenizar uma pessoa mantida em condições de escravidão em uma sua fazenda de cacau em Linhares, Espírito Santo. O processo se arrastou por mais de cinquenta anos.

A última conversa telefônica de João Goulart com o general que o trairia

Acena está num dos melhores livros sobre a ditadura, “Brasil: de Castelo a Tancredo”, do brasilianista Thomas Skidmore.

Ela conta muito sobre o caráter do presidente João Goulart, o Jango, deposto pelos militares há 50 anos.

Era o dia 1.o de abril de 1964, e  Jango recebera a notícia no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, onde pernoitara, de uma sublevação militar.

Unidades do Exército marchavam contra ele para depô-lo. Tropas do Primeiro Exército, baseado no Rio, foram enviadas para deter os golpistas, mas acabaram se juntando a estes.

Mas havia uma saída.

Se o general Amaury Kruel, comandante do Segundo Exército, sediado em São Paulo, não aderisse à insurreição, ela simplesmente não prosperaria, dada a força paulista nas coisas nacionais.

Kruel não conspirara contra o governo, em parte por não gostar de um dos líderes do movimento, o general Castelo Branco, que acabaria sendo o primeiro presidente da ditadura.

Jango ligou para Kruel.

Este condicionou seu apoio a uma coisa: que Jango rompesse com a central sindical, a CGT, controlada pela esquerda e abominada pelos militares em seu anticomunismo feroz.

Se Jango dissesse sim, seu governo sobreviveria. Mas Jango disse não. “Então, senhor presidente, não há nada que possamos fazer”, respondeu Kruel.

Kruel pode não ter sido apenas desleal, mas desonesto.

Um coronel reformado do Exército afirmou recentemente, numa sessão da Comissão da Verdade de São Paulo, que Kruel foi subornado pela Fiesp para aderir ao golpe.

Esta afirmação não está no livro de Skidmore, e nem poderia estar, porque é recente.

O coronel disse ter visto três homens colocarem maletas cheias de dólares no carro de Kruel, depois de um encontro no dia 31 de março entre ele e o presidente da Fiesp, Raphael Noschese. O preço pago por Kruel, segundo o coronel, foi 1,2 milhão em dinheiro da época, algumas dezenas de milhões em valores de hoje.

Com ou sem as malas de dólares, o fato é que Jango preferiu cair com honra a trair os sindicalistas que lhe eram tão caros.

Era, então, ao contrário do que os detratores apregoaram por tantos anos, um presidente altamente popular.

Uma pesquisa Ibope do começo de 1964 mostrava que ele estava na frente entre os eleitores para as eleições presidenciais marcadas para 1965.

Terminada a conversa telefônica com Kruel, Jango logo sairia do governo e do país.

Sem apoio militar, e sem desejar mergulhar o Brasil numa guerra civil, foi embora para o Uruguai, refúgio tradicional de líderes políticos sul-americanos.

Em circunstâncias parecidas, sem mentor, Getúlio Vargas, dera uma década antes um tiro no coração para, como escreveu em sua carta testamento, deixar a vida e entrar na história.

Jango optou por entrar na história sem deixar a vida – mas apenas a presidência. Tinha filho pequeno para criar, e uma bela mulher para cuidar de suas feridas.

Morreria doze anos depois, em circunstâncias obscuras, na Argentina. A razão oficial foi um ataque cardíaco, mas amigos e familiares sustentam que ele foi envenenado.

A máquina de propaganda da ditadura moldou a imagem de um presidente impopular, indeciso, inepto.

Mas o tempo começa a mostrar um outro Jango, um presidente disposto a fazer reformas essenciais ao desenvolvimento social do país, e com uma agenda de mudanças ainda hoje atual.

Mas, acima de tudo, emerge o homem honrado que preferiu deixar o poder a trair seus aliados, como queria o general Kruel.


sexta-feira, 31 de março de 2023

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre o golpe de 1964 e sobre a ditadura militar

 Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre o golpe de 1964 e a ditadura militar


Lista elaborada a partir da lista geral de trabalhos

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 31 de março de 2023

 

013. “L’Etat Brésilien”, Bruxelas, novembro 1972, 12 p. Artigo sobre a evolução política brasileira e sobre a natureza autoritária do regime de 1964. Publicado La Revue Nouvelle (Bruxelles, 29e année, Tome LVIII, numéro 11, spécial “Amériques Latines, Novembre 1973, p. 426-432). Relação de Trabalhos Publicados n. 001.

 

032. Idéologie et Politique dans le Développement Brésilien, 1945-1964, Bruxelas-Antuérpia, dezembro 1975-janeiro 1976, 108 p. “Mémoire” apresentado para obtenção do grau de Licenciado em Ciências Sociais; Diretor: Prof. Robert Devleeshouwer (Bruxelles, Université Libre de Bruxelles, Faculté des Sciences Sociales, Politiques et Economiques, 1976, 108 p.). Relação de Publicados n. 005.

 

1990. “Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964”, Brasília-Rio de Janeiro, 20 março 2009, 23 p. Sobre o maniqueísmo construído em torno do golpe ou da revolução de 1964, condenando a historiografia simplista que se converteu em referência nos manuais didáticos e paradidáticos. Espaço Acadêmico(ano 9, n. 95, abril 2009). Dividido em quatro partes e publicado sucessivamente em Via Política: Os mitos em torno do movimento militar de 1964 (1): Uma historiografia enviesada (12/04/2009); (2) Mitos do Governo Goulart (19/04/2009); (3) Análise das alegadas ‘reformas de base’ (26/04/2009); (4) Balanço econômico do Governo Goulart (03/05/2009). Reproduzido na Revista Acadêmica Espaço da Sophia (ano 3, n. 26, maio 2009). Relação de Publicados n. 898.

 

2393. “Dou-me o direito de discordar (Comissão da “Verdade”), Paris, 16 maio 2012, 2 p. Comentários a frase da presidente Dilma Rousseff, para quem os que se levantaram em armas contra a ditadura militar estavam lutando pela “redemocratização” do Brasil. Postado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.fr/2012/05/dou-me-o-direito-de-discordar-comissao.html); trecho reproduzido em matéria da Veja, edição 2270, de 23/05/2012. 

 

2580. “O governo Goulart e o mito das reformas de base”, Hartford, 6 Março 2014, 15 p. Ensaio baseado no trabalho 1990, sobre as falácias em torno do golpe militar de 1964 (10.092009), para número especial da Revista Estudos em Jornalismo e Mídia (vol. 11 n. 1, janeiro-junho de 2014; Tema: 50 anos do Golpe Militar de 64. Adaptado, ampliado, no trabalho 2590, para a revista do Clube Militar.

 

2589. “Governance in Brazil during Dictatorship and Democracy”, Hartford, 14 março 2014, 25 slides para apresentação no “Brazil: From Dictatorship to Democracy (1964-2014)”; A Brown Student and Alumni Conference and International Symposium (Watson Institute for International Studies, Brown University; 111 Thayer Street, Providence, Rhode Island; - April 9-12, 2014). 

 

2590. “Deformações da História do Brasil: o governo Goulart, o mito das reformas de base e o maniqueísmo historiográfico em torno do movimento militar de 1964”, Hartford, 14 março 2014, 22 p. Reelaboração dos trabalhos 1990 e 2580, para fins de publicação na revista do Clube Militar (Rio de Janeiro: ano LXXXVI, no 452, fevereiro-março-abril de 2014; edição especial: “31 de Março de 1964 – A Verdade”, p. 107-122; ISSN: 0101-6547). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9430621/2590_Deforma%C3%A7%C3%B5es_da_Hist%C3%B3ria_do_Brasil_o_governo_Goulart_o_mito_das_reformas_de_base_e_o_manique%C3%ADsmo_historiogr%C3%A1fico_em_torno_do_movimento_militar_de_1964_2014_). Relação de Publicados n. 1127.

 

2595. “O Brasil na crise de 1964 e a oposição armada ao regime militar: um retrospecto histórico, por um observador engajado”, Hartford, 30 março 2014, 15 p. Considerações sobre a conjuntura histórica de 1964 e os anos de contestação armada, aproveitando extratos dos trabalhos 2329 e 2470. Dividido em dez partes para o Instituto Millenium e para o Dom Total. Publicado nas Colunas Dom Total, a partir de 3/04/2014 até 2/05/2014, link: 1. http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4170; etc. até o 10. http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4179); divulgado no blog Diplomatizzando, sob o título geral de “O regime militar e a oposição armada” (1: 31/03/2014; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-1.html; 2. 31/03/2014; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-2.html; 3. 31/03/2014, link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-3.html; 4. 31/03/2014, link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-4.html; até o 10. http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/o-regime-militar-e-oposicao-armada-10.html).

 

2717. “Sobre as ‘causas’ do golpe militar de 1964”, Hartford, 23 novembro 2014, 7 p. Sobre artigo de Carlos Fico, “50 anos do golpe: balanço”, blog Brasil Recente, 20/11/2014; link: http://www.brasilrecente.com/2014/11/50-anos-do-golpe-balanco.html?spref=fb), criticando o suposto “medo” da classe média e das elites das reformas de base de João Goulart. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/11/sobre-as-causas-do-golpe-militar-de.html), no Academia.edu (link: https://www.academia.edu/10006736/2717_Sobre_as_causas_do_golpe_militar_de_1964_2014_) e disseminado no Facebook. 

 

2910. “Pensamento Diplomático Brasileiro: a era militar (1964-1985); proposta de organização e texto introdutório”, Brasília-Anápolis, 20-25 dezembro 2015, 14 p. Texto propositivo para a continuidade do projeto PDB, cobrindo o período do regime militar.

 

3012. “Pensamento Diplomático Brasileiro: o período autoritário (1964-1985)”, Brasília, 13 julho 2016, 43 p. Proposta de trabalho para a Funag, no seguimento do primeiro projeto, que cobriu o período 1750-1964. Entregue ao presidente da Funag, sem intenção de participar. Partes servindo de subsídio para redação de um capítulo sobre as relações internacionais do Brasil durante o regime militar brasileiro, para obra coletiva sob a direção de Jorge Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado, Brasil Republicano (Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003, 4 vols., várias edições e reimpressões). 

 

3022. “O golpe de 1964 e os acadêmicos de 2013: persistem os maniqueísmos”, Brasília, 6 agosto 2016, 2 p. Considerações sobre o texto de Manuel Domingos Neto (UFF): “A necessidade de estudos de defesa”, in: Álvaro Dias Monteiro; Erica C. A. Winand; Luiz Rogério Goldoni (orgs.): Pensamento brasileiro em defesa: VI ENABED; Aracaju: Editora UFS, 2013, p. 39-54, p.49. Blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/o-golpe-de-1964-e-os-academicos-de-2013_6.html) e Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1210696195660495).

 

3078. “As relações internacionais do Brasil na era militar (1964-1985)”, Buenos Aires, 25 janeiro 2017, 22 p. Ensaio historiográfico para o 4o. volume da 2a. edição do livro de Jorge e Lucilia de Almeida Neves Delgado (orgs.), Brasil Republicano (Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003, 4 vols.). 

 

3112. “O caso ainda não resolvido do pensamento diplomático brasileiro: hipóteses sobre o regime militar (1964-1985)”, Brasília, 3 maio 2017, 13 p. Texto preliminar sobre a existência de um pensamento diplomático na era militar, para a II Jornada de Pensamento Político Brasileiro (IESP-UERJ), para o GT de Pensamento Internacional Brasileiro. Inserido em Academia.edu (5/08/2017; link: https://www.academia.edu/s/64e2552ba9/o-caso-ainda-nao-resolvido-do-pensamento-diplomatico-brasileiro-hipoteses-sobre-o-regime-militar1964-1985?source=link), Diplomatizzando(https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/o-caso-ainda-nao-resolvido-do.html). 

 

3174. “O processo econômico na era militar: crescimento e crises”, Brasília, 8 outubro 2017, 40 p. Ensaio sobre a economia brasileira na era militar, Versão resumida sob n. 3252, apresentada na 7ª Conferência Internacional de História de Empresas e IX Encontro de pós-graduação em História Econômica. Ribeirão Preto: USP/ABPHE, 2019.

 

3252. “A trajetória econômica do Brasil na era militar: crescimento e crises”, Brasília, 27 fevereiro 2018, 26 p. Versão resumida do trabalho n. 3174, para apresentação na 7ª Conferência Internacional de História Econômica da ABPHE (Ribeirão Preto, em 10-11 de julho de 2018), na área de “Brasil e América nos séculos XX e XXI”; in: OLIVEIRA, Lélio Luiz de; MARCONDES, Renato Leite e MESSIAS, Talita Alves de (orgs.), Anais do 7ª Conferência Internacional de História de Empresas e IX Encontro de pós-graduação em História Econômica. Ribeirão Preto: USP/ABPHE, 2019. ISBN: 978-85-68378-02-1; disponível no link: http://www.abphe.org.br/uploads/Encontro_2018/ALMEIDA.%20A%20TRAJET%C3%93RIA%20ECON%C3%94MICA%20DO%20BRASIL%20NA%20ERA%20MILITAR_CRESCIMENTO%20E%20CRISES.pdf); Academia.edu (link: http://www.academia.edu/38275891/3252TrajetoriaEconRegimeMilitar.pdf) e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/330838771_A_trajetoria_economica_do_Brasil_na_era_militar_crescimento_e_crises). Relação de Publicados n. 1300.

 

3255. “Uma tragédia brasileira: a loucura insurrecional do PCdoB”, Brasília, 24 março 2018, 6 p. Texto de caráter ensaístico-histórico, oferecido como comentários sobre uma aventura irresponsável, a guerrilha do Araguaia, em conexão e em colaboração a livro de Hugo Studart, sobre o tema. Publicado no livro de Hugo Studart: Borboletas e Lobisomens: vidas, sonhos e mortes dos guerrilheiros do Araguaia (Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 2018, 660 p.; ISBN: 978-85-265-0490-5; p. 503-507). Versão original publicada no blog Diplomatizzando (9/07/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/golpes-revolucoes-e-movimentos-armados.html). Relação de Publicados n. 1285.

 

3271. “Moção de louvor das esquerdas à CIA”, Brasília, 12 maio 2018, 2 p. Gozação com a esquerda, fazendo-a agradecer à CIA pela produção de documento secreto, liberado pelo Departamento de Estado, confirmando ordens dos generais-presidentes para a eliminação física (execução sumária) de opositores políticos à ditadura militar; com documento anexo. Divulgado no blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/05/mocao-de-louvor-das-esquerdas-cia-paulo.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1911076248955816).

 

3442. “Sobre as intervenções de militares na política brasileira”, Brasília, 31 março 2019, 5+6 p. Introdução histórica e política e comentários de Mario Sabino (Crusoé, n. 48, 31/03/2019) ao texto da Ordem do Dia das FFAA a propósito do dia 31 de março. Publicado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/para-ler-os-militares-em-1964-e-em-2019.html). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/f60c55b452/sobre-as-intervencoes-de-militares-na-politica-brasileira). Transcrita de forma parcial no Blog Diplomatizzando (18/04/2019; link; https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/04/as-forcas-armadas-e-sociedade-cel.html).

 

3874. “A diplomacia blindada do Brasil e o golpe militar no Chile em 1973”, Brasília, 22 março 2021, 10 p. Resenha de O Brasil contra democracia: a ditadura, o golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul, de Roberto Simon (São Paulo: Companhia das Letras, 2021); Book review para Meridiano 47, Carlo Patti (carlo.patti@ufg.br); entre 2000 e 4000 palavras, com a bibliografia no fim do manuscrito, o sistema autor-data de citação e o uso de notas de rodapés somente para comentários. Postado no Meridiano 47. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal(Brasília, n. 11, 2021, pp. 285-297; ISSN: 2525-6653); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/63866502/Resenha_Rob_Simon_Golpe_Chile_Rev_IHGDF). Relação de Publicados n. 1425.

 

3930. “Sobre a política externa e a diplomacia brasileira: uma entrevista”, Brasília, 16 junho 2021, 14 p. Respostas a questões do jornalista Duda Teixeira, em formato de entrevista para a revista Crusoé sobre temas de diplomacia e de política externa; matéria publicada na seção “Entrevista da Semana” da Revista Crusoé (edição 164, 18/06/2021; link: https://crusoe.com.br/edicoes/164/mudanca-a-forca/0). Parte relativa aos militares, divulgada de forma independente, sob o título de “Existe algum risco de golpe miliar no Brasil? Não, embora o capitão gostaria que ocorresse”, no blog Diplomatizzando (18/06/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/06/existe-algum-risco-de-golpe-militar-no.html). Relação de Publicados n. 1406.

 

3994. “Três decisões conscientes, em três momentos de meu itinerário acadêmico-profissional”, Brasília, 11 outubro 2021, 2 p. Reflexões sobre minha postura contrarianista sob a ditadura militar, no reinado dos companheiros e no governo dos novos bárbaros. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/10/tres-decisoes-conscientes-em-tres.html). Reproduzido em 18/03/2023, no corpo do trabalho n. 4338, retomando os termos do testemunho de 2021. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/03/decisoes-sao-tomadas-depois-sao.html).

 

4207. “O Brasil e o golpe de Estado: imaginando cenários”, Brasília, 25 julho 2022, 2 p. Nota irônica sobre as ameaças de golpe de Estado pelo personagem histriônico que nos governa. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/07/o-brasil-e-o-golpe-de-estado-paulo.html).

 

4307. “Foi golpe, Golpe ou foi GOLPE?”, Brasília, 19 janeiro 2023, 3 p. Observações sobre diferentes versões da história no caso de impeachments. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/01/foi-golpe-golpe-ou-foi-golpe-paulo.html).

 

4315. “Da banalidade do mal que acaba de ser extirpado depois de quatro anos de infortúnio nacional”, Brasília, 4 fevereiro 2023, 2 p. Nota sobre a degradação da política no Brasil, ameaçado por golpe militar e convivendo com o infortúnio do genocídio indígena. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/02/da-banalidade-do-mal-que-acaba-de-ser.html).