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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 30 de novembro de 2024

Book by Hongshan Li: Fighting on the Cultural Front: U.S.-China Relations in the Cold War - Review by Zeno Leoni (H-Diplo)

H-Diplo: New posted content


O Brasil na maior encruzilhada de sua história: pode-se escolher uma “nova ordem mundial”? - Paulo Roberto de Almeida

O Brasil na maior encruzilhada de sua história: pode-se escolher uma “nova ordem mundial”?

Paulo Roberto de Almeida

Ordens mundiais — não necessariamente universais, ou globais, mas simplesmente dominantes regionalmente — não estão livremente disponíveis nos supermercados da História, para que um Estado qualquer, como um cliente entrado para as compras, possa escolher a que melhor lhe agrada ou aquela que seja a mais adequada às suas conveniências peculiares. O mundo não funciona assim, com um leque aberto de ordens econômicas e politicas entre as quais o cliente-Estado possa se servir à vontade, ao melhor de suas opções.

Nunca existiu, até a comunidade de nações precariamente organizada em Bretton Woods e logo em seguida em San Francisco, uma “ordem global” tal como a existente desde 1945, formalmente agrupada nas instituições onusianas (e alguns derivativos temáticos ou regionais) e dispondo de certa legitimidade dada por tratados e acordos em princípio aceitos por todos os Estados contemporâneo. O membership da ONU compreende, com certa boa vontade, a quase universalidade de Estados (ou circunscrições aduaneiras) legitimamente reconhecidos entre si: são 193 Estados, mais alguns observadores (como a Palestina, por exemplo) e duas partes contratantes ao Gatt com status especiais de territórios aduaneiros: Hong Kong, por um lado, Taiwan, por outro. A FIFA supera largamente a “universalidade” da ONU, com 211 federações nacionais (embora algumas, presentes apenas por razões históricas, como Escócia e País de Gales, por exemplo).

Anteriormente à ONU, nenhuma organização multilateral — mais exatamente interestatal — podia aspirar a tal abrangência “global”, muito menos a Liga das Nações, sua precária e muito incompleta antecessora. Todas as “ordens mundiais” precedentes não passavam de impérios regionais com maior ou menor abrangência geográfica ou populacional. O mundo, na visão abrangente de um Arnold Toynbee, assistiu à dominação concorrente ou sucessiva de duas dezenas de grandes civilizações, várias organizadas no formato de impérios, das quais a maior e mais bem-sucedida teria sido a civilização ocidental (na perspectiva dos anos 1930, quando ele comecou a escrever os diversos volumes de seu monumental Estudo da História, isso parecia fazer sentido, pois que impérios europeus e o americano “mandavam” no resto do mundo, à exceção do império russo-soviético).

O Brasil, incorporado colonialmente ao grande império marítimo lusitano (apud Charles Boxer) durante três séculos, passou a fazer parte, de modo informal, na sua independência, dos impérios europeus e americano (este um pouco mais tarde), ou seja, pertencíamos, por destino, herança e escolha própria, à “civilização ocidental” toynbeeana, dominante no mundo, desde os Descobrimentos, passando por Westfália e o arranjo oligárquico de Viena, até a Liga das Nações (da qual nos afastamos atabalhoadamente  por caprichos do presidente Arthur Bernardes). Mas confirmamos nosso pertencimento à “civilização ocidental” desde Bretton Woods e San Francisco, mesmo quando insistíamos em afirmar nossa autonomia diplomática em face do arrogante Big Brother, representado pelo hegemon quase universal, o império americano do pós-Segunda Guerra Mundial.

A “ordem liberal ocidental” foi dominante enquanto o antigo Império do Meio — transmutado de República da China em República Popular, já na ONU desde 1972 — ainda atravessava seu declínio secular, desde os Qing até Deng Xiaoping, e enquanto o império soviético só era importante belicamente, em sua mediocridade econômica, financeira e política.

A plena inserção do Brasil na ordem liberal ocidental foi especialmente relevante, no plano diplomático, enquanto o mundo vivia a bipolaridade da “primeira” Guerra Fria, mesmo com um alinhamento onusiano mais próximo do que hoje se chama (equivocadamente) de Sul Global, ou do G77, do que dos votos e posturas do “núcleo duro” do bloco ocidental: EUA, Europa ocidental, G7, Ocde, Otan etc. Nunca tivemos de “escolher” uma outra “ordem mundial”, porque ela simplesmente inexistia, como proposta alternativa concreta. Nosso alinhamento autônomo à ordem economicamente, politicamente, culturalmente dominante do Ocidente foi confirmado mesmo nos momentos mais representativos de uma “politica externa independente”: a própria PEI, do início dos anos 1960, depois a partir do final dessa década, sem esse nome, mas, em tudo e por tudo, autônoma vis-à-vis os dois grandes blocos geopoliticos da segunda metade do século XX (até os anos 1990). Um “alinhamento ocidental” verdadeiramente independente, pois que nunca trocamos o status de observador pelo de membro do Movimento Não Alinhado, por exemplo. 

Tal consistência diplomática foi mantida durante toda a segunda metade do século XX, até que algo começou a mudar, na substância e na forma, com o advento da diplomacia partidária lulopetista, já neste século, quando Lula e o PT assumem o poder em 2003. Nos dois primeiros mandatos, a diplomacia foi apenas parcialmente partidária e alternativa, mas não havia nenhuma proposta de alguma outra “ordem global” sendo oferecida nos supermercados da História: a Rússia recém emergia da “maior catástrofe geopolítica do século XX” e a China, recém admitida no Gatt-OMC, ainda não tinha começado a flexionar os seus músculos econômicos, o que ela fez muito rapidamente a partir de então.

Lula e o PT, para não mencionar os diplomatas mais “autonomistas”, reforçaram as demandas por uma “reforma das instituições multilaterais da governança global”, com especial atenção para as de Bretton Woods, a OMC e, no coração da matéria, o Conselho de Segurança da ONU. Mas o conceito de “nova ordem global”, com o adjetivo multipolar agregado em seguida, não tinha sido ainda aventado de forma explícita nos primeiros três lustros do século. Ele passou a ser mencionado, primeiro de forma tímida ou ocasional, a partir da invasão e da anexação ilegais da península ucraniana da Crimeia (de fato historicamente russa, mas pertencente à jurisdição da República da Ucrânia desde 1991), por Putin, em fevereiro de 2014, numa aventura militar mais ousada do que suas incursões igualmente ilegais na Georgia e na Moldávia alguns anos antes.

Com a guerra de agressão de Putin contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, o conceito se firmou, em declarações de Putin e de Xi Jinping, e rapidamente se tornou o princípio organizador de uma nova concepção de “ordem mundial”, ou global, com o apêndice “multipolar”, ele próprio uma recusa direta ou indireta da “ordem mundial ocidental”, agora expressamente recusada por suas tonalidades hegemônicas e, supostamente, por não ser verdadeiramente “democrática”.

Esta é pois a encruzilhada “existencial” para a qual o Brasil e sua política externa podem ter sido encaminhados, sem qualquer consulta mais ampla à nação, pela diplomacia partidária lulopetista, sem muita elaboração conceitual em torno de suas implicações mais relevantes para o pais por parte do corpo profissional do Itamaraty ou de outros setores da sociedade brasileira. 

O tema apresenta importância maior na vida da nação para merecer reflexões mais profundas sobre o significado e as consequências dessa “adesão” governamental — talvez apenas personalista — a um conceito e um projeto mal definido ou explicitado, sendo patrocinado abertamente por duas grandes potências que já se colocaram em oposição declarada à alegada “ordem liberal ocidental”, ainda dominante. Um exercício reflexivo sobre essa “adesão não oficial” (mas repetida de forma recorrente) deve começar a fazer parte das preocupações conceituais e pragmáticas daquela pequena tribo de pensadores engajados no terreno das relações internacionais do país e da própria diplomacia da nação.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 30/11/2024

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Addendum:

Um comentário adicional, na sequência desta nota acima, postada neste mesmo blog Diplomatizzando: 

https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/11/o-brasil-na-maior-encruzilhada-de-sua.html?m=1

Durante a maior parte do século XX o Brasil se considerou não exatamente como um participante ativo do bloco liderado pelos Estados Unidos, mas como integrante desse conceito maior que se chama civilização ocidental, mantendo sua autonomia decisória e plena independência diplomática nos confrontos geopolíticos interimperiais. 

Aparentemente, já adentrado o século XXI, certa diplomacia partidária e algum entusiasmo acadêmico, parecem conduzi-lo a um projeto indefinido e altamente questionável de “nova ordem global multipolar”, proposto por duas grandes autocracias, que contestam a ordem liberal ocidental em vigor desde o final da IIGM, e que pretendem claramente se colocar como alternativa não ocidental, e não democrática, a uma ordem bem mais identificada com os princípios e valores de nossa politica externa tradicional. Personalismo megalomaníaco explica parte dessa tendência diplomática insuficienteme debatida pela cidadania bem-informada; o resto é antiamericanismo primário de parte da academia.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 30/11/2024


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

DDB: Documentos Diplomáticos Brasileiros? - Uma possibilidade longinqua, ao que parece... Documentos Diplomáticos Suíços

DDB: Documentos Diplomáticos Brasileiros? - Uma possibilidade longinqua, ao que parece... Documentos Diplomáticos Suíços 

A diplomacia brasileira dispõe de um um Consultor Jurídico – o primeiro foi instituído pelo pai do Barão, o Visconde do Rio Branco –, mas nunca "sentiu necessidade" de dispor de um historiador oficial, ou seja, alguém encarregado de selecionar os documentos diplomáticos mais interessantes e de divulgá-los em prazos regulares.

Não temos, por exemplo, o equivalente do U.S. Foreign Relations series, volumes temáticos com documentos cronologicamente agrupados, mesmo confidenciais (depois de liberados), que servem ao público em geral, mas mais precisamente aos historiadores, como guias documentais em seu trabalho analítico e interpretativo. Sempre propus a criação de um cargo de Historiador Diplomático no Itamaraty, mas nunca fui ouvido.

Até o Reino do Marrocos possui um quadro estratégico das relações internacionais do país, preparado pelo seu instituto de pesquisas da área diplomática, que pode ser visto neste link: https://www.ires.ma/fr/publications/rapports-generaux/tableau-de-bord-strategique-evolution-du-positionnement-international-du-maroc-douzieme-edition

Abaixo, um exemplo interessante: a série da Suíça, liberada a cada 30 anos, ou seja, na desclassificação.

Paulo Roberto de Almeida


Biblioteca Digital da Funag: mais de mil livros disponíveis gratuitamente

A Biblioteca Digital da Fundação Alexandre de Gusmão tem, em seu estoque de livros disponíveis, 1033 obras, um volume continuamente alimentado por novos acréscimos:

 https://funag.gov.br/biblioteca-nova/todos/0

Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) coloca à disposição do público obras relativas ao estudo dos grandes temas de interesse da política externa brasileira e das relações internacionais. As obras encontram-se em formato digital para download gratuito na biblioteca digital.


Bolsonaro nu - Editorial O Estado de S. Paulo

Bolsonaro nu

Editorial O Estado de S. Paulo, 28/11/2024

Ninguém precisava da PF para saber que Bolsonaro é golpista. Mas as investigações são úteis porque o despem de vez dos trapos retóricos com os quais ele tentou se travestir de democrata

O relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado que teria sido urdida no seio do governo de Jair Bolsonaro para aferrá-lo ao poder decerto não surpreendeu quem acompanhou minimamente a vida pública do ex-presidente. Desde quando saiu do Exército em desonra, passando por uma frívola carreira parlamentar – que, se prestou para alguma coisa, foi para enriquecê-lo, além de sua família – até chegar à Presidência da República, Bolsonaro jamais traiu seu espírito golpista. De mau militar e mau deputado a mau presidente, foram quase 40 anos de exploração da insurreição e da infâmia como ativos políticos.

Este jornal, seguramente, não está surpreso com o que veio a público após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantar o sigilo sobre o referido relatório. Afinal, faz quase 25 anos que já sublinhávamos nesta página o vezo parasitário de Bolsonaro no Brasil pós-redemocratização, chamando-o pelo que é: um desqualificado que se serve das mesmas liberdades democráticas que sempre quis obliterar (ver o editorial Dejetos da democracia, 8/1/2000).

A rigor, ninguém precisava de um relatório policial de mais de 800 páginas para saber que Bolsonaro é um golpista inveterado. Quem já votou nele ao longo da vida pode alegar tudo, menos desconhecimento de sua índole destrutiva. Mas, para quem quiser, aí está o portentoso material reunido pela PF a encadear fatos e personagens com notável robustez, além de desnudar o espírito insurreto que jamais deixou de guiar o ex-presidente ao longo de sua trajetória.

Segundo a PF, Bolsonaro “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva” das tramoias para impedir a posse do presidente Lula da Silva, o que teria incluído até um suposto plano para assassiná-lo, entre outras autoridades. E não só entre novembro e dezembro de 2022, mas durante todo o mandato – que, recorde-se, começou com a disseminação de mentiras sobre a suposta “fragilidade” das urnas eletrônicas. Ainda de acordo com a PF, essa desabrida campanha de desqualificação do sistema eleitoral já era parte do plano golpista de Bolsonaro para se insurgir contra um resultado nas urnas que não fosse a sua reeleição, contando que a desconfiança que semeou entre milhões de brasileiros poderia lhe ser útil no futuro.

É fundamental frisar que ainda se está em fase de inquérito policial. De modo que o contraditório e a ampla defesa só estarão plenamente garantidos aos 37 indiciados, como é próprio do Estado Democrático de Direito, mais à frente, vale dizer, se e quando a Procuradoria-Geral da República (i) oferecer denúncia contra eles, (ii) as acusações forem aceitas pelo STF e (iii) o caso, então, entrar na fase judicial propriamente dita. Entretanto, as eventuais provas que poderão ser apresentadas à Justiça pelo parquet, obviamente, serão decisivas apenas, por assim dizer, para o destino penal de Bolsonaro. Já sobre seu golpismo não há prova mais cabal de que se trata de um inimigo figadal da democracia do que seu próprio passado.

Nesse sentido, é estarrecedor ainda haver no seio de uma sociedade que se pretende livre e democrática quem admita a presença de alguém como Bolsonaro na vida política. Ou pior, que enxergue como “democrata”, “patriota”, “vítima do sistema” ou baboseira que o valha um sujeito de quinta categoria que já defendeu o fechamento do Congresso, lamentou o “baixo número” de concidadãos torturados e mortos nos porões da ditadura militar, pregou o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso e trata adversários políticos como inimigos a serem eliminados, inclusive fisicamente. Ademais, Bolsonaro jamais desestimulou as manifestações de teor golpista realizadas em seu nome, como os acampamentos na frente de quartéis País afora. Tudo indica que não o fez para falsear um “clamor popular” pelo golpe e, assim, pressionar as Forças Armadas a apoiálo na intentona – o que, para o bem do Brasil, não ocorreu.

A Justiça, primeiro, e a História, depois, hão de ser implacáveis com Bolsonaro e todos os que flertaram com a destruição da democracia no Brasil.


How the Global Distribution of Wealth Has Changed (2000-2023) - Visual Capitalist

 How the Global Distribution of Wealth Has Changed (2000-2023)

This was originally posted on our Voronoi app. Download the app for free on iOS or Android and discover incredible data-driven charts from a variety of trusted sources.

People worldwide are becoming increasingly wealthier—and not just those who already own great wealth.

Over recent decades, the share of the global population with wealth between $10,000 and $100,000 has more than doubled, while the group in the lowest wealth segment (less than $10,000) has been nearly cut in half.

This graphic illustrates the shifts in global wealth distribution between 2000 and 2023, based on data from Art Basel and UBS.

Key Takeaways

The percentage of adults in the lowest wealth segment (under $10,000) decreased from 75% in 2000 to 40% in 2023. Most of these individuals reside in poorer countries, predominantly in Africa.

Meanwhile, the group with wealth between $10,000 and $100,000 has seen the most significant growth over the last two decades.

Year< $10k$10k-$100k$100k-$1m> $1m
200075%17%8%1%
201056%32%12%1%
201957%33%10%1%
202253%34%12%1%
202340%43%16%2%

While the share of millionaires has doubled since 2000, they still account for only 2% of the global population. North America and the Middle East have experienced the largest percentage increase in the number of millionaires since 2016, with +52% and +50% growth, respectively.

Individuals with assets worth $100,000–$1 million have grown from 8% to 16% of the population.

According to UBS, the data shows that in every wealth band and over any time horizon, it’s consistently likelier for people to climb up the wealth ladder than slip down it, at least on a global level.

Learn More on the Voronoi App 

To learn more about this topic, check out this graphic that shows the global wealth distribution by region in 2023.


Venezuela: a maneira dura de Trump tratar com a ditadura não vai funcionar, como não funcionou com Cuba ou Nicarágua - Francisco Rodriguez (Foreign Affairs)

 The Case for Engagement With Venezuela

Maximum Pressure Will Only Strengthen Maduro

By Francisco Rodríguez

Foreign Affairs, November 28, 2024

https://www.foreignaffairs.com/venezuela/case-engagement-venezuela?utm_medium=newsletters&utm_source=fatoday&utm_campaign=The%20Case%20for%20Engagement%20With%20Venezuela&utm_content=20241128&utm_term=EDZZZ003ZX#author-info

 

Among the most complex foreign policy challenges facing the new U.S. administration is the situation in Venezuela. Over the past 12 years, Venezuela has transitioned from a fragile democracy to an entrenched authoritarian regime, experiencing one of the most severe economic collapses and migration crises in modern history outside wartime. And in recent years, these problems have increasingly affected the United States. During the past five years, U.S. authorities have apprehended more than 900,000 Venezuelans attempting to cross the southern border.

[Lea la versión de este artículo en español aquí.]

Many expect that Donald Trump’s presidency will mean the return of the maximum-pressure approach to Venezuela that defined his first term, when Washington imposed sweeping oil and financial sanctions, backed efforts at an armed uprising, and even floated the possibility of direct military action. At a rally in Florida just three days before the election, Senator Marco Rubio, Trump’s nominee for secretary of state, asserted that under the new administration, “we will have a very different position, much tougher and much clearer, not only in Venezuela, but also in Cuba and Nicaragua.” Rubio has cosponsored legislation to codify sanctions on Venezuela, conditioning any sanctions relief and diplomatic recognition on Venezuelan President Nicolás Maduro relinquishing power and an opposition-led transition.

But a return to the failed strategy of maximum pressure by the new administration would be a grave mistake. Sanctions are rarely effective in achieving regime change, and Venezuela is no exception. Far from destabilizing Maduro, U.S. sanctions have helped him consolidate control, increasing the asymmetry of power between the state’s apparatus and an impoverished and weakened civil society. More than seven million Venezuelans have fled the country since 2014, and doubling down on pressure could further worsen the living conditions of those remaining. Maximum pressure will, therefore, cut against Washington’s effort to reduce irregular migration and ensure a stable energy supply.

The United States should continue to condemn Maduro’s authoritarian government for its human rights violations and dismantling of democratic institutions. But Trump and his administration should adopt a strategy of targeted engagement with Venezuela’s authorities. Such a strategy would prioritize maintaining or strengthening economic and diplomatic linkages between the United States and Venezuela—the types of connections that can empower stakeholders committed to fostering a democratic transition. The first priority of U.S. policy should be to alleviate the suffering of Venezuelans, recognizing that broad economic sanctions have exacerbated that suffering. Where possible, Washington should leverage engagement—including the gradual easing of sanctions—to encourage improvements in human rights and political freedoms. This strategy of targeted engagement offers a path to immediately improve conditions in Venezuela while enhancing the prospects for a democratic transition in the medium to long term.

SANCTIONING CATASTROPHE

From 2017 to 2022, the United States imposed some of the harshest sanctions on Venezuela that it has levied on any country. The Trump administration halted all trade with Venezuela’s state-owned oil, gold, and banking sectors (transactions with private banks were still allowed) and blocked the national government and the oil industry from borrowing, restructuring debt, or receiving dividends from its offshore subsidiaries (like Citgo). In 2019, Washington handed control over Venezuela’s overseas assets to the U.S.-recognized opposition, led by Juan Guaidó, and blocked the country’s access to international reserve holdings, including special drawing rights in the International Monetary Fund.

The first Trump administration also imposed secondary sanctions, barring Venezuela from selling oil abroad by targeting foreign companies and vessels involved in its oil trade. Between 2019 and 2021, 47 vessels and 12 companies were sanctioned for assisting in Venezuelan oil exports. (In contrast, despite similar U.S. sanctions on Russian oil today, non-U.S. tankers can still sell Russian oil at $60 per barrel without being sanctioned themselves.)

This pressure has compounded Venezuela’s economic crisis. The country’s contraction in per capita incomes began in 2013 because of severe macroeconomic imbalances created by years of populist policies. Yet starting in 2017, sanctions significantly worsened the economy by severing Venezuela’s access to vital oil and financial markets, which led to a sharp decline in oil production. Sanctions contributed substantially to falling oil output, imports, and productivity; without them, Venezuela’s economy would have started to recover when oil prices rose in 2017. Sanctions accounted for around 52 percent of Venezuela’s economic contraction between 2012 and 2020. Without sanctions, Venezuela would have still faced a severe crisis, with per capita incomes dropping by 34 percent. With sanctions, however, GDP per capita declined by an extraordinary 71 percent—equivalent to almost three successive Great Depressions.

Venezuela’s migration crisis stems from this collapse in economic opportunities. Although the country’s human rights violations are horrific, they are not on the scale of the ethnic cleansing, genocide, or armed conflict that typically drives mass displacement. Instead, millions of Venezuelans have left to escape an economic catastrophe. If the U.S. government resumes policies that target Venezuelans’ livelihoods, it should not be surprised when many of those affected end up at its doorstep.

GAINING FROM ENGAGEMENT

In 2022, the Biden administration reestablished contact with the Maduro government, pursuing a dual track that gradually eased sanctions and encouraged renewed negotiations with the opposition. In November of that year, the U.S. Treasury issued a license for Chevron—the only U.S. oil company with production capacity in Venezuela—to export Venezuelan oil to the United States, coinciding with the resumption of talks between the Maduro government and its opposition.

Critics claimed that the Biden administration was giving Maduro sanctions relief without gaining anything in return. Yet this critique overlooks a key achievement. In October 2023, Maduro publicly committed to holding free and fair presidential elections. Though the election ended up being minimally transparent, this concession ultimately allowed the opposition coalition to register Edmundo González as a candidate after María Corina Machado, who had won the opposition’s primary in October 2023, was barred from running. Washington also successfully encouraged the opposition to abandon its failed electoral boycotts and to engage in the election process despite facing an unlevel playing field.

These decisions helped pave the way for González to defeat Maduro in the July 28 presidential election by more than a two-to-one margin. The opposition documented its victory with tally sheets from the country’s electronic voting system, reenergizing the coalition and demonstrating its broad support among Venezuelans. Although this victory did not produce immediate change, with Maduro’s electoral council blatantly altering the election’s results to declare Maduro the winner, it marked the opposition’s strongest challenge yet to Maduro’s authoritarian rule.

Critics might argue that the opposition’s electoral victory was meaningless because Maduro ultimately retained power and intensified repression. But such a critique misses the broader significance of the outcome. The elections played a crucial role in revitalizing and legitimizing Venezuela’s opposition, demonstrating its broad popular support, and strengthening its internal cohesion. These developments are essential preconditions for any successful challenge to an entrenched regime. Whether these gains can translate into meaningful change will depend on how realistic the opposition’s objectives are and how well it leverages its newfound strength in future negotiations.

BEYOND ISOLATION

A realistic foreign policy toward Venezuela must begin with the recognition that Washington has limited influence over political dynamics in authoritarian countries. In a world where 71 percent of people live under autocratic regimes, it is not only futile but also dangerous to target select countries—such as Cuba, Iran, and Venezuela—for regime change. Singling out specific regimes risks alienating allies, undermining U.S. moral authority, and reinforcing authoritarians’ claims that Washington meddles in other countries’ domestic affairs. In Venezuela, a principled, pragmatic approach—focused on humanitarian relief and diplomatic engagement—would better serve the interests of both the United States and the Venezuelan people.

Trump’s administration should thus continue easing economic sanctions. It should do so, in part, simply because the restrictions have needlessly immiserated millions. But improving the country’s living conditions also serves a political purpose. The more tolerable life becomes for Venezuelans, the less likely they are to flee to the United States. Managing migration flows from Venezuela will also require sustained communication and coordination with Caracas. Reopening the U.S. embassy in Venezuela is therefore a critical step to safeguarding American interests in the country, as well.

A return to the failed strategy of maximum pressure would be a grave mistake.

Easing sanctions could afford the Trump administration an opportunity to secure concessions on human rights. Licenses for new oil projects, for example, could be conditioned on revenues being allocated to international organizations that can address Venezuela’s humanitarian crisis. Likewise, the Trump administration could use sanctions relief to induce political reforms. It should work to secure the release of political prisoners. It should negotiate for institutional changes that reduce the stakes of power and create space for coexistence between Venezuela’s political factions. It should push Venezuela to appoint new electoral authorities and commit to inviting in international observers for upcoming elections. All three of these steps would provide vital space for electoral competition. They remain the best path to fostering a democratic transition. (The United States should also work with regional partners, including Brazil, Colombia, and Mexico, to forge a realistic political settlement.)

Should the Trump administration embrace a policy of limited engagement, it would be bowing to reality. Punitive policies may appeal to policymakers, but they often corner regimes, making behavioral change unlikely. A government whose leaders fear U.S. prosecution will do everything to remain in power, including stealing elections. Strategic engagement, on the other hand, can incentivize positive shifts and strengthen local actors who support a negotiated resolution. The political scientists Steven Levitsky and Lucan Way have shown that countries with economic, social, and institutional ties to the West are more likely to democratize than those subjected solely to punitive measures.

Likewise, Trump would be accepting that when people become poorer in an authoritarian country, the state becomes stronger, not weaker. At the height of the Venezuelan economy’s contraction, a large segment of the population depended on politically conditioned government handouts. In contrast, Venezuela’s economic recovery of the past four years, due in part to the easing of oil sanctions, has helped reduce low-income voters’ dependency on government programs, making them less susceptible to electoral blackmail.

No U.S. administration can overhaul Venezuela’s political system. But by setting achievable goals that address immediate needs, promote economic recovery, and support fundamental freedoms, the United States can help the Venezuelan people. A pragmatic approach that prioritizes economic recovery and gradual political progress will be far more effective in bringing Venezuela closer to change than a strategy of suffocation.

 

  • FRANCISCO RODRÍGUEZ is Rice Family Professor of the Practice of International and Public Affairs at the University of Denver’s Josef Korbel School of International Studies.