O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Contratos de Paulo Roberto de Almeida nos dados do INSS, 1977-2024

 No INSS, informações talvez relevantes sobre meus trabalhos?

Entrei por acaso no INSS, talvez com vontade de verificar que porcaria andaram fazendo por lá: não creio que eu tenha sido roubado pelos fraudadores que andaram surripiando contribuições indevidas de pobres aposentados e pensionistas.
Descobri que eu tive um bocado de contratações além do serviço exterior no Itamaraty, mas algumas instituições de ensino (pois que eu dei aulas o tempo todo) se esconderam atrás de um consórcio de cooperativas. Eis a minha ficha, resumida:

Contratos de Paulo Roberto de Almeida nos dados do INSS, 1977-2024

Vínculos de trabalho inscritos nos registros do INSS
Levantamento efetuado por PRA, em 29/04/2025

1) FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS, professor de Sociologia, de 07/03/1977 a 28/02/1978.

2) COLEGIO BANDEIRANTES LTDA, professor de Sociologia e de História do Brasil, de 15/08/1977 a (sem indicação de término contratual)

3) ASSOCIACAO EDUCATIVA CAMPOS SALLES, professor de História Econômica e de Economia Brasileira, 01/09/1977 a (indefinido)

4) MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES, diplomata de carreira concursado, de 01/12/1977, aposentado em 31/10/2021.

5) FUNDACAO ALEXANDRE DE GUSMAO, Empregado ou Agente Público, 01/12/1977 até 12/2018.

6) MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES, embaixada em Paris, 01/10/1993 até 12/1995

7) MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES, embaixada em Washington, 19/09/1999 até 10/2003

8) CENTRO DE ENSINO UNIFICADO DE BRASILIA CEUB, professor de Economia Política, de 02/02/2004 até 05/07/2021

9) AGRUPAMENTO DE CONTRATANTES/COOPERATIVAS, professor no Uniceub, de 01/08/2004 a 30/06/2012

10) MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES, consulado em Hartford, EUA, 17/01/2013 até 10/2015

11) AGRUPAMENTO DE CONTRATANTES/COOPERATIVAS, professor no Uniceub, de 01/09/2016 a 31/10/2021

12) FUNDACAO ALEXANDRE DE GUSMAO, Diretor do IPRI, de 01/04/2017 até 11/03/2019 (data correspondente a algum tipo de remuneração)

13) AGRUPAMENTO DE CONTRATANTES/COOPERATIVAS, diferentes contratações parciais ao longo dos anos, em diferentes instituições de ensino, alcançando dezembro de 2024.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 abril 2025, 1 p.

EUA x China: Brasil e América Latina na Encruzilhada Geopolítica Pós-Trump - CEBC

EUA x China: Brasil e América Latina na Encruzilhada Geopolítica Pós-Trump


 A eleição do Presidente Donald Trump acirrou ainda mais a rivalidade estratégica entre Estados Unidos e China, trazendo novos desafios aos laços diplomáticos e econômicos do Brasil e da América Latina com as duas potências. Temas como o recente “tarifaço” e a tentativa de Washington de conter o avanço chinês em diversas áreas – dos investimentos externos ao desenvolvimento de novas tecnologias – mostram que essa disputa tem efeitos em todo o mundo. Na China, o governo tem buscado alternativas para lidar com esses desafios, incluindo estímulos ao consumo doméstico, impulsos no setor de inovação e a busca por novas frentes de cooperação no exterior. Ao mesmo tempo, aproveitando a liderança chinesa na agenda de transição energética, o Brasil tem a oportunidade de diversificar seu comércio com o país asiático, podendo expandir as exportações de minerais estratégicos e atrair mais investimentos que fortaleçam a posição nacional nas cadeias globais de valor. Esta edição da Carta Brasil-China traz análises de especialistas sobre esses e outros temas, oferecendo reflexões valiosas para formuladores de políticas públicas, empresários e acadêmicos.

Caso não consiga abrir, clique aqui
 
Artigos desta edição:

Entre Gigantes: O Brasil na Nova Era da Geopolítica

Embaixador Luiz Augusto de Castro Neves 

EUA x China: Brasil e América Latina na Encruzilhada Geopolítica Pós-Trump
Thiago de Aragão 
 
Economia Chinesa: Diante de Tantas Incertezas, Algumas Certezas
Fabiana D'Atri

Eficiência Administrativa e Maior Participação Popular: Vetores da Nova Governança da China
Evandro Menezes de Carvalho

Brasil Amplia Exportações de Minerais Estratégicos para a China
Tulio Cariello

Acesse aqui a publicação completa.
https://cebc.us3.list-manage.com/track/click?u=2c61aa6bcb45643f58ef550bb&id=7572986edc&e=a60f6c22ff

A Carta Brasil-China é patrocinada pelo Bradesco.

Cordialmente,
Conselho Empresarial Brasil-China

Há salvação para a economia do Brasil não QUEBRAR? - Alexis Fonteyne (Ranking dos Políticos)

 Há salvação para a economia do Brasil não QUEBRAR?

Ranking dos Políticos, 30 abril 2025

Temos como reverter essa situação, desviar de uma profunda crise e vislumbrar um futuro de prosperidade econômica por aqui?
Para conversar sobre isso, convidamos o empresário e ex-Deputado Federal Alexis Fonteyne para um bate-papo ao vivo, que vai acontecer no Instagram do Ranking e no nosso canal do YouTube.
Entrevistado por Juan Carlos Arruda, diretor-geral do Ranking dos Políticos:

“Eva Perón trabajó en el armado de la red de escape de nazis fugitivos" - Marcelo García (Radio Jai)

“Eva Perón trabajó en el armado de la red de escape de nazis fugitivos"

Marcelo García

Radio Jai, 29/04/2025
https://www.youtube.com/watch?v=-K6LVjMthpQ

29 de abr. de 2025 #NazisEnArgentina #DocumentosDesclasificados #MarceloGarcía

El Archivo General de la Nación liberó 1.858 páginas con información clave sobre la llegada y protección de jerarcas nazis en Argentina tras la Segunda Guerra Mundial. En este informe especial, el periodista Marcelo García detalla cómo se organizó una red de encubrimiento con apoyo estatal, complicidad internacional y documentación oficial.


Entre los hallazgos se incluyen avistamientos de submarinos nazis, sospechas sobre la posible supervivencia de Adolf Hitler y contratos firmados por el gobierno argentino a criminales de guerra como Carl Peter Vaernet. Una red organizada, protegida por el peronismo y extendida en el tiempo, que aún hoy sigue generando preguntas urgentes.

🧩 ¿Qué revelan realmente estos documentos? ¿Cómo actuaron los gobiernos de Argentina, Reino Unido y EE. UU.? ¿Qué papel jugó Perón en esta trama internacional?

Biblioteca Oliveira Lima, em Washington: um tesouro brasileiro na capital americana, aberto à pesquisa histórica

Assim que cheguei a Washington, para atuar como ministro-conselheiro da embaixada dirigida pelo embaixador Rubens Barbosa, em setembro de 1999, visitei imediatamente a Oliveira Lima Library, sobre a qual já tinha lido muito, assim como feito trabalhos sobre o grande, o maior historiador diplomático brasileiro, Manuel de Oliveira Lima (1867-1928). Tomei muitos livros de empréstimo na OLL e a partir daí passei a escrever sobre ele e suas obras.

Fiz editar no Brasil, pela Editora do Senado, seu livro de impressões Nos Estados Unidos (1899), como planejei antes de deixar os EUA: 

996. “Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, impressões políticas e sociais”, Dickson, Tennessee, 7 jan. 2003, 1 p. Esquema de reedição atualizada da obra de Manuel de Oliveira Lima, com comentários de atualidade por PRA, a ser editada pelo Senado Federal.

Abaixo informo sobre o livro publicado.

Convido a todos a visitarem o site da Biblioteca Oliveira Lima, para conhecer um pouco mais do seu conteúdo: 

https://libraries.catholic.edu/special-collections/oliveira-lima-library/index.html

Vejam o vídeo de apresentação: 

https://youtu.be/2mr_phtL3vM

Se eu tivesse de escolher um lugar para passar férias de 3 ou 6 meses, certamente seria na Oliveira Lima Library, com extensão para mais alguns meses...

Paulo Roberto de Almeida


1876. “O império em ascensão (por um de seus espectadores): Introdução ao livro de Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (1899)”, Brasília, 17 de abril de 2008, 20 p. Comentários e apresentação à reedição deste livro pelo Senado Federal. In: Manoel de Oliveira Lima, Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2009; 424 p.; p. 9-39). Postado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/17492359/Oliveira_Lima_Nos_Estados_Unidos_Impress%C3%B5es_pol%C3%ADticas_e_sociais). Republicado no livro: Oliveira Lima: um historiador das Américas, Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7), p. 103-130. Relação de Publicados n. 910.


Acabo de enxergar o futuro, e adivinhem? Ele não envolve os Estados Unidos - Thomas Friedman (The New York Times/Estadão)

 Opinião

Acabo de enxergar o futuro, e adivinhem? Ele não envolve os Estados Unidos
O foco de Trump recai sobre quais modalidades atletas transgêneros americanos podem competir, enquanto a China está focada em transformar suas fábricas com IA para superar todas as manufaturas americanas

Por Thomas Friedman
The New York Times, 03/04/2025
https://www.estadao.com.br/internacional/acabo-de-vislumbrar-o-futuro-nao-nos-eua/?utm_source=estadao:whatsapp&utm_medium=link&app_absent=0

Deparei-me com uma escolha outro dia em Xangai: que Tomorrowland visitar? Eu deveria conhecer a falsa Tomorrowland, projetada por americanos na Disneylândia de Xangai, ou a Tomorrowland verdadeira — o enorme novo centro de pesquisas, aproximadamente do tamanho de 225 campos de futebol americano construído pela gigante chinesa da tecnologia Huawei? Fui à Huawei.

A visita foi fascinante e impressionante, mas, no fim das contas, profundamente perturbadora, uma confirmação vívida do que um empresário americano que trabalhou na China por várias décadas me disse em Pequim. “Houve um tempo em que as pessoas iam para os Estados Unidos ver o futuro”, disse ele. “Agora vêm para cá.”
Eu nunca tinha visto nada parecido com esse complexo da Huawei. Construído em pouco mais de três anos, o espaço conta com 104 edifícios projetados individualmente com gramados bem cuidados, conectados por um monotrilho semelhante ao da Disney, laboratórios para até 35 mil cientistas, engenheiros e outros trabalhadores e 100 cafés, além de estúdios de fitness e outras vantagens projetadas para atrair os melhores especialistas em tecnologia chineses e estrangeiros.
O complexo de pesquisa e desenvolvimento no Lago Lianqiu é basicamente a resposta da Huawei à tentativa dos EUA de sufocar a empresa até a morte a partir de 2019, restringindo-lhe a exportação de tecnologia americana, incluindo semicondutores, em meio a preocupações com a segurança nacional. A proibição infligiu prejuízos enormes à Huawei, mas com a ajuda do governo chinês a empresa buscou inovar seu rumo ao nosso redor. Conforme noticiou o jornal sul-coreano Maeil Business no ano passado, é exatamente isso que a empresa tem feito: “A Huawei surpreendeu o mundo ao apresentar a série ‘Mate 60’, um smartphone equipado com semicondutores avançados no ano passado, apesar das sanções dos EUA”. A Huawei foi adiante lançando o primeiro smartphone triplamente dobrável do mundo e revelou seu próprio sistema operacional móvel, o Hongmeng (Harmonia), para competir com os softwares da Apple e do Google.
A empresa também entrou no ramo de criar tecnologia de IA para todas as coisas, de veículos elétricos e autônomos até equipamentos de mineração autônomos capazes de substituir mineiros humanos. Diretores da Huawei afirmaram que somente em 2024 e empresa instalou 100 mil carregadores rápidos em toda a China para seus veículos elétricos; em contraste, em 2021 o Congresso dos EUA alocou US$ 7,5 bilhões para a construção de uma rede de estações de carregamento, mas em novembro havia apenas 214 carregadores dessa rede operando em 12 Estados.
É realmente assustador ver isso de perto. O foco do presidente Donald Trump recai sobre quais modalidades atletas transgêneros americanos podem competir, e a China está focada em transformar suas fábricas com IA para ser capaz de superar todas as nossas manufaturas. A estratégia de “Dia da Libertação” de Trump é dobrar o valor das tarifas ao mesmo tempo que destrói nossas instituições científicas nacionais e a força de trabalho que estimula a inovação nos EUA. A estratégia de libertação da China é abrir mais complexos de pesquisa e dobrar a aposta na inovação impulsionada pela IA para se libertar permanentemente das tarifas de Trump.
A mensagem de Pequim para Washington: nós não temos medo de vocês, vocês não são quem pensam que são — e nós não somos quem vocês pensam que somos.
O que quero dizer com isso? Evidência A: em 2024, o Wall Street Journal noticiou que o “lucro líquido da Huawei mais que dobrou no ano passado, marcando um retorno impressionante” estimulado por um novo hardware “que roda com seus chips nacionais”. Evidência B: o Wall Street Journal citou recentemente o senador republicano Josh Hawley afirmando o seguinte sobre a China: “Não acho que eles sejam capazes de muita inovação por conta própria, mas serão se continuarmos compartilhando toda essa tecnologia com eles”.
Alguns dos nossos senadores precisam sair mais de casa. Se você é um legislador americano e quer criticar a China, fique à vontade — posso até me juntar a você no rolê — mas pelo menos faça sua lição de casa. Há muito pouco disso em ambos os partidos atualmente e muito consenso sobre o espaço politicamente seguro ser atacar Pequim, cantar algumas vezes “USA, USA, USA”, pronunciar alguns clichês sobre democracias sempre superarem autocracias em inovação e encerrar o assunto.
Prefiro expressar meu patriotismo sendo brutalmente honesto a respeito de nossas fraquezas e pontos fortes e sobre as fraquezas e pontos fortes da China, por que acredito que o melhor futuro para ambos os países — às vésperas da revolução da IA — é uma estratégia chamada: Fabricado nos EUA, por trabalhadores americanos em parceria com capital e tecnologia chineses.
Permitam-me explicar.

O pensamento mágico de Trump
Eu concordei com Trump em relação às tarifas sobre a China em seu primeiro mandato. Os chineses estavam impedindo a entrada de certos produtos e serviços americanos, e nós precisávamos tratar as tarifas de Pequim de forma recíproca. Por exemplo, a China evitou por anos deixar que cartões de crédito americanos fossem usados no país, esperando que suas próprias plataformas de pagamento dominassem completamente o mercado e tornassem sua nação uma sociedade sem dinheiro, onde praticamente todos pagam por tudo com aplicativos em seus celulares. Ao usar meu cartão Visa numa loja de uma estação ferroviária de Pequim, na semana passada, fui informado de que ele tinha de ser vinculado a um desses aplicativos, como o Alipay ou o WeChat Pay chinês, que, combinados, têm uma participação de mais de 90% no mercado.
Eu até concordo com Trump no sentido de que tarifas adicionais — e direcionadas — nas portas dos fundos que a China usa para entrar nos EUA, como México e Vietnã, podem ser úteis, mas apenas como parte de uma estratégia maior.
Meu problema é com o pensamento mágico de Trump, segundo o qual basta simplesmente erguer muros de proteção em torno de uma indústria (ou de toda a nossa economia) e — abracadabra! — em pouco tempo a manufatura americana florescerá e fabricará esses produtos dentro dos EUA sob o mesmo custo e sem nenhum ônus para os consumidores locais.
Para começar, essa visão ignora completamente o fato de que praticamente todos os produtos complexos hoje em dia — como carros, iPhones e vacinas de mRNA — são fabricados por ambientes globais de manufatura, gigantescos e complexos. É por isso que esses produtos ficam cada vez melhores e mais baratos. Claro, se você está protegendo a indústria siderúrgica, que fabrica uma commodity, nossas tarifas podem ajudar rapidamente. Mas se você está protegendo a indústria automobilística e acha que simplesmente erguer um muro tarifário resolverá o problema, você não sabe nada sobre como os carros são fabricados. Levaria anos para as montadoras americanas substituírem as cadeias globais de fornecimento das quais dependem e fabricarem tudo nos EUA. Até a Tesla precisa importar algumas peças.
Mas também estaremos errados se pensarmos que a China simplesmente trapaceou para conseguir chegar ao domínio global da manufatura. Os chineses trapacearam sim, copiaram e forçaram transferências de tecnologia. Mas o que torna a força motriz da manufatura chinesa tão poderosa hoje não é a China simplesmente tornar as coisas mais baratas; a China torna as coisas mais baratas, mais rápidas, melhores, mais inteligentes e cada vez mais infundidas de IA.
De que maneira? O ex-presidente da Câmara de Comércio da UE na China Jörg Wuttke a qualifica como “academia de ginástica chinesa”, que funciona assim:
A China começa com ênfase em educação STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). A cada ano, o país produz cerca de 3,5 milhões de graduados em STEM, quase o mesmo número de formandos em programas de graduação, bacharelado, mestrado e doutorado em todas as disciplinas nos EUA.
Quando há tantos graduados em STEM, você é capaz de lançar mais talentos sobre qualquer problema. Conforme noticiou o chefe da redação do Times em Pequim, Keith Bradsher, no ano passado: “A China tem 39 universidades com programas para treinar engenheiros e pesquisadores para a indústria de terras raras. As universidades americanas e europeias oferecem principalmente cursos ocasionais”.
E embora muitos engenheiros chineses possam não se formar com habilidades de nível MIT, os melhores são sim de classe mundial, e há muitos deles. Há 1,4 bilhão de pessoas na China. Isso significa que, na China, quando você é um talento em 1 milhão, há outras 1,4 mil pessoas como você.
Tão importante quanto, as escolas vocacionais chinesas formam dezenas de milhares de eletricistas, soldadores, carpinteiros, mecânicos e encanadores todos os anos; portanto, quando alguém tem uma ideia para um novo produto e quer abrir uma empresa, a fábrica pode ser construída muito rapidamente. Você precisa de um botão com bolinhas cor de rosa capaz de reproduzir o hino nacional chinês de trás para frente? Alguém por aqui fabricará o produto para você até amanhã. Também será entregue rápido. Mais de 550 cidades chinesas são conectadas por trens de alta velocidade que fazem nosso Amtrak Acela parecer o Pony Express.
E quando tudo é digitalizado e conectado implacavelmente nós podemos entrar e sair do nosso quarto de hotel rapidamente usando apenas reconhecimento facial. Mendigos experientes em tecnologia que carregam códigos QR impressos podem receber esmolas rapidamente com a leitura dos celulares. Todo o sistema é configurado para a velocidade — inclusive a quem desafiar o governo do Partido Comunista, nesse caso o indivíduo será preso rapidamente, dadas as câmeras de segurança em todos os lugares, e desaparecerá rapidamente.
Se não construirmos um sistema semelhante por trás de qualquer barreira tarifária, nós teremos apenas inflação e estagnação. É impossível alcançar a prosperidade simplesmente impondo tarifas, especialmente no alvorecer da IA.
Eu também estive na China quatro meses atrás. Entre aquela temporada e agora, inovadores em IA na China demonstraram sua capacidade de desenvolver uma ferramenta própria de IA de código aberto, o DeepSeek, com muito menos chips especializados fabricados pelos EUA. Eu pude sentir o encantamento na comunidade tecnológica. Foi palpável. No mês passado, o primeiro-ministro Li Qiang declarou na cerimônia de abertura do Congresso Nacional do Povo que o governo chinês está apoiando “a aplicação ampla de modelos de IA em grande escala”.

Inovadores em IA na China desenvolveram uma ferramenta própria de IA de código aberto, o DeepSeek, com muito menos chips especializados fabricados pelos EUA.

Um jovem engenheiro automotivo chinês que já trabalhou para a Tesla por aqui me disse: “Agora todos estão competindo sobre quanta IA é inserida. Agora você se gaba sobre quanta IA insere. Todos estão comprometidos. ‘Vou usar IA mesmo que eu não saiba bem como neste momento.’ Todos estão se preparando para isso, mesmo em linhas de produção simples para fabricar refrigeradores. ‘Tenho que usar IA porque meu chefe me disse para usar’“.
Atenção, clientes do Kmart: quando já existe um sistema de manufatura tão poderoso e conectado digitalmente quanto o da China e então você o infunde com IA em todos os níveis é como injetar um estimulante capaz de otimizar e acelerar todos os aspectos da manufatura, em design, testes e produção.
Não é um bom momento para legisladores americanos evitarem visitas à China por medo de serem chamados de abraçadores de pandas.
Como me disse Han Shen Lin, um americano que trabalha como diretor nacional para China no Asia Group, durante um café da manhã no Peace Hotel de Xangai, “o DeepSeek não deveria ter sido uma surpresa”. Mas, continuou ele, com todas as novas “restrições de investimento no exterior e desincentivos à colaboração nós agora ficamos cegos para os desenvolvimentos tecnológicos da China. A China está definindo os padrões tecnológicos do futuro sem a colaboração dos EUA. Isso nos colocará em uma séria desvantagem competitiva no futuro”.

Pequim não deseja uma guerra comercial
Apesar de todos os pontos fortes dos chineses, a China não deseja uma guerra comercial com os EUA. Muitos chineses de classe média estão infelizes neste momento. Por mais de uma década, muitos chineses investiram seu dinheiro na compra de apartamentos em vez de colocar suas economias em bancos que praticamente não pagavam juros. Isso criou uma enorme bolha imobiliária. Muita gente ascendeu e então decaiu economicamente quando o governo restringiu os empréstimos imobiliários, em 2020.
Então os chineses passaram a poupar seu dinheiro, porque seus ganhos no setor imobiliário acabaram, mas os pagamentos de pensão e assistência médica do governo são escassos. Todo mundo tem que economizar para um futuro nebuloso.
Conforme meu colega Keith Bradsher acaba de noticiar, a desaceleração econômica tem privado Pequim das receitas fiscais de que precisa para estimular a economia e subsidiar “as indústrias de exportação que impulsionam o crescimento econômico e podem ser prejudicadas por tarifas”.
Em suma, a ginástica chinesa é incrível, mas Pequim ainda precisa de um acordo comercial com Trump que proteja suas exportações.

Nós também. Trump, no entanto, se tornou um ator tão imprevisível, mudando políticas a todo instante, que as autoridades chinesas se perguntam seriamente se poderão fechar algum acordo com o presidente que ele respeite.
A especialista em negociação Michele Gelfand, da Universidade Stanford, afirmou: “Os defensores de Trump argumentam que sua imprevisibilidade desestabiliza os oponentes. Mas os grandes negociadores sabem que confiança, não caos, obtém resultados duradouros. A abordagem ‘ganha-perde’ de Trump para fazer acordos é um jogo perigoso”. Gelfand acrescentou: “Se ele continuar a tratar irresponsavelmente aliados como adversários e negociações como campos de batalha, os EUA arriscam não apenas ir mal nos negócios, mas também se deparar com um mundo no qual não teremos mais ninguém com quem negociar”.

Na minha opinião, o único acordo “ganha-ganha” é o que eu chamaria de: Fabricado nos EUA, por trabalhadores americanos em parceria com tecnologia, capital e especialistas chineses. Ou seja, simplesmente invertemos a estratégia que a China usou para enriquecer na década de 1990, que foi: Fabricado na China, por trabalhadores chineses, com tecnologia, capital e parceiros americanos, europeus, coreanos e japoneses.

Vejam como o consultor de negócios Jim McGregor, que viveu 30 anos na China, definiu-me a coisa: grandes multinacionais dos EUA costumavam ir para a China e fazer joint ventures com empresas chinesas para entrar no mercado chinês. Agora, empresas estrangeiras estão indo para a China e dizendo às multinacionais chinesas: se vocês querem entrar na Europa, façam joint ventures conosco e tragam sua tecnologia.
Nós deveríamos estar associando a qualquer tarifa sobre a China um tapete de boas-vindas para empresas chinesas entrarem no mercado dos EUA licenciando suas melhores inovações em manufatura para empresas americanas ou estabelecendo parcerias com os chineses e criando fábricas avançadas, em empreendimentos 50-50. No entanto, as joint ventures chinesas nos EUA teriam que elevar constantemente a parcela de peças que comprariam localmente, em vez de importá-las indefinidamente.
Isso, é claro, exigiria um grande esforço no sentido de reconstruir a confiança, que agora está quase totalmente ausente no relacionamento. Esta é a única maneira de chegarmos a um comércio razoavelmente ganha-ganha. Sem isso, estaremos caminhando para o perde-perde. Por exemplo, em 19 de março, o Senado do Texas aprovou preliminarmente um projeto de lei que pretende proibir residentes e organizações da China, do Irã, da Coreia do Norte e da Rússia de possuírem propriedades no Texas. Colocar a China nessa lista é simplesmente burrice: banir alguns dos maiores cérebros do mundo em vez de criar incentivos e condições para que eles invistam no Texas.
Quando nós ficamos tão assustados? E quando perdemos contato com o mundo em que vivemos a tal ponto? Vocês podem denunciar mazelas do globalismo o quanto quiserem, mas isso não mudará o fato de que as telecomunicações, o comércio, as migrações e as mudanças climáticas nos mesclaram e fundiram, assim como aos nossos destinos.
Gosto da maneira como Dov Seidman, autor do livro How: Why How We Do Anything Means Everything (Como: Por que a maneira que fazemos qualquer coisa significa tudo), descreve o fenômeno. Ele me disse que tratando-se de EUA e China — e do mundo em geral — “a interdependência não é mais nossa escolha. É nossa condição. Nossa única escolha é forjar interdependências saudáveis e ascender juntos, ou manter interdependências doentias e despencar juntos”.
Seja o que for, nós faremos juntos.
Líderes americanos e chineses sabiam disso. Eventualmente, vão reaprender. A única dúvida em minha mente é: quando o fizerem, o que restará da economia global unificada no passado que produziu tanta riqueza para ambas as nações?

TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Opinião por Thomas Friedman
é colunista de assuntos internacionais do The New York Times e ganhador de três prêmios Pulitzer. É autor de sete livros, entre eles 'De Beirute a Jerusalém', que venceu o Prêmio Nacional do Livro.

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre Oliveira Lima (janeiro de 2025)

Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre Oliveira Lima

Lista de trabalhos PRA

726. “Política externa em épocas de transição: Oliveira Lima e a diplomacia brasileira”, Washington, 28 março 2000, 2 p. Esquema para trabalho de pesquisa junto à Oliveira Lima Library, da Catholic University of America, em Washington.
740. “Oliveira Lima e os Estados Unidos”, Washington, 2 ago. 2000, 1 p. Projeto de livro a ser editada em série especial pelo Senado Federal, sob direção do Cons. Carlos Henrique Cardim, contendo uma apresentação sobre a vida e a obra do diplomata-historiador e uma antologia de seus textos sobre os EUA.

936. “O Barão do Rio Branco e Oliveira Lima: Vidas paralelas, itinerários divergentes”, Washington, 14 ago. 2002, 41 p. Texto sobre o relacionamento entre os dois diplomatas, preparado para o seminário sobre os 100 Anos da posse do Barão do Rio Branco como chanceler, realizado nos dias 28 e 29 de agosto, no IRBr, Brasília. Não compareci, por motivo de acidente ortopédico. Feita versão resumida, para apresentação oral, em 26 de agosto. Revisão para publicação. Publicado in Carlos Henrique Cardim e João Almino (orgs.), Rio Branco, a América do Sul e a Modernização do Brasil (Brasília: Comissão Organizadora das Comemorações do Primeiro Centenário da Posse do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores, IPRI-Funag, 2002, ISBN: 85-87933-06-X, p. 233-278). Ensaio incluído no volume: Oliveira Lima: um historiador das Américas, Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7, p. 13-54); anunciado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/12/oliveira-lima-um-historiador-das.html). Relação de Originais n. 3177; Publicados n 1277. Relação de Publicados n. 382.

991. “Oliveira Lima e a diplomacia brasileira no início da República: um intelectual com ideias fora do lugar ou com propostas fora da época?”, Washington, 24 dez. 2002, 22 p. Ensaio para dossiê organizado pelo Prof. Antonio Arnoni Prado (arnoni22@hotmail.com). Publicado na revista Remate de Males (Campinas: Unicamp, IEL, n. 24, 2004, p. 121-137). Publicidade no Jornal da Imprensa (http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/dezembro2004/ju275pag11.html). Republicado na revista Historia Actual Online (Editor: Asociación de Historia Actual; n. 19, Primavera 2009, p. 97-108; ISSN: 1696-2060). Relação de Publicados n. 510 e 938.

996. “Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, impressões políticas e sociais”, Dickson, Tennessee, 7 jan. 2003, 1 p. Esquema de reedição atualizada da obra de Manuel de Oliveira Lima, com comentários de atualidade por PRA, a ser editada pelo Senado Federal, em coordenação do Ministro Carlos Henrique Cardim (IPRI-MRE).

1298. “Oliveira Lima e a diplomacia brasileira”, Brasília, 7 jul. 2004, 3 p. Projeto de livro para a Coleção Memória do Saber do CNPq, encaminhado ao Centro de Memória do CNPq (centrodememoria@cnpq.br), à atenção de Roberto Muniz e de Geralda Paulista. Recebido telefonema do vice-presidente do CNPq, em 15/07, que aprovou o projeto, mas recomendou ampliação do trabalho para outros aspectos que não apenas a diplomacia, com participação de outros estudiosos. Encaminhada correspondência a Angela de Castro Gomes, Teresa Malatian e a Carlos Guilherme Mota, com vistas a verificar a possibilidade dessa ampliação. Não retido nos 20 projetos selecionados dentre os 137 recebidos; carta de 6 de outubro de 2004, assinada por Roberto Muniz Barreto de Carvalho, com a seguinte justificativa: “Informamos que o seu projeto não foi aprovado, considerando a seguinte avaliação dos pareceristas: ‘A proposta é pouco fundamentada, não situando historicamente o personagem”. Feita postagem no blog Diplomatizzando (em 22/12/2014; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/12/cnpq-projeto-de-2004-colecao-memoria-do.html) e disseminada no Facebook para inquirir sobre os resultados do projeto.

1670. “Dez obras fundamentais para um diplomata”, Brasília, 29 setembro 2006, 2 p. Lista elaborada a pedido de aluno interessado na carreira diplomática: obras de Heródoto, Maquiavel, Tocqueville, Pierre Renouvin, Henry Kissinger, Manuel de Oliveira Lima, Pandiá Calógeras, Delgado de Carvalho, Marcelo de Paiva Abreu e Paulo Roberto de Almeida, para uma boa cultura clássica e instrumental, no plano do conhecimento geral e especializado. Colocada no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/09/625-dez-obras-fundamentais-para-um.html). Revisto e ampliado, com explicações e links para cada uma das obras, em 14 de outubro de 2006 (6 p.) e publicado em Via Política em 15/10/2006 (link descontinuado). Relação de Publicados n. 709.

1876. “O império em ascensão (por um de seus espectadores): Introdução ao livro de Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (1899)”, Brasília, 17 de abril de 2008, 20 p. Comentários e apresentação à reedição deste livro pelo Senado Federal. In: Manoel de Oliveira Lima, Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2009; 424 p.; p. 9-39). Postado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/17492359/Oliveira_Lima_Nos_Estados_Unidos_Impress%C3%B5es_pol%C3%ADticas_e_sociais). Republicado no livro: Oliveira Lima: um historiador das Américas, Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7), p. 103-130. Relação de Publicados n. 910.

1941. “Dois tocquevilleanos brasileiros: Hipólito da Costa e Oliveira Lima”, Brasília, 19 outubro 2008, 18 p. Contribuição para número especial da Revista Espaço Acadêmico (Ano VIII, nº 90, novembro de 2008), com base nos trabalhos 1933 e 1876. Relação de Publicados n. 868. Academia.edu (https://www.academia.edu/attachments/32900201/download_file).

2270. “Parecer sobre tese de Maria Theresa Diniz Forster, no LVI Curso de Altos Estudos (CAE 2011): Oliveira Lima e as Relações Exteriores do Brasil: o legado de um pioneiro e sua relevância atual para a diplomacia brasileira”, Brasília, 4 maio 2011, 7 p. Encaminhada ao Instituto Rio Branco. Defesa efetuada, com participação em banca, no dia 13 de junho de 2011, no IRBr. Aprovada com Muito Bom, e recomendação de publicação.

2370. “Memórias do Barão do Rio Branco, 3: Militares e intelectuais: tão diferentes, tão semelhantes...”, Paris, 21 fevereiro 2012, 5 p. Terceiro capítulo das memórias do Barão, tratando da eleição do Marechal Hermes da Fonseca e de Oliveira Lima. Todos os textos (2356, 2367, 2370 e 2375) foram novamente publicados em meu blog Diplomatizzando: “Memórias do Barão do Rio Branco” (27/08/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/memorias-do-barao-do-rio-branco-nota.html).

3176. “Oliveira Lima: o maior historiador diplomático brasileiro”, Brasília, 14 outubro 2017, 3 p. Apresentação, assinada por Paulo Roberto de Almeida e André Heráclio do Rêgo, ao livro “Oliveira Lima: um historiador das Américas”. Publicado: Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo, Oliveira Lima: um historiador das Américas (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7), p. 9-12. Relação de Publicados n. 1277.

3177. Oliveira Lima: um historiador das Américas, Brasília, 14 outubro 2017, 143 p. Livro composto de três artigos de Paulo Roberto de Almeida e de um artigo de André Heráclio do Rêgo, comemorativo dos 150 anos de nascimento do historiador e diplomata. Ensaios de PRA: 1) “936. “O Barão do Rio Branco e Oliveira Lima: Vidas paralelas, itinerários divergentes”, publicado in: Carlos Henrique Cardim e João Almino (orgs.), Rio Branco, a América do Sul e a Modernização do Brasil (Brasília: Comissão Organizadora das Comemorações do Primeiro Centenário da Posse do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores, IPRI-Funag, 2002, ISBN: 85-87933-06-X, p. 233-278); p. 13-54; 2) 1876, “O império em ascensão (por um de seus espectadores)” [Introdução ao livro de Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (1899)]. In: Manoel de Oliveira Lima, Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais (Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2009; 424 p.; p. 9-39); p. 103-130; 3) 2046. “O Brasil e os Estados Unidos antes e depois de Nabuco: uma avaliação de desempenho relativo no plano do desenvolvimento social”, In: Severino J. Albuquerque (org.): Joaquim Nabuco e Wisconsin: Centenário da conferência na universidade, ensaios comemorativos (Rio de Janeiro: Editora Bem-te-vi, 2010; ISBN: 978-85-88747-34-0; p. 221-251), p. 131-160; Apresentação: 3176, com André Heráclio do Rêgo, p. 9-12. Enviado para a Companhia Editora de Pernambuco. Publicado: Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo, Oliveira Lima: um historiador das Américas (Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7). Anunciado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/12/oliveira-lima-um-historiador-das.html). Relação de Publicados n. 1277.

3201. “Oliveira Lima Library: projeto de restruturação”, Brasília, 6 dezembro 2017, 1 p. Nota informativa para a audiência do argentino Enrique Segura com o ministro de Estado, em função de um projeto de reconstrução da OLL, e realização de um seminário na Catholic University of America, em abril de 2018. Enviada aos gabinetes e à Embaixada em Washington: Marcos Henrique Sperandio (marcos.sperandio@itamaraty.gov.br).
3207. “Entrevista sobre Oliveira Lima: livro publicado pela CEPE”, Brasília, 11 dezembro 2017, 6 p. Respostas a questionário submetido por jornalista da Folha de Pernambuco, Carolina Botelho (carolinafolhape@gmail.com). Encaminhada a diversos interlocutores do Recife, sobretudo na CEPE.

3244. “Oliveira Lima: cronologia das obras publicadas fora do Brasil”, Brasília, 10 fevereiro 2018, 6 p. Primeira listagem das obras de Oliveira Lima publicadas fora do Brasil, em vida e postumamente. Em revisão. Divulgado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/02/oliveira-lima-obras-publicadas-no.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1808918285838280). Carregado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/35884043/Oliveira_Lima_cronologia_das_obras_publicadas_fora_do_Brasil).

3508. “Um “imenso Portugal”? A hipótese de um império luso-brasileiro no contexto internacional do início do século XIX”, Brasília, 5 setembro 2019, 32 p. Texto em colaboração a seminário na Biblioteca Mindlin da USP, em 10-11/09/2019, sobre o tema: “Oliveira Lima e a (Longa) História da Independência”. Disponível em caráter preliminar no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/09/um-imenso-portugal-hipotese-de-um.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/085e1aeea0/um-imenso-portugal-a-hipotese-de-um-imperio-luso-brasileiro-no-contexto-internacional-do-inicio-do-seculo-xix). Nova revisão em 30/09/2020, enviada a André Heráclio do Rego. Publicado in: RÊGO, André Heráclio do; NEVES, Lucia Maria Bastos P.; GUIMARÃES, Lucia Maria Paschoal (orgs.). Oliveira Lima e a longa história da Independência. São Paulo: Alameda, 2021, ISBN: 978-65-5966-030-8; p. 283-331. Relação de Publicados n. 1408.

3538. “Um “imenso Portugal”? A hipótese de um império luso-brasileiro no contexto internacional do início do século XIX”, Brasília, 15 novembro 2019, 48 p. Ensaio histórico, elaborado a partir do trabalho 3508, como colaboração livro sobre o tema “Oliveira Lima e a (Longa) História da Independência”, apresentado em primeira versão em seminário na Biblioteca Mindlin da USP, em 10-11/09/2019. Encaminhado a André Heráclio do Rego (heracliodorego@yahoo.com.br).

4410. “A construção do Brasil pelo seu maior historiador diplomático, em francês”, Brasília, 6 junho 2023, 2 p. (520 palavras). Resenha sintética do livro de André Heráclio do Rego, para o Diário de Pernambuco: Manuel de Oliveira Lima, La construction du Brésil: Essais sur l’histoire et l’identité du Brésil. Présentation et choix de textes André Heráclio do Rêgo; Préface de Denis Rolland (Paris : L’Harmattan, 2023, Collection Mondes Lusophones, 297 p.; ISBN: 978-2-14-032568-7; EAN: 9782140325687). Enviada a Múcio Aguiar, do Diário de Pernambuco. Publicada, com cortes, no Diário de Pernambuco (Recife, n. 161, 10-11 de junho de 2023, p. 10). Republicado no blog Diplomatizzando (10/06/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/06/a-construcao-do-brasil-pelo-seu-maior.html). Relação de Publicados n. 1512.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 janeiro 2025, 4 p.

Por que o BRICS é estratégico para o Brasil? (uma pergunta, não necessariamente uma resposta) - CEBRI, Paulo Roberto de Almeida

 Postado em 30/04/2025. Pretendo abordar a mesma pergunta, provavelmente com outras respostas, dotadas de certo ceticismo.

Tenho um livro digital sobre o BRICS: A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2022, 277 p.; 1377 KB; ISBN: 978-65-00-46587-7; ASIN: B0B3WC59F4)

Voltarei ao assunto.

Paulo Roberto de Almeida

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Por que o BRICS é estratégico para o Brasil? 

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O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) reconhece que o BRICS representa uma plataforma privilegiada para o Brasil expandir seu protagonismo econômico e geopolítico. Ao consolidar-se como fórum de cooperação entre potências emergentes, o BRICS torna-se uma das portas de entrada do Brasil para a Ásia, ao mesmo tempo em que amplia sua influência na reforma da governança global, na construção de um mundo multipolar e na defesa do multilateralismo. Estas dimensões estratégicas se fazem ainda mais relevantes diante das transformações aceleradas na ordem internacional e do realinhamento das relações comerciais e políticas que estão ocorrendo com o aumento das rivalidades. Participar ativamente do BRICS permite ao Brasil fortalecer sua autonomia estratégica, diversificar parceiros e moldar novas arquiteturas globais de poder.

O crescimento econômico dos membros do BRICS e de seus parceiros é um vetor central da inserção brasileira no mercado asiático. Em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do BRICS superou o do G7 em paridade de poder de compra, e em 2023 o bloco respondeu por 37,3% do PIB mundial, antes da sua ampliação com novos membros ocorrida em 2023. A taxa de crescimento anual tem sido da ordem de 4,5% entre 1990 e 2022, mesmo diante das crises globais. Mais recentemente, em 2024, os países do BRICS cresceram 3,8%, enquanto o G7 cresceu 1,5%, demonstrando a resiliência dessas economias. 

Porém, existe um dado que mostra de maneira inequívoca a importância do bloco. Os países do BRICS — que agora incluem Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos, e Indonésia — representam cerca de 45% da população mundial, aproximadamente cinco vezes mais que os países do G7, que somam cerca de 10%. Em 2024, os países do BRICS apresentam taxas de crescimento populacional superiores às dos países do G7, influindo no grau de produtividade e de competitividade nas cadeias econômicas de valor. Enquanto nações como Etiópia (2,55%), Egito (1,47%) e Índia (0,95%) impulsionam o aumento demográfico do bloco, os países do G7 enfrentam estagnação ou declínio populacional, com taxas como -0,66% no Japão e -0,42% na Itália, com a exceção dos EUA (0,98%). Esse contraste reflete uma dinâmica demográfica distinta entre os dois grupos, com os BRICS expandindo sua população e os G7 lidando com desafios relacionados ao envelhecimento e à redução populacional.



Oliveira Lima: um historiador das Américas, livro de Paulo Roberto de Almeida e André Heráclio do Rego; entrevista PRA (2017)

 Oliveira Lima: um historiador das Américas

Paulo Roberto de Almeida e André Heráclio do Rêgo

Aos 150 anos do nascimento do historiador Oliveira Lima, em 2017, eu e meu amigo e colega André Heráclio do Rego, diplomata e historiador, fizemos um livro reunindo textos trabalhados de forma isolada, mas com o mesmo objetivo, sobre o maior historiador diplomático brasileiro. O livro foi publicado pela CEPE, que é a Companhia Editora de Permanmbuco.
Na ocasião, concedi uma entrevista sobre o livro e o personagem, que não sei se foi publicada na íntegra, pois era bastante longa. Preciso descobrir.
Em todo caso, tenho o prazer de torná-la disponível neste canal, para todos os interessados:
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 de abril de 2025

Entrevista sobre Oliveira Lima: livro publicado pela CEPE
Paulo Roberto de Almeida

[Objetivo: respostas a questões de jornalista; finalidade: Folha de Pernambuco]


Livro de Paulo Roberto de Almeida, André Heráclio do Rêgo:
Oliveira Lima: um historiador das Américas
Recife: CEPE, 2017, 175 p.; ISBN: 978-85-7858-561-7). Anunciado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/12/oliveira-lima-um-historiador-das.html

Questões:
1) Como surgiu a ideia de escrever o livro?
PRA: Há muito tempo que eu e meu colega de carreira André Heráclio do Rêgo, legítimo pernambucano, lemos e admiramos Oliveira Lima, em sua qualidade de maior historiador diplomático brasileiro, e um dos poucos, senão o último, a conhecer também (e profundamente) a história de Portugal, o que poucos brasileiros, mesmo acadêmicos, conhecem depois da conquista da independência. Essa característica, obviamente, ocorreu por circunstâncias fortuitas, devido ao fato de sua família, de origem portuguesa, ter retornado a Portugal em sua infância, o que resultou em sua educação basicamente portuguesa, ainda que bastante ligada ao Brasil. Tanto André quanto eu lemos muito Oliveira Lima e aprendemos a admirar seu estilo historiográfico, aliás revolucionário em sua época, pois que combinando os métodos próprios da história com uma análise sociológica do contexto econômico e social dos processos focados por ele (ligados muito à história diplomática, mas também o desenvolvimento social dos povos americanos), e com uma interpretação de cunho psicológico, como revelado em vários trabalhos, como em D. João VI no Brasil, por exemplo, mas em diversos outros textos também, até em artigos de jornal.
O livro surgiu de repente, ao aproximar-se a data dos 150 anos do nascimento de Oliveira Lima, mas não foi escrito rapidamente. Ele resultou de vários trabalhos preliminares que André Heráclio e eu vínhamos fazendo em torno das obras e do pensamento de Oliveira Lima ao longo dos anos. Ambos já tínhamos escrito trabalhos sobre diversas obras dele e para este livro, dedicado ao “historiador das Américas”, selecionamos trabalhos nossos que se ativessem a essa dimensão: André analisou as famosas conferências que Oliveira Lima, pouco antes de se afastar definitivamente do serviço diplomático, fez em visitas e conferências às universidades americanas, comparando o desenvolvimento da parte anglo-saxã do hemisfério com sua parte ibérica, ou hispano-americana, incluindo a brasileira. De minha parte focalizei a carreira do diplomata-historiador em paralelo com a do Barão do Rio Branco, destacando, em outro trabalho, suas crônicas sobre os Estados Unidos do final do século XIX, quando serviu em Washington nas presidências de McKinley. Um trabalho final fixou-se numa conferência feita nos EUA pelo primeiro embaixador brasileiro, Joaquim Nabuco, com quem Oliveira Lima tinha diferenças substanciais no modo de julgar o papel da grande nação no hemisfério e no mundo.

2) Por que o Barão de Rio Branco é um caso único na história da diplomacia?
PRA: Rio Branco, ou Paranhos Júnior, tornou-se uma figura maior da diplomacia brasileira por ter sido o diplomata que, dadas suas virtudes de grande historiador do passado, seu estudo de velhos mapas e manuscritos, soube, como poucos, negociar todas as fronteiras pendentes do Brasil, ao final do século XIX, tanto pela via das arbitragens acordadas bilateralmente, quanto por meio de negociações diretas. Mas essas foram circunstâncias excepcionais, ao ter a diplomacia brasileira o homem certo no momento certo, quando todos os países fronteiriços, na região platina ou nas profundezas da Amazônia, buscavam delimitar os seus limites ainda incertos. Antes, talvez tivesse sido prematuro, depois provavelmente esses casos pendentes teriam sido conduzidos pela via arbitral, com resultados incertos a cada vez, como por acaso ocorreu no caso da Guiana inglesa, quando o rei italiano concedeu à Grã-Bretanha mais território a que ela teria direito pelos documentos que o próprio Rio Branco preparou e repassou a Joaquim Nabuco, que era o defensor do Brasil neste caso arbitral.
Mas o pai do Barão, o Visconde do Rio Branco, foi um diplomata excepcional, talvez até mais bem preparado do que o filho, mas teve de ocupar-se dos conflitos nos quais o Brasil esteve envolvido na região do Prata, no Uruguai, contra Rosas, o ditador argentino, e depois a guerra do Paraguai, deslanchada pelo ditador paraguaio, Solano Lopez. Ademais de grande jornalista – autor das Cartas do Amigo Ausente –, ele também foi um exímio parlamentar, retratado em crônica clássica de Machado de Assis.
O Barão, portanto, não é um caso único, mas ocorreu com ele essa coincidência extraordinária de ser o mais preparado dos homens – independentemente de ser apenas um cônsul, o que ele era até o caso de Palmas, ou das Missões, com a Argentina – para resolver difíceis pendências de fronteiras, que requeriam não só habilidade negociadora mas também um conhecimento profundo da história e da cartografia coloniais.

3) Foi no discurso na Academia Pernambucana de Letras que Oliveira Lima recebeu o apelido de Dom Quixote Gordo?
PRA: Não creio, pois Gilberto Freyre chamou-o por esse carinhoso apelido em circunstâncias posteriores ao conhecimento travado reciprocamente por ambos, em Washington, nos anos 1920, uma vez que o livro do sociólogo da lusotropicologia foi elaborado muitos anos depois da morte de Oliveira Lima. Não conheço o discurso do historiador ao tomar posse na cadeira cujo patrono é o General Abreu e Lima, e o site da Academia Pernambucana de Letras não traz essa informação.

4) O Barão de Rio Branco era mais versado no trato diplomático do que Oliveira Lima?
PRA: Seus estilos eram bem diferentes, inclusive por formação familiar. Paranhos Júnior acompanhou o pai em missões no Prata desde muito jovem, quando Oliveira Lima estava ainda estudando em Lisboa, dada a diferença de mais de vinte anos entre ambos. Quando o pernambucano ingressa na carreira diplomática, no início da República, o cônsul Paranhos Jr. já servia desde longos anos no Consulado em Liverpool, e tinha uma convivência estreita com a nobreza do regime imperial, o que provavelmente explica seu maior tato diplomático do que Oliveira Lima, mais voltado para os trabalhos de pesquisa e escrita de seus brilhantes livros de história, desde o inicial sobre o desenvolvimento social de Pernambuco, o que lhe abriu, antes de Rio Branco, as portas da Academia Brasileira de Letras. Oliveira Lima se chocou com o próprio Rio Branco, com Joaquim Nabuco em diversas ocasiões, por motivos que não tinham exatamente a ver com a carreira diplomática, e provavelmente mais com ciúmes intelectuais e disputas políticas no âmbito da “república das letras”, mas também por diferenças de opinião quanto à política externa que melhor conviria ao Brasil.

5) Qual a grande importância de Oliveira Lima como historiador em relação ao Brasil?
PRA: À diferença de Varnhagen, que é considerado o patrono da historiografia brasileira, Oliveira Lima ultrapassou a simples pesquisa em arquivos, superou o mero recurso aos documentos, para fazer aquilo que no século XX ficou conhecido como história social total, tal como praticado pela Escola francesa dos Annales. Ele pode, aliás, ser considerado um precursor dessa análise abrangente, combinando fontes primárias, visão sociológica, percepções antropológicas e finas análises psicológicas. Suas obras históricas constituem, verdadeiramente, uma síntese abrangente dos processos históricos, não apenas pela sua formação na pesquisa histórica, mas também pelo exercício constante do jornalismo o que torna o seu estilo de escrita muito mais fascinante do que o vocabulário pouco atraente de Varnhagen. Em história do Brasil, ele foi o único a ter uma percepção mais ampla do mundo português, que marcou o Brasil durante boa parte do século XIX, até praticamente o início do século XX. De resto, ele foi o verdadeiro iniciador da história diplomática brasileira, mesmo se os predecessores também trataram dessa vertente, mas sem a sua visão global e metodologicamente diversificada.

6) Quais são as obras mais importantes de Oliveira Lima?
PRA: Depois de uma história de Pernambuco (1895), a coletânea de crônicas sobre os Estados Unidos (1899) impressiona pela visão de futuro da grande potência ainda nascente; ele também foi o primeiro a visualizar a ascensão do Japão a potência emergente (1903), mas no intervalo compôs o seu primeiro livro de história diplomática (O Reconhecimento do Império, 1901). Ele fez vários livros, muitos artigos, dezenas, senão centenas de textos para jornais e conferências, antes de consolidar sua fama como o maior historiador brasileiro da transição para a independência com Dom João VI no Brasil (1908). Seguiram suas palestras na Sorbonne, publicadas em francês sob o título de Formation Historique de la Nationalité Brésilienne (1911), obra verdadeiramente magnífica, ao lado das outras conferências pronunciadas nos Estados Unidos e que são igualmente clássicas, pelo comparatismo de grande densidade histórica: The evolution of Brazil compared with that of Spanish and Anglo-Saxon America (1912), publicadas dois anos depois no Rio de Janeiro: América Latina e América Inglesa: a evolução brasileira comparada com a Hispano-Americana e a Anglo-Americana. Sua história diplomática do Brasil se completa com O Movimento da Independência, 1821-1822 (1922), mas entre essas obras, e depois, existe uma pletora de trabalhos de grande valor histórico, sociológico ou jornalístico.

7) Como foi escrever a quatro mãos?
PRA: O livro não resultou de uma colaboração a dois, mas sim de uma assemblagem de escritos independentes, que por acaso combinavam pela metodologia adotada e por enfoques relativamente similares: ou seja, a obra sociológica de Oliveira Lima sobre temas americanos, ou hemisféricos. São três textos meus, e um de André Heráclio, que trata do conjunto de sua obra, mas basicamente de um de seus melhores livros, o que comparou a evolução respectiva das três grandes civilizações americanas.

8) Qual a história mais intrigante que você conta sobre a personalidade de Oliveira Lima?
PRA: Sobre seus entreveros com o Barão do Rio Branco, justamente, quando este já era ministro e pretendeu designá-lo para a legação em Lima, quando o Barão tinha de resolver o delicado problema do Acre, ao lado das pretensões do Peru de reivindicar boa parte da Amazônia boliviana e brasileira, mas Oliveira Lima resiste a ir para Lima, mesmo já designado oficialmente. Ao ficar sem posto no Rio de Janeiro, o historiador pernambucano começa a escrever artigos de jornal expressando sua opinião provocadora sobre a melhor maneira de orientar a política externa brasileira. Esse tipo de atitude desafiadora de Oliveira Lima degradou as relações entre ambos, ao que se agregou, logo adiante, desacordos ainda mais sérios com Joaquim Nabuco, a quem Lima criticava por sua postura muito simpática aos Estados Unidos, quando ele próprio já temia a atitude arrogante da potência imperial em formação. Em tudo isso, sobressai-se também a personalidade difícil de Dona Flora, que achava que seu marido é quem merecia ser designado chanceler de um dos muitos presidentes a quem Rio Branco serviu como ministro das Relações Exteriores.

9) Qual a principal divergência entre Rio Branco e Oliveira Lima?
PRA: Oliveira Lima se julgava merecedor de um bom posto na Europa, depois de ter servido no longínquo Japão, pois pretendia continuar suas pesquisas históricas nos arquivos das principais potências europeias. Rio Branco o queria na América do Sul, num momento extremamente importante para as negociações de fronteiras com os vizinhos. Como castigo, pelo fato de o historiador não ter aceito ir para Lima, Rio Branco ainda o designou para o México (tampouco aceito) e depois para Caracas, o que deve ter sido considerado uma punição para quem se julgava merecedor de coisas melhores.

10) Há um trecho em que vocês falam das frases ferinas, ironias e críticas indiretas ao ministro. Pode citar algo?
PRA: Quando designado para o Peru, Oliveira Lima teria repetido uma frase atribuída ao longevo secretário-geral do Itamaraty, o Visconde de Cabo Frio: “Peru, só na mesa, e para quem gosta”, e ele acrescentou: “E eu não gosto.” Outras frases ferinas foram pronunciadas no discurso de posse de Oliveira Lima na Academia Brasileira de Letras, em 1903, quando ele tinha sido escolhido na primeira turma, em 1896, à frente de Rio Branco, que teve de esperar a morte de um antecessor; frases ao estilo de saber “fazer história” e outras do mesmo tipo.

11) Em que pontos Oliveira Lima divergiu dos EUA a favor do Brasil?
PRA: Ao ter vivido em Washington na segunda metade da última década do século XIX, no momento da guerra hispano-americana e da projeção dos EUA sobre territórios no Caribe e no Pacífico (Cuba, Haiti, Porto Rico, Filipinas), Oliveira Lima viu de perto o poder imperial na sua fase do “grande porrete” em construção, o que seria consagrado no início do século XX, por Theodore Roosevelt. Assim, quando da reunião pan-americana no Rio de Janeiro, em 1906, ele assume uma postura muito crítica dos EUA, contra a atitude simpática, até benevolente de Joaquim Nabuco. Mas, realista, ele reconhecia no tremendo progresso econômico americano um exemplo a ser seguido pelo Brasil, mesmo criticando a terrível segregação racial ali praticada. Ou seja, ele pretendia o desenvolvimento material americano combinado à suposta integração racial no Brasil. Ele também soube reconhecer os progressos feitos pela Argentina, e deixou um livro inteiro sobre o país vizinho (1919). Nos anos 1920, ele desejava construir um tipo de panamericanismo inteiramente respeitador das soberanias latino-americanas, numa fase em que os EUA ainda não tinham renunciado à sua política de intervenções.

Questões colocadas por:
Carolina Botelho
Folha de Pernambuco

Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@me.com)
Brasília, 3207: 12 de dezembro de 2017, 6 p.

Um canadense indignado: Andrew Coyne (Toronto and Globe Mail)

 Article carried by Andrew Coyne of the Toronto Globe and Mail

"In the end, nothing really matters. Nor the probable dementia, unfathomable ignorance, emotional incontinence; nor, certainly, the unruly hate-filled campaign, nor the ridiculously unapplicable anti-politics.

The candidate on bail in four jurisdictions, the convicted fraud artist, the convicted rapist and serial sexual predator, the usual banker, Vladimir Putin's slum, the man who tried to overturn the result of the last elections and his whole series of thugs, ideologues and lunatics: Americans took a long look at all of this and said yes please.

There is no sense in underestimating the depth of the disaster. This is a crisis like no other in our lifetime. The United States government has been entrusted to a gangster whose only goal by showing up, other than avoiding jail, is to seek revenge on his enemies. The damage that Donald Trump and his nihilist accomplices can do — to America, but also to his democratic allies and to world peace and security — is incalculable. We are living in the age of Nero.

The first six months will be a period of maximum danger. NATO must, from this moment on, be considered effectively obsolete, without the assurance of American security that has always been its cornerstone. We could see further incursions from Russia into Europe - the poor Ukrainians are probably finished, but now it's the Baltics and the Poles who have to worry - before Europeans have time to plan an alternative. China could also step up its Taiwanese ambitions.

At home, Mr. Trump will be eager to consolidate his power. Part of this will be institutional - the replacement of tens of thousands of career officials with Trumpist loyalists. But another part will be.... atmospheric.

At some point, someone — a company whose CEO disliked it, a media critic who has annoyed it — will find themselves under the Trump administration’s undesirable attention. It might not be as brutal as a police arrest. It could just be a small regulatory question, a fiscal audit, something like that. They will seek protection of the courts and find out there is none.

Judges are also Trump loyalists, maybe, or too scared to confront him. Or they could make a decision and find it has no effect - which the administration has called the fundamental bluff of liberal democracy: the idea that, in a crisis, those in power agree to be bound by the law, and by its instruments, the courts, as everything else. the world. So everyone will follow their example. Leaders will line up to court Trump. Big media organizations, anyway, those that count, will find reason to be optimistic.

Of course, in reality, things will start falling apart pretty fast. The massive tariffs he imposes will sink the world economy. Massive deficits, fuelled by his badly-judged tax policies – he won’t replace the income tax, as he promised, but will fill it with holes – and monetized, at his direction, by the Federal Reserve, will trigger a new round of inflation.

But above all else, the mindless project of deporting 12 million undocumented immigrants – finding them, rounding them up and detaining them in hundreds of concentration camps across the country, likely for years, before deporting them – will consume his administration. But by then it will be too late.

We shouldn't count on the majority of Americans to regain their common sense. They were not able to see Mr. Trump as he was before: why would that change? Wouldn't they, on the contrary, be even more brutally trained to see their neighbors taken away by the police, or the military, more determined to do "hard things" to "restore order"?

Of course some won’t. But they will eventually discover that the Democratic levers they once could have acted to demand change are no longer attached to anything. There are still elections, but the rules have been changed: there are some obstacles, some disadvantages if you're not on the side of power. Trying to change things on the inside will seem easier at first. Then it will be easier not to change anything.

This will all unfold on Canada in many ways – some predictable, like the flood of refugees flee camps; others less so, like the brutalization of our own politics, the degradation of morals and standards by politicians who have discovered there is no way. political price to pay for this. And who will benefit from their boss's support in Washington.

All my life, I have been a fan of the United States and its people. But I'm scared of them now, and I'm even more scared of them. "

Andrew Coyne

P.S. - And to all who shared this, thank you, keep spreading the message.