Viagens presidenciais
Paulo Roberto de Almeida
Planejar e executar uma viagem internacional pode ser uma rotina em blocos racionais e organizados como a UE, aparentemente o único “adulto na sala” atualmente. Outros líderes nacionais, como o novo imperador chinês, por exemplo, podem dispor de uma burocracia organizada em estilo weberiano e, portanto, recolhem beneficios para seus países.
E o que dizer de líderes personalistas ao extremo? Fazem o que desejam, com resultados variados em suas eventuais viagens, planejadas pela burocracia diplomática ou apenas impulsionadas pelo próprio ego.
Refiro-me, concretamente, a Putin e a Trump, dois líderes disfuncionais e DESTRUIDORES de seus próprios países (e do mundo, eventualmente): o primeiro constrangido pelo TPI, com razão, só viajando para países não membros e dispostos a recebê-lo, que são poucos. O segundo tem mais liberdade de movimento, mas deve ser o segundo líder mundial mais desprezado do mundo, pela enorme bagunça que faz na globalização.
E Lula, que se prepara para viajar à Rússia e à China, aqui para uma agenda multilateral (Celac) e bilateral, ambas positivas para o Brasil?
O que pretende fazer na Rússia?
Não sabemos, exatamente, mas aceitou convite do líder mais desprezado do mundo — pois é um criminoso de guerra, destruidor de vidas na Ucrânia — por um capricho UNICAMENTE PESSOAL, pois não imagino o Itamaraty recomendando uma viagem para apertar a mão de quem violou abertamente a Carta da ONU e as regras mais elementares do Direito Internacional e do Direito Humanitário, duas colunas fundamentais de nosso trabalho, espírito e razão na diplomacia.
Por isso pergunto: QUAL O BENEFÍCIO PARA O BRASIL DA VIAGEM DE LULA AO ENCONTRO DE PUTIN?
Desculpem as maiúsculas, mas elas me parecem inteiramente necessárias. Por isso volto a dizer: LULA NÃO DEVERIA IR A MOSCOU!
Pela dignidade nacional, pelo menos a dignidade diplomática.
Paulo Roberto Almeida
Brasilia, 15/04/2025
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