O ódio e a mentira como armas políticas: a rede de Trump como doença americana
Olympio Pinheiro transcreve no seu FB matéria de Julia Estanislau (na FSP) sobre o inacreditável mundo doentio de Donald Trump, familiares e associados, na disseminação de um conteúdo abjeto, escabroso, mentiroso e doentio, que forma o núcleo de apoio fanatizado ao responsável pelo maior retrocesso civilizatório e humanitário na história dos EUA e de parte do mundo, incluindo o universo mental também doentio de Jair Bolsonaro e de seus apoiadores no Brasil. É um asco e um verdadeiro delirio tomar conhecimento das deformações e mentiras que estão sendo criadas e sendo disseminadas e tomadas como verdades por essa tropa de alienados demenciais.
Eu ainda não tinha uma ideia precisa de quão escabrosos e criminosos podem ser os promotores e seguidores dessa tribo de bárbaros sociopatas. Paulo Roberto de almeida
ONDA DE ÓDIO NA REDE SOCIAL DO TRUMP
Onda de ódio pós-tarifas toma conta da Truth Social e apoiadores de Trump chamam chineses de 'parasitas'
Onda de ódio pós-tarifas toma conta da Truth Social e apoiadores de Trump chamam chineses de "parasitas".
JULIA ESTANISLAU
Folha de S. Paulo, 10/04/2025
Um mergulho na rede social de Donald Trump, a Truth Social, é capaz de elucidar a forma de pensar do presidente americano e dos seus apoiadores. Sem restrição a conteúdos extremistas, a plataforma é uma contradição entre postagens sobre comida e animais de um lado e, de outro, falas xenófobas direcionadas aos chineses e aos imigrantes, ilegais ou não.
Após o anúncio das tarifas adicionais à China nesta quinta-feira (10), mensagens em apoio à medida lotaram a rede social. Nelas, internautas dizem que as tarifas vão recuperar os empregos, fortalecer a economia e tornar os EUA ricos e poderosos de novo. Essas mesmas mensagens culpam a China pelos problemas econômicos atuais dos Estados Unidos e se ancoram na taxação como solução para o país.
Recebendo apelidos como "o maior país abusador" e "trapaceiros" por parte do presidente americano, o país asiático é atacado por trumpistas que se referem aos chineses como "parasitas". As críticas de Trump à China, que começaram antes do anúncio das tarifas, aquecem um ambiente já tomado pela xenofobia, principalmente em relação aos imigrantes.
Diferente da postura adotada no X (ex-Twitter), Trump faz da Truth Social seu diário particular: usa palavras em caps lock, expressa opiniões pessoais sem filtro algum e escreve mensagens reafirmando que seus planos econômicos vão funcionar. Ele tem 9,4 milhões de seguidores na rede.
"Fiquem tranquilos! Tudo vai dar certo. Os EUA vão ser maiores e melhores do que antes!", escreve o presidente. Em outro post, diz: "Algum dia, as pessoas vão perceber que as tarifas, para os Estados Unidos da América, são uma coisa linda". Também compartilhou em seu perfil um vídeo sobre suas ações serem propositais para quebrar o mercado.
Os americanos que entraram em pânico sobre as tarifas e as criticaram receberam o nome de "panican", cunhado por Trump na Truth Social nesta segunda (7). Segundo ele, "panican" é de pessoas fracas e estúpidas.
Em entrevista à CNBC, o diretor do Budget Lab da Universidade de Yale, Ernie Tedeschi, afirmou que o aumento das tarifas pode fazer com que o desemprego saia dos atuais 4,2% para 4,7%. Como a Folha mostrou, as famílias americanas devem perder, em média, U$ 3,800 (cerca de $ 21.900).
Além dos apoiadores de Trump, a plataforma também é ocupada por seguidores do QAnon (conspiracionistas de extrema direita) e pessoas anti-vacina. Donald Trump Jr., filho do presidente, segue a linha de seu pai e também utiliza a Truth Social para inflamar a base de apoio trumpista.
"Se você pensa que é ruim que a Ucrânia nunca agradeceu por tudo que os Estados Unidos fez para ela, o fato de não terem contado que esse sociopata tentou comprar armas deles para assassinar meu pai parece um assunto mais importante", escreveu Trump Jr. na rede social.
Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também usam a rede social. O deputado licenciado escreve em inglês e pede por anistia, enquanto o ex-presidente posta feitos de seu governo.
COMO FUNCIONA
A plataforma foi fundada em 2021 e faz parte do Trump Media & Technology Group, que tem como máxima oferecer canais de mídia a favor da liberdade de expressão. Segundo o site da empresa, a ideia é que sejam espaços sem discriminação política, que atuem para "cancelar a cultura do cancelamento" e serem um ponto de resistência às big techs —hoje alinhadas a Trump.
Ao se cadastrar, a plataforma pede ao usuário que siga alguns perfis a fim de ajudar o algoritmo a entender quais são seus gostos. Porém, não há total liberdade de escolha: mesmo sem ter selecionado, a rede social faz o usuário seguir automaticamente o perfil oficial da Casa Branca e outros membros do alto escalão do governo Trump, como Karoline Levitt (porta-voz da Casa Branca), Sean Duffy (secretário de Transportes), Tulsi Gabbard (diretora de Inteligência Nacional) e Robert Kennedy Jr. (secretário da Saúde).
Estão incluídos também 44 perfis de notícias, todos alinhados ao governo, entre eles Fox News, The Daily Wire, Armed Forced Press, PJMedia, MxM News e Resist the Mainstream. Os perfis de Donald Trump e de seu vice, JD Vance, não fazem parte dessa pré-seleção. Entre outras sugestões, aparecem Jair Messias Bolsonaro e o ator Russell Brand, acusado de estupro e agressão sexual por quatro mulheres no início de abril.
Essa escolha (ou falta dela) não é em vão. Quem entra na rede social é bombardeado de notícias sobre o presidente, mensagens trumpistas ou que reafirmam a visão de mundo da extrema direita. Na plataforma, essas postagens recebem o nome de "truths", "verdades" em português. A interface, que se assemelha à do X e a do Bluesky, dá pouco espaço para outros lados do espectro político.”
FSP 10.04.2025
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