O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Deutsche Welle. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Deutsche Welle. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

"Brasil pode liderar processo de paz entre Ucrânia e Rússia": entrevista com embaixador Andrii Melnyk (Deutsche Welle)

POLÍTICABRASIL

"Brasil pode liderar processo de paz entre Ucrânia e Rússia"

Nádia Pontes enviada a Brasília / com Jean-Philip Struck (Bonn)

Deutsche Welle, 27/09/2023

https://www.dw.com/pt-br/brasil-pode-liderar-processo-de-paz-entre-ucr%C3%A2nia-e-r%C3%BAssia/a-66927851

 

Recém-chegado ao Brasil, embaixador ucraniano Andrii Melnyk pede criatividade a diplomacia brasileira para criar paz duradoura na guerra na Ucrânia. Mas, segundo ele, iniciar negociações agora faria pouco sentido.


Andrii Melnyk é o novo embaixador da Ucrânia no Brasil

 

Recém-chegado a Brasília, o novo embaixador ucraniano Andrii Melnyk pretende mobilizar a diplomacia brasileira a "pensar fora da caixa" e liderar o processo de paz entre as vizinhas Ucrânia e Rússia. Desde fevereiro de 2022, os ucranianos enfrentam a invasão de tropas russas e tentam resistir com ajuda internacional.

Para o representante diplomático do governo ucraniano no Brasil, um dos primeiros passos para essa aproximação entre Kiev e Brasília foi organizar o encontro de mais de uma hora entre Luiz Inácio Lula da Silva e Volodimir Zelenski, em Nova York, na última semana, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas. Segundo Melnyk, a conversa franca entre líderes é vista como chance de o mandatário brasileiro entender melhor a situação e se aproximar do país do Leste Europeu.

Durante a entrevista concedida à DW na embaixada da Ucrânia, abrigada numa casa alugada em Brasília, Melnyk argumentou que seria importante receber armas do Brasil, o que, segundo ele, se constituiria numa ajuda humanitária.

DW: Na avaliação do senhor, quais são os maiores equívocos no Brasil sobre a guerra que a Rússia está travando contra a Ucrânia, na sociedade e no plano político? Como planeja combatê-los?

Andrii Melnyk: Os brasileiros sabem que existe o Estado independente da Ucrânia. Mas, basicamente, o conhecimento é muito escasso. Mas não é culpa dos brasileiros, é nosso trabalho que não tem sido feito de forma apropriada nas últimas três décadas.

É nosso trabalho e nossa missão nos aproximarmos da sociedade brasileira e da comunidade política, fazer este contato e explicar nossa causa. Ficamos sem embaixador aqui por um longo período e isso atrapalhou a comunicação sobre o que aconteceu quando ocorreu a grande invasão em fevereiro de 2022.

Essa guerra de agressão, que pode parecer distante dos brasileiros geograficamente falando, afeta também a essência do DNA do Estado brasileiro, e ameaça as fundações da ordem internacional. E o Brasil é um dos países líderes dentro da ONU que tenta fortalecer esta ordem.

Minha segunda tarefa é mostrar para os brasileiros que a Ucrânia é mais do que apenas uma vítima desta guerra terrível. Temos que contar as histórias das pessoas. Ano passado, eu estava em Kiev, eu vivenciei os bombardeios noturnos diários. Muitos amigos meus morreram na linha de combate, muitos se feriram. Civis perderam suas vidas, suas casas. Temos também que contar a história da Ucrânia, o maior país em termos geográficos da Europa. Isso é algo que temos em comum com o Brasil, como o maior país da América do Sul.

Na Alemanha, onde o senhor foi embaixador da Ucrânia de 2015 a 2022, ganhou a reputação de ser franco e de criticar abertamente a classe política do país, incluindo a liderança do governo. O senhor pretende adotar a mesma postura no Brasil?

Honestamente, eu não sei ainda o caminho que eu devo escolher. É fato que não haverá um cenário de 'copia e cola', cada situação é única. Eu me sinto honrado por ter servido na Alemanha, tive o privilégio trabalhar lá por sete anos antes da grande invasão russa.

Eu era muito franco quando a guerra começou. Era um apelo sincero meu. Eu não conseguia entender por que a Alemanha, que se envolveu tanto nas negociações de Minsk e que tentava nos ajudar a resolver a primeira agressão russa com a anexação da Crimeia, em 2014, sabendo de todos os riscos, não nos forneceu armas. Minha convicção pessoal é que isso teria prevenido a atual invasão russa, iniciada em 2022. Tendo esse enorme peso geopolítico e econômico, a Alemanha poderia ter desempenhado outro papel para conter a Rússia ou mesmo evitar a guerra, pelo menos naquele momento. Isso não aconteceu.

No Brasil, a tarefa é diferente porque a conexão, por assim dizer, não é tão forte. Há uma comunidade de imigrantes ucranianos aqui de mais de 130 anos no Paraná, existem mais de 600 mil brasileiros com raízes ucranianas. Mas, basicamente, para a maioria das pessoas aqui, a Ucrânia ainda não parece ter um grande significado por enquanto.

Minha meta aqui é contar a história da guerra. Há muitas coisas que precisam ser faladas. Podemos começar com o sequestro de crianças ucranianas: milhares delas foram levadas à força para a Rússia. Elas são dadas para adoção forçada a famílias russas para serem reeducadas. Isso está acontecendo agora, no século 21. É pura barbaridade. Há prisioneiros de guerra ucranianos sendo torturados.

"Pode-se até permanecer neutro de alguma forma"

Há muitos assuntos práticos que têm significado para nós, não só do ponto de vista político e diplomático. A diplomacia brasileira faz parte das mais fortes do mundo, com grande tradição. O Itamaraty é um templo da diplomacia, com todas as pré-condições para ter orgulho dessa tradição, mas a sociedade, o jornalismo, ativistas políticos, ONGs – todos podem desempenhar um papel para influenciar a liderança russa a libertar crianças, na troca de prisioneiros de guerra.

São questões humanitárias. Pode-se até permanecer neutro de alguma forma. Há muito o que pode ser feito aqui para nos ajudar a aliviar as consequências desta guerra terrível. Há áreas enormes na Ucrânia que estão cheias de minas. O Brasil também poderia ajudar a liberar essas áreas, enviando especialistas que podem ajudar a tornar possível o retorno seguro dos moradores.

Na área de meio ambiente, o Brasil também pode ajudar. Nós estamos falando de crimes de guerra em escala industrial que foram cometidos desde o primeiro dia. Quase ninguém fala sobre os danos ecológicos: florestas destruídas, campos que não podem mais ser cultivados nos próximos anos ou décadas.

Como o Brasil, a Ucrânia é um celeiro mundial importante. Então não é só uma guerra nossa, é uma guerra que tem repercussão em outros países, [é uma] ameaça à segurança alimentar.

Liderança do Brasil e obrigação moral

O Brasil pode nos ajudar a garantir que haverá um julgamento de todos esses crimes humanitários. Todos aqueles que perpetraram crimes de guerra, estupro, tortura, que mataram civis, devem ser julgados. Se isso não for feito, se não recuperarmos as áreas ocupadas, haverá um problema, um mau exemplo ficará para outros países, que poderiam cometer os mesmos crimes de guerra, genocídio, crimes contra a humanidade.

O Brasil tem esta ambição de ter um papel de liderança, que é ancorada em seu tamanho geográfico, demografia, em sua economia, em sua cultura. Acho que é uma obrigação moral estar mais engajado e mostrar esta liderança para que outros possam seguir. 

Em abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a decisão de iniciar a guerra foi tomada tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia. Na semana passada, durante seu pronunciamento de abertura na Assembleia Geral das Nações Unidas, ele optou por adotar um tom distante em relação à guerra na Ucrânia, segundo analistas ouvidos pela DW. Ele não mencionou especificamente a Rússia, apenas a guerra na Ucrânia, num contexto de outros conflitos no mundo – segundo os especialistas, não houve ênfase no conflito. Isto pode não ter agradado ao presidente ucraniano Zelenski, que não aplaudiu Lula. Como o senhor vê a posição do Brasil em relação à guerra na Ucrânia? Essa posição é equivocada?

Eu não diria isso. Em sua posição oficial, o Brasil pertence ao grupo, agora composto por 141 países, que, em fevereiro, na Assembleia Geral da ONU, condenou a invasão, condenou a violação das leis internacionais, além de fazer parte da ampla comunidade internacional que tenta nos ajudar a encontrar uma solução pacífica.

Eu estou muito contente e orgulhoso que pudemos organizar este primeiro encontro entre Lula e Zelenski em Nova York na semana passada. Até então, os dois haviam se falado apenas uma vez por telefone em março. Depois disso, houve muitas declarações, muitas emoções, e isso não foi útil. Ninguém se beneficia disso e ninguém conseguia entender o que estava acontecendo – tomando por base a posição oficial do Brasil, segundo a qual o Brasil está a bordo conosco.

Não foi fácil organizar este encontro devido a esse volume de emoções que foram criadas de forma artificial. Eles conversaram cerca de uma hora e dez minutos. Foi uma conversa franca e honesta entre dois líderes muito ambiciosos, sem grandes expectativas, mas com o desejo de entender melhor a posição de cada um. Foi um bom começo. Podemos chamar de grande avanço, depois deste círculo vicioso de concepções e interpretações equivocadas vividas no passado.

"Iniciar negociações agora faria pouco sentido"

Não temos um processo de paz. Nós só temos uma guerra brutal porque Putin não está disposto a negociar. E isso foi um dos tópicos do encontro. Meu presidente tentou explicar para Lula por que iniciar negociações [de paz] agora faria pouco sentido. Não há uma mínima confiança sobre o que o chefe do Kremlin diz ou faz. As promessas que ele faz são palavras vazias.

Nós queremos paz. O Brasil pode ajudar a preparar o terreno para essas negociações. Chegar a um cessar-fogo não é o suficiente para atingir uma paz duradoura. Poderia acontecer o mesmo que ocorreu com o Acordo de Minsk, que não foi implementado, e muitos países negligenciaram as consequências e uma grande guerra se instalou no nosso território.

O senhor então acredita que o Brasil poderia liderar este processo das negociações de paz?

Certamente. Para mim, o Brasil é predestinado a ter um papel mais ativo por diferentes razões. Este tem que ser um processo muito criativo, já que não há um exemplo similar no passado recente. Pela primeira vez, há um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU atacando, agredindo, invadindo um país vizinho e com um direito de vetar qualquer decisão política.

É um dos principais problemas da ordem legal atual que está ameaçada pela Rússia e não há um instrumento para forçar o país agressor a parar a invasão. Nosso apelo a todos os amigos e parceiros brasileiros é pensar fora da caixa, pensar de forma criativa. Esse é o maior desafio que a humanidade enfrenta depois da Segunda Guerra, um trauma que continua vivo para nós: na Segunda Guerra, perdemos cerca de 10 milhões de ucranianos.

Como na Segunda Guerra, os civis são os que mais sofrem, porque a Rússia usa táticas sinistras de colocar os civis como alvo, atacando vilas, hospitais, escolas, museus, empresas, portos. No campo de batalha, a Rússia não se mostra como um país com um grande Exército. Parece que, para compensar isso, eles atingem os civis para criar terror, forçar os ucranianos a deixar o país, ou ir para outras regiões mais distantes do conflito.

Atualmente, as estruturas existentes dentro da ONU não oferecem soluções para nos ajudar a parar a guerra por meio diplomático. Estamos pedindo ajuda para pensar nesta solução não só ao governo brasileiro, mas também a think tanks, ONGs, universidades.

O Brasil deveria fornecer armas para a Ucrânia?

Primeiro, é uma decisão de total soberania do governo brasileiro, que tem que cuidar de seus interesses e formular sua própria agenda. Sob o nosso ponto de vista, podemos falar apenas da perspectiva de vítimas, de civis. Gostaria de ressaltar isso novamente, pois uma coisa que não é sempre compreendida aqui é a natureza maligna desta guerra. A propaganda russa diz todo o tempo aqui que se trata de um conflito menor, quase uma guerra civil, que a Rússia está lutando contra o Ocidente, contra a Otan – que seria má – que desejaria invadir o território dela.

E gostaria de repetir esse dado: esta é uma guerra que está sendo travada contra alvos que são 94% civis. Drones, foguetes e todas as outras armas que eles usam são direcionadas para civis em 94% dos casos. Isso muda tudo.

É uma guerra que está sendo travada contra idosos, crianças, mulheres. Se não fosse o sistema de defesa aéreo, fornecido por países como a Alemanha, que abate os drones e foguetes que voam literalmente sobre nossas cabeças na Ucrânia, mais escolas e casas teriam sido destruídas e mais pessoas teriam morrido.

Desse ponto de vista, são um pedido e uma expectativa justos por parte da sociedade ucraniana. O Brasil poderia ter um papel de liderança também aqui na América Latina nesse sentido. Enviar munição para sistemas de defesa como os Gepard, enviados pela Alemanha em 2022, poderiam salvar vidas, não seria participar das hostilidades, ou assumir um lado ou outro do conflito. Eles ajudam os nossos militares a "fechar o céu", deixar as cidades mais seguras.

"Ninguém espera que o Brasil se envolva nas zonas de conflito"

Ninguém espera que o Brasil se envolva nas zonas de conflito, mas que ajude de outras maneiras, como, por exemplo, com a retirada de minas, fornecendo munições para o sistema de defesa aéreo e veículos para transporte de feridos nas cidades bombardeadas. O Brasil também poderia nos ajudar na questão da energia, com geradores e outros equipamentos que poderiam ser enviados às cidades e que ajudariam os ucranianos a sobreviver ao próximo inverno [no Hemisfério Norte], que será uma estação muito difícil.

Por que a Ucrânia até agora praticamente não conseguiu mobilizar um apoio significativo no Sul Global?

É uma pergunta difícil, e ainda não temos uma resposta apropriada. Há muitos fatores que, infelizmente, nós deixamos de lado nestas três décadas depois de termos conquistado novamente a nossa independência.

Nós não investimos muito tempo e atenção em todos os países que agora são chamados de Sul Global, um termo do qual eu não gosto muito porque coloca países muito diferentes numa mesma denominação. Em parte, foi um erro nosso.

Nós estivemos muito concentrados em outras questões importantes, como entrar para a União Europeia e para a Otan. Se fizéssemos parte desta comunidade de defesa, a Ucrânia não teria sido agredida pela Rússia.

Não tínhamos recursos suficientes para prestar atenção a outros países. Agora, essa guerra abriu nossos olhos, tínhamos que ter sido mais ativos na América Latina, Ásia, em outras regiões. Ter uma embaixada não é suficiente. Ao mesmo tempo, os russos têm estado presentes não apenas diplomaticamente, mas com suas missões de negócios e cobertura de mídia.

Agora esta tarefa se tornou, talvez, cem vezes mais difícil. Estamos tentando corrigir isso. Estamos abrindo várias representações diplomáticas na África, mesmo gastando atualmente 60% do nosso PIB com Defesa. Não esperamos resultados rápidos. Precisamos investir pelo menos uma década nesta expansão diplomática, ajudando nossos negócios a estarem mais presentes também nestes países.

Lula disse recentemente que o Brasil não prenderia Vladimir Putin se ele comparecesse à cúpula do G20 no Rio de Janeiro em 2024. Mais tarde, ele disse que caberia às autoridades judiciais brasileiras decidir. O que o senhor acha disso?

Tudo o que eu posso dizer é que Ucrânia gostaria que o presidente Zelenski fosse convidado para a cúpula que reúne todos os grandes líderes das 20 nações mais ricas. É algo que nós já dissemos aos nossos amigos brasileiros.

Nós gostaríamos de nos engajar com a presidência brasileira para que esta presidência do G20 fosse bem-sucedida. E não estamos falando apenas da agenda da cúpula, que inclui combate à pobreza, às desigualdades, aborda questões da Amazônia, mas também de temas como restaurar a ordem mundial. Isso é do nosso interesse.

Se o Sr. Putin estará presente ou não, isso é uma decisão dos nossos amigos brasileiros. Nosso desejo é que, durante a presidência do Brasil, a Ucrânia possa estar entre os participantes, talvez como convidados especiais – já que não somos membros do grupo – para apresentar nossa causa, a de uma guerra que temos que travar por se tratar de uma questão de existência.

A partir desta perspectiva [de manutenção da ordem mundial], penso que seria de interesse do Brasil e de outros países-membros do G20, talvez até para a Rússia, estar presente no Rio para trocar visões. Espero que meu presidente possa visitar o Brasil em 2024 (antes ou durante a cúpula do G20). Seria um sinal de visão ampla sobre essa ordem global e ajudaria o Brasil a nos entender melhor.

Levando em consideração o interesse do Brasil em se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que deve ser reformado, o país vai precisar de aliados e amigos no Leste da Europa.

Como o senhor acha que essa guerra vai acabar?

Para mim, como cidadão da Ucrânia, não apenas como diplomata ou como embaixador, pode não haver outra saída do que a Ucrânia libertar todas as áreas que foram ocupadas, incluindo a Crimeia. Ou seja, só quando a Ucrânia tiver restaurado as suas fronteiras internacionalmente reconhecidas a partir de 1991 é que se poderá falar numa paz duradoura.

É importante enfatizar isso porque, como vocês provavelmente sabem e ouviram, e também aqui no Brasil, tem havido algumas discussões sobre possíveis linhas de compromisso, e uma das sugestões é que Crimeia deva ser colocada entre "colchetes" e a Ucrânia apenas tenha que se esforçar para libertar os territórios que foram ocupados depois de fevereiro de 2022.

Se a comunidade internacional permitir que este falso compromisso seja alcançado, isso não garantiria uma paz duradoura. Essa ocupação já dura mais de nove anos. Se a questão da justiça for simplesmente deixada de fora deste futuro acordo de paz – que esperamos que seja universal e global –, qualquer que seja a forma que assuma, isso significaria que dezenas de milhares de crimes de guerra poderiam não ser levados à Justiça e isso não é nada bom para a ordem global.

E a última, mas não menos importante, questão é, obviamente, a questão das garantias futuras. Como prevenir, como garantir, por meios diplomáticos, que a Rússia não iniciará uma nova guerra semelhante ou talvez ainda mais brutal no futuro.


terça-feira, 11 de abril de 2023

A new world order? BRICS nations offer alternative to West - Astrid Prange (Deutsche Welle)

 A new world order? BRICS nations offer alternative to West

Astrid Prange
April 10, 2023

Predictions about the BRICS countries as the fastest growing economies haven't quite panned out. Instead, the alliance is now offering a diplomatic forum and development financing, outside of the Western mainstream.

The acronym began as a somewhat optimistic term to describe what were the world's fastest-growing economies at the time. But now the BRICSnations — Brazil, Russia, India, China, South Africa — are setting themselves up as an alternative to existing international financial and political forums.

"The founding myth of the emerging economies has faded," confirmed Günther Maihold, deputy director of the German Institute for International and Security Affairs, or SWP. "The BRICS countries are experiencing their geopolitical moment."

BrazilRussiaIndiaChina and South Africa are trying to position themselves as representatives of the Global South, providing "an alternative model to the G7."

The G7 is an "informal forum" of heads of state of the world's most advanced economies, founded in 1975. GermanyFrancethe United KingdomItalyJapanCanada and the US are members, as is the EU.

The acronym BRIC, which initially stood for Brazil, Russia, India and China, was coined by Jim O'Neill in 2001 when he was chief economist of the multinational investment bank, Goldman Sachs. At the time, the four countries had sustained rates of high economic growth and the BRIC label stood for economic optimism about the future of those nations. Opponents of the label said the countries were too diverse to be grouped together like this and that it was really just a Goldman Sachs marketing ploy.

But what may have started as a marketing ploy to encourage investors has grown into a platform for intergovernmental cooperation similar to the G7. In 2009, the four nations met for their first summit in Russia's Yekaterinburg. In 2010, South Africa was invited to join the group, adding the "S" to BRICS.

Challenging the World Bank model

In 2014, with $50 billion (around €46 billion) in seed money, the BRICS nations launched the New Development Bank as an alternative to the World Bank and the International Monetary Fund. In addition, they created a liquidity mechanism called the Contingent Reserve Arrangement to support members struggling with payments.

These offers were not only attractive to the BRICS nations themselves, but also to many other developing and emerging economies that had had painful experiences with the IMF's structural adjustment programs and austerity measures. This is why many countries said they might be interested in joining the BRICS group.

The BRICS bank is open to new members. In 2021, Egypt, the United Arab Emirates, Uruguay and Bangladesh took up shares. However, these were much lower than the respective $10 billion investments made by the bank's founding members.

Set to expand

South African Foreign Minister Naledi Pandor has said worldwide interest in the BRICS group was "huge." In early March, she told television interviewers that she had 12 letters from interested countries on her desk.

"Saudi Arabia is one," she said. "United Arab Emirates, Egypt, Algeria, and Argentina,"  as well as Mexico and Nigeria.

“ Once we've shaped the criteria [for lending], we will then make the decision," she said, noting that the topic would be placed on the agenda for the upcoming August summit in South Africa.

The most recent economic developments in BRICS member states have little to do with the initial myths upon which the group was founded. Of the five members, only China has achieved sustained and extensive growth since then. 

As China's gross domestic product grew from $6 trillion in 2010 to nearly $18 trillion in 2021, the economies in Brazil, South Africa and Russia stagnated. India's GDP grew from $1.7 trillion to $3.1 trillion, but was outpaced by China's growth.

No sanctions against Russia

Since the start of the Russian war in Ukraine, the BRICS countries have only distanced themselves further from the so-called West. Neither India, Brazil, South Africa or China are taking part in sanctions against Russia. This has become increasingly clear with near-historic levels of trade between India and Russia, or in Brazil's dependence on Russian fertilizer.

"Diplomatically, the war in Ukraine appears to have drawn a stark dividing line between an eastern-backed Russia and the West," political scientist Matthew Bishop from the University of Sheffield wrote for the Economics Observatory late last year. "Consequently, some European and US policymakers worry that the BRICS may become less an economic club of rising powers seeking to influence global growth and development, and more a political one defined by their authoritarian nationalism."

Maihold of the German Institute for International and Security Affairs agrees. He said the BRICS alliance is not so much a counter to the West but more a forum for increased sovereign and autonomous thought. In a bipolar world, he believes South Africa, India and Brazil are simply "vying for better terms."

China, on the other hand, is using the platform for its global political ambitions, Maihold added, pointing to Beijing's offers to mediate the war in Ukraine and the joint military exercises it held with Russia in South Africa.

Maihold believes the West has noticed this change in tack and is trying to counteract it. "They are looking very closely," he said. "At the G7 summit in Germany in 2022, they made a point of inviting South Africa and India, in order to prevent the optics that the G7 was standing against BRICS."

This article was translated from German.

sexta-feira, 31 de março de 2023

BRICS é um bloco majoritariamente ditatorial - Astrid Prange (Deutsche Welle, via Augusto de Franco)

Da página de Augusto De Franco:

BRICS É UM BLOCO MAJORITARIAMENTE DITATORIAL

Além do Brasil e da África do Sul, compõem o bloco três das maiores autocracias do mundo: Rússia (autocracia eleitoral), Índia (autocracia eleitoral) e China (autocracia fechada). Agora estão tentando incluir nos BRICS, além da Argentina, mais quatro autocracias: Egito (autocracia eleitoral), Irã (autocracia eleitoral), Turquia (autocracia eleitoral) e Arábia Saudita (autocracia fechada). O perigo é que seja o embrião de um bloco de uma segunda grande guerra fria das autocracias contra as democracias liberais.

Vejam o que escreve Astrid Prange, Deutsche Welle (27/03/2023):

A sigla começou como um termo um tanto otimista para descrever quais eram as economias de crescimento mais rápido do mundo na época. Mas agora as nações do BRICS – Brasil , Rússia, Índia, China , África do Sul – estão se estabelecendo como uma alternativa aos fóruns financeiros e políticos internacionais existentes.

"O mito fundador das economias emergentes desapareceu", confirmou Günther Maihold, vice-diretor do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança, ou SWP. "Os países do BRICS estão vivendo seu momento geopolítico."

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul estão tentando se posicionar como representantes do Sul Global, oferecendo “um modelo alternativo ao G7”.

Desde o início da guerra russa na Ucrânia, os países do BRICS só se distanciaram ainda mais do chamado Ocidente. Nem Índia , Brasil, África do Sul ou China estão participando de sanções contra a Rússia. Isso ficou cada vez mais claro com níveis quase históricos de comércio entre Índia e Rússia, ou na dependência do Brasil de fertilizantes russos.

"Diplomaticamente, a guerra na Ucrânia parece ter traçado uma linha divisória rígida entre uma Rússia apoiada pelo leste e o Ocidente", escreveu o cientista político Matthew Bishop, da Universidade de Sheffield, para o Economics Observatory no final do ano passado. "Consequentemente, alguns formuladores de políticas europeus e americanos temem que os BRICS possam se tornar menos um clube econômico de potências emergentes que buscam influenciar o crescimento e o desenvolvimento global e mais um clube político definido por seu nacionalismo autoritário."

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Ucrânia acusa Rússia de colocar minas em barragem (Deutsche Welle)

 Existe monstro maior do que Putin na atualidade? Um legitimo sucessor de Hitler.

Ucrânia acusa Rússia de colocar minas em barragem

Existe 50 minutos

Segundo Zelenski, Moscou planeja explodir represa de usina hidrelétrica no sul do país. Ruptura da estrutura pode causar "desastre de grandes proporções", alerta o presidente ucraniano.

Deutsche Welle, 21/10/2022

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, alertou a comunidade internacional de que a Rússia planeja explodir a barragem de uma usina hidrelétrica na região de Kherson, no sul do país. Kiev lançou uma ofensiva na área, depois de nas últimas semanas ter recuperado diversos assentamentos ocupados por tropas russas.

Em um vídeo divulgado na noite desta quinta-feira (20/10), Zelenski afirmou que militares russos colocaram minas na barragem da usina hidrelétrica de Kakhovka, localizada no rio Dnipro. Segundo ele, uma explosão da represa faria o canal do norte da Crimeia desaparecer, num "desastre de grandes proporções", afetando cerca de 80 comunidades, incluindo a capital regional, Kherson.

A represa de Kakhovka tem 2,1 mil km² de extensão e foi construída na década de 1950. O canal do norte da Crimeia é a principal fonte de abastecimento de água da península.

"A Rússia está deliberadamente criando as bases para um desastre de grandes proporções no sul da Ucrânia", afirmou Zelenski num apelo direcionado aos líderes da União Europeia (EU), que estavam reunidos em Bruxelas.

De acordo com Zelenski, Kiev tem informações de que, além de colocar minas no local, Moscou está planejando um ataque de bandeira falsa. No vídeo aos líderes europeus, o presidente disse ainda que a Rússia transformou a estrutura energética da Ucrânia num campo de guerra, cujo objetivo, segundo ele, seria, ao causar problemas de aquecimento e apagões, obrigar o maior número possível de ucranianos a deixar o país no inverno.

Ataques à infraestrutura civil

As acusações surgem num momento em que a Rússia lançou uma série de bombardeios à infraestrutura civil da Ucrânia. Os ataques levaram o país a restringir nesta quinta-feira o fornecimento de energia. A empresa responsável pelo setor anunciou cortes de energia de até quatro horas em todas as regiões do país e disse que não descarta outras restrições com a chegada do frio.

Os recentes ataques russos destruíram cerca de 40% do sistema de energia elétrica da Ucrânia, segundo uma autoridade ucraniana do setor. De acordo com Zelenski, desde 10 de outubro, 30% das usinas de geração de energia do país foram destruídas em bombardeios.

A Rússia vem ainda perdendo territórios ocupados após a invasão em fevereiro. Diante do sucesso da ofensiva ucraniana em Kherson, Moscou iniciou a evacuação da região e vem alegando que a Ucrânia está atacando alvos civis na área – algo que Kiev nega. Cerca de 15 mil moradores já foram retirados da região. No total, as autoridades pró-russas pretendem retirar entre 50 mil e 60 mil habitantes em seis dias.

Nesta sexta-feira, a administração pró-russa de Kherson acusou as tropas ucranianas de matar quatro e ferir 10 num bombardeio à ponte Antonovsky, uma das principais rotas de abastecimento para as forças russas no sul da Ucrânia.

Mais de 400 crianças mortas

A Procuradoria-Geral da Ucrânia afirmou nesta sexta-feira que, desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, 429 crianças morreram na Ucrânia em decorrência da guerra, e mais de 800 ficaram feridas. Os ataques russos danificaram ainda 2.663 instituições de ensino em todo o país.

A ofensiva militar lançada em fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de ucranianos, destes, 7,7 milhões fugiram para outros países europeus. Segundo a ONU, o conflito causou a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

De acordo com a ONU, em apenas quase oito meses, a guerra já deixou mais de 6,3 mil civis mortos e 9,6 mil feridos.

cn (AP, DW, Lusa)

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O novo imperador, de um Império quase inteiro, expõe os seus planos (Deutsche Welle)

O ambicioso plano de Xi Jinping no Congresso do PCC

William Yang
CGTN, 17/10/2022
há 2 horas

Presidente chinês resumiu em discurso as conquistas do governo nos últimos cinco anos. Taiwan, seguranças nacionais, autossuficiência foram tema no evento em que Xi prepara o caminho para um terceiro mandato.

Deutsche Welle, 17/10/2022

Em tom triunfante, o presidente chinês, Xi Jinping, destacou as conquistas de sua sigla durante a abertura do 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) neste domingo (16/10). E prometeu uma série de reformas e mudanças visando promover o rejuvenescimento da nação chinesa.

Ao discursar para cerca de 2.300 membros do partido único, Xi defendeu a estratégia de zero covid, dizendo que as medidas de controle da pandemia "protegeram a vida e a saúde”, e que as decisões para impor o "governo dos patriotas” em Hong Kong ajudaram a mudar a situação da região "de caos para governança”.

Além disso, embora Pequim insista em lutar pela reunificação pacífica com Taiwan, nunca renunciaria à opção de usar a força para alcançar esse objetivo: "As rodas da história estão girando em direção à reunificação da China e ao rejuvenescimento da nação chinesa. A reunificação completa da pátria pode e deve ser alcançada."

Discurso sem muitos conflitos

Wen-Ti Sung, professor de Estudos Taiwaneses da Universidade Nacional Australiana, atualmente residente em Taipei, considerou discurso de Xi muito menos agressivo do que esperavam certos analistas: "Ele diz que a ‘reunificação completa da nação deveria e precisaria acontecer', mas é muito vago sobre como pretende fazer isso."

"Enquanto alguns analistas taiwaneses temiam que o presidente chinês apresentasse novas estratégias para resolver a questão com Taiwan, seu discurso sinaliza um desejo maior de preservar a continuidade, em vez de mudança. Ele mencionou determinação firme e capacidades fortes para se opor à independência de Taiwan, mas não especificou um plano ou cronograma. A intenção é aumentar ainda mais a ambiguidade quanto ao cronograma e à urgência da unificação com Taiwan."

Além de enfatizar o sucesso do Partido Comunista Chinês na superação de desafios, Xi também destacou "mudanças rápidas na situação internacional”, elogiando os esforços da legenda para "manter a equidade e a justiça internacionais, defender a prática do multilateralismo genuíno e se opor claramente a todos os tipos de hegemonia e políticas de poder”.

À medida que aumenta a tensão geopolítica entre a China e os países ocidentais liderados pelos Estados Unidos, Ian Chong, cientista político da Universidade Nacional de Singapura, afirma que a ênfase no multilateralismo significa que a China continuará desafiando e competindo com Washington. "Quando se fala de multilateralismo, muitas vezes significa que Pequim trabalhará por meio de instituições internacionais, principalmente as Nações Unidas e as agências da ONU, para combater o que considera influência dos EUA."

Ênfase em ideologia e autoconfiança

Embora o discurso seja amplamente visto como uma continuação das políticas do governo de Xi Jinping na última década, o cientista político Ian Chong considerou notável a ênfase do líder chinês em valores não tangíveis: "Uma das maneiras de Xi Jinping lidar com os desafios, inclusive com a desaceleração da economia e a rivalidade da China com os EUA, é enfatizar a disciplina e a ideologia partidária."

Durante o discurso, Xi descreveu o marxismo como a ideologia orientadora do PCC, e que é "responsabilidade histórica solene” dos membros do partido continuarem "abrindo novos capítulos na adaptação do marxismo ao contexto chinês”.

Ao apresentar a visão para os próximos cinco anos, em meio aos crescentes desafios econômicos, Xi disse que Pequim continuará a promover a prosperidade comum, melhorar a distribuição de riqueza e acelerar o desenvolvimento de um sistema habitacional. Ele também destacou a necessidade de crescimento por meio de uma economia de mercado socialista e estratégias de dupla circulação doméstica-internacional.

Buscando educação de classe mundial

Dexter Roberts, membro do Conselho do Atlântico, criticou o discurso de Xi por não explicar muito sobre o conceito de "prosperidade comum”: "Foi uma declaração sem muita informação, e não há muitos detalhes sobre como eles realmente vão fazer isso."

"Também acho que a prosperidade comum tem,  na liderança e na cabeça de Xi, um elemento de punição aos ricos. Muitas das repressões contra empreendedores e grandes empresas de tecnologia na China estão relacionadas à segurança econômica e de dados."

No entanto, Iris Pang, economista-chefe do ING para a China, acredita que Pequim está tentando colocar a prosperidade comum sob um novo signo, destacando a necessidade chinesa de construir uma educação de classe mundial, "e isso dará à geração mais jovem a oportunidades de subir na pirâmide da riqueza – e eles têm um canal para fazer isso adequadamente".

E com os EUA aumentando seus esforços para impedir o acesso da China a tecnologias de semicondutores, Xi prometeu se concentrar no "desenvolvimento de alta qualidade" que priorizaria educação, ciência e tecnologia: a China "acelerará a realização de um alto nível de autossuficiência científica e tecnológica e autoaperfeiçoamento".

Para Dexter Roberts, a ênfase de Xi na "autossuficiência" indica que Pequim quer provar que pode "seguir sozinho", embora possa ser um desafio. "Não acho que Xi entenda quão difícil seria para eles a nacionalização de alta tecnologia em sua cadeia de suprimentos."

Modernização militar e fortalecimento de "seguranças"

Ao lado da autossuficiência, Xi também enfatizou a importância de continuar os esforços de modernização militar, prometendo acelerar a "modernização da doutrina militar, a organização do Exército, dos militares, e de armas e equipamentos".

Xi destacou a importância de fortalecer uma ampla gama de "seguranças" no país, mencionando a palavra cerca de 50 vezes ao longo do discurso. Ele instou a China a fortalecer sua base de segurança nacional melhorando o sistema de alerta precoce e garantindo o fornecimento de alimentos e energia.

David Bandurski, codiretor do China Media Project,considera o conceito de segurança nacional um dos sinais mais claros do discurso. "É uma continuação completa do que vimos sob o governo de Xi. Podemos deduzir com relativa certeza que eles estão falando dos Estados Unidos, e parte disso se refere a preocupações internas de segurança do desenvolvimento ou do trabalho."

No geral, alguns especialistas acham que, com o discurso do domingo, Xi está ampliando a visão e a direção traçadas na última década. Para Holly Snape, especialista em política chinesa da Universidade de Glasgow, em vez de estabelecer novas metas, o discurso de Xi reforça uma visão estreita de "modernização definida pelo partido”.

Moldando a história para traçar o futuro

Snape acreditar ser "importante que Xi tenha liderado a elaboração do discurso, pois isso permitiu que ele aprofundasse e consolidasse o pensamento que começou a definir, principalmente em 2017”.

Bandurski, do China Media Project, acrescenta que o relatório político entregue por Xi no domingo serve, principalmente, para sinalizar o poder do presidente chinês e posicioná-lo na história do Partido Comunista. "A história está sempre bem na mira do Partido Comunista, e interpretar e expandir a história é realmente a chave para Xi sinalizar seu poder. Tudo gira em torno de contar a história básica de que os últimos cinco anos foram um grande sucesso e mostrar por quê.”

O Congresso do Partido Comunista é realizado a cada cinco anos, e até o fim do presidente chinês deverá garantir um terceiro mandato Na ocasião, o Partido Comunista Chinês também divulgará a formação de sua nova liderança.