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terça-feira, 18 de julho de 2023

Vidas Paralelas? Os processos de integração da América Latina comparados com os esquemas da Ásia Pacífico (2015) - Paulo Roberto de Almeida

 Um trabalho inédito, feito em 2015, antes que o TPP fosse confirmado, e antes de muitos outros desenvolvimentos nas duas regiões: 

Vidas Paralelas? Os processos de integração da América Latina comparados com os esquemas da Ásia Pacífico

Parallel lives? Regional integration processes in Latin America compared to the schemes in the Asia Pacific region.

 

Paulo Roberto de Almeida (2015)

 

Resumo: Ensaio sobre os processos de integração regional na América Latina e na região da Ásia Pacífico, em caráter comparativo e em perspectiva histórica. Examina as diferentes modalidades e esquemas de integração, em ambas as regiões, com destaque para os experimentos de áreas preferenciais de comércio – bem mais disseminados na região asiática – e de livre comércio ou de união aduaneira, sucessivamente tentados na América Latina, mas não conduzidos até sua implementação completa. Contrasta as políticas econômicas – macro e setoriais – aplicadas em cada uma das regiões, destacando o caráter mais aberto ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros no Pacífico asiático e a natureza mais introvertida, ou protecionista, com maior grau de dirigismo econômico, dos esquemas existentes na região latino-americana. Observa que, desde os anos 1960 se operou uma notável inversão de inserção econômica internacional de cada uma das duas regiões, uma vez que as perspectivas relativamente favoráveis existentes para a América Latina até os anos 1970 foram finalmente transferidas para a região asiática, que se inseriu de modo mais completo na economia mundial.

Palavras-chave: Integração regional. América Latina. Ásia Pacífico. Avaliação.

 

Abstract: Analytical essay dealing with the regional integration processes in Latin America and in the Asia Pacific regions, in historical perspective and with a comparative approach. Attempts an evaluation of the various modalities of the integration schemes, from more simple forms, as the preferential trade areas – more common in the Asia Pacific region – to the more complex free trade zones or customs unions, in implementation, albeit not completely, in the Latin American region. Compare and assess their differing economic policies – both macroeconomic and sectorial – and stress the more open features of the Asia experiments, integrated into the world trade and foreign investment flows, in contrast with the more introverted and protectionist nature of the Latin American experiments, characterized by various degrees of economic intervention by the States. A final observation can be made as to the clear inversion of the roles and respective places of the two regions in the world economy, from the early 1960s to our days, since the more favorable perspectives of Latin America seem to be transferred to the Asia Pacific region, where a deeper integration into the international productive networks is being operated. 

Kew words: Regional integration. Latin America. Asia Pacific. Assessment.

 

Ler a íntegra aqui: 

https://www.academia.edu/104708639/2796_Vidas_Paralelas_Os_processos_de_integra%C3%A7%C3%A3o_da_Am%C3%A9rica_Latina_comparados_com_os_esquemas_da_%C3%81sia_Pac%C3%ADfico_2015_

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

RCEP: como o mega-acordo comercial do Pacífico pode afetar o Brasil - Revista Exame

 Como o “maior acordo comercial do mundo” fechado pela China afeta o Brasil

A China e 14 países do Pacífico fecharam nesta semana um mega-acordo comercial que engloba um terço do PIB global. Como ficam o Brasil e a América Latina?
Por Carolina Riveira
Exame, 17/11/2020 às 14h10
https://exame.com/mundo/como-o-maior-acordo-comercial-do-mundo-fechado-pela-china-afeta-o-brasil/

A China e outros 14 países da região do Pacífico asiático fecharam neste domingo, 15, o que é até agora o maior acordo comercial do mundo. O acordo de livre comércio foi batizado de Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP na sigla em inglês). O bloco comercial abrange um mercado de 2,2 bilhões de pessoas e 26 trilhões de dólares, ou um terço do PIB global.

Ainda deve demorar anos para que a aliança altere amplamente o comércio global, e parte dos signatários também já tinha acordos entre si. Mas o simbolismo do tratado é grande, sobretudo na guerra comercial entre Estados Unidos e China.

O Peterson Institute for International Economics (PIIE), nos EUA, estimou em relatório de junho (e com números de antes da covid-19), que o acordo aumentaria o comércio entre os membros em até 428 bilhões de dólares em 2030. Do outro lado, reduziria o comércio em até 48 bilhões de dólares para os não-membros. Em cenário de guerra comercial, o RCEP se torna “especialmente valioso” e “fortalece a independência do Leste Asiático”, escrevem os economistas do PIIE.

Para o Brasil, do qual a China é a maior parceira comercial, qualquer movimentação na Ásia é sinal de atenção, diz o professor Luís Antonio Paulino, do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas da Unesp. Mas, a princípio, a maior integração entre a China e os vizinhos não afete as exportações tradicionais e pode até beneficiar indiretamente o Brasil diante do aumento do comércio global. 

Até outubro, a Ásia comprou quase metade das exportações brasileiras, ou 84 bilhões de dólares, em demanda liderada pela China.

“Os principais produtos que exportamos são commodities minerais e agrícolas, cujas exportações não serão afetadas por esse acordo”, diz Paulino. “Mas esse amplo acordo regional de comércio tende a reforçar as cadeias regionais de suprimento da Ásia, o que pode dificultar, em perspectiva futura, o desejo do Brasil de diversificar sua pauta de exportação”.

O acordo agora inclui não só os tradicionais aliados chineses (10 países já faziam parte do ASEAN, acordo asiático liderado pela China), mas países até então fora da órbita direta de influência da China e grandes parceiros americanos, como Austrália, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Japão. A Índia, outro país importante na região e o segundo mais populoso do mundo, saiu das negociações antes do fim. 

“Estados Unidos, China e América Latina formam um triângulo no qual mudanças nas relações entre dois dos vértices necessariamente afetarão o terceiro”

Luís Antonio Paulino, professor da Unesp e especialista em economia global

A forma como o acordo pode impactar as relações entre China e EUA, em plena guerra comercial, também afeta o Brasil, que fica no meio da disputa geopolítica.

Para o ano que vem, Paulino aponta que temas como o leilão do 5G (e a exclusão ou não da Huawei pelo Brasil) e a relação brasileira com o presidente americano eleito, Joe Biden, serão cruciais para o papel do Brasil na disputa entre as duas potências. Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

EXAME — A China é a maior compradora dos produtos do Brasil e de vários países da América Latina. Esse acordo, agora abrangendo países como Austrália, Japão e Coreia do Sul, impacta de alguma forma as exportações brasileiras, ou são alvos diferentes? 

Professor Luís Paulino — Não creio que haverá impactos, pelo menos a curto prazo e médio prazo. De janeiro a setembro de 2020 os principais produtos exportados para a Ásia foram: soja, minério de ferro, petróleo, carne congelada bovina, pastas químicas de madeira, açúcar e carnes e miudezas de aves. Nenhum desses produtos enfrenta concorrência local que poderia ser afetada por esse acordo.

É preciso levar em conta, contudo, que assistimos hoje, em grande parte devido aos efeitos econômicos da pandemia da covid-19, uma tendência ao encurtamento e regionalização das cadeias globais e suprimentos. Nesse sentido esse amplo acordo regional de comércio tende a reforçar as cadeias regionais de suprimento da Ásia, o que pode dificultar, em perspectiva futura, o desejo do Brasil de diversificar sua pauta de exportação para a região, incluindo produtos industrializados de maior valor agregado.

O acordo firmado ainda vai demorar um tempo até que efetivamente traga mudanças, e muitos dos países envolvidos já tinham acordos bilaterais ou multilaterais entre si. Nesse sentido, podemos afirmar que o impacto por ora é mais simbólico do que econômico?

Não creio que será apenas simbólico. Haverá efeitos reais, que poderão afetar os interesses sobretudo dos Estados Unidos e União Europeia na região. As cadeias globais de suprimento tendem a se estabelecer em áreas de livre comércio. Quanto maior a integração comercial entre os países da Ásia mais as cadeias globais de suprimentos centradas na China, Japão e Coreia do Sul tenderão a se regionalizar, em prejuízo de fornecedores de fora da área, cujas exportações podem estar sujeitas a tarifas de importação mais elevadas.

No caso específico do RCEP, serão eliminadas tarifas sobre 91% das mercadorias comercializadas entre os membros. No caso do Japão, por exemplo, o número de produtos não tarifados enviados para a Coreia do Sul aumentará de 19% para 92% e para a China de 8% para 86%. A indústria automobilista japonesa deverá ter grandes ganhos uma vez que acordo eliminará as tarifas sobre quase US$ 50 bilhões em peças automotivas enviadas para a China.

Também é preciso considerar que o aprofundamento dos laços comerciais entre a China e os outros países da Ásia e Sudeste Asiático que assinaram o acordo não deixa de ser ruim para os Estados Unidos que ficaram de fora. Certamente vai dificultar os esforços dos Estados Unidos de isolar a China na região. A Índia foi o único grande país a ficar fora do acordo, com receio de receber uma enxurrada de importações, mas pode vir a aderir no futuro.

Para os EUA, o simbolismo de ter esse acordo liderado pela China é forte. Há algum ponto em que a continuidade dessa guerra comercial sino-americana possa impactar o Brasil e a América Latina? Como o senhor vê esse cenário no governo eleito de Joe Biden?

Estados Unidos, China e América Latina formam um triângulo no qual mudanças nas relações entre dois dos vértices necessariamente afetarão o terceiro. Há aspectos nas relações Estados Unidos-China, Estados Unidos-Brasil e Brasil-China que tendem a não mudar substancialmente no governo Biden. Estados Unidos continuarão a ver e tratar a China como um competidor estratégico, o Brasil continuará a ter um papel importante para os Estados Unidos em sua relação com a América Latina e a China continuará a ser fundamental para o Brasil como seu principal parceiro comercial.

Mas há coisas que podem mudar e afetar essas relações. Caso haja uma normalização das relações comerciais entre China e Estados Unidos, isso pode afetar o Brasil, uma vez que os Estados Unidos são nosso maior competidor no fornecimento de commodities agrícolas para a China. Por outro lado, a derrota de Trump abre espaço para uma mudança da política externa brasileira uma vez que a adulação de Trump deixará de ter sentido na política externa brasileira.

Uma maior pressão dos Estados Unidos sobre o Brasil por causa da questão do meio-ambiente e direitos humanos pode obrigar o Brasil a se aproximar mais pragmaticamente da China para evitar o completo isolamento internacional. Não podemos nos esquecer que, em 2019, quando o Brasil virou alvo internacional de críticas por causa das queimadas na Amazônia, a China foi o único país a sair em defesa do Brasil. A decisão que o Brasil venha a tomar sobre a exclusão ou não da Huawei como fornecedor de equipamentos para a rede 5G brasileira será um divisor de águas nas relações Brasil-China em 2021. Nesse aspecto temos uma gama enorme de questões em aberto cujas respostas vão começar a se delinear nos próximos meses.

O Mercosul, como sabemos, está enfraquecido. Por outro lado, vemos as grandes potências globais fazendo acordos. Qual seria o papel do Mercosul nessa nova era? Seria um momento para uma unificação e fortalecimento interno da região, ou o futuro serão acordos separados entre os sul-americanos e o resto do mundo?

O principal dano da política de alinhamento automático do Brasil com os Estados Unidos implementada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro e seu ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, foi ter destruído o papel de liderança regional do Brasil, sobretudo na América do Sul, e levado à fragmentação política da região, permitindo assim que a América do Sul se tornasse palco de disputa entre as grandes potências extrarregionais.

Não vejo como esse quadro possa ser revertido, pelo menos no atual governo. Nem mesmo o já assinado acordo Mercosul-União Europeia dá mostras de sair do papel.

Há alguns anos tínhamos o TPP [Tratado Transpacífico] liderado pelos EUA, que parou no governo Trump e do qual o Brasil já não fazia parte; agora, temos o RCEP liderado pela China. No geral, esses mega-acordos, inclusive envolvendo países latino-americanos (como México e Peru que estavam envolvidos no TPP), são ruins para o Mercosul e para o Brasil ou podem ser benéficos? 

Não creio que uma eventual participação de países sul-americanos banhados pelo Pacífico em uma acordo comercial envolvendo os países do chamado Pacific Rim [os “círculos do Pacífico”, área de países banhados pelo oceano, que não inclui o Brasil] pudesse ser prejudicial ao Brasil. Ao contrário, poderiam estimular uma maior integração regional com vistas a explorar novas oportunidades de comércio e investimento. Na área de infraestrutura, por exemplo, poderiam estimular a integração regional, sobretudo ferroviária, que poderiam criar rotas alternativas para a abastecimento da Ásia, principal destino de nossas exportações.


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Book review: Conflict and Commerce in Maritime East Asia, 1620-1720, by Xing Hang

Published by EH.Net (November 2017)
Xing Hang,  
Conflict and Commerce in Maritime East Asia: The Zheng Family and the Shaping of the Modern World, c. 1620-1720
New York: Cambridge University Press, 2017. xii + 332 pp. $100 (hardback), ISBN: 978-1-107-12184-3.
Reviewed for EH.Net by François Gipouloux, CNRS, Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales.

This book by Xing Hang (assistant professor of history at Brandeis University) follows the trends of recent scholarship on maritime history. (For example, Li Kangying on Ming maritime policy, Zhao Gang on Qing relations with the seas, David Dahpon Ho on the Qing maritime frontier and Tonio Andrade on Taiwan). It is also a brilliant addition to prior work by John Wills, Patrizia Carioti on Zheng Chenggong, as well as Paola Calanca on smugglers and pirates on the Fujian coast.
The book is a contribution to the economic history of an empire’s periphery (China’s south-eastern coast and Taiwan), but at the same time offers a thoughtful view of the diplomatic and military aspects of the Ming-Qing transition. The book also covers the background of the world’s first globalization: how China interacted with other polities, how the Zhengs were able to challenge the financial power of great actors like the Dutch East India Company (VOC), and how the East Asian region began to integrate into a nascent world system.
Conflict and Commerce in Maritime East Asia is an enjoyable read. It covers four generations of the Zheng family, roughly from the early sixteenth century through to the fall of Taiwan to the Qing, in 1683. The book is divided into eight chapters. Three appendixes provide a wide range of quantitative data regarding the volume of the overseas trade managed by the Zheng clan. Appendix 3, in particular, includes very detailed figures of Zheng trade at Nagasaki, which surpassed VOC trade during the 1650-1662 period.
Hang has tapped into a large number of sources, ranging from memoirs, Zheng documents from private collections and Qing archives, along with Dutch, English, Japanese, Korean and Spanish historical records, and inscriptions collected during field work in Fujian. The merit of Hang’s work is that he gathers together a large number of previously disconnected elements in Chinese and Western scholarship, including intra-Asiatic economic changes, military issues, ideological frameworks and business techniques, and he has thus drawn a very complete picture of an autonomous polity, at the periphery of the Chinese empire during the Ming-Qing transition. This was an exuberant periphery, which grew swiftly within the context of the conflict between Ming loyalists and Qing conquerors.
In seventeenth century East Asia, there occurred simultaneously a great, structured expansion of foreign powers and a transition in China’s role in international trade. Hang guides us through a changing geopolitical environment in which the collapse of the southern Ming imposed a complete redirection of economic flows with the emergence of the Indian subcontinent as a prominent silk producer. The Zheng trading organization proved well adapted to the change China underwent in the 1650s, moving from a producer of luxury goods to an importer and processor of raw materials and setting up of a circuit involving Indian textiles and Southeast Asian raw materials in exchange for Japanese silver and Chinese gold.
For a readership focusing on economic history, Chapter 3, “Between Trade and Legitimacy,” is certainly the most thought provoking. The Zheng family amassed huge amounts of wealth that were managed by several firms operating deep in Qing controlled territory, They were able to procure silk, porcelain and other luxury products for the Xiamen warehouse, and reported to their headquarters in Hangzhou from their branches in Suzhou, Nanjing and even Beijing. These firms also served as centers for gathering intelligence on Qing military operations. The “five mountains firms” were also able to supervise the construction of commercial and military seagoing junks. Their operating area was divided, as it was during the Ming Dynasty, into Eastern and Western oceans. Official merchants (guan shang) worked under the Zheng family according to a sophisticated hierarchy consisting of, on the one hand, adopted sons of the clan’s relatives and military commanders and, on the other hand, independent merchants linked to the clan by long-term debts contracted by borrowing capital or ships to trade on behalf of the Zheng organization.
Hang claims that in the 1650s, the Zheng trading network bore all the characteristics of a maritime empire, within the limits of an intra-Asiatic area, stretching from the markets in Japan (Nagasaki), Dutch Taiwan (VOC) and Manila, with extensions to Vietnam and Ayuttaya (Siam), where they dealt with Muslim traders from Bengal and the Coromandel Coast. Within the framework of the limited autonomy of cities or territories in Asia and the impossibility for patrician communities to formalize their own legal arrangements, the patron-client relationship was the cornerstone of any successful and long-lasting business operation in China. The Zheng were no exception. Until his death in 1662, Koxinga adhered to this pattern and reshaped the framework of international relationships and rudimentary bureaucracy of the Ming Dynasty.
The pervasive role that Confucian orthodoxy and filial piety played in this arduous attempt to restore Ming legitimacy is aptly emphasized in this book. What is also striking is the economic contribution of “ideological purity” combined with hard economic realities. However, outright loyalty to the Ming Dynasty did not prevent the Zhengs from protecting their own interests. Hang also carefully analyses the merchants’ double allegiance to the Zheng clan and to European traders and the way they served as channels for communication between them. In the late 1660s, rivalry with the Dutch over silk escalated in Japan and, although merchants could trade freely in the areas under his control, Zheng Jing maintained a strict monopoly on strategic goods (silk, deerskins and sugar).
How should we interpret the integration of the first global network of trade, which brought together the demand for China’s silk and high quality goods with an insatiable thirst for silver? From Zheng Zhilong to Zheng Chenggong, the activities of the trading network evolved from a centralized piratical organization to an informal state. At the time he was consolidating his power (1650), Koxinga possessed several hundred war junks and was able to mobilize 40,000 soldiers. At the same time, he envisioned the highest possible autonomy and sought to establish control over the three south-eastern provinces of Zhejiang, Fujian and Guangdong, as well as a 13,000 km long coastline in exchange for his support of Ming restoration. Xing Hang vividly describes the long process of negotiations between the Zheng clan and the Qing, which started as early as 1653 and continued, with interspersed episodes of war, diplomacy and neutrality, until the final conquest of Taiwan in 1683.
Xing Hang’s book documents in detail the extent of Zheng Chenggong’s power at sea. He was able to set up an efficient maritime blockade on Luzon and Dutch Taiwan until the Governor General of Manila gave in and submitted. The Dutch in Taiwan were pressured to soften their position. On the mainland, Koxinga was also able to launch a military expedition (although ultimately defeated), with over a thousand junks and 100,000 soldiers, into the Yangzi River delta. Even after his unsuccessful attack on Nanjing in 1659, Koxinga still maintained control over China’s coastline, from Zhejiang to Fujian.
On the diplomatic front, Zheng Chenggong made several attempts to convince the bakufu to support his military efforts against the Qing. Koxinga’s grand military strategy was two-fold. First of all, he sought to seize the resource rich Yangzi River delta in order to solve his organization’s needs for food and supplies and, at the same time, to take control of primary production of silk and other luxuries. Secondly, he planned an invasion of Dutch Taiwan and Spanish controlled Manila (in 1670 and 1672). The invasion of Taiwan was a consequence of Koxinga’s defeat at Nanking. The takeover of Manila, although poorly defended, never occurred. This overseas expansion, if it had been successful, would have led to the foundation of a maritime China encompassing a huge trading network stretching from Japan to Southeast Asia and able to defy the continental Qing Empire.
Another merit of this book is that it sheds new light on Koxinga’s son, Zheng Jing and on how he achieved, within two decades, the Zheng organization’s transformation into a viable territorial state, with the creation of a sophisticated administration, the rationalization of the kinship networks of southern Fujian and a greater economic diversification. This efficient policy attracted refugees reduced to starvation by the Qing coastal evacuation policy. Xing Hang meticulously describes the power game which led to the ascendancy of Zheng Jing and the diplomatic and military interaction between the VOC, Shi Lang (the former commander who defected to the Qing in 1651 and head of the Qing naval command), and Japan, whose neutral stance adopted in the 1660s complicated the consolidation of the position of Ming loyalists.
The final reason for the Zheng’s failure lies more in the growing competitiveness from the Bengal and Indonesian-based Dutch, a rising East India Company and Southeast Asian trading networks to which the Zheng organisation began to lose market shares, rather than in Qing military offensives and blockades against the island of Taiwan.

François Gipouloux, Emeritus Research Director, National Centre for Scientific Research (CNRS), China, Korea, Japan Research Centre, Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris, is the coordinator of the International Research Network The Globalisation’s Origins and the Great Divergence: Trading Networks and the Trajectory of Economic Institutions — Europe-Asia, 1500-2000. He is the author of The Asian Mediterranean: Port Cities and Trading Networks in China, Japan and Southeast Asia, 13th-21st century, Edward Elgar, 2011.
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