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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 2 de junho de 2024

Alinhamento do Brasil com China e Rússia ameaça relação com o Ocidente - Lourival Sant'Anna (OESP)

Alinhamento do Brasil com China e Rússia ameaça relação com o Ocidente 

Além de contrariar um princípio caro da política externa brasileira, o da soberania, a Rússia atraiu contra si uma união militar no Ocidente inédita desde a 2.ª Guerra Mundial

Por Lourival Sant'Anna

 Opinião - É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

O Estado de S. Paulo, 25/05/2024 


A simpatia do governo Lula pelo expansionismo militar russo tornou-se ainda mais explícita na reunião do chanceler chinês, Wang Yi, e do assessor especial brasileiro, Celso Amorim, em Pequim. As conclusões do encontro colocaram na órbita da China a política do Brasil para a Ucrânia.

Em comunicado conjunto divulgado depois do encontro, Brasil e China apelam para que todas as partes envolvidas se comprometam em não expandir o campo de batalha, não escalar os combates e não provocar a outra. Não houve condenação à invasão.

Essas condições equivalem a dizer que a Ucrânia não tem o direito de se defender. Já que ela é o país invadido, os combates terrestres se concentram, por definição, na Ucrânia, com os ucranianos tentando conter os avanços russos e recuperar território.

Desde a invasão em grande escala da Rússia, em fevereiro de 2022, a Ucrânia recuperou 54% do novo território ocupado. Outros 18% continuam ocupados, incluindo os 8% invadidos em 2014. A atitude do Ocidente de normalizar essa ocupação em 2014, a mesma que Brasil e China adotam até hoje, incentivou Vladimir Putin a ampliá-la.

Amorim, que esteve na Rússia há um mês, contou com otimismo a repórteres brasileiros em Pequim ter ouvido de um de seus interlocutores russos que eles querem uma “neutralização”, e “uma zona tampão com tamanho suficiente para que não haja armas que atinjam diretamente Moscou.”

O assessor especial brasileiro demonstra crer que a Rússia invadiu a Ucrânia para se defender de uma ameaça. Não há a menor base factual para essa leitura, promovida pela propaganda de Putin.

Ao contrário, o governo de Volodmir Zelenski fez de tudo para não dar pretextos à invasão russa. Mesmo quando mais de 100 mil soldados russos se concentravam na fronteira, e a Rússia promovia um bloqueio naval contra a costa ucraniana, em dezembro de 2021, Zelenski desautorizou providências típicas para a defesa de um país sob ataque iminente, como a convocação de reservistas ou a escavação de trincheiras.

Em várias etapas da agressão russa à Ucrânia, o Kremlin enviou sinais contraditórios sobre suas intenções de tentar congelar o front ou agarrar mais território. Esses sinais dependeram, em parte, da dinâmica no terreno e da disposição de EUA e Europa de seguir ajudando a Ucrânia, e em parte das táticas russas de guerra informacional.

Putin nunca demonstrou disposição real de negociar garantias de segurança em troca da devolução de território ucraniano. Aceitar, como fazem Brasil e China, uma solução que não contemple essa devolução é renunciar ao princípio da soberania.

Para a China, esse racional é conveniente. Primeiro, porque Xi Jinping tem deixado claro que pretende anexar Taiwan. A China assedia a ilha regularmente, por mar e ar, como fez nos últimos dias com 46 aviões de guerra. 

Em segundo lugar, as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia criaram uma dependência do país em relação à China, que aproveita para comprar seu petróleo e gás a preços abaixo do mercado, vender-lhe produtos industrializados e até instalar fábricas para substituir as mais de mil empresas ocidentais que se retiraram do país.

Por último, ao obrigar o Ocidente a ajudar a Ucrânia, a campanha russa drena recursos das democracias na América do Norte e na Europa, que rivalizam com a China na disputa por influência global.

O alinhamento do Brasil, um país grande e democrático, é valioso para a China, porque demonstra capacidade de atrair para seu campo não apenas ditaduras africanas e asiáticas dependentes de seu poder econômico, projeção política e militar e ideologia autoritária.

E o que o Brasil ganha com isso? Wang Yi declarou que China e Brasil “têm economias altamente complementares e interesses profundamente integrados, que é o ativo estratégico mais precioso”. A primeira parte é verdadeira: o Brasil é exportador de alimentos e a China, de manufaturados.

Mas a própria complementaridade torna desnecessário um alinhamento geopolítico para impulsionar o comércio: ele se movimenta por si, e não depende da proximidade entre os governos, como ficou claro quando Jair Bolsonaro, detrator da China, era presidente.

A segunda parte é problemática. Alinhar-se à China não corresponde aos interesses nacionais do Brasil.

Além de contrariar um princípio caro da política externa brasileira, o da soberania, a Rússia atraiu contra si uma união militar no Ocidente inédita desde a 2.ª Guerra Mundial. A complacência com a agressão russa aliena o Brasil do Ocidente e o coloca como um parceiro não confiável.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais


terça-feira, 7 de maio de 2024

Esquerda e direita na politica e na economia: ainda faz algum sentido? - Paulo Roberto de Almeida

 Esquerda e direita na politica e na economia: ainda faz algum sentido?


Paulo Roberto de Almeida

Doutor em Ciências Sociais, mestre em planejamento econômico, diplomata de carreira, autor de livros e artigos sobre relações internacionais, integração econômica e política externa do Brasil. O autor não pertence, nem pretende pertencer, a qualquer partido político, nem possui simpatia particular por qualquer um dos existentes no atual sistema partidário brasileiro, embora possa ter antipatia por alguns deles.

 

 

Sumário: 

1. O jogo de oposições como norma nas sociedades humanas

2. A dimensão da alteridade na política moderna e contemporânea

3. A velha divisão entre a esquerda e a direita: ainda válida?

4. A alternância de políticas entre situação e oposição: como e por que ocorre?

5. A alternância nas políticas econômicas: ortodoxia versus heterodoxia

6. Lições a serem tiradas da alternância de políticas econômicas: o que fazer?

 

 

1. O jogo de oposições como norma nas sociedades humanas

O universo mental e material das sociedades humanas é permeado de oposições, de contradições, de antagonismos e de projetos contraditórios. As escolhas a fazer são muitas e difíceis, algumas apenas ambíguas, outras até antagônicas: que deuses honrar?; que tipo de liderança política escolher?; qual regime constitucional adotar?; que sistema econômico privilegiar?; qual código de conduta respeitar na vida pública?; que posturas observar na sociedade em que se vive?; competição aberta ou cooperação solidária?; devemos favorecer o individualismo ou as práticas coletivas?; buscamos a iniciativa privada ou damos preferência ao estatismo?; queremos capitalismo ou socialismo?

Poucas escolhas humanas, poucas opções sociais estão isentas de paixão, quando não exibem, pura e simplesmente, antagonismos irredutíveis. Em alguns poucos casos, manifesta-se uma atitude de compreensão dos atores sociais ante posturas adversas, ou mesmo competidoras da sua própria postura; em outros, registra-se, ao contrário, cenas de intolerância explícita, quando não de ódio em relação à posição oposta. Fundamentalistas religiosos e milenaristas salvacionistas podem arrastar grupos humanos, por vezes toda uma sociedade e até mesmo nações vizinhas, em direção de conflitos sangrentos: ocorrem, então, enfrentamentos entre estados, lutas civis, fratricidas, como foi o caso, por exemplo, das guerras de religião, no início da era moderna na Europa. O mesmo continente, aliás, assistiu, menos de um século atrás, a duas terríveis carnificinas, numa espécie de reedição ideológica da guerra de trinta anos do século 17; em meados do breve século 20, a “era dos extremos”, os enfrentamentos se deram entre os três fascismos militaristas (hitlerista, mussoliniano e nipônico) e as democracias ocidentais, aliadas temporariamente ao comunismo soviético (muito embora este último fosse, no início da guerra, aliado do hitlerismo).

Mas mesmo uma simples torcida de futebol, desgostosa com a derrota do seu time, pode incorrer em insanas destruições patrimoniais, quando não na eliminação física de algum infeliz torcedor adversário. Os conflitos mais comuns nos ambientes urbanos, que constituem o núcleo das sociedades contemporâneas, costumam ocorrer ou por causa de crises repentinas de seus regimes políticos ou sistemas econômicos – fatores conjunturais e contingentes, portanto; ou pela via da mobilização de instintos religiosos ou de símbolos identitários de clãs e seitas unidos por alguma motivação não exatamente racional (como ocorre, justamente, com essas torcidas organizadas de marginais que descambam para a violência gratuita). Turbas são especialmente violentas e propensas a acatar uma visão maniqueísta do mundo, segundo uma concepção que vê a alteridade como um perigo, uma ameaça latente, podendo representar a derrota de suas próprias crenças e convicções. Na maior parte dos casos, felizmente, se trata de um fenômeno de segurança pública, mais do que propriamente de um processo sociológico, como ainda ocorre, por exemplo, no subcontinente indiano – dividido em centenas de castas e dezenas de dialetos diferentes – ou até na Europa meridional ou na Ásia central, embora os exemplos mais graves se situem mesmo no continente africano.

 

2. A dimensão da alteridade na política moderna e contemporânea


(...)


Ler a íntegra neste link: 

https://www.academia.edu/118707662/4567_Esquerda_e_direita_na_politica_e_na_economia_ainda_faz_algum_sentido_2024_

quarta-feira, 7 de março de 2018

Nova Rota da Seda: quatro grandes projetos - Agueda Parra Perez (esglobal)

Cuatro grandes proyectos de la nueva Ruta de la Seda

Esglobal, 07 marzo 2018 
https://www.esglobal.org/cuatro-grandes-proyectos-la-nueva-ruta-la-seda/ 

Con la nueva Ruta de la Seda, China se ha convertido en menos de una década en el promotor de un nuevo modelo económico mundial. De recibir ayuda del Banco Mundial y del Banco Asiático de Desarrollo en los 80, ha pasado a ser el país que concede más préstamos que el Banco Mundial. Entre los beneficiarios están los proyectos de infraestructuras de la nueva Ruta de la Seda, a cuya iniciativa se incorpora la Ruta de la Seda Polar tras la publicación del libro blanco de la política de China sobre el Ártico. El objetivo no es sólo establecer nuevas vías comerciales y rutas de navegación evitando el canal de Suez, sino también promover la investigación científica y la protección del medio ambiente en el Ártico.
Como parte de la inversión prevista, estos son los proyectos más destacados de la mayor iniciativa mundial de desarrollo de infraestructuras que lidera China.
chinapakistan
Un trabajador chino delante de camiones que van a hacer el trayecto hasta Karachi cargados de mercancías provenientes de China en 2016, fecha en la que se inauguró el Corredor China- Pakistán. (Aamir Qureshi/AFP/Getty Images)
Puerto de Gwadar: buque insignia de la iniciativa
El Corredor Económico China-Pakistán es la mayor apuesta de la iniciativa OBOR (One Belt, One Road). Presentado por Xi Jinping en 2015, tiene previsto invertir 46.000 millones de dólares (cerca de 38.000 millones de euros) en proyectos que se extenderán hasta 2030. El puerto de Gwadar, Pakistán, es el gran referente en este corredor, y cuando esté operativo en tres o cuatro años, se convertirá en la principal ruta comercial de China con el resto del mundo. Planteado como la alternativa terrestre en Asia Central al estrecho de Malaca, durante siglos la ruta principal y vía por la que transita el 80% de todo el suministro de petróleo mundial, Gwadar se ha convertido en enclave estratégico de la nueva Ruta de la Seda.
Al ser un puerto de aguas profundas, Gwadar se convertirá en la segunda base naval fuera de China, después de Yibuti, en el Cuerno de África. De esta manera se refuerza así la estrategia china de desplegar nuevas posiciones navales fuera del área de Asia-Pacífico. Como punto costero cercano al Golfo Pérsico, la ciudad de Gwadar ha pasado de ser un pueblo de pescadores en el Mar de Arabia, a convertirse en el nuevo Dubai que albergará a 2 millones de personas. Todo el proyecto cuenta con la inversión de las empresas estatales chinas a través de préstamos que Islamabad debe devolver a Pekín, lo que supone que el gigante asiático tiene el derecho de operación del puerto de Gwadar durante los próximos 40 años mientras estén en vigor. Hacia el interior, el corredor contempla la construcción de una autopista que conectará a través de 1.152 kilómetros Peshawar con Karachi, en Pakistán. Por este camino transitarán los productos chinos y la seguridad del corredor se quedará a cargo de 15.000 guardias de seguridad contratados por Pakistán para proteger a los más de 7.000 chinos que trabajan en la zona. La situación hostil que ha despertado el proyecto entre los nacionalistas baluchi y las facciones talibanes de la zona ha requerido que haya dos guardias de seguridad pakistaníes por cada trabajador chino.
El comercio se beneficiará del estímulo de los bancos pakistaníes que pueden operar directamente en yuanes, favoreciendo que se dispare el nivel de exportaciones de Pakistán hacia China, actualmente el tercer mercado por detrás de Estados Unidos y Reino Unido. En el plano político, sin embargo, la mayor presencia de China en Asia Central y su implicación en el desarrollo de la región, está provocando la reacción de las grandes potencias que ven amenazada su supremacía en la zona. La primera medida la tomaba Estados Unidos, que sorprendía el 1 de enero de 2018 con el anuncio de la supresión de la ayuda en asistencia de seguridad por importe de 1.000 millones de dólares que Pakistán ha estado recibiendo durante los últimos 15 años. Aunque posteriormente, se indicara que solo se congelaban los fondos, no que se cancelaban.
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El puerto de El Pireo: enclave estratégico en el Mediterráneo
El puerto de El Pireo, Grecia, es otro de los grandes hitos de OBOR, conectando la ruta marítima con el interior de Europa por vía férrea. La ventaja más significativa es poder evitar el trayecto por Gibraltar hasta llegar a los puertos de Rotterdam y Ámsterdam, en los Países Bajos, y de Duisburgo y Hamburgo, en Alemania, reduciendo los tiempos de entrega y los costes. Hacia el interior, el puerto conectará con el enclave rumano de Constanza, en el Mar Negro, hasta alcanzar Viena, atravesando Bucarest y Budapest.
La compra en 2016 de la participación mayoritaria del 67% del puerto de El Pireo por parte de la empresa estatal China Ocean Shipping Company (COSCO), ha sido el gran exponente del proyecto, convirtiendo a Grecia en el punto estratégico de OBOR en el Mediterráneo. De forma similar al puerto de Gwadar, el griego significa para Pekín un enclave de gran interés geopolítico, ya que con ello consigue aumentar la influencia en Europa. Con OBOR, el gigante asiático persigue el apoyo de aquellos que se benefician con el desarrollo de las infraestructuras para que presionen a su favor. Este papel ya lo ha desempeñado Atenas cuando el pasado mes de junio conseguía impedir que la Unión Europea condenara la situación de los derechos humanos en el país. Además de mostrarse en contra de una evaluación más en profundidad de las inversiones chinas en Europa.
El desarrollo del puerto sigue el mismo patrón que en Pakistán: utiliza mano de obra traída, principalmente, desde China y cuenta con medios técnicos fabricados en origen. Aunque no está contemplado un despliegue militar en la zona, sí se incluye actualizar las instalaciones de un antiguo aeropuerto que pueda albergar la llegada de los 1,5 millones de turistas chinos que está previsto lleguen a Grecia en los próximos 5 años.
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El tren procedente de Yiwu (China) a su llegada a Madrid. (Pierre-Philippe Marcou/AFP/Getty Images)
Yiwu (China) – Madrid: la línea férrea más larga del mundo hasta el corazón de Europa:
Es el inicio de la línea férrea más larga del mundo. Conecta con el corazón de Europa rutas que duran menos de tres semanas, la mitad que el trayecto marítimo. En los próximos años, el tren de mercancías de Yiwu va a revolucionar el modelo comercial entre China y Europa.
Desde que se inaugurara en 2011, por el Nuevo Puente Terrestre Euroasiático se han realizado un total de 6.235 viajes, que atraviesan 12 países, conectando 35 ciudades chinas y 34 europeas. En cuestión de comercio, ha supuesto que durante los primeros diez meses de 2017 se registrara un incremento del 16,2% interanual, según datos oficiales, con previsiones que apuntan a un crecimiento del número de viajesen 2018, hasta alcanzar los 4.000, respecto a los 3.270 registrados en 2017.
Para hacer operativo el tren de mercancías ha sido necesaria la construcción en Khorgos, Kazajistán, del mayor puerto seco del mundo, que conecta con la ciudad china de Khorgas, de nombre muy similar, pero al otro lado de la frontera. La diferencia en el ancho de vía en China, que utiliza el estándar de Europa Occidental, con la disponible en Asia Central, con modelo ruso, requiere la transferencia de los vagones entre trenes, repitiéndose el proceso de nuevo entre Bielorrusia y Polonia.
Pero el gran reto a superar será mejorar los ratios de eficiencia y beneficio, ya que en muchos casos los trenes regresan casi vacíos, mientras China envía vagones repletos de dispositivos electrónicos, textiles y juguetes, fundamentalmente. Las temperaturas extremas del trayecto suponen un gran desafío para los principales productos en la cesta de exportaciones de muchos países europeos.
En la conexión con Europa, destaca la ruta Yiwu-Madrid, la conexión férrea más larga del mundo, 13.503 kilómetros (mayor que la ruta de pasajeros transiberiana Moscú-Vladivostok), que atraviesa 8 países en 21 días y está operativa desde 2014. En el camino, los puertos alemanes de Leipzig, Duisburgo, Hamburgo y Nuremberg figuran entre los principales socios comerciales. Pero el tren también atraviesa desde 2017 el Canal de la Mancha hasta llegar a Londres, recorriendo 12.000 kilómetros en 18 días, respecto a los 40 días del trayecto marítimo. Por eso, en el proceso del Brexit, Reino Unido seguirá apostando por reforzar las conexiones comerciales a través del tren de mercancías.
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Un tren de alta velocidad chino. (STR/AFP/Getty Images)
Desde China a Indonesia: alta velocidad por el Sureste Asiático 
China es consciente de que las compras en enclaves estratégicos son la piedra angular para convertir a OBOR en la iniciativa del siglo, de ahí que Tailandia, India, Indonesia y Malasia sean los socios estratégicos para la conectividad en alta velocidad en el Corredor China-Península de Indochina. Con ello, se creará una nueva y moderna red de vías férreas que conecten Kunming, en la región occidental de China, con los principales núcleos de población del Sureste Asiático, donde residen más de 600 millones de habitantes.
En cuestión de defensa de la seguridad en Asia Pacífico, el estrecho de Malaca y el Mar del Sur de China son enclaves de un gran valor económico, ya que por esa ruta transita el 20% del comercio mundial de mercancías, valorado en 5.000 millones de dólares anuales. Pero el verdadero valor estratégico es la riqueza de los recursos naturales del subsuelo, motivo por el que algunos países mantienen abiertas reivindicaciones territoriales. De modo que al evitar la conflictividad de la ruta marítima, China no sólo tiene la ventaja de alcanzar los mercados del Sureste Asiático en condiciones más seguras, sino que utilizará las vías de alta velocidad para el transporte de mercancías y para promover la emisión del turismo chino hacia los países vecinos.
Entre los proyectos más emblemáticos figura la conexión de China, Laos y la zona norte de Tailandia en alta velocidad a través de 873 kilómetros. Tras dos años de reuniones, la primera fase de 250 kilómetros entre Bangkok y Nakhon Ratchasima estará lista para 2021, fecha que coincide con la celebración del centenario del Partido Comunista Chino, momento en el que Xi presentará al país, y al mundo entero, los grandes avances de OBOR como parte de su legado.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Relacoes Brasil-Asia: lancamento de livro, debate: IPRI, 21/08, 16hs

A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), e o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag convidam para o seminário de lançamento do livro “Desafios e Oportunidades na Relação Brasil-Ásia na Perspectiva de Jovens Diplomatas", na segunda-feira 21/08 às 16h00 no auditório Paulo Nogueira Batista, no anexo II do Ministério das Relações Exteriores.
2. O evento será aberto pelo Presidente da FUNAG e pelo Subsecretário-Geral da Ásia e do Pacífico, embaixador Georges Lamazière. O coordenador do livro, secretário Pedro Henrique Batista Barbosa, fará então palestra sobre os diversos países e temas abordados na obra. Em seguida, coautores do livro farão breves intervenções sobre os capítulos de sua autoria. Após essas apresentações, o debate será aberto ao público. Transmito, anexo, o programa do seminário.
3. O livro “Desafios e Oportunidades na Relação Brasil-Ásia na Perspectiva de Jovens Diplomatas" pode ser baixado gratuitamente em formato digital no seguinte endereço: 
http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=905
4. As vagas para participação no seminário são limitadas. As inscrições devem ser feitas no seguinte endereço: 
http://funag.gov.br/index.php/pt-br/2015-02-12-19-38-42/2066-palestra-e-lancamento-do-livro-os-desafios-e-oportunidades-na-relacao-brasil-asia-na-perspectiva-de-jovens-diplomatas


Lançamento do Livro “Desafios e Oportunidades na Relação Brasil-Ása na Perspectiva de Jovens Diplomatas"
Auditório Paulo Nogueira Batista, Anexo II, Palácio Itamaraty
Brasília, 21 de agosto de 2017
 

Programa
16:00-16:10 - Abertura

Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima, Presidente da FUNAG
Embaixador Georges Lamazière, Subsecretário-Geral da Ásia e do Pacífico
 

16:10-16:50
Palestra do coordenador da obra: “Desafios e Oportunidades na Relação Brasil-Ása na Perspectiva de Jovens Diplomatas"

Secretário Pedro Henrique Batista Barbosa
 

16:50-17:20
Intervenções dos coautores:

Conselheiro Rodrigo Alexandre Oliveira de Carvalho
Secretário Igor Abdalla Medina de Souza
Secretário Fabiano Joel Wollmann
Secretário Germano Faria Corrêa
Secretário Hugo Freitas Peres
Secretário Gustavo Gerlach da Silva Ziemath
Secretário Adriano Giacomet de Aguiar
 

17:20–18:00
Debate
 

18:00
Encerramento

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Relacoes do Brasil com os paises da Asia: lancamento de livro no IPRI (21/08, 16hs)

Gostaria novamente de convidar os interessados para esta apresentação-debate de um livro devotado inteiramente às relações do Brasil com os países da imensa região asiática, com a participação do organizador do livro, Secretário Pedro Henrique Barbosa, e de alguns outros colaboradores.


Livro disponível neste link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=905

Miolo do livro aqui: http://funag.gov.br/loja/download/RELACAO_BRASIL_ASIA_MIOLO_FINAL.pdf

Abaixo, um convite mais elegante do vice-diretor doIPRI: 


1. Em nome do presidente da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), embaixador Sergio Eduardo Moreira Lima, gostaria de convidá-lo (a) para o seminário de lançamento do livro “Desafios e Oportunidades na Relação Brasil-Ásia na Perspectiva de Jovens Diplomatas", na segunda-feira 21/08 às 16h00 no auditório Paulo Nogueira Batista, no anexo II do Ministério das Relações Exteriores.
2. O evento será aberto pelo Presidente da FUNAG e pelo Subsecretário-Geral da Ásia e do Pacífico, embaixador Georges Lamazière. O coordenador do livro, secretário Pedro Henrique Batista Barbosa, fará então palestra sobre os diversos países e temas abordados na obra. Em seguida, coautores do livro farão breves intervenções sobre os capítulos de sua autoria. Após essas apresentações, o debate será aberto ao público. Transmito, anexo, o programa do seminário.
3. O livro “Desafios e Oportunidades na Relação Brasil-Ásia na Perspectiva de Jovens Diplomatas" pode ser baixado gratuitamente em formato digital no seguinte endereço: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=905
4. As vagas para participação no seminário são limitadas. As inscrições devem ser feitas no seguinte endereço: http://funag.gov.br/index.php/pt-br/2015-02-12-19-38-42/2066-palestra-e-lancamento-do-livro-os-desafios-e-oportunidades-na-relacao-brasil-asia-na-perspectiva-de-jovens-diplomatas

Atenciosamente,
_________________
Marco Tulio S. Cabral
Coordenador-Geral de Pesquisa
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais - IPRI Ministério das Relações Exteriores
U: http://www.funag.gov.br/ipri

domingo, 21 de setembro de 2014

Tres ideas equivocadas: Putin-Russia, Obama-USA; China-potencia mundial - Moises Naim

Putin é um autocrata ao estilo dos seus predecessores czaristas; vai falhar, como eles falharam, em criar instituições sólidas, pois que pretende que elas sejam baseadas em sua vontade exclusiva. Ademais, a Rússia é um gigante com pés de barro, ou seja, um grande país, com enormes recursos naturais, mas com instituições frágeis, que não permitem que o país se integre naturalmente, e beneficamente, com o seu contexto regional, que deveria ser a Europa ocidental e toda a Ásia central. Como império, vai falhar, como já dizia Renouvin.

Obama, obviamente, é um perfeito social-democrata num país que preza muito mais o empreendedorismo individual, e tem reações isolacionistas reiteradas, em meio a impulsos para corrigir o que acha errado no mundo, mas que sente que podem colocar em perigo seu modo de vida. Idealismo tipicamente americano, que de toda forma deixaria o mundo melhor, se não existissem obstáculos formidáveis nesse mundo, justamente aqueles que derivam de autocratas como Putin, Xi Jin-ping e outros ditadores ordinários e vagabundos em outras paragens.

Finalmente, a China, de fato uma enorme potência econômica, mas que precisa de um Big Brother para conter os impulsos internos, anárquicos, de uma população que foi secularmente oprimida pelos mandarins, antes imperiais, hoje do Partido Comunista. Como sempre acontece em sua história, as dinastias duram enquanto o poder central for capaz de controlar o povo, com a ajuda de mandarins eficientes. Depois, estes se tornam corruptos, e alguém derruba o imperador para colocar outro em seu lugar. O imperador hoje é o Partido Comunista, com seus novos mandarins, tão corruptos quanto os das dinastias imperiais. Isso um dia acaba...
Paulo Roberto de Almeida

EL OBSERVADOR GLOBAL

Tres ideas equivocadas

Turbulencia geopolíticas, crisis económicas y convulsiones sociales no dan tiempo de pensar


En estos días es fácil equivocarse. La turbulencia geopolítica, las crisis económicas y las convulsiones sociales se suceden a tal velocidad que no da tiempo de pensar con calma y calibrar bien lo que está sucediendo en el mundo.
En este ambiente tan revuelto, algunas ideas han arraigado tanto entre expertos como en la opinión pública internacional. A pesar de su popularidad, varias de ellas están equivocadas. Por ejemplo, estas tres:
1. Vladímir Putin es el líder más poderoso del mundo. Por ahora. ¿Pero cuán duradero es el enorme poder que hoy concentra? No mucho. La economía rusa, que no iba bien desde antes del conflicto con Ucrania, se ha debilitado aún más debido a las severas sanciones impuestas por Estados Unidos y Europa. El valor del rublo ha caído a su mínimo histórico, la fuga de capitales es enorme (74.000 millones de dólares tan solo en el primer semestre), la inversión se ha detenido y la actividad económica se contrajo. El Kremlin ha debido echar mano de los fondos de pensiones para mantener a flote grandes empresas cuyas finanzas han colapsado al perder acceso a los mercados financieros internacionales. La producción de petróleo ha disminuido y las nuevas inversiones de las que depende la producción futura se han parado. Por otro lado, el machismo bélico de Putin le ha dado nueva vida y mayor protagonismo a una organización que él detesta y que estaba en vías de extinción: la OTAN. Y esta semana se confirmó el fracaso de Putin en detener el acercamiento de Ucrania a la Unión Europea, después de que el Parlamento de Kiev y la Eurocámara ratificaran un acuerdo de asociación. Putin seguirá siendo un líder importante y sus actuaciones tendrán consecuencias mundiales. Después de todo, preside autocráticamente uno de los países más grandes del mundo y su nacionalismo lo ha hecho muy popular entre los rusos. Pero su estrategia económica, sus relaciones internacionales y su política doméstica son insostenibles.
2. Obama fracasó. La popularidad de Obama es la mitad de la de Putin. La renuencia del presidente norteamericano a intervenir militarmente, de manera mucho más agresiva, en Siria, Ucrania o contra el Estado Islámico le ha valido severas críticas. Su fracaso a la hora de lograr el apoyo del Congreso para aprobar leyes indispensables ha expandido la idea de que Obama es un novato que no sabe manejar el poder o que EE UU ya no es una superpotencia, o no sabe actuar como tal.
Esta afirmación se debe a que se tiende a sobreestimar el poder de EE UU. Y a la creencia de que basta con que la Casa Blanca decida intervenir para que los problemas se arreglen o se mitiguen. Esto nunca fue cierto, aunque antes el presidente norteamericano gozaba de un mayor grado de libertad que ahora. Pero el mundo ha cambiado, y el poder ya no es lo que era. Incluso el presidente de EE UU tiene menos poder que el que tenían sus predecesores. Desde esta perspectiva, Obama se ha manejado mucho mejor de lo que le conceden quienes creen que su cargo confiere poderes casi sobrehumanos.
3. China es la próxima superpotencia del planeta. Es inevitable que dentro de unos años China tenga la economía más grande del mundo. Sus fuerzas armadas también están creciendo rápidamente, así como su protagonismo internacional. Su influencia en África, América Latina y sus vecinos asiáticos es indudable. La capacidad del Gobierno chino para construir grandes infraestructuras es también incuestionable y su éxito económico y social es fenomenal. Esto hace que muchos supongan que China será la nueva potencia hegemónica del siglo XXI. Yo no lo creo. Sabemos que existen dos Chinas: una industrializada, moderna, la de los rascacielos, la globalización y gran dinamismo económico. Pero también sabemos que hay una China muy pobre y con enormes necesidades insatisfechas de vivienda, salud, educación, agua, electricidad, etc. El ingreso del 48% de la población que vive en esta China más pobre y rural es un tercio de lo que ganan sus compatriotas en las ciudades. Sorprende, además, que, a pesar de sus éxitos, el Gobierno muestre gran inseguridad. Gasta más en seguridad interna que en defensa externa, por ejemplo. Un tercio del territorio chino, Tíbet y Xinjiang, vive en una crónica ebullición política a la que Pekín responde con fuerte represión y permanente intervención militar. Y los esfuerzos gubernamentales por controlar la información, censurar Internet y limitar el intercambio de ideas son legendarios. Este ambiente inhibe la innovación, ingrediente indispensable para que un país tenga éxito.
Es obvio que China tendrá cada vez más peso en la economía y la política del mundo. Pero no será la potencia dominante.
En el siglo XXI ningún país podrá desempeñar ese papel.

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Livre comercio e pouco comercio: opcoes da Asia e da America Latina

Pouco menos de um mês atrás, países latino-americanos celebravam, triunfalmente, se ouso dizer, a constituição da Celac, a Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe, destinada a guiar os passos desses países na integração mundial, mas sem tutela externa, como se encarregou de sublinhar um luminar brasileiro, um desses expoentes do pensamento regressista, e anti-imperialista, de que o Brasil é pródigo e até abundante (sem falar no antiamericanismo implícito).
Poucos dias atrás, os países do Mercosul assinavam um fabuloso comercial acordo com a Palestina, que deve representar, segundo alguns cálculos, 0,001% do comércio global do Brasil, se tanto.
Assim caminha a América Latina, fabulosa em suas pretensões autonomistas e soberanas, ainda que muitos países tenham firmado acordos individuais de livre comércio com os EUA (a rigor todo mundo, com exceção, obviamente, dos "bolivarianos" e dos mercosulianos).
Enquanto isso, na Ásia... bem deixo vocês com a leitura deste editorial do Estadão.
Paulo Roberto de Almeida 


Lição de pragmatismo da Ásia

Editorial O Estado de S.Paulo, 27 de dezembro de 2011 

China, Japão e Coreia do Sul - um quinto do produto bruto mundial - em breve poderão compor mais uma poderosa área de livre comércio, segundo anunciou no fim de semana o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda. Os governos da China e do Japão, a segunda e a terceira maiores economias do planeta, decidiram usar as próprias moedas para o comércio bilateral, dispensando o dólar quando julgarem conveniente, e também combinaram iniciar negociações para um acordo de livre comércio. O governo coreano já havia iniciado entendimentos com o chinês há algum tempo e será chamado para um acerto a três. Só o intercâmbio China-Japão alcançou no ano passado US$ 339,3 bilhões, segundo informação oficial japonesa. Cinco dias antes, os presidentes do Mercosul, mantendo sua tradição minimalista em matéria de pactos comerciais, haviam assinado um acordo de livre comércio com a Palestina.
O uso das moedas nacionais deverá simplificar o comércio entre China e Japão e cortar os custos de operações cambiais. Até agora, 60% das transações bilaterais envolvem operações com dólares. Nas discussões do fim de semana o governo japonês comprometeu-se também a comprar títulos públicos da China - por enquanto, em pequena quantidade. Os dois países são os maiores detentores de reservas estrangeiras, especialmente americanas, e devem manter essa posição. Há pelo menos três fortes motivos para isso: o dólar permanece como a referência principal para o comércio, a moeda chinesa não é livremente conversível e, além do mais, nenhum governo tem interesse em agravar a crise nos Estados Unidos, ainda a maior potência e o mercado mais importante do mundo.
A negociação de um acordo de livre comércio será um passo a mais na integração, já muito forte, das economias chinesa, japonesa e coreana. A iniciativa seguinte poderá ser a vinculação dos três países à Asean, a área de livre comércio formada por dez países dinâmicos do sudeste asiático - incluídos Cingapura, Tailândia e Indonésia - com PIB conjunto de US$ 1,3 trilhão em 2010. Um acordo poderá levar ainda um bom tempo, mas ensaios de aproximação ocorrem desde 1997 e deram origem à sigla APT (Asean Plus Three, Asean Mais Três).
Também estão na agenda há vários anos acordos entre países da Asean e membros da Apec, o bloco de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico. Participam desse grupo, além de países da Ásia e da Oceania, Canadá, Estados Unidos, México, Peru e Chile, todos com importantes interesses comerciais no Extremo Oriente. Há pouco mais de um mês - em 21 de novembro -, os governos de Estados Unidos, Chile, Peru, Cingapura, Malásia, Austrália, Nova Zelândia e Brunei divulgaram o esboço de uma Parceria Transpacífico, destinada a promover o comércio e diversas formas de cooperação econômica, passos iniciais para compromissos mais estreitos.
Quatro latino-americanos - Chile, Peru, Colômbia e México - prometem oficializar dentro de uns seis meses a Aliança do Pacífico, um novo esforço de cooperação com objetivos essencialmente comerciais. Se esse bloco for constituído, será mais um reforço para a ligação comercial entre Estados Unidos e um grupo importante de países latino-americanos. Chile e Colômbia já têm acordos de livre comércio com os Estados Unidos. O México é membro do Nafta (Acordo Norte-americano de Livre Comércio), formado pelos três países da América do Norte. O governo americano também já firmou um acordo comercial com as autoridades da Coreia, criando mais uma ponte com o poderoso mercado do Extremo Oriente.
Nos últimos dez anos, a diplomacia econômica brasileira dividiu suas fichas entre a Rodada Doha e parcerias com países em desenvolvimento a partir do Mercosul. Enquanto a Rodada Doha derrapava, até o fracasso final oficializado há cerca de duas semanas numa conferência em Genebra, outros governos cuidaram de buscar bons acordos bilaterais e regionais. O resultado foi uma ampla trama de acordos já concluídos ou ainda em negociação. O Brasil e o Mercosul ficaram fora desse movimento. É o preço do infantilismo ideológico.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

America Latina fica para tras (agora e nas proximas decadas...)

Não é de hoje, aliás.
Desde os tempos em que um economista otimista -- e grandemente equivocado -- como Gunnar Myrdal "previu", ainda na virada dos anos 1960, que a América Latina iria alcançar os países desenvolvidos -- com base em seus brilhantes economistas e em suas políticas substitutivas e de dirigismo estatal -- os países da América Latina tem se esforçado por desmentir esse Prêmio Nobel (que aliás, deveria ter devolvido o Prêmio Nobel, ao também "prever" que a Ásia permaneceria irremediavelmente pobre, miserável, atrasada), cometendo todo tipo de impropriedade para confirmar seu atraso, sua estagnação e seu recuo.
Se considerarmos que a educação é o caminho indispensável para o avanço, então deveremos aceitar que permaneceremos atrasados pelas próximas decadas.
A escolha foi nossa.
Com faculdades tão brilhantes quanto a "Fefelech" da Universidade de São Paulo, nosso destino é continuar na rabeira dos progressos mundiais.
 Paulo Roberto de Almeida

EUA: CRESCEM ESTUDANTES DA ÁSIA E DIMINUEM OS DA AMÉRICA LATINA! 
Andrés Openheimer 
La Nacion, 22/11/2011

1. De acordo com estudo Portas Abertas do Instituto de Educação Internacional, com sede em Nova York, o número de estudantes asiáticos nas universidades norte americanas cresceu para 462 mil estudantes, enquanto o número de estudantes latino americanos caiu para 64 mil alunos.
 
2. No ano passado, os países com o maior número de estudantes universitários nos Estados Unidos foram a China (158 mil), Índia (104 mil), Coréia do Sul (73 mil), Canadá (28 mil), Taiwan (25 mil), Arábia Saudita (23 mil) e Japão (21 mil).
   
3. Os estudantes asiáticos, atraídos pelo fato de que as universidades norte americanas ocupam as primeiras posições em todos os rankings mundiais de universidades, consideram que o diploma de uma universidade norte americana é o melhor passaporte para conseguir um bom emprego em seus países. Até mesmo o Vietnã tem 15 mil estudantes em universidades norte-americanas, mais do que o México, que não chega a 14 mil. Entre os países latino-americanos, o México ocupa o primeiro lugar, seguido pelo Brasil, com 9 mil estudantes; Colômbia, com 6 mil; Venezuela, com 5 mil, e Jamaica, com 3 mil.

terça-feira, 29 de março de 2011

Um mecenas diplomatico: Fausto Godoy

Artes plásticas
Diplomata vai ceder coleção de obras asiáticas ao Masp
Agência Estado, 29/03/2011

Coleção pode colocar o museu de São Paulo no patamar do Metropolitan de Nova York
Fausto Godoy entrega ao Masp, em comodato por cinquenta anos, quase 2.000 peças

O Museu de Arte de São Paulo (Masp), conhecido por seu bilionário acervo de grandes mestres europeus (Rafael, Goya, Velázquez, Cézanne, Van Gogh, Picasso), está prestes a ganhar a mais valiosa coleção asiática do Brasil. Nesta quinta-feira, o diplomata Fausto Godoy assina com a direção do museu um contrato para a cessão de sua coleção, iniciada um ano após ser convidado a assumir um posto na embaixada do Brasil em Nova Délhi, em 1983. Desde então, Godoy ocupou cargos oficiais nas embaixadas de Nova Délhi, Pequim, Tóquio e Islamabad, além de ter cumprido missões transitórias no Vietnã e em Taiwan. Todo esse percurso ajudou a construir esse acervo de valor inestimável que deverá ser instalado, a partir de 2012, no espaço hoje ocupado pelo restaurante Degas, no subsolo do museu.

Sem exagero, trata-se de uma coleção que vai colocar o Masp no patamar do Metropolitan de Nova York. O museu integra desde 2008 o "Clube dos 19", que congrega os dezenove museus com os melhores acervos da arte europeia do século XIX, como o Museu D'Orsay, o Instituto de Arte de Chicago e o próprio Metropolitan. De imediato, Godoy entrega em comodato por cinquenta anos quase 2.000 peças que resumem séculos de história das civilizações asiáticas. Seu empenho, diz o diplomata, é "criar massa crítica no Brasil para o continente que se afigura como o mais importante do século XXI". Assim, não se trata apenas de doar uma coleção construída nas últimas três décadas, mas de estabelecer o marco zero de um futuro centro de estudos asiáticos. Aos 65 anos, Godoy diz ter canalizado para o continente asiático sua carreira na diplomacia por estar convencido do papel que países como a China, a Índia e o Japão iriam representar no século XXi. "Mais da metade da população vive ali", lembra o diplomata, concluindo: "É fundamental nossa interação com esses países, cujo papel é decisivo na formatação do mundo globalizado".

O Masp aceitou a condição imposta por Godoy para o comodato com testamento anexado: a de ter um curador permanente para a coleção, ponto de partida para um objetivo maior, o de ensinar aos brasileiros como o antigo convive com o contemporâneo nessas culturas, que não enxergam a arte compartimentada como no Ocidente. Essas 2.000 peças da coleção de Godoy integram um catálogo abrangente das civilizações asiáticas que abarca desde um Narasimha, quarto avatar do deus Vishnu - primeiro objeto adquirido pelo diplomata num antiquário de Nova Délhi, em 1984 - até mangás japoneses, passando por gravuras Ukiyo-e do século XIX, peças de mobiliário, objetos de porcelana chinesa e até um Buda do século VI em tamanho natural.
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Curador-chefe do Masp, o professor e crítico Teixeira Coelho mostra-se entusiasmado com a perspectiva de ampliação do museu que, no próximo ano, ganha um prédio exclusivo para a administração, ao lado de sua sede na avenida Paulista. Para lá será transferido o restaurante e toda a parte burocrática do Masp. Antes, ainda sem data marcada, será realizada uma exposição com peças selecionadas do acervo cedido em comodato ao museu. Como Godoy é o maior conhecedor de sua coleção, ele será o curador da mostra. "Só colecionei obras de temas que conhecesse e não há uma só peça comprada por impulso apenas", diz o diplomata. "Com essa coleção, o museu ganha não só um acervo que o coloca ao lado do Metropolitan", diz Teixeira Coelho. "É quase como uma refundação do Masp."

O diplomata diz que optou pelo Masp para doar sua coleção considerando o compromisso do museu com a educação. "Pensei em doar para uma universidade, mas as peças iriam morrer em salas que só acadêmicos veriam."