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sábado, 23 de novembro de 2024

Relações Brasil-China ganham nova dimensão com visita de Xi Jinping - Paulo Pinto (Linkedin)

 BRASIL-CHINA: “SOB VELAS CHEIAS, POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS EM DIREÇÃO A UMA TRILHA BRASILEIRA”. “TAMO JUNTO”.

Paulo Pinto
Embaixador do Brasil aposentado. Percursos diplomáticos diferenciados.

É sabido que os chineses são chegados a elaborar metáforas para descrever, tanto iniciativas de política interna (vide meu artigo, em 17 de novembro corrente) quanto para anunciar propostas de inserção internacional. Daí, antes de sua chegada ao Brasil, o Presidente Xi Jinping publicou artigo, na imprensa brasileira, no qual antecipa, com o emprego de “imagens folclóricas”, as parcerias que gostaria de ver implementadas, durante sua visita oficial realizada a nosso País, durante o mês em curso.

Seguindo a própria lógica metafórica chinesa cabe lembrar o pensamento de Deng Xiaoping de que “cabe procurar a verdade através dos fatos”.

Nessa perspectiva, caberia assinalar os fatos de que:

- O artigo do Presidente Xi em questão afirma que “ As relações diplomáticas China-Brasil, estabelecidas em 15 de agosto de 1974, têm resistido às mudanças e turbulências na situação internacional nesses 50 anos e são cada vez mais maduras e dinâmicas. Têm promovido efetivamente o desenvolvimento dos dois países, contribuído positivamente para a paz e a estabilidade do mundo e oferecido um exemplo de cooperação ganha-ganha e futuro compartilhado entre dois grandes países em desenvolvimento.”

Visão mais realista dos fatos revela que, desde o “estabelecimento de relações diplomáticas com a República Popular da China” houve, a partir de 1974, principalmente, concessões do Brasil, em favor da China.  Desconheço, além do fato de que aumentaram, desde então, as importações de minérios e produtos agrícolas brasileiros, vantagens que a RPC nos tenha concedido nesta citada “cooperação ganha-ganha”.

Nessa perspectiva, quando transferimos a Embaixada do Brasil de Taipé, para Pequim, em 1974, influenciamos vários países na América Latina e África a agirem da mesma forma. Contribuímos, assim, para o reconhecimento internacional da RPC, com a redução da presença da “província rebelde de Taiwan” neste espaço.

- Um segundo fato, sempre com vantagens para a China, no sentido de uma “estratégia de parceria” com Pequim, foi realizado em junho de 1984. Durante visita do Presidente João Batista Figueiredo à China, naquele período, foram assinados importantes acordos que, enquanto beneficiaram ambas as partes, favoreceram mais a RPC no contexto da disputa que Pequim mantinha, então, com a antiga União Soviética, por liderança no “bloco socialista”, em momento que vigorava a “Guerra Fria” entre os EUA e a antiga URSS.

Pude acompanhar, como Segundo Secretário da Embaixada naquela capital, sob a Chefia do Embaixador Ítalo Zappa, a negociação para a assinatura de acordos: na área cultural; para a criação de Adidâncias Militares nas duas capitais; e o estabelecimento de consulados em São Paulo e Xangai. Cabe enfatizar que não concedíamos – no período do governo militar no Brasil - estas prerrogativas a país socialista algum, do “bloco soviético”. Mais uma vez, o exemplo foi seguido por países latino-americanos e africanos e tais providências foram passos adiante na nossa “estratégia de parceria” com vantagens para a China.

Após a ida do último Presidente militar brasileiro à RPC, foi assinado o acordo CBERS que é, como se sabe, um programa de cooperação tecnológica entre China e Brasil para a produção de uma série de satélites de observação da terra. Tive a oportunidade de, ainda em 1984, acompanhar a primeira missão brasileira, chefiada pelo Ministro Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, responsável então pelo programa espacial brasileiro. Nos deslocamos à cidade de Xian, para conhecer o avanço chinês, no setor de “sensoriamento remoto” e foi verificado, a propósito, que, naquele momento, contávamos com tecnologia superior aos chineses.

Em seguida, fomos a Xangai, para visitar o setor de fabricação de foguetes de lançamento de satélites, no qual havia evidente superioridade chinesa. A parceria continuava a avançar, com a transferência de tecnologia brasileira, na área de sensoriamento remoto, e chinesa, na fabricação de foguetes e lançamento de satélites.

- Na área cultural, o referido artigo do Presidente Xi, na imprensa brasileira, antes de sua chegada aqui, houve, a meu ver, omissão ou retrocesso significativos. Isto porque, no texto publicado ele menciona “as fofinhas capivaras, a bossa-nova, o samba e a capoeira são populares na China, enquanto festivais tradicionais como o da primavera e outros elementos de cultura chinesa como a medicina tradicional são cada vez mais conhecidos pelos brasileiros”.

Esquecido parece que ficou o fato de que, no início de 1985, no auge da popularidade de novelas brasileiras na televisão chinesa, se deu a visita de Lucélia Santos, com sucesso que divulgou enormemente o conhecimento do Brasil junto ao público chinês, que apenas recentemente era permitido acessar o que se passava pelo mundo, após o turbulento período da “Revolução Cultural”.

Na ausência do embaixador, eu exercia as funções de encarregado de negócios da embaixada em Pequim — com o pomposo título em chinês de “Taipan” [expressão que significa “poderoso estrangeiro”]. Cabia a mim, portanto, colaborar na elaboração do programa da atriz brasileira durante o período de sua permanência na China.

O evento inicial foi a organização de conferência de imprensa na sede de nossa representação diplomática. Cabe ressaltar que, naquela ocasião, havia mais jornalistas chineses presentes do que os que compareceram à embaixada dos EUA por ocasião da visita do Presidente Ronald Reagan, havia apenas algumas semanas.

Entre as curiosidades quando da ida de Lucélia à Grande Muralha, foi a multidão de fãs que quase desabavam da imensa construção, com enorme destaque na imprensa, enquanto, quase coincidindo com a mesma data, lá havia estado a atriz norte-americana Elizabeth Taylor, que só mereceu uma modesta foto em jornal.

O principal objetivo da ida de Lucélia à China era para receber o troféu “Águia de Ouro”, concedido a artista estrangeiro, na cidade de Hangzhou – conhecida por seu lindo lago e prato típico: A Galinha do Mendigo, cercado de uma história longa para contar. Fomos de trem, com passagens por Wuxi – antiga capital chinesa – Sujhou – minha cidade preferida, famosa por seus jardins e rios, que muito me lembra minha terra natal, Recife, – Shangai – maior centro industrial do país – até chegarmos ao local da premiação. Durante todo o percurso Lucélia era cercada por centenas de fãs, gritando “Isola”, tendo em vista sua personagem “Escrava Isaura” e o idioma chinês dificultar a pronúncia de palavras estrangeiras com a letra “R”.

A propósito, a referência a “capivaras fofinhas” no artigo em questão, me deixou a impressão de “interesse culinário”, tendo em vista a diversidade de ingredientes constantes da cozinha chinesa. De minha parte, por exemplo, enquanto servi naquele país, desenvolvi o gosto por sopa de cobras e abelhas fritas.

Cabe lembrar que, após sua visita inicial à China, em 1985, Lucélia Santos foi incluída em sucessivas visitas presidenciais brasileiras àquele país, nos Governos dos Presidentes Sarney e Fernando Henrique. Sempre foi recebida com afeto por dirigentes e povo daquele país.

- Em 1994, foi estabelecida a “parceria estratégica” entre Brasil e China, proposta pelo então Primeiro-Ministro Zhu Rongji, em visita ao Brasil. Na preparação de sua vinda a Brasília, tive o privilégio de estar em missão transitória na Embaixada em Pequim - a convite do Embaixador Roberto Abdenur, cuja competência profissional muito contribuiu para o sucesso da missão do dirigente chinês a nosso país.

Lembro, a propósito – conforme me traduziu um diplomata chinês – que a China já cultivava “parcerias” com diferentes países. O conceito de “estratégica”, no idioma chinês, contudo, variaria de acordo com cada parceiro. No caso da parceria estratégica com a Rússia (herdeira da URSS) significaria “paz”. Quanto aos EUA, “competição”. No que diz respeito ao Brasil aquele conceito significaria “cooperação futura”.

Essa breve recapitulação da evolução política da estratégia da parceria Brasil China – que não pretende ser exaustiva e omite os detalhes econômicos e comerciais – almeja, pretensiosamente, contribuir para a reflexão sobre uma futura “parceria para a prosperidade”, entre os dois países – conforme expressa em linguagem cheia de metáforas o mencionado artigo do Presidente Xi - de forma a criar vantagens mútuas (“win-win situations”), inclusive em projetos conjuntos a serem desenvolvidos na África e América Latina.

Sabe-se que, em países daqueles continentes, uma vez incluídos em projetos da RPC de “cinturão e rota das sedas”, ouvem-se críticas frequentes a formas autoritárias e métodos de produção restritivos a trabalhadores chineses, com a exclusão de nacionais onde empresas da RPC se instalam. É citada, ademais, a concentração de lucros para os investidores orientais, enquanto os receptores adquirem dívidas excessivas.

Nessa perspectiva, poderia haver esforço para alinhar a “eficiência e necessidades chinesas de acesso a insumos para seu continuado crescimento econômico”, com a nossa capacidade de “promover o diálogo entre diferentes culturas”[1], bem como procurar soluções comuns para problemas compartilhados entre países em desenvolvimento, enquanto se busca a geração de benefícios mútuos.

Nesse sentido, inicialmente, no que diz respeito às relações com a China, caberia definição clara de nossos objetivos de inserção internacional, que não poderiam se resumir a “reagir” a propostas chinesas de “cinturão e rota das sedas”. Para a continuação de uma “estratégia da parceria”, cabe pensar, por exemplo, em uma “trilha” brasileira.

No momento, a China está expandindo seus interesses, em busca de acesso a recursos naturais e novos mercados na África e América Latina, onde, conforme mencionado acima, tem encontrado incentivos e resistências.

Daí, na perspectiva sugerida, a “soft power” brasileira, no sentido da facilidade de “negociação cultural” e a identificação de interesses compartilhados, com vistas à prosperidade de todas as partes, poderiam, gradativamente, vir a configurar mais uma vertente da “estratégia da parceria” que se pretende estabelecer entre o Brasil e a China.

O objetivo seria manter um fluxo de livre comércio e intercâmbio de ideias, facilitando a integração de mercados e a convivência entre diferentes formas de governança. Assim, a parceria sino-brasileira almejaria novos “networks” de integração de cooperação (“conectividade” para empregar o termo preferido por Pequim) entre os países a serem “conectados pelo cinturão e rota chineses” e por eventual “trilha” brasileira.

Caberia, no entanto, introduzir conceito dinâmico, como o da “prosperidade compartilhada” para consolidar no Atlântico Sul uma região de paz, estabilidade, democracia e desenvolvimento. Esta parte do mundo se apresenta como uma imensa fonte de oportunidades, não apenas para o Brasil, mas para todos os países que o margeiam.

Nossa capacidade de transformar essas oportunidades em benefícios concretos depende da coordenação cada vez mais estreita com os demais países da região.

Nesse contexto, seria de grande importância para a “trilha” brasileira um “Corredor Bioceânico”, que ligasse áreas de produção agrícola no Brasil, por ferrovia, ao Porto de Chancay, no Peru. O investimento chinês, por exemplo, neste projeto teria especial valor, de forma a facilitar o escoamento de nossa produção de commodities, que é grande parte do comércio que temos com a China, bem como baratearia essa produção.

De retorno ao imaginário antecipado pelo dirigente chinês, seu artigo aqui publicado afirma, também, que “No mundo de hoje, transformações de escala nunca vista em um século estão ocorrendo em um ritmo acelerado, e novos desafios e mudanças continuam surgindo. Diz um ditado chinês: "Em corrida de barcos, vencem aqueles que remam com força; em regata de veleiros, ganham aqueles que ousam avançar sob vela cheia." China e Brasil, dois grandes países em desenvolvimento nos hemisférios leste e oeste e membros importantes do Brics, devem se unir mais estreitamente, ousar ser pioneiros e caçadores de ondas, e juntos abrir novas rotas de navegação que levam a um futuro mais belo que os povos dos dois países e a humanidade merecem.”

- Em conclusão, talvez fosse um fato mais realista – sempre na lógica de Deng Xiaoping - simplificar a proposta do Presidente Xi, que visaria a uma evolução da suposta “parceria estratégica” atual para uma “parceria estratégica global”, com capivaras fofas, caçadores de ondas, por apenas “velas cheias” que, no idioma codificado que empregamos no “beach-tennis” em Copacabana, signifique apenas rumo a um “tamo junto”.

[1] Vide “Manifesto Antropófago”, de Oswald de Andrade, em 1928, que nos indica o caminho brasileiro de aceitar o que nos é estranho sem deixar de transformá-lo em algo mais próximo de nossa personalidade nacional.


domingo, 17 de novembro de 2024

China: da abertura para um mundo de "desordem sob os céus" para "sinergias" - Paulo Pinto (Linkedin)

O maior especialista na China e em assuntos asiáticos em geral, refaz o caminho chinês para a modernização.

 

CHINA - DA ABERTURA PARA UM MUNDO DE “DESORDEM SOB OS CÉUS”, PARA “SINERGIAS” QUE PRESCREVAM FORMAS DE GOVERNANÇA CHINESAS AO LONGO DE SEU “CINTURÃO”

Paulo Pinto

Embaixador do Brasil aposentado. Percursos diplomáticos diferenciados.

Linkedin, November 15, 2024

https://www.linkedin.com/pulse/china-da-abertura-para-um-mundo-de-desordem-sob-os-c%C3%A9us-paulo-pinto-cqq5f/ 

 

O início da década de 1980 é reconhecido como um marco, na história recente da China, quando se deu o processo de abertura do país ao exterior, após a fase turbulenta da Revolução Cultural.

Procuro, a seguir, resgatar ensinamentos da experiência pessoal de ter servido em Pequim, entre 1982 e 1985, no Sudeste Asiático, entre 1986 e 1995 e em Taipé, entre 1998 e 2006. O exercício de reflexão a seguir é resultado, portanto, mais de conclusões de vivência do autor, do que de trabalho acadêmico.

Parto da premissa de que cabe procurar na origem do pensamento chinês sobre a organização do “Império do Centro”, explicações sobre o atual sucesso econômico da RPC. Haveria, também, possíveis riscos da tentativa de imposição de sua forma de governança através de “rota” em diferentes países da África e América Latina (vide meu texto publicado em 21 de outubro).

O artigo reflete a convicção de que, tanto no plano interno, quanto no externo identificam-se, na década de 1980, alterações resultantes de condicionantes históricas de forma de pensar chinesa, capazes de influenciar o cenário atual da RPC.

Acredito ser importante o resgate da lógica de que aquela nova cena de partida, em direção ao cenário atual, ajuda no esforço de reflexão sobre o que se passa, hoje, na República Popular da China. Por um lado, para o entendimento do presente naquele país, cabe abandonar raciocínios e equações, a partir de modelos fora do contexto cultural chinês. Por outro, conforme se exporá na conclusão, o modelo atual de governança em Pequim começa a ser considerado como exemplo a ser seguido, em outras nações.

 

O Início da Modernização

No início da década de 1980, quando cheguei a Pequim, não era possível deixar de sentir uma certa tristeza, pelo fato de que havia sido encerrada, na China, uma Era de convicção poética maoista. A partir de 1949, acreditara-se que, em benefício do interesse comum da sociedade, centenas de milhões de pessoas poderiam ser levadas a patamar mais elevado do que o egoísmo individual.

A experiência chinesa de busca de uma sociedade igualitária encantara a muitos. Os países do Terceiro Mundo admiravam sua combatividade e autossuficiência. Os economistas ocidentais registravam o pleno emprego atingido, no campo, e invejavam sua força de trabalho disciplinada, na indústria.

O exercício de observação diário e o aprendizado da realidade do país, no entanto, indicavam que não se vivera na China, nas três décadas anteriores, tantos motivos de encantamento.

Na verdade, perdurara o elitismo e a corrupção entre os dirigentes do partido e do governo. O lento progresso obtido na economia demonstrara não ser tão fácil, desenvolver-se com os próprios recursos, sem a infusão de investimento, tecnologia ou ajuda externa.

Em suas relações internacionais, sabe-se, a República Popular, desde sua fundação, em 1949, havia mantido um vasto exército e milícias armadas e desenvolvido a bomba atômica. A China tivera conflitos com a União Soviética e Índia e fricções com o Japão, com respeito às Ilhas de Senkaku, e com o Vietnã, quanto às Spratlays. Não se tratava, portanto, de país totalmente “amante da paz”, conforme se divulgava em Pequim aos visitantes estrangeiros.

No plano interno, na medida em que se conhecia melhor a real situação chinesa, ficavam diminuídos, inclusive, os ganhos considerados, por exemplo, no controle familiar. Havia sido enorme, verificava-se, o custo, em termos de direitos humanos, na proibição de casamentos antes dos 20 anos e obrigatoriedade de apenas um filho por casal.

Não se quer negar, no entanto, as grandes conquistas do período maoista, nem os feitos do povo chinês. Um país que, na primeira metade do século XX, fora devastado por guerras internas, encontrava-se, no início da década de 1980, unificado, apesar das crises de liderança resultantes da Revolução Cultural.

Como era possível verificar, a China alimentava e vestia seu povo. Um esforço descomunal fora feito para construir represas, diques e sistemas de irrigação, bem como no sentido da autossuficiência alimentar.

Mas seria isso suficiente? Tais conquistas teriam que ser vistas em perspectiva.

Mao Zedong tornara a “necessidade” em “virtude”, como base de sustentação para política de autossuficiência. Em grande parte, tratava-se de reação ao fato de que os soviéticos terem cessado todo e qualquer auxílio, a partir de 1960, levando consigo, inclusive as matrizes de fábricas cuja instalação já havia sido iniciada.

O Grande Timoneiro, então, colocou toda sua crença na “genialidade do povo chinês”. Doravante, tudo seria resolvido com a mobilização permanente das “massas”. Como consequência, surgiriam energias e talentos até então escondidos por sistema social opressivo. Na década de 1960, por exemplo, ampla campanha nacional encorajava simples operários a fazerem sugestões sobre inovações tecnológicas. Exageros evidentes eram noticiados a respeito do aumento de produtividade como resultado de soluções práticas obtidas nos canteiros de obras, campos agrícolas e operadores de máquinas nas fábricas.

O caráter “anticientífico” das práticas maoistas chegou ao apogeu durante a chamada Revolução Cultural, quando professores e alunos foram obrigados a curvar-se diante da “sabedoria” das massas.

Postura semelhante fora adotada nas forças armadas chinesas, onde o conceito maoista de “guerra popular” baseava-se na premissa de que “homens contavam mais do que máquinas”. Nessa perspectiva, centenas de milhares de soldados de infantaria, com armamento obsoleto, seriam capazes de derrotar um Exército soviético equipado com armas modernas. Mantinha-se, no entanto, a dissuasão nuclear, na medida em que a China não renunciava a sua própria bomba atômica.

Com a derrota do “bando dos quatro”, a China desencadeou outra campanha, desta feita para condenar a viúva de Mao, visando a acusá-la e a seus três cúmplices de Xangai, pela maioria dos fracassos e fraquezas dos anos anteriores. Este novo processo implicou, novamente, em notáveis exageros nas acusações. A mensagem, no entanto, era clara: os dirigentes chineses haviam tomado consciência de que suas políticas de autossuficiência, recusa em aceitar ajuda externa e a negativa à aquisição de tecnologia estrangeira haviam reduzido as taxas de crescimento e o progresso em quase todos os setores da economia.

A rejeição da ideologia passada foi feita na forma de pronunciamentos que, gradativamente, desautorizassem o autoritarismo vigente sob Mao Zedong, cuja memória continuava a ser reverenciada, com todas as honras devidas ao fundador da República Popular da China. Tratava-se, no entanto, de trazê-lo a proporções humanas.

Começava o processo de estabelecer seu lugar na história, como um grande líder revolucionário, mas como um homem com menor sucesso, quando se tratou de administrar um país. Suas principais preocupações diziam respeito à eliminação dos dogmas socialistas, agora vistos como impedimento à nova marcha da China, em direção à modernização. O principal responsável pelas alterações na condução das políticas, econômica e social da China, a partir de 1978, e “Novo Timoneiro”, passou a ser o então Vice-Primeiro-Ministro Deng Xiao-Ping.

O julgamento público de Mao, no entanto, tinha dimensões restritas. Todos os erros cometidos no período de radicalização maoista eram atribuídos a Lin Piao e ao “bando dos quatro”. Para o cidadão chinês, contudo, havia implicações óbvias: não era possível aceitar que toda a culpa fosse atribuída a um traidor e a quatro radicais – na prática, os novos dirigentes em Pequim estavam admitindo que a “Grande Revolução Proletária Cultural” havia sido um fracasso enorme e custoso.

O próprio retorno de Deng Xiao-Ping ao poder, como Vice-Primeiro-Ministro já significava uma rejeição eloquente a julgamentos emitidos por Mao, que havia dado seu apoio pessoal às duas quedas anteriores de Deng.

Não era possível ignorar, contudo, que Mao tinha razão quanto ao diagnóstico sobre os males que atingiam a China. Assim, de acordo com sua visão, o maior perigo para o país seria o retorno à estagnação imposta pela burocracia do partido e do estado.  Suas soluções eram poéticas e imaginativas: uma série de campanhas para mobilizar os intelectuais – “O Movimento de Cem Flores” – a busca de um caminho mais curto para o Socialismo – “O Grande Salto Adiante” – e a provocação de uma “discórdia criativa” entre a juventude do país e a burocracia estatal – “A Revolução Cultural”.

Mas, como se sabe, Mao não obteve sucesso na criação do “homem socialista”.  Ele pediu demais, tanto dos chineses, quanto da natureza humana.

No final da década de 1970, no entanto, todo este processo havia sido esquecido. Ficara provado que, em tese era uma boa ideia encorajar os trabalhadores a pensarem o aumento da produção com seus próprios meios.  Na prática, a premissa ideológica, sobre a qual se baseava – a de que a sabedoria está consagrada nos trabalhadores – conduziu a medidas impraticáveis, como por exemplo, a utilização de máquinas antiquadas sendo empregadas em velocidade inapropriada, provocando acidentes ou resultados negativos.

Verificava-se, por exemplo, que a produção de cereais ficara estagnada. Não houve progresso em projetos de irrigação, nem de novos fertilizantes agrícolas, enquanto a população chinesa continuava a aumentar. O país continuou a importar alimentos. Houve sérios casos de fome generalizada, por falta de alimentação.

A mesma ausência de melhoria foi notada no setor industrial, onde prevaleceu a política maoista de autossuficiência e oposição a aprender da experiência de outros países. Tal postura levou, por exemplo, à estagnação da produção anual de aço, ao lento progresso tecnológico, a preservação de fábricas antiquadas, com equipamentos, tecnologia e formas de administração superados e emprego excessivo de mão de obra.

Com a morte de Mao Zedong e a derrubada do “Bando dos Quatro”, a China podia, finalmente, enfrentar com clareza e determinação seus inúmeros problemas e tomar as decisões cabíveis, para superá-los. O corpo do “Grande Timoneiro” fora colocado em mausoléu, construído na Praça da Paz Celestial, quebrando, a propósito, a harmonia do local, no centro de Pequim (na sequência do processo chinês de abertura ao exterior, para suprema heresia, uma lanchonete de “fast food” americana foi estabelecida nas vizinhanças do túmulo).

Não se tratava, no entanto, de abrir mão, completamente, do pensamento maoista que, então, permeava de forma abrangente a “maneira de fazer as coisas”, no país. Assim, continuava a ser citada, por exemplo, a obra “Sobre as Dez Grandes Relações”, publicada em 1956. Nela, Mao oferecia exercício de reflexão que poderia, no momento da abertura externa do país, na década de 1980, conter explicações ainda úteis para justificar qualquer que fosse a orientação a ser adotada pelos novos dirigentes de Pequim.

Havia sido abandonado, contudo, o fundamento da filosofia maoista: o “conceito hegeliano” de que a unidade deve ser dividida em duas partes e que cada situação contém em si contradições saudáveis que são necessárias para a luta e o progresso, levando, assim, à noção de luta de classes contínua e revolução permanente[1].

Segundo Mao, a China não deveria jamais permitir-se cair na complacência da “unidade” e, de acordo com esta filosofia, o “Grande Timoneiro” teve a audácia poética de desencadear uma revolução contra seu próprio governo e partido. O veredito da história será provavelmente o de que, enquanto Mao foi um dos maiores líderes revolucionários, demonstrou ser um governante menos habilidoso, uma vez que sua revolução se tornou vencedora. Provocou, assim, severas perdas a seu país e a morte de milhões de pessoas, enquanto perseguia suas visões utópicas.

Os novos líderes em Pequim pareciam retomar abordagem mais tradicional de forma de governança. 

 

A Busca do “Caminho Real”

No início da década de 1980, portanto, o sentimento dominante era o de que a morte havia “humanizado” Mao Zedong e “desmitificado” a China, que, então, admitia suas limitações no trato com os grandes problemas do país.

A nova política pragmática representava praticamente a recusa total das doutrinas que haviam dominado as políticas agrícola e industrial dos últimos 20 anos. Todas as empresas públicas, por exemplo, foram instruídas a gerar lucros – proposta impensável, até recentemente. Incentivos materiais passaram a substituir a pureza ideológica. A China conscientizou-se de que necessitava da tecnologia do Ocidente e, enquanto abandonava sua política restritiva de “autossuficiência”, começava a buscar fontes de financiamento de longo prazo – ajuda, em outras palavras – para financiar suas compras de “know-how”, instalações industriais, navios, equipamento de transporte e material de emprego militar.

Nessa perspectiva, no período de vivência do autor naquele país, entre 1982 e 1985, autoridades chinesas persistiam no esforço de implementação de políticas pragmáticas, com vistas a dissociar-se dos fins marxistas de construção de uma sociedade que se limitasse a fornecer “a cada um, de acordo com suas necessidades”. Buscar-se-ia, doravante, recompensar as pessoas de acordo com seu bom desempenho, produtividade, antiguidade e qualificações.

Este novo pragmatismo viria a ser colocado em prática com a mecanização da agricultura, modernização da indústria pesada e reequipamento das forças armadas. Sempre que necessário e no contexto das disponibilidades orçamentárias, seriam comprados equipamentos e tecnologias do exterior, na forma de “turn-key”, com a aquisição de fábricas japonesas, aviões militares Harrier britânicos ou “offshore oil expertise” dos EUA e Europa.

Não se abandonava, contudo, o discurso adotado, desde a fundação da República Popular, no sentido de atribuir a influências burguesas externas crimes financeiros, corrupção e fenômenos sociais indesejáveis. Assim, enquanto programava novas políticas econômicas liberais, Pequim efetuava sucessivos expurgos de elementos prejudiciais ao partido e governo, promovendo o combate a infrações prontamente puníveis com julgamentos sumários e execuções públicas. Entendia-se que era necessário, naquela fase, atender a “sentimentos puritanos” de conservadores do PCC, eliminando-se, desta forma, os aspectos mais desagradáveis do processo de modernização.

Para os moradores em Pequim, naquele período, era comum testemunhar – como tive a infelicidade de compartilhar - na avenida principal, a passagem de caminhões militares, com condenados à morte, em direção ao estádio, onde seriam executados em grupos, com um tiro na nuca. É sabido que, em seguida, a família do “justiçado” recebia a conta pelo gasto governamental com a bala da arma utilizada.

Observadores mais prevenidos, no entanto, sentiam que a “correção ideológica” não era, naquele momento, a real prioridade dos dirigentes chineses. Tratava-se, sobretudo, de conter eventuais expectativas irrealistas de grande parte da população, que, como decorrência da abertura do país para o exterior, poderia imaginar que seria possível obter, rapidamente, o mesmo padrão de consumerismo já então vigente no Ocidente. A manutenção da disciplina, portanto, era essencial para preservar o ritmo lento de crescimento que o Partido Comunista ainda decidia impor.

Havia, de qualquer forma, pouca dúvida quanto ao fato de que, em longo prazo, a motivação pelo lucro viria a prevalecer sobre a burocracia lenta, ineficiente e quase sempre corrupta. Tal previsão, como se sabe, prevaleceu, com a adoção, ainda na década de 1990, do discurso sobre economia socialista de mercado.

Tal processo de transição causava incertezas. Havia condicionantes culturais milenares para tais expectativas. Segundo a concepção chinesa, para ser estável, a sociedade necessitava do comando de um “timoneiro” confiável, capaz de traçar um projeto nacional viável e coerente com a longa e rica história chinesa.

A este líder caberia garantir à população segurança, paz, governança eficiente – em suma uma moldura de governabilidade favorável ao progresso e prosperidade. Como reciprocidade, os governados lhe deveriam obediência, “como o bambu que se curva diante do vento” – isto é, ao governante justo é devida a total aceitação de sua autoridade.

Uma vez que o objetivo final da governabilidade era o contentamento e elevação moral do povo, Mencius[2] argumentava que, no caso de o líder falhar em seus deveres e obrigações, haveria justificativa para uma “revolução”.

Implícito neste sistema, encontrava-se o conceito de que, se o líder não cumprisse a missão de fornecer a esperada moldura de governabilidade e o tratamento benevolente de seu povo, teria prejudicado seu direito à lealdade dos governados. Segundo Mencius, sempre que pessoas chegam à posição de autoridade, existe a tendência de se tornarem corruptas, seja pelo anseio de glória ou busca de ganhos pessoais.

Fazia, então, a clara distinção entre o exercício do poder, em função da virtude do governante, e o emprego da força, como forma de obter obediência.

Lembra-se que, desde o início da civilização chinesa, há cerca de 4000 anos, nas margens do Rio Amarelo, seus pensadores procuraram estabelecer sistema de educação e ética dedicado a atingir o “Tao” [3] ou “Caminho do Meio”. Este seria uma estrutura social que refletiria o equilíbrio da natureza, onde se equivalem o “Yin” e o “Yang” [4]·.

Mais tarde, Confúcio e seus seguidores tentaram construir um ordenamento social que estabeleceria normas de conduta aos monarcas, no sentido de corresponderem a suas responsabilidades, perante seus súditos, enquanto imporiam aos governados o sentido da ordem das coisas, seus deveres e obrigações.

Confúcio escreveu: “Quando um governante exerce o poder de forma correta, ele terá influência sobre as pessoas, sem a necessidade de dar ordens. Quando o governante não age de forma correta, suas ordens não terão valor”.

O Confucionismo tem sido chamado de “a religião do li”. “Li” representa o conjunto de condutas apropriadas e a ordem social. Entre as qualidades essenciais no “Homem Superior”, a mais importante seria a “Ren” – benevolência e bondade.

Assim, uma sociedade confucionista visaria, seja a aceitação total de um dirigente, ou sua rejeição completa. Não haveria espaço, por exemplo, para o conceito ocidental de “loyal opposition”.

Qualquer membro da oposição, que reagisse por motivos honestos às políticas da autoridade no poder teria poucas opções: manifestar suas críticas, sendo imediatamente punido – por não corresponder ao tal preceito de obediência incondicional; registrar seu protesto e, em seguida, autopunir-se pelo “delito da discórdia”, talvez cometendo suicídio; ou retirar-se do convívio social e isolar-se como eremita, na floresta, com a esperança de tornar-se referência para outros descontentes, criando clima favorável para a derrubada da dinastia vigente e sua substituição por novos governantes.

Implícito em tal sistema encontrava-se o pressuposto de que o interesse pela estabilidade político-social deveria prevalecer sobre direitos individuais, tais como a liberdade de opinião ou o de expressá-las.

Em suma, era sob a égide do mesmo “mandato celestial” de sempre que Deng conduzia o processo de abertura da China ao exterior, enquanto, no plano interno, quebrava dogmas socialistas, em processo de instalação no país, a partir de 1949.

O autor teve a experiência pessoal de visitar, entre 1982 e 1985, algumas cidades costeiras que vinham adotando o novo sistema de “responsabilidade coletiva”. Isto é, até então os meios de produção e, principalmente, a terra eram de “propriedade coletiva”, e tudo o que fosse produzido seria entregue ao mercado público. Em troca, os indivíduos receberiam os bens, alimentos e serviços básicos para sua sobrevivência. Havia escassez, mas não se sofria miséria.

Foi possível ouvir narrativas, por exemplo, de que, durante o período da “Revolução Cultural”, cada pessoa receberia uma vestimenta – no estilo “traje de Mao”. Esta deveria durar nove anos. Durante os três primeiros, consideraria a roupa nova. Nos seguintes, como boa. Nos finais, adequada. Decorrido este prazo, novo conjunto de calça, jaqueta e chapéu lhe seria distribuído.

Com a nova prática – segundo o ensinado por membro de comunidade agrícola, durante um almoço ao qual o autor compareceu, em “fazenda modelo”, de cidade costeira da China – tudo continuaria a pertencer à coletividade e entregue ao mercado público. Pequena faixa de terra, no entanto, poderia ser cultivada individualmente e a produção vendida particularmente. Tal ganho poderia permitir ao camponês comprar sua própria ferramenta. Caso sua produtividade continuasse a aumentar, assim como sua renda, seria possível adquirir, por exemplo, uma segunda enxada. Em seguida, era necessário contratar alguém para operar o outro meio de produção.

 Introduz-se, assim, uma forma de relação de produção capitalista, com a exploração do trabalho de um indivíduo pelo outro. E, se este novo empresário vier a comprar grande número de ferramentas, veículos de transporte, lojas – não haveria, perguntei, uma organização de mercado monopolista?

Nesse ponto da conversa com o camponês, o representante da polícia ideológica, que vinha acompanhando o encontro intervém e declara que o governo da República Popular da China garantiria a manutenção de relações de produção e organização de mercado socialistas. Fim de caso. Cabia, então, cessar as perguntas e retornar à degustação do peixe – talvez o mais saboroso que digeri naquele país – com outras iguarias simples, mas bem-preparadas.

Era um processo de reformas, assim cuidadoso, sempre sob o controle de um sistema ainda centralmente planificado, que vinha sendo introduzido na China, na década de 1980. Sua implantação ocorria na agricultura e em versões industriais, nas áreas urbanas. Criavam-se empréstimos bancários e ações de empresas, com lucros sendo distribuídos aos operários.

Pensava-se, então, na gradativa descentralização do planejamento econômico. A planificação continuaria a vigorar nas áreas de infraestrutura e indústria pesada. Nos demais setores, haveria metas e linhas gerais. Fábricas se tornariam empresas independentes, com operários ganhando dividendos e gerentes decidindo, localmente, sobre onde obter matérias primas e a respeito de como e onde os produtos seriam vendidos e a qual preço.

A China, assim, buscava superar o ponto de equilíbrio estabelecido pelo princípio socialista, segundo o qual “de cada um de acordo com suas habilidades e a cada um de acordo com suas necessidades”, para novo paradigma – que, segundo a tradição confucionista deveria visar a estabilidade social. Este, contudo, deveria explorar a ganância e desejo por consumo de sua população.

Segundo especialistas no assunto, Mao não teria sido um líder na tradição de Confúcio. Pois – conforme descrito acima – não abraçou as normas ditadas pela “li”, que estabelecem a conduta adequada à ordem social. Teria agido no estilo de um “Macaco Rei”, liberando forças de “luan” (desordem e rebelião) para mobilizar a população e manter-se no poder. Assim, na essência do pensamento maoista se encontrava a rejeição à concepção confucionista de estabilidade. O progresso, para Mao, só poderia ser obtido pela luta contínua e permanente.

Deng Xiaoping, no entanto, personificou o retorno da China à tradição confucionista. No sentido de que caberia ao líder benevolente buscar o caminho certo para a estabilidade, segurança e o estabelecimento de forma de governança que favorecesse o progresso.

Uma das maiores conquistas de Confúcio foi a criação de um sistema educacional e de seleção por exames, aberto a todos, que veio a celebrar, na China, a figura do “acadêmico” e a classe dos “mandarins”.

Durante o período maoista, os “acadêmicos” foram considerados “parasitas”. Com a subida de Deng ao poder, o conhecimento voltou a ser valorizado. Tratava-se, agora, de encorajar a educação, incentivando especialistas, tecnocratas e gerentes com recompensas materiais, enquanto se retornava a valores tradicionais confucionistas.

Resta desejar que, com sua ascensão crescente, a RPC não busque exportar também, por seus “cinturões e rotas”, as atuais formas de governança. Em artigos próximos procurarei analisar as relações históricas do “Império do Centro” com seu entorno mais próximo, no Sudeste Asiático.

 

[1] Lew, Roland. “Mao prend le Pouvoir”. Éditions Complexe 1981.

[2] Mencius. 372-289 AC. Foi o segundo maior filósofo chinês, após Confúcio. Teve reconhecida sua teoria sobre a natureza humana, segundo a qual todos os homens possuem bondade inata, que pode ser desenvolvida pela educação e a autodisciplina, ou desperdiçada por negligência ou influências negativas, mas nunca totalmente perdida.

[3] Tao é um conceito elaborado na filosofia chinesa antiga. Significa “caminho”, ou, em certos contextos “doutrina” ou “princípios”. Pode também significar a verdadeira natureza do mundo.

[4] Na filosofia chinesa, Yin e Yang são utilizados para descrever como forças, aparentemente opostas, podem estar interconectadas e serem interdependentes em diferentes aspectos da natureza, enquanto se revezam, de forma cíclica.