Acredito que os idiotas do mundo são em número ainda maior do que se pensa: eles estão disseminados por toda a parte, inclusive na venerável Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, as famosas "arcadas" de São Paulo, hoje integrada à USP (que tem também, assim, a sua quota de idiotas, por mais surpreendente que isso possa parecer).
Eu havia escrito, tempos atrás, um texto provocador, que se interrogava se estava aumentando o número de idiotas no mundo. Dizia que sim e não, pois é um fato que mais e mais pessoas idiotas, nascem, crescem e se reproduzem neste nosso pequeno planeta submetido à destruição ambiental, a guerras fraticidas, a atentados terroristas, à intolerância religiosa e a vários outros fenômenos e processos que só podem ser atribuidos à ignorância ou idiotice de alguns. Sim, infelizmente, eles ainda são muito numerosos, e ainda que a educação progride (lentamente), a TV e outros meios de comunicação de massa (além da simples incultura e as superstições populares) se encarregam de "produzir" um número razoável de idiotas a cada dia.
Pois não é que eu recebi uma mensagem perfeitamente idiota de um candidato a idiota?
Digo candidato pois acredito que ele ainda pode se redimir, pois há salvação para tudo, menos para a morte e os impostos, como dizia Benjamin Franklin, este um perfeito sensato homem, não mais inteligente ou idiota do que a média, apenas mais atento, curioso e experiente do que os demais.
Abaixo um "exchange" entre o candidato a idiota e eu mesmo, a propósito de meu texto sobre os idiotas no mundo (que está disponível nessas coordenadas:
“Está aumentando o número de idiotas no mundo?”, revista Espaço Acadêmico (ano 6, nr. 72, maio de 2007; link: http://www.espacoacademico.com.br/072/72pra.htm). Republicado, sob o título “O Apogeu dos Idiotas”, na revista Mirada Global, no dia 25.05.07 (link: http://www.miradaglobal.com/index.asp?id=editorial&principal=200104&idioma=pt )
Dito isto, reproduzo abaixo a mensagem em questão (exatamente como recebida, com sua sintaxe própria), seguida de minha própria resposta ao candidato da "sanfran" (isto é, da São Francisco):
On 31/12/2007, at 14:47, daniel c******* wrote:
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: daniel c*******
Cidade: são paulo
Estado: sp
Email: jcks_daniels@hotmail.com
Assunto: Opiniao
Mensagem: gostaria de dizer que, lendo um artigo, mais especificamente, está aumentando o número de idiotas no mundo ? confirmei o que já sabia: há uma enorme diferença entre inteligencia e sabedoria ,de fato, é necessário rasgar o verbo para justificar algo tão complexo que,aliás ,não pode ser exemplificado por um pobre coitado formado em ciências socias . sou aluno de direito sanfran e, já me acostumei a conviver com esse tipo de gente..malditos alunos de humanas!!!! pessoas que se vislubram por coisas tão passageiras , \"...vaidades apenas vaidades...\" !!! deveria aprender mais com guimarães rosa , pena uma literatura tão rica ,ser compartilhada por pessoas tão pobres de espírito .
==============
E agora, minha resposta, em 31.12.2007 (nunca se está ao abrigo de uma última decepção no ano...):
Caro Daniel C*********,
Acredito que você tenha algum problema com o pessoal de humanas: eles não não melhores, nem piores do que os advogados, engenheiros, médicos, veterinários, ou que quaisquer outras categorias de trabalhadores, inclusive peões, operários, garis, colhedores de cana, etc.
Se você se julga detentor de algum conhecimento especial, seja ele sabedoria ou inteligência, deveria expor suas idéias, supostamente inteligentes, ao resto do mundo, e assim contribuir para a elevação do nível cultural da humanidade, o que supostamente faria diminuir, relativamente, o número de idiotas, não acha?
Insistir numa critica negativa, ou pessimista, como a que voce faz, contribui, apenas e tao somente para aumentar o número de idiotas, entre os quais voce supostamente não se inclui.
Mas, a sua crítica pode ser classificada, me desculpe por não encontrar melhor termo, de propriamente idiota, uma vez que ela não tem absolutamente nada de inteligente a propor, apenas se limita a criticar, de modo corrosivo, o que uma outra pessoa, que você não conhece, escreveu.
Deve ser difícil para voce conviver com esse tipo de gente, idiotas, como você as chama. Acredito que apenas um idiota, com o perdão da expressão, consegue conviver com outros idiotas.
Eu, por exemplo, tenho alergia à burrice e cada vez que vejo uma de suas manifestações, me distancio imediatamente, seja me afastando dos idiotas do mundo, seja desligando a TV por exemplo.
Mas, existem idiotas que chegam até nós, sem qualquer solicitação, e passam a nos criticar sem qualquer atenção ao que está dito no texto, que não se dirige obviamente aos idiotas. Apenas um idiota seria capaz de pensar assim...
Não sei se na "sanfran", como voce diz, tem muitos idiotas, mas acredito, pessoalmente, que eles estão proporcionalmente espalhados ao redor do mundo, existindo tantos, na "sanfran", quanto em qualquer faculdade Tabajara. Ser idiota não é privilegio de ninguém ou de alguma instituição especifica: eles conseguem se disseminar nos lugares mais supreendentes...
Pobres de espírito sao aqueles que não percebem isto...
-------------
Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
824) Strange Maps: o estranho mapa da internacionalizacao da Amazonia
Um site dedicado a mapas estranhos incluiu o famoso mapa da internacionalização da Amazônia na sua relação, com direito a uma citação do meu trabalho na investigação e denúncia dessa fraude forjada no Brasil.
Para o site dos mapas bizarros, veja este link:
http://strangemaps.wordpress.com/
Para ir direto à "fraude amazônica, veja este link:
http://strangemaps.wordpress.com/2007/12/06/216-us-annexes-amazon-forest/
Para o meu dossiê sobre o caso, veja este link:
http://www.pralmeida.org/04Temas/07Amazonia/00Amazonia.html
Bom divertimento a todos...
Para o site dos mapas bizarros, veja este link:
http://strangemaps.wordpress.com/
Para ir direto à "fraude amazônica, veja este link:
http://strangemaps.wordpress.com/2007/12/06/216-us-annexes-amazon-forest/
Para o meu dossiê sobre o caso, veja este link:
http://www.pralmeida.org/04Temas/07Amazonia/00Amazonia.html
Bom divertimento a todos...
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
823) Dez principios do filosofo Bertrand Russell
O filósofo britânico Bertrand Russel (1872-1970) elaborou, em meados do século XX, um "código de conduta" liberal baseado em 10 princípios, à maneira do decálogo cristão, que ele não pretendia fosse substituir o antigo, mas complementá-lo.
Os dez princípios são:
1. Não tenha certeza absoluta de nada.
2. Não considere que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
3. Nunca tente desencorajar o pensamento, pois com certeza você terá sucesso.
4. Quando você encontrar oposição, mesmo que seja de seu marido ou de suas crianças, esforce-se para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
5. Não tenha respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
6. Não use o poder para suprimir opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões irão suprimir você.
7. Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
8. Encontre mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se você valoriza a inteligência como deveria, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
9. Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar escondê-la.
10. Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
Os dez princípios são:
1. Não tenha certeza absoluta de nada.
2. Não considere que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
3. Nunca tente desencorajar o pensamento, pois com certeza você terá sucesso.
4. Quando você encontrar oposição, mesmo que seja de seu marido ou de suas crianças, esforce-se para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
5. Não tenha respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
6. Não use o poder para suprimir opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões irão suprimir você.
7. Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
8. Encontre mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se você valoriza a inteligência como deveria, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
9. Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar escondê-la.
10. Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
822) China, according to Foreign Affairs journal
FOREIGN AFFAIRS: January/February 2008
Issue Preview (December 21, 2007)
CHANGING CHINA
China is changing rapidly, and its rise has led to widespread fears in western capitals. But Beijing's rapid economic growth and increasing political clout will not spell the demise of the liberal international order, argues G. John Ikenberry, so long as the West plays its cards correctly. As part of a special package on China, John Thornton assesses the prospects for Chinese democracy nearly two decades after the Tiananmen Square protests; Stephanie Kleine-Ahlbrandt and Andrew Small reexamine Beijing's policy of nonintervention and its relations with pariah states; and David Hale and Lyric Hughes Hale warn that forced currency revaluation is not the solution to the large U.S.-Chinese trade imbalance.
Democracy in China
John L. Thornton
China's politics are evolving -- but very slowly and in their own distinct
way.
Full text
Can the West Handle Chinese Power?
G. John Ikenberry
Washington can manage China's rise -- with the help of a strong liberal
international order.
Full text
Beijing's Friendly Tyrant Problem
Stephanie Kleine-Ahlbrandt and Andrew Small
Chinese support for pariah regimes in Burma, Sudan, and North Korea is
dropping —- slightly.
500-word preview
Reconsidering Revaluation
David D. Hale and Lyric Hughes Hale
Pressuring China to strengthen its currency is a bad solution to the
wrong problem.
500-word preview
Issue Preview (December 21, 2007)
CHANGING CHINA
China is changing rapidly, and its rise has led to widespread fears in western capitals. But Beijing's rapid economic growth and increasing political clout will not spell the demise of the liberal international order, argues G. John Ikenberry, so long as the West plays its cards correctly. As part of a special package on China, John Thornton assesses the prospects for Chinese democracy nearly two decades after the Tiananmen Square protests; Stephanie Kleine-Ahlbrandt and Andrew Small reexamine Beijing's policy of nonintervention and its relations with pariah states; and David Hale and Lyric Hughes Hale warn that forced currency revaluation is not the solution to the large U.S.-Chinese trade imbalance.
Democracy in China
John L. Thornton
China's politics are evolving -- but very slowly and in their own distinct
way.
Full text
Can the West Handle Chinese Power?
G. John Ikenberry
Washington can manage China's rise -- with the help of a strong liberal
international order.
Full text
Beijing's Friendly Tyrant Problem
Stephanie Kleine-Ahlbrandt and Andrew Small
Chinese support for pariah regimes in Burma, Sudan, and North Korea is
dropping —- slightly.
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Reconsidering Revaluation
David D. Hale and Lyric Hughes Hale
Pressuring China to strengthen its currency is a bad solution to the
wrong problem.
500-word preview
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
821) PIB PPP em comparacao mundial: uma no cravo, outra na ferradura...
Primeiro a boa noticia, tal como veiculado na imprensa, recentemente:
Brasil sobe uma posição e ocupa 6º lugar na economia mundial, diz Bird
Folha Online, 18/12/2007
O Brasil ganhou uma posição e agora ocupa o sexto lugar na economia mundial, segundo ranking do Banco Mundial, que divulgou nesta terça-feira os dados do PCI (Programa de Comparação Internacional), que analisa as economias de 146 países.
De acordo com o Banco Mundial, levando-se em conta a paridade do poder de compra, o Brasil responde por metade da economia da América do Sul. Com o equivalente a 3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial nesta medição, o Brasil divide o sexto lugar ao lado do Reino Unido, França, Rússia e Itália.
Segundo explicação do Banco Mundial, o Brasil subiu de lugar por conta de uma nova avaliação. A paridade do poder de compra, expressa por meio dos valores das moedas locais e o que é possível comprar, tomou o lugar da chamada medida cambial, que apenas converte o PIB do país em dólares.
Na medida convencional (cambial), o Brasil seria a sétima economia, ao lado da Índia, Rússia e México, que respondem juntos por 2% do PIB.
"Os números passaram a refletir o valor real de cada economia, com as diferenças corrigidas em níveis de preços, sem a influência de movimentos transitórios de taxas cambiais", explica o Banco Mundial.
EUA na ponta
Como já era esperado, a maior economia do mundo ainda é a dos Estados Unidos --ela, porém, está menor que no passado. Em seguida aparece a China, que pelas novas pesquisas subiu de quarto para segundo lugar.
De acordo com os dados, pelo sistema cambial os EUA têm 28% do PIB mundial, mas pela regra da paridade, apontada como mais confiável pelo Bird, o país tem 23%. Na China, levando-se em conta o método do poder de compra, a participação é de 10%; pelo cambial, fica em 5%.
No geral, a economia mundial produziu US$ 55 trilhões em mercadorias e serviços em 2005. Do total, cerca de 40% veio de países em desenvolvimento -- China, Índia, Rússia, Brasil (Brics) e México responderam por quase 20%.
============
Agora, a ducha de água fria, ou melhor, uma boa dose de realismo:
O tamanho do Brasil: país está em 10º lugar no ranking do PIB, não em 6º. E caiu uma posição
Blog Reinaldo Azevedo:
Vocês já leram em todo lugar a notícia de que o Brasil subiu uma posição e agora está em sexto lugar entre as economias do mundo, segundo ranking do Banco Mundial. De acordo com o Bird, levando-se em conta a paridade do poder de compra, o chamado PPP, o Brasil responde por metade da economia da América do Sul, com o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto. Estaríamos no mesmo patamar de Reino Unido, França, Rússia e Italia.
A petralhada, em seu desassossego característico, pergunta-me se estou triste com a notícia. Eu? Segundo os iluminados, mais uma conquista de Lolovsky Apedeutakoba. Bem, eu já estava me preparando para iniciar um movimento de fechamento de fronteiras, sabe? Imaginem se ingleses e franceses, em fúria, resolvessem invadir o Brasil em busca do mesmo padrão de vida, mas com as nossas praias, o Pão de Açúcar, a tardinha que cai, o barquinho que vai, o nosso veneno sensual, o nosso charme moreno, a arquitetura de Niemeyer, a sua defesa das ditaduras comunistas? E se decidirem também vir em busca de nossos Voltaires, de nossos Lockes?
Vocês sabem, a minha primeira inclinação sempre é o nacionalismo, né? Liguei para o editor de economia da VEJA, Giuliano Guandalini, em busca de apoio para a minha causa. Ele estragou todo o "meu céu tem mais estrelas". Ele desestimulou o "meu bosque tem mais flores". Ele me passou alguns dados que me fizeram ver que as aves que aqui gorjeiam estão mais depenadas que as de lá. Estou arrasado.
O Banco Mundial resolveu empregar um critério de arredondamento — mesmo para a medição do PIB PPP, que é mais generoso com os países emergentes — que se usava antigamente nas escolas quando as notas eram dadas por números. Tudo o que estiver abaixo de meio ponto, eles arredondam para baixo; o que estiver acima, para cima. Assim, vejam só: segundo esse critério, o Brasil detém 2,88% do PIB mundial. Puxaram o número para cima: ficamos com 3%. O Reino Unido detém 3,46%: puxaram para baixo: ficou com 3% também.
Eu não quero que vocês acreditem em mim. Quero que vocês acreditem nos números. A tabela está aqui, com os países agrupados por regiões. O PIB PPP é a terceira coluna. Vejam lá: Brasil: 2,88%; Reino Unido: 3,46%; França: 3,39%; Rússia: 3,09%; Itália: 2,96%. DE FATO, O BRASIL ESTÁ EM 10º LUGAR. Mas isso não é tudo: caiu uma posição.
Vejam só: em 2005, o PIB mundial, diz o Bird, foi de US$ 55 trilhões. Se o Brasil tem 2,88% desse valor, estamos falando de US$ 1,584 trilhão. Se fosse 3%, US$ 1,65 trilhão, o que implicaria produzir US$ 66 bilhões a mais. Se o Reino Unido detém 3,46 dos US$ 55 trilhões, seu PIB PPP é de US$ 1,903 trilhão. Para que o Brasil realmente estivesse em pé de igualdade com este país, teria de produzir US$ 319 bilhões a mais, um crescimento no PIB de imodestíssimos 20%. Ademais, quando se trata de verificar o PIB per capita, saibam que o Brasil está abaixo da média da América Latina e da média mundial.
No mais, estou feliz como todo mundo, é claro (mais informações aqui).
Brasil sobe uma posição e ocupa 6º lugar na economia mundial, diz Bird
Folha Online, 18/12/2007
O Brasil ganhou uma posição e agora ocupa o sexto lugar na economia mundial, segundo ranking do Banco Mundial, que divulgou nesta terça-feira os dados do PCI (Programa de Comparação Internacional), que analisa as economias de 146 países.
De acordo com o Banco Mundial, levando-se em conta a paridade do poder de compra, o Brasil responde por metade da economia da América do Sul. Com o equivalente a 3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial nesta medição, o Brasil divide o sexto lugar ao lado do Reino Unido, França, Rússia e Itália.
Segundo explicação do Banco Mundial, o Brasil subiu de lugar por conta de uma nova avaliação. A paridade do poder de compra, expressa por meio dos valores das moedas locais e o que é possível comprar, tomou o lugar da chamada medida cambial, que apenas converte o PIB do país em dólares.
Na medida convencional (cambial), o Brasil seria a sétima economia, ao lado da Índia, Rússia e México, que respondem juntos por 2% do PIB.
"Os números passaram a refletir o valor real de cada economia, com as diferenças corrigidas em níveis de preços, sem a influência de movimentos transitórios de taxas cambiais", explica o Banco Mundial.
EUA na ponta
Como já era esperado, a maior economia do mundo ainda é a dos Estados Unidos --ela, porém, está menor que no passado. Em seguida aparece a China, que pelas novas pesquisas subiu de quarto para segundo lugar.
De acordo com os dados, pelo sistema cambial os EUA têm 28% do PIB mundial, mas pela regra da paridade, apontada como mais confiável pelo Bird, o país tem 23%. Na China, levando-se em conta o método do poder de compra, a participação é de 10%; pelo cambial, fica em 5%.
No geral, a economia mundial produziu US$ 55 trilhões em mercadorias e serviços em 2005. Do total, cerca de 40% veio de países em desenvolvimento -- China, Índia, Rússia, Brasil (Brics) e México responderam por quase 20%.
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Agora, a ducha de água fria, ou melhor, uma boa dose de realismo:
O tamanho do Brasil: país está em 10º lugar no ranking do PIB, não em 6º. E caiu uma posição
Blog Reinaldo Azevedo:
Vocês já leram em todo lugar a notícia de que o Brasil subiu uma posição e agora está em sexto lugar entre as economias do mundo, segundo ranking do Banco Mundial. De acordo com o Bird, levando-se em conta a paridade do poder de compra, o chamado PPP, o Brasil responde por metade da economia da América do Sul, com o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto. Estaríamos no mesmo patamar de Reino Unido, França, Rússia e Italia.
A petralhada, em seu desassossego característico, pergunta-me se estou triste com a notícia. Eu? Segundo os iluminados, mais uma conquista de Lolovsky Apedeutakoba. Bem, eu já estava me preparando para iniciar um movimento de fechamento de fronteiras, sabe? Imaginem se ingleses e franceses, em fúria, resolvessem invadir o Brasil em busca do mesmo padrão de vida, mas com as nossas praias, o Pão de Açúcar, a tardinha que cai, o barquinho que vai, o nosso veneno sensual, o nosso charme moreno, a arquitetura de Niemeyer, a sua defesa das ditaduras comunistas? E se decidirem também vir em busca de nossos Voltaires, de nossos Lockes?
Vocês sabem, a minha primeira inclinação sempre é o nacionalismo, né? Liguei para o editor de economia da VEJA, Giuliano Guandalini, em busca de apoio para a minha causa. Ele estragou todo o "meu céu tem mais estrelas". Ele desestimulou o "meu bosque tem mais flores". Ele me passou alguns dados que me fizeram ver que as aves que aqui gorjeiam estão mais depenadas que as de lá. Estou arrasado.
O Banco Mundial resolveu empregar um critério de arredondamento — mesmo para a medição do PIB PPP, que é mais generoso com os países emergentes — que se usava antigamente nas escolas quando as notas eram dadas por números. Tudo o que estiver abaixo de meio ponto, eles arredondam para baixo; o que estiver acima, para cima. Assim, vejam só: segundo esse critério, o Brasil detém 2,88% do PIB mundial. Puxaram o número para cima: ficamos com 3%. O Reino Unido detém 3,46%: puxaram para baixo: ficou com 3% também.
Eu não quero que vocês acreditem em mim. Quero que vocês acreditem nos números. A tabela está aqui, com os países agrupados por regiões. O PIB PPP é a terceira coluna. Vejam lá: Brasil: 2,88%; Reino Unido: 3,46%; França: 3,39%; Rússia: 3,09%; Itália: 2,96%. DE FATO, O BRASIL ESTÁ EM 10º LUGAR. Mas isso não é tudo: caiu uma posição.
Vejam só: em 2005, o PIB mundial, diz o Bird, foi de US$ 55 trilhões. Se o Brasil tem 2,88% desse valor, estamos falando de US$ 1,584 trilhão. Se fosse 3%, US$ 1,65 trilhão, o que implicaria produzir US$ 66 bilhões a mais. Se o Reino Unido detém 3,46 dos US$ 55 trilhões, seu PIB PPP é de US$ 1,903 trilhão. Para que o Brasil realmente estivesse em pé de igualdade com este país, teria de produzir US$ 319 bilhões a mais, um crescimento no PIB de imodestíssimos 20%. Ademais, quando se trata de verificar o PIB per capita, saibam que o Brasil está abaixo da média da América Latina e da média mundial.
No mais, estou feliz como todo mundo, é claro (mais informações aqui).
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
820) Diplomacia em expansão...
Poder Executivo
DECRETO Nº 6.305, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 17.12.2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil em Santa Lúcia, com sede em Castries.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 27, inciso XIX, e 50 da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003,
DECRETA:
Art. 1º Fica criada a Embaixada do Brasil em Santa Lúcia, com sede em Castries.
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Fica revogado o inciso XIX do art. 1º do Decreto nº 5.073, de 10 de maio de 2004.
Brasília,14 de dezembro de 2007; 186º da Independência e 119º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Celso Luiz Nunes Amorim
=========
Bem, pela Wikipedia ficamos sabendo que:
"La isla de Santa Lucía es habitada por más de 162 mil personas, de las cuales casi la totalidad son de raza negra (90%), con una minoría mixta y sólo el 1% de raza blanca. El 90% de la población es católica y casi el 33% del total no sabe leer ni escribir."
DECRETO Nº 6.305, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2007
DOU 17.12.2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil em Santa Lúcia, com sede em Castries.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 27, inciso XIX, e 50 da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003,
DECRETA:
Art. 1º Fica criada a Embaixada do Brasil em Santa Lúcia, com sede em Castries.
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Fica revogado o inciso XIX do art. 1º do Decreto nº 5.073, de 10 de maio de 2004.
Brasília,14 de dezembro de 2007; 186º da Independência e 119º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Celso Luiz Nunes Amorim
=========
Bem, pela Wikipedia ficamos sabendo que:
"La isla de Santa Lucía es habitada por más de 162 mil personas, de las cuales casi la totalidad son de raza negra (90%), con una minoría mixta y sólo el 1% de raza blanca. El 90% de la población es católica y casi el 33% del total no sabe leer ni escribir."
domingo, 16 de dezembro de 2007
819) Carta aberta ao chanceler Celso Amorim
Obviamente, seria bem mais interessante se as páginas dos jornais trouxessem um debate sadio, e de alto nível, sobre os rumos da política externa, em lugar desse tipo de diatribe que certamente não honra as tradições da Casa e a reputação da nossa diplomacia, mas parece que este é o reflexo do momento...
-------------
Paulo Roberto de Almeida
==============
Diplomacia
Carta aberta ao chanceler Celso Amorim
Marcio Dias,
Embaixador aposentado
Jornal do Brasil, Domingo 16 de dezembro de 2007, p. A11, Opinião
Como um grande número de colegas, acompanho com desaprovação mas em silêncio a maneira como você e Samuel vêm conduzindo o Itamaraty.
Hierarquizados como somos, ainda acreditamos no velho bordão de que quem fala pela Casa é o seu Chefe. Assim, ao nos darmos conta, logo no início do Governo Lula, de quem iria dirigir a Casa nos próximos anos, muitos, como eu, preferimos aposentar-nos a seguir na ativa sob uma direção de que fatalmente discordaríamos. A propósito, nunca em momento algum do Itamaraty, houve tantos Embaixadores aposentados voluntária e precocemente.
Certo, você já havia dirigido a Casa em outra ocasião, mas as circunstâncias eram totalmente diferentes, pois não só sua chefia era mais aparência que realidade (o que muitos dizem ser novamente o caso) , mas sobretudo o Presidente era outro.
Não é o caso de concordar ou não com o Governo. Afinal, todos servimos ao país no tempo dos Governos militares, com os quais a grande maioria de nós não concordava. Mas servíamos ao Estado, nosso legítimo patrão, e não a partidos.
Com o Governo do PT e conhecendo a sua "flexibilidade", mais o viés ideológico do Samuel, vários, como eu, previmos o que estaria por acontecer e, com o espírito de disciplina da carreira, preferimos dela nos afastar, por estimarmos que viríamos a discordar frontalmente da maneira pela qual a Casa seria conduzida. Assim, eu, por exemplo, pedi minha aposentadoria mais de cinco anos antes da data compulsória.
Evidentemente não foi uma decisão fácil. Você sabe tão bem quanto eu o quanto significa para nós essa carreira, como nos dedicamos integralmente a ela. Mas absolutamente não me arrependo de havê-la deixado tão cedo, pois com meu temperamento seria muito difícil engolir calado a série de estrepolias administrativas que vêm sendo praticadas. E que já se iniciavam com a falta de legitimidade do Secretário-Geral, que não preenchia os requisitos legais para ocupar o cargo (lembro que para que o pudesse ocupar foi necessária a anulação, por meio de um artigo espúrio de medida provisória que nada tinha a ver com o Itamaraty, da exigência de haver exercido chefia de missão diplomática).
Enfim, não vou entrar em pormenores dos vários atos que estupraram as tradições da Casa, pois você certamente os conhece muito melhor do que eu.
----------------------------
O PT passará, como passou
o regime militar, mas o Itamaraty
deve permanecer
-----------------------------
Quero ater-me a um episódio recentíssimo, o do falecimento do ex Secretário-Geral e Chanceler, e sobretudo grande Embaixador Mario Gibson Barboza. Sobre o qual você só veio a manifestar-se na undécima hora, ao aderir, na véspera, à homenagem que vários amigos, eu dentre eles, lhe prestamos com uma missa hoje na Candelária, e que, pelas melhores tradições da Casa, deveria ter sido iniciativa sua.
Caso houvesse da sua parte ou da do Samuel alguma restrição pelo fato de Gibson ter sido o Ministro de Estado de um duríssimo Governo militar, lembro a vocês que a personalidade e a autoridade moral do falecido Embaixador foram diretamente responsáveis pela manutenção da dignidade do Itamaraty naquele terrível período. Devemos a Gibson, como a alguns dos outros colegas que bem dirigiram a Casa após 1964, o fato do Itamaraty haver sido preservado tanto quanto possível da violência do regime.
Creio que você – que sempre considerei dos mais inteligentes dentre os colegas – acabou tendo o bom senso de dar um freio na iconoclastia infantil que fazia com que o Itamaraty fingisse desconhecer o desaparecimento de um dos seus melhores nomes, e viesse, finalmente, a evitar uma grosseria inexplicável e a juntar-se ao preito que lhe rendíamos os colegas.
Pois, alentado por essa demonstração de juízo, tomo a liberdade de sugerir que use essa inteligência para analisar com equilíbrio os rumos que sua gestão está dando à Casa. Para ver que o PT passará (e breve, espero), assim como passou o regime militar, mas que o Itamaraty deve permanecer. Os José Dirceus, os Marco Aurélio Garcias e outros sicários da vida são, felizmente, transitórios. O Itamaraty era, pensávamos, permanente, com suas tradições, suas invejáveis e invejadas normas administrativas.
Que você, como parece ter feito no caso do Embaixador Gibson, use de sua inteligência para deter o processo de aviltamento das tradições da carreira.
O achincalhamento a que a atual gestão submeteu a organização e os bons costumes do Ministério vai demorar décadas para ser remediado. Mas, se você utilizar sua inteligência para deter de imediato o processo e começar, na medida do possível (sei que no quadro atual não deve ser tarefa fácil) a revertê-lo, talvez dentro de uns dez a vinte anos possamos pelo menos voltar a donde estávamos no final de 2002. E daí evoluir.
Atenciosamente (embora seja norma da Casa, não dá para usar "respeitosamente" com o Ministro de Estado que está, até o momento, presidindo ao seu desmoronamento ético e profissional),
Marcio de Oliveira Dias
-------------
Paulo Roberto de Almeida
==============
Diplomacia
Carta aberta ao chanceler Celso Amorim
Marcio Dias,
Embaixador aposentado
Jornal do Brasil, Domingo 16 de dezembro de 2007, p. A11, Opinião
Como um grande número de colegas, acompanho com desaprovação mas em silêncio a maneira como você e Samuel vêm conduzindo o Itamaraty.
Hierarquizados como somos, ainda acreditamos no velho bordão de que quem fala pela Casa é o seu Chefe. Assim, ao nos darmos conta, logo no início do Governo Lula, de quem iria dirigir a Casa nos próximos anos, muitos, como eu, preferimos aposentar-nos a seguir na ativa sob uma direção de que fatalmente discordaríamos. A propósito, nunca em momento algum do Itamaraty, houve tantos Embaixadores aposentados voluntária e precocemente.
Certo, você já havia dirigido a Casa em outra ocasião, mas as circunstâncias eram totalmente diferentes, pois não só sua chefia era mais aparência que realidade (o que muitos dizem ser novamente o caso) , mas sobretudo o Presidente era outro.
Não é o caso de concordar ou não com o Governo. Afinal, todos servimos ao país no tempo dos Governos militares, com os quais a grande maioria de nós não concordava. Mas servíamos ao Estado, nosso legítimo patrão, e não a partidos.
Com o Governo do PT e conhecendo a sua "flexibilidade", mais o viés ideológico do Samuel, vários, como eu, previmos o que estaria por acontecer e, com o espírito de disciplina da carreira, preferimos dela nos afastar, por estimarmos que viríamos a discordar frontalmente da maneira pela qual a Casa seria conduzida. Assim, eu, por exemplo, pedi minha aposentadoria mais de cinco anos antes da data compulsória.
Evidentemente não foi uma decisão fácil. Você sabe tão bem quanto eu o quanto significa para nós essa carreira, como nos dedicamos integralmente a ela. Mas absolutamente não me arrependo de havê-la deixado tão cedo, pois com meu temperamento seria muito difícil engolir calado a série de estrepolias administrativas que vêm sendo praticadas. E que já se iniciavam com a falta de legitimidade do Secretário-Geral, que não preenchia os requisitos legais para ocupar o cargo (lembro que para que o pudesse ocupar foi necessária a anulação, por meio de um artigo espúrio de medida provisória que nada tinha a ver com o Itamaraty, da exigência de haver exercido chefia de missão diplomática).
Enfim, não vou entrar em pormenores dos vários atos que estupraram as tradições da Casa, pois você certamente os conhece muito melhor do que eu.
----------------------------
O PT passará, como passou
o regime militar, mas o Itamaraty
deve permanecer
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Quero ater-me a um episódio recentíssimo, o do falecimento do ex Secretário-Geral e Chanceler, e sobretudo grande Embaixador Mario Gibson Barboza. Sobre o qual você só veio a manifestar-se na undécima hora, ao aderir, na véspera, à homenagem que vários amigos, eu dentre eles, lhe prestamos com uma missa hoje na Candelária, e que, pelas melhores tradições da Casa, deveria ter sido iniciativa sua.
Caso houvesse da sua parte ou da do Samuel alguma restrição pelo fato de Gibson ter sido o Ministro de Estado de um duríssimo Governo militar, lembro a vocês que a personalidade e a autoridade moral do falecido Embaixador foram diretamente responsáveis pela manutenção da dignidade do Itamaraty naquele terrível período. Devemos a Gibson, como a alguns dos outros colegas que bem dirigiram a Casa após 1964, o fato do Itamaraty haver sido preservado tanto quanto possível da violência do regime.
Creio que você – que sempre considerei dos mais inteligentes dentre os colegas – acabou tendo o bom senso de dar um freio na iconoclastia infantil que fazia com que o Itamaraty fingisse desconhecer o desaparecimento de um dos seus melhores nomes, e viesse, finalmente, a evitar uma grosseria inexplicável e a juntar-se ao preito que lhe rendíamos os colegas.
Pois, alentado por essa demonstração de juízo, tomo a liberdade de sugerir que use essa inteligência para analisar com equilíbrio os rumos que sua gestão está dando à Casa. Para ver que o PT passará (e breve, espero), assim como passou o regime militar, mas que o Itamaraty deve permanecer. Os José Dirceus, os Marco Aurélio Garcias e outros sicários da vida são, felizmente, transitórios. O Itamaraty era, pensávamos, permanente, com suas tradições, suas invejáveis e invejadas normas administrativas.
Que você, como parece ter feito no caso do Embaixador Gibson, use de sua inteligência para deter o processo de aviltamento das tradições da carreira.
O achincalhamento a que a atual gestão submeteu a organização e os bons costumes do Ministério vai demorar décadas para ser remediado. Mas, se você utilizar sua inteligência para deter de imediato o processo e começar, na medida do possível (sei que no quadro atual não deve ser tarefa fácil) a revertê-lo, talvez dentro de uns dez a vinte anos possamos pelo menos voltar a donde estávamos no final de 2002. E daí evoluir.
Atenciosamente (embora seja norma da Casa, não dá para usar "respeitosamente" com o Ministro de Estado que está, até o momento, presidindo ao seu desmoronamento ético e profissional),
Marcio de Oliveira Dias
818) Uma teoria aprioristica das relacoes internacionais
Aos que se interessam por teorias de relações internacionais, o paper abaixo pode representar uma contribuição útil para aqueles que sempre desconfiaram de Morgenthau, mas nao tinham, até aqui, instrumentos para refutá-lo.
O autor não pretende simplesmente refutar Morgenthau e sua teoria "realista" de RI. Ele pretende oferecer uma via alternativa à questão de saber se apenas teorias empiricamente verificáveis são possíveis em RI.
Acho que ele consegue e sua conclusão é deveras interessante.
Conferir seus argumentos no link abaixo:
Toward an A Priori Theory of International Relations
Mark R. Crovelli
http://www.mises.org/journals/scholar/crovelli3.pdf
Transcrevo apenas suas conclusões, para induzir à leitura do artigo completo:
"V. CONCLUSION
It should be clear that the preceding foundation for an a priori theory of international relations in no way needs to be “tested” against the a posteriori evidence. No amount of psychological “evidence,” historical “evidence,” demographic “evidence,” hypothetical assumptions about human rationality, or interpretive “evidence” could ever refute (or substantiate for that matter) these deductions. This is not to say that these deductions are completely impervious to attack. On the contrary, one may wish to contest the validity of many of them. The vital thing to notice, however, is that in order to attack them one must attack the deductive process which produced them. These deductions have essentially the same epistemological status as mathematical proofs. If one wishes to contest the validity of a mathematical proof, one does not go out in the world and search for cases in which 5+7 does not equal 12, or examine the psychological makeup of the mathematician. Instead, if one wanted to" disprove the mathematical proof, one would attack the deductive process which produced it. To point to a posteriori “evidence” as if it were able to refute the proposition 5+7=12, or the proposition “man acts” and all its derivatives would be an immediate sign that one had entirely
misunderstood the status of the propositions. As Hoppe points out in this regard:
“These propositions’ validity ultimately goes back to nothing but the indisputable axiom of action. To think, as empiricism does, that these propositions require continual testing for their validation is absurd, and a sign of outright intellectual confusion.” The deductions I have thus far made, insofar as they are accepted, point to two general conclusions about international relations:
1) Interference in the international economic market by States always decreases the subjective ex ante wellbeing of all the individuals who are affected by the interference, and always shifts resources away from their most value-productive uses, and
2) The very existence of tax-funded States creates a situation in which frequent and large-scale warfare is more likely than in cases where tax-funded States do not exist.
These conclusions, moreover, indicate that international relations as a field cannot afford to simply examine the relations between States as if human life is impossible in the absence of States. 48 Indeed, if the preceding exposition is even partially correct, human life would be preferable in many ways in a world without any States.
O autor não pretende simplesmente refutar Morgenthau e sua teoria "realista" de RI. Ele pretende oferecer uma via alternativa à questão de saber se apenas teorias empiricamente verificáveis são possíveis em RI.
Acho que ele consegue e sua conclusão é deveras interessante.
Conferir seus argumentos no link abaixo:
Toward an A Priori Theory of International Relations
Mark R. Crovelli
http://www.mises.org/journals/scholar/crovelli3.pdf
Transcrevo apenas suas conclusões, para induzir à leitura do artigo completo:
"V. CONCLUSION
It should be clear that the preceding foundation for an a priori theory of international relations in no way needs to be “tested” against the a posteriori evidence. No amount of psychological “evidence,” historical “evidence,” demographic “evidence,” hypothetical assumptions about human rationality, or interpretive “evidence” could ever refute (or substantiate for that matter) these deductions. This is not to say that these deductions are completely impervious to attack. On the contrary, one may wish to contest the validity of many of them. The vital thing to notice, however, is that in order to attack them one must attack the deductive process which produced them. These deductions have essentially the same epistemological status as mathematical proofs. If one wishes to contest the validity of a mathematical proof, one does not go out in the world and search for cases in which 5+7 does not equal 12, or examine the psychological makeup of the mathematician. Instead, if one wanted to" disprove the mathematical proof, one would attack the deductive process which produced it. To point to a posteriori “evidence” as if it were able to refute the proposition 5+7=12, or the proposition “man acts” and all its derivatives would be an immediate sign that one had entirely
misunderstood the status of the propositions. As Hoppe points out in this regard:
“These propositions’ validity ultimately goes back to nothing but the indisputable axiom of action. To think, as empiricism does, that these propositions require continual testing for their validation is absurd, and a sign of outright intellectual confusion.” The deductions I have thus far made, insofar as they are accepted, point to two general conclusions about international relations:
1) Interference in the international economic market by States always decreases the subjective ex ante wellbeing of all the individuals who are affected by the interference, and always shifts resources away from their most value-productive uses, and
2) The very existence of tax-funded States creates a situation in which frequent and large-scale warfare is more likely than in cases where tax-funded States do not exist.
These conclusions, moreover, indicate that international relations as a field cannot afford to simply examine the relations between States as if human life is impossible in the absence of States. 48 Indeed, if the preceding exposition is even partially correct, human life would be preferable in many ways in a world without any States.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
817) O desenvolvimento da humanidade...
...racionalmente explicado por um genial professor sueco, que apresenta a situação econômica mundial como o resultado de ações humanas concentradas em saúde e educacação, basicamente. A economia e o dinheiro vêm depois.
Vale a pena conferir este pequeno grande filme, com muitas estatísticas dinâmicas, apresentadas de forma genial por um number cruncher que é de fato um grande professor.
Dados históricos, presentes e passados, as perspectivas para o futuro, de uma maneira extremamente compreensível e visualmente agradável.
Com algumas piadas no meio...
Vale a pena conferir:
TED: ideas worth spreading:
http://www.ted.com/index.php/talks/view/id/92
Vale a pena conferir este pequeno grande filme, com muitas estatísticas dinâmicas, apresentadas de forma genial por um number cruncher que é de fato um grande professor.
Dados históricos, presentes e passados, as perspectivas para o futuro, de uma maneira extremamente compreensível e visualmente agradável.
Com algumas piadas no meio...
Vale a pena conferir:
TED: ideas worth spreading:
http://www.ted.com/index.php/talks/view/id/92
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
816) Revista Brasileira de Politica Internacional no Scielo
Um grande notícia para todos os pesquisadores:
Anunciamos a admissão da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI na coleção Scielo Brasil.
A Scientific Electronic Library Online - SciELO (http://www.scielo.br) é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada composta pelos mais importantes periódicos científicos brasileiros das diversas áreas do conhecimento, oferecendo o acesso gratuito aos arquivos das edições desses veículos.
Já estão publicados na Coleção Scielo Brasil os arquivos do número 2 do volume 49 (dezembro de 2006) e do número 1 do volume 50 (junho de 2007). Em breve serão disponiblizados outros números da RBPI.
Clique em http://www.scielo.br/rbpi para acessar a página da base de dados da RBPI na Coleção Scielo Brasil e aproveite para incluir o endereço entre os seus favoritos (http://www.scielo.br/rbpi).
Anunciamos a admissão da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI na coleção Scielo Brasil.
A Scientific Electronic Library Online - SciELO (http://www.scielo.br) é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada composta pelos mais importantes periódicos científicos brasileiros das diversas áreas do conhecimento, oferecendo o acesso gratuito aos arquivos das edições desses veículos.
Já estão publicados na Coleção Scielo Brasil os arquivos do número 2 do volume 49 (dezembro de 2006) e do número 1 do volume 50 (junho de 2007). Em breve serão disponiblizados outros números da RBPI.
Clique em http://www.scielo.br/rbpi para acessar a página da base de dados da RBPI na Coleção Scielo Brasil e aproveite para incluir o endereço entre os seus favoritos (http://www.scielo.br/rbpi).
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
815) Sites de Relacoes Internacionais: American Diplomacy
A revista American Diplomacy disponibiliza um conjunto de links para sites de relacoes internacionais, a partir deste link:
http://www.unc.edu/depts/diplomat/static/links_ann.html
Eis um sumário dos links fornecidos, sem que tenha me dado o trabalho de configurar cada um dos links. A partir do link acima, generico, vocês podem alcançar o desejado:
American Diplomacy
International Affairs Websites
An annotated list of selected websites of interest
The list is organized into the following categories:
I American Diplomacy
II U.S. National Security & Military Affairs
III Research Organizations with Broad Interests
IV Journals of Opinion
V Africa
VI East Asia
VII Europe (including Russia)
VIII Middle East & South Asia
IX Western Hemisphere (including Canada & Latin America)
X Intelligence & Terrorism
XI International Economics
XII Transnational Issues
XIII United States Foreign Service
The opinions expressed or the analyses presented in these sites do not necessarily reflect the views of American Diplomacy. Some of the web sites listed are commercial in nature and may require payment for full access. American Diplomacy has no financial interest in any of these organizations.
I: AMERICAN DIPLOMACY
U.S. AGENCY FOR INTERNATIONAL DEVELOPMENT
http://www.usaid.gov/
Organized by region and special topics, this site reports on U.S. foreign assistance projects throughout the world.
U.S. DEPARTMENT OF STATE: INTL. INFORMATION PROGRAMS
http://usinfo.state.gov/usinfo/
The Department of State uses its Bureau of International Information Programs to engage “international audiences on issues of foreign policy, society and values.”
U.S. DEPARTMENT OF STATE
http://www.state.gov/
This site gives access to recent news as well as to country reports and information on important international issues, such as terrorism, human rights, and religious freedom.
UNC CURRICULUM IN PEACE, WAR, AND DEFENSE
http://www.unc.edu/depts/pwad/
This University of North Carolina program provides speakers for campus events.
II: U.S. NATIONAL SECURITY AND MILITARY AFFAIRS
GLOBAL SECURITY
http://www.globalsecurity.org/
This site seeks to bring readers “the facts” by means of hot topics, current news, videos, and important documents concerning the armed forces, intelligence, homeland security, and weapons of mass destruction. Its focus is “innovative approaches to emerging security challenges.”
INSTITUTE FOR THE STUDY OF WAR
http://www.understandingwar.org/
The Institute’s “flagship project” is The Iraq Report, which “narrates, explains, and analyzes recent military operations in Iraq. The first series of reports are available on the website of The Weekly Standard. The Institute also offers summer internships.
MICHAEL YON ONLINE
http://www.michaelyon-online.com/
Former Green Beret now turned writer and photographer, Michael Yon’s reports on what he sees while embedded in U.S. combat units have been described as “emblematic of Internet-age journalism” (Detroit News).
SECURITY FRAMEWORK PROJECT
http://securityframe.org/
Describing itself as “progressive,” this organization wants to send you — via email and weekly — the latest government releases and statements by private national security opinion leaders. You may also ask to learn of events in your community and to participate in exchanges.
SMALL WARS JOURNAL
http://smallwarsjournal.com/index.php
This blog contains articles, commentary, and video that facilitate the exchange of information “among practitioners, thought leaders, and students” of small wars, which involve both military force and diplomatic pressure.
U.S. DEPARTMENT OF DEFENSE
http://www.defenselink.mil/
As with the DOS listing above, this site provides news of DOD activities and, through use of a tab, access to major DOD publications, many on subjects of interest to students of U.S. foreign policy.
III: RESEARCH ORGANIZATIONS WITH BROAD INTERESTS
AMERICAN ENTERPRISE INSTITUTE FOR PUBLIC POLICY RESEARCH (AEI)
http://www.aei.org/
AEI is “a private, nonpartisan, not-for-profit institution dedicated to research and education on issues of government, politics, economics, and social welfare.” Its short publications can be accessed online.
ARMIGER CROMWELL CENTER
http://www.geocities.com/armigercc/
ACC is a small nonprofit internet clearing house for thinking "outside of the box of conventional wisdom" and, by means of the online essays found on its site, dedicated to more effective foreign policies that achieve stability through equilibrium.
BROOKINGS INSTITUTION
http://www.brook.edu/
The Brookings Institution is “a private nonprofit organization devoted to independent research and innovative policy solutions.” The site provides access to its reports and information on coming events.
CARNEGIE ENDOWMENT FOR INTERNATIONAL PEACE
http://www.carnegieendowment.org/
The Carnegie Endowment for International Peace is a nonpartisan, “private, nonprofit organization dedicated to advancing cooperation between nations and promoting active international engagement by the United States.”
CENTER FOR STRATEGIC AND INTERNATIONAL STUDIES
http://www.csis.org/
CSIS “seeks to advance global security and prosperity in an era of economic and political transformation by providing strategic insights and practical policy solutions to decisionmakers.”
CENTER FOR INTERNATIONAL POLICY
http://www.ciponline.org/
This website gives access to reports that promote “a foreign policy based on cooperation, demilitarization and respect for human rights.”
COLUMBIA INTERNATIONAL AFFAIRS ONLINE (CIAO)
http://www.ciaonet.org/
CIAO, which describes itself as “the most comprehensive source for theory and research in international affairs,” makes available online its studies and reports as well as links to the sites of other research organization.
COUNCIL ON FOREIGN RELATIONS
www.cfr.org/
CFR, publisher of Foreign Affairs, describes itself as an “online resource for everyone in these turbulent times who wants to learn more about the complex international issues challenging policy-makers and citizens alike.”
FOREIGN POLICY RESEARCH INSTITUTE
http://www.fpri.org/
FPRI seeks to bring “the insights of scholarship to bear on the development of policies that advance U.S. national interests.” In addition to publishing Orbis, it places on its websites speeches and reports by participants in its various study groups and meetings.
THE FOUNDATION FOR P.E.A.C.E.
http://promotingpeace.org/
P.E.A.C.E. “promotes community and international peace by helping people.” Its journal, PEACE in Action, is available online.
GLORIA CENTER: GLOBAL RESEARCH IN INTERNATIONAL AFFAIRS
http://gloria.idc.ac.il/
The focus of the Center, directed by Barry Rubin, is “a unique and creative application of new information technologies to scholarly and analytical work.”
HOOVER INSTITUTION ON WAR, REVOLUTION AND PEACE
http://www.hoover.org/
By collecting knowledge, generating ideas, and disseminating both, the Hoover Institution seeks to “secure and safeguard peace, improve the human condition, and limit government intrusion into the lives of individuals.”
MEMORIAL INSTITUTE FOR THE PREVENTION OF TERRORISM (MIPT)
http://www.terrorisminfo.mipt.org/National-Strategies.asp
MIPT gathers data and documents regarding terrorism from various governmental and private sources and makes them available on its website.
NITZE SCHOOL OF ADVANCED INTERNATIONAL STUDIES (SAIS)
http://www.sais-jhu.edu/
A graduate school of international affairs, SAIS makes available on this site transcripts and audios of presentations made at the school.
ORGANIZATION OF AMERICAN HISTORIANS (OAH)
http://www.oah.org/
The “largest learned society devoted to the study of American history,” OAH requires membership for access to its on-line reports on recent scholarship.
SOCIETY FOR HISTORIANS OF AMERICAN FOREIGN RELATIONS (SHAFR)
http://www.shafr.org/prizes.htm
SHAFR promotes the “study, advancement and dissemination of a knowledge of American Foreign Relations.” The site gives access to Diplomatic History, whose articles may be downloaded in pdf format.
TCS DAILY
http://www.techcentralstation.com/092503F.html
An online journal, TCS editors seek to “explore our exciting and unsettling times with news, commentary and analysis that will help you make sense of it all.”
TRIANGLE INSTITUTE FOR SECURITY STUDIES
http://www.pubpol.duke.edu/centers/tiss//
By means of speakers and conferences, TISS promotes “interdisciplinary cooperation among faculty, graduate students, and the public.”
WORLD PUBLIC OPINION
http://worldpublicopinion.org/
This site provides “a source of in-depth information and analysis on public opinion from around the world on international issues.”
WALSH SCHOOL OF FOREIGN SERVICE (GEORGETOWN UNIVERSITY)
http://www12.georgetown.edu/sfs/
The school publishes an online newsletter and maintains a list of coming events.
IV: JOURNALS OF OPINION
AMERICAN INTEREST
http://www.the-american-interest.com
“The American Interest (AI) is a new and independent voice devoted to the broad theme of “America in the world.’” It intends to both analyze U.S. conduct and propose policies that serve the nation’s interests.
COMMENTARY
http://www.commentarymagazine.com/
Since its inception in 1945, Commentary, a leading monthly magazine of opinion, has sought to be a “pivotal voice in American intellectual life.” By the 1970s, it had become a “flagship of neo-conservatism” concerned with the fate of democracy and the security of the United States, the West, and Israel.
THE ECONOMIST
http://www.economist.com/
The Economist covers the world of politics, business, finance, technology, and the markets. Access to some sections of the site requires a subscription.
FOREIGN AFFAIRS
http://www.foreignaffairs.org/
The Council on Foreign Relations publishes Foreign Affairs, many of whose articles can be accessed online. The site also offers a daily guide to the Council’s “most influential analysis.”
FOREIGN POLICY
http://www.foreignpolicy.com/
This website describes itself as “the portal to global politics, economics, and ideas.” It publishes “web exclusives” but requires a subscription to obtain full access to all the site’s offerings.
FOREIGN SERVICE JOURNAL
www.fsjournal.org
Published by the American Foreign Service Association, the Foreign Service Journal provides free online access to the print journal’s many fine articles.
HARVARD INTERNATIONAL REVIEW
http://hir.harvard.edu/
Emphasizing “underappreciated topics” and “underappreciated perspectives on more widely discussed topics,” the site includes accessible articles from the print Harvard International Review, web exclusive perspectives, and a weblog.
JEWISH EXPONENT
http://www.jewishexponent.com/
Begun in Philadelphia in 1887, the Exponent reports on “developments in Israel, efforts to rescue Jews the world over from repressive regimes and the ever-expanding role of Jews in American public life.”
NATIONAL REVIEW ONLINE
http://www.nationalreview.com/
Though also covering domestic politics, this site contains many commentaries on U.S. foreign policy and the state of the world.
U.S. DIPLOMACY
http://www.usdiplomacy.org/
Published by the Association for Diplomatic Studies and Training, U.S. Diplomacy links visitors to reports and presentations found on a variety of other sites.
V: AFRICA
AFRICA SOUTH OF THE SAHARA: SELECTED INTERNET RESOURCES
http://www-sul.stanford.edu/depts/ssrg/africa/guide.html
Stanford University hosts this "meta-site," a directory of web sites about Africa. Users can search by country or topic. They may also search the Africa internet directory and the Africa pages of Stanford’s library.
AFRICAN AFFAIRS
http://afraf.oxfordjournals.org/current.dtl
Oxford Journals publishes African Affairs on behalf of the Royal African Society. Its articles can be read online via subscription or on the basis of pay per view.
AFRICAN STUDIES CENTER (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA)
http://www.africa.upenn.edu/
The center supports academic programs at the University of Pennsylvania, but the site offers “country pages” listing sources of interest to researchers.
AFRICAN VOICES
http://www.mnh.si.edu/africanvoices/
This is a learning site with a presentation on Africa and Africans (including a discussion of the diaspora) that is interactive and very accessible. It is based on a permanent exhibition at the Smithsonian's Museum of Natural History.
ALLAFRICA.COM
http://allafrica.com/
This site daily posts and archives thousands of articles, in French and English, from African newspapers, periodicals, and news agencies. Current articles are freely accessible, but many articles older than one month require subscription.
VI: EAST ASIA
ASIA SOCIETY
http://www.asiasociety.org/
The society publishes Asia Society: The Weekly Fix from which viewers can download Asian news and events.
ASIA SOURCE
http://www.asiasource.org/
Developed by the Asia Society this site contains information for researchers, a daily digest of news, special reports, and thousands of annotated links.
JAPAN SOCIETY
http://www.japansociety.org/
Japan Society is “a nonprofit, nonpolitical organization that brings the people of Japan and the United States closer together through understanding, appreciation and cooperation.”
VII: EUROPE (INCLUDING RUSSIA)
BRITISH DIPLOMATIC ORAL HISTORY PROGRAMME
http://www.chu.cam.ac.uk/archives/collections/BDOHP/
The site offers transcribed interviews with retired British diplomats. It is developed and maintained by the Churchill Archives Center, Churchill College, Cambridge, and is similar in concept to the oral history project of the Association for Diplomatic Studies and Training.
EUROPEAN UNION STUDIES ASSOCIATION
|http://www.eustudies.org/
This “non-profit site provides essays, documents and articles from a European Union perspective, submitted by scholars and academics from around the world.” Access by subscription.
RESEARCH INSTITUTE FOR EUROPEAN AND AMERICAN STUDIES (RIEAS)
http://www.rieas.gr/
The special focus of RIEAS is “transatlantic relations, intelligence studies and terrorism, European integration, international security, Balkan and Mediterranean studies, Russian foreign policy as well as policy making on national and international markets.” Requires a subscription to read its analyses online.
VIII: WESTERN HEMISPHERE (CANADA & LATIN AMERICA)
AMERICAS PROGRAM
http://americas.irc-online.org/
The International Relations Center maintains this site, which provides access to its policy studies and reports seeking to “forge a new global affairs agenda for the U.S. government.”
LATINFOCUS
http://www.latin-focus.com/
LatinFocus “is the first stop for professionals seeking reliable business research information on Latin American economies.” Readers may search data on the region as a whole or by country.
OBERLIN ONLINE
http://www.oberlin.edu/faculty/svolk/latinam.htm
The section “Sources and General Resources on Latin America” provides access to online newspapers from the region and links to sources on Latin American history, libraries with Latin American collections, and publications and organizations specializing in Latin America.
IX: MIDDLE EAST AND SOUTH ASIA
IRAN FOCUS
http://www.iranfocus.com/modules/news/
Iran Focus provides “comprehensive, up-to-date information and news on the Persian Gulf region in a fair and balanced manner.” The site contains “a wide array of daily news, weekly and special feature packages, commentary, news analysis, and investigative reporting.
IRAN-VA-JAHAN
http://www.iranvajahan.net/english/
Drawing from a variety of international media and government sources, the Iran-Va-Jahan website posts, in English, news about Iran.
IRAQ THE MODEL
http://iraqthemodel.blogspot.com/
This weblog, written by two Baghdadi brothers, Omar and Mohammed Fadhil, promises new points of view about the future of Iraq. Compared to most U.S. news media, it delivers.
ISLAM ON LINE
http://www.islamonline.net/English/AboutUs.shtml
Islam On Line is a “global Islamic site… that provides services to Muslims and non-Muslims in several languages.” It aims to “become a reference for everything that deals with Islam” and to offer “a sharp and balanced vision of humanity and current events”from a Muslim perspective.
MEMRI: MIDDLE EAST MEDIA RESEARCH INSTITUTE
http://memri.org/news.html
The independent, nonpartisan, and nonprofit MEMRI site translates into Western languages material from Arabic, Persian, and Turkish media as well as original analyses of Middle Eastern trends.
MIDDLE EAST RESEARCH AND INFORMATION PROJECT
http://www.merip.org/misc/about.html
MERIP, established to offer “information and analysis on the Middle East, now publishes the online Middle East Report to provide “news and perspectives about the Middle East not available from mainstream news sources.”
X: INTELLIGENCE & TERRORISM
CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY
https://www.cia.gov/
This site provides information on the agency, news reports about it, and featured stories often of a historical nature.
COALITION OF AIRLINE PILOTS ASSOCIATION
http://www.capapilots.org/
Visitors to this site can scroll down and click to gain access to CAPA’s weekly Terrorism Open Source Intelligence Report (TOSIR).
GLOBAL TERRORISM ANALYSIS
http://www.jamestown.org/terrorism/news/article.php?articleid=2373620
The Jamestown Foundation, which initially offered Eurasian security analysis, has extended its reach to the war on terrorism and now publishes the Terrorism Monitor, whose articles are available on this website along with material from the Foundation’s weekly Terrorism Focus.
NATIONAL DEFENSE UNIVERSITY
http://merln.ndu.edu/index.cfm?secID=149&pageID=3&type=section#profiles
The National Defense University has compiled this list of groups of terrorist sites and links to important speeches and documents related to the war on terrorism.
SITE INSTITUTE
http://siteinstitute.org/websites.html
In addition to a news ticker, this site maintains a list of links to the websites of the world’s principal terrorist organizations.
XI: INTERNATIONAL ECONOMICS
ECONOMICS RESOURCES
http://www.internationaleconomics.net/economics.html
This site lists “economics-related links” that it claims “represent some of the best sites with respect to international economics.” Some of the links are academic but others are to economic think tanks and international institutions.
INTERNATIONAL MONETARY FUND
http://imf.org/
The official website of the International Monetary Fund, this site offers access to information about the work of the fund, economic data, economic news, and the fund’s own studies.
REVIEW OF INTERNATIONAL ECONOMICS
http://www.blackwellpublishing.com/journal.asp?ref=0965-7576
The review publishes “high-quality articles on a full range of topics in international economics;” access to the articles requires an on-line subscription however.
WORLD BANK
http://worldbank.org/
The official website of the World Bank and its two subsidiaries, this site provides access to information about the bank and access to its studies and reports.
WORLD TRADE ORGANIZATION
http://www.wto.org/
The official website of the World Trade Organization, this site provides information on the WTO and its activities, an on-line forum, and access to resources of use to researchers.
XII: TRANSNATIONAL ISSUES
GLOBAL ENVIRONMENT FACILITY
http://www.undp.org/gef/05/about/index.html
Sponsored by the United Nations Development Program, this site provides information on projects concerning “biodiversity, climate change, international waters, land degradation, persistent organics pollutants and ozone depletion.”
PSG IMSR
http://psgaidsinfo.org/useful_websites-_hiv_aids_and_drug_use.htm
Maintained by an institute that educates medical professionals, this site lists websites useful for those seeking information on AIDS, HIV, and other sexually transmitted diseases.
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME
http://www.grid.unep.ch/
This United Nations site provides access to the latest news on the environment as well as data on the global environment.
WORLD HEALTH ORGANIZATION
http://www.who.int/hiv/en/
This portion of the WHO website provides access to news, reports, data, and treatment of AIDS/HIV.
SEE ALSO “INTELLIGENCE & TERRORISM” AND “INTERNATIONAL ECONOMICS”
XIII: UNITED STATES FOREIGN SERVICE
AMERICAN ACADEMY OF DIPLOMACY
http://www.academyofdiplomacy.org/
The academy seeks to “foster high standards of qualification for, and performance in, the conduct of diplomacy and the foreign affairs of the United States” to include disseminating information and recommendations.
AMERICAN FOREIGN SERVICE ASSOCIATION (AFSA)
http://www.afsa.org/
AFSA publishes the Foreign Service Journal < www.fsjournal.org>, whose articles may be downloaded free of charge.
ASSOCIATES OF AMERICAN FOREIGN SERVICE WORLDWIDE (AAFSW)
http://www.aafsw.org/aafsw/about.htm
AAFSW represents spouses, employees, and retirees of the Foreign Service. Its spousal oral histories may interest some readers and researchers.
ASSOCIATION FOR DIPLOMATIC STUDIES AND TRAINING (ADST)
http://www.adst.org/
ADST seeks to advance “understanding of American diplomacy.” The site offers access to its newsletter and a list of the publications it offers for sale.
COUNCIL OF AMERICAN AMBASSADORS
http://www.americanambassadors.org/
Council members are non-career United States ambassadors. It publishes the Ambassadors Review, whose articles may be accessed through the website.
DIPLOMATIC AND CONSULAR OFFICERS, RETIRED
http://www.dacorbacon.org/LINKS/LINKS_MAIN.htm
DACOR includes web addresses for governmental and private online sites concerned with U.S. foreign policy and diplomacy.
DIPLOMATIC PRACTICE
http://www.usdiplomacy.org
Maintained by the Association for Diplomatic Studies and Training, this site is designed to assist entry-level practitioners of diplomacy and more general audiences with information on U.S. diplomatic history and contemporary activities of the State Department. It includes extensive reference material and web links.
FRONTLINE DIPLOMACY
http://memory.loc.gov/ammem/collections/diplomacy/
Hosted by the Library of Congress, this site contains transcribed oral histories of American diplomats, assembled by the Association for Diplomatic Studies and Training.
PLEASE LET US KNOW if you find a broken link.
Send a note to webmaster@americandiplomacy.org
http://www.unc.edu/depts/diplomat/static/links_ann.html
Eis um sumário dos links fornecidos, sem que tenha me dado o trabalho de configurar cada um dos links. A partir do link acima, generico, vocês podem alcançar o desejado:
American Diplomacy
International Affairs Websites
An annotated list of selected websites of interest
The list is organized into the following categories:
I American Diplomacy
II U.S. National Security & Military Affairs
III Research Organizations with Broad Interests
IV Journals of Opinion
V Africa
VI East Asia
VII Europe (including Russia)
VIII Middle East & South Asia
IX Western Hemisphere (including Canada & Latin America)
X Intelligence & Terrorism
XI International Economics
XII Transnational Issues
XIII United States Foreign Service
The opinions expressed or the analyses presented in these sites do not necessarily reflect the views of American Diplomacy. Some of the web sites listed are commercial in nature and may require payment for full access. American Diplomacy has no financial interest in any of these organizations.
I: AMERICAN DIPLOMACY
U.S. AGENCY FOR INTERNATIONAL DEVELOPMENT
http://www.usaid.gov/
Organized by region and special topics, this site reports on U.S. foreign assistance projects throughout the world.
U.S. DEPARTMENT OF STATE: INTL. INFORMATION PROGRAMS
http://usinfo.state.gov/usinfo/
The Department of State uses its Bureau of International Information Programs to engage “international audiences on issues of foreign policy, society and values.”
U.S. DEPARTMENT OF STATE
http://www.state.gov/
This site gives access to recent news as well as to country reports and information on important international issues, such as terrorism, human rights, and religious freedom.
UNC CURRICULUM IN PEACE, WAR, AND DEFENSE
http://www.unc.edu/depts/pwad/
This University of North Carolina program provides speakers for campus events.
II: U.S. NATIONAL SECURITY AND MILITARY AFFAIRS
GLOBAL SECURITY
http://www.globalsecurity.org/
This site seeks to bring readers “the facts” by means of hot topics, current news, videos, and important documents concerning the armed forces, intelligence, homeland security, and weapons of mass destruction. Its focus is “innovative approaches to emerging security challenges.”
INSTITUTE FOR THE STUDY OF WAR
http://www.understandingwar.org/
The Institute’s “flagship project” is The Iraq Report, which “narrates, explains, and analyzes recent military operations in Iraq. The first series of reports are available on the website of The Weekly Standard. The Institute also offers summer internships.
MICHAEL YON ONLINE
http://www.michaelyon-online.com/
Former Green Beret now turned writer and photographer, Michael Yon’s reports on what he sees while embedded in U.S. combat units have been described as “emblematic of Internet-age journalism” (Detroit News).
SECURITY FRAMEWORK PROJECT
http://securityframe.org/
Describing itself as “progressive,” this organization wants to send you — via email and weekly — the latest government releases and statements by private national security opinion leaders. You may also ask to learn of events in your community and to participate in exchanges.
SMALL WARS JOURNAL
http://smallwarsjournal.com/index.php
This blog contains articles, commentary, and video that facilitate the exchange of information “among practitioners, thought leaders, and students” of small wars, which involve both military force and diplomatic pressure.
U.S. DEPARTMENT OF DEFENSE
http://www.defenselink.mil/
As with the DOS listing above, this site provides news of DOD activities and, through use of a tab, access to major DOD publications, many on subjects of interest to students of U.S. foreign policy.
III: RESEARCH ORGANIZATIONS WITH BROAD INTERESTS
AMERICAN ENTERPRISE INSTITUTE FOR PUBLIC POLICY RESEARCH (AEI)
http://www.aei.org/
AEI is “a private, nonpartisan, not-for-profit institution dedicated to research and education on issues of government, politics, economics, and social welfare.” Its short publications can be accessed online.
ARMIGER CROMWELL CENTER
http://www.geocities.com/armigercc/
ACC is a small nonprofit internet clearing house for thinking "outside of the box of conventional wisdom" and, by means of the online essays found on its site, dedicated to more effective foreign policies that achieve stability through equilibrium.
BROOKINGS INSTITUTION
http://www.brook.edu/
The Brookings Institution is “a private nonprofit organization devoted to independent research and innovative policy solutions.” The site provides access to its reports and information on coming events.
CARNEGIE ENDOWMENT FOR INTERNATIONAL PEACE
http://www.carnegieendowment.org/
The Carnegie Endowment for International Peace is a nonpartisan, “private, nonprofit organization dedicated to advancing cooperation between nations and promoting active international engagement by the United States.”
CENTER FOR STRATEGIC AND INTERNATIONAL STUDIES
http://www.csis.org/
CSIS “seeks to advance global security and prosperity in an era of economic and political transformation by providing strategic insights and practical policy solutions to decisionmakers.”
CENTER FOR INTERNATIONAL POLICY
http://www.ciponline.org/
This website gives access to reports that promote “a foreign policy based on cooperation, demilitarization and respect for human rights.”
COLUMBIA INTERNATIONAL AFFAIRS ONLINE (CIAO)
http://www.ciaonet.org/
CIAO, which describes itself as “the most comprehensive source for theory and research in international affairs,” makes available online its studies and reports as well as links to the sites of other research organization.
COUNCIL ON FOREIGN RELATIONS
www.cfr.org/
CFR, publisher of Foreign Affairs, describes itself as an “online resource for everyone in these turbulent times who wants to learn more about the complex international issues challenging policy-makers and citizens alike.”
FOREIGN POLICY RESEARCH INSTITUTE
http://www.fpri.org/
FPRI seeks to bring “the insights of scholarship to bear on the development of policies that advance U.S. national interests.” In addition to publishing Orbis, it places on its websites speeches and reports by participants in its various study groups and meetings.
THE FOUNDATION FOR P.E.A.C.E.
http://promotingpeace.org/
P.E.A.C.E. “promotes community and international peace by helping people.” Its journal, PEACE in Action, is available online.
GLORIA CENTER: GLOBAL RESEARCH IN INTERNATIONAL AFFAIRS
http://gloria.idc.ac.il/
The focus of the Center, directed by Barry Rubin, is “a unique and creative application of new information technologies to scholarly and analytical work.”
HOOVER INSTITUTION ON WAR, REVOLUTION AND PEACE
http://www.hoover.org/
By collecting knowledge, generating ideas, and disseminating both, the Hoover Institution seeks to “secure and safeguard peace, improve the human condition, and limit government intrusion into the lives of individuals.”
MEMORIAL INSTITUTE FOR THE PREVENTION OF TERRORISM (MIPT)
http://www.terrorisminfo.mipt.org/National-Strategies.asp
MIPT gathers data and documents regarding terrorism from various governmental and private sources and makes them available on its website.
NITZE SCHOOL OF ADVANCED INTERNATIONAL STUDIES (SAIS)
http://www.sais-jhu.edu/
A graduate school of international affairs, SAIS makes available on this site transcripts and audios of presentations made at the school.
ORGANIZATION OF AMERICAN HISTORIANS (OAH)
http://www.oah.org/
The “largest learned society devoted to the study of American history,” OAH requires membership for access to its on-line reports on recent scholarship.
SOCIETY FOR HISTORIANS OF AMERICAN FOREIGN RELATIONS (SHAFR)
http://www.shafr.org/prizes.htm
SHAFR promotes the “study, advancement and dissemination of a knowledge of American Foreign Relations.” The site gives access to Diplomatic History, whose articles may be downloaded in pdf format.
TCS DAILY
http://www.techcentralstation.com/092503F.html
An online journal, TCS editors seek to “explore our exciting and unsettling times with news, commentary and analysis that will help you make sense of it all.”
TRIANGLE INSTITUTE FOR SECURITY STUDIES
http://www.pubpol.duke.edu/centers/tiss//
By means of speakers and conferences, TISS promotes “interdisciplinary cooperation among faculty, graduate students, and the public.”
WORLD PUBLIC OPINION
http://worldpublicopinion.org/
This site provides “a source of in-depth information and analysis on public opinion from around the world on international issues.”
WALSH SCHOOL OF FOREIGN SERVICE (GEORGETOWN UNIVERSITY)
http://www12.georgetown.edu/sfs/
The school publishes an online newsletter and maintains a list of coming events.
IV: JOURNALS OF OPINION
AMERICAN INTEREST
http://www.the-american-interest.com
“The American Interest (AI) is a new and independent voice devoted to the broad theme of “America in the world.’” It intends to both analyze U.S. conduct and propose policies that serve the nation’s interests.
COMMENTARY
http://www.commentarymagazine.com/
Since its inception in 1945, Commentary, a leading monthly magazine of opinion, has sought to be a “pivotal voice in American intellectual life.” By the 1970s, it had become a “flagship of neo-conservatism” concerned with the fate of democracy and the security of the United States, the West, and Israel.
THE ECONOMIST
http://www.economist.com/
The Economist covers the world of politics, business, finance, technology, and the markets. Access to some sections of the site requires a subscription.
FOREIGN AFFAIRS
http://www.foreignaffairs.org/
The Council on Foreign Relations publishes Foreign Affairs, many of whose articles can be accessed online. The site also offers a daily guide to the Council’s “most influential analysis.”
FOREIGN POLICY
http://www.foreignpolicy.com/
This website describes itself as “the portal to global politics, economics, and ideas.” It publishes “web exclusives” but requires a subscription to obtain full access to all the site’s offerings.
FOREIGN SERVICE JOURNAL
www.fsjournal.org
Published by the American Foreign Service Association, the Foreign Service Journal provides free online access to the print journal’s many fine articles.
HARVARD INTERNATIONAL REVIEW
http://hir.harvard.edu/
Emphasizing “underappreciated topics” and “underappreciated perspectives on more widely discussed topics,” the site includes accessible articles from the print Harvard International Review, web exclusive perspectives, and a weblog.
JEWISH EXPONENT
http://www.jewishexponent.com/
Begun in Philadelphia in 1887, the Exponent reports on “developments in Israel, efforts to rescue Jews the world over from repressive regimes and the ever-expanding role of Jews in American public life.”
NATIONAL REVIEW ONLINE
http://www.nationalreview.com/
Though also covering domestic politics, this site contains many commentaries on U.S. foreign policy and the state of the world.
U.S. DIPLOMACY
http://www.usdiplomacy.org/
Published by the Association for Diplomatic Studies and Training, U.S. Diplomacy links visitors to reports and presentations found on a variety of other sites.
V: AFRICA
AFRICA SOUTH OF THE SAHARA: SELECTED INTERNET RESOURCES
http://www-sul.stanford.edu/depts/ssrg/africa/guide.html
Stanford University hosts this "meta-site," a directory of web sites about Africa. Users can search by country or topic. They may also search the Africa internet directory and the Africa pages of Stanford’s library.
AFRICAN AFFAIRS
http://afraf.oxfordjournals.org/current.dtl
Oxford Journals publishes African Affairs on behalf of the Royal African Society. Its articles can be read online via subscription or on the basis of pay per view.
AFRICAN STUDIES CENTER (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA)
http://www.africa.upenn.edu/
The center supports academic programs at the University of Pennsylvania, but the site offers “country pages” listing sources of interest to researchers.
AFRICAN VOICES
http://www.mnh.si.edu/africanvoices/
This is a learning site with a presentation on Africa and Africans (including a discussion of the diaspora) that is interactive and very accessible. It is based on a permanent exhibition at the Smithsonian's Museum of Natural History.
ALLAFRICA.COM
http://allafrica.com/
This site daily posts and archives thousands of articles, in French and English, from African newspapers, periodicals, and news agencies. Current articles are freely accessible, but many articles older than one month require subscription.
VI: EAST ASIA
ASIA SOCIETY
http://www.asiasociety.org/
The society publishes Asia Society: The Weekly Fix from which viewers can download Asian news and events.
ASIA SOURCE
http://www.asiasource.org/
Developed by the Asia Society this site contains information for researchers, a daily digest of news, special reports, and thousands of annotated links.
JAPAN SOCIETY
http://www.japansociety.org/
Japan Society is “a nonprofit, nonpolitical organization that brings the people of Japan and the United States closer together through understanding, appreciation and cooperation.”
VII: EUROPE (INCLUDING RUSSIA)
BRITISH DIPLOMATIC ORAL HISTORY PROGRAMME
http://www.chu.cam.ac.uk/archives/collections/BDOHP/
The site offers transcribed interviews with retired British diplomats. It is developed and maintained by the Churchill Archives Center, Churchill College, Cambridge, and is similar in concept to the oral history project of the Association for Diplomatic Studies and Training.
EUROPEAN UNION STUDIES ASSOCIATION
|http://www.eustudies.org/
This “non-profit site provides essays, documents and articles from a European Union perspective, submitted by scholars and academics from around the world.” Access by subscription.
RESEARCH INSTITUTE FOR EUROPEAN AND AMERICAN STUDIES (RIEAS)
http://www.rieas.gr/
The special focus of RIEAS is “transatlantic relations, intelligence studies and terrorism, European integration, international security, Balkan and Mediterranean studies, Russian foreign policy as well as policy making on national and international markets.” Requires a subscription to read its analyses online.
VIII: WESTERN HEMISPHERE (CANADA & LATIN AMERICA)
AMERICAS PROGRAM
http://americas.irc-online.org/
The International Relations Center maintains this site, which provides access to its policy studies and reports seeking to “forge a new global affairs agenda for the U.S. government.”
LATINFOCUS
http://www.latin-focus.com/
LatinFocus “is the first stop for professionals seeking reliable business research information on Latin American economies.” Readers may search data on the region as a whole or by country.
OBERLIN ONLINE
http://www.oberlin.edu/faculty/svolk/latinam.htm
The section “Sources and General Resources on Latin America” provides access to online newspapers from the region and links to sources on Latin American history, libraries with Latin American collections, and publications and organizations specializing in Latin America.
IX: MIDDLE EAST AND SOUTH ASIA
IRAN FOCUS
http://www.iranfocus.com/modules/news/
Iran Focus provides “comprehensive, up-to-date information and news on the Persian Gulf region in a fair and balanced manner.” The site contains “a wide array of daily news, weekly and special feature packages, commentary, news analysis, and investigative reporting.
IRAN-VA-JAHAN
http://www.iranvajahan.net/english/
Drawing from a variety of international media and government sources, the Iran-Va-Jahan website posts, in English, news about Iran.
IRAQ THE MODEL
http://iraqthemodel.blogspot.com/
This weblog, written by two Baghdadi brothers, Omar and Mohammed Fadhil, promises new points of view about the future of Iraq. Compared to most U.S. news media, it delivers.
ISLAM ON LINE
http://www.islamonline.net/English/AboutUs.shtml
Islam On Line is a “global Islamic site… that provides services to Muslims and non-Muslims in several languages.” It aims to “become a reference for everything that deals with Islam” and to offer “a sharp and balanced vision of humanity and current events”from a Muslim perspective.
MEMRI: MIDDLE EAST MEDIA RESEARCH INSTITUTE
http://memri.org/news.html
The independent, nonpartisan, and nonprofit MEMRI site translates into Western languages material from Arabic, Persian, and Turkish media as well as original analyses of Middle Eastern trends.
MIDDLE EAST RESEARCH AND INFORMATION PROJECT
http://www.merip.org/misc/about.html
MERIP, established to offer “information and analysis on the Middle East, now publishes the online Middle East Report to provide “news and perspectives about the Middle East not available from mainstream news sources.”
X: INTELLIGENCE & TERRORISM
CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY
https://www.cia.gov/
This site provides information on the agency, news reports about it, and featured stories often of a historical nature.
COALITION OF AIRLINE PILOTS ASSOCIATION
http://www.capapilots.org/
Visitors to this site can scroll down and click to gain access to CAPA’s weekly Terrorism Open Source Intelligence Report (TOSIR).
GLOBAL TERRORISM ANALYSIS
http://www.jamestown.org/terrorism/news/article.php?articleid=2373620
The Jamestown Foundation, which initially offered Eurasian security analysis, has extended its reach to the war on terrorism and now publishes the Terrorism Monitor, whose articles are available on this website along with material from the Foundation’s weekly Terrorism Focus.
NATIONAL DEFENSE UNIVERSITY
http://merln.ndu.edu/index.cfm?secID=149&pageID=3&type=section#profiles
The National Defense University has compiled this list of groups of terrorist sites and links to important speeches and documents related to the war on terrorism.
SITE INSTITUTE
http://siteinstitute.org/websites.html
In addition to a news ticker, this site maintains a list of links to the websites of the world’s principal terrorist organizations.
XI: INTERNATIONAL ECONOMICS
ECONOMICS RESOURCES
http://www.internationaleconomics.net/economics.html
This site lists “economics-related links” that it claims “represent some of the best sites with respect to international economics.” Some of the links are academic but others are to economic think tanks and international institutions.
INTERNATIONAL MONETARY FUND
http://imf.org/
The official website of the International Monetary Fund, this site offers access to information about the work of the fund, economic data, economic news, and the fund’s own studies.
REVIEW OF INTERNATIONAL ECONOMICS
http://www.blackwellpublishing.com/journal.asp?ref=0965-7576
The review publishes “high-quality articles on a full range of topics in international economics;” access to the articles requires an on-line subscription however.
WORLD BANK
http://worldbank.org/
The official website of the World Bank and its two subsidiaries, this site provides access to information about the bank and access to its studies and reports.
WORLD TRADE ORGANIZATION
http://www.wto.org/
The official website of the World Trade Organization, this site provides information on the WTO and its activities, an on-line forum, and access to resources of use to researchers.
XII: TRANSNATIONAL ISSUES
GLOBAL ENVIRONMENT FACILITY
http://www.undp.org/gef/05/about/index.html
Sponsored by the United Nations Development Program, this site provides information on projects concerning “biodiversity, climate change, international waters, land degradation, persistent organics pollutants and ozone depletion.”
PSG IMSR
http://psgaidsinfo.org/useful_websites-_hiv_aids_and_drug_use.htm
Maintained by an institute that educates medical professionals, this site lists websites useful for those seeking information on AIDS, HIV, and other sexually transmitted diseases.
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME
http://www.grid.unep.ch/
This United Nations site provides access to the latest news on the environment as well as data on the global environment.
WORLD HEALTH ORGANIZATION
http://www.who.int/hiv/en/
This portion of the WHO website provides access to news, reports, data, and treatment of AIDS/HIV.
SEE ALSO “INTELLIGENCE & TERRORISM” AND “INTERNATIONAL ECONOMICS”
XIII: UNITED STATES FOREIGN SERVICE
AMERICAN ACADEMY OF DIPLOMACY
http://www.academyofdiplomacy.org/
The academy seeks to “foster high standards of qualification for, and performance in, the conduct of diplomacy and the foreign affairs of the United States” to include disseminating information and recommendations.
AMERICAN FOREIGN SERVICE ASSOCIATION (AFSA)
http://www.afsa.org/
AFSA publishes the Foreign Service Journal < www.fsjournal.org>, whose articles may be downloaded free of charge.
ASSOCIATES OF AMERICAN FOREIGN SERVICE WORLDWIDE (AAFSW)
http://www.aafsw.org/aafsw/about.htm
AAFSW represents spouses, employees, and retirees of the Foreign Service. Its spousal oral histories may interest some readers and researchers.
ASSOCIATION FOR DIPLOMATIC STUDIES AND TRAINING (ADST)
http://www.adst.org/
ADST seeks to advance “understanding of American diplomacy.” The site offers access to its newsletter and a list of the publications it offers for sale.
COUNCIL OF AMERICAN AMBASSADORS
http://www.americanambassadors.org/
Council members are non-career United States ambassadors. It publishes the Ambassadors Review, whose articles may be accessed through the website.
DIPLOMATIC AND CONSULAR OFFICERS, RETIRED
http://www.dacorbacon.org/LINKS/LINKS_MAIN.htm
DACOR includes web addresses for governmental and private online sites concerned with U.S. foreign policy and diplomacy.
DIPLOMATIC PRACTICE
http://www.usdiplomacy.org
Maintained by the Association for Diplomatic Studies and Training, this site is designed to assist entry-level practitioners of diplomacy and more general audiences with information on U.S. diplomatic history and contemporary activities of the State Department. It includes extensive reference material and web links.
FRONTLINE DIPLOMACY
http://memory.loc.gov/ammem/collections/diplomacy/
Hosted by the Library of Congress, this site contains transcribed oral histories of American diplomats, assembled by the Association for Diplomatic Studies and Training.
PLEASE LET US KNOW if you find a broken link.
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sexta-feira, 30 de novembro de 2007
814) Mario Gibsn Barboza: um diplomata esclarecido se vai...
Abertura africana e alerta a Chávez
EDITORIAL
Jornal do Brasil, 29/11/2007
Com Mario Gibson Barboza a diplomacia brasileira enterrou parte de sua história. Chanceler no governo do general Emilio Garrastazu Médici entre 1969 e 1974, comandante de seis embaixadas, foi o mentor e executor do acordo que permitiu a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Mais do que isso, anteviu a importância da aproximação com a África e redirecionou o Itamaraty para o continente.
Gibson morreu de falência múltipla dos órgãos no Rio de Janeiro, aos 89 anos, mas deixou sua marca nas relações exteriores, apesar de servir durante a era de um dos mais ranzinzas presidentes-generais. Manteve a independência na política externa sem submergir ao autoritarismo ou a ideologias.
Em Na diplomacia, o traço todo da vida, livro publicado recentemente, revê sua trajetória, desde o início, nos anos 40. Pernambucano de Olinda, filho de comerciantes, deslanchou a carreira diplomática em 1939, num país que vivia sob o jugo do Estado Novo de Getúlio Vargas e num mundo atemorizado por Adolf Hitler.
Foi vice-cônsul do Brasil em Houston, Texas, terceiro-secretário da embaixada brasileira em Washington, primeiro-secretário da representação brasileira em Bruxelas, ministro-conselheiro em Buenos Aires e junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Ascendeu a chefe-de-gabinete do ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco. Passou por Viena, Assunção e pela capital americana.
No Paraguai, revelou-se mais do que um negociador, um estrategista. Coordenou o acordo que deu ao Brasil a posse das cataratas de Sete Quedas e, quatro anos depois, acertou os detalhes da construção da Hidrelétrica de Itaipu em parceria com os vizinhos, tendo contornado a insatisfação dos argentinos.
Elevado a ministro por Médici, anunciou o plano brasileiro de combate ao terrorismo no continente, mais tarde submetido à convenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). Assinou com Portugal um acordo de reciprocidade de direitos entre brasileiros residentes naquele país e portugueses radicados no Brasil. Transferiu a sede do Itamaraty para Brasília. E, seu feito mais significativo e duradouro: promoveu a aproximação com os países africanos, em 1972.
A agenda de interesses da chancelaria sob seu comando desagradava, como relata no livro sobre sua trajetória. Em 1971, criticado pelo então todo-poderoso Delfim Neto, reagiu com uma nota oficial. Médici o chamou ao gabinete. Repreendido, rebateu: "Olha, presidente, vamos fazer um acordo? O senhor fala com o Delfim para não se meter no Itamaraty. Ele se mete em todos os ministérios, mas no meu não".
Definido pelo chefe como um homem de sangue quente, não arrefeceu a temperatura sangüínea nem com a aposentadoria. Em fevereiro deste ano, em artigo publicado no Jornal do Brasil, atacou o "antiamericanismo de viés nitidamente ideológico" que, na sua visão, contamina o Itamaraty da Era Lula.
Sugeriu que a politização dos subordinados com a adesão ao petismo, a criação de 400 novos cargos e a "tomada de lição" em textos obrigatórios para garantir um pensamento único na chancelaria descaracterizavam a história da diplomacia brasileira. Nos últimos tempos, apontava para os perigos da aproximação incondicional com a Venezuela de Hugo Chávez e com a Bolívia de Evo Morales. Era um embaixador de visão. Seu alerta continua aceso.
EDITORIAL
Jornal do Brasil, 29/11/2007
Com Mario Gibson Barboza a diplomacia brasileira enterrou parte de sua história. Chanceler no governo do general Emilio Garrastazu Médici entre 1969 e 1974, comandante de seis embaixadas, foi o mentor e executor do acordo que permitiu a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Mais do que isso, anteviu a importância da aproximação com a África e redirecionou o Itamaraty para o continente.
Gibson morreu de falência múltipla dos órgãos no Rio de Janeiro, aos 89 anos, mas deixou sua marca nas relações exteriores, apesar de servir durante a era de um dos mais ranzinzas presidentes-generais. Manteve a independência na política externa sem submergir ao autoritarismo ou a ideologias.
Em Na diplomacia, o traço todo da vida, livro publicado recentemente, revê sua trajetória, desde o início, nos anos 40. Pernambucano de Olinda, filho de comerciantes, deslanchou a carreira diplomática em 1939, num país que vivia sob o jugo do Estado Novo de Getúlio Vargas e num mundo atemorizado por Adolf Hitler.
Foi vice-cônsul do Brasil em Houston, Texas, terceiro-secretário da embaixada brasileira em Washington, primeiro-secretário da representação brasileira em Bruxelas, ministro-conselheiro em Buenos Aires e junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Ascendeu a chefe-de-gabinete do ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco. Passou por Viena, Assunção e pela capital americana.
No Paraguai, revelou-se mais do que um negociador, um estrategista. Coordenou o acordo que deu ao Brasil a posse das cataratas de Sete Quedas e, quatro anos depois, acertou os detalhes da construção da Hidrelétrica de Itaipu em parceria com os vizinhos, tendo contornado a insatisfação dos argentinos.
Elevado a ministro por Médici, anunciou o plano brasileiro de combate ao terrorismo no continente, mais tarde submetido à convenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). Assinou com Portugal um acordo de reciprocidade de direitos entre brasileiros residentes naquele país e portugueses radicados no Brasil. Transferiu a sede do Itamaraty para Brasília. E, seu feito mais significativo e duradouro: promoveu a aproximação com os países africanos, em 1972.
A agenda de interesses da chancelaria sob seu comando desagradava, como relata no livro sobre sua trajetória. Em 1971, criticado pelo então todo-poderoso Delfim Neto, reagiu com uma nota oficial. Médici o chamou ao gabinete. Repreendido, rebateu: "Olha, presidente, vamos fazer um acordo? O senhor fala com o Delfim para não se meter no Itamaraty. Ele se mete em todos os ministérios, mas no meu não".
Definido pelo chefe como um homem de sangue quente, não arrefeceu a temperatura sangüínea nem com a aposentadoria. Em fevereiro deste ano, em artigo publicado no Jornal do Brasil, atacou o "antiamericanismo de viés nitidamente ideológico" que, na sua visão, contamina o Itamaraty da Era Lula.
Sugeriu que a politização dos subordinados com a adesão ao petismo, a criação de 400 novos cargos e a "tomada de lição" em textos obrigatórios para garantir um pensamento único na chancelaria descaracterizavam a história da diplomacia brasileira. Nos últimos tempos, apontava para os perigos da aproximação incondicional com a Venezuela de Hugo Chávez e com a Bolívia de Evo Morales. Era um embaixador de visão. Seu alerta continua aceso.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
813) Sociedade de Direito International Economico
Encaminhamos a título de divulgação chamada de trabalhos recebida da Society of
International Economic Law (SIEL).
Secretaria Instituto de Relações Internacionais (IRI)
26 November 2007
CALL FOR PAPERS AND PANELS
The Inaugural Conference of the Society of International Economic Law:
New Horizons of International Economic Law
The Inaugural Conference of the Society of International Economic Law (SIEL)
will take place at the Graduate Institute of International Studies in Geneva
from 15-17 July 2008 (www.hei.unige.ch).
About the SIEL
The Society of International Economic Law is a new organization for academics
and academically-minded practitioners and officials in the field of
International Economic Law. The Society will be genuinely global and inclusive
in terms of the expertise and interests of participants, and the many
disciplines encompassed by IEL. Among other objectives, the Society also seeks
to bring together its members in areas of common interest, as well as
supporting academic activities in the field.
For more information about the SIEL, please go to: www.sielnet.org.
Conference Theme
Over the course of the last two decades, the communities of scholars,
practitioners and others active in the area of international economic law have
grown and diversified in ways that few could have predicted. The field of
international economic law now includes a diverse array of participants, is
prominent in numerous areas and addresses new substantive issues. Perhaps
inevitably, the term “international economic law” now defies easy definition –
at once a fully integrated part of public international law and an identifiable
field in its own right, with a broader or narrower scope depending on
perspective.
This conference aims to explore the many different faces of “international
economic law”, in order to reflect critically on its past, present and future
paths. It will seek to explore issues concerning the content of the discipline,
its evolution as a distinct field, and its relation with other fields of study.
Given that the aim of the Society includes fostering research in the area of
IEL and promoting cooperation among all parts within the field, the SIEL
inaugural conference will also be a forum for those inside and outside academia
to share pedagogical and research methods, as well as to explore greater
cooperation among the many different constituencies of the field.
We welcome papers and panels on any topic related to the conference, including:
• the three traditional pillars of “public” IEL: trade, investment, and monetary
policies;
• the relationship between these pillars, and between these pillars and other
branches of law;
• the influence of disciplines such as economics, political economy, and others
on international economic law;
• “comparative” international economic law, focussing on the ways in which
international economic law interacts with laws, institutions and actors at the
domestic level;
• the “geographies” of international economic law, relating to the role of
international economic law in different parts of the world;
• the roles that law and legal practices play within “international economic
governance”;
• methods and trends in the teaching of international economic law, both in
universities and to the broader public;
• interactions between scholars, practitioners, government officials and civil
society groups active in international economic law; and
• topical issues within international economic law.
We are particularly interested in integrating new voices with more established
figures in the field, and welcome works in progress from young or new scholars
reflecting the conference’s broad theme.
Speakers will include (subject to confirmation) Thomas Cottier; Donald McRae;
Ernst-Ulrich Petersmann; Dan Sarooshi; M. Sornarajah; Debra Steger; Joel
Trachtman, and Thomas Wälde.
Submission Procedure
Paper and panel proposals are due by 15 December 2007, however early expression
of interest is welcome.
Paper abstracts and panel proposals should be no longer than 500 words, and
should be submitted via email to inauguralconference@sielnet.org, in WORD or
PDF formats. Please, write “SIEL Conference Call for Papers” in the “subject”
of the e-mail. Please, provide us with information about your full
institutional affiliation and contact details.
All papers submitted to the SIEL Conference must be previously unpublished. Work
in progress is acceptable.
Panel proposals should include a panel title, topics covered during the panel,
list of suggested panelists (minimum 4), and information about the panelists
and their specific contribution to the panel.
Results of the selection process are expected to be announced by 15 January 2008
by e-mail. If an abstract is accepted for the conference, a final manuscript
should be submitted by Sunday, 15 June 2008.
Conference fees and the costs associated with attending the conference will be
kept as low as possible. The Society anticipates, but can not yet confirm,
that it will be in a position to waive the conference fee for speakers.
Review Process
Every paper or panel proposal will be reviewed by a minimum of two reviewers,
members of the SIEL Founding or Inaugural Conference Committees.
Confidentiality of the selection process is guaranteed.
Publication
The committee is currently considering different publication options and ideas.
More information will follow in due course.
Inquiries
You may submit your inquiries to Andrew Lang and Colin Picker: Co-Chairs,
Founding Committee SIEL and to Galina Zukova, Co-Chair, SIEL Inaugural
Conference Committee
Dr. Andrew Lang, Law Department - London School of Economics
E-mail: A.Lang@lse.ac.uk
Prof. Colin B. Picker, University of Missouri - Kansas City School of Law
E-mail: pickerc@umkc.edu
Assoc. Prof. Galina Zukova, Riga Graduate School of Law
E-mail: galina.zukova@rgsl.edu.lv
For further information, please, go to: www.sielnet.org.
International Economic Law (SIEL).
Secretaria Instituto de Relações Internacionais (IRI)
26 November 2007
CALL FOR PAPERS AND PANELS
The Inaugural Conference of the Society of International Economic Law:
New Horizons of International Economic Law
The Inaugural Conference of the Society of International Economic Law (SIEL)
will take place at the Graduate Institute of International Studies in Geneva
from 15-17 July 2008 (www.hei.unige.ch).
About the SIEL
The Society of International Economic Law is a new organization for academics
and academically-minded practitioners and officials in the field of
International Economic Law. The Society will be genuinely global and inclusive
in terms of the expertise and interests of participants, and the many
disciplines encompassed by IEL. Among other objectives, the Society also seeks
to bring together its members in areas of common interest, as well as
supporting academic activities in the field.
For more information about the SIEL, please go to: www.sielnet.org.
Conference Theme
Over the course of the last two decades, the communities of scholars,
practitioners and others active in the area of international economic law have
grown and diversified in ways that few could have predicted. The field of
international economic law now includes a diverse array of participants, is
prominent in numerous areas and addresses new substantive issues. Perhaps
inevitably, the term “international economic law” now defies easy definition –
at once a fully integrated part of public international law and an identifiable
field in its own right, with a broader or narrower scope depending on
perspective.
This conference aims to explore the many different faces of “international
economic law”, in order to reflect critically on its past, present and future
paths. It will seek to explore issues concerning the content of the discipline,
its evolution as a distinct field, and its relation with other fields of study.
Given that the aim of the Society includes fostering research in the area of
IEL and promoting cooperation among all parts within the field, the SIEL
inaugural conference will also be a forum for those inside and outside academia
to share pedagogical and research methods, as well as to explore greater
cooperation among the many different constituencies of the field.
We welcome papers and panels on any topic related to the conference, including:
• the three traditional pillars of “public” IEL: trade, investment, and monetary
policies;
• the relationship between these pillars, and between these pillars and other
branches of law;
• the influence of disciplines such as economics, political economy, and others
on international economic law;
• “comparative” international economic law, focussing on the ways in which
international economic law interacts with laws, institutions and actors at the
domestic level;
• the “geographies” of international economic law, relating to the role of
international economic law in different parts of the world;
• the roles that law and legal practices play within “international economic
governance”;
• methods and trends in the teaching of international economic law, both in
universities and to the broader public;
• interactions between scholars, practitioners, government officials and civil
society groups active in international economic law; and
• topical issues within international economic law.
We are particularly interested in integrating new voices with more established
figures in the field, and welcome works in progress from young or new scholars
reflecting the conference’s broad theme.
Speakers will include (subject to confirmation) Thomas Cottier; Donald McRae;
Ernst-Ulrich Petersmann; Dan Sarooshi; M. Sornarajah; Debra Steger; Joel
Trachtman, and Thomas Wälde.
Submission Procedure
Paper and panel proposals are due by 15 December 2007, however early expression
of interest is welcome.
Paper abstracts and panel proposals should be no longer than 500 words, and
should be submitted via email to inauguralconference@sielnet.org, in WORD or
PDF formats. Please, write “SIEL Conference Call for Papers” in the “subject”
of the e-mail. Please, provide us with information about your full
institutional affiliation and contact details.
All papers submitted to the SIEL Conference must be previously unpublished. Work
in progress is acceptable.
Panel proposals should include a panel title, topics covered during the panel,
list of suggested panelists (minimum 4), and information about the panelists
and their specific contribution to the panel.
Results of the selection process are expected to be announced by 15 January 2008
by e-mail. If an abstract is accepted for the conference, a final manuscript
should be submitted by Sunday, 15 June 2008.
Conference fees and the costs associated with attending the conference will be
kept as low as possible. The Society anticipates, but can not yet confirm,
that it will be in a position to waive the conference fee for speakers.
Review Process
Every paper or panel proposal will be reviewed by a minimum of two reviewers,
members of the SIEL Founding or Inaugural Conference Committees.
Confidentiality of the selection process is guaranteed.
Publication
The committee is currently considering different publication options and ideas.
More information will follow in due course.
Inquiries
You may submit your inquiries to Andrew Lang and Colin Picker: Co-Chairs,
Founding Committee SIEL and to Galina Zukova, Co-Chair, SIEL Inaugural
Conference Committee
Dr. Andrew Lang, Law Department - London School of Economics
E-mail: A.Lang@lse.ac.uk
Prof. Colin B. Picker, University of Missouri - Kansas City School of Law
E-mail: pickerc@umkc.edu
Assoc. Prof. Galina Zukova, Riga Graduate School of Law
E-mail: galina.zukova@rgsl.edu.lv
For further information, please, go to: www.sielnet.org.
812) Concurso para a carreira diplomatica: edital do Instituto Rio Branco
Diário Oficial da União – Seção 1 – Pág. 53
Nº 227, terça-feira, 27 de novembro de 2007
Ministério das Relações Exteriores
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA N° - 768, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2007
O MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto nos artigos 1o- e 5o- do Regulamento do Instituto Rio Branco, aprovado pela Portaria de 20 de novembro de 1998, publicada no Diário Oficial da União de 25 de novembro de 1998, e alterado pela Portaria no- 11, de 17 de abril de 2001, publicada no Diário Oficial da União de 25 de abril de 2001, resolve:
Art. 1° - Ficam estabelecidas as normas que se seguem para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008.
Art. 2° - O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008 constará, na Primeira Fase, de prova objetiva, de caráter eliminatório, constituída de questões de Português, de História do Brasil, de História Mundial, de Geografia, de Política Internacional, de Inglês, de Noções de Direito e Direito Internacional Público e de Noções de Economia.
Art. 3º - A Segunda Fase constará de prova discursiva eliminatória e classificatória de Português.
Parágrafo único. Será estabelecida nota mínima para a prova de Português.
Art. 4º - A Terceira Fase constará de provas discursivas de História do Brasil, de Geografia, de Política Internacional, de Inglês, de Noções de Direito e Direito Internacional Público e de Noções de Economia Parágrafo 1o- As seis provas da Terceira Fase terão peso equivalente.
Art. 5º - A Quarta Fase constará de prova escrita, de caráter exclusivamente classificatório, de uma segunda língua estrangeira, que poderá ser, conforme a opção do candidato, Alemão, Árabe, Chinês (Mandarim), Espanhol, Francês, Japonês ou Russo. Parágrafo único. Para efeitos de classificação, a prova da Quarta Fase terá peso equivalente à metade do peso de cada uma das provas da Terceira Fase.
Art. 6º - Serão oferecidas, no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008, 105 (cento e cinco) vagas para a classe inicial da Carreira de Diplomata.
Art. 7º - O Diretor-Geral do Instituto Rio Branco fará publicar o Edital do Concurso.
CELSO AMORIM
Nº 227, terça-feira, 27 de novembro de 2007
Ministério das Relações Exteriores
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA N° - 768, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2007
O MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto nos artigos 1o- e 5o- do Regulamento do Instituto Rio Branco, aprovado pela Portaria de 20 de novembro de 1998, publicada no Diário Oficial da União de 25 de novembro de 1998, e alterado pela Portaria no- 11, de 17 de abril de 2001, publicada no Diário Oficial da União de 25 de abril de 2001, resolve:
Art. 1° - Ficam estabelecidas as normas que se seguem para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008.
Art. 2° - O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008 constará, na Primeira Fase, de prova objetiva, de caráter eliminatório, constituída de questões de Português, de História do Brasil, de História Mundial, de Geografia, de Política Internacional, de Inglês, de Noções de Direito e Direito Internacional Público e de Noções de Economia.
Art. 3º - A Segunda Fase constará de prova discursiva eliminatória e classificatória de Português.
Parágrafo único. Será estabelecida nota mínima para a prova de Português.
Art. 4º - A Terceira Fase constará de provas discursivas de História do Brasil, de Geografia, de Política Internacional, de Inglês, de Noções de Direito e Direito Internacional Público e de Noções de Economia Parágrafo 1o- As seis provas da Terceira Fase terão peso equivalente.
Art. 5º - A Quarta Fase constará de prova escrita, de caráter exclusivamente classificatório, de uma segunda língua estrangeira, que poderá ser, conforme a opção do candidato, Alemão, Árabe, Chinês (Mandarim), Espanhol, Francês, Japonês ou Russo. Parágrafo único. Para efeitos de classificação, a prova da Quarta Fase terá peso equivalente à metade do peso de cada uma das provas da Terceira Fase.
Art. 6º - Serão oferecidas, no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008, 105 (cento e cinco) vagas para a classe inicial da Carreira de Diplomata.
Art. 7º - O Diretor-Geral do Instituto Rio Branco fará publicar o Edital do Concurso.
CELSO AMORIM
domingo, 25 de novembro de 2007
811) Para os candidatos à carreira diplomática: clásssicos da cultura brasileira
Série "Folha Explica" de clássicos da cultura brasileira
Esta série de livros da FolhaSP pode ajudar no trabalho de leitura e compreensão dos grandes clássicos do pensamento brasileiro. Como se trata de obras volumosas, por vezes prolixas, um resumo-introdutório, explicando as teses principais do autor, pode ser útil aos que nao têm tempo ou condições de ler toda a série de clássicos em versao integral.
-------------
Guia abre caminho para leitura de "Casa-Grande e Senzala"
Folha Online, 12/03/2007
Escrito em uma linguagem criativa e inovadora, com métodos de pesquisa pouco ortodoxos e idéias anti-racistas que desafiaram os preconceitos da época, "Casa-Grande e Senzala" (1933) é um grande ensaio de interpretação do Brasil. O primeiro capítulo pode ser lido abaixo.
Por sua importância, o livro é tema de um dos volumes da coleção "Folha Explica", que abre caminhos para a leitura da maior obra brasileira, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, abordando ainda a trajetória controversa e conservadora, irreverente e saudosista do seu autor, Gilberto Freyre (1900-87).
O livro é assinado por Roberto Ventura, que foi professor de teoria literária e literatura comparada na USP (Universidade de São Paulo).
Como o nome indica, a série "Folha Explica" ambiciona explicar os assuntos tratados e fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só para que fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país.
"Casa-Grande e Senzala"
Autor: Roberto Ventura
Editora: Publifolha
Páginas: 96
Quanto: R$ 17,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha
Um Livro Controverso
"Casa-Grande & Senzala"
Grande livro que fala
Desta nossa leseira
Brasileira.
Manuel Bandeira
Gilberto Freyre é o mais amado e odiado escritor brasileiro. Casa-Grande & Senzala, seu principal livro, é uma das obras mais polêmicas já publicadas no país. Monteiro Lobato comparou o seu lançamento em 1933 com a fulgurante aparição do cometa Halley nos céus. Jorge Amado saudou o livro como uma revolução, que deslumbrava o país, ao falar dele como nunca se falara antes. O ensaio de Freyre foi aclamado como uma ruptura nos estudos históricos e sociais tanto pelo tema --a formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida-- quanto pelas idéias, como a valorização do escravo negro e da cultura afro-brasileira, mas sobretudo pela linguagem, fortemente oral e coloquial, avessa a qualquer ranço acadêmico ou jargão especializado.
Freyre foi endeusado nas décadas de 1930 e 1940 como o descobridor da identidade do país e criador de uma nova auto-imagem do brasileiro, que passava de negativa a positiva, de disfórica a eufórica. Os críticos João Ribeiro e Lúcia Miguel Pereira consideraram o livro definitivo, por alargar os limites da nação e afastar os temores infundados sobre a inferioridade racial de sua população. Para o antropólogo Roquete-Pinto, era uma obra que já nascia clássica, de consulta indispensável para todos aqueles que quisessem entender o país.1
Antes tomado como inferno da depravação sexual e da degeneração étnica, o Brasil se converteu pelas mãos de Gilberto Freyre em paraíso tropical e mestiço, em que se daria a confraternização de raças e culturas oriundas da Europa, África e América. A idéia de uma história em que os conflitos se harmonizam passou a fazer parte do senso comum do brasileiro e da cultura política do país, tendo sido veiculada pelos sucessivos governos a partir dos anos 40. Incorporado por grande parte da população, o mito da "democracia racial" se tornou um obstáculo para o enfrentamento das questões étnicas e sociais e uma barreira para as minorias, como os negros, os índios, as mulheres e os homossexuais, cujos movimentos lutam por identidades diferenciadas e reivindicações específicas.
Freyre se tornou, junto com o romancista Jorge Amado, o escritor brasileiro de maior sucesso internacional, pelo menos até a aparição do esotérico Paulo Coelho no mercado editorial dos anos 90. Tanto Freyre quanto Amado difundiram a imagem do brasileiro bom e sorridente, doce e não-agressivo, que se deixa seduzir pela mulata, cuja sensualidade ardente é glorificada quer em Casa-Grande & Senzala, quer nos romances do escritor baiano, como Gabriela, Cravo e Canela, Tenda dos Milagres, Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, inúmeras vezes reeditados e adaptados para a televisão e o cinema.
Casa-Grande & Senzala é até hoje o ensaio brasileiro mais traduzido, com versões em inglês, francês, espanhol, italiano, alemão e polonês, além de mais de 20 edições no Brasil. Homenageado com colóquios, medalhas e títulos, Freyre é doutor honoris causa pelas universidades de Columbia, Coimbra, Paris, Sussex, Münster, Oxford e Recife. Obteve os prêmios Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, Aspen do Instituto de Estudos Humanísticos dos EUA e La Madonnina da Itália. Foi condecorado pela França, México, Venezuela, Portugal e Espanha e recebeu a Ordem do Império Britânico das mãos da rainha Elizabeth 2ª.
Mas Casa-Grande & Senzala também provocou fortes reações. A obra foi atacada por sua linguagem, tida como vulgar e obscena. Um obscuro escritor mineiro xingou o livro de "pornográfico" devido à referência ao modo brasileiro de defecar. Com o apoio de um colégio religioso do Recife, alguns exemplares foram queimados em praça pública. E o escritor logo provocaria novas controvérsias, ao organizar no Recife, em 1934, o Primeiro Congresso Afro-Brasileiro. Seu interesse pela cultura afro-brasileira lhe valeu a acusação de "subversivo", "comunista" e "soviético", por seus supostos ataques à família brasileira e à moral cristã. Foi hostilizado pela elite pernambucana, à qual era ligado por relações profissionais e políticas e também por laços de parentesco, ao propor à Cooperativa dos Usineiros de Pernambuco o estudo das condições de vida dos trabalhadores rurais. O Dops (Delegacia de Ordem Política e Social) de Pernambuco o fichou em 1935, em companhia dos pintores Di Cavalcanti e Cícero Dias, como "agitador, organizador da Frente Única Sindical, orientadora das greves preparatórias do movimento comunista".
Freyre se opôs ao governo autoritário de Getúlio Vargas e foi presidente da UDN (União Democrática Nacional) em seu estado. Foi preso e espancado em 1942, junto com o pai, devido a um artigo no Diário de Pernambuco em que acusava um beneditino alemão de Olinda de ser racista e pró-nazista. Foi indiciado ao Tribunal de Segurança Nacional em 1945, já no fim do governo Vargas, por ter discursado em manifestação contra a ditadura no Recife, em que a polícia política matou a tiros duas pessoas. Com a redemocratização do país, elegeu-se deputado pela UDN e participou da Assembléia Constituinte e da Câmara dos Deputados, à qual propôs a criação no Recife do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, depois Fundação Joaquim Nabuco, com o objetivo de fazer investigações de caráter rural.
Já sexagenário, assumiu posições polêmicas, que o tornaram maldito por mais de duas décadas para os setores de esquerda. Apoiou o golpe militar de 1964, cujo governo forte via como o restabelecimento de uma ordem patriarcal e hierárquica, destruída pela urbanização e modernização. Conforme observou o jornalista Mario Cesar Carvalho, em artigo na Folha de S.Paulo publicado no centenário de seu nascimento,2 o homem que criou a mitológica imagem de um Brasil tolerante acabou por adotar posições políticas marcadas pela intolerância...
Movido por aquilo que o antropólogo Darcy Ribeiro chamou de "tara direitista", Freyre acusou o reitor da Universidade do Recife de ser conivente com a propaganda comunista e pediu a sua renúncia ao cargo. Tinha exigido antes, em 1963, o afastamento de supostos esquerdistas da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). E chegou a propor, em 1972, ao senador Filinto Müller, ex-chefe da polícia política de Vargas, um programa para a Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido de sustentação dos militares no poder. Segundo ele, a Arena deveria defender a crescente superação das diferenças raciais no Brasil pela criação de um povo "além-raça". Encantado com a ditadura de Antônio Salazar em Portugal, que ocupou o poder por mais de quatro décadas, de 1928 a 1974, foi conivente com a política colonialista da antiga metrópole na África e na Ásia em nome do "luso-tropicalismo", entendido como a civilização original e maleável criada pelos portugueses em três continentes.
Foi atacado nas décadas de 1960 e 1970 por sociólogos da Universidade de São Paulo, como Florestan Fernandes, Octávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso, que criticaram sua visão idílica do passado colonial e a idéia de que se vive em uma "democracia racial", sem conflitos entre brancos e negros. A partir dos anos 80, foi redescoberto por historiadores interessados na história do cotidiano, da sexualidade e da intimidade, que resgataram a sua visão da escravidão.
Voltou a ser valorizado agora como um precursor da virada antropológica e psicológica dos estudos históricos, que se dera a partir da década de 1970 com a terceira geração da escola dos Annales e os representantes da "nova história" francesa, como Fernand Braudel, Georges Duby e Philippe Ariès. Passou a ser elogiado como pioneiro por seu foco nos "novos objetos" e em figuras até então marginais, como o escravo, a mulher, a criança, a arquitetura e os artefatos, os hábitos culturais e as tradições culinárias e alimentares. Os maiores intelectuais do século 20, dentre eles o crítico Roland Barthes e os historiadores Febvre e Braudel, já o tinham aclamado como escritor sensível à matéria palpável e renovador dos estudos históricos e sociais.
Por que Casa-Grande & Senzala e seu autor, Gilberto Freyre, tidos como revolucionários e progressistas nos anos 30 e 40, passaram a ser criticados a partir da década de 1960 como conservadores e reacionários? Como o sociólogo, que os usineiros nordestinos chamaram de "comunista" e de "soviético" nos anos 30, conseguiu se tornar o ideólogo informal do regime militar? De que modo se deu o resgate de sua obra, a partir dos anos 80, como pioneira dos novos rumos da historiografia? São essas as perguntas que este livro procura responder.
1 Os artigos de João Ribeiro, Lúcia Miguel Pereira e Roquete-Pinto se encontram reproduzidos em: Edson Nery da Fonseca (org.), Casa-Grande & Senzala e a Crítica Brasileira de 1933 a 1944. Recife: Ed. de Pernambuco, 1985.
2 Caderno "Mais!", 12 mar. 2000, dossiê "Céu & Inferno de Gilberto Freyre".
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Especial
# Leia o que já foi publicado sobre lançamentos da Publifolha
Esta série de livros da FolhaSP pode ajudar no trabalho de leitura e compreensão dos grandes clássicos do pensamento brasileiro. Como se trata de obras volumosas, por vezes prolixas, um resumo-introdutório, explicando as teses principais do autor, pode ser útil aos que nao têm tempo ou condições de ler toda a série de clássicos em versao integral.
-------------
Guia abre caminho para leitura de "Casa-Grande e Senzala"
Folha Online, 12/03/2007
Escrito em uma linguagem criativa e inovadora, com métodos de pesquisa pouco ortodoxos e idéias anti-racistas que desafiaram os preconceitos da época, "Casa-Grande e Senzala" (1933) é um grande ensaio de interpretação do Brasil. O primeiro capítulo pode ser lido abaixo.
Por sua importância, o livro é tema de um dos volumes da coleção "Folha Explica", que abre caminhos para a leitura da maior obra brasileira, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, abordando ainda a trajetória controversa e conservadora, irreverente e saudosista do seu autor, Gilberto Freyre (1900-87).
O livro é assinado por Roberto Ventura, que foi professor de teoria literária e literatura comparada na USP (Universidade de São Paulo).
Como o nome indica, a série "Folha Explica" ambiciona explicar os assuntos tratados e fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só para que fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país.
"Casa-Grande e Senzala"
Autor: Roberto Ventura
Editora: Publifolha
Páginas: 96
Quanto: R$ 17,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha
Um Livro Controverso
"Casa-Grande & Senzala"
Grande livro que fala
Desta nossa leseira
Brasileira.
Manuel Bandeira
Gilberto Freyre é o mais amado e odiado escritor brasileiro. Casa-Grande & Senzala, seu principal livro, é uma das obras mais polêmicas já publicadas no país. Monteiro Lobato comparou o seu lançamento em 1933 com a fulgurante aparição do cometa Halley nos céus. Jorge Amado saudou o livro como uma revolução, que deslumbrava o país, ao falar dele como nunca se falara antes. O ensaio de Freyre foi aclamado como uma ruptura nos estudos históricos e sociais tanto pelo tema --a formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida-- quanto pelas idéias, como a valorização do escravo negro e da cultura afro-brasileira, mas sobretudo pela linguagem, fortemente oral e coloquial, avessa a qualquer ranço acadêmico ou jargão especializado.
Freyre foi endeusado nas décadas de 1930 e 1940 como o descobridor da identidade do país e criador de uma nova auto-imagem do brasileiro, que passava de negativa a positiva, de disfórica a eufórica. Os críticos João Ribeiro e Lúcia Miguel Pereira consideraram o livro definitivo, por alargar os limites da nação e afastar os temores infundados sobre a inferioridade racial de sua população. Para o antropólogo Roquete-Pinto, era uma obra que já nascia clássica, de consulta indispensável para todos aqueles que quisessem entender o país.1
Antes tomado como inferno da depravação sexual e da degeneração étnica, o Brasil se converteu pelas mãos de Gilberto Freyre em paraíso tropical e mestiço, em que se daria a confraternização de raças e culturas oriundas da Europa, África e América. A idéia de uma história em que os conflitos se harmonizam passou a fazer parte do senso comum do brasileiro e da cultura política do país, tendo sido veiculada pelos sucessivos governos a partir dos anos 40. Incorporado por grande parte da população, o mito da "democracia racial" se tornou um obstáculo para o enfrentamento das questões étnicas e sociais e uma barreira para as minorias, como os negros, os índios, as mulheres e os homossexuais, cujos movimentos lutam por identidades diferenciadas e reivindicações específicas.
Freyre se tornou, junto com o romancista Jorge Amado, o escritor brasileiro de maior sucesso internacional, pelo menos até a aparição do esotérico Paulo Coelho no mercado editorial dos anos 90. Tanto Freyre quanto Amado difundiram a imagem do brasileiro bom e sorridente, doce e não-agressivo, que se deixa seduzir pela mulata, cuja sensualidade ardente é glorificada quer em Casa-Grande & Senzala, quer nos romances do escritor baiano, como Gabriela, Cravo e Canela, Tenda dos Milagres, Tereza Batista Cansada de Guerra e Tieta do Agreste, inúmeras vezes reeditados e adaptados para a televisão e o cinema.
Casa-Grande & Senzala é até hoje o ensaio brasileiro mais traduzido, com versões em inglês, francês, espanhol, italiano, alemão e polonês, além de mais de 20 edições no Brasil. Homenageado com colóquios, medalhas e títulos, Freyre é doutor honoris causa pelas universidades de Columbia, Coimbra, Paris, Sussex, Münster, Oxford e Recife. Obteve os prêmios Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, Aspen do Instituto de Estudos Humanísticos dos EUA e La Madonnina da Itália. Foi condecorado pela França, México, Venezuela, Portugal e Espanha e recebeu a Ordem do Império Britânico das mãos da rainha Elizabeth 2ª.
Mas Casa-Grande & Senzala também provocou fortes reações. A obra foi atacada por sua linguagem, tida como vulgar e obscena. Um obscuro escritor mineiro xingou o livro de "pornográfico" devido à referência ao modo brasileiro de defecar. Com o apoio de um colégio religioso do Recife, alguns exemplares foram queimados em praça pública. E o escritor logo provocaria novas controvérsias, ao organizar no Recife, em 1934, o Primeiro Congresso Afro-Brasileiro. Seu interesse pela cultura afro-brasileira lhe valeu a acusação de "subversivo", "comunista" e "soviético", por seus supostos ataques à família brasileira e à moral cristã. Foi hostilizado pela elite pernambucana, à qual era ligado por relações profissionais e políticas e também por laços de parentesco, ao propor à Cooperativa dos Usineiros de Pernambuco o estudo das condições de vida dos trabalhadores rurais. O Dops (Delegacia de Ordem Política e Social) de Pernambuco o fichou em 1935, em companhia dos pintores Di Cavalcanti e Cícero Dias, como "agitador, organizador da Frente Única Sindical, orientadora das greves preparatórias do movimento comunista".
Freyre se opôs ao governo autoritário de Getúlio Vargas e foi presidente da UDN (União Democrática Nacional) em seu estado. Foi preso e espancado em 1942, junto com o pai, devido a um artigo no Diário de Pernambuco em que acusava um beneditino alemão de Olinda de ser racista e pró-nazista. Foi indiciado ao Tribunal de Segurança Nacional em 1945, já no fim do governo Vargas, por ter discursado em manifestação contra a ditadura no Recife, em que a polícia política matou a tiros duas pessoas. Com a redemocratização do país, elegeu-se deputado pela UDN e participou da Assembléia Constituinte e da Câmara dos Deputados, à qual propôs a criação no Recife do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, depois Fundação Joaquim Nabuco, com o objetivo de fazer investigações de caráter rural.
Já sexagenário, assumiu posições polêmicas, que o tornaram maldito por mais de duas décadas para os setores de esquerda. Apoiou o golpe militar de 1964, cujo governo forte via como o restabelecimento de uma ordem patriarcal e hierárquica, destruída pela urbanização e modernização. Conforme observou o jornalista Mario Cesar Carvalho, em artigo na Folha de S.Paulo publicado no centenário de seu nascimento,2 o homem que criou a mitológica imagem de um Brasil tolerante acabou por adotar posições políticas marcadas pela intolerância...
Movido por aquilo que o antropólogo Darcy Ribeiro chamou de "tara direitista", Freyre acusou o reitor da Universidade do Recife de ser conivente com a propaganda comunista e pediu a sua renúncia ao cargo. Tinha exigido antes, em 1963, o afastamento de supostos esquerdistas da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). E chegou a propor, em 1972, ao senador Filinto Müller, ex-chefe da polícia política de Vargas, um programa para a Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido de sustentação dos militares no poder. Segundo ele, a Arena deveria defender a crescente superação das diferenças raciais no Brasil pela criação de um povo "além-raça". Encantado com a ditadura de Antônio Salazar em Portugal, que ocupou o poder por mais de quatro décadas, de 1928 a 1974, foi conivente com a política colonialista da antiga metrópole na África e na Ásia em nome do "luso-tropicalismo", entendido como a civilização original e maleável criada pelos portugueses em três continentes.
Foi atacado nas décadas de 1960 e 1970 por sociólogos da Universidade de São Paulo, como Florestan Fernandes, Octávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso, que criticaram sua visão idílica do passado colonial e a idéia de que se vive em uma "democracia racial", sem conflitos entre brancos e negros. A partir dos anos 80, foi redescoberto por historiadores interessados na história do cotidiano, da sexualidade e da intimidade, que resgataram a sua visão da escravidão.
Voltou a ser valorizado agora como um precursor da virada antropológica e psicológica dos estudos históricos, que se dera a partir da década de 1970 com a terceira geração da escola dos Annales e os representantes da "nova história" francesa, como Fernand Braudel, Georges Duby e Philippe Ariès. Passou a ser elogiado como pioneiro por seu foco nos "novos objetos" e em figuras até então marginais, como o escravo, a mulher, a criança, a arquitetura e os artefatos, os hábitos culturais e as tradições culinárias e alimentares. Os maiores intelectuais do século 20, dentre eles o crítico Roland Barthes e os historiadores Febvre e Braudel, já o tinham aclamado como escritor sensível à matéria palpável e renovador dos estudos históricos e sociais.
Por que Casa-Grande & Senzala e seu autor, Gilberto Freyre, tidos como revolucionários e progressistas nos anos 30 e 40, passaram a ser criticados a partir da década de 1960 como conservadores e reacionários? Como o sociólogo, que os usineiros nordestinos chamaram de "comunista" e de "soviético" nos anos 30, conseguiu se tornar o ideólogo informal do regime militar? De que modo se deu o resgate de sua obra, a partir dos anos 80, como pioneira dos novos rumos da historiografia? São essas as perguntas que este livro procura responder.
1 Os artigos de João Ribeiro, Lúcia Miguel Pereira e Roquete-Pinto se encontram reproduzidos em: Edson Nery da Fonseca (org.), Casa-Grande & Senzala e a Crítica Brasileira de 1933 a 1944. Recife: Ed. de Pernambuco, 1985.
2 Caderno "Mais!", 12 mar. 2000, dossiê "Céu & Inferno de Gilberto Freyre".
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sábado, 24 de novembro de 2007
810) Juca, a revista dos alunos do Instituto Rio Branco
Acaba de ser lançado o primeiro número da revista "Juca", escrita e editada pelos alunos do Curso de Formação/Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio-Branco, com a colaboração da FUNAG.
A revista é de excelente qualidade gráfica e editorial. Foi batizada em homenagem ao apelido familiar do Patrono da dipomacia brasileira, chamado de "Juca Paranhos" na adolescência e no início de sua carreira no Itamaraty, muito antes de receber o título nobiliárquico de Barão do Rio Branco.
Entre outras matérias, o número inaugural da revista "Juca" traz entrevistas com os Embaixadores Alberto da Costa e Silva e João Clemente Baena Soares. Segue o link: http://www.irbr. mre.gov.br/ juca_web. pdf
A revista é de excelente qualidade gráfica e editorial. Foi batizada em homenagem ao apelido familiar do Patrono da dipomacia brasileira, chamado de "Juca Paranhos" na adolescência e no início de sua carreira no Itamaraty, muito antes de receber o título nobiliárquico de Barão do Rio Branco.
Entre outras matérias, o número inaugural da revista "Juca" traz entrevistas com os Embaixadores Alberto da Costa e Silva e João Clemente Baena Soares. Segue o link: http://www.irbr. mre.gov.br/ juca_web. pdf
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
809) Obscurantismo no IPEA?
Não sei bem o que está acontecendo no IPEA, pois há muito tempo não falo com alguém de lá, não vou ao edifício-sede, nem assisti, nas últimas semanas, a qualquer evento organizado por esse órgão reputado pela qualidade técnica dos seus estudos de economia brasileira.
Sou sim um colaborador voluntário, benévolo, do veículo que me parecia um excelente canal de comunicação entre o Instituto e o público at large, a revista Desafios do Desenvolvimento, na qual assumi, voluntariamente e desde o início, o papel de colaborador na seção Estante, oferecendo resenhas (curtas, médias, ampliadas) sobre literatura econômica em geral. Uma listagem (incompleta, e agora imagino inacessível) de minhas resenhas pode ser vista neste link do meu site:
http://www.pralmeida.org/06LinksColabor/03Desafios.html
Devo ter feito mais ou menos 50 resenhas, sempre com grande liberdade de expressão, com exceção de pequenos cortes pontuais, mais justificados por questões de editoração, do que necessariamente por alguma censura política.
O antigo site da revista foi modificado: em lugar de www.desafios.org.br, somos dirigidos agora a http://www.desafios.ipea.gov.br/.
A simples mudança de org para gov talvez já seja um indicativo das mudanças em curso.
Espero, otimisticamente, que para melhor, mas tenho minhas dúvidas.
Imagino que os novos mandatários do IPEA estejam reorganizando a revista, o seu site, bem como o resto do IPEA, e eles devem ter idéias próprias sobre quem pode ou não pode colaborar com a revista.
Talvez seja melhor assim: eu poderei ler meus livros em paz, sem prazos a cumprir e sem limitações de espaço quanto ao tamanho das minhas resenhas (que costumam ser enormes) e não precisarei mais me preocupar em colaborar benevolamente com um veículo de comunicação.
Abaixo, um pequeno reflexo das mudanças no IPEA...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 21.11.2007
Tempos difíceis
Miriam Leitão
O Globo, 21.11.2007
Quando o e-mail circulou no Ipea convidando para um almoço de despedida dos quatro economistas afastados do órgão, ninguém achava que tanta gente compareceria. Para lá foram, inclusive, pessoas que discordam dos expurgados, mas discordam muito mais do expurgo em si. O afastamento é a parte mais visível do festival de obscurantismo e maus modos que atacou o instituto de pesquisa do governo.
Marcio Pochmann é o terceiro presidente do Ipea do governo Lula. É o primeiro a usar os métodos que usa. No instituto, todo mundo acha normal que uma nova direção troque diretores, tire DAS, faça suas escolhas. Mas a nova direção está encurralando quem pensa diferente, com exonerações, expurgos, retirada de dinheiro de pesquisa, interrupção de trabalhos em andamento, suspensão de convênios e o que é pior: tenta legitimar tudo o que faz levantando uma suspeita de que existia antes algo "irregular". Os convênios com a Anpec, por exemplo, sempre foram a ligação do Ipea com todos os cursos de pós-graduação do país. O Ipea vive em regime de intervenção. O clima está "indigesto", define um dos vários economistas com quem a coluna conversou. A produção caiu, estudos foram interrompidos, há pessoas valiosas fazendo as malas, como o Ricardo Paes de Barros, considerado, dentro e fora do instituto, um gênio.
No dia da posse, Pochmann encontrou Regis Bonelli e disse:
— Professor, já te conheço de nome, espero continuar contando com a sua ajuda.
Bonelli é aposentado do Ipea, mas há anos tem feito trabalhos eventuais para o instituto. Não recebia salário. Recebia por contratos de pesquisa específicos. Estava, naquele momento, terminando um texto sobre o "Estado e o Desenvolvimento" para o novo número de "O Estado de uma Nação". O texto que entregou criticava os gastos públicos mostrando que eles não têm levado a mais desenvolvimento. Analisou 10 anos para não ser visto como crítica a um governo, mas ao Estado gastador. Não agradou. Nem esse, nem qualquer outro estudo.
O "Estado de uma Nação" foi criado no atual governo e seu objetivo é agregar o resultado das novas pesquisas do Ipea e incluir idéias surgidas fora do instituto. Quando estava quase tudo pronto, o economista Paulo Tafner foi avisado por um telefonema que estava exonerado do cargo de editor. Outra revista mais acadêmica, "Pesquisa e Planejamento Econômico", recebeu também informação de que terá novo editor.
Na semana passada, Bonelli foi chamado à sala de João Sicsú. Lá estava não o titular do cargo, mas seu assistente, Renault Michel. E o diálogo foi curioso.
— Quero lhe agradecer o trabalho que o senhor sempre fez no Ipea.
— Fiz não, ainda faço.
— O senhor fez várias coisas boas. Aliás, a única coisa boa que o Malan fez aqui foram os trabalhos com o senhor. Mas agora queremos corrigir umas irregularidades.
— Eu não faço nenhuma irregularidade e, se você quiser a minha sala, basta me avisar.
Que alguma coisa esquisita tinha começado a acontecer até os corredores do Ipea descobriram em abril, quando dois assessores do senador Marcelo Crivella entraram no prédio, pediram para falar com a diretoria de recursos humanos. Queriam saber quantos DAS tinha o Ipea.
O novo diretor do Rio é o primeiro de fora da carreira que assume o posto. Mas isso não é o relevante. O esquisito é a maneira como essa direção lida com as pessoas que estão no instituto há décadas. Ele convocou todos para sua posse. Chegou uma hora e meia atrasado, ficou alguns minutos e foi embora. O breve discurso, para uma platéia de mestres e doutores, foi patético:
— Meu nome é Sicsú. Sic-sú! O dever de casa de todos é aprender como se pronuncia o meu nome. Se quiserem alguma coisa comigo, a senha é professor. Me chamem de professor.
O "professor" tem estado muito ausente, não comparece aos seminários da casa, quase não recebe quem pede para conversar. A não ser para conversas tensas, como a que teve com Fábio Giambiagi, quando ele foi perguntar se o convênio com o BNDES seria mantido. Nela, ele não respondeu a pergunta direta. Depois é que a notícia circulou.
O convênio com o BNDES era um grande negócio para o Ipea. Por ele, o instituto tinha dois excelentes economistas, Fábio e Otávio Tourinho, sem gastar um tostão. O pretexto para afastá-los foi ridículo: de que se quer estudar "agora" o longo prazo. Mas é exatamente o que os dois sempre fizeram, como no caso dos estudos sobre previdência. Com Gervásio Rezende e Regis, o Ipea também não tinha gastos e tinha a vantagem de contar com a maturidade dos economistas. Regis Bonelli, há anos, ajuda a formação dos jovens que entram no instituto.
O esquisito é que não é uma perseguição ideológica a inimigos da política econômica. Na verdade, parece o oposto. Michel e Sicsú têm publicado artigos contra a política monetária e a política cambial. O pensamento vivo da turma pode ser resumido: eles são contra o Banco Central e a favor da gastança. Alguns dos argumentos que usam são constrangedores, pelo que revelam de desconhecimento de teoria econômica.
O ministro Mangabeira Unger avisou na posse que iria "organizar o dissenso". Está organizando o obscurantismo. Quando a notícia do expurgo chegou aos jornais, Pochmann reagiu: "Deve ser coisa orquestrada." Essa reação é um clássico do autoritarismo. A mistura de obscurantismo e autoritarismo é um filme muito velho, que o Ipea, nascido numa ditadura militar, não pensou que veria, aos 43 anos, e em plena democracia.
Transcrito de O Globo de 21/11/2007
Sou sim um colaborador voluntário, benévolo, do veículo que me parecia um excelente canal de comunicação entre o Instituto e o público at large, a revista Desafios do Desenvolvimento, na qual assumi, voluntariamente e desde o início, o papel de colaborador na seção Estante, oferecendo resenhas (curtas, médias, ampliadas) sobre literatura econômica em geral. Uma listagem (incompleta, e agora imagino inacessível) de minhas resenhas pode ser vista neste link do meu site:
http://www.pralmeida.org/06LinksColabor/03Desafios.html
Devo ter feito mais ou menos 50 resenhas, sempre com grande liberdade de expressão, com exceção de pequenos cortes pontuais, mais justificados por questões de editoração, do que necessariamente por alguma censura política.
O antigo site da revista foi modificado: em lugar de www.desafios.org.br, somos dirigidos agora a http://www.desafios.ipea.gov.br/.
A simples mudança de org para gov talvez já seja um indicativo das mudanças em curso.
Espero, otimisticamente, que para melhor, mas tenho minhas dúvidas.
Imagino que os novos mandatários do IPEA estejam reorganizando a revista, o seu site, bem como o resto do IPEA, e eles devem ter idéias próprias sobre quem pode ou não pode colaborar com a revista.
Talvez seja melhor assim: eu poderei ler meus livros em paz, sem prazos a cumprir e sem limitações de espaço quanto ao tamanho das minhas resenhas (que costumam ser enormes) e não precisarei mais me preocupar em colaborar benevolamente com um veículo de comunicação.
Abaixo, um pequeno reflexo das mudanças no IPEA...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 21.11.2007
Tempos difíceis
Miriam Leitão
O Globo, 21.11.2007
Quando o e-mail circulou no Ipea convidando para um almoço de despedida dos quatro economistas afastados do órgão, ninguém achava que tanta gente compareceria. Para lá foram, inclusive, pessoas que discordam dos expurgados, mas discordam muito mais do expurgo em si. O afastamento é a parte mais visível do festival de obscurantismo e maus modos que atacou o instituto de pesquisa do governo.
Marcio Pochmann é o terceiro presidente do Ipea do governo Lula. É o primeiro a usar os métodos que usa. No instituto, todo mundo acha normal que uma nova direção troque diretores, tire DAS, faça suas escolhas. Mas a nova direção está encurralando quem pensa diferente, com exonerações, expurgos, retirada de dinheiro de pesquisa, interrupção de trabalhos em andamento, suspensão de convênios e o que é pior: tenta legitimar tudo o que faz levantando uma suspeita de que existia antes algo "irregular". Os convênios com a Anpec, por exemplo, sempre foram a ligação do Ipea com todos os cursos de pós-graduação do país. O Ipea vive em regime de intervenção. O clima está "indigesto", define um dos vários economistas com quem a coluna conversou. A produção caiu, estudos foram interrompidos, há pessoas valiosas fazendo as malas, como o Ricardo Paes de Barros, considerado, dentro e fora do instituto, um gênio.
No dia da posse, Pochmann encontrou Regis Bonelli e disse:
— Professor, já te conheço de nome, espero continuar contando com a sua ajuda.
Bonelli é aposentado do Ipea, mas há anos tem feito trabalhos eventuais para o instituto. Não recebia salário. Recebia por contratos de pesquisa específicos. Estava, naquele momento, terminando um texto sobre o "Estado e o Desenvolvimento" para o novo número de "O Estado de uma Nação". O texto que entregou criticava os gastos públicos mostrando que eles não têm levado a mais desenvolvimento. Analisou 10 anos para não ser visto como crítica a um governo, mas ao Estado gastador. Não agradou. Nem esse, nem qualquer outro estudo.
O "Estado de uma Nação" foi criado no atual governo e seu objetivo é agregar o resultado das novas pesquisas do Ipea e incluir idéias surgidas fora do instituto. Quando estava quase tudo pronto, o economista Paulo Tafner foi avisado por um telefonema que estava exonerado do cargo de editor. Outra revista mais acadêmica, "Pesquisa e Planejamento Econômico", recebeu também informação de que terá novo editor.
Na semana passada, Bonelli foi chamado à sala de João Sicsú. Lá estava não o titular do cargo, mas seu assistente, Renault Michel. E o diálogo foi curioso.
— Quero lhe agradecer o trabalho que o senhor sempre fez no Ipea.
— Fiz não, ainda faço.
— O senhor fez várias coisas boas. Aliás, a única coisa boa que o Malan fez aqui foram os trabalhos com o senhor. Mas agora queremos corrigir umas irregularidades.
— Eu não faço nenhuma irregularidade e, se você quiser a minha sala, basta me avisar.
Que alguma coisa esquisita tinha começado a acontecer até os corredores do Ipea descobriram em abril, quando dois assessores do senador Marcelo Crivella entraram no prédio, pediram para falar com a diretoria de recursos humanos. Queriam saber quantos DAS tinha o Ipea.
O novo diretor do Rio é o primeiro de fora da carreira que assume o posto. Mas isso não é o relevante. O esquisito é a maneira como essa direção lida com as pessoas que estão no instituto há décadas. Ele convocou todos para sua posse. Chegou uma hora e meia atrasado, ficou alguns minutos e foi embora. O breve discurso, para uma platéia de mestres e doutores, foi patético:
— Meu nome é Sicsú. Sic-sú! O dever de casa de todos é aprender como se pronuncia o meu nome. Se quiserem alguma coisa comigo, a senha é professor. Me chamem de professor.
O "professor" tem estado muito ausente, não comparece aos seminários da casa, quase não recebe quem pede para conversar. A não ser para conversas tensas, como a que teve com Fábio Giambiagi, quando ele foi perguntar se o convênio com o BNDES seria mantido. Nela, ele não respondeu a pergunta direta. Depois é que a notícia circulou.
O convênio com o BNDES era um grande negócio para o Ipea. Por ele, o instituto tinha dois excelentes economistas, Fábio e Otávio Tourinho, sem gastar um tostão. O pretexto para afastá-los foi ridículo: de que se quer estudar "agora" o longo prazo. Mas é exatamente o que os dois sempre fizeram, como no caso dos estudos sobre previdência. Com Gervásio Rezende e Regis, o Ipea também não tinha gastos e tinha a vantagem de contar com a maturidade dos economistas. Regis Bonelli, há anos, ajuda a formação dos jovens que entram no instituto.
O esquisito é que não é uma perseguição ideológica a inimigos da política econômica. Na verdade, parece o oposto. Michel e Sicsú têm publicado artigos contra a política monetária e a política cambial. O pensamento vivo da turma pode ser resumido: eles são contra o Banco Central e a favor da gastança. Alguns dos argumentos que usam são constrangedores, pelo que revelam de desconhecimento de teoria econômica.
O ministro Mangabeira Unger avisou na posse que iria "organizar o dissenso". Está organizando o obscurantismo. Quando a notícia do expurgo chegou aos jornais, Pochmann reagiu: "Deve ser coisa orquestrada." Essa reação é um clássico do autoritarismo. A mistura de obscurantismo e autoritarismo é um filme muito velho, que o Ipea, nascido numa ditadura militar, não pensou que veria, aos 43 anos, e em plena democracia.
Transcrito de O Globo de 21/11/2007
terça-feira, 20 de novembro de 2007
808) Reflexão sobre a felicidade a partir de coisas simples...
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina, poeta de Goiás (1889-1985)
Tomei conhecimento tardiamente da frase acima de Cora Coralina e, quando dela me “apossei”, constatei que outros milhares de leitores, um tribo imensa de curiosos, professores e candidatos a poetas já a tinham incorporado em centenas de outras citações, provavelmente esparsas e incompletas. O Google “devolveu” 107 mil resultados para uma busca com essas palavras entre aspas, o que descontando as inúmeras repetições consolida, ainda assim, vasto repositório de citações de uma frase simples e no entanto imensamente poética e cativante.
Creio, como muitos outros antes de mim, que a felicidade pode estar justamente nesse ato de ensino-aprendizado, que de fato me parece uma dupla atividade, nos dois sentidos captados pela poeta de Goiás velho. Sempre aprendemos algo tentando ensinar alguma coisa a outras pessoas, pois a própria atividade docente constitui um aprendizado constante. Eu pelo menos estou sempre lendo algo para melhorar minhas aulas, trazendo novos materiais em classe, enviando artigos aos alunos, esforçando-me para que eles consigam superar o volume forçosamente limitado daquilo que é humanamente possível transmitir em sala de aula.
Eu me permitiria acrescentar à singela constatação da poeta goiana uma outra fonte de felicidade, que aliás está implícita no se sentido do ensino: o hábito da leitura. Aproveito para transcrever uma outra frase, de um escritor e dramaturgo conhecido, autor reputado popular, ainda que personalidade sabidamente complicada:
“Eu não tenho o hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento. Eu leio com prazer e com alegria”. Ariano Suassuna.
Creio poder dizer que eu não tenho apenas a paixão da leitura. Talvez minha atitude esteja mais próxima da obsessão, da compulsão, um verdadeiro delirium tremens na fixação do texto escrito, qualquer que seja ele, do mais simples ao mais elaborado. Quando digo obsessão, não pretendo de forma alguma referir-me a algo doentio, fora de controle, pois sou absolutamente calmo e controlado em minhas visitas a livrarias e bibliotecas: contemplo com calma cada lombada ou capa e apenas ocasionalmente retiro um livro para consultar seu interior. Não me deixo dominar pelos livros e de forma alguma sou um bibliófilo ou mesmo um colecionador de livros. Na verdade, não consigo me enquadrar em nenhuma categoria dessas que supostamente compõem o mundo dos amantes de livros.
Para começar, não tenho nenhum respeito pelos livros, nenhuma devoção especial, nenhum cuidado em manuseá-los ou guardá-los (muito mal, por sinal, pois acabo me perdendo na selva de livros que constitui minha caótica biblioteca, se é que ela merece mesmo esse título). Os livros, para mim, são objetos de uso, de consumo, de manuseio indiferente, eles não valem que pelo seu conteúdo, como instrumentos de aquisição de um saber, que este sim, eu reputo indispensável a uma vida merecedora de ser vivida.
Não hesitaria um só instante em trocar todos os meus livros por versões eletrônicas, se e quando esse formato se revelar mais cômodo e mais interessante ao manuseio e leitura. Não hesito em sacrificar um livro se devo lê-lo em condições inadequadas, pois o que vale é o que podemos capturar em seu interior, não sua aparência externa ou sua conservação impecável. Ou seja, não sou um colecionador de livros, sou um “colhedor” de leituras, um agricultor da página impressa, um cultivador do texto editado, eventualmente também um semeador de conhecimento a partir dessas leituras contínuas.
De fato, o que me permite ser professor, resenhista de livros (tudo menos profissional, já que só resenho os livros que desejo) e, talvez até, um escrevinhador contumaz, antes que de sucesso, é esse hábito arraigado da leitura ininterrupta, em toda e qualquer circunstância, para grande desespero de familiares e outros “convivas”. Estou sempre lendo, algumas vezes até quando dirijo carro – o que, sinceramente, não recomendo –, mas ainda não encontrei um livro impermeável à água para leitura na ducha (na banheira seria mais fácil, mas não tenho paciência para esse tipo de prática).
Creio que a felicidade pode ser encontrada nesse tipo de coisas simples: um bom livro, uma boa música, um ambiente acolhedor, um sofá confortável, o que, confesso, raramente acontece comigo. Acabo lendo na mesa do computador, segurando o livro com a perna e teclando de modo desajeitado ao anotar coisas para registro escrito do que li. Aliás, as duas mesas de trabalho que existem em meu escritório, já não comportam mais nenhum livro: as pilhas se acumulam dos dois lados do teclado, e a outra mesa já está alta de jornais, revistas e livros, muitos livros, que também se esparramam pelo chão, como as batatinhas daquele poema infantil.
Leitor anárquico que sou, tenho livros em processo de leitura espalhados pelos diversos cômodos da casa, um pouco em todas as partes, novamente para desespero dos familiares. Não creio que venha a mudar agora esses maus hábitos. O que me deixa mesmo pensativo é a dúvida sobre quantos anos ainda terei pela frente para “liquidar” todos os livros (meus e de outras procedências), que aguardam leitura. Preciso de mais 80 ou 100...
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)
Brasília, 1838: 19 novembro 2007
Cora Coralina, poeta de Goiás (1889-1985)
Tomei conhecimento tardiamente da frase acima de Cora Coralina e, quando dela me “apossei”, constatei que outros milhares de leitores, um tribo imensa de curiosos, professores e candidatos a poetas já a tinham incorporado em centenas de outras citações, provavelmente esparsas e incompletas. O Google “devolveu” 107 mil resultados para uma busca com essas palavras entre aspas, o que descontando as inúmeras repetições consolida, ainda assim, vasto repositório de citações de uma frase simples e no entanto imensamente poética e cativante.
Creio, como muitos outros antes de mim, que a felicidade pode estar justamente nesse ato de ensino-aprendizado, que de fato me parece uma dupla atividade, nos dois sentidos captados pela poeta de Goiás velho. Sempre aprendemos algo tentando ensinar alguma coisa a outras pessoas, pois a própria atividade docente constitui um aprendizado constante. Eu pelo menos estou sempre lendo algo para melhorar minhas aulas, trazendo novos materiais em classe, enviando artigos aos alunos, esforçando-me para que eles consigam superar o volume forçosamente limitado daquilo que é humanamente possível transmitir em sala de aula.
Eu me permitiria acrescentar à singela constatação da poeta goiana uma outra fonte de felicidade, que aliás está implícita no se sentido do ensino: o hábito da leitura. Aproveito para transcrever uma outra frase, de um escritor e dramaturgo conhecido, autor reputado popular, ainda que personalidade sabidamente complicada:
“Eu não tenho o hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento. Eu leio com prazer e com alegria”. Ariano Suassuna.
Creio poder dizer que eu não tenho apenas a paixão da leitura. Talvez minha atitude esteja mais próxima da obsessão, da compulsão, um verdadeiro delirium tremens na fixação do texto escrito, qualquer que seja ele, do mais simples ao mais elaborado. Quando digo obsessão, não pretendo de forma alguma referir-me a algo doentio, fora de controle, pois sou absolutamente calmo e controlado em minhas visitas a livrarias e bibliotecas: contemplo com calma cada lombada ou capa e apenas ocasionalmente retiro um livro para consultar seu interior. Não me deixo dominar pelos livros e de forma alguma sou um bibliófilo ou mesmo um colecionador de livros. Na verdade, não consigo me enquadrar em nenhuma categoria dessas que supostamente compõem o mundo dos amantes de livros.
Para começar, não tenho nenhum respeito pelos livros, nenhuma devoção especial, nenhum cuidado em manuseá-los ou guardá-los (muito mal, por sinal, pois acabo me perdendo na selva de livros que constitui minha caótica biblioteca, se é que ela merece mesmo esse título). Os livros, para mim, são objetos de uso, de consumo, de manuseio indiferente, eles não valem que pelo seu conteúdo, como instrumentos de aquisição de um saber, que este sim, eu reputo indispensável a uma vida merecedora de ser vivida.
Não hesitaria um só instante em trocar todos os meus livros por versões eletrônicas, se e quando esse formato se revelar mais cômodo e mais interessante ao manuseio e leitura. Não hesito em sacrificar um livro se devo lê-lo em condições inadequadas, pois o que vale é o que podemos capturar em seu interior, não sua aparência externa ou sua conservação impecável. Ou seja, não sou um colecionador de livros, sou um “colhedor” de leituras, um agricultor da página impressa, um cultivador do texto editado, eventualmente também um semeador de conhecimento a partir dessas leituras contínuas.
De fato, o que me permite ser professor, resenhista de livros (tudo menos profissional, já que só resenho os livros que desejo) e, talvez até, um escrevinhador contumaz, antes que de sucesso, é esse hábito arraigado da leitura ininterrupta, em toda e qualquer circunstância, para grande desespero de familiares e outros “convivas”. Estou sempre lendo, algumas vezes até quando dirijo carro – o que, sinceramente, não recomendo –, mas ainda não encontrei um livro impermeável à água para leitura na ducha (na banheira seria mais fácil, mas não tenho paciência para esse tipo de prática).
Creio que a felicidade pode ser encontrada nesse tipo de coisas simples: um bom livro, uma boa música, um ambiente acolhedor, um sofá confortável, o que, confesso, raramente acontece comigo. Acabo lendo na mesa do computador, segurando o livro com a perna e teclando de modo desajeitado ao anotar coisas para registro escrito do que li. Aliás, as duas mesas de trabalho que existem em meu escritório, já não comportam mais nenhum livro: as pilhas se acumulam dos dois lados do teclado, e a outra mesa já está alta de jornais, revistas e livros, muitos livros, que também se esparramam pelo chão, como as batatinhas daquele poema infantil.
Leitor anárquico que sou, tenho livros em processo de leitura espalhados pelos diversos cômodos da casa, um pouco em todas as partes, novamente para desespero dos familiares. Não creio que venha a mudar agora esses maus hábitos. O que me deixa mesmo pensativo é a dúvida sobre quantos anos ainda terei pela frente para “liquidar” todos os livros (meus e de outras procedências), que aguardam leitura. Preciso de mais 80 ou 100...
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)
Brasília, 1838: 19 novembro 2007
sábado, 17 de novembro de 2007
807) Um retrato dos nossos "estudantes"
Abaixo uma demanda, surpreendente, para mim, mas provavelmente nao inédita nesse tipo de "mercado", recebida pelo link de contato do meu site, e mais abaixo a minha resposta.
Começo a ficar estarrecido com a desfaçatez de certos jovens estudantes...
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Paulo Roberto de Almeida
Begin forwarded message:
From: xxx
Date: 17 de novembro de 2007 12h23min41s GMT-02:00
To: paulomre@gmail.com
Subject: Formulario do SITE Paulo Roberto de Almeida: Sem assunto
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: Gleida B
Cidade: VITORIA
Estado: ES
Email: xxx
Assunto: Sem assunto
Mensagem: Estou precisando da RESENHA ANALÍTICA do livro “O Mal-Estar da Pós Modernidade”, de Zygmunt Balman, nas normas da ABNT, com no mínimo 15 laudas sem transcrição de texto, e respondendo na conclusão: Qual é o mal-estar pós moderno?
Caso vc tenha, preciso para o inicio de dezembro/07. Quanto custa? Qual a forma de pagamento? Como será entregue, impresso ou email?
Estarei no aguardo.
Obrigada.
===========
Não estou nesse mercado, e surpreende-me que voce, sem saber ou sem sequer se interessar em saber se o meu site é comercial, já começa encomendando -- melhor, determinando -- o trabalho e já tratando dos aspectos "contratuais".
Parece que a mediocridade crescente do sistema de ensino está sendo completada pela preguiça congenital de certos estudantes...
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
On 17/11/2007, at 14:30, gxxxxxx@oi.com.br wrote:
Vc tem toda razão.
Mas não deveria julgar "quem vc não conhece".
Isso sim é uma mediocridade.
Valeu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
==========
Você não devia ter respondido de maneira tão grosseira.
Isso me obriga a postar a sua mensagem no meu blog...
-------------
Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Começo a ficar estarrecido com a desfaçatez de certos jovens estudantes...
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Paulo Roberto de Almeida
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Date: 17 de novembro de 2007 12h23min41s GMT-02:00
To: paulomre@gmail.com
Subject: Formulario do SITE Paulo Roberto de Almeida: Sem assunto
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: Gleida B
Cidade: VITORIA
Estado: ES
Email: xxx
Assunto: Sem assunto
Mensagem: Estou precisando da RESENHA ANALÍTICA do livro “O Mal-Estar da Pós Modernidade”, de Zygmunt Balman, nas normas da ABNT, com no mínimo 15 laudas sem transcrição de texto, e respondendo na conclusão: Qual é o mal-estar pós moderno?
Caso vc tenha, preciso para o inicio de dezembro/07. Quanto custa? Qual a forma de pagamento? Como será entregue, impresso ou email?
Estarei no aguardo.
Obrigada.
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Não estou nesse mercado, e surpreende-me que voce, sem saber ou sem sequer se interessar em saber se o meu site é comercial, já começa encomendando -- melhor, determinando -- o trabalho e já tratando dos aspectos "contratuais".
Parece que a mediocridade crescente do sistema de ensino está sendo completada pela preguiça congenital de certos estudantes...
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
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Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
On 17/11/2007, at 14:30, gxxxxxx@oi.com.br wrote:
Vc tem toda razão.
Mas não deveria julgar "quem vc não conhece".
Isso sim é uma mediocridade.
Valeu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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Você não devia ter respondido de maneira tão grosseira.
Isso me obriga a postar a sua mensagem no meu blog...
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/
806) Por que o Brasil nunca teve um Nobel?
Por que nunca ganhamos o Nobel?
16/11/2007
Um dos termômetros dos rumos da ciência é o anúncio dos ganhadores do Nobel, feito anualmente na primeira quinzena de outubro. Em sua coluna desta semana, o biólogo Jerry Borges explica como são escolhidos os agraciados com o mais prestigioso prêmio de ciência. O colunista discute ainda fatores que ajudam a explicar por que o Brasil nunca teve um ganhador dessa láurea.
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Por que nunca ganhamos o Nobel?
Colunista explica como são escolhidos os ganhadores do mais prestigioso prêmio científico
(Foto) O químico sueco Alfred Nobel (1833-1896), cuja herança financia o mais prestigioso prêmio científico do mundo (foto: Gösta Florman).
Anualmente, um dos termômetros dos rumos científicos da humanidade é o anúncio dos ganhadores do Nobel, feito na primeira quinzena de outubro em Estocolmo, capital da Suécia. O prêmio é concedido pela fundação criada pelo químico e engenheiro sueco Alfred Nobel (1833-1896), com fundos amealhados após a criação de 355 patentes e de indústrias em cerca de 20 países. Nobel, porém, também costuma ser lembrado pela invenção e pelo patenteamento da dinamite.
Entre a repercussão atual da premiação criada por ele e a acolhida inicial de sua iniciativa, ocorreu uma enorme mudança de atitude por parte da sociedade. A divulgação do testamento de apenas uma página de Alfred Nobel em 27 de novembro de 1895 recebeu críticas contundentes, inclusive da realeza sueca, que não compreendia os motivos para que a quase totalidade de sua enorme fortuna fosse empenhada na criação de um prêmio para agraciar pessoas – inclusive estrangeiros – que tivessem contribuído para o progresso cientifico. A influência e o sucesso atual dos prêmios Nobel mostram, no entanto, que ele foi um visionário que compreendeu que o progresso da humanidade está muito além de nações e raças.
Cinco categorias do prêmio – física, fisiologia e medicina, química, literatura e paz – foram instituídas originalmente no testamento de Nobel e concedidas a partir de 1901. O prêmio de economia foi criado posteriormente em memória de Nobel pelo Banco Central Sueco e é concedido desde 1968.
A presença de prêmios para literatura e paz pode, à primeira vista, parecer estranha para uma fundação criada por alguém que inventou a dinamite, que contribuiu para a evolução armamentista. Contudo, uma análise da vida de Nobel indica que ele era também alguém interessado nos destinos da humanidade e na cultura e que, inclusive, escrevia poemas e peças teatrais.
O processo de escolha
As premiações da Fundação Nobel são concedidas por seis comitês independentes, que analisam os candidatos às premiações em cada uma das áreas. Apesar de serem auxiliados por assessores externos, esses comitês são compostos por um número reduzido de pessoas. O comitê de química, por exemplo, é formado por apenas oito membros. Os membros desses comitês têm mandatos renováveis de três anos e, em sua grande maioria, são professores universitários que, durante parte do ano, são remunerados para exercerem essa “atividade extra”.
Os nomes desses candidatos são sugeridos por organizações representativas de suas áreas, que atuam em seus países natais ou nos locais onde eles fizeram sua carreira. Todas as propostas a serem analisadas devem ser enviadas a Estocolmo antes do inicio de fevereiro. Embora esse número varie de ano a ano, podem concorrer a um prêmio algumas centenas de candidatos a cada edição.
(Foto) Sede da Real Academia Sueca de Ciências, em Estocolmo. Essa instituição indica os membros do comitê que seleciona os ganhadores do Nobel nas categorias física, química e economia (foto: Wikimedia Commons).
Obviamente esses comitês recebem pressões sutis vindas das mais diversas instâncias, pois, atualmente, ganhar essa honraria é algo que não é apenas significativo para os agraciados, mas também para sua instituição e até para seu país. É quase como se estivesse sendo decidida uma medalha de ouro olímpica ou a Copa do Mundo!
Após o exame das sugestões, uma série de candidatos promissores é selecionada e, então, são conduzidas avaliações mais detalhadas. Os procedimentos para a outorga dos prêmios e os nomes dos candidatos são secretos e as atas das reuniões das comissões permanecem sob sigilo durante 50 anos. Outra característica do Nobel é que não podem ser concedidos prêmios póstumos, a menos que o agraciado tenha falecido durante a análise dos candidatos.
Dinheiro e prestígio
Os agraciados recebem, além de um diploma e uma medalha, entregues em um jantar solene com a família real sueca, uma quantia de cerca de 1,5 milhões de dólares. Além disso, o prêmio representa prestígio e maiores oportunidades de se obterem verbas de vulto para o financiamento de pesquisas.
Porém, dificilmente o Nobel vai para um cientista novo na sua área: trata-se provavelmente de um nome consagrado, que já teve seu trabalho reconhecido inúmeras vezes. O prêmio é, portanto, apenas uma etapa – talvez culminante – de uma vida dedicada à ciência. Deve também de ser enfatizado que, atualmente, o sucesso de algum cientista depende do número de colaborações e intercâmbios que esse profissional tem com outros grupos de pesquisa em seu país e no exterior, assim como a qualidade da equipe na qual ele está inserido. Portanto, apesar de termos um único cientista premiado (ou, quando muito, dois ou três), seu sucesso deve ser compartilhado com sua equipe: pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos, técnicos de laboratório etc.
Apesar de ter um componente político, a escolha anual dos agraciados na imensa maioria dos casos é técnica e procura contemplar pesquisas básicas que tenham contribuído para desenvolver uma determinada área do conhecimento humano. Uma exceção a essa regra é o Nobel da paz que, freqüentemente, procura sinalizar uma posição política especifica. Nesse sentido, por exemplo, foram agraciados o Papa João Paulo II, o ex-presidente americano Jimmy Carter, o Dalai Lama e, neste ano, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore e o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês), envolvidos na luta contra o aquecimento global.
Dos 779 prêmios concedidos até hoje para indivíduos e 19 para organizações, cerca da metade foi para os Estados Unidos (305) e para a Grã-Bretanha (114). Porém, 64 países como o Vietnã, as Ilhas Faroe, Gana, Nigéria, Timor Leste, Guatemala e Venezuela já tiveram laureados pelo Nobel.
(Foto) O físico brasileiro Cesar Lattes (1924-2005) é freqüentemente citado como um brasileiro que merecia ter levado o Nobel de física. Lattes integrou a equipe que descobriu o méson pi e obteve a partícula em laboratório. Clique na imagem para ler um perfil de Lattes.
O predomínio dos Estados Unidos se fez notar sobretudo após a debandada em massa de cientistas europeus para esse país após a ascensão dos nazistas na Alemanha em 1933. Contudo, deve ser lembrado que o sucesso continua até hoje, graças ao investimento maciço desse país em instituições científicas com metas claras a serem alcançadas em médio e longo prazo. Esses investimentos em ciência e tecnologia são feitos sempre com base em uma filosofia pragmática e competitiva de gerenciamento e na descentralização das pesquisas realizadas em universidades e centros privados e públicos de pesquisa.
E o Brasil?
Neste ano, mais uma vez acompanhamos o anúncio do Nobel sem qualquer candidato brasileiro agraciado com o prêmio. Será que por aqui não somos capazes de fazer ciência de qualidade? Ou será que não temos ainda sorte ou influência para que um nome brasileiro seja selecionado por uma das comissões avaliadoras dos candidatos ao Nobel?
A segunda opção parece a mais correta. Alberto Santos-Dumont (1873-1932), pioneiro da aviação, Cesar Lattes (1924-2005), um dos descobridores do méson pi, Carlos Chagas (1879-1934), que descreveu a doença que leva seu nome, Oswaldo Cruz (1872-1917), que comandou a reforma sanitária do Rio de Janeiro, o romancista João Guimarães Rosa (1908-1967), o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e o ativista dos direitos humanos Herbert de Sousa (1935-1997) são apenas alguns nomes, entre outros tantos, que poderiam ter sido agraciados com a premiação.
Além deles, existe atualmente uma série de cientistas e cidadãos competentíssimos que poderiam aspirar à láurea. Contudo, nosso país não é o único injustiçado. Basta lembra que o russo naturalizado americano George Gamow (1904-1968), um dos pais da teoria do Big Bang, o escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) e o inventor americano (1847-1931) Thomas Edison nunca ganharam um Nobel. E mesmo o líder pacifista indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) foi preterido pelo comitê do Nobel, apesar ter sido candidato por cinco vezes.
Se na atual conjuntura de nosso país alguém for escolhido, seria apenas uma feliz coincidência – ou talvez um trabalho isolado feito por alguém de qualidade excepcional. Contudo, sabemos que a escolha de um laureado com o Nobel só será possível se houver de maneira constante um investimento em ciência e tecnologia e uma mudança na postura política que passe a encarar a educação e a ciência com outros olhos e como um instrumento para o crescimento do país. No Brasil, por enquanto, infelizmente ainda estamos longe disso...
Jerry Carvalho Borges
Colunista da CH On-line
16/11/2007
SUGESTÕES PARA LEITURA
Espmark, K. The Nobel Prize in Literature. A Study of the Criteria behind the Choices. Boston: G.K. Hall & Co, 1991.
Feldman, B. The Nobel Prize: A History of Genius, Controversy, and Prestige. New York: Arcade, 2000.
Levinovitz, A.W., Ringertz, N. The Nobel Prize: The First 100 Years. London: Imperial College Press and World Scientific Publishing Co. Pte. Ltd., 2001.
The Nobel Foundation: http://nobelprize.org/nobelfoundation/index.html
16/11/2007
Um dos termômetros dos rumos da ciência é o anúncio dos ganhadores do Nobel, feito anualmente na primeira quinzena de outubro. Em sua coluna desta semana, o biólogo Jerry Borges explica como são escolhidos os agraciados com o mais prestigioso prêmio de ciência. O colunista discute ainda fatores que ajudam a explicar por que o Brasil nunca teve um ganhador dessa láurea.
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Por que nunca ganhamos o Nobel?
Colunista explica como são escolhidos os ganhadores do mais prestigioso prêmio científico
(Foto) O químico sueco Alfred Nobel (1833-1896), cuja herança financia o mais prestigioso prêmio científico do mundo (foto: Gösta Florman).
Anualmente, um dos termômetros dos rumos científicos da humanidade é o anúncio dos ganhadores do Nobel, feito na primeira quinzena de outubro em Estocolmo, capital da Suécia. O prêmio é concedido pela fundação criada pelo químico e engenheiro sueco Alfred Nobel (1833-1896), com fundos amealhados após a criação de 355 patentes e de indústrias em cerca de 20 países. Nobel, porém, também costuma ser lembrado pela invenção e pelo patenteamento da dinamite.
Entre a repercussão atual da premiação criada por ele e a acolhida inicial de sua iniciativa, ocorreu uma enorme mudança de atitude por parte da sociedade. A divulgação do testamento de apenas uma página de Alfred Nobel em 27 de novembro de 1895 recebeu críticas contundentes, inclusive da realeza sueca, que não compreendia os motivos para que a quase totalidade de sua enorme fortuna fosse empenhada na criação de um prêmio para agraciar pessoas – inclusive estrangeiros – que tivessem contribuído para o progresso cientifico. A influência e o sucesso atual dos prêmios Nobel mostram, no entanto, que ele foi um visionário que compreendeu que o progresso da humanidade está muito além de nações e raças.
Cinco categorias do prêmio – física, fisiologia e medicina, química, literatura e paz – foram instituídas originalmente no testamento de Nobel e concedidas a partir de 1901. O prêmio de economia foi criado posteriormente em memória de Nobel pelo Banco Central Sueco e é concedido desde 1968.
A presença de prêmios para literatura e paz pode, à primeira vista, parecer estranha para uma fundação criada por alguém que inventou a dinamite, que contribuiu para a evolução armamentista. Contudo, uma análise da vida de Nobel indica que ele era também alguém interessado nos destinos da humanidade e na cultura e que, inclusive, escrevia poemas e peças teatrais.
O processo de escolha
As premiações da Fundação Nobel são concedidas por seis comitês independentes, que analisam os candidatos às premiações em cada uma das áreas. Apesar de serem auxiliados por assessores externos, esses comitês são compostos por um número reduzido de pessoas. O comitê de química, por exemplo, é formado por apenas oito membros. Os membros desses comitês têm mandatos renováveis de três anos e, em sua grande maioria, são professores universitários que, durante parte do ano, são remunerados para exercerem essa “atividade extra”.
Os nomes desses candidatos são sugeridos por organizações representativas de suas áreas, que atuam em seus países natais ou nos locais onde eles fizeram sua carreira. Todas as propostas a serem analisadas devem ser enviadas a Estocolmo antes do inicio de fevereiro. Embora esse número varie de ano a ano, podem concorrer a um prêmio algumas centenas de candidatos a cada edição.
(Foto) Sede da Real Academia Sueca de Ciências, em Estocolmo. Essa instituição indica os membros do comitê que seleciona os ganhadores do Nobel nas categorias física, química e economia (foto: Wikimedia Commons).
Obviamente esses comitês recebem pressões sutis vindas das mais diversas instâncias, pois, atualmente, ganhar essa honraria é algo que não é apenas significativo para os agraciados, mas também para sua instituição e até para seu país. É quase como se estivesse sendo decidida uma medalha de ouro olímpica ou a Copa do Mundo!
Após o exame das sugestões, uma série de candidatos promissores é selecionada e, então, são conduzidas avaliações mais detalhadas. Os procedimentos para a outorga dos prêmios e os nomes dos candidatos são secretos e as atas das reuniões das comissões permanecem sob sigilo durante 50 anos. Outra característica do Nobel é que não podem ser concedidos prêmios póstumos, a menos que o agraciado tenha falecido durante a análise dos candidatos.
Dinheiro e prestígio
Os agraciados recebem, além de um diploma e uma medalha, entregues em um jantar solene com a família real sueca, uma quantia de cerca de 1,5 milhões de dólares. Além disso, o prêmio representa prestígio e maiores oportunidades de se obterem verbas de vulto para o financiamento de pesquisas.
Porém, dificilmente o Nobel vai para um cientista novo na sua área: trata-se provavelmente de um nome consagrado, que já teve seu trabalho reconhecido inúmeras vezes. O prêmio é, portanto, apenas uma etapa – talvez culminante – de uma vida dedicada à ciência. Deve também de ser enfatizado que, atualmente, o sucesso de algum cientista depende do número de colaborações e intercâmbios que esse profissional tem com outros grupos de pesquisa em seu país e no exterior, assim como a qualidade da equipe na qual ele está inserido. Portanto, apesar de termos um único cientista premiado (ou, quando muito, dois ou três), seu sucesso deve ser compartilhado com sua equipe: pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos, técnicos de laboratório etc.
Apesar de ter um componente político, a escolha anual dos agraciados na imensa maioria dos casos é técnica e procura contemplar pesquisas básicas que tenham contribuído para desenvolver uma determinada área do conhecimento humano. Uma exceção a essa regra é o Nobel da paz que, freqüentemente, procura sinalizar uma posição política especifica. Nesse sentido, por exemplo, foram agraciados o Papa João Paulo II, o ex-presidente americano Jimmy Carter, o Dalai Lama e, neste ano, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore e o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês), envolvidos na luta contra o aquecimento global.
Dos 779 prêmios concedidos até hoje para indivíduos e 19 para organizações, cerca da metade foi para os Estados Unidos (305) e para a Grã-Bretanha (114). Porém, 64 países como o Vietnã, as Ilhas Faroe, Gana, Nigéria, Timor Leste, Guatemala e Venezuela já tiveram laureados pelo Nobel.
(Foto) O físico brasileiro Cesar Lattes (1924-2005) é freqüentemente citado como um brasileiro que merecia ter levado o Nobel de física. Lattes integrou a equipe que descobriu o méson pi e obteve a partícula em laboratório. Clique na imagem para ler um perfil de Lattes.
O predomínio dos Estados Unidos se fez notar sobretudo após a debandada em massa de cientistas europeus para esse país após a ascensão dos nazistas na Alemanha em 1933. Contudo, deve ser lembrado que o sucesso continua até hoje, graças ao investimento maciço desse país em instituições científicas com metas claras a serem alcançadas em médio e longo prazo. Esses investimentos em ciência e tecnologia são feitos sempre com base em uma filosofia pragmática e competitiva de gerenciamento e na descentralização das pesquisas realizadas em universidades e centros privados e públicos de pesquisa.
E o Brasil?
Neste ano, mais uma vez acompanhamos o anúncio do Nobel sem qualquer candidato brasileiro agraciado com o prêmio. Será que por aqui não somos capazes de fazer ciência de qualidade? Ou será que não temos ainda sorte ou influência para que um nome brasileiro seja selecionado por uma das comissões avaliadoras dos candidatos ao Nobel?
A segunda opção parece a mais correta. Alberto Santos-Dumont (1873-1932), pioneiro da aviação, Cesar Lattes (1924-2005), um dos descobridores do méson pi, Carlos Chagas (1879-1934), que descreveu a doença que leva seu nome, Oswaldo Cruz (1872-1917), que comandou a reforma sanitária do Rio de Janeiro, o romancista João Guimarães Rosa (1908-1967), o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e o ativista dos direitos humanos Herbert de Sousa (1935-1997) são apenas alguns nomes, entre outros tantos, que poderiam ter sido agraciados com a premiação.
Além deles, existe atualmente uma série de cientistas e cidadãos competentíssimos que poderiam aspirar à láurea. Contudo, nosso país não é o único injustiçado. Basta lembra que o russo naturalizado americano George Gamow (1904-1968), um dos pais da teoria do Big Bang, o escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) e o inventor americano (1847-1931) Thomas Edison nunca ganharam um Nobel. E mesmo o líder pacifista indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) foi preterido pelo comitê do Nobel, apesar ter sido candidato por cinco vezes.
Se na atual conjuntura de nosso país alguém for escolhido, seria apenas uma feliz coincidência – ou talvez um trabalho isolado feito por alguém de qualidade excepcional. Contudo, sabemos que a escolha de um laureado com o Nobel só será possível se houver de maneira constante um investimento em ciência e tecnologia e uma mudança na postura política que passe a encarar a educação e a ciência com outros olhos e como um instrumento para o crescimento do país. No Brasil, por enquanto, infelizmente ainda estamos longe disso...
Jerry Carvalho Borges
Colunista da CH On-line
16/11/2007
SUGESTÕES PARA LEITURA
Espmark, K. The Nobel Prize in Literature. A Study of the Criteria behind the Choices. Boston: G.K. Hall & Co, 1991.
Feldman, B. The Nobel Prize: A History of Genius, Controversy, and Prestige. New York: Arcade, 2000.
Levinovitz, A.W., Ringertz, N. The Nobel Prize: The First 100 Years. London: Imperial College Press and World Scientific Publishing Co. Pte. Ltd., 2001.
The Nobel Foundation: http://nobelprize.org/nobelfoundation/index.html