Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
parte I: Juca Paranhos — na sombra do pai (1845-1876)
E agora, José?
Em família
Juca Paranhos
Vida de estudante
Viagem à Europa e difícil começo no Brasil
O deputado Paranhos Júnior
Em nome do pai: A Nação e A Vida Fluminense
O boêmio
A tormentosa remoção
parte II: a redenção do boêmio (1876-1902)
Cônsul-geral do Brasil nos domínios da rainha Vitória
Paris e São Petersburgo
O publicista do Terceiro Reinado
Discutindo a abolição
Enfrentar a República ou aderir a ela?
A Questão de Palmas
Nova York e Washington
De volta a Paris
A Questão do Amapá
Berna
Berlim
parte III: um saquarema no Itamaraty (1902-1912)
Tel brille au second rang qui s’éclipse au premier
No imbróglio do Acre, no meio do fogo político do Rio, entre gente toda nova
O Tratado de Petrópolis
O pesadelo do Barão
Por preguiça e hábito
Rio Branco, os Estados Unidos e o monroísmo
Que classe de país é este?
O ataque surpresa contra o Rio de Janeiro
Há muito tempo nas águas da Guanabara
Sim, agora, morto é que ele começava realmente a viver
Notas
Fontes
Bibliografia
Cronologia
Índice remissivo
DISPONÍVEL EM OUTUBRO
Prefácio do Embaixador Alberto da Costa e Silva:
Quem, de sobrecasaca ou em mangas de camisa, se demora a examinar um mapa antigo ou caminha pelas páginas deste livro, vai nele mudando de feições e de comportamento, até assumir a imagem com que entrou na história e na qual reconhecemos o barão do Rio Branco. Seus contemporâneos fizeram dele julgamentos conflitantes, mas os que teve por contrários às suas posições ou por desafetos ressentidos não impediram que fosse o mais popular dos homens públicos de seu tempo — e, por isso mesmo, um dos mais caricaturados — e que, no dia seguinte ao da sua morte, o país já o consagrasse como um dos seus maiores.
Nesta biografia, a primeira que se publica no século XXI e é, sob muitos aspectos, inovadora, o barão do Rio Branco de nossa admiração não esconde o amante egoísta, o vaidoso que alimentava a claque de seu teatro pessoal, o centralizador que desmerecia a ajuda dos colaboradores, o sedento de glória, o glutão e o esbanjador para quem todo dinheiro era pouco.
Reexaminando o muito que se escreveu sobre ele, assim como a sua correspondência ativa e passiva, e lendo, dia a dia, linha a linha, o que, na época, estampavam os jornais, Luís Cláudio Villafañe G. Santos trouxe para a nossa companhia um Rio Branco confiante no forte saber que lhe moldava os argumentos e as ações. E tão bem contada é a sua vida e tão nítidos os retratos, que ele sai deste livro, nos toma pelo braço e nos convida para jantar no Hotel dos Estrangeiros.
Nos desprendemos da Europa tão completa e definitivamente como a Lua da Terra: o americanismo de Nabuco
Resumo
O artigo analisa a evolução do pensamento de Joaquim Nabuco sobre o lugar dos Estados Unidos na política externa brasileira. A ênfase recai sobre o período em que ele atuou como embaixador do Brasil em Washington
Palavras-chave
Joaquim Nabuco; americanismo; política externa brasileira; Brasil-EUA
1Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre-RS, Brazil; lperes15@gmail.com. ORCID iD 0000-0002-0261-8408.
Westmann, Gustavo. Novos Olhares Sobre a Política Externa Brasileira. 2017. São Paulo: Contexto, 272p.
The idea that foreign policy is not only a policy for the state, but for its society – foreign policy as ‘public policy’ – surfaces in every essay in Novos Olhares sobre a Política Externa Brasileira. The argument arising from it is that foreign policy should serve all citizens, rather than just political elites who run the state. To achieve that, Brazilian Foreign Policy must be more democratic, open to participation from civil society, accountable, representative. This idea is clear in Part 1 of the book, which presents essays on broad contemporary challenges faced by Brazilian Foreign Policy. Those challenges arise both from a dynamic international arena and from changing domestic politics. Part 2 consists of essays on specific substantive topics of international concern for Brazil. The argument for a plural foreign policy permeates them as well.
In times of political turmoil such as the one Brazil is currently going through, this argument for a plural foreign policy is a necessary realisation, and a powerful argument. Repression against protesters, suppression of social rights, and other acts from the government seem to counteract all previous efforts from the Foreign Affairs Ministry towards a democratic Foreign Policy. Since the early 2000s, the Ministry had sought to broaden its strategic partnerships and bilateral relations. It prioritized South-South relations, multilateralism, and reaching countries in Africa, in Asia, and in the Middle East. Social themes were paramount in the agenda. For example, states and international organisations praised and replicated the ‘Fome Zero’ program. In return, such Foreign Policy increased Brazil’s social capital around the world. It opened new markets and brought new partnerships that reflected in Brazilian society. The Brazilian economy improved to become the sixth largest in the world. Furthermore, the Food and Agriculture Organization (FAO) removed the country from the world hunger map.
Six essays make up the first part of the book. Felipe Antunes de Oliveira opens the book discussing the concept of ‘development’ for Brazilian Foreign Policy. He points out the changes it went through from the end of the last century to the beginning of this century, when it must serve ‘social transformation’. The second essay is by Guilherme Casarões, who seeks to contextualise Brazilian Foreign Policy in a world in crisis. He warns against abandoning foreign policy projects because of their alleged ‘ideology’. In the fast pace of Brazilian politics today, Casarões’ essay, although of great analytical power, unfortunately became dated too soon. It would be interesting to see what the author would say about further developments in the Ministry of Foreign Affairs. Gustavo Westmann then discusses new challenges to Brazilian diplomacy. He argues for a more transparent foreign policy and for reforming Itamaraty cadres, among other changes. Those are clear opportunities for democratisation of Brazilian Foreign Policy. In his essay, Dawisson Belém Lopes highlights the elitist and oligarchical bases of Brazilian Foreign Policy through a historical and theoretical perspective. It is a fundamental work for understanding its current state, and a warning for its future. In Tiago Ribeiro dos Santos’ essay the argument for a more democratic foreign policy is less explicit. He argues for applying ‘slow thinking’ to the formation of diplomatic knowledge. One can add, though, that broad civil society participation is essential in this process. Finally, Hayle Gadelha reflects on Brazilian soft power. The logical conclusion of his essay is that to maintain such soft power would require a policy that takes into account not only the state, but also its people.
Part 2 of the book comprises eight essays dealing with relevant themes for Brazil’s Foreign Policy agenda. The first two concern specific geographic areas that must be of paramount attention for Brazil if the country seeks to have more diversified strategic partnerships. The first of them is Africa, which is the focus of Patricía Campos Mello’s attention in her essay about the ‘melancholic decline’ of Brazil’s policy of establishing closer ties to the continent. She warns against the decline of soft power gained by Brazil in Africa during Lula’s administration. The second area is Asia. In his essay, Flávio Campestrin Betarello argues for Brazil’s quick insertion in the region. Based on the adaptability of Brazilian Foreign Policy, and on the example from other states that are already celebrating deeper Asian partnerships, Brazil must aim at closer ties with China. The next six essays focus on a diversified agenda per se, to include the following themes: cooperation for development, food security, sustainable development, climate change regime, international organisations, and internet governance. What all these themes have in common is Brazil’s potential – made clear by the authors – to become a reference in each one of them. For that to happen, developments in Brazilian Foreign Policy during the beginning of the twenty-first century must not regress. Foreign policy cannot be relegated to a secondary place in public administration.
Improvements in Brazilian international projection in the last decades show the need for more diversified and plural Foreign Policy thought and practice. Novos Olhares provides that in its first and second parts, respectively. The book makes the case for a more democratic Brazilian Foreign Policy. It is fundamental for those who wish to think about its future as a public policy aiming at improving Brazilian state and society. This is indispensable in this moment in which Brazil becomes increasingly disengaged not only internationally, but with its own society as well.
REFERENCES
Westmann, Gustavo (ed). 2017. Novos Olhares Sobre a Política Externa Brasileira. São Paulo: Contexto. [ Links ]
Received: September 22, 2017; Accepted: November 29, 2017
Leonardo Augusto Peres is a PhD candidate in Political Science-International Politics and Defense at the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS) and Assistant Researcher at the Brazilian Centre for Strategy & International Relations (NERINT), working in the research projects “Brazilian Grand Strategy for the 21st Century” and “World System: Hegemony, Crisis, and Transformation”. He is also editorial assistant for the quarterly journal Boletim de Conjuntura NERINT and has a Master’s Degree in International Relations-International and Comparative Politics from the University of Brasília (UnB), and a Bachelor’s Degree in International Relations from the Federal University of Santa Maria (UFSM). Research interests include Genocide Studies, Brazilian Foreign Policy, and International Relations Theory.
Como um processo na OMC contra a política de proteção aos carros produzidos no País se transformou em risco para as fabricantes locais de computadores e celulares
Nas negociações entre as montadoras instaladas no Brasil e o governo em torno de um programa para proteger a produção nacional, era comum ouvir representantes do setor minimizarem o risco já identificado de um eventual processo na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra medidas como a exigência de etapas fabris locais e um adicional de imposto aos importados. Quando o Inovar-Auto foi anunciado, em 2012, a avaliação era de que um contencioso internacional não surtiria efeitos antes do fim do prazo da política setorial, em 2017. Como previsto, a condenação na entidade só saiu em meados do ano passado, por uma queixa aberta por europeus e japoneses. O Inovar-Auto já não existe mais, foi substituído por um novo programa de benefícios. E a conta do processo na entidade periga recair sobre outros fabricantes nacionais: as empresas de tecnologia.
Ao elaborar o documento que questionou os incentivos da cadeia automotiva, os representantes da União Europeia e do Japão aproveitaram para revisar um conjunto de políticas setoriais brasileiras. Decidiram incluir outras iniciativas que julgavam desrespeitar as regras de comércio mundial, como a Lei de Informática e programas de desonerações voltados aos exportadores. Um recurso do Brasil contra a decisão está em fase final de apreciação. A expectativa é que o veredito saia até outubro. Se mantida a condenação, computadores, tablets e celulares nacionais podem ficar até 15% mais caros, o suficiente para reduzir a competitividade com os semelhantes importados e ameaçar a permanência de fábricas e centros de pesquisa no País. “Os investimentos foram feitos considerando a lei, não pode haver quebra de contrato”, afirma Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). “Entramos de gaiato no navio no processo e estamos esperançosos de que vamos conseguir superá-lo.”
A Lei de Informática existe desde 1991, o que endossa a tese de que a norma, isoladamente, não seria suficiente para motivar o processo. Ela prevê a redução de 80% de IPI para as empresas que cumprirem etapas de produção no Brasil e investirem no mínimo 4% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento. Também estimula a compra de insumos locais. A queixa na OMC questiona sobretudo o estímulo para as etapas de fabricação nacional. “Estamos num momento de muita incerteza sobre o que vai acontecer com o programa”, afirma João Emílio Gonçalves, gerente-executivo de Política Industrial na Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Se, por um lado, a decisão do painel da OMC condenou o Brasil, também não é incomum que o órgão de apelação reveja essas decisões.” O setor evita falar em plano B, embora a hipótese já tenha sido admitida até pelo Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab. O cenário mais provável é o de uma reversão parcial do incentivo.
Como os planos de negócios das empresas contam com o benefício, previsto para acabar somente em 2029, o risco de desinvestimento não está descartado. “Um movimento natural seria tirar a fábrica daqui”, afirma Eros Jantsch, presidente da Bematech. A empresa de automação comercial fabrica computadores, impressoras e terminais que são usados nos pontos de vendas de seus clientes. O executivo, porém, acredita que esse cenário mais drástico é menos provável. “Havia uma discussão de que a Lei de Informática ia acabar. Estamos mais longe disso.” Criada em 1987, a empresa do Paraná abriu capital na bolsa vinte anos depois. Hoje, faz parte da Totvs, que somou R$ 563 milhões em receitas no trimestre. Cerca de 70% do faturamento da Bematech advêm de produtos que são incentivados pela Lei de Informática. O benefício tem relação com cerca de 200 vagas no grupo.
Para o presidente da empresa, o incentivo permitiu a criação de um ecossistema de automação comercial brasileiro, inexistente em mercados semelhantes. “Se olhar qualquer outro país da América Latina, o setor é controlado por empresas americanas e europeias”, diz Jantsch. “Todos os países que não precisam hoje proteger seus mercados, ficaram por décadas protegendo.” Além das brasileiras, multinacionais que fabricam hoje no País defendem a importância da regra. “A Dell, assim como muitas empresas globais, vieram para o Brasil muito em função da Lei de Informática”, afirmou Mauricio Helfer, diretor da Dell computadores em apresentação sobre o tema na Câmara, em junho. “Certamente, a lei não vai resolver todos os gargalos de competitividade, mas é uma alavanca para continuar com toda essa cadeia produtiva e de desenvolvimento no Brasil.”
Como exemplo do impulso, a empresa citou os 750 funcionários que possui nos centros de pesquisa locais. No mesmo evento no Legislativo, também defenderam a política a Ericsson, citando os 500 pesquisadores no Brasil e R$ 1 bilhão de investimentos na área pela operação local. Além delas, a WEG apontou 2,5 mil funcionários do grupo relacionados aos produtos beneficiados pela lei e uma melhora nas exportações. O setor usa como argumento de defesa a necessidade de compensar a complexidade tributária do País e acredita que uma interpretação mais abrangente sobre a exigência de produção local, proibida nas regras da OMC, possa ser favorável ao Brasil com base em outros casos julgados na entidade. Ao mesmo tempo em que sofre a disputa na OMC, a lei é alvo de críticas no País. Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o benefício continua a ser prorrogado sem ter seus impactos medidos sobre o setor e apresenta falhas nas checagens sobre as contrapartidas de investimentos em pesquisa. A renúncia anual aos cofres públicos é de cerca de R$ 5 bilhões.
A discussão sobre a eficácia e sobre a necessidade de manutenção da lei deve se acentuar no período eleitoral. Candidatos à presidência vêm sinalizando a intenção de reduzir incentivos fiscais como uma medida para reduzir o quadro de déficit do governo federal. Em defesa, o setor apresenta números apurados pelo próprio Executivo como resultados da política. Segundo o último balanço da Lei de Informática, do Ministério da Ciência e Tecnologia, as 529 empresas beneficiadas, que somavam R$ 46,7 bilhões em receitas em 2015, investiram R$ 1,3 bilhão em pesquisa em desenvolvimento no ano. Elas empregavam pouco mais de 117 mil funcionários. A arrecadação com a venda dos produtos beneficiados pela lei é estimada em R$ 9,8 bilhões. “A lei acabou desenvolvendo uma série de centros de pesquisa no Brasil”, afirma Barbato, da Abinee. “A grande maioria não sobrevive sem esse aporte.” Qualquer que seja a decisão da OMC, o prazo de até dois anos para fazer eventuais mudanças é considerado exíguo. E, além da política setorial de informática, ainda há risco aos exportadores nos outros programas (leia abaixo) questionados.
[Objetivo: apenas reflexão; finalidade: eleitores em geral]
Não se muda o Brasil da noite para o dia, certamente não a golpes de salvadores da pátria, negação de tudo isso que está ai (que significa na verdade a preservação de um pouco mais disso tudo que está aí).
Entre os problemas que temos, em épocas eleitorais, é a tradicional deseducação monstruosa do eleitorado – problema que vai persistir por muitas décadas –, a dominação das regras do jogo por partidos e políticos profundamente corruptos – e que farão tudo para deixar tudo como está – e a impossibilidade de candidaturas avulsas, num sistema eleitoral e partidário profundamente deformado (Fundo Partidário e Fundo Eleitoral, que deveriam ser simplesmente eliminados, por exemplo).
Pois bem, em face dessas tragédias que não têm data para terminar, o que cidadãos conscientes devem fazer. Sem pretender ditar conduta a ninguém, eu diria que – sem muitas ilusões – tentar eleger o menos pior para presidente (o que tem a melhor equipe econômica, por exemplo), e tentar melhorar um pouco o Congresso, que é muito mais importante do que o presidente para começar a mudar o Brasil.
Em lugar de esperar o salvador da pátria, portanto, tentar escolher os "representantes" (deputados, senadores e executivos e legisladores estaduais) que sejam os menos nocivos no plano das políticas públicas, o que confesso é difícil, mas que precisa ser tentado.
Concentrem-se na informação sobre os menos ruins dos candidatos às assembleias legislativas, e já é um bom começo para uma mudança que será muito gradual, lentíssima. Sorrypelo pessimismo, mas estou tentando ser pelo menos um pouco realista. Voto nulo, em branco, ignorância quanto aos legisladores não vão ajudar em nada. Escolham os menos piores...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28 de julho de 2018
Addendum: Respondendo a uma questão sobre se o Brasil e a América Latina têm jeito.
Minha resposta:
Sim, o Brasil e a América têm jeito, mas vai demorar mais um pouco, pelo menos três ou quatro gerações. Não é, infelizmente, para a nossa geração. Os erros acumulados, desde a origem, continuados e até agravados, por elites ineptas e corruptas, por políticos vagabundos e ladrões, são muito grandes, só inferiores à deseducação abissal da população, característica comum a nossos países. As pessoas são muito ignorantes pois não tiveram educação de qualidade. Depois tem a ideologia equivocada de certas esquerdas que persistem no erro das políticas econômicas distributivistas que levam ao baixo grau de produtividade e, portanto, de crescimento da renda, o que deixa os pobres vulneráveis e sujeitos à dominação de elites ineptas e corruptas e de mandarins do Estado (classe à qual eu pertenço) focados apenas em defender seus privilégios típicos da aristocracia do Ancien Régime. Ou seja, vai demorar, mas um dia chega.
Cientistas, ainda mais universitários, deveriam ser, em princípios, cidadãos conscientes, informados, propensos a encontrar soluções racionais aos problemas nacionais. Admito que eles possam ser de esquerda, de direita, de qualquer tendência. Mas que eles sejam defensores de criminosos comuns – mais do que isso, chefes de máfia – já é algo inadmissível, aliás totalmente inaceitável. Que eles também se alinhem com a cegueira e com a burrice, aí já é questão de inconsciência coletiva. Paulo Roberto de Almeida
Lulopetismo na SBPC:
Editorial | O Estado de S. Paulo, 28/07/2018
A ciência brasileira nada ganha com essa manifestação explícita de obscurantismo
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) tem sido simpática a Lula da Silva, de modo que não surpreende o entusiasmado apoio manifestado ao ex-presidente e hoje presidiário no 70.º encontro anual daquela organização, aberto no domingo, dia 22, em Maceió. Pode-se apenas lamentar que uma das principais entidades dedicadas ao fomento da ciência no País continue a ser usada por alguns oportunistas para fins político-partidários, que nada têm a ver com pesquisa e inovação.
Pretende-se invocar a importante atuação da SBPC durante a ditadura, quando a entidade corajosamente franqueou suas mesas para discussões políticas, como argumento para justificar a necessidade de denunciar a “nova ditadura”, como se ouviu em um discurso no dia da abertura da mais recente reunião.
Por “nova ditadura” entende-se, é claro, o governo do presidente Michel Temer - que, na interpretação de muitos dos acadêmicos presentes ao encontro, simboliza, em conluio com um Congresso corrupto, um Judiciário manipulado e uma imprensa vendida, o “golpe” que, segundo eles, resultou no impeachment da presidente Dilma Rousseff e na prisão de Lula da Silva.
O padrão de denúncia desse “estado de exceção” foi observado na solene homenagem prestada ao físico José Leite Lopes (1918-2006), um dos mais importantes cientistas do País - preso pela ditadura militar, exilado e aposentado compulsoriamente. Na ocasião, foi lida uma mensagem do antropólogo José Sergio Leite Lopes, filho do cientista, na qual ele diz que o pai, “se estivesse aqui hoje, (...) protestaria de forma veemente e irreverente contra uma nova ditadura que se evidencia”, e “estaria clamando pela democracia plena, pela justiça social e por Lula livre”.
No mesmo evento, o ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, e outros representantes do governo federal foram vaiados por pesquisadores, além de estudantes e servidores públicos presentes, que gritaram “golpista” e o slogan “Lula livre”, revelando o já conhecido nível de indisposição dessa turma para o diálogo.
O deputado federal Celso Pansera (PT-RJ) - cuja única atuação conhecida na ciência foi ter sido escolhido como ministro dessa área no governo de Dilma Rousseff, quando ainda era do MDB, tendo como qualificação apenas o fato de ser dono do self-service “Barganha”, na Baixada Fluminense - também discursou na SBPC e, claro, terminou seu pronunciamento bradando “Lula livre”.
Não se sabe o que a prisão de Lula tem a ver com a ciência nacional, mas essa evidente mixórdia não pareceu importante para os proponentes de uma moção intitulada “Lula livre! Em defesa da democracia e do Brasil!”. O texto, aceito pela direção da SBPC, diz: “Em defesa da democracia, a SBPC se soma ao crescente clamor popular e a parte considerável do meio jurídico nacional e internacional para exigir o imediato cumprimento da Constituição Federal, garantindo assim a liberdade ao ex-presidente Lula”.
Nas assembleias da SBPC, conforme regulamento da entidade, moções são “manifestações destinadas ao público externo (...) envolvendo necessariamente temas de relevância para a Ciência e Tecnologia, Inovação e Educação, para o país ou para a solução de problemas de grande interesse regional, observados os objetivos da SBPC, estabelecidos no Estatuto”. Explica-se, ainda, que cabe à diretoria da SBPC “retirar as proposições que não se enquadrarem em nenhuma dessas categorias”. Portanto, é prova de aparelhamento da SBPC o fato de que uma moção que, em nome da entidade, demanda a liberdade de réu condenado repetidamente pela Justiça tenha sido considerada “de grande relevância” num encontro de cientistas.
A ciência brasileira nada ganha com essa manifestação explícita de obscurantismo. Não será deturpando o papel de uma organização pública tão relevante como a SBPC, entregando-a de mão beijada para o lulopetismo, que os cientistas terão melhores condições para desenvolver seu trabalho.
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Na 150ª posição de um ranking que avalia a liberdade econômica de 159 países, o Brasil, apesar de ser menos fechado do que há algumas décadas, fez, historicamente, pouco para liberalizar a economia. A consequência disso é conviver com taxas de crescimento mais baixas. Essa é a avaliação do Diretor do O’Neil Center For Global Markets and Freedom, Robert Lawson.
Em entrevista para o UM BRASIL, realizada em parceria com o Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE), Lawson afirma que o País é um dos mais avessos à abertura da economia e à redução da interferência do Estado na sociedade.
“O Brasil é uma tragédia em vários aspectos. Enquanto a maior parte do mundo está se liberalizando radicalmente, o Brasil apenas continua o mesmo. Tem alguns altos e baixos, mas, em relação ao resto do mundo, as coisas parecem não mudar tão rápido no País”, afirma. “Praticamente o mundo todo se moveu na direção de menos impostos, mais privatizações, negócios mais livres, e o Brasil fez muito pouco disso”, completa.
O coautor do Índice de Liberdade Econômica Mundial (World Economic Freedom Index), do Fraser Institute, explica que “liberdade econômica é a liberdade de gerir a sua vida econômica sem a interferência de outras pessoas” e que o índice mede “o quanto as pessoas são livres para viver suas vidas sem interferências”.
Nesse sentido, apesar de argumentar que o Estado deve prover segurança, um sistema legal justo e realizar investimentos, Lawson diz que “o maior violador da liberdade econômica das pessoas é o governo”. “O que descobrimos e o que nos preocupa é que quando o governo faz demais dessas coisas, quando cobra impostos demais, quando faz regulações demais, ele pode tornar nossas vidas piores”, salienta.
Com base nos dados que apontam Hong Kong, Singapura e Nova Zelândia na liderança – e a Venezuela na última posição –, em termos de liberdade econômica, o doutor em Economia pela Universidade Estadual da Flórida (EUA) ressalta que, contrariando o senso comum, quanto mais livre for o país, mais seguro ele será. “São os países menos livres que têm mais inseguranças. Eu acho que há um mito em que as pessoas acreditam sobre como a liberdade funciona. Parece mais arriscado, mas, quando você olha para os dados, as pessoas mais livres não são as mais inseguras. Na verdade, é o contrário.”
Lawson comenta que, em geral, os países que mais se liberalizaram foram recompensados com taxas de crescimento mais elevadas. Além disso, defende que o nível de liberdade de uma nação deve ser decidido pela sociedade, e não imposto por um governo autoritário.
“Eu acho que tem a ver com o coração e a mente das pessoas. Quero dizer, os políticos fazem o que as pessoas os elegeram para fazer. Se nós elegermos políticos para aumentar impostos, eles vão aumentar impostos. Se nós elegermos políticos para privatizar estatais, é isso que eles vão fazer”, reitera.
Importante: As opiniões contidas neste texto são do autor do blog e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney.
Lemann Visiting Public Policy Fellows Program at Columbia University
Program Summary
The Columbia University Lemann Center for Brazilian Studies (LCBS) is pleased to announce the creation of the Lemann Visiting Public Policy Fellows program, a unique opportunity for scholars and practitioners interested in spending one or two semesters at Columbia engaging in public policy-related research, attending and contributing to public programming, interacting with faculty and students, and participating in courses. The Lemann Visiting Public Policy Fellows program is open to those with diverse disciplinary backgrounds related to public policy and social impact in Brazil. Applications are welcome from practitioners with hands-on experiences in public policy through work in government institutions or non-governmental organizations, as well as PhD-holding academics at various career stages. We especially welcome applicants who bring innovative approaches to studying and/or addressing major social challenges, such as education, public health, socioeconomic inclusion, urban development, and sustainable development.
· To apply to the fellowship please see the online application form
Program Benefits & Fellow Support
Lemann Visiting Public Policy Fellows are appointed as Associate Research Scholars. Among the benefits Fellows receive are included:
Opportunity to conduct research under the guidance of Columbia faculty
Opportunity to publicize the results of their research through on campus events
Receipt of a monthly salary from the LCBS, made possible through a generous gift from the Lemann Foundation.
Purchase of roundtrip ticket from the Fellow´s city of residence to New York.
Office space at the Institute of Latin American Studies (ILAS)
Application Procedures & Eligibility:
Applications consist of an online application form, a CV, and a Statement of Interest. The application deadline for the current call is Friday, September 28th, 2018, for consideration for a Fellowship position for the Spring 2019 Semester (January-May). Deadlines for future calls will be announced in the Fall of 2018.
Academic applicants should have completed their PhD. For applicants with relevant applied experience, a PhD or Master´s degree is desirable, but those without postgraduate degrees are eligible if they possess a minimum of 5 years of relevant professional experience (e.g., in public administration and/or at a nongovernmental organization).
About the Lemann Foundation & the Lemann Fellowship Program
For more information about the Lemann Foundation's broader Lemann Fellowship Programs please visit the Foundation´s website.
A map of the new Silk Road, connecting Asia to Europe. (Maxiphoto/Getty)
As the United States abandons the postwar multilateral system it once led, China is stepping into the breach, laying the groundwork for a post-American world order.
We are already getting a glimpse of what is to come through China’s various initiatives, ranging from the Asian Infrastructure Investment Bank (AIIB) to the Belt and Road project and the 16+1 group, which is developing Chinese-financed projects in Eastern Europe and the Balkans. China is also seeking to connect a global electricity grid powered by wind and solar as a means to sustain development while fighting climate change.
This new order will not be like the old. At least for now, it is not multilateral but comprised of multiple bilateral relationships linked to the Chinese core. And given China’s “one world, many systems” perspective, it is based not on a convergence of values, but of interests.
President Xi Jinping has cast these initiatives with a positive spin as building “a community of shared future for mankind.” The most cynical critics regard them as a thin fig leaf disguising China’s quest for global dominance and merely a means to find markets for overproduction as its domestic economy slows. Xi’s vision is also clouded by manifold reports of debt overload and kickbacks for corrupt leaders. In Sri Lanka, China has taken over a port it built because Sri Lanka couldn’t afford the debt. The same dynamic seems to be developing in Pakistan and Laos; the new Malaysian government, meanwhile, has put its Chinese-financed rail project on hold, citing corruption and disadvantageous terms negotiated by the previous regime.
There is no mileage in being naive about China’s ambitions and its self-interested motives. But lining up with hostility against China’s initiatives the way Joseph Stalin and his minions did toward the Marshall Plan after World War II — which did wonders for a devastated Europe while also benefiting the United States through purchases of imports from American companies that were required to cross the Atlantic on American merchant ships — is a mistaken course for the West. And let’s not forget that the American expansion of railroads westward in the 19th century also led to a crisis of corruption and over-indebtedness. Despite the turmoil and losses, when it was all sorted out, the result in the end was a connected continent that became a foundation of American prosperity.
Twenty years from now, the same will likely be true of Eurasia and Africa as a result of China’s initiatives, even with all of their faults. That is why, to diminish the downsides, the proper stance would be for the West to join with China’s efforts at global development so that the process is more transparent and less corrupt, with terms that don’t foster debt traps and amount to creditor imperialism. The experience of the “clean, lean and green” AIIB, which many Western nations — though not the United States — have joined, shows that high standards can be imposed if the West is a participant instead of an outsider as the new order is being built.
After all, it is not as if Western nations on their own are going to finance and construct infrastructure around the world. No one needs reminding that the United States has been unable to build a single high-speed rail project anywhere on its vast territory. By and large, it can’t even manage to finance the repair of old infrastructure, much less invest in anything new. The European Union remains mired in deep disagreements about how to manage its own internal finances.
While critics carp from the sidelines, those in need of help are grateful. “When we were faced with financial crisis, amidst the wider challenges of the E.U., China helped us,” Greece’s former prime minister George Papandreou recalled in a recent conversation with me. “China was one of the few nations to buy our sovereign bonds. This was an important vote of confidence. Then China began its investment in the Port of Piraeus, an early investment that is now one of the major components of the new maritime Silk Road. These investments showed great trust in my country’s capacity to overcome the crisis, where few others would.”
In The WorldPost this week, we address these issues of a growing vacuum in the world order and China’s attempt to fill it, for good and for ill.
Ali Wyne sees the demise of the American-led postwar order as less a consequence of President Trump’s wrecking ball and more a victim of its own success. That order, built to avoid another devastating world war among major powers, achieved its goal. Along with an open trading regime, it was this stable absence of global conflict that enabled China’s peaceful rise.
The result of success, Wyne contends, has been a complacency that has eroded the founding urgency that sustained a broad and deep commitment of states and their publics. That makes revitalizing the order a challenge. “The modernization of the world order would ideally result from farsighted diplomacy,” writes Wyne. “It is more likely, though, that policymakers will do little more than push for incremental improvements to an inadequate system” thereby allowing “forces — ranging from external challenges to populist uprisings — to continue testing its foundations. The potential result of indefinite erosion — a vacuum in order, without a coherent alternative to replace it — is unpalatable.”
Noting that the creation of new orders has historically followed upon cataclysmic events like the world wars, Wyne concludes: “In a nuclear age, though, it is terrifying to consider what might have to occur for a new order to emerge.”
To the extent that China is fostering an alternative to the vacuum, Jonathan Hillman doesn’t like what he sees. “The Belt and Road is a masterstroke in geopolitical advertising. Wrapping the effort in Silk Road mythology, Xi is effectively selling a Sino-centric order to the world,” he writes from Budapest. “In practice, the Belt and Road is a sea of bilateral deals between China and participating countries, including many markets where few others dare to go. More than half of the countries participating in the Belt and Road have sovereign debt ratings that are either junk or not graded. China’s emphasis on building big-ticket infrastructure projects resonates with foreign leaders looking to impress at home and establish a legacy.”
For Hillman, this mix of a debt trap with the megalomania of corrupt local autocrats will not spell stability and progress but a costly waste of resources as nations become tributaries beholden to Chinese largesse.
As China extends its influence globally, it will inexorably be drawn into local conflicts, just as the United States was in its period of dominance. “For decades, Beijing refrained from meddling with sovereign nations’ internal affairs,” Denise Hruby writes from Juba, South Sudan, where the China National Petroleum Company owns a 40 percent share of the country’s largest oil fields. “As long as economic ties flourished, it would turn a blind eye toward human rights abuses and corruption. But with increasing investments abroad comes more clout, and as the United States scales back its international commitments, China is emerging as an obvious development partner.”
Hruby reports that while China initially sought a direct role in ending the South Sudan conflict, which threatens its investments, it was soon overwhelmed by the complexity of militia and tribal politics. China fields its largest contingent of U.N. peacekeeping forces there, but it has reverted to a stance that “African problems must have African solutions” and looks to the African Union and other local mediators to resolve the crisis while it stands on the sidelines.
Jeffrey Sachs sees Trump’s effort to staunch China’s newfound influence while abandoning America’s own successful model of development as achieving the opposite of its intent. “American prosperity since World War II has been built upon science and technology breakthroughs spurred by a powerful innovation system linking the federal government, business, academia and venture capital,” he writes. “U.S. innovation policy has been successfully emulated in Europe and Asia, most recently by China. President Trump’s trade war against China aims to slow China’s technology ascent but is misguided and doomed to fail; instead, American prosperity should be assured by doing what America does best: innovating at home and trading with the rest of the world.”
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