Os companheiros estão mesmo desesperados. E não é para menos: existe um risco real de perderem. Por isso, já assestaram todas as baterias, todos os canhões, todos os mísseis, todos os seus mercenários a soldo, seus sabujos amestrados para escrever contra ela, assim como vão fazer golpes dos mais sujos, soltando acusações pesadas contra a candidata que já deixou a soberana mordendo a poeira da estrada.
Que coisa heim?!
Eles vão ter de apelar para o Chapolin Colorado, mas não sei se vai dar certo.
Basta ver a quantidade de matérias contra a Marina no seu principal site "independente", inteiramente a serviço dos companheiros (e na sua lista de pagamentos, claro).
Eles estão tão desesperados, coitados, que chegam ao cúmulo de propor, no editorial do pasquim sabujo, que se anuncie desde já que o novo chefe da Casa Civil de uma soberana reeleita já está escolhido e tem nome: Lula.
Não é o desespero total?
Paulo Roberto de Almeida
Carta Maior, 31/08/2014
Editorial
Marina topa tudo. O PT topa ousar ou vai se render?
30/08/2014
O programa de Marina Silva, lançado na mesma sexta-feira em que o Datafolha lhe dava uma vantagem de 10 pontos sobre Dilma Rousseff no segundo turno, tem 242 páginas. Mas poderia ser resumido em uma linha:a nova política reserva 20% do orçamento para educação e saúde, mas entrega o comando fiscal à agenda do arrocho. Diante da fraude o PT vai ousar ou se render?
Destaques
Eleições 2014: O programa que agrada os banqueiros no Brasil
Uma thatcherista ecologicamente correta na corte da candidata Marina Silva. Desde que a dirigente ambientalista anunciou que disputará as eleições presidenciais, a única pessoa de seu entorno que deu detalhes sobre o seu programa de governo foi Maria Alice Setúbal, membro da dinastia que fundou e conduz o banco privado mais importante do país. Por Darío Pignotti, do Página/12.
Arquivo
Banqueira que coordenou programa de Marina empresta até os óculos à candidata
Jean Wyllys: Marina, você mentiu e não merece a confiança do povo brasileiro
Brasil247
As mil faces de Marina Silva: a falácia da nova política
Arquivo
Sobre o casamento gay: Marina Silva prefere Malafaia
Arquivo
A diminuição do papel do Estado ou um Estado Democrático e Cidadão
Arquivo
Marina e as Elites
Arquivo
Marina Silva, vida e morte da política
Arquivo
Por que o criacionismo é um ataque à democracia?
Blog do Emir
Plebiscito popular pela reforma do sistema político
Entre os dias 1º e 7 de setembro será realizado um plebiscito popular por uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.
Colunistas
Flávio Aguiar Flávio Aguiar
A miragem chamada Marina
A candidatura de Marina vai na direção de atrelar novamente o país ao que de mais recessivo e depressivo há no mundo em matéria de economia e política econômica
Jeferson MiolaJeferson Miola
Marina e a mística da mudança
A Marina de hoje é apenas um ramal ideológico da velha política e do conservadorismo, com uma agenda de retrocesso e uma política econômica neoliberal.
Antonio LassanceAntonio Lassance
A política maquiada de Marina
Parte dos eleitores de Marina precisa ser informada de que a pessoa em quem pretendem votar não existe mais. A Marina de hoje não é mais a mesma de tempos atrás
Não é desesperador?
Os companheiros vão aumentar ainda mais o cacife da beata da floresta com seus ataques furibundos.
Vamos nos divertir bastante, só de ver o que vão fazer para lhe trazer ainda mais votos...
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
domingo, 31 de agosto de 2014
Across the Empire (2) Second day: only the road, no more than the road..
Across the Empire (2) Second day: only
the road, no more than the road..
Davenport, 30-31 de agosto de 2014
Segundo o Google Maps, de Milesburg,
PA, onde dormimos num Quality Inn (uma cadeia típicas dos trevos de estradas,
com instalações muito confortáveis, quartos com camas King size, ou duas Queen
beds, com minifrigo, micro-ondas, TV completa e internet excelente), até
Davenport, Iowa, onde paramos num outro Quality Inn, são 720 milhas, sempre
pela I-80W. Desde Hartford, com as 329 milhas de ontem, o primeiro dia, já acumulamos
mais de 1.000 milhas, como ilustrado abaixo.
Atrações? Absolutamente nenhuma, e
nenhuma estava prevista, pois esta seria apenas uma etapa de viagem, calculada
para cobrir 600 milhas. Como sempre, acabamos fazendo bem mais, com paradas
para descanso, restauração, mas sem nenhuma visita, o que nos obrigaria a sair
do trajeto planejado. No caminho tivemos Cleveland, que já conhecemos, Toledo,
onde ainda precisamos entrar, e um pouco acima (mas com um acesso sempre
complicado pelo trânsito intenso para acesso), Chicago, que conhecemos muito
bem.
De uma ponta a outra o que mais
tivemos foi milharais, e os “barns” típicos dos estabelecimentos agrícolas
americanos. Carmen Lícia fez várias fotos desses celeiros, geralmente pintados
de vermelho ocre. De minha parte só fiz duas fotos do hotel onde ficamos, pois
ele provavelmente será o mesmo de outras etapas de estrada, sempre quando
possível.
Gostamos bastante também do Holiday Inn, que oferece as mesmas
comodidades por um preço razoável. Alimentação? Nada além do café da manhã, e
um wrap de crispy chiken num McDonalds em algum lugar entre o Ohio e Indiana.
Por falar nisso, nesta etapa de 720 milhas,
saímos do coração da Pensilvânia, cruzamos todo o Ohio e Indiana, deixamos
Illinois para trás e paramos justo na primeira cidade do Iowa, Davenport, às
margens do Mississipi, um rio famoso na história e na economia dos Estados
Unidos. Amanhã, por sinal, vamos passar pela velha capital do Iowa, Iowa City,
e depois ir à nova capital, Des Moines, ou seja Dos Monges, pois toda essa
região do Mississipi-Missouri pertencia aos franceses, até que Napoleão,
precisando de dinheiro para financiar suas guerras contra os britânicos,
resolveu vender o imenso território à jovem república americana. Deve ter sido
um dos maiores negócios da história política mundial, à margem das guerras de
conquista que costumam caracterizar as ampliações de espaços territoriais nas
relações conflituosas entre Estados. Na verdade, os americanos recorreram uma
vez mais à compra de um território, e este foi o Alaska, comprado do Império
czarista, outra barganha. O resto veio das costelas do México, que foi
expropriado de terras imensas, numa fase de anarquia política naquele país, e
de ampliação de territórios conquistados pelos brancos contra índios e
mexicanos.
Esta região que estamos percorrendo faz parte
do Oregon Trail, ou seja, a conquista do Oeste americano pelos imigrantes e
americanos do leste, um imenso movimento populacional, primeiro em carretas de
bois, depois por vias férreas quando estas foram construídas. Esta é a terra de
William Frederick Cody, mais conhecido como Buffalo Bill, sobre quem vou falar
mais nas próximas etapas.
Amanhã, ou hoje, domingo, vamos percorrer mais
uma etapa, mas provavelmente não chegaremos a Denver. Pretendemos entrar em Des
Moines, o que vai implicar algumas horas de visitas ao museu local e à cidade,
de forma geral. Além do Iowa State Capitol e do Iowa Historical
Building, a principal atração da cidade é o Des
Moines Arts Center, um edifício desenhado pelo arquiteto finlandês Eliel Saarinen,
com uma moderna galleria de esculturas desenhada pelo famos arquiteto chinês I.M.
Pei; o museu tem quadros de Matisse, Jasper Johns, Andy Warhol, e Georgia
O’Keeffe; para os interessados: www.desmoinesartscenter.org.
Ainda não decidimos se
vamos ao condado de Madison, 35 milhas
ao sul de Des Moines, onde estão cinco pontes cobertas imortalizadas num
famosos filme com a Meryl Streep cujo nome agora esqueci, mas pode ser simplesmente
The bridges of Madison. Mais uma longa jornada.
Provavelmente vamos
parar uma ou duas centenas de milhas antes de Denver, mas isso só amanhã
saberemos onde exatamente.
Dormir, por já são mais
de 1h da manhã, na verdade, mais de duas, pois atrasamos o relógio de uma hora,
para estar de acordo com o fuso da zona central.
Paulo Roberto de
Almeida
Davenport, 31 de agosto
de 2014
sábado, 30 de agosto de 2014
Nunca Antes na Diplomacia: Polibio Braga recomenda...
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Dica de livro - Nunca antes na diplomacia
Paulo Roberto de Almeida é diplomata desde 1977. É doutor em Ciências Sociais e Mestre em Planejamento Econmico. ^
Sobre o livro, escreveu Rodrigo Constantino, Veja:
Estou lendo o livro Nunca antes na diplomacia…, de
Paulo Roberto de Almeida, que cai como uma luva para atender a minha demanda. O
livro é uma coletânea de artigos e ensaios do diplomata, tudo muito bem
organizado. Começa explicando o que seria uma postura diplomática
ideal, quais suas funções, e define conceitos importantes. Em seguida,
traça uma historiografia de nossa diplomacia, dividida em fases marcantes. Por
fim, mergulha mais a fundo nas decisões dos últimos anos, mostrando que houve
uma quebra de paradigma.
Diplomatas costumam assumir uma forma bastante cautelosa
de crítica. Não Paulo Roberto. Ele adota postura totalmente independente, e
pode se dar ao luxo de realmente dizer o que pensa.
Nunca antes na diplomacia.
Editora Appris
288 páginas
R$ 61,00
- O editor comprou, lê e recomenda. A Livraria Cultura entrega em casa.
Eleicoes 2014: a politica externa de Marina Silva - Oliver Stuenkel
What Would a Marina Presidency Mean for Brazilian Foreign Policy?
Marina Silva and her advisers faced a formidable challenge. After Eduardo Campos' tragic death on August 13, Marina Silva, Campos' running mate, suddenly turned into the best placed candidate to defeat President Dilma Rousseff in the upcoming elections. While other candidates had months to hone their arguments, Marina's team had merely days to finalize the document that lists her policy proposals. Contrary to 2010, when she was seen as a protest candidate, she has now turned into a serious contender, and the first option for many of those who are dissatisfied with the way the country is goverrned.
International issues will not be decisive in this election, of course. Voters care most issues such as health care, education, public transport, public security, the fight against corruption and the economy. And yet, compared to previous elections, foreign policy issues are set to play a more important role in weeks leading up to the election on October 5, underlining a growing notion among voters that the way Brazil relates to the world directly impacts their well-being. While security issues such as the Crimean Crisis are unlikely to matter much, candidates will have to explain their proposals on topics around Mercosur, possible trade agreements with the EU and the US and the rise of China. The more likely a victory by Marina seems, the more will people seek to understand her ideas about Brazil's foreign policy.
The 12 pages of her program dedicated to foreign policy (pp.28-40) provide interesting insights, some of which are analyzed below.
Trade
As big regional negotiations such as one between the EU and United States advance, one cannot but notice the prospect of a world divided into trade blocs. Brazil will have to make up its mind about which strategy to pursue. In the case of the negotiations with the EU, this involves making a decision about whether to take a highly protectionist and rather unpredictable Argentina along or whether to pursue a two-speed solution, temporarily leaving Argentina behind. According to her program, Marina would opt for the latter option of the "two-speed Mercosur" to facilitate the conclusion of trade negotiations with the European Union, among others. She argues that focusing on the WTO is fully compatible with seeking other regional and bilaratal trade deals. That seems reasonable, and even Brazil's current government has been increasingly open about its willingness to negotiate without Argentina. Marina Silva is also supportive of the ongoing process to fully liberalize trade between the Pacific Alliance and Mercosur, and calls for Brazil to make regional integration its top priority.
Regional leadership
Similar to her arguments made during the campaign four years ago, when Marina Silva said that Brazil had a "key role in mediating between the different regional interests" through exercising "respectful and supportive leadership" in the region, the 2014 program reads as a commitment to play a more active role in the neighborhood. While she frequently mentions defending human rights and democracy in South America, her program does not suggest a reckless idealistic position that may endanger strategic interests. Over the coming days and weeks, she will certainly have to say how she would deal with the ongoing political crisis in Venezuela.
Global governance
Contrary to critics who argue that Marina Silva would radically change course, there are signs that she could seek to reemphasize the importance of foreign policy after a relatively lacklustre performance under Dilma Rousseff. Notably, she stresses that both Fernando Henrique Cardoso and Lula contributed to strengthening Brazil's international projection, and has repeatedly argued, since 2010, in favor of reforming the international system - such as the UN Security Council, the IMF, and the World Bank - to increase its legitimacy and provide Brazil with more responsibility. Furthermore, as globally recognized environmental leader, Marina Silva has repeatedly argued that Brazil had the potential to assume international leadership in the debate about environmental sustainability. It is in this context that her proposals are most innovative - ranging from engaging with the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) and strengthening the Amazon Cooperation Treaty Organization (ACTO). A more sophisticated strategy in the Amazon will also please nationalists, many of whom worry about Brazil's limited capacity to control its Western borders.
Despite expressing her desire to improve ties to the United States, Marina's proposals do not imply weakening Brazil's ties to the Global South - to the contrary, the explicitly refers to the BRICS grouping and the importance of Brazil-Africa ties. That will make it difficult for supporters of Lula's foreign policy to attack her approach. Nothing suggests that Marina would seek to undo his notable achievements (or, for that matter, Dilma's main achievement, Brazil's laudable internet governance initiative).
Her proposal to promote Brazilian culture more systematically on a global scale - she mentions learning from European institutions such as the Alliance Française, the British Council and the Goethe Institute - deserve attention and hint to a welcome willingness to introduce new ideas to strengthen Brazil's international visibility. In the same way, she suggests modernizing the Rio Branco Institute, Brazil's diplomatic academy, and further strengthening the dialogue between Itamaraty and civil society.
Putting foreign policy back at the center?
Finally, and most importantly, Marina Silva argues that Dilma Rousseff did not sufficiently value Brazil's Foreign Ministry. And indeed, under no other Brazilian leader in recent history has the Foreign Ministry - historically above the political fray - been so secondary. As a result, Brazil's foreign policy under Rousseff has been far more hesitant and passive than during the presidencies of Cardoso and Lula.
Naturally, in the coming weeks Marina Silva will have to explain how some of her ideas would play out in practice. And yet, her program suggests that Marina would pursue an activist foreign policy, built on the notion that established countries' dominance in the global conversation is highly counterproductive and unlikely to produce sustainable solutions to the world's most pressing issues such as climate change, financial volatility, human rights and nuclear proliferation.
More than ever before, Brazil's stronger voice - be it in the UN Security Council, during climate change negotiations, as a mediator in Venezuela, as a defender of democracy in Guinea Bissau, or as an agenda setter on internet governance - is needed to create a richer and more balanced global debate. That requires a President unafraid of taking courageous decisions and occasionally generating international controversy.
Read also:
Marina’s foreign policy
What would Aécio do?
Brazil’s top 10 foreign policy challenges in 2014
Oliver Stuenkel
Oliver Stuenkel is an Assistant Professor of International Relations at the Getúlio Vargas Foundation (FGV) in São Paulo, where he coordinates the São Paulo branch of the School of History and Social Science (CPDOC) and the executive program in International Relations. He is also a non-resident Fellow at the Global Public Policy Institute (GPPi) in Berlin and a member of the Carnegie Rising Democracies Network. His research focuses on rising powers; specifically on Brazil’s, India’s and China's foreign policy and on their impact on global governance. He is the author of the forthcoming IBSA: The rise of the Global South? (2014, Routledge Global Institutions) and BRICS and the Future of Global Order (2014, Lexington).
Read more
Eleicoes 2014: a bolha Marina, depois das bolhas Collor, Lula, etc - Jose Augusto Guilhon de Albuquerque
No meio do caminho tinha uma bolha chamada Marina
José Augusto Guilhon de Albuquerque
Chegamos a um momento sem retorno da eleição
presidencial, impossível de ter sido previsto, mas com consequências
previsíveis. O curtíssimo prazo da campanha, tal como a conhecemos – centrada
no palanque eletrônico e nas alianças estaduais – não poderá reverter a bolha
de encantamento que ora favorece a candidatura de Marina Silva.
Já não estamos no reino da política, mas da
psicologia das massas. Independente de seus talentos, que são inúmeros, e de
seus defeitos, que podem ser devastadores, o desgaste inevitável da vida real
dificilmente se fará sentir senão a médio ou longo prazo. A curtíssimo prazo,
somente outro fator estranho à política, seja nova fatalidade, seja o completo desmascaramento
deste mais recente fenômeno messiânico em nosso país - provocado por imputações
verdadeiras ou por falsos dossiês - poderia impedi-la de chegar ao segundo
turno, provavelmente, à frente da disputa eleitoral.
E ai de quem ousar desnudar o Rei, pois, tal
como um mensageiro de más notícias, será abatido junto com sua vítima. Em
teoria, parece restar aos ex-protagonistas do pleito, o PT e o PSDB,
demonizados pela profeta como a encarnação da “velha política”, mudar o foco de
suas respectivas táticas eleitorais, poupar-se mutuamente e tentar polarizar
com Marina. Na prática, um jogo de soma zero como esse apenas reforçaria seu
papel de vítima e a levaria ainda mais perto de uma vitória no primeiro turno.
Em teoria Marina também poderia sucumbir a uma
luta entre Titãs, caso outro ungido dos deuses se alevantasse mais alto para
salvar o próprio legado – o PT e o lulismo. Mas, que se saiba, Lula não entra
em bola dividida e, como se sabe também, nada tem a ver com as derrotas dos
padilhas e dilmas, ou com o mau desempenho dos haddads e gleydes da vida.
Portanto, a bola da vez está nas mãos dos dois candidatos ainda competitivos,
para resgatar ou não seu próprio destino e a relevância de seus respectivos
partidos e coligações, e isso implica ter como prioridade chegar ao segundo
turno.
Para Marina, tendo chegado ao segundo turno na
frente, e em curva ascendente, como é provável, será uma questão de administrar
a própria bolha e não cometer erros irreparáveis. Por maior que seja o desgaste
da polarização inerente ao segundo turno, será eleita e, por maior que seja o
desgaste da transição e da partilha do botim, o encantamento deverá permitir
uma coroação retumbante, à la Lula 2003. O trágico é o que irá ocorrer, num
eventual governo Marina, quando, inexoravelmente, a bolha murchar de vez ou
explodir.
Para o PT e o PSDB é vital chegar ao segundo
turno porque, fora do páreo, seus respectivos eleitorados migrarão para Marina
independentemente de qualquer arranjo de cúpula que, de todo modo, não é
compatível com o perfil voluntarista e onipotente de Marina. E a única via para
Aécio ou Dilma chegarem a um eventual segundo turno é, repito, continuar
polarizando entre si sem, entretanto, deixar Marina correr solta.
Para o PT, polarizar com o PSDB seria menos
arriscado do que polarizar com Marina, que implicaria poupar Aécio. Mas o
desgaste do PT é amplo, geral e irrestrito. Conquistar votos tucanos não será
fácil após mais de uma década de hostilidade implacável. Reintegrar
ex-eleitores lulistas que estão migrando para Marina, seria ainda mais difícil.
Paciência: corrigir doze anos de desmandos não é fácil mesmo. Além disso, é
provável que o PT, devido a sua paixão pela hegemonia, e Dilma – por
ressentimento pessoal – descarreguem suas baterias preferencialmente contra uma
trânsfuga como Marina.
Ainda que tente conter os danos, o PT como
partido, a julgar pela hostilidade generalizada que vem sofrendo, sairá
enfraquecido. Quanto a Dilma, se não chegar ao segundo turno, pode encomendar o
pijama.
Quanto ao PSDB, a falta de empolgação com a
candidatura presidencial não parece afetar seu desempenho nos Estados. Mas uma
derrota no primeiro turno comprometerá não apenas o futuro de Aécio, mas também
a relevância nacional do partido. Entretanto, sendo um candidato menos
rejeitado do que Dilma, e se lograr capitalizar o bom desempenho dos candidatos
tucanos ao governo dos grandes colégios, Aécio poderá conter a atual sangria
polarizando com Dilma. Se for bem sucedido em expor os graves defeitos de
Marina sem agressões – ou seja, desqualificando-a “com classe” ou levando-a a
desqualificar-se por ela mesma – ainda poderá recuperar parte do eleitorado
migrante, além de eventualmente aumentar o desgaste da adversária estratégica,
isto é, Dilma.
Quanto ao segundo turno – provável na hipótese
de Marina continuar crescendo, mas sem uma queda acentuada dos demais – ela se
beneficiará dos votos lulistas, e de esquerda em geral, para derrotar os
tucanos, ou dos votos de centro e de direita contra Dilma. O eleitorado do PMDB
é vinculado localmente às lideranças regionais mas, nas eleições presidenciais,
segue as linhas do eleitorado em geral e não as orientações partidárias. O PMDB
se guardará para o “terceiro turno”, isto é, para pesar decisivamente no
momento de garantir uma transição sem demasiados traumas e um início de governo
sem impasses decisórios.
Se esse quadro se revelar correto – desde que a
bolha de encantamento não murche nem exploda sozinha – Marina deveria sair
vitoriosa. Porém, mais cedo ou mais tarde a bolha irá se desfazer no ar, pois é
isso que as bolhas fazem. Por motivos distintos, foi assim com Collor, foi
assim com Lula, será assim com Marina.
No caso específico de Marina, o esvaziamento da
bolha resultará de uma combinação de fatores pessoais e estruturais, estes ligados
à dinâmica da democracia representativa que pode ser sumariamente descrita da
seguinte maneira. Nos regimes presidencialistas o Executivo e o Legislativo são
eleitos por colégios distintos, dando origem a duas maiorias não
necessariamente coincidentes e, portanto, potencialmente divergentes. Para
governar num sistema multipartidário como o nosso, a dinâmica
democrático-representativa obriga o chefe do Executivo a negociar a criação de
uma maioria parlamentar governista. Isso implica concessões de parte a parte ou
o emprego dos chamados métodos “não-republicanos”. Entre estes se inclui o
emblemático “mensalão” ou o apelo a forças extra institucionais, como a
intimidação mediante a mobilização das ruas, o emprego da polícia, do
judiciário ou da força militar para fins políticos.
A opção entre sacrificar seus ideais e seu
programa com concessões, ou sacrificar seus princípios corrompendo ou
intimidando os interlocutores, depende de inclinações pessoais do presidente –
como sua habilidade para negociar e sua atitude conciliatória ou, ao contrário,
seu grau de voluntarismo e prepotência. E de fatores institucionais – como a
cultura partidária de sua coalizão ou de sua facção. Porém, enquanto a escolha
entre métodos é uma opção, governar com o apoio efetivo ou, pelo menos, com o
consentimento da maioria da representação nacional, legalmente eleita, é uma lei
de ferro da democracia representativa. O resto pode ser um regime corrupto, um
regime policial, um regime militar, um regime teocrático, ou todos os acima.
Não é um regime de democracia representativa.
É essa lei de ferro que Marina chama de “velha
política”, e já deixou claro e explícito que não pretende respeitá-la. Em
entrevista ao telejornal da Globo News, confrontada com o fato de que, se for
eleita, não disporá de maioria para governar, alternou entre várias respostas,
ora que é a “sociedade” quem vai governar, ora que ela vai governar com “os
melhores”, ora que a “sociedade” vai nomear “os melhores”. Mas não admitiu sequer
que terá que governar com a maioria nacional legitimamente eleita para tal.
O que a leva Marina a vilipendiar a lei de ferro
da democracia representativa tachando-a de “velha política”, em proveito de uma
“nova política” tão velha como a Sereníssima República de Veneza – aquela do
tempo dos Borgia - não é apenas uma
opção racional baseada em seu desconhecimento da História e da Política.
Trata-se de uma crença enraizada em suas inclinações pessoais e na cultura
política de sua facção – certamente não na cultura política da Esquerda
Democrática que deu origem ao Partido Socialista. Frases como “o presidente não
tem que ser prisioneiro do partido”, “um homem de bem não pode deixar de
colaborar com o (meu) governo”, mostram que, para ela, e certamente para sua “rede”,
negociar é uma coisa corrupta, fazer concessões é aprisionar-se. Em
contrapartida, a virtude de seus ideais, e dos poucos homens justos que ela
reconhece, bastaria para garantir o bom governo e até o fechamento das contas
nacionais – se necessário, com a ajuda divina.
Pobres de nós, pecadores, que teremos pela
frente um longo calvário de crises e desgoverno. Mas assim como sobrevivemos ao
ippon de Collor, ao mensalão de Lula e aos apagões de gestão de Dilma,
sobreviveremos a um eventual marinaço.
[Recebido em 29/08/2014, sem indicação de publicação]
Politica externa: nao so diplomatas e economistas - Marcos Troyjo
Além de Fazenda e Itamaraty
Marcos Troyjo
Folha de S. Paulo, Sexta, 29 de agosto de 2014
O lugar do Brasil no mundo foi para o centro do debate. À medida que se aproximam eleições presidenciais, nota-se que o tema da inserção externa do País -- sua participação nos fluxos globais de poder e riqueza -- deixou de ser apenas assunto para diplomatas, militares e círculos restritos do pensamento nacional.
Empresários, jornalistas, acadêmicos, sindicalistas, ongueiros -- todos passaram a ter opinião mais ou menos bem fundada sobre alianças regionais, predileção pelo multilateralismo, parcerias comerciais, relações com EUA e Europa ou cooperação com países emergentes.
Nesse bem-vindo exercício, clara tendência salta aos olhos. Em diferentes modulações, a sociedade parece supor que nossa inserção global resulta sobretudo de duas variáveis: gestão macroeconômica e política externa.
É claro que bom manejo cotidiano de variáveis monetárias e fiscais é imprescindível. Não há dúvida que defesa da moeda e credibilidade da autoridade econômica desanuviam preocupações e ajudam a construção de horizontes de longo prazo.
Na mesma linha, a diplomacia é tanto mais eficaz se orientada e conduzida por profissionais investidos no interesse nacional, não em afinidades aparentadas ao ilusório contraste esquerda/direita ou Norte/Sul.
Nessa abordagem incompleta, entende-se que daríamos largada a uma nova inserção internacional com dois movimentos.
Por um lado, mudança de titulares na Fazenda e no Banco Central que trouxesse novos ares de confiança e competência técnica.
Por outro, rebocar o Itamaraty da atual condição coadjuvante para que não se reproduzam os recentes furos n’água -- terceiro-mundismo, liderança regional auto-atribuída, mediação do impasse nuclear no Irã, apego fundamentalista ao multilateralismo e tantos outros.
Readequações na política macroeconômica e na diplomacia não bastam, contudo, para o sucesso da inserção externa. Nosso êxito internacional só pode se dar com um modelo de "governança da estratégia" que responda de forma estruturada à nova trama global.
Nada de dirigismo -- mas o Brasil carece hoje da visão e coordenação necessárias na confluência das frentes industrial, comercial e tecnológica. Não relaciona reformas internas à melhoria de ambiente de negócios e à competitividade externa.
Resultado: padece para atrelar-se às cadeias transnacionais de valor. Não tem ideia do que fazer ante essa “China 2.0” de grande escala econômica e sofisticada tecnologia. Arrasta-se na formação de elites para o campo do conhecimento e do empreendedorismo.
Nenhum dos desafios dessa “reglobalização” em que estamos ingressando compõe o cardápio cotidiano de atribuições da dupla “Fazenda-Banco Central" ou do Itamaraty.
Apesar da hipertrofia burocrática, inexiste no organograma, na prática e no conteúdo do Estado brasileiro instância que, em interação com a sociedade, formule e articule ações estratégicas.
Pena. Nossa inserção internacional é coisa séria demais para ser atribuída tão somente a macroeconomistas e diplomatas.
mt2792@columbia.edu
Marcos Troyjo
Folha de S. Paulo, Sexta, 29 de agosto de 2014
O lugar do Brasil no mundo foi para o centro do debate. À medida que se aproximam eleições presidenciais, nota-se que o tema da inserção externa do País -- sua participação nos fluxos globais de poder e riqueza -- deixou de ser apenas assunto para diplomatas, militares e círculos restritos do pensamento nacional.
Empresários, jornalistas, acadêmicos, sindicalistas, ongueiros -- todos passaram a ter opinião mais ou menos bem fundada sobre alianças regionais, predileção pelo multilateralismo, parcerias comerciais, relações com EUA e Europa ou cooperação com países emergentes.
Nesse bem-vindo exercício, clara tendência salta aos olhos. Em diferentes modulações, a sociedade parece supor que nossa inserção global resulta sobretudo de duas variáveis: gestão macroeconômica e política externa.
É claro que bom manejo cotidiano de variáveis monetárias e fiscais é imprescindível. Não há dúvida que defesa da moeda e credibilidade da autoridade econômica desanuviam preocupações e ajudam a construção de horizontes de longo prazo.
Na mesma linha, a diplomacia é tanto mais eficaz se orientada e conduzida por profissionais investidos no interesse nacional, não em afinidades aparentadas ao ilusório contraste esquerda/direita ou Norte/Sul.
Nessa abordagem incompleta, entende-se que daríamos largada a uma nova inserção internacional com dois movimentos.
Por um lado, mudança de titulares na Fazenda e no Banco Central que trouxesse novos ares de confiança e competência técnica.
Por outro, rebocar o Itamaraty da atual condição coadjuvante para que não se reproduzam os recentes furos n’água -- terceiro-mundismo, liderança regional auto-atribuída, mediação do impasse nuclear no Irã, apego fundamentalista ao multilateralismo e tantos outros.
Readequações na política macroeconômica e na diplomacia não bastam, contudo, para o sucesso da inserção externa. Nosso êxito internacional só pode se dar com um modelo de "governança da estratégia" que responda de forma estruturada à nova trama global.
Nada de dirigismo -- mas o Brasil carece hoje da visão e coordenação necessárias na confluência das frentes industrial, comercial e tecnológica. Não relaciona reformas internas à melhoria de ambiente de negócios e à competitividade externa.
Resultado: padece para atrelar-se às cadeias transnacionais de valor. Não tem ideia do que fazer ante essa “China 2.0” de grande escala econômica e sofisticada tecnologia. Arrasta-se na formação de elites para o campo do conhecimento e do empreendedorismo.
Nenhum dos desafios dessa “reglobalização” em que estamos ingressando compõe o cardápio cotidiano de atribuições da dupla “Fazenda-Banco Central" ou do Itamaraty.
Apesar da hipertrofia burocrática, inexiste no organograma, na prática e no conteúdo do Estado brasileiro instância que, em interação com a sociedade, formule e articule ações estratégicas.
Pena. Nossa inserção internacional é coisa séria demais para ser atribuída tão somente a macroeconomistas e diplomatas.
mt2792@columbia.edu
Politica economica companheira: o desmantelamento da vertente cambial - Nathan Blanche
O governo lulo-petista-dilmista já conseguiu desmantelar as metas de inflação e a responsabilidade fiscal. Agora se ataca à flutuação cambial. Vai conseguir não deixar pedra sobre pedra. Parabéns pela obra destruidora.
Paulo Roberto de Almeida
O desmantelamento da flutuação cambial
Paulo Roberto de Almeida
Across the Empire (1) First day: boring roads, sempre mais do que o planejado...
Across the Empire (1) First day:
boring roads, sempre mais do que o planejado...
Conseguimos sair de Hartford, Carmen
Lícia e eu, em torno de 16hs, depois de um dia cheio de trabalho que tinha
começado antes das 7hs da manhã, e envolveu antes de partir alguns telegramas
de serviço, duas ou três corridas entre o trabalho e a residência, arrumação de
coisas no carro, telefonemas de função, e outras pequenas coisas que já esqueci
(já estava com a mente fixada na estrada, uma segunda residência).
O caminho tinha tudo para ser
aborrecido, e foi mais do que o previsto: vários trechos de estrada em via
única por serviços de manutenção e um ou outro acidente menor, onde a polícia é
o maior obstáculo, não o acidente.
Eu tinha planejado fazer apenas
pouco mais de 200 milhas, em três horas e meia, de Hartford a Wilkes-Barre, já
na Pennsylvania, depois de atravessar o restante de Connecticut e a tripa do
estado de New York, um pouco acima de West Point (pela Inter-state 84), e foi
mais do que o previsto também.
Segundo o Google Maps, a distância
entre Hartford, CT, e Milesburg, PA, onde chegamos as 22h35 (Hotel Quality
Inn), é de 328 milhas, que poderiam ser feitas em pouco mais de cinco horas.
Contando, porém, os serviços de estrada, engarrafamentos próximos de cidades na
saída do trabalho, entre 16 e 18hs, mais duas paradas para descanso e restauração,
fizemos exatamente 329 milhas (pelo odômetro do carro), num tempo total de 6h30
(dos quais 50 minutos devem ter sido ocupados por paradas voluntários).
Nada a destacar no caminho, estradas
que conhecemos bem, pois já fizemos três ou quatro vezes o caminho de Chicago:
I-84W, I-81S e I-80W, por vales e montanhas moderadas. Tempo agradável na maior
parte do percurso, mas já esfriando ao chegar no hotel.
A foto abaixo reproduz um mapa do
Guia Verde dos hotéis da região, com boa parte do percurso que fizemos, pela
I-84W, desde CT e atravessando o estado de NY, e entrando na Pennsylvania,
descendo pela I-81S e ultrapassando Wilkes-Barre onde pretendíamos dormir
originalmente, e continuando pela I-80W, até quase o fim do mapa, no coração desse
estado.
Amanhã, sábado, devemos continuar pela I-80W,
atravessar todo o estado de Ohio e parar para dormir em Indiana. Como sempre,
sempre fazemos mais do que o planejado, que seria uma etapa de 600 milhas, ou
960km, o que é normal para os nossos padrões. Mas depende do que aparecer pelo
caminho (seguindo o Guia USA), ou dos trabalhos de manutenção. O Google Maps
indica, neste momento, sete trabalhos de estrada e dois acidentes, que amanhã terão
sido reabsorvidos (para dar lugar a outros, provavelmente). Assim segue o
caminho.
Deste ponto até Denver, nossa primeira grande
etapa (e com dois fusos horários para trás, na zona das montanhas) são ainda
1.556 milhas, que o Google maps indica poder ser feito em 22h42m, para os
malucos que viajam sem parar...
Vou ler um jornal, percorrer a
Foreign Affairs e depois dormir. Tenho várias Economists que trouxe comigo para
ler ou reler matérias importantes, inclusive um Special Survey sobre a China e
outras maldades sobre o Putin...
Boa noite.
Paulo Roberto de Almeida
Milesburg, PA, 30/08/2014
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Podcast do Instituto Mises - entrevista com Paulo Roberto de Almeida
134º Podcast Mises Brasil - Paulo Roberto de Almeida
Neste link: http://www.mises.org.br/FileUp.aspx?id=334
Eu preparei um texto antecipando essa entrevista, mas que é, obviamente, diferente do que foi falado.
Neste registro:
Texto dividido em seis partes para divulgação no blog Diplomatizzando, em 23/08/2014, segundo o esquema a seguir: 1) Diplomacia e política externa: quão diferentes? (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista.html); 2) Nunca Antes na Diplomacia: ideias boas e menos boas (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_23.html); 3) A diplomacia profissional e a engajada (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_93.html); 4) Existiria uma diplomacia liberal e outra menos liberal? (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_5.html; 5) Os estragos da diplomacia amadora sobre a política externa (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_95.html); 6) Ruptura de padrões e deterioração institucional na era do Nunca Antes (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_97.html). Consolidado em postagem sintética (23/08/2014: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-alguns.html).
PODCAST 134 - PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
Desde
2003 a diplomacia brasileira, antes conhecida pela sua postura sóbria e
atuação silenciosa, passou a figurar no noticiário e a ser pauta de
conversas, mas não pelo lado positivo, mas pelo estardalhaço que passou a
provocar. O governo do PT passou usar a política externa do país como
instrumento de atuação ideológica do partido, principalmente na América
Latina, sob orientação do então assessor especial para assuntos
internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Sob a presidência Dilma, em julho, o Itamaraty
divulgou nota em que condenava o uso desproporcional da força pelo
governo Israel contra os terroristas do Hamas e recebeu de volta uma
simpática declaração do porta-voz da chancelaria isralense, Yigal
Palmor, de que o comportamento do governo brasileiro mostrava “a razão
por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente
irrelevante”.
O
que aconteceu no âmbito da política externa brasileira? O Itamaraty
mudou? Estas e outras questões são abordadas no ótimo livro Nunca Antes na Diplomacia - A Política Externa Brasileira em Tempos Não Convencionais,
do diplomata Paulo Roberto de Almeida. Em entrevista ao Podcast do IMB,
Paulo falou sobre os temas principais do seu livro e se em algum
momento histórico a diplomacia brasileira agiu num sentido mais liberal.
O
diplomata também contou como deixou de ser marxista, que se exilou
durante a ditadura, para se tornar um liberal e explicou como as ideias
liberais poderiam ajudar a diplomacia brasileira. Paulo também analisou a
influência negativa do lulo-petismo nas relações internacionais do
Brasil e de que forma essa orientação política poderá modificar a forma
de agir e de pensar da diplomacia brasileira.
***
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Eu preparei um texto antecipando essa entrevista, mas que é, obviamente, diferente do que foi falado.
Neste registro:
Texto dividido em seis partes para divulgação no blog Diplomatizzando, em 23/08/2014, segundo o esquema a seguir: 1) Diplomacia e política externa: quão diferentes? (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista.html); 2) Nunca Antes na Diplomacia: ideias boas e menos boas (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_23.html); 3) A diplomacia profissional e a engajada (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_93.html); 4) Existiria uma diplomacia liberal e outra menos liberal? (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_5.html; 5) Os estragos da diplomacia amadora sobre a política externa (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_95.html); 6) Ruptura de padrões e deterioração institucional na era do Nunca Antes (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_97.html). Consolidado em postagem sintética (23/08/2014: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-alguns.html).
Politicas economicas no G7: os ortodoxos viraram keynesianos...
Na verdade, já eram, só ficaram ainda mais. Ou seja, encontre uma tia rica que pague o seu cartão de crédito, ou jogue as dívidas para seus filhos e netos...
La conferencia anual en Jackson Hole (Wyoming) ha cumplido las expectativas y ha dejado mensajes muy claros sobre el devenir de la política monetaria en los próximos meses. Los discursos de los máximos mandatarios de la Fed y del Banco Central Europeo, Janet Yellen y Mario Draghi expresaban, sin embargo, realidades muy diferentes que conllevan acciones también distintas. Tal vez uno de los aspectos más interesantes de la cita de este año es que el tema principal del debate era el mercado de trabajo. Las preocupaciones expresadas en torno al desempleo revelan las desiguales circunstancias de forma evidente: en Estados Unidos las discusiones se han enfocado en la calidad del empleo creado y en cómo medir el desempleo de forma más certera y en “tiempo real”. En la eurozona, el problema es más perentorio y grave: cómo crecer para crear puestos de trabajo y que los ciudadanos noten de verdad una recuperación económica que precisamente ahora está de nuevo en cuestión.
Lo bueno de Jackson Hole es que, de alguna manera, los responsables de la política monetaria encuentran en aquel idílico paisaje un salvoconducto temporal para expresarse con mayor libertad de lo que habitualmente pueden hacer. Apuntando no sólo la visión de largo plazo de sus instituciones, sino también su perspectiva y matices personales. Dado que la urgencia aprieta, a Draghi se le notó algo más suelto de lo habitual y, sin perder rigor académico, envió mensajes contundentes que pueden marcarle, una vez más, como game changer en la eurozona. En dos niveles.
El primero se refirió a su mandato y situó la preocupación por la deflación en un plano de gravedad que hasta ahora no se había mostrado. De hecho, apeló de forma extraordinaria a combinar dos grandes medidas para relanzar la recuperación económica en el área del euro: ampliar las acciones extraordinarias de política monetaria y coordinar las políticas fiscales. Respecto a lo que queda dentro de su capacidad, se avanzó que el estímulo programado del crédito mediante los TLTRO desde septiembre podría verse complementado con compras de activos. En relación con las políticas fiscales, Draghi cambió las tornas con una petición dura a los Gobiernos europeos para realizar una de las pocas acciones fiscales que es compatible con la austeridad: la coordinación de acciones de estímulo, tanto de demanda como de oferta.
El segundo nivel del discurso de Draghi fue el más técnico, pero igualmente crudo. Se trataba de la situación del mercado de trabajo en la eurozona. El desempleo se presentó como un problema extraordinariamente desigual a lo largo de la geografía europea, achacable tanto a factores cíclicos como estructurales y en el que España aparecía como una de las realidades más preocupantes, a pesar incluso de los esfuerzos realizados, lo que supone una apelación a mayores reformas. De forma general, lo que Europa se está jugando es si entrar en una tercera recesión —la dimisión en bloque del Gobierno francés ayer confirma esta encrucijada— con la que se encontraría con la deflación absolutamente de cara y aunque el BCE actúe, las reformas pueden ser el único puntal de crecimiento a largo plazo.
Por el lado estadounidense, el mensaje más claro era digno de envidia al otro lado del Atlántico. Yellen admitió que la recuperación se estaba acelerando y que existía un consenso al respecto y anticipó subidas de tipos de interés. En todo caso, teniendo en cuenta la inflación en Europa, es posible que los tipos de interés reales no sean muy diferentes durante algún tiempo. Pero aunque eso pueda hacer que la ensalada monetaria parezca similar, la realidad es que ambos lados del Atlántico el aderezo es muy distinto. En Estados Unidos sabe dulce y en Europa es muy agrio.
Desculpem-me pelo simplismo, mas é isso que estão fazendo os países mais avançados (???: em quê exatamente?).
Paulo Roberto de Almeida
Lo bueno de Jackson Hole es que, de alguna manera, los responsables de la política monetaria encuentran en aquel idílico paisaje un salvoconducto temporal para expresarse con mayor libertad de lo que habitualmente pueden hacer. Apuntando no sólo la visión de largo plazo de sus instituciones, sino también su perspectiva y matices personales. Dado que la urgencia aprieta, a Draghi se le notó algo más suelto de lo habitual y, sin perder rigor académico, envió mensajes contundentes que pueden marcarle, una vez más, como game changer en la eurozona. En dos niveles.
El primero se refirió a su mandato y situó la preocupación por la deflación en un plano de gravedad que hasta ahora no se había mostrado. De hecho, apeló de forma extraordinaria a combinar dos grandes medidas para relanzar la recuperación económica en el área del euro: ampliar las acciones extraordinarias de política monetaria y coordinar las políticas fiscales. Respecto a lo que queda dentro de su capacidad, se avanzó que el estímulo programado del crédito mediante los TLTRO desde septiembre podría verse complementado con compras de activos. En relación con las políticas fiscales, Draghi cambió las tornas con una petición dura a los Gobiernos europeos para realizar una de las pocas acciones fiscales que es compatible con la austeridad: la coordinación de acciones de estímulo, tanto de demanda como de oferta.
El segundo nivel del discurso de Draghi fue el más técnico, pero igualmente crudo. Se trataba de la situación del mercado de trabajo en la eurozona. El desempleo se presentó como un problema extraordinariamente desigual a lo largo de la geografía europea, achacable tanto a factores cíclicos como estructurales y en el que España aparecía como una de las realidades más preocupantes, a pesar incluso de los esfuerzos realizados, lo que supone una apelación a mayores reformas. De forma general, lo que Europa se está jugando es si entrar en una tercera recesión —la dimisión en bloque del Gobierno francés ayer confirma esta encrucijada— con la que se encontraría con la deflación absolutamente de cara y aunque el BCE actúe, las reformas pueden ser el único puntal de crecimiento a largo plazo.
Por el lado estadounidense, el mensaje más claro era digno de envidia al otro lado del Atlántico. Yellen admitió que la recuperación se estaba acelerando y que existía un consenso al respecto y anticipó subidas de tipos de interés. En todo caso, teniendo en cuenta la inflación en Europa, es posible que los tipos de interés reales no sean muy diferentes durante algún tiempo. Pero aunque eso pueda hacer que la ensalada monetaria parezca similar, la realidad es que ambos lados del Atlántico el aderezo es muy distinto. En Estados Unidos sabe dulce y en Europa es muy agrio.