O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 9 de março de 2016

Projecoes de queda do PIB este ano ja superam os 4% - OESP

Como escreveu o ex-ministro ( e até recentemente conselheiro econômico do Lula e da Dilma...) Delfim Netto, é preciso muita "competência" para conseguir jogar o Brasil em uma recessão dois anos seguidos ( e serão 3, ao que tudo indica, porque as previsões para 2017 são catastróficas também, caso não ocorra o impeachment ou deposição da presidenta Dilma...). Portanto, todos os patriotas às ruas no domingo 13 pelo impeachment da Dilma e/ou anulação da fraude eleitoral de 2014 !
Mauricio David

Projeções de queda do PIB este ano já superam os 4%
Luiz Guilherme Gerbelli e Marcia de Chiara
O Estado de S.Paulo, 8/03/2016

Safra de números negativos no início deste ano provocou revisões nas expectativas para a economia feitas por consultorias e bancos

A economia brasileira deverá ter em 2016, segundo analistas, uma recessão até mais forte do que a registrada no ano passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 3,8%. Nas projeções de bancos e consultorias, a queda da atividade pode até passar de 4% neste ano. Além disso, sem uma mudança de cenário, a avaliação é que pode haver mais um recuo também em 2017.

A safra de números negativos da economia no início deste ano provocou as revisões, para baixo, nas projeções para o PIB. Entre as razões apontadas para a mudança está a piora da indústria, do varejo e do crédito.

Na sexta-feira, o Credit Suisse reduziu a projeção para o PIB de 2016, de uma contração de 3,5% para 4,2%. Em 2017, a economia brasileira deve sofrer uma queda de 1%. “Os principais indicadores de atividade continuam a sugerir deterioração adicional da economia no primeiro trimestre”, informou o banco em relatório.

A Rosenberg Associados também piorou a perspectiva para 2016. Nos últimos dias, a consultoria revisou a projeção para o PIB de 2016 de -3,5% para -4%.

“Em janeiro e fevereiro, a produção industrial foi muito ruim”, diz Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg. Só a produção de veículos no primeiro bimestre recuou 31,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. “O comércio varejista também começou o ano mal”, afirma. Em janeiro, ela projeta uma redução de 7,9% no volume do varejo restrito (não inclui automóveis nem material de construção) em relação ao mesmo período de 2015.

A indústria e o varejo vão continuar emagrecendo neste ano por causa do tombo que houve no crédito, um dos motores do crescimento da economia nos últimos anos. Nas contas do diretor de pesquisa da GO Associados, Fabio Silveira, houve uma retração de 7,7% no crédito ao consumidor em janeiro deste ano comparado ao mesmo mês de 2015. “O crédito irriga 60% do PIB. Com essa retração, tiraram a escada”, diz Silveira. Ele revisou a projeção do PIB deste ano de -3,5% para -4,2%.

Política. A projeção para o desempenho da economia pode piorar ainda mais, dependendo do desenrolar da política.

Para os analistas, se houver uma atenuação da crise política, reformas importantes podem começar a sair do papel e, consequentemente, causar uma melhora das expectativas para a atividade. “Só um ambiente político mais harmonioso, que permita o avanço de algumas relevantes reformas, poderia encurtar esse longo ciclo de crescimento baixo”, diz Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco. O banco estima uma retração de 3,5% neste ano, mas projeta um crescimento de 1,5% no ano que vem, em um cenário com uma atenuação da crise política.

'Só um ambiente político mais harmonioso, que permita o avanço de algumas relevantes reformas, poderia encurtar esse longo ciclo de crescimento baixo', diz Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco
Sustentabilidade. A MB Associados projeta queda de 3,8% no PIB deste ano e um crescimento de 0,6% em 2017, se a presidente Dilma Rousseff deixar o cargo. No caso dela continuar, a retração pode chegar a 4,9% este ano e a 1% em 2017. “A presidente não consegue mais liderar qualquer tipo de mudança na economia, muito menos reformas”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Projeções
 
Mesmo os economistas que estimam um desempenho da economia um pouco melhor em 2017, avaliam que não se trata de algo sustentável. “É preciso uma retomada da confiança que traga os investimentos de volta”, diz Maurício Molan, economista-chefe do Santander. O banco espera avanço de 1,2% em 2017.

terça-feira, 8 de março de 2016

Miniresenhas de livros de diplomatas - Revista ADB 1/2016 - Paulo Roberto de Almeida

Como ainda vai demorar para a revista da ADB ser publicada, e como não sei se vão publicar todas as oito miniresenhas, ou guilhotinar um quarto ou até a metade, resolvi postar aqui preventivamente as elaboradas desde o ano passado e recentemente dos últimos livros recebidos, ou lidos em biblioteca.
Já tenho várias outras no pipeline, ou no forno, ou ainda na sala de espera...
Paulo Roberto de Almeida


Prata da Casa - Revista ADB: 1ro. quadrimestre 2016

Paulo Roberto de Almeida
Revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 23, n. 92, janeiro-abril 2016, p. xx-xx; ISSN: 0104-8503)

(1) Synesio Sampaio Goes Filho Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas: um ensaio sobre a formação das fronteiras do Brasil (ed. rev. e atual.; Brasília: Funag, 2015, 409 p.; ISBN: 978-85-7631-544-5; coleção História Diplomática)


O autor vem navegando com este livro desde 1982, e ele já atravessou pântanos, corredeiras e despenhadeiros, para converter-se no que é hoje, apropriadamente, um clássico de nossa historiografia das fronteiras, na companhia do Barão, de Hélio Vianna, de Jaime Cortesão e de outros especialistas e negociadores, sem esquecer bandeirantes e diplomatas, que também deram sua contribuição para o Brasil ser o que é, desde o início da República. Nesta nova edição, o livro traz mais mapas e acrescenta revisões feitas a partir de suas outras encarnações, inclusive comerciais. O autor, tanto por esta obra de síntese didática e interpretativa, como pelas suas aulas no Instituto Rio Branco e outros trabalhos publicados, merece ser incluído entre os diplomatas-historiadores, uma distinção que vale tanto quanto ser classificado de grande negociador em prol do país.


2) Gelson Fonseca Jr.: Constantes e variações: a diplomacia multilateral do Brasil (Porto Alegre: Leitura XXI, 2015; 216 p.; ISBN: 978-85-86880-55-1);


O livro é uma adaptação da tese de doutorado defendida na URGS em 2014 e examina a importância do multilateralismo na política externa brasileira desde o início da República até os nossos dias. Depois de uma introdução bibliográfica e de uma discussão sobre a teoria do multilateralismo, o autor percorre os momentos fundadores da diplomacia brasileira, desde Rio Branco e Rui Barbosa até a Liga das Nações e São Francisco e, num grande capítulo sobre a evolução das posições brasileiras na ONU – onde ele foi representante – desde 1947, cobre o tema desde a era da Guerra Fria até a fase da redemocratização, passando pela Política Externa Independente e a diplomacia do regime militar. Um longo prefácio do ex-chanceler Celso Lafer repassa a obra acumulada do autor e destaca o essencial desta tese.



(3) Paulo Cordeiro de Andrade Pinto: Diplomacia e política de defesa: o Brasil no debate sobre a segurança hemisférica na década pós-Guerra Fria (1990-2000)
(Brasília: Funag, 2015, 262 p.; ISBN: 978-85-7631-566-7; Coleção CAE)


A tese não foi publicada quando devia e ficou defasada: já não se está nos anos 1990 quando os perversos imperialistas pretendiam fazer das FFAA os cães de guarda dos seus interesses na região: luta contra o narcotráfico e coisa e tal. Muita coisa mudou e o debate ficou para trás. O que mudou foi a criação de instâncias próprias de defesa no âmbito sul-americano, que aliás pretende a mesma coisa que os imperialistas expulsos: a promoção da coexistência pacífica regional, no que o Brasil está empenhado, mas sem os intrometidos. Aqui se superou a “reticência brasileira”. O mais importante, porém, seria saber contra quem, exatamente, exercer a defesa, com quais ferramentas e alianças fazê-lo. Quem sabe está na hora de reabrir o debate e discutir seriamente a questão, sem paranoias e sem falsos amigos? A tese oferece a base histórica para começar a pensar.


(4) Luiz Alberto Figueiredo Machado: A plataforma continental brasileira e o direito do mar: considerações para uma ação política (Brasília: Funag, 2015, 174 p.; ISBN: 978-85-7631-555-1; Coleção CAE)


Publicada 15 anos depois da defesa, a tese do ex-chanceler (então conselheiro) integra um pequeno grupo de trabalhos altamente especializados sobre o direito do mar e os interesses brasileiros nos diversos aspectos dessa área anteriormente insondável, e agora devassada justamente em função de trabalhos técnicos de grande qualidade sobre a “ultima fronteira física” do Brasil, algumas vezes designada como “Amazônia azul”. A análise histórica e jurídica para trás permanece inteiramente válida, e as tarefas à frente caminham no sentido aqui discutido, o que confirma, não um caráter visionário, mas a adequação dos argumentos de 2000 às realidades do presente (e não apenas em função do pré-sal). Muito do que se fez, pelo Itamaraty e outros órgãos, em prol da extensão dos limites da plataforma brasileira, seguiu o roteiro traçado neste livro.



5) João Paulo M. Peixoto (org.): Presidencialismo no Brasil: história, organização e funcionamento (Brasília: Senado Federal, 2015, 304 p.; ISBN: 978-85-7018-674-4);

Dois capítulos sobre diplomacia presidencial neste livro coletivo, um pelo professor da UnB Eiiti Sato, cobrindo as transformações do sistema internacional, o outro pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida abordando o mesmo tema em perspectiva histórica, com ênfase nos mandatos mais recentes de FHC e de Lula. Desde o Império chefes de Estado se envolvem na política externa, mas essa interação foi bem mais errática na República, podendo ser datado um papel mais ativo a partir de Getúlio Vargas. A consolidação do conceito se deu com FHC, e sua exacerbação ocorreu com seu sucessor, que conduziu uma política externa personalista, talhada ao gosto terceiro-mundista e anti-hegemônico do seu partido, e claramente identificada com uma visão do mundo peculiar a essas formações de esquerda.


(6) Valério de Oliveira Mazzuoli; Eduardo Bacchi Gomes (orgs.): Direito da Integração Regional: diálogo entre jurisdições na América Latina (São Paulo: Saraiva, 2015, 590 p.; ISBN: 978-85-02-62745-1)


Um único diplomata neste volume coletivo: Otávio Cançado Trindade, que assina um estudo da jurisprudência internacional em matéria de controvérsias entre Estados no campo dos direitos humanos. Entre 1794 e 1900 ocorreram 177 arbitragens entre Estados, e só nos últimos 15 anos 80 Estados participaram de procedimentos contenciosos na Corte Internacional de Justiça, mas existem diferentes instâncias, mais de 20 foros, com funções judiciais ou quase judiciais. As questões de direitos humanos não costumam integrar controvérsias no campo da integração regional, geralmente limitadas a problemas comerciais, ou econômicos, no sentido amplo. O ingresso da Venezuela bolivariana no Mercosul pode, justamente, suscitar questões relevantes na área, mas os estudos do autor cobrem basicamente casos no âmbito europeu e da ONU.


(7) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): Visões da obra de Hélio Jaguaribe (Brasília: Funag, 2015, 135 p.; ISBN: 978-85-7631-539-1)


Em 2013, o IHGB acolheu um evento em homenagem aos 90 anos do pensador do nacionalismo brasileiro e da integração no Cone sul. Coube ao diplomata Samuel Pinheiro Guimarães analisar sua contribuição para a diplomacia, o que fez enfatizando a “notável atualidade nas ideias que [HJ] defendeu para a política externa” (p. 81). Para “demonstrar” essa atualidade, destacou trechos do livro O Nacionalismo na Atualidade Brasileira, de 1958, indicando as similaridades com as políticas e posturas defendidas desde 2003 pela diplomacia brasileira, da qual ele foi um dos principais ideólogos. As mesmas oposições à época destacadas por HJ, entre o capital estrangeiro e o nacional, a autonomia ou a submissão ao império, a união da América Latina para “neutralizar o poder de retaliação dos Estados Unidos” (p. 89), seriam válidas ainda hoje. CQD...

(8) Maringoni, Gilberto et alii (orgs.): 2003-2013: uma nova política externa (Tubarão: Ed. Copiart, 2014, 256 p.; ISBN: 978-85-8388-023-3; disponível: http://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/11346.pdf)


Diversos diplomatas – com destaque para o então primeiro chanceler da terceira administração lulopetista, Antonio Patriota – participam deste volume, que reproduz as palestras e debates realizados em 2013, na Universidade Federal do ABC, para a maior glória da política externa ativa e altiva das administrações petistas. O ex-chanceler afirmou que a diplomacia de Lula identificou a América do Sul como espaço privilegiado de atuação do Brasil, o que, ipso facto, elimina o que já havia sido feito nas duas gestões de FHC. Para ele, a gestão seguinte à de Lula seria de consolidação, aprofundamento e ampliação. “Obviamente não há ruptura em relação ao período anterior”(p. 21). A Unasul também seria um espaço de defesa de valores comuns, como a democracia. Um volume inteiramente pro domo sua...



Paulo Roberto de Almeida
[Originais: Hartford, 5 de agosto; 4 de setembro de 2015;
Revisto: Brasília, 25 de janeiro de 2016;
Versão final: 5/03/2016]

Henry, o cinico, homenageia Xi, o autoritario (AFP, via Shanghai Daily)

De certa forma é esperado. Henry Kissinger, o homem que ama ditaduras -- não por serem ditaduras, mas porque elas asseguram ordem, o valor mais desejado pelo êmulo de Metternich -- é destacado na imprensa chinesa -- li no boletim diário do Shanghai Daily, mas a matéria, dizem, é da AFP -- como o promotor da imagem do líder autoritário chinês nos EUA e globalmente.
Faltou explicar o que são os "Four Comprehensives", ou "Quatro Abrangentes" desse pensamento fabuloso do pequeno Stalin chinês.
Ele certamente pretende o melhor para o seu país, e Kissinger também, ainda que por métodos pouco democráticos. Mas, o que é a democracia sem ordem?
Paulo Roberto de Almeida

Xi an outstanding leader, says a cartoon Kissinger

HENRY Kissinger lauding President Xi Jinping is a feature of the latest Chinese cartoon to hit the Internet.
The former US Secretary of State, who paved the way for former President Richard Nixon’s visit to China in 1972 and the establishment of ties between Beijing and Washington, is praised in the short video as “the most awesome foreigner.”
The clip is the latest in a series of animated videos created to promote political concepts such as President Xi Jinping’s “Four Comprehensives,” which was set to a rap jingle.
With white hair, square spectacles and striped tie, the cartoon Kissinger is shown speaking at a lectern and drinking tea with Xi, giving him a thumbs up.
“Most awesome foreigner Henry Kissinger publicly praised Xi Jinping,” the video says in Chinese, before showing Kissinger lauding Xi’s “profound knowledge” of the problem of corruption and his strength as a leader.
Xi “has rich life experience and I believe he is one of China’s most outstanding leaders,” the video has Kissinger say.
In a reference to Xi’s pledge to target both powerful “tigers” and low-ranking “flies” in his anti-graft drive, it also shows the president and Party chief hitting five sacked officials wearing tiger suits with a giant comic mallet, and beating a sleeping, startled tiger with a spiked caveman-style club.
“Uncle Xi not only beats tigers, he also beats snakes in their nests,” it says, showing the cartoon head of state smacking or stamping on the creatures.
The video is credited to the Chaoyang Studio and was shared widely on major Chinese websites yesterday.

Corrupcao no Brasil: imprensa francesa fala da "derrocada de Lula" - Valeurs Actuelles

"Sombra", em francês vem do verbo "sombrer", que quer dizer afundar...
Paulo Roberto de Almeida
Monde
Valeurs Actuelles, Lundi 07 Mars 2016 à 23:35 (mis à jour le 08/03/2016 à 10:39)

Et Lula sombra…


L'ancien président brésilien Lula. Photo © SIPA
Brésil. Rattrapé par le « scandale Petrobras », l’ancien président Lula da Silva, fondateur du Parti des Travailleurs (PT) et icône de la gauche la plus radicale au Brésil, a été interpellé le 4 mars. Il est soupçonné d’être au cœur du système de corruption alors que la présidente Dilma Rousseff (PT) est déstabilisée par de nouvelles accusations.
Comme un signal de détresse, la sonnette a retentie cinq fois. Il était 6 heures du matin lorsque le 4 mars les policiers ont perquisitionné le domicile de l’ancien président Lula da Silva (en exercice de 2003 à 2010), à Sao Bernardo, dans la grande banlieue de Sao Paulo, capitale économique du pays. Ils étaient nombreux et déterminés à agir vite dans cette vaste opération judiciaire qui visait à interpeller sur place le fondateur du PT (Parti des Travailleurs), icône de la gauche radicale au Brésil, soupçonné d’être au cœur du système de corruption tentaculaire de la « Pieuvre Petrobras » dont l’un des rouages clés est le « Lava-Jato » (« lavage express »), système de pots-de-vin et de trucages d’appels d’offres, objet d’une enquête diligentée par le juge Sergio Moro, surnommé au Brésil « Zorro » ou « Eliott Ness » pour son tempérament incorruptible.
21 milliards d’euros détournés
Première entreprise brésilienne, le groupe  pétrolier semi-étatique est devenu outre le plus endetté (86,5 milliards d’euros),  le symbole du clientélisme (fraudes à grande échelle et pots-de-vin). Dans le cadre de l’enquête ouverte en 2014, le préjudice a été évalué par le groupe pétrolier lui-même, à plus de « 88 bilhoes » de réaux (réal brésilien), 88 milliards de réaux, faisant le bonheur des réseaux sociaux dénonçant la corruption au Brésil avec un hachtag #88bilhoes; soit le détournement de plus de 21 milliards d’euros.
L’ancien président Lula serait l’un des « principaux bénéficiaires » du système Petrobras, il a « reçu beaucoup de faveurs d’entreprises corrompues » a indiqué le procureur Carlos Fernando dos Santos Lima. Vendredi 4 mars alors que les hélicoptères de la police fédérale tournoyaient au-dessus des gratte-ciel de Sao Paulo, quelques 200 policiers auraient été mobilisés pour mener simultanément plusieurs perquisitions dans la mégapole : outre au domicile de Lula da Silva, à celui de « Lulinha, » surnom de l’un de ses fils, Fabio Luis Lula ainsi qu’aux sièges de l’Institut Lula, d’une ONG, et de deux entreprises  de BTP , Odebrecht et OAS  que l’on sait impliquées dans le « scandale Petrobras » depuis l’ouverture de l’enquête (2014) au point d’être surnommées avec trois autres piliers des travaux publics, les « ripoux du pétrole ». Dans trois états, 33 mandats de perquisition et 11 mandats de détentions ont été menés.
7,5 millions d’euros à Lula
A titre personnel, le fondateur du PT qui continue de nier avec véhémence tout acte répréhensible, aurait reçu des entreprises de BTP corrompues  plus de 7,5 millions d’euros (plus de 30 millions de réaux) entre 2011 et 2014. Le financement de  travaux réalisés dans un triplex dans une station balnéaire et par ailleurs dans le domaine à Atibaia dans l’Etat de sao Paulo est visé par l’enquête.
Les cinq groupes de BTP impliqués dans l’enquête Lava-Jato auraient par ailleurs financés à 47% les conférences facturées par Lula depuis qu’il n’est plus au pouvoir. Enfin, 60% des donateurs faites à l’Institut Lula auraient pour créditeurs, ces mêmes piliers du Travaux publics, pour un montant non confirmé par le procureur. Celui-ci a par ailleurs contesté l’existence d’une enquête en cours contre la Présidente Dilma Rousseff  qui a regretté  « une interpellation inutile » de Lula et s’est montée le dimanche 6 mars à ses côtés. Elle est venue le soutenir à son domicile de Sao Bernardo et s’est laissée photographiée en sa compagnie à la fenêtre de son domicile, saluant des supporters qui s’étaient rassemblés.
Dilma comme l’appellent les Brésiliens, est elle aussi, dans la tourmente. Pas seulement parce que la Présidente est reconnue comme la protégée du fondateur du PT, voire par ses détracteurs comme  « la marionnette de Lula jusqu’aux élections de 2018 où il se présentera ». L’ancienne révolutionnaire de gauche est  torpillée par de nouvelles accusations alors que le pays traverse une crise économique historique : la plus grave depuis trente ans ; -3,8% en 2015, entre -3 et – 4% attendus en 2016, préfigurant selon les l’Oxford Economics, une  « lost decade » (décennie perdue).
Enquête Petrobras : Dilma a-t-elle « fait pression » ?
Pour avoir été  Présidente du conseil d’administration de Petrobras de 2003 à 2010, le nom de la Présidente du Brésil apparait dans l’enquête Petrobras depuis 2014. En cause la raffinerie de Pasadena (Etats-Unis) qui a pris feu de manière inexplicable le jour même de  l’interpellation de Lula (4 mars). Son rachat douteux en 2006 met directement en cause la présidente Dilma. Il s’est opéré avec une gigantesque surfacturation : la raffinerie a été acquise  initialement à 50%, pour 109 millions de dollars à son partenaire belge Astra Oil Trading qui l’avait acheté, à peine un an plus tôt,  43 millions de dollars. Ce n’est pas tout. Petrobras a déboursé dans la foulée de ce contrat,  plus de 1.2 milliard de dollars pour son acquisition en raison d’une étonnante clause stipulant l’intégralité du rachat en cas de mésentente entre actionnaires, processus opéré par un comité secret, intitulé non sans ironie, « comité des propriétaires ». « Coupable ou incompétente, Dilma ne pouvait ignorer les détails de ce rachat » accusent l’opposition depuis des mois alors qu’elle tente par ailleurs une procédure d’ « impeachement » (destitution) en raison d’irrégularités budgétaires.
On sait depuis presque deux ans que le« comité occulte » de Petrobras était dirigé avec un ancien directeur, Paulo Roberto Costa, déjà condamné dans une autre affaire de blanchiment de 4,5 milliards avec un agent de change Alberto Youssef qui a témoigné pour obtenir une remise de peine. C’est grâce aux déclarations en cascade de ce repenti que l’enquête pour corruption menée par la  police fédérale s’est alors accélérée. Les enquêteurs ont commencé à éplucher les comptes d’une myriade de sociétés du  BTP et entendus 39 politiciens, députés, sénateurs, anciens ministres, principalement élus de la majorité (PT, PMBD,PP). L’enquête  aurait désormais dans le collimateur plus d’une centaine de figures du monde politico-financier. « Petrobras était un réservoir à pots-de-vin et une plate-forme à fraude qui mène au sommet du pouvoir  » insiste  un ancien cadre du pétrolier.
Comme pour l’illustrer, surnommé l’ « allié frondeur » du PT au Congrès, l’ancien président de l’assemblée Edouardo Cunha (PMDB) qui nie tout en bloc, n’a pas pu échapper à la justice, malgré toutes ses tentatives de recours et ses menaces visant la BNDES. Le 3 mars, la Cour suprême a confirmé l’accusation de corruption et de blanchiment d’argent à son encontre.
Le 3 mars, un autre coup a été porté à Dilma en raison de nouvelles révélations qui émaneraient d’un autre repenti, le sénateur Delcidio do Amaral (PT) poursuivi depuis cet automne. Le magazine d’informations Istoé lui a consacré sa Une, à l’occasion de la parution en « exclusivité » d’un florilège de documents accompagnant sa supposée déposition (que l’intéressé conteste depuis).
Multiples accusations contre Lula et Dilma
Delcidio do Amaral  s’est toutefois  abstenu de tout commentaire sur les documents reproduits. L’enquête, publiée sur plusieurs pages et consultable sur le site du magazine (www.istoe.com..br ) est nourrie de détails édifiants. Parmi les accusations, l’allégation que la Présidente Dilma Rousseff était non seulement au courant des détails du contrat de Pasadena mais qu’elle aurait fait depuis pression, et ce,  à plusieurs reprises, sur le déroulement de l’enquête Lava-Jato. Selon Istoé, Delcidio aurait par ailleurs clairement désigné Lula comme pièce centrale du puzzle de ce système de corruption. Il l’accuserait d’avoir fait pression sur des témoins notamment dans l’affaire Mensalao (des mensualités) pots-de-vin qui avait aboutie à un retentissant procès (2012) condamnant l’entourage proche de Lula. Mensalao, considéré au Brésil comme « le procès du siècle », était l’aboutissement d’une longue enquête judiciaire entreprise contre le PT dès 2005, à la suite des révélations du magazine Veja  (14 mai 2005).
Aveu de faiblesse pour  Lula ?
Le Brésil connait un moment critique, avec dans les rues, un affrontement à craindre des « pro » et « anti » Lula. A ceux qui scandent « Povo com Lula » (le Peuple avec Lula) , criant au complot, voire au « coup d’Etat militaire » ( !) lors de son interpellation, ceux qui espèrent depuis longtemps la chute de l’icône de la gauche la plus radicale, répondent sans davantage de nuance « Lula, o cancer do Brasil ». Le pays en récession est aussi sous tension, avec des divisions très marquées.
« Lula n’est pas encore totalement impopulaire mais il est à genou. Il dit qu’il n’a pas peur mais pour la première fois, comme un aveu de faiblesse, il a sommé ses supporters de manifester pour le soutenir » estime l’ancien cadre de Petrobras qui parle sans détours de « méthodes mafieuses ».
L’ancien président devrait être prochainement à nouveau entendu, vraisemblablement « convoqué le 13 mars » assure une source proche de l’enquête. « Le diable se niche dans les détails  mais au Brésil, depuis 2003, c’est la main de Lula qui se faufile partout ; pas vraiment un signe de la maturité de notre démocratie » jugeait sévèrement un universitaire dès les premières révélations de l’enquête Lava-Jato.
Gare au grondement des « panelaços »
Seule bonne nouvelle, l’affaire Petrobras a fait grimper les ventes de journaux (« historiques », pour Fohla le 5 mars), signe d’un peuple loin d’être résigné.
Depuis des mois, les discours télévisés du PT sont inaudibles. Dans les grandes villes, lors de leur diffusion, le son des bruits de casseroles (panelaços) résonnent aux abords des fenêtres d’immeubles en guise de contestation. Et comme pour preuve que le colosse vacillant appartient bien à la catégorie des « émergents » ultra connectés, à cinq mois de l’organisation des Jeux Olympiques de Rio de Janeiro, certains font alors simplement résonner l’application « panelaço » de leur portable.

Conference on the History of Recent Economics - Sao Paulo, FEA-USP, 14-15/03/2016

The Department of Economics at University of São Paulo (FEA-USP) is very honored to host the 10th Annual Conference on the History of Recent Economics (HISRECO), that will take place in São Paulo on March 14th and 15th. If you happen to be around, you are most welcome to attend it, and the full program is available at HISRECO's website:
http://hisreco.org/
  If you are not around, you can watch the sessions live (but please make sure to take into account the time difference). The sessions will be streamed live through USP's online TV channel ("IPTV"), at the address:
http://iptv.usp.br/portal/transmissao/hisreco

  The list of sponsors is also available at the website, but we would like to stress that the financial support from the History of Economics Society (HES), under its "New Initiatives Fund" make it possible to cover the travel and lodging expenses of three young scholars (PhD student or someone who obtained his PhD in the last two years), out of the five originally scheduled to attend this year's conference. A novelty was introduced in this edition: a poster session with local Master's (or first-year PhD) students presenting their research interests. We are very happy to have five students in this poster session. We are most grateful to HES for this critical support.