Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Prospeccao: cenarios futuros em seminario do CGEE
Workshop sobre cenários discute com especialistas nacionais e internacionais enfoques para conectar alternativas de futuro com processos decisórios atuais
Boletim de Notícias do CGEE, 31/01/2013
O Workshop Internacional sobre Cenários reuniu no início de dezembro de 2012, no CGEE, especialistas de diversos institutos nacionais e internacionais para discutir diversos aspectos sobre a construção e o uso de cenários, incluindo tipologias; formas de lidar com complexidade e emergência; maneiras de se construir narrativas conectando o presente a distintas possibilidades de futuro; possibilidades de visualização, comunicação e uso de resultados; e impactos em políticas e decisões empresariais.
O workshop é uma iniciativa do Núcleo de Competência Metodológica do Centro (NCM) e teve o intuito de trocar experiências e o aprendizado mútuo. "A ideia foi fortalecer a habilidade de todos os participantes em conectar alternativas de futuro com processos decisórios atuais, bem como identificar a possível criação de parcerias", resume Cristiano Cagnin, assessor técnico e organizador do evento.
Ao todo foram sete painéis. No primeiro, chamado "Use of scenarios at the Austrian Institute of Technology (AIT)", Susanne Giesecke, pesquisadora visitante do AIT no CGEE, explicou como o instituto trabalha com cenários para obter soluções eficientes para os problemas que podem surgir no futuro. Susanne falou sobre o projeto "Scenarios for Research and Innovation Futures 2030: Exploring new ways of doing research" que o AIT realiza em parceria com diversas instituições e universidades. O foco do projeto é analisar novas maneiras de realizar e organizar pesquisas em universidades, organizações de pesquisa, empresas e na sociedade em geral. O projeto explora tendências, opções estratégicas e padrões emergentes buscando traçar cenários de 2020 a 2030.
Brian MacAulay, da think thank britânica Nesta, falou sobre o uso de modelos para construir cenários e avaliar distintas opções de políticas públicas. Para Brian a conexão entre modelos de sistemas complexos com enfoques qualitativos e relações sociais permite a criação de conhecimento combinado com a identificação de elementos emergentes. Assim, as vantagens de explorar o futuro estão na pluralidade e na inclusão, pois permitem que pessoas com diferentes opiniões debatam e todos sejam ouvidos de forma que possam contribuir com diferentes aspectos sobre as questões propostas.
A apresentação seguinte foi de Riel Miller, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sobre a disciplina da antecipação, que oferece, segundo Cristiano, "uma maneira robusta e consistente para o aprendizado e a troca, bem como para se incluir, de forma sistemática, aspectos transformativos e complexos na construção de narrativas". Além disso, Riel Miller discorreu sobre as maneiras de se capacitar equipes para lidar com emergências, complexidade e interconectividade.
Cláudio Porto, da Macroplan , empresa brasileira de consultoria em cenários prospectivos e administração estratégica, falou sobre a evolução dos estudos prospectivos no Brasil em quatro grandes estágios de maturidade. Cláudio destacou cinco grandes casos de construção de cenários no Brasil, entre eles, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Eletrobrás, a Petrobras, Governo de Minas Gerais e o projeto Brasil em Transição 2011-2022. Para Porto, o Brasil ainda é frágil, como país, na construção de estratégias de longo prazo, apesar de ter progredido muito nos últimos 30 anos.
Renata Nascimento Szczerbacki, da Petrobras, destacou o processo de planejamento estratégico da empresa e como a construção de cenários faz parte desse processo. A especialista apontou que essa combinação é fundamental para guiar a empresa, em todos seus seguimentos, para períodos de 20 anos. Renata discorreu sobre o último trabalho realizado em 2010 com horizonte 2030 e cortes em 2020, 2015 e 2011. O uso de cenários é importante para direcionar os investimentos que a empresa fará, pois o retorno é a longo prazo.
Lia Krucken, da Fundação Dom Cabral, mostrou como a fundação utiliza estudos prospectivos para inovar na construção de cenários para grandes empresas. Cenários são utilizados para dar suporte ao desenvolvimento de estratégias, compreender de forma holística o problema sendo analisado, antecipar desafios e construir um processo de aprendizado organizacional adaptativo. Nesse processo, a captura de sinais emergentes é fundamental para a identificação antecipada de oportunidades e ameaças, bem como o desenvolvimento de estratégias capazes de se anteciparem tais desafios.
No final, Lélio Fellows, do CGEE, apresentou aos participantes uma nova forma de se construir cenários. É um processo desenvolvido pelo NCM do Centro, dividido em quatro passos simplificados: identificar cenários (globais e conectados ao contexto sob observação) a serem analisados; desenvolver um modelo de documento específico para captar drivers, incertezas, sinais fracos, surpresas e outras variáveis a serem organizadas de acordo com critérios relevantes para o contexto sob análise; identificar as variáveis independentes mais relevantes; e desenvolver cenários na forma de um quebra-cabeças. Para Lélio, existe a crença de que "trabalhar com cenários é caro e demorado, mas é a nossa capacidade de exigir e de solucionar problemas que fará com que as coisas aconteçam concretamente", afirmou o especialista.
As discussões ajudaram a identificar possíveis caminhos para fortalecer o uso de cenários no CGEE e em organizações parceiras. "Uma análise mais profunda de elementos como cenários transformativos, ferramentas interativas para a visualização e a prototipação de resultados, o uso de enfoques robustos para construção de futuros alternativos mais criativos e capazes de abraçar a espontaneidade, a experimentação e a complexidade, a capacidade de fazer sentido de conhecimento coletivo distribuído, bem como a habilidade de comunicar melhor os resultados e de conectar o processo de cenários ao ciclo de tomada de decisão, entre outros, são essenciais para o fortalecimento da capacidade institucional de subsidiar políticas públicas conectando alternativas de futuro ao presente " conclui Cristiano Cagnin.
A partir do workshop, o CGEE desenha atualmente possíveis colaborações com a Unesco para 2013 e fortalece a colaboração com o Austrian Institute of Technology (AIT).
Judisches Bildung: a construcao de um povo pela educao - Book review
Provavelmente, junto com os chineses Han, eles representam a mais longa continuidade cultural e étnica na trajetória histórica de toda a humanidade. Os chineses têm uma continuidade sobretudo cultural, já que falam vários dialetos e atravessaram dezenas de dinastias numa mesma área geográfica. Pela escrita asseguram essa continuidade (inclusive pelo despotismo imperial).
Com os judeus é diferente: foram escravizados, derrotados, dispersos, eliminados, sujeitos a todo tipo de exação e sofrimentos. E no entanto persistiram, graças precisamente à educação. São um povo livre, no entanto, já que preservaram sua cultura, sua religião, sua identidade, independentemente das destruições e tentativas de extinção a que foram submetidos ao longo da história. O calendário judeu é sobretudo uma construção política moderna, mas que reflete basicamente uma continuidade real, meio submergida na legenda bíblica, mas sobretudo garantido pela identificação desse povo com uma história escrita que não tem paralelo em nenhum outro povo, nenhuma outra cultura.
Se alguém ainda duvida da importância da educação para o povo judeu, apresento um teste muito simples: compare a magnitude da população judia (menos de 1% dos habitantes do planeta, e provavelmente menos de 0,01% de toda a humanidade desde a Antiguidade) e que representam, no entanto, mais de 25% dos Prêmios Nobel nos últimos 100 anos, e provavelmente boa parte da cultura científica e cultural, em geral, da Humanidade, desde muitos séculos. Algum outro povo chega perto desse desempenho? Duvido. Contestadores podem apresentar os seus dados...
Abaixo a resenha de um livro sobre uma pequena parte dessa história multissecular, com meus agradecimentos tanto aos autores do livro quanto aos que foram, e são, o seu objeto próprio: sempre devemos ser reconhecidos aos que nos tornam mais inteligentes...
Paulo Roberto de Almeida
The Chosen Few: How Education Shaped Jewish History, 70-1492
------ EH.NET BOOK REVIEW ------
Title: The Chosen Few: How Education Shaped Jewish History, 70-1492
Published by EH.Net (January 2013)
Maristella Botticini and Zvi Eckstein, The Chosen Few: How Education Shaped Jewish History, 70-1492. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2012. xvii + 323 pp. $39.50 (hardcover) ISBN: 978-0-691-14487-0.
Reviewed for EH.Net by Carmel U. Chiswick, Department of Economics, George Washington University.
The Chosen Few by Maristella Botticini (Bocconi University) and Zvi Eckstein (Tel Aviv University) reminds us – for those who need reminding – how Cliometrics can transform our understanding of historical events. They examine Jewish history from an economic perspective with results that are both innovative and insightful.
The book is structured around a skeleton of straightforward economic theory, fleshed out with data – quantitative and qualitative – obtained from an extraordinary array of documentary evidence. The historical period covered is a few decades short of 1,500 years, requiring us to step back and look through a very broad lens, yet the proof offers details on everyday economic life and on the timing of events. The economic model is simple but not simplistic, presented elegantly without bells and whistles, sophisticated but accessible to a general reader. (Technical language is wisely confined to appendices that spell out the model mathematically and present details on statistics that are new or controversial.) And the overall result is a new perspective that will change forever the way we understand the economic history of Jews over a broad spectrum of time and space.
The economic model developed by Botticini and Eckstein uses a human capital approach to look at the way investments in religious education interact with occupational choice and earnings. At the beginning of their story, approximately in the first century, Judaism was in transition from a religion centered on the Temple in Jerusalem to a synagogue-based religion that could be observed anywhere that Jews lived. Part of this transition required that every Jewish male learn to read from the Torah, making basic literacy a part of religious training that began at the age of 5 or 6 and encouraging further study for those so inclined. This meant that even ordinary Jewish men (and sometimes women) could read, and perhaps write, at a time when literacy was rare among the common people.
Botticini and Eckstein develop a model placing Jewish literacy within its economic context. When urbanization and commercialization raised the demand for occupations where reading and writing was an advantage, the religious training of Jews gave them a comparative advantage. This meant that investments in Jewish religious education earned a reward in the marketplace as long as Jews moved into those occupations, which of course they did. In contrast, when urban and commercial economies declined, Jewish religious training lost its economic advantage. This deceptively simple model is the framework for understanding the economic incentives not only for Jewish occupational clustering but also for the strength of Jewish attachment to Judaism.
At the beginning of their story, in the year 70, Botticini and Eckstein estimate a population of some 5 million Jews (about the size of today’s American Jewish population), half of whom lived in the Land of Israel under Roman rule and the rest in various places in Mesopotamia, Persia, Egypt, Asia Minor and the Balkans. Within the next century the Jewish population dropped by nearly half, and by the year 650 there were only one million Jews living mostly in Mesopotamia and Persia. Throughout this period most Jews, like most non-Jews, were farmers, a fact that Botticini and Eckstein document in some detail. War and famine, including the exile that dispersed Jews after the Romans destroyed Jerusalem, explain no more than half of this decline, which was considerably greater than the general population decline during this period. As long as Jews remained farmers, however, the literacy requirement provided benefits only in the religious sphere but not in the secular economy. Many farmers responded by not investing in their children’s Jewish education, and most of their descendants assimilated into the surrounding (often Christian) populations. Those who remained Jews would have been a self-selected group of people with either strong preferences for religious Judaism or a high ability for reading and writing.
The second part of their period, approximately from 750 to 1150, uses the same model to explain why Jews (most of whom still lived in Persia and Mesopotamia) shifted from rural to urban occupations, from a community of farmers to one of craftsmen and merchants. Under the Muslim Caliphates cities grew, trade thrived, and the demand for occupations benefitting from literacy grew accordingly. Literacy skills Jews acquired as part of their religious education transferred readily to these urban occupations and were rewarded with high earnings, generating an income effect that supported a Golden Age of Jewish culture. Those Jews who remained as farmers were self-selected for persons who invested little in religious education and eventually assimilated into the general (Muslim) population.
Botticini and Eckstein look at demographic trends during this period of prosperity and cultural flowering, observing that the Jewish population not only grew in size but dispersed to cities all along the trading routes from India to Iberia, from Yemen to Europe. They are at pains to show that these migrations were not motivated by push factors like discrimination or expulsion, but rather by the pull of new opportunities for urban craftsmen and merchants. In most places the Jewish community concentrated in large cities, but in Europe – where the cities were too small to support much activity in high-level urban occupations – the Jewish communities were smaller and scattered more widely in many towns. The Mongol invasions of the thirteenth century destroyed the cities of the Middle East, devastated its commerce, and dramatically reduced demand for urban occupations throughout the region. Jewish religious education no longer yielded secular benefits in the impoverished Muslim economy, and the number of Jews declined as they assimilated into the surrounding population to avoid costly investments in religious human capital.
The Golden Age of Jewish culture in the Muslim world created a spiritual and intellectual legacy on which European Jewry could build. In particular, the Talmud and Responsa literature (correspondence ruling on religious observance in everyday business and family matters) discussed the application of ancient (biblical) rules to contemporary activities. This literature took Jewish religious studies well beyond basic literacy to develop literary sophistication and hone decision-making skills. After the Mongol invasions destroyed the Muslim commercial economy, Europe became the new center of Jewish learning that nurtured these skills. During the fourteenth century Spain had the most sophisticated economy in Europe and Spanish Jewry flourished in both religious culture and secular occupations.
Wherever they lived, Jewish communities maintained an active correspondence with each other on religious matters, creating networks that benefitted commercial activities as well. These networks meant that urban Jews living in capital-scarce countries could borrow from Jews in more prosperous communities. After the Mongol invasions, when European economies began to expand in the fourteenth and fifteenth centuries, imperfect capital markets created arbitrage opportunities that made money lending an especially profitable business. Botticini and Eckstein argue convincingly that Jewish trading networks, mercantile experience, and universal literacy gave European Jews a comparative advantage in a very profitable profession for which few non-Jews had the relevant skills. They thus argue that religiously-motivated education (creating literacy and decision-making skills transferable to secular occupations) and religiously-motivated correspondence networks explain why money-lending had become the dominant occupation of European Jews by the fifteenth century.
Botticini and Eckstein’s simple yet sophisticated human capital analysis provides new insights into Jewish history for the fourteen centuries covered in this book. In the last chapter of The Chosen Few they promise us a new book carrying the analysis forward for the next 500 years, from 1492 to the present. Judging from the economic success of modern Jews, 80 percent of whom now live in the United States or Israel, their model suggests strong complementarity between skills developed by a Jewish religious education and those associated with business management and scientific investigation.
Intentional or not, The Chosen Few follows an expositional style that suggests this very hypothesis. Like the Talmud, each topic is introduced by a statement of fact (evidence) followed by questions about what those facts mean and how to explain them. They then consider a number of opinions (hypotheses), including their own, and discuss the pros and cons of each with respect to internal consistency and historical evidence. This methodology yields a very convincing Cliometric analysis that we can expect to inform all future economic histories of the Jews between 70 and 1492.
Carmel U. Chiswick is Research Professor of Economics, George Washington University, and Professor Emerita, University of Illinois at Chicago. She has published widely on the economics of religion, especially on Jews, and much of her work on this subject is collected in C. Chiswick, The Economics of American Judaism (Routledge, 2008).
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Congresso: o chiqueiro da politica - Congresso em Foco
Paulo Roberto de Almeida
A rendição do Congresso ao chiqueiro da política
Com um terço de seus parlamentares acusados criminalmente, o Congresso de Renan e Henrique dá sinais de preferir a imundície ao asseio das normas impostas pela moralidade pública
por Congresso em Foco
| 31/01/2013 18:15
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Os manifestantes pretendiam fazer ontem a lavagem simbólica da rampa do Senado para expressar a indignação que levou, até o momento em que é publicado este texto, mais de 250 mil brasileiros a subscrever o abaixo-assinado contra a volta de Renan à presidência do Senado.
O problema é que limpeza é algo que não combina muito com o Congresso. Nas últimas duas décadas, ele proporcionou seguidas demonstrações de afronta aos cidadãos que custeiam suas bilionárias despesas (perto de R$ 8 bilhões no ano passado): escândalo do orçamento em 1993, compra de votos para aprovar a emenda da reeleição em 1997, violação do painel em 2001, mensalão em 2005, sanguessugas em 2006, farra das passagens e atos secretos em 2009… a lista é infindável.
Mas sempre pode ser enriquecida, aumentando o tamanho dos golpes contra a cidadania, prova agora o processo em curso de eleição das Mesas do Senado e da Câmara. Estamos diante de uma daquelas tristes situações que nos levam a constatar que, em se tratando do Congresso brasileiro, sempre é possível piorar.
Exemplar é o caso de Renan. Na iminência de receber a maioria folgada de votos dos seus pares, foi até agora incapaz de esclarecer as denúncias que, seis anos atrás, o obrigaram a renunciar à presidência do Senado para preservar o mandato de senador.
Reconduzir Renan ao posto, antes de eliminar todas as dúvidas quanto à sua conduta, põe sob suspeita todo o Legislativo. Um poder que já apresenta um gigantesco passivo no que se refere ao “controle interno” dos seus integrantes e das suas ações. E daí? O Congresso, que tem um terço de seus parlamentares às voltas com acusações criminais, continua a dar sinais de preferir a imundície dos chiqueiros ao asseio das normas impostas por aquilo que, algo pomposamente, poderíamos chamar de moralidade pública.
Com menos pompa, poderíamos dizer que se espera atenção a pelo menos duas normas básicas: não roubar o dinheiro dos contribuintes e investigar ou colaborar com a investigação de crimes contra a administração pública, sobretudo quando os acusados forem deputados e senadores.
Oposta é a regra que prevalece no Congresso. Ali, cidadãos sob suspeita gozam de proteção oficial, tapinhas solidários nas costas, carro e despesas pagas pelo erário, e abusam da paciência de um povo que demonstra excessiva complacência em relação a políticos bandidos.
Desfilam pelos corredores do Legislativo desde políticos condenados a prisão até a espantosa figura de Paulo Maluf, alvo de um mandado da Interpol que lhe impede de pisar em qualquer outro país do mundo, sem ir imediatamente para a cadeia, mas que pode, legalmente, ser deputado no Brasil.
A precária mobilização popular, muito aquém do tamanho dos desaforos que o Parlamento tem metido pela goela abaixo da sociedade, contribui para o escárnio não ter fim.
Apoiado por todos os grandes partidos, inclusive da oposição, é dado como favorito na disputa da presidência da Câmara outro político sob fortes suspeitas, o atual líder peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN).
Questionados sobre possíveis desvios de conduta, ele e Renan reagem de modo semelhante. Ignoram a denúncia, ao mesmo tempo em que instruem adversários a atribuir os graves questionamentos que lhes são feitos a meros preconceitos contra nordestinos. Esta, aliás, é uma das imbecilidades preferidas da meia dúzia de militantes pró-Renan que nos últimos dias tenta infestar este Congresso em Foco com centenas de comentários, invariavelmente usando nomes falsos e termos ofensivos.
Como não há limites para o abismo moral, o PMDB, outrora valente combatente da ditadura e hoje confortável abrigo para novos e velhos suspeitos, prepara-se para eleger como líder outro parlamentar sob investigação, Eduardo Cunha (RJ). Também deve explicações à Justiça seu rival na disputa, Sandro Mabel (GO).
Em comum a Renan, Henrique, Eduardo Cunha e Mabel, a facilidade com que se aliam aos governos de plantão, sempre multiplicando os instrumentos a serviço de um tipo de política que, definitivamente, não cheira bem.
O Congresso em Foco sente-se no dever de manifestar perplexidade diante de tudo isso e se colocar à disposição dos brasileiros que pretendem ver um Congresso radicalmente diferente. Afinal, fazemos jornalismo na esperança de contribuir para as coisas mudarem para melhor – não para pior.
Veja ainda:
Renan é denunciado no caso dos bois
Tudo sobre a eleição das Mesas da Câmara e do Senado
Memoria das vitimas do Holocausto: defender a dignidade humana e a verdade por vezes custa caro...
Na solenidade promovida (...) foi também prestada uma homenagem a Aracy Guimarães Rosa, funcionária do consulado em Hamburgo, e Luis Martins de Souza Dantas, embaixador brasileiro na França, que, nas décadas de 1930 e 1940, salvaram centenas de judeus, ao obter vistos para o Brasil contrariando ordens do governo Getúlio Vargas.
Pois é, às vezes é preciso contrariar ordens superiores para manter a dignidade...
A (Des)Ilusao (Latino-)Americana, ou Eduardo Prado revisitado - Demetrio Magnoli
Em seu livro "A Ilusao Americana" ele já denunciava o imperialismo americano (para gáudio dos antiamericanos de hoje), mas também proclamava, azedamente, que "a solidariedade americana é uma mentira".
Os companheiros de hoje se empenham no antiamericanismo primário e pretendem fazer a integracao exclusivamente latino-americana, com os resultados que se sabem...
Bem, a história é longa, e eu voltarei a ela um dia desses, por enquanto mais um artigo de um crítico da diplomacia lulo-petista.
Paulo Roberto de Almeida
Lula e a falência da 'Doutrina Garcia'
"Não tem explicação, depois de mais de 500 anos, eu inaugurar a primeira ponte entre Brasil e Bolívia; não em explicação, depois de mais de 500 anos, eu inaugurar a primeira ponte entre Brasil e Peru", proclamou o ex-presidente, sem ser corrigido por nenhum dos intelectuais que decoravam o ambiente. O trem inaugural da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré chegou a Guajará-Mirim em abril de 1912. Os presidentes Café Filho e Paz Estenssoro inauguraram a Estrada de Ferro Brasil-Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra, em janeiro de 1955. A Ponte da Amizade, sobre o Rio Paraná, uma ousada obra de engenharia, foi inaugurada em 1965, conectando o Paraguai às rodovias brasileiras e ao Porto de Paranaguá. As pontes que Lula inaugurou estavam previstas na Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), aprovada na conferência de chefes de Estado de Brasília, em 2000, no governo FHC. De lá para cá, sob o lulismo, integração regional converteu-se em eufemismo para alianças políticas entre governantes "progressistas".
Desde 2003, com a nomeação de Marco Aurélio Garcia como assessor especial da Presidência, a política brasileira para a América Latina foi transferida da alçada do Itamaraty para a do lulopetismo, impregnando-se de reminiscências políticas antiamericanas, terceiro-mundistas e castristas. O coquetel conduziu-nos ao impasse atual, que Lula é capaz de identificar mesmo se tenta disfarçá-lo pelo recurso à bazófia autocongratulatória.
A "Doutrina Garcia" rejeita a ideia de livre-comércio, que funcionou como pilar original do Mercosul. A Argentina dos Kirchners aproveitou-se disso para violar sistematicamente as regras do Mercosul, desmontando o edifício da zona de livre-comércio. No seu instituto, Lula denunciou a "preocupação maior de relação preferencial com os EUA ou com a Europa ou com qualquer um, menos entre nós mesmos". Entretanto, na celebrada última década, a América Latina não aprofundou o comércio intrarregional, limitando-se a estabelecer uma "relação preferencial" com a China, que absorve nossas exportações de commodities. O primitivismo ideológico impede até mesmo a conclusão de um tratado comercial Brasil-México, elemento indispensável em qualquer projeto de integração latino-americana.
A "Doutrina Garcia" acalenta a utopia de uma integração impulsionada por investimentos estatais e de grandes empresas financiadas por recursos públicos. Contudo a estratégia de expansão regional do "capitalismo de Estado" brasileiro esbarrou nas resistências nacionalistas de argentinos, bolivianos e equatorianos, que assestaram sucessivos golpes em negócios conduzidos pela Petrobrás e por construtoras beneficiadas por empréstimos privilegiados do BNDES. Numa dessas amargas ironias da História, o espectro do "imperialismo brasileiro" reemergiu como acusação dirigida por líderes latino-americanos "progressistas" contra o governo "progressista" de Lula.
A "Doutrina Garcia" almeja promover a liderança regional do Brasil, preservar o regime autoritário cubano e erguer uma barreira geopolítica entre América Latina e EUA. Em busca da primeira meta, o Brasil colidiu com as pretensões concorrentes da Venezuela de Hugo Chávez, que criou a Aliança Bolivariana das Américas (Alba). A concorrência entre o lulopetismo e o chavismo paralisa a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), esvaziando de conteúdo suas reuniões de cúpula. Em busca das outras duas metas, que compartilha com o chavismo, o Brasil ajudou a converter a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) numa ferramenta de proteção da ditadura castrista e de desmoralização da Carta Democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA). Dias atrás, Cristina Kirchner definiu a ascensão de Cuba à presidência rotativa da Celac como o marco de "uma nova época na América Latina". Ela tem razão: é o fim da curta época na qual os Estados da região levaram a sério seus proclamados compromissos com os direitos humanos e as liberdades públicas.
Distraídos, os intelectuais palacianos nada perceberam, mas a falência da "Doutrina Garcia" foi registrada no radar de Lula. De um lado, abaixo do celofane brilhante da Unasul e da Celac, desenvolve-se um processo que deveria ser batizado como a desintegração da América Latina. A principal evidência disso se encontra na emergência da Aliança do Pacífico, uma área de livre-comércio formada sem alarido por México, Colômbia, Chile e Peru, aos quais podem se juntar o Panamá e outros países centro-americanos. De outro, lenta, mas inexoravelmente, desmorona a ordem castrista em Cuba, aproxima-se uma incerta transição na Venezuela chavista e dissolve-se o consenso político kirchnerista na Argentina. Quando clama por uma nova "doutrina" da integração latino-americana, o ex-presidente revela aguda consciência da encruzilhada em que se colocou a política externa brasileira.
A consciência de um problema é condição necessária, mas não suficiente, para formular suas possíveis soluções. Lula e seu cortejo de intelectuais não encontrarão uma "doutrina" substituta sem lançar ao mar o lastro de anacronismos ideológicos do lulopetismo. Isso, porém, eles não farão.
Imprensa no Brasil: deterioracao dos padroes - Reporteres sem Fronteira
Paulo Roberto de Almeida
Repórteres Sem Fronteiras
Brasil cai nove posições em ranking de liberdade de imprensa
'Cenário da imprensa está gravemente distorcido' no Brasil, diz organização Repórteres Sem Fronteiras
De acordo com o levantamento, o Brasil ocupa o 108º lugar de um total de 179 países avaliados. Atualmente, o Brasil está atrás, por exemplo, de Libéria, Uganda, Paraguai e Guine Bissau.
A organização Repórteres Sem Fronteiras apontou que “o cenário da imprensa está gravemente distorcido [no Brasil], ressaltando ainda que, “altamente dependente das autoridades políticas em nível estadual, a imprensa regional está exposta a ataques, violência física contra seus funcionários e ordens judiciais de censura, que também atingem os blogs”.
Eleições 2012
A instituição também afirmou que a violência contra jornalistas no Brasil foi agravada na campanha para as eleições de 2012. Em 2011, o Brasil já havia caído 41 posições no ranking.O primeiro lugar no ranking de liberdade de imprensa é ocupado pela Finlândia, seguida por Holanda e Luxemburgo. Os EUA estão na 32ª posição. Coreia do Norte, Eritreia e Síria estão entre os países com piores desempenhos.
Poluicao urbana: voce ainda pensa que Sao Paulo e' muito poluida? Pense outra vez...
Mas Londres já foi, em outras épocas, uma cidade muito poluída, justamente pelo uso de carvao para aquecimento, o que foi abandonado posteriormente.
China e Índia fazem uso intensivo de carvao, tanto para aquecimento doméstyico, como para fins energéticos e industriais, e o pior é que se trata de carvao de péssima qualidade.
Nao espanta, assim, essa situacao terrivel, que eu já contemplei pessoalmente, da janela do trem, de Shanghai a Beijing: passamos por cidades onde era impossível distinguir qualquer coisa, tal a quantidade de smog no ar. Tudo cinzento.
O custo humano é terrível.
Esses sao os nossos aliados no BRICS...
Paulo Roberto de Almeida
“Crazy bad” air pollution – in pictures
In that spirit, beyondbrics has put together some images of the toxic smog that has hit swathe of northern China this month, causing flights to cancel, prompting runs on air purifiers and face masks and even inspiring one entrepreneur to sell fresh air in a can.
Tiananmen Square – with toxic smog….
…and sans smog
Good to see someone in the government has a sense of humour. Residents can take comfort in being able to LOOK at TV images of a blue sky.
Because there’s not not much blue sky to be found here….
or here….
That last photo? That’s supposed to be a view of the Forbidden City. Below, sans smog.
Can’t blame people for stocking up on masks and air purifiers. What next? People walking around with gas masks and carrying oxygen tanks?
One entrepreneur doesn’t think that’s so far fetched. Chen Guangbiao, a philanthropist and one of China’s richest man, has started selling “canned fresh air” (pictured below) for RMB 5 ($0.80) each as a tongue in cheek protest over China’s air quality. The air is purportedly from far-flung and pristine regions of Tibet and Taiwan.
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O Shanghai Daily confirma a poluicao da capital:
Rain helps clear the air a little in Beijing
Source: XinhuaA little rain fell overnight on Wednesday, the Beijing Meteorological Bureau said. The air quality index fell but was still above 200, or seriously polluted.
Earlier this week, Beijing implement stricter measures to reduce pollutants, including suspending the use of 30 percent of local government vehicles and halting production at 103 heavily polluting companies.
But not everyone abided by the measures. More than 800 government vehicles supposed to be suspended were still in use, municipal traffic authorities said.
And several construction sites ordered to suspend their work failed to do so on Wednesday.
In many other parts of north and east China, smog has disrupted flights and traffic.
Thirty flights were canceled and 78 flights were delayed yesterday morning at an airport in Tianjin, just east of Beijing.
Visibility was reduced to less than 50 meters in many parts of east China's Shandong Province.
However, the National Meteorological Center rescinded its yellow smog alert early yesterday with smog in central and east China expected to be dispersed by a cold front due today.
Professor de RI contemporaneo: Wanted (for good reasons)
O Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo abriu concurso para a contratação de um professor doutor, em regime de dedicação integral, na área de Relações Internacionais Contemporâneas. Os pontos do programa são: 1. Análise comparada de política externa; 2. Conflitos e segurança internacional; 3. Economia política e relações internacionais; 4. Enfoques teóricos na análise das relações internacionais; 5. Instituições domésticas, atores e política internacional; 6. Organizações internacionais, ordem e governança global; 7. O debate metodológico em relações internacionais; 8. Democracia e Relações Internacionais; 9. Relações sul-americanas e integração regional; 10. Regimes internacionais; 11. Política externa brasileira contemporânea. O IRI é responsável pelo Bacharelado em Relações Internacionais e pela Pós-Graduação em Relações Internacionais (Mestrado e Doutorado). O edital pode ser acessado em www.iri.usp.br, e as inscrições serão recebidas de 11.01.2013 a 11.03.2013, devendo o candidato optar por realizar as provas em português ou inglês.
Cambio no Brasil: cambio?; Brasil?? Muito confuso, diz Financial Times
Mas, quem se importa com isso?
Acho, contudo, que o Ministro Mantega nao vai dar entrevista exclusiva para a Samantha Pearson: ela pega muito no pé dele. Com razao...
Interessante ver os comentários dos leitores a esta matéria do Estadao.
Paulo Roberto de Almeida
Tentar entender o que Mantega quer no câmbio é exaustivo, diz FT
Segundo a publicação, há 3 razões para as mensagens contraditórias do governo. Uma delas: ‘Eles não têm ideia do que estão fazendo’.
LONDRES - Tentar entender o que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quer pode ser "exaustivo", segundo o jornal Financial Times. Em texto publicado no blog sobre mercados emergentes, o BeyondBrics, a publicação diz que esse problema é ainda maior no tema preferido do ministro brasileiro: a chamada "guerra cambial". A reportagem sugere, inclusive, que o recente sobe-e-desce do dólar pode indicar, entre outras coisas, que o governo "não tem ideia do que está fazendo".
O texto cita algumas passagens recentes em que o governo demonstrou desejos distintos sobre o rumo das cotações de câmbio. Até alguns dias atrás, diz o texto, o real seguia relativamente enfraquecido depois de o ministro declarar diversas vezes que o governo estava pronto para corrigir qualquer movimento excessivo na moeda e que um real mais fraco seria favorável à indústria brasileira.
Apesar dessa sinalização de que o governo olhava com simpatia um real fraco, Mantega disse, lembra o texto, que o real permaneceria flutuante "desde que dentro de uma banda apropriada". "Um comentário quase tão sem sentido como a promessa recente do Banco Central de que a inflação convergiria de uma forma não-linear com a meta", diz o texto do FT.
Mas o mesmo governo brasileiro permitiu, afirma o texto, com uma estratégia liderada pelo BC que o real se fortalecesse nos últimos dias abaixo de R$ 2 pela primeira vez desde julho. Após esse sobe-e-desce, diz o blog, o mercado ficou "completamente confuso".
Para a repórter Samantha Pearson, do escritório do FT em São Paulo, "há três explicações possíveis" para as mensagens que parecem contraditórias. A primeira é que o governo brasileiro "quer uma valorização gradual do real para conter a inflação e os avisos de Mantega foram destinados a moderar os movimentos" da moeda norte-americana. A segunda opção é que a equipe econômica pode ter avaliado que o real está "no nível certo" e, então, passaram a ser emitidos sinais contraditórios para "estabilizar a moeda".
Há, porém, uma terceira opção. "Eles não têm ideia do que estão fazendo".
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Matéria original do Beyond Brics, Blog do Financial Times:
Confused about Brazil’s currency war? So are we
The real weakened early on Wednesday after Brazil’s finance minister warned the government was ready to correct any excessive moves in the exchange rate, adding that a weaker currency makes domestic industry more competitive.
Mantega added that the currency would remain free-floating as long as it stayed within an appropriate band – a comment almost as nonsensical as the central bank’s recent promise that inflation would “converge in a non-linear way” with the target.
But then the real trimmed those losses later on Wednesday after the central bank sold dollars with an agreement to repurchase them in two months, rolling over a line worth more than $1bn before it expires this week.
On Tuesday, the central bank allowed the real to strengthen beyond the 2 per dollar level for the first time since July as concerns grow that the weaker currency is making imports more expensive for industry and adding to the country’s inflation problems.
In the end, the real closed Wednesday’s session more or less flat and traders went home thoroughly confused.
It seems there are three possible explanations behind the authorities’ mixed messages:
1. They want a gradual appreciation of the real to curb inflation and Mantega’s warning was intended to moderate any sharp moves on the back of the central bank’s intervention
2. They have decided the real is at the right level and are sending out contradictory signals to stabilise the currency
3. They have no idea what they’re doing.
This from analysts at Bulltick:
Throughout 2012, the authorities had displayed their willingness to defend the BRL against aggressive appreciation pressures via various intervention schemes and capital controls. Then, in mid-December of last year, Brazil reversed some of the capital controls, in an effort to shore up the BRL, which has massively underperformed. The BCB increased the minimum amount on short dollar positions required by local banks to hold (60% reserve requirement). Then the BCB rolled over all maturing (Jan 2013) USD swap positions and the BCB sounded more hawkish (in the latest minutes). However all this may be more of a head-fake or worse, indicative of lack of clear direction on FX/inflation policy, part of reactive policy that has been the pattern over the past year. We think the government will return to a weak(er) BRL policy to prop up growth with the BRL trading on average this year within a range of 1.95-2.0/USD.Related reading:
Brazil’s currency warriors swap sides, beyondbrics
Brazil drops a capital control, beyondbrics
Brazil: A different kind of currency warrior, beyondbrics
Downturn shakes Brazil from its dream, FT.com
O atroz encanto de ser protecionista argentino
InfoLatam, 30/01/2013
Claudio Loser
La clase media argentina, en la medida que se lo puede permitir, es usuaria devota de la psicología para ayudar a resolver sus conflictos personales y familiares. Más aun, la Argentina es uno de los pocos lugares donde se mantiene vigente el psicoanálisis como escuela central para resolver complejos conflictos internos. El mundo aprendió muchísimo de Freud, pero la práctica ha avanzado hacia métodos más pragmáticos, enfocados en encontrar soluciones operativas, y que no llevan a la permanente dependencia del paciente con el analista.
Lamentablemente, esto es un reflejo de que los argentinos viven aferrados a un culto al pasado difícilmente existente en el resto de America Latina, aun incluyendo la magnífica celebración del día de los muertos en México. Así se habla como si estuvieran presentes Rosas y Sarmiento, Carlos Gardel, el mismo Freud, sin entrar a mencionar los personajes de los últimos sesenta años en la política nacional.
La actitud del gobierno argentino en el reciente encuentro entre America Latina y Europa en Santiago de Chile ilustra ese punto. En circunstancias en que el mundo busca expandir el comercio internacional, tal como lo ilustra el esfuerzo de Chile, Colombia, México y Perú para consolidar su alianza del Pacífico, la Argentina se encierra en una discusión proteccionista incluso dentro del MERCOSUR. Para ello, el discurso oficial utiliza viejos argumentos, esgrimidos en algún momento por la CEPAL, aunque el mismo Prebisch y la institución subsecuentemente los abandonaron.
Ciertamente, importantes países utilizan descaradamente técnicas proteccionistas a nivel de comercio, inversión e incluso de financiamiento. Los EEUU, la Unión Europea, Japón, Rusia, China, India y Brasil son claros y tristes ejemplos de irracionalidad de uno u otro tipo. Pero aun así, no alcanzan el grado de desordenado y arbitrario encierro comercial que la Argentina aplica hoy, con altos costos para sus habitantes, especialmente los menos favorecidos. Tal como en el pasado, la Argentina castiga así a sus pocas áreas innovadoras y dinámicas, como el sector exportador agrícola, y el sector energético.
Un sistema cambiario distorsionado y una moneda sobrevaluada completan una realidad repetida muchas veces en el pasado, como si fuese una continua sesión psicoanalítica preocupada de revisitar presuntos procesos internos y sin ver la realidad que la rodea. (El autor de esta nota debe aclarar aquí que su tesis doctoral, completada hace más de cuarenta años, analizaba los tóxicosefectos adversos de una protección arbitraria aplicada a la industria entre las décadas del 30 y del 60. Nada nuevo bajo el sol.)
A esto se agrega la más alta inflación en la región, también una repetición histórica, solamente que encubierta ya desde hace cinco años. Utiliza así la Argentina la metodología de otro personaje del pasado, el príncipe Grigori Potemkin, ministro de Catalina la Grande de Rusia que, dice la leyenda, construía pueblos ficticios para impresionar a su jefa y hacer creer que había progreso en el país.
Quizás el elemento más nuevo en la situación actual es el proceso de cesación de pagos y subsiguiente resolución unilateral de la deuda, aunque allí también hay antecedentes. Se trata de Felipe II de España, que hace 550 años inventó el default, aunque entonces se llegó a una solución consensuada.
La inspiración de las medidas es histórica, pero el daño es presente y con serias implicaciones para un país que cada vez más se pierde en la gloria de su pasado. Quizás por todas estas contradicciones internas se buscan soluciones en un permanente auto-análisis psicoanalítico, elegante pero inefectivo. Los jóvenes podrían mirar hacia adelante, a través del cristal de Facebook y el Tweeter. Pero el país político se encierra en sí mismo y los insta a analizar antiguos e irrelevantes conflictos bajo la tutela intelectual de personajes ya fallecidos y de ideas que, aunque fascinantes, no son operativas.
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Addendum:
Argentina: el FMI informa de que última revisión economía fue hace 62 meses
30/01/2013 - Infolatam
El Fondo Monetario Internacional (FMI) informó de que la última revisión de la economía de Argentina data de hace 62 meses, y señaló que forma parte junto con Venezuela, Ecuador, Somalia y Madagascar del grupo de países con retrasos de más de 18 meses en presentar los datos.
En un breve comunicado, el Fondo explicó que su Directorio Ejecutivo fue informado informalmente “por el personal técnico sobre la situación económica de Argentina, cuya última consulta bajo el artículo IV tuvo lugar hace 62 meses”.
El artículo IV es como se conoce formalmente a las revisiones anuales de la economía de cada país que realiza el Fondo, y que luego comparte con el resto de países miembros.
El anuncio no tiene efectos prácticos ni conlleva sanciones y forma parte del compromiso del Fondo de informar al Directorio “sobre los países miembros cuya Consulta del Artículo IV se encuentra demorada por más de 18 meses”.
La última revisión oficial de la economía argentina por técnicos del Fondo se produjo en 2006 y la siguiente estaba prevista para junio de 2007.
La notificación se produce al margen del proceso formal actualmente en marcha en el Fondo de verificación de la calidad de las estadísticas suministradas por Argentina, y que se espera sea comunicado el 1 de febrero.
Los otros países que se encuentran en esta situación son Ecuador (desde enero de 2009), Venezuela (desde septiembre de 2005), Madagascar (junio de 2009) y Somalia (desde 1990).
La demora de Ecuador, Venezuela y Argentina se debe a la falta de acuerdo en las modalidades de la misión o porque las autoridades no han facilitado los datos, mientras que en el caso de Somalia y Madagascar se debe a la situación política y de seguridad.
Roberto Azevedo: candidato brasileiro a DG da OMC
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Nota à Imprensa nº 36
31 de janeiro de 2013
Apresentação do candidato brasileiro à Direção-Geral da OMC, Embaixador Roberto Azevêdo, ao Conselho-Geral da OMC
Let me start by thanking you, Madam Chair and Members, for this opportunity to be here with all of you, once again. It is an honour to participate as a candidate in this process of selection of the next Director-General.
All of you know me as the Brazilian ambassador to the WTO. Some of you know me since the days when I was a first-secretary posted at the Brazilian Mission here in the late 90’s, and all the way to vice-minister for trade and economic issues, coordinator of the G-20, chief-negotiator for Brazil in the Doha Round. I arrived in Geneva when the WTO was only two years old; and frankly I never left. Even when posted in Brasilia, most of my time was spent here in Geneva, negotiating in the WTO.
Throughout all these years and in all those instances, whenever I was in this building, I was here as a representative of my country. You all saw me defending the interests of Brazil.
This is the first time that, in this building, I will be sharing with you my personal vision of this Organisation, my thoughts about the multilateral trading system, my assessment of where we are today, and the path forward.
So, let me start with my views on trade.
I firmly believe that trade is an integral and indispensable element for growth and development of any economy. The ability to compete in global markets is a reliable indicator of the sustainability of any economic model. On the other hand, trade cannot be a goal in itself. It must happen in a way that improves living conditions of families in the real world.
As to the WTO, it is my view that a DG must truly believe in the principles that guide this institution. The preamble of the Marrakesh Agreement states that WTO members will negotiate mutually advantageous agreements that reduce tariffs and other barriers to trade. I do believe in this.
The preamble also maintains that our work must aim at raising standards of living and ensuring full employment. I also believe in this.
Finally, the preamble stresses that we need to ensure that developing countries, especially the smallest, must secure a share of international trade commensurate with their needs. You know I do believe in this.
I also believe that the work of this Organisation is most important in uncertain times, like today. The WTO disciplines are the best defence we have against protectionism and against the actions that aggravate the situation of the poorest and most vulnerable economies. What we do in the WTO has a direct impact on the quality of millions of lives around the globe. But remember, what we don’t do, also affects them.
We know quite well the three-pillars of the Organisation. The first one monitors the implementation of existing Agreements in the appropriate subsidiary bodies. It works well, although it could be improved, especially in the area of notification procedures.
The second pillar covers the dispute settlement mechanism. And this is an area that I know deeply. I was a direct participant, also serving on and chairing panels. It is, however, extremely complex and costly to participate in it. We must find ways to make the mechanism work also for the poorest countries. The Organisation can help with actions from within, but also facilitating arrangements outside its walls in the areas of assistance and training for example.
The third pillar is the one that allows for the evolution of the system, developing new rules and agreements, usually by means of multilateral rounds of negotiations. This is the pillar that concerns me most, for it has been effectively paralysed since the WTO was created in 1995. We are approaching two full decades of stagnation on the negotiating front. The system must be updated or it will soon become incapable of dealing with the demands of today’s changed world.
We hear many analysts express concern with the proliferation of negotiations of regional agreements, free trade areas, or plurilateral understandings. Whatever the reasons behind these initiatives, I firmly believe that the countries entering those initiatives would gladly negotiate a much broader and more encompassing multilateral deal. What we must do is ensure that the multilateral trading system remains the main tool for trade liberalisation.
It is true that we are now attempting to harvest, at the Bali ministerial, some outcomes in selected areas of the DDA, including priority development issues, trade facilitation, and some agricultural deliverables. This is a critical effort, but the multilateral system needs more than this to remain relevant and credible.
Then why have we stopped trying to solve the deadlocked issues? And I would suggest two major reasons.
First, the negotiating gaps will remain unbridgeable if we keep looking at them from the same perspective.
Second, we lack trust. One side does not believe that the other side truly wants to find a solution, and vice-versa of course.
So, under these circumstances, the obvious question is surely: where de we go from here?
I see at least three areas that we need to work on.
First and foremost we must try to achieve a successful negotiated outcome for Bali. Besides the very tangible material gains, that success would boost our confidence that we can still talk to each other and that we can do it in a constructive and productive way.
Second, we all need to believe that any Bali outcomes will not be the end of the road. A post-Bali process could include DDA and non-DDA elements but, whatever the roadmap, it must prioritise the issues of interest of the poorest countries.
Finally, we must resume our efforts to breathe life into the Round – and this must happen immediately after Bali. We all know that the WTO is bigger than the DDA, but the reality is that the system will remain clogged unless we can find a way to unlock the Round. I would suggest that, for a change, we stop avoiding the most difficult and intractable issues. Above all, we cannot throw away the development agenda that was strenuously negotiated to ensure delivery to the poorest and most vulnerable members of this Organisation. We can’t turn the page and leave them behind.
Most, if not all of you, must be wondering now how I could possibly believe that this is now doable given our track record over the past several years, especially with the lingering effects of the 2008 international financial crisis. In fact, I do believe that the time is right for a number of reasons.
I would start with the fact that we have had enough time to convince ourselves that no one is going to change his mind – certainly not anytime soon – about how they see what is on the table in the DDA. We have to deal with the gaps, as they exist.
Furthermore, global conditions will never be perfect for negotiations. When world economic growth is strong, some argue that there is no real incentive to negotiate. When growth is poor, the theory is that members will be less inclined to open their markets.
We cannot wait for all stars to perfectly align in a negotiation that involves over 150 parties. Countries will always be in different economic cycles.
In short, we must work with what we have and I honestly that think this is doable. I’ve had private and quiet conversations both with Ambassadors here in Geneva, and elsewhere with trade ministers (in Davos just last week) and with other high-level decision makers. It is evident to me that they all wish we could revive the Round. And this is not a minor element.
This is one of the areas where I’m certain I’ll be a good fit if you trust me with the DG position.
Do I have a ready answer on how to unlock the talks? No, I don’t. But most of the times when I helped unlock negotiations I didn’t have a pre-conceived solution either.
When a stalemate exists I not only listen carefully to what all delegations are saying, I also think about the motivations driving them, about previous positions they adopted in similar situations or similar topics, about their sensitivities, and even about the characteristics of their negotiators. Often a very subtle thread of commonality can be detected if you know the history and the details of the negotiation. Then it is a matter of being creative and of having the trust of the other negotiators. They must truly believe that you are seeking a viable and balanced solution. At this point, solutions that were not there at the beginning of the talks suddenly become promising avenues and frequently lead us to a satisfactory solution to all.
Given our circumstances, I don’t believe we have the time to train the next DG on the job. Come September, your DG will have to hit the ground running; and running fast and with the ability to engage all of you in this enterprise.
I believe my credentials allow me to be optimistic in my belief that I can help you. Over these last 16 years, I have not only consolidated the technical expertise that any DG should have, I have also developed a network that goes from ground level negotiators all the way up the political decision making ladder. At all these levels, in full trust, I have open-minded, constructive, and insightful interactions with a view to finding room for consensus.
I have always used these skills to comply with my instructions and to achieve the negotiating objectives set out for me by my government and my constituencies in Brazil. I believe these skills served them well. As DG, I would put these skills at your service, to achieve the goals you set out for me.
Let me now turn briefly to the fact that the Director General is the chief manager of the Organisation and that this aspect of his work also involves significant challenges.
The incoming DG will have to keep and, wherever possible, improve the high-level of quality of the staff, always rewarding merit and competence. At the same time, we cannot overlook the fact that this is an intergovernmental organisation, where members must shape its structure and culture. In this context, geographical representation is a key component. I will look into gradual ways of making the composition of the Secretariat reflective of the membership in terms of both nationality and gender, always in keeping with two overarching principles of excellence and cost-effectiveness.
For the benefit of all, including the staff personnel, the DG must insist on full disclosure, so that members have access to any information they require regarding the management and the administration of the Organisation.
The Organisation must help with the development of human resources and technical capacity in members that need such assistance. Aid for Trade must be enhanced, in particular where LDCs are concerned. And in this context, we should strive to increase the number of initiatives under the Enhanced Integrated Framework.
In concluding, Madam Chair, most of you know me very well. In fact, I am proud to say that my candidacy was not born in my head. It was not born in Brasilia either. It was born right here in Geneva, when other negotiators felt that I could help this Organisation as Director General and insisted that I accept the challenge. I was honoured by this encouragement that actually came from all sides of the negotiating table. All this weighed heavily on the decision in Brasilia to launch my candidacy.
If you trust me with the honour to be your next DG, I will use my experience and skills in a constant pursuit to reconcile what seems to be irreconcilable, with fairness, independence, transparency, bearing in mind that this is a member-driven Organisation, where all members, including the smallest, must be part of the driving force.
Thank you.
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Meus "espioes" preferenciais: espalhados pelo mundo...
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