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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 31 de agosto de 2019

Livre comércio SEMPRE é a melhor política - Donald Boudreaux

Livre comércio é a melhor política, não importa o que aconteça

A citação de hoje é do ensaio de janeiro de 1832 de Albert Gallatin, “Memorial of the Committee of the Free Trade Convention” (disponível na íntegra aqui), uma parte da qual é citada na página 169 do livro de Douglas Irwin de 2017, “Clashing Over Commerce” (ênfase adicionada pelo autor):
Que, ao se multiplicar em qualquer país os caminhos da indústria doméstica, maior escopo é dado à sua utilização, um mercado mais diversificado e menos propenso de ser alagado com seus produtos, e um campo maior é aberto a todas as espécies de habilidade e talento é, sem dúvida, verdadeiro. Mas direcionar essa indústria para atividades não lucrativas que não podem ser sustentadas sem exagerado fardo pago pelo consumidor, e uma perda nacional correspondente, não abre novos caminhos para a indústria produtiva, mas apenas a desvia de atividades lucrativas para não lucrativas para a comunidade. É realmente notável que os defensores do sistema restritivo devam fingir considerar seus memorialistas como teóricos ousados, quando não pode haver uma questão mais clara do que o fato que se um homem paga dois dólares a mais por seu casaco, seu arado ou os implementos de seu comércio, isto é uma perda para ele, que ele deve pagar com o produto de seu trabalho, e que a soma dessas perdas individuais é na verdade uma perda nacional.
Do final de setembro até o início de outubro de 1831, houve na Filadélfia uma Convenção de Livre Comércio, sobre a qual sei muito pouco além do que é revelado neste ensaio de Albert Gallatin.
Albert Gallatin (1761 – 1849)

Ontem e hoje

Durante o segundo quarto do século XIX nos Estados Unidos, Henry Clay, do Kentucky, foi o mais poderoso, vigoroso e (sim) inflexível oponente do livre comércio. Seu “sistema americano”, como era chamado, não passava de uma versão do início do século XIX de um nacionalismo econômico. Clay e seus seguidores viam os negócios e empregos possibilitados pelos gastos do governo e pelas tarifas protecionistas; eles eram cegos para os negócios e empregos – e bens de consumo – negados ao povo americano por essas intervenções.
Uma das realidades que ficaram claras com o relato de Douglas Irwin sobre o debate a respeito de políticas comerciais que ocorreu na época é que o passado é de fato um prólogo. As questões de hoje são as mesmas que eram na época, mesmo que o “temido” parceiro comercial hoje seja diferente. (Naquela época, o temido parceiro comercial era a Grã-Bretanha, hoje é principalmente a China.) As falácias econômicas que alimentaram Henry Clay e seu movimento são idênticas àquelas que hoje alimentam a hostilidade ao livre comércio por pessoas como Donald Trump, Wilbur Ross, Peter Navarro e Steve Bannon. E muitas das acusações lançadas contra o livre comércio pelos protecionistas daquela época não diferem substancialmente das acusações feitas hoje.
Houve o ad hominem. Por exemplo, Clay grosseiramente acusou o ativista pró (mais) livre mercado Albert Gallatin de ser hostil aos interesses americanos porque ele, Gallatin, nasceu na Suíça.
E houve os que estavam simplesmente enganados – um exemplo frequente do qual é belamente exposto na parte acima em negrito da citação de Gallatin. Os protecionistas (aqueles que Jon Murphy chama mais precisamente de “escassistas”), erroneamente supondo serem profundos, na época, como hoje, acusavam os ativistas pró-comércio de serem idealistas cujas teorias os cegavam para a realidade. No entanto, como está implícito na resposta de Gallatin, a teoria que os protecionistas rejeitam por ser especulativa e pouco confiável é, na verdade, uma aplicação direta de aritmética simples e análise econômica básica: tarifas que forçam para cima os preços que os cidadãos pagam por bens e serviços são uma perda para estes cidadãos, e porque as empresas e os setores domésticos que existem apenas por conta das restrições comerciais e dos subsídios são geralmente aqueles que operam com menos eficiência do que aquelas empresas e aqueles setores domésticos que são destruídos por tais intervenções, a quantidade de recursos necessários para sustentar qualquer padrão de vida (ou taxa de crescimento econômico) é maior com tais intervenções do que sem. Em suma, tais intervenções tornam a maioria das pessoas mais pobres do que seriam de outra forma.

O livre comércio não comprovado é um mito

É um mito que o livre comércio não seja comprovado na prática. Esqueça que os países com comércio mais livre têm tanto renda per capita mais alta como taxas de crescimento econômico mais rápidas. Olhe, em vez disso, para o essencial da questão. Todos os dias você negocia livremente com muitos comerciantes. Você acha que você e sua família enriqueceriam se seu vizinho extraísse pagamentos punitivos de você sempre que você comprasse algum item que ele julgasse ser de um vendedor localizado muito distante de sua vizinhança? Todos os dias, os habitantes do Arizona negociam livremente com os texanos e os habitantes de Rhode Island. Você acha que os habitantes do Arizona seriam enriquecidos se o governo desse estado obstruísse sua capacidade de negociar como preferirem com pessoas localizadas em outros estados?
As pessoas negociam livremente inúmeras vezes, todos os dias. Sim, sim, estou bem ciente de que esse tipo de comércio não é livre como o ideal. Licenças ocupacionais, por exemplo, obstruem injustamente e prejudicialmente o comércio interno. Mas o fato permanece que hoje dentro de cada país – inclusive nos EUA – o comércio não é tipicamente obstruído com base na localização geográfica ou em fronteiras políticas. E, portanto, as pessoas compram e vendem livremente dentro dos países. Se a defesa de uma política de livre comércio não fosse prática – se fosse apenas uma curiosidade teórica – então seria verdadeiro que as pessoas comuns seriam ainda mais ricas se o Estado obstruísse suas capacidades de negociar umas com as outras internamente.
É também um mito que o argumento econômico para uma política de livre comércio em qualquer país requer que outros governos também pratiquem o livre comércio. A defesa de uma política de livre comércio é, no fundo, uma defesa do livre comércio unilateral: embora quase todos no mundo se beneficiariam se todos os governos adotassem políticas de livre comércio, quase todos no país de origem seriam beneficiados se o seu governo adotasse uma política de livre comércio, independentemente das políticas de outros governos.
O protecionismo é uma mistura desagradável de falácias lógicas, meias-verdades, arrogância, ignorância econômica e apologia ao clientelismo.

Esse artigo foi originalmente publicado como Free Trade Is the Best Policy, No Matter What para o Cafe Hayek.

Destruição da Petrobras pelo PT: onde estamos no ressarcimento?

Esta notícia é de exatos dois anos atrás, ou seja, 1/09/2017.
O que aconteceu desde então?
A Justiça recuperou o dinheiro, ou tudo continua com o cenário habitual: recursos intermináveis?

Multas e indenizações contra os que saquearam a Petrobras.
Pergunta inocente: o PT vai fazer uma vaquinha para ajudar o ex-presidente da Petrobras? Afinal de contas, ele colocou a companhia a serviço do Partido...

”Gabrielli e Cerveró terão que devolver US$ 79,9 milhões” - O Tribunal de Contas da União (TCU) condenou ontem o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e o exdiretor da Área Internacional Nestor Cerveró a ressarcirem os cofres da Petrobras em US$ 79,89 milhões e a pagarem multa de R$ 10 milhões em razão de prejuízos na compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Esse é o primeiro resultado de uma das tomadas de contas especiais abertas no tribunal para tentar reaver o dinheiro perdido no negócio. Ao todo, foram instauradas três tomadas de contas — a que resultou na condenação de Gabrielli e Cerveró diz respeito à aquisição da segunda metade da refinaria. O ressarcimento dos US$ 79,89 milhões é solidário, a ser compartilhado entre Gabrielli e Cerveró. Os dois têm 15 dias, contados a partir da notificação, para comprovar o depósito do dinheiro à estatal. Cerveró, segundo a conclusão do TCU, comandou as negociações da aquisição da segunda metade da refinaria e elaborou uma carta de intenções sem “delegação do colegiado diretor nem do conselho de administração’’. Gabrielli, por sua vez, autorizou as tratativas comandadas pelo então diretor da Área Internacional, segundo o TCU. Já a multa de R$ 10 milhões é individual e deve ser recolhida ao Tesouro Nacional, também num prazo de 15 dias. As irregularidades foram consideradas graves e, por essa razão, os dois foram condenados pelo tribunal a ficarem inabilitados para cargos públicos por um período de oito anos. O TCU também pediu que a Advocacia-Geral da União (AGU) e a presidência da Petrobras adotem “medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis, tanto quanto bastem para o pagamento do débito”.
Outros investigados que teriam concordado com o negócio devem se explicar em audiência no tribunal. Entre eles está a ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster.
Nessa tomada de contas especial, o TCU eximiu de responsabilidade os conselheiros de administração da Petrobras, uma vez que o colegiado não deu aval ao negócio, conforme o tribunal. O TCU já determinou o bloqueio de bens de dez ex-gestores da Petrobras apontados como responsáveis por um prejuízo de US$ 792 milhões na compra da refinaria de Pasadena. Entre eles estão Gabrielli, Cerveró, Paulo Roberto Costa e Renato Duque — esses três últimos investigados na Lava-Jato.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Olavo-bolsonaristas: Torraram o dinheiro dos contribuintes para uma reunião "simbólica"???

Eduardo e Araújo dizem que reunião com Trump foi 'simbólica'

O Estado de S. Paulo, 30/08/2019

WASHINGTON - O bate e volta a Washington organizado pelo chanceler Ernesto Araújo e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, serviu para enviar um sinal ao “mundo inteiro” da “relação diferenciada” entre os dois países. Essa foi a definição do ministro após deixar a Casa Branca sem fazer anúncios concretos e dizer que não houve pedido específico feito pelo Brasil aos EUA. Segundo ele, a novidade foi “a reunião em si” com Trump e o “novo patamar” que a relação entre os dois países atingiu.
De manhã, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que Ernesto e Eduardo deveriam trazer novidades ao Brasil e que havia pedido ajuda para Trump para combater as queimadas na Amazônia. O ministro e o deputado foram questionados sobre o tema e não fizeram anúncio de ajuda específica negociada com os americanos.
Trump já havia oferecido apoio há cerca de uma semana, quando telefonou para Bolsonaro. Ao final de duas rodadas de conversas com jornalistas, o deputado deixou em aberto a possibilidade de que o pai anuncie, em Brasília, algo sobre o encontro com Trump, sem dar detalhes. “Qualquer tipo de anúncio ou fato mais detalhado certamente o presidente falará, inclusive é uma deferência antes de falar com Bolsonaro estarmos falando com vocês”, afirmou.
O encontro aconteceu em meio ao questionamento internacional sobre a política ambiental de Bolsonaro. Trump, que já retirou os EUA do acordo climático de Paris e questiona evidências científicas como o aquecimento global, tem sido um aliado do governo brasileiro no cenário externo. A viagem também se dá como parte do esforço de Eduardo Bolsonaro de mostrar as credenciais para assumir a embaixada do Brasil nos EUA.
Segundo o filho do presidente, os países que tentarem “subjugar” a soberania do Brasil encontrarão problemas com os EUA. “As relações nunca estiveram tão boas. Brasil e EUA estão alinhados e em que pese alguns líderes tentarem fazer algum tipo de negociação com a Amazônia sem a presença do Brasil vão encontrar muito problema para fazê-la, porque os EUA vão se opor a isso. Todos os líderes que tentarem subjugar a soberania nacional encontrarão problemas não só com Brasil mas também com os Estados Unidos”, disse Eduardo.
O alinhamento com os EUA na questão ambiental dá força à tentativa do Planalto de isolar o presidente francês, Emmanuel Macron, em meio à repercussão internacional negativa diante do aumento nas queimadas e desmatamento na região amazônica. Diplomatas consideram o questionamento à política brasileira, que ocupou a primeira página de jornais estrangeiros no último final de semana, como a maior crise diplomática recente do País.
Macron tem sido uma das vozes mais críticas à política ambiental de Bolsonaro desde o G-20, em julho, e levou o tema das queimadas na Amazônia ao G-7, no último final de semana. No início da semana, Bolsonaro rejeitou a proposta de doação de US$ 20 milhões do G-7, anunciado por Macron. Depois teve idas e vindas sobre a verba, dizendo que poderia aceitar o dinheiro se o francês pedisse desculpas pelas falas sobre o Brasil.
Segundo o chanceler, não houve “nenhum pedido específico” por parte do Brasil no encontro com Trump. “Não tínhamos expectativa de sair daqui com um acordo”, afirmou. “Ao sinalizar isso (aproximação entre os países) acho que o mundo inteiro está vendo que Brasil e EUA têm uma relação diferenciada e isso é muito importante nesse momento onde pelo menos um país está com ideias esquisitas sobre a nossa soberania na Amazônia. Não um país, um determinado líder. Era um momento importante de virmos assinalar isso”, disse Ernesto.
O chanceler já havia encontro programado com a alta cúpula do governo Trump para o dia 13 de setembro, quando ele e o secretário de Estado, Mike Pompeo, devem repassar os acertos da reunião bilateral que aconteceu em março entre os dois presidentes. Questionado sobre a urgência em fazer a reunião agora, em uma viagem organizada às pressas pelo governo brasileiro, sem que haja anúncio concreto, Araújo reiterou o potencial “simbólico” do encontro.
“Estamos provando (que as relações entre os países estão fortes) em um momento muito importante onde algumas correntes do mundo estão de alguma maneira se mobilizando para usar como pretexto o incêndio na Amazônia para relativizar nossa soberania, relativizar a soberania de repente de outros países. Isso não é uma coisa banal, isso não é uma coisa que acontece todo dia, e a reação coordenada, extraordinária, que teve do presidente Trump em relação a isso também não é uma coisa que acontece todo dia”, disse o chanceler, que classificou o encontro como o “momento mais simbólico” da relação entre os dois países, desde a visita de Bolsonaro a Trump, em março.
Araújo afirmou que Trump tem um compromisso “muito claro” de que o Brasil é um país soberano e que cerca de 30% da conversa foi sobre Amazônia. Segundo ele, os dois também falaram sobre a perspectiva de um acordo de livre comércio entre os países. Nos bastidores, diplomatas tratam isso como um acordo de “liberalização” - que teria como intuito inicial facilitar comércio sem debater tarifas. O chanceler afirmou a jornalistas estrangeiros que “a maioria dos brasileiros ficou ofendida com a forma como Macron tratou a soberania nacional”. Ainda segundo ele, Trump manifestou interesse de ir ao Brasil.

Embaixador

A presença de Eduardo na comitiva despertou o interesse dos jornalistas estrangeiros. “É o filho embaixador?”, alguns jornalistas perguntaram a brasileiros presentes. Na sala de imprensa, profissionais se perguntavam o motivo de “o filho do presidente do Brasil” estar reunido com Trump se ele “ainda não é embaixador”. O questionamento foi oficializado na entrevista dada por Ernesto Araújo aos estrangeiros e o chanceler respondeu que o deputado é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Um dos jornalistas estrangeiros perguntou a Eduardo sobre o comentário feito “pelo seu pai” sobre a esposa de Emmanuel Macron e o deputado, depois de perguntar a um auxiliar o que tinha sido questionado, pediu a Araújo para responder. Ele não quis responder a nenhuma das perguntas da imprensa internacional. Já fora da Casa Branca, aos jornalistas brasileiros, Eduardo disse ter preferido a imprensa nacional porque “vocês são muito mais bonitos”.
O governo rechaça que a presença de Eduardo Bolsonaro na comitiva seja uma promoção da campanha do filho 03 do presidente, que tenta obter no Senado votos suficientes para ser nomeado embaixador nos EUA. Cada ato de aproximação de Eduardo com Trump tem sido usado por Bolsonaro para reiterar a escolha do filho para representar o país nos EUA.
Eduardo disse que Trump “reforçou intenção de maneira educada de apoiar minha candidatura, mas não aprofundamos”. A indicação do deputado ainda não foi oficializada pois o governo acredita não ter, até o momento, os votos necessários no Senado para aprovar a nomeação de Eduardo como embaixador nos EUA.
Eduardo e Ernesto chegaram na Casa Branca às 13h35, no horário de Brasília, e ficaram reunidos com as autoridades do Conselho de Segurança Nacional antes da chegada de Trump no local. A reunião com o presidente americano só aconteceu por volta das 15h e durou cerca de trinta minutos. Estavam presentes pelo lado americano o secretário de Estado, Mike Pompeo, e Jared Kushner, assessor e genro de Trump.
Araújo e Eduardo estavam acompanhados pelo assessor para assuntos internacionais do Planalto, Filipe Martins, e pelo embaixador Nestor Forster, encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Washington. Forster é o atual chefe da embaixada brasileira. Amigo pessoal de longa data do escritor Olavo de Carvalho, ele é um diplomata considerado alinhado com a chamada ala ideológica do governo Bolsonaro.
Depois da Casa Branca, Eduardo se encontrou na embaixada com Olavo de Carvalho. Ontem, o escritor recebeu homenagem na embaixada brasileira, em cerimônia conduzida por Forster.

Semana de Relações Internacionais do UniCEUB, 10-12/09/2019

XVIII SEMANA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO UNICEUB

Data do evento10/09/2019 à 12/09/2019
Periodo de inscrição29/08/2019 à 12/09/2019

LocalCampi Asa Norte e Taguatinga 

Descrição

 A Semana de Relações Internacionais do UniCEUB é uma tradição do curso de relações internacionais que busca proporcionar palestras e amostras que abordem assuntos atuais e recorrentes do sistema internacional. Visa um momento de confraternização e expansão do que é discutido dentro das salas de aulas trazendo palestrantes consagrados dentro e fora do Brasil por seus conhecimentos acerca de diversos temas. 

A XVIII Semana de Relações Internacionais traz como tema esse ano a comemoração dos Cem Anos de Estudo das Relações Internacionais e abordará temas como Segurança Internacional com palestras e discussões sobre poder nuclear, imigrações e políticas americanas, tráfico de pessoas, missões de paz do Brasil na ONU à temas sociais como Religião e Direitos Humanos com Palestras sobre tolerância religiosa, vertentes africanas e refúgio e solidariedade, conforme programação do evento.

Público alvo

Alunos e professores dos cursos de Relações Internacionais e de Direito (graduação, pós lato e stricto sensu)

Programação

  • 10/09 8h às 9h30Do Real ao Acadêmico – como as demandas internacionais afetam as teorias do campo
    10/09 10h às 11h30Poder nuclear, domínios espacial e cibernético: setores estratégicos para a segurança do Brasil
    10/09 19h30 às 20h40Missões de Paz da ONU: a experiência brasileira
    10/09 21h às 22h30Segurança Internacional e Terrorismo
    11/09 8h às 9h30Refúgio e Solidariedade
    11/09 10h às 11h30Meio ambiente e Relações Internacionais: ações e consequências de decisões estatais frente a questões ambientais
    11/09 19h30 às 20h40Tráfico de Pessoas
    11/09 21h às 22h30Meio ambiente e Relações Internacionais: Ações e consequências de decisões estatais frente a questões ambientais
    12/09 8h às 9h30O tratamento dado à vida nas religiões de matrizes africanas
  • 12/09 10h às 11h30Os desafios de estudar religião nas Relações Internacionais
    12/09 19h30 às 20h40As perspectivas de tolerância nas religiões monoteístas (Catolicismo, Judaísmo e Islamismo) e suas dimensões nas Relações Internacionais.
    12/09 21h às 22h30Relações internacionais: da teoria ao profissional de política internacional

O abominável Bolsonaro das queimadas - Carlos José Marques (IstoÉ)

O abominável Bolsonaro das queimadas

Crédito: Divulgação
(Crédito: Divulgação)
O Brasil vive uma aberração administrativa sem precedentes. Bolsonaro, o presidente-capitão que tem prazer em tripudiar, fazer pouco caso e ofender adversários imaginários, enxergando comunistas até debaixo da cama, acabou subindo de status e é agora classificado como um desastre global – arrastando junto consigo o prestígio do Brasil, que no plano ambiental levou décadas para ser erigido com ações de preservação e que em poucos dias virou cinzas pela negligência gritante do mandatário para com o assunto. 
O reputado “The New York Times” classificou o Messias dos trópicos como “o mais maçante e insignificante dos líderes”. No mundo inteiro, da Alemanha aos EUA, do Canadá à Noruega, sem contar na mais nova inimiga preferencial do capitão, a França, diversos protestos repudiaram seus atos tidos como fascistas e selvagens, perto da barbárie. Bolsonaro resolveu responder à reação com bravatas. Confunde soberania com soberba. Mistura conceitos, faz malversação de dados técnicos e explora as fake news para produzir suas estultices. Ele mesmo se converteu em uma versão satirizada de Dom Quixote a enfrentar moinhos, trazendo a reboque seu exército de Brancaleone. E são muitos ao lado dele a compartilhar do universo paralelo que criaram. 
Em um rompante de sabujice explícita, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou o francês Emmanuel Macron de “idiota oportunista”. O filho Zero Três, Eduardo Bolsonaro, aspirante à vaga de embaixador em Washington, deu lições de diplomacia tosca endossando o xingamento. O ministro Onyx Lorenzoni mandou os europeus enfiarem o dinheiro — R$ 300 milhões que iriam ser lançados aqui sob a forma de contribuição ao Fundo da Amazônia — lá pelas bandas de suas florestas “que necessitam mais”. E o titular da pasta do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tentou ditar regras para receber a ajuda. 
Ao falarem grosso encenaram um show de patetices, comandado pelo capitão em pessoa, que ainda recorreu às redes sociais para veicular vídeos de caça à baleia na Dinamarca como se fossem na Noruega. Só faltaram as bananas para ornar o festival de cretinices da republiqueta. Mas ainda estávamos prestes a testemunhar uma cafajestada capaz de causar vergonha alheia a qualquer brasileiro minimamente digno, que preza pelo respeito ao ser humano. O governante golden shower, afundando na degradação moral, resolveu fazer um comentário jocoso digno de borracharia sobre a primeira-dama da França. Em tom de galhofa, com imagens das respectivas cônjuges dos dois líderes, um seguidor bolsonarista havia publicado que a razão da “inveja” de Macron seria a beleza de Michele Bolsonaro em comparação a de Brigitte Macron. No que o mandatário brasileiro não perdeu tempo e sapecou a sua pândega sexista: “não humilha, kkkkkkk”. 
O abominável Bolsonaro das queimadas, como vem sendo visto lá fora, passou de todos os limites. Isso vindo de um mero “hater” das redes já seria desprezível. Em se tratando de um chefe de Estado, que representa a Nação e seus compatriotas, passa do suportável. A falta de compostura de Bolsonaro na Presidência da República já era conhecida de boa parte dos brasileiros. Ganhou alcance planetário e o converteu em um pária global. Transamazônico, literalmente. Por aqui um movimento intitulado “#DesculpaBrigitte” tentou remediar o estrago. Recebeu milhares de adeptos não apenas entre o público feminino. 
O escritor Paulo Coelho levantou a mesma bandeira e resolveu enviar escusas formais em nome do Brasil. Espremendo o que ainda restava de credibilidade nacional, o “Mito” abriu novo flanco de guerra alegando que as terras indígenas “inviabilizam” o País. O direito dos índios a parte do território nacional é garantido pela Constituição, mas isso pouco importa quando o objetivo é encontrar culpados pelos problemas ambientais. Parece que toda a alegação vale a pena em seu triste espetáculo de desinformação. Antes o mandatário havia atribuído a responsabilidade das queimadas a ONGs e, no momento seguinte, aos produtores rurais. Sem apresentar qualquer prova em um caso ou outro. 
Com o seu repertório infindável de bobagens, o presidente age como um doidivanas inimputável, que pode esnobar recursos, dar falsos testemunhos, difamar reputações e praticar crimes contra a honra alheia. E não pode. 
Na verdade é constrangedor assistir a tantos atentados retóricos e de comportamento. Na essência, eles escancaram a mediocridade de comando que tomou o Planalto. Difícil mensurar o tamanho da ruína política que essa escalada de escárnio e falta de escrúpulos do mandatário no que tange a questões de interesse mundial vai causar ao País. Mas desde já é possível prever que ele caminha para um isolamento e irrelevância internacionais em virtude do ridículo. 
O Brasil entrou com ele na fogueira. Complicado será não sair chamuscado de lá.

Incendies en Amazonie : la France participe-t-elle à la déforestation ? - Benoit Zagdoun (Franceinfo)

Incendies en Amazonie : la France participe-t-elle à la déforestation ?

La forêt amazonienne est aussi victime du déboisement en Guyane française, mais dans une bien moindre mesure qu'au Brésil. En revanche, la France est grande consommatrice de soja brésilien.

Une zone de la forêt amazonienne déboisée et brûlée le 24 août 2019 près de Porto Velho (Brésil).
Une zone de la forêt amazonienne déboisée et brûlée le 24 août 2019 près de Porto Velho (Brésil). (CARLOS FABAL / AFP)
"On ne peut pas soutenir un modèle (…) qui favorise la déforestation de l’Amazonie et se prétendre le gardien de l’Amazonie." Le ton de l'eurodéputé écologiste Yannick Jadot s'est fait accusateur, lundi 26 août, au micro de franceinfo, alors qu'Emmanuel Macron affichait sa volonté de prendre la tête d'une mobilisation internationale contre les incendies qui ravagent la forêt amazonienne, au grand dam de son homologue brésilien, Jair Bolsonaro.
"La France participe de la déforestation en Guyane", a affirmé le député européen, avant d'ajouter : "La France favorise le développement d’un élevage où les animaux (…) sont nourris au soja brésilien." Sur France 2, Emmanuel Macron lui a donné en partie raison, reconnaissant que, sur la question des importations de soja brésilien, "on a une part de complicité". Des affirmations à remettre en perspective.

En Guyane, une déforestation limitée

La Guyane est le territoire le plus boisé de France. La forêt s'étend sur 8 millions d'hectares et recouvre environ 96% des terres, indique l'Office national des forêts (ONF). Cette forêt tropicale est publique à 99,4%. Elle est même domaniale, c'est-à-dire propriété de l'Etat, à 30%. Et seule une infime partie (0,6%) est privée, contrôlée par le Centre national d'études spatiales (Cnes) et le Centre spatial guyanais. Depuis 2007, la Guyane compte aussi le plus grand parc national de France, le Parc amazonien de Guyane, qui couvre 3,4 millions d'hectares. La responsabilité de la puissance publique dans la gestion de cet espace est donc quasi totale.
"Le plateau des Guyanes, qui comporte notamment la Guyane française, le Guyana et le Suriname, a des taux de déforestation extrêmement faibles et a maintenu un couvert forestier quasi intact par rapport à d'autres parties de l'Amazonie, aux zones andines ou brésiliennes", observe Laurent Kelle, responsable du WWF en Guyane.
En Guyane, on est très, très loin du reste de l'Amazonie, où on casse la forêt et on voit après ce qu'on fait.Pierre Courtiade, coordinateur du pôle énergie de l'Ademe en Guyaneà franceinfo
Entre 1990 et 2012, entre 3 000 et 3 300 hectares de cette forêt ont disparu chaque année, victimes de la la déforestation, d'après l'Institut géographique national (IGN). L'expansion de l'agriculture et de l'élevage est responsable de la disparition de 1 500 à 2 000 hectares par an, détaille la revue Territoire en mouvement. L'orpaillage, légal comme clandestin, entraîne la perte de 800 à 1 000 hectares par an – à parts égales, d'après Laurent Kelle. Et la construction d'infrastructures, routières mais aussi urbaines, cause le déboisement de quelque 400 hectares chaque année.
"Cela peut paraître beaucoup vu de métropole, mais c'est très peu à l'échelle amazonienne", relativise Lilian Blanc, chercheur en écologie forestière au Centre de coopération internationale en recherche agronomique (Cirad). Ces 3 000 à 3 300 hectares de forêt rasés annuellement représentent environ 0,04% du territoire guyanais. "La déforestation en Guyane n'a rien à voir avec le contexte brésilien", insiste l'écologue. Au Brésil, la déforestation opère à une tout autre échelle. En 2018, ce sont 1,3 million d'hectares de forêt tropicale primaire qui y ont disparu, selon le World Resources Institute. Soit environ 0,4% de la forêt amazonienne restante au Brésil, déjà réduite de 20% depuis 1970.

Une exploitation forestière encadrée

"La forêt guyanaise est certainement la forêt tropicale la mieux gérée du monde, assure Lilian Blanc. Et sa gestion est planifiée et encadrée par l'ONF." Depuis 2012, l'office s'est d'ailleurs engagé dans une démarche de certification de la forêt guyanaise, afin de garantir une gestion durable de la ressource. "En Guyane, les exploitants forestiers ne prélèvent que quatre à cinq arbres à l'hectare contre dix au Brésil. Et les forestiers ne passent sur une parcelle que tous les 65 ans. Les arbres ont le temps de se régénérer et la biodiversité est préservée, expose l'écologue du Cirad. Au Brésil, les passages se font tous les cinq ou dix ans. C'est cette rapidité qui rend la forêt si vulnérable au feu. Et c'est cette forêt-là qui brûle aujourd'hui." 
La production de bois est faible en Guyane, de l'ordre de 90 000 mètres cubes par an. A titre de comparaison, dans les Landes, elle atteint un million de mètres cubes.Lilian Blanc, chercheur en écologie forestière au Ciradà franceinfo
En Guyane, la forêt amazonienne n'est pas non plus grignotée par l'agriculture et l'élevage, comme au Brésil. Dans cette région d'outre-mer, "il n'y a pas de volonté de pousser les grandes installations comme au Brésil, et ces implantations agricoles sont parfaitement contrôlées par l'Etat", explique Pierre Courtiade, qui constate cependant "une demande et une volonté légitime de développer l'agriculture et l'élevage". "En Guyane, la population double tous les quinze ans, il manque actuellement 7 000 logements et l'autosuffisance alimentaire ne dépasse pas 20%. On ne peut pas laisser les gens vivre dans des bidonvilles et il faut bien les nourrir. Les exploitations agricoles couvrent 30 000 hectares aujourd'hui. Et il en faudrait 50 000 hectares d'ici quinze ans pour nourrir tout le monde", chiffre le responsable de l'Ademe.

Mais une politique à géométrie variable

"L'Etat n'a pas toujours mis en avant comme une priorité la préservation de la forêt amazonienne en Guyane", pointe toutefois l'écologue Lilian Blanc. En 2015, lorsqu'il était ministre de l'Economie, Emmanuel Macron a ainsi soutenu le gigantesque et controversé projet minier Montagne d'or. Un soutien qu'il a confirmé en 2017, après son arrivée à l'Elysée. L'exécutif a finalement annoncé son abandon, en mai. Mais le président de la compagnie minière ne s'avoue pas vaincu, arguant que le projet n'est pas finalisé.
"Depuis 2014-2015, il y a énormément de spéculation de la part de multinationales autour des ressources minières guyanaises. Les demandes de permis d'exploration sont en hausse et concernent des milliers d'hectares", observe Laurent Kelle, responsable du WWF en Guyane. Des cartes de ces installations minières d'exploration ou d'exploitation qui mitent la forêt guyanaise sont consultables sur le cadastre minier officiel, mais aussi sur Panoramine, à l'initiative de l'association Ingénieurs sans frontières. D'après les ONG comme le collectif Or de question, opposé aux méga-projets d'extraction en Guyane, les activités minières, légales ou non, occupent 360 000 hectares de forêt.
"Il y aurait une incohérence à continuer d'octroyer des titres de prospection miniers, voire à terme des permis d'exploitation, et d'afficher une volonté de protéger l'Amazonie. Si, demain, on autorise une industrie minière en Guyane, on aura une activité économique incompatible avec la protection de l'environnement", prévient Laurent Kelle.
En 2019, on a encore recensé 132 sites miniers illégaux dans le parc national guyanais. La création de ce parc a contribué à lutter et à limiter l'impact de l'orpaillage illégal, mais on ne peut pas se satisfaire de ce bilan.Laurent Kelle, responsable du WWF en Guyaneà franceinfo
"Le gouvernement oscille entre deux tendances, au gré des pressions locales, nationales et internationales", analyse Lilian Blanc. D'un côté, les partisans d'une préservation totale de la forêt. De l'autre, les tenants de son utilisation comme outil de développement économique. En 2017, lors de la dernière grande crise sociale guyanaise contre la vie chère, l'Etat a lâché du lest face aux seconds. "Aujourd'hui, c'est plutôt le courant conservationniste [favorable à la préservation de la forêt] qu'on entend", estime l'écologue.

Et des importations de soja brésilien

Mais la France n'est pas seulement directement responsable des dommages qu'elle peut faire subir à la forêt amazonienne en Guyane, elle est aussi indirectement comptable de la déforestation en Amazonie brésilienne, notamment. Selon un rapport publié en juin par Greenpeace, s'appuyant sur la base de données Comtrade des Nations unies sur le commerce mondial, la France importe chaque année quelque 2 millions de tonnes de soja en provenance du Brésil, qui en a produit plus de 113 millions de tonnes en 2019, selon l'AFP. En 2017, le soja brésilien représentait ainsi 61% de l'ensemble du soja importé par la France, faisant du Brésil le premier fournisseur de soja de l'Hexagone, d'après Greenpeace. Ce soja était principalement destiné à l'alimentation animale dans les élevages, selon l'ONG.
Mais si la culture du soja, dont le Brésil est le premier exportateur mondial devant les Etats-Unis, a été l'une des principales causes de déforestation en Amazonie brésilienne, le moratoire entré en vigueur en 2006 a permis d'y mettre un quasi coup d'arrêt. La culture du soja n'est plus responsable que de 1% du déboisement contre 30% il y a trois ans, soit tout de même plus de 2 millions d'hectares, d'après Mighty Earth. L'ONG note toutefois que des géants du secteur ont reporté leur expansion sur les pays voisins, l'Argentine, le Paraguay ou la Bolivie.
Ces activités agricoles n'occupent d'ailleurs qu'environ 6,5% de la surface déboisée au Brésil. "L'élevage bovin extensif est le principal facteur de déforestation de l'Amazonie. Un peu plus de 65% des terres déboisées en Amazonie sont aujourd'hui occupées par des pâturages", pointe à l'AFP Romulo Batista, chercheur chez Greenpeace. Des entreprises françaises portent en outre une part de responsabilité dans l'exploitation illégale du bois de la forêt amazonienne au Brésil, d'après Greenpeace. Dans une enquête parue en 2018, l'ONG a accusé 19 sociétés d'avoir été complices de ce trafic en 2016 et 2017 en s'approvisionnant en bois exotique extrait de concessions dont les plans d'exploitation étaient frauduleux.
L'association Envol Vert a calculé l'"empreinte forêt" des Français. Elle estime qu'il faut raser en moyenne 352 m2 de forêt par Français pour répondre à nos habitudes de consommation. Le soja compte à lui seul pour 206 m2. Cela représente 2,4 millions d'hectares d'arbres arrachés pour l'ensemble de la population française, soit presque la superficie de la Bretagne. Des forêts qui disparaissent à cause de nos modes de vie en Amérique du Sud, mais aussi en Asie du Sud-Est et en Afrique.

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Proteger a Amazônia: redefinir R2P - Jean-Baptiste Jeangène Vilmer

Jean-Baptiste Jeangène Vilmer, que é diretor do Instituto de Pesquisas Estratégicas da Escola Militar francesa argumenta que é preciso avançar no conceito de Responsabilidade de Proteger (R2P), no sentido de integrar a preservação do meio ambiente como uma das preocupações relevantes da comunidade internacional.
Ademais do artigo abaixo reproduzido, publicado no Le Monde (28/08/2019, p. 24), há uma entrevista que ele concedeu para a Radio France Culture: https://www.franceculture.fr/emissions/le-temps-du-debat/faut-il-un-droit-dingerence-international-ecologique
 
 Em seu artigo, ele parte do caso brasileiro para a redefinição da noção de soberania, essencial para a preservação de um bem comum para toda a humanidade, indicando os meios coercitivos (não desejáveis) e os indutivos (preferíveis) para esse objetivo.
Paulo Roberto de Almeida

« Il faut mieux protéger l’Amazonie »

Jean-Baptiste Jeangène Vilmer
Le Monde, 28 Août 2019

Contraindre un Etat à assurer la sauvegarde d’un bien commun de l’humanité implique de redéfinir la notion de souveraineté, explique Jean-Baptiste Jeangène Vilmer, directeur de l’Institut de recherche stratégique de l’Ecole militaire.

Actuellement consumée par des dizaines de milliers de feux et une déforestation qui rase l’équivalent de deux terrains de football par minute, la forêt amazonienne agonise sous nos yeux. Parce qu’il s’agit de la plus grande forêt tropicale au monde, du plus grand réservoir de biodiversité et de l’un des principaux stabilisateurs climatiques de la planète, nous souffrirons tous de sa destruction.
Cette catastrophe a suscité des réactions du secrétaire général de l’ONU et de plusieurs chefs d’Etat. Si la France est en première ligne – « Notre maison brûle », a réagi le président Macron, parlant d’une « crise internationale » –, c’est, non seulement, pour défendre un intérêt national en tant que pays amazonien, par son département de Guyane, mais aussi et surtout pour porter des valeurs universelles.
La forêt amazonienne est, en effet, un cas particulier : comme les « espaces communs » tels l’océan, l’atmosphère, les pôles ou encore l’espace, elle constitue une ressource dont les bienfaits bénéficient à tous et dont la destruction nuirait à tous. Mais, contrairement à eux, elle est située sur le territoire d’Etats souverains, qui n’hésitent pas à le rappeler : « L’Amazonie appartient au Brésil », avait ainsi martelé le président Bolsonaro en juillet, avant de répondre au président Macron qu’il s’ingérait dans « un problème interne ». Celui qui s’estime propriétaire d’un bien peut décider qu’il porte la responsabilité d’en prendre soin – ce qui était le cas jusqu’alors – ou qu’il a le droit de ne pas le faire, ce qui semble être le cas désormais.
Climatosceptique, M. Bolsonaro ne cache pas qu’il considère la protection de l’environnement comme un obstacle au développement économique. Depuis son arrivée au pouvoir, la déforestation s’est accélérée. En juin 2019, elle avait augmenté de 88 % par rapport à l’année précédente, selon les chiffres de l’agence spatiale brésilienne – dont le directeur s’est fait limoger après cette révélation. Le président est en outre accusé d’être resté inactif face aux incendies pendant plusieurs semaines.

« Responsabilité de protéger »

Le cas brésilien est spectaculaire mais il n’est certainement pas le seul. Se pose donc une question générale : comment contraindre un Etat souverain à protéger un bien commun qui se trouve sur son territoire et dont la destruction aurait un impact planétaire ?
D’abord en défendant une redéfinition de la souveraineté-pouvoir (le pouvoir d’opprimer sa population ou de détruire son environnement) vers une souveraineté-responsabilité (la responsabilité d’en prendre soin). C’est l’un des fondements de la notion de « responsabilité de protéger » (R2P) acceptée par l’ensemble des Etats membres de l’ONU comme s’appliquant aux atrocités de masse (génocide, crimes contre l’humanité, nettoyage ethnique, crimes de guerre). L’idée est que l’Etat a la responsabilité première de prévenir et de faire cesser ces crimes sur son territoire mais que, s’il échoue, par manque de volonté ou de capacité, la communauté internationale a une responsabilité subsidiaire d’intervenir.
Aujourd’hui, la destruction de l’environnement ne figure pas dans son champ d’application et, à l’exception d’une tentative infructueuse de l’alors ministre français des affaires étrangères et européennes Bernard Kouchner et de quelques autres de faire valoir que la R2P s’applique aussi aux catastrophes naturelles – lorsque le cyclone Nargis avait dévasté la Birmanie en 2008 et que le gouvernement refusait l’aide internationale –, il n’y a pas de précédent.
Une manière indirecte d’inclure l’environnement dans la responsabilité de protéger serait d’affirmer que les actions délibérées, généralisées ou systématiques causant des dommages étendus, durables et graves à l’environnement naturel portent atteinte non seulement à la sécurité de la planète mais aussi aux conditions d’existence de l’humanité. De ce point de vue, le crime d’écocide est aussi une forme de crime contre l’humanité. Le Conseil de sécurité des Nations unies pourrait en outre estimer qu’en contribuant au changement climatique, la destruction de la forêt amazonienne constitue une menace envers la paix et la sécurité internationales, lui permettant d’adopter des réponses coercitives.

Financement collectif

Si l’usage de la force – une intervention militaire pour établir un périmètre de protection et empêcher la déforestation par exemple – semble farfelue et dangereuse car certainement contre-productive, on ne peut exclure que, dans une situation similaire dans dix ou vingt ans, si l’enjeu est alors perçu comme vital, la question finisse par se poser. Aujourd’hui, la coercition consiste à exercer une pression croissante sur l’Etat hôte du bien commun à protéger (accord UE-Mercosur, importations, etc.).
Une autre approche, par l’incitation, serait de financer collectivement la protection : la communauté internationale pourrait créer un fonds d’investissement environnemental pour inciter les Etats ayant un bien commun mondial sur leur territoire à en prendre soin. L’aide serait conditionnée à la mise en place de politiques favorables à l’environnement. La réponse peut aussi être régionale, avec la mise en place de brigades internationales de bombardiers d’eau par exemple, sur le modèle européen du nouveau mécanisme « rescEU », mis en place cette année.
Dans tous les cas, il est important, d’une part, de ne pas braquer l’opinion publique du pays concerné car c’est sur elle, sur la société civile, qu’il faudra s’appuyer pour infléchir des politiques gouvernementales, et c’est pourquoi l’offre de coopération est dans un premier temps préférable à ce qui pourrait être perçu comme une punition humiliante. D’autre part, il faut comprendre les logiques économiques à l’œuvre et prendre le problème à la racine. Dans le cas du Brésil, la déforestation est due à la culture de soja et à l’élevage bovin, c’est-à-dire, in fine, à la demande mondiale de viande. Tant que celle-ci continuera d’augmenter, la forêt, donc le climat, seront menacés.

Jean-Baptiste Jeangène Vilmer est directeur de l’Institut de recherche stratégique de l’Ecole militaire (IRSEM). Il est l’auteur du « Que sais-je ? » La Responsabilité de protéger (Paris: PUF, 2015).

The Amazon is reaching a dangerous tipping point - WEF

The Amazon is reaching a dangerous tipping point. We need to scale solutions now if we have any chance of saving it

An aerial view shows a tract of Amazon rainforest which has been cleared by loggers and farmers for agriculture, near the city of Santarem, Para State April 20, 2013. The Amazon rainforest is being eaten away at by deforestation, much of which takes place as areas are burnt by large fires to clear land for agriculture. Initial data from Brazil's space agency suggests that destruction of the vast rainforest - the largest in the world - spiked by more than a third over the past year, wiping out an area more than twice the size of the city of Los Angeles. If the figures are borne out by follow-up data, they would confirm fears of scientists and environmental activists who warn that farming, mining and Amazon infrastructure projects, coupled with changes to Brazil's long-standing environmental policies, are reversing progress made against deforestation. Environmental issues will be under the spotlight as a United Nations Climate Change Conference opens in Warsaw, Poland, on November 11. Picture taken on April 20, 2013.
Deforestation in the Brazilian Amazon rainforest has spiked alarmingly in recent months. 
Image: REUTERS/Nacho Doce 
World Economic Forum, August 30, 2019

News coverage of the catastrophic impacts of global warming are everywhere. From the Arctic to Brazil, the house is clearly on fire. One study recently estimated that the productivity of the 10 most important agricultural crops has on average decreased worldwide due to a warmer and drier climate. Make no mistake, climate change is already contributing to hunger, migration and conflict. And while we face a climate emergency of unprecedented scale, there are also signs of possible solutions. Scaling measures to reverse climate change will require large-scale disruption, clarity of purpose and unwavering commitment.
The Amazon basin is centre-stage in the debate over the causes of and solutions to global warming. Spanning over 7 million square kilometres, it accounts for over 40 percent the world´s entire stock of tropical forests, 20 per cent of the global fresh water supply and regulates rainfall, cloud cover and ocean currents. As media headlines around the world are showing, these forests are under threat due to fires, relentless deforestation and degradation. Much of this is caused by cattle rearing, soy production, mining and selective logging.
Scientists are concerned that the Amazon is perilously close to a tipping-pointcreating conditions so hot and dry that local species could not regenerate. If 20-25 percent of the tree cover is deforested, the basin’s capacity to absorb carbon dioxide would collapse. If this happens, the world´s largest tropical forest will become its biggest patch of scrubland. This would not only lead to rapid deterioration of biodiversity, it would profoundly upset the process of evapotranspiration which influences cloud cover and the circulation of ocean currents.
Guardian graphic | Source: Brazilian National Institute for Space Research
Countries like Brazil have a central role to play in the protection of the Amazon basin. Part of the reason is geographic – 60 percent of the Amazon is in Brazil, with the rest divided up between Bolivia, Colombia, Ecuador, Guyana, Peru, Suriname and Venezuela. Until recently, Brazil had a positive record having reduced deforestation by roughly 80 percent between 2005 and 2012. This did not happen by accident, but rather through concerted public investment in law enforcement, the creation of protected areas that acknowledged the rights of indigenous people, and the restricting of rural credit to law abiding farmers. A moratorium on soy produced in deforested areas after 2006 was also critical. 
Yet these gains were short-lived, since deforestation levels increased steadilyabout five years ago. Part of the reason is that several large agribusinesses pushed back, concerned that Brazil’s robust environmental protections were cutting into their profits. The then ruling government and congress caved, pardoning prior illegal deforestation activities in 2012 and reducing the number of protected areas. Between 2013 and 2018, deforestation soared by over 70 percent, with many land users feeling newly empowered and immune to penalties. The scale of deforestation continued its dramatic upward trajectoryunder the administration of President Jair Bolsonaro that took power in 2019. 
Smoke billows during a fire in an area of the Amazon rainforest near Porto Velho, Rondonia State, Brazil, Brazil August 21, 2019.
Smoke billows during a fire in an area of the Amazon rainforest near Porto Velho, Rondonia State, Brazil, Brazil August 21, 2019. 
Image: REUTERS/Ueslei Marcelino
So what steps can be taken? 
The most obvious involves doling out penalties. This includes imposing heavy fines on companies with dirty supply chains, divestment strategies targeting key violators, publicized product boycotts and environmental campaignsshaming those involved in illicit activities. But all this requires better evidence, including more investment in the scientific detection of illegal deforestation and sustained enforcement of existing laws related to environmental crimes. The key is to reduce land-grabbing and unproductive land use. In doing so, this can decrease deforestation while simultaneously raising the value of agricultural production by increasing productivity of under-used deforested areas. 
The public and private sectors can also incentivize sustainable land use and forest conservation. For example, expanding political and financial support for progressive governors and civil society groups promoting sustainability is key. Consider the work of the Brazilian climate, forestry and agriculture coalition that is advocating for public and private partnerships to curb deforestation, stimulate land restoration and increase land-use efficiency. The coalition includes banks, beef packing groups, agricultural producers and landowners who are committed to more sustainable business practices. They are acting out of enlightened self-interest, especially since demanding international creditors are expecting greener supply chains. 
While still only one part of the solution, there are encouraging signs of new efforts to finance sustainable agribusiness. Take the case of the Responsible Commodities Facility unveiled by the London Stock Exchange. It is the world’s first green bonds scheme to provide low-interest credit lines for sustainable food production. Farmers that use degraded pasture and avoid clearing forests for agriculture are provided access to up to $1 billion over the next four years to plant close to 190 million tons of soy and corn. The facility also seeks to protect and restore up to 3.7 million kilometres of the Brazilian savanna (“Cerrado biome”) – which is also under threat - to reduce 250 million tons of carbon dioxide emissions.
Meanwhile, the Chinese-owned trading firm COFCO International has joined forces with 20 banks to issue a $2.1 billion financing facility to support sustainability. The facility pegs the margin that a group must pay to its progress in meeting environmental, social and corporate governance targets in agricultural commodities in Brazil. The goal is to promote sustainable sourcing of soy and re-invest margins savings into reforestation and protecting land in the Amazon. Other traders such as Olam and Louis Dreyfus have also agreed to renew similar sustainability financing arrangements valued at over $750 million. 

What’s the World Economic Forum doing about deforestation?


Halting deforestation is essential to avoiding the worst effects of global climate change. 
The destruction of forests creates almost as much greenhouse gas emissions as global road travel, and yet it continues at an alarming rate.
In 2012, we brought together more than 150 partners working in Latin America, West Africa, Central Africa and South-East Asia – to establish the Tropical Forest Alliance 2020: a global public-private partnership to facilitate investment in systemic change.
The Alliance, made up of businesses, governments, civil society, indigenous people, communities and international organizations, helps producers, traders and buyers of commodities often blamed for causing deforestation to achieve deforestation-free supply chains. 
The Commodities and Forests Agenda 2020, summarizes the areas in which the most urgent action is needed to eliminate deforestation from global agricultural supply chains. 
The Tropical Forest Alliance 2020 is gaining ground on tackling deforestation linked to the production of four commodities: palm oil, beef, soy, and pulp and paper.
Get in touch to join our mission to halt to deforestation.
Ultimately, the beef industry is key to reducing deforestation since 80 percent of the cleared areas under agriculture use is covered with pastureland. Many international importers and sellers are keen to green their supply chains to avoid global consumer backlash. While still very early days, Marfrig Global Foods, one of the world’s largest beef producers, recently launched sustainability bonds. Marfrig´s $500 million dollar decade-long offering brings together a number of large banks to support investments that avoid deforestation and reduce carbon emissions. Marfrig already launched several initiatives to encourage suppliers to adopt zero-carbon practices and certify products with the Rainforest Alliance. For the system to work, traceability guarantees are essential. Domestic meat producers in Brazil are also wary since the larger chains that sell their products – Carrefour, Casino, Walmart and others – are foreign owned (and are committed to zero carbon standards, in principle).
In its 2019 report, the Intergovernmental Panel on Climate Change recommended a host of initiatives that could help reduce deforestation. Not all of them involve policies or investments in Brazil, of course. For example, if all of us reduce food waste, less food and therefore less land will be necessary to feed the world’s growing population. A more balanced human diet that includes (much) less animal protein would likewise reduce the emissions associated with food production. These are not optional extras, but essential behavioral shifts that are critical for mitigating catastrophic climate change. While necessary, these transitions will take time. 
Ultimately, the fate of our climate and ecosystems depends on what happens next in the Amazon. Brazil has shown how deforestation can be rapidly reducedthrough a combination of public and private policies. The prospects for government change are uncertain. To the contrary, Brazil’s current political leadership has said it intends to scale-up exploitation of the Amazon for cattle, minerals and timber. The president and environment minister are also hostile to climate science, having recently sacked the head of the space instituteresponsible for monitoring deforestation. 

Have you read?

Growing numbers of foreign governments and domestic business coalitions fear that the government’s policies are putting the Amazon at risk. After months of sabre-rattling with the Brazilian authorities, Norway and Germany postponed contributions to the $1 billion Amazon Fund. The president of France and chancellor of Germany have also described the situation in the Amazon as an “acute emergency”, calling for it to be at the top of the agenda for the G7. Meanwhile, in Brazil, the presidents of the Sustainable Development Business Council and Brazilian Association of Agribusiness have criticized government proposals to open up protected forests, with the latter calling it an unmitigated disaster. The Brazilian Tree Industry (IBÁ), representing over $10.7 billion of exports, is worried that the country’s hard-earned reputation for conservation could be irreparably damaged. 
A growing number of politicians and business leaders recognize that their future depends on a more proactive approach to protecting the Amazon. For example, several state governors have publicly rejected the federal government’s measures, called for decentralizing international aid to the states, and advocated for more cooperation to protect Amazon resources. Eight former environment ministers and a former agriculture minister have come out in opposition to the president’s proposals. And after the government´s policies came under criticism from the likes of The Economist, New York Times and Financial Times, local groups have felt more emboldened to push back.
Brazilians also appear to be increasingly receptive to a more sustainable approach to protecting the Amazon. Opinion polls have shown that Brazilians favor forest conservation and respect the rights of indigenous peoples: more than 96 percent of them believe the government needs to take more action to prevent illegal deforestation and 86 percent of them oppose opening-up protected indigenous areas to exploitation. Earlier this month, several senators withdrew a proposal to terminate the "legal reserve" in the face of mounting public pressure. This week the head of Congress said they would establish commissions to deal with fires in the Amazon and propose solutions. While it will be challenging to steer Brazil back to the road of sustainability, the costs of not doing so are incalculable.