Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 30 de junho de 2017
O Brasil nao tem reservas em moeda estrangeira, mas sim divida - Ricardo Bergamini
quinta-feira, 29 de junho de 2017
Alemanha e Brasil: o grande diferencial em empregos sofisticados - Paulo Gala
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quarta-feira, 28 de junho de 2017
O Apelo de Praga para a Renovacao da Democracia (texto em portugues)
Eu já tinha postado o apelo, em sua versão original em inglês, neste mesmo espaço, com a lista de seus primeiros signatários (infelizmente não há nenhum do Brasil, a despeito de nele vermos os nomes de personalidades democráticas de países tão "difíceis" para a democracia quanto a China, Cuba, Arábia Saudita, Venezuela), neste link:
http://diplomatizzando.blogspot.pt/2017/06/a-chamada-de-praga-para-renovacao-da.html
Ao participar do Forum, encerrado nesta quarta-feira 28 de junho, depois de três dias de intensos debates e apresentações, indaguei do Professor Espada se existia uma versão em Português deste apelo, e ele informou-me que não. Providenciei, assim, rapidamente, uma versão não oficial em Português deste importante documento, que deve, previsivelmente, servir de base para uma vigorosa defesa da democracia em todos os lugares nos quais ela se encontra ameaçada.
Pessoalmente, não compro a tese de que o Brasil seja uma sociedade democrática consolidada. Se assim considerarmos, temos pelo menos de admitir que se trata de uma democracia de baixíssima qualidade, com instituições formais talvez adequadas a seu objetivo principal, mas muitas vezes ocupadas por responsáveis pouco responsáveis, digamos assim. Basta conferirmos, por exemplo, a realidade em nosso país, em meio a investigações de caráter policial e a cargo do poder judiciário, com este trecho do apelo de Praga, que lista os diversos princípios de uma formação política democrática:
"... a eleição regular dos funcionários governamentais por meio de um processo de escolha verdadeiramente livre, justo, aberto e competitivo; amplas oportunidades, além das eleições, para que os cidadãos participem e vocalizem suas preocupações; transparência governamental e prestação de contas, ambas asseguradas por meio de um forte sistema constitucional de pesos e contrapesos e da supervisão da sociedade civil; um vigoroso primado do direito, garantido por um judiciário independente; uma economia de mercado que esteja isenta de corrupção e conceda oportunidades para todos; e uma cultura democrática feita de tolerância, de civilidade e de não-violência."
Transcrevo, portanto, aqui abaixo, minha versão do "manifesto" em sua íntegra, seguindo-se a lista de seus atuais signatários (e seus respectivos países, em inglês), entre os quais se encontra o professor João Carlos Espada, a quem agradeço a excepcional boa acolhida que nos foi patrocinada, a mim e a Carmen Lícia Palazzo, durante os quatro dias nos quais permanecemos no Estoril. Estendo igualmente minha apreciação e o nosso reconhecimento a todos os demais organizadores e promotores do evento, entre os quais se encontra o professor João Pereira Coutinho, colunista do jornal Folha de São Paulo e que pode ser chamado de maior "brasilianista" português.
Espero que este "manifesto" sirva de documento de apoio aos diversos movimentos e a todas as pessoas que, no Brasil e em outros países, lutam pelo estabelecimento de um verdadeiro sistema democrático, livre da corrupção e de tantas deformações e desvios em suas instituições de Estado.
Paulo Roberto de Almeida
Estoril, Portugal, 29 de junho de 2017
Mike Abramowitz, USA
Rosa Maria Payá, Cuba
Paulo Kramer: "o imoderado poder dos nossos moderadores"
Imoderado poder
Paulo Kramer
A desmoralização de todas as instituições políticas sob o presidencialismo de coalizão, ou de cooptação, ou de corrupção, tanto faz, perpetua uma vergonhosa dependência em relação a qualquer Poder Moderador.
TERÇA-FEIRA, 27/6/2017
Se, como alertou Douglass North no seu discurso de recepção do prêmio Nobel de Economia (1993), as instituições são “regras do jogo” modeladas pela cristalização dos costumes e hábitos de uma sociedade, numa palavra, da sua cultura, então as vicissitudes das nossas repúblicas de sempre encontram explicação nas hipóteses de Raymundo Faoro, em Os Donos do Poder (2ª edição, 1975), e de Roberto DaMatta, em “Você sabem com quem está falando?...” (1979). Governantes e burocratas consideram-se mais importantes e ‘maiores’ que os cargos que exercem e abusam de sua autoridade, apropriando-se patrimonialisticamente dos recursos públicos. Para aquilatar esse problema em toda a sua gravidade, basta contrastar esse vezo aristocrático do comportamento dos mandantes em relação aos mandados com o respeito reverencial que os titulares do poder público nos Estados Unidos – noves fora Donald Trump – devotam às instituições que representam. Não se trata apenas da perene engenhosidade dos checks and balances projetados pelos pais da constituição de 1787, como James Madison (1751-1836), co-autor, com Alexander Hamilton e John Jay, dos magistrais Artigos Federalistas, quarto presidente americano (de 1809 a 1817), arguto leitor de Montesquieu (1689-1755), que no clássico O Espírito das Leis(1748), introduziu a teoria de divisão/separação de poderes no debate político moderno como antídoto ao despotismo – por definição, uma modalidade imoderada de governo. Trata-se, isto sim, da disciplina habitual de respeito mútuo entre os poderes, assegurada pela certeza da punição aos agentes políticos que se atrevam a exorbitar das suas prerrogativas.
Aqui e agora, a desmoralização de todas as instituições políticas sob o presidencialismo de coalizão, ou de cooptação, ou de corrupção, tanto faz – levada ao paroxismo nos períodos Lula e Dilma –, perpetua uma vergonhosa dependência em relação a qualquer Poder Moderador. Ela permanecerá entre nós enquanto as autoridades republicanas continuarem a exercer seu poder... imoderadamente.
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*Paulo Kramer é analista de riscos e professor de Ciência Política da UnB.
This Day in History: Tratado de Versalhes, em 1919, o que provocou uma nova guerra
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