O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Referencias sobre Educacao: bases de dados (ABED)


Referatórios de objetos de aprendizagem e outros recursos educacionais
[Extraído do Fredric M. Litto, Aprendizagem a Distância (São Paulo: Imprensa Oficial, 2010)]

Links para repositórios de recursos educacionais abertos de língua portuguesa
Um “repositório” é um site que contém recursos digitais úteis para a aprendizagem formal ou não formal, com mídias como textos, imagens estáticas (mapas, gráficos, desenhos ou fotografias) ou animadas (vídeos e filmes), arquivos de som e objetos de aprendizagem. Alguns repositórios são essencialmente institucionais, para dar apoio a seus próprios cursos a distância ou presenciais; outros são multi institucionais, focalizando uma determinada área de conhecimento humano ou material de valor educativo numa determinada mídia. Um “referatório”, por outro lado, é um site na web que não faz o armazenamento dos recursos propriamente ditos, mas, sim, indica a quem tem interesse em aprender, os “metadados” (catalogação extensa) que indicam quais são os repositórios que detêm recursos sobre determinado assunto. Como tal, é um “agregador” de fontes da informação, fazendo no ciberespaço o trabalho importante feito antigamente pelo bibliotecário de referência: indicar ao aprendiz os locais mais prováveis onde encontrar a informação desejada. Em alguns casos encontramos sites que são uma mistura de repositório e referatório, outros que não separam claramente os recursos em português e os em outras línguas, e um número considerável de sites que são parcialmente ou inteiramente fechados a usuários não assinantes pagantes, individuais ou institucionais.
Na seleção dos sites para compor esta listagem não exaustiva, foram usados os seguintes critérios: acesso aberto e gratuito; recursos e navegação predominantemente em língua portuguesa; recursos de uso potencial em múltiplos níveis educativos; instituição que oferece a informação de reconhecida seriedade.

Serviço da Associação Brasileira de Educação a Distância - ABED que oferece links a repositórios de material educativo.
Um repositório de objetos de aprendizagem dedicado ao ensino tecnológico por parte do SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. É parcialmente aberto para “visitantes ou aprendizes” que não fazem parte da comunidade das escolas do SENAI ou empresas conveniadas.
Repositório de objetos de aprendizagem, principalmente ligados ao ensino de física e química, originalmente criados na Escola do Futuro da USP (com o patrocínio das Fundações Vitae e Telefônica) e agora hospedado na Faculdade de Educação da USP.
O Portal de Ensino de Ciências e de Cultura Científica é uma mistura de repositório e referatório com conteúdos relacionados às ciências exatas, naturais, sociais e humanas e à tecnologia. É mantido pelo Centro de Física Computacional e Cnotinfor, entre outras entidades científicas portuguesas.
O Banco Internacional de Objetos Educacionais, projeto da SEED-MEC, tem, para download, centenas de animações, simulações, vídeos, imagens, mapas e softwares educacionais.
A Fundação Getúlio Vargas, como parte do Consórcio OCWC (OpenCourseWare Consortium), é pioneira no Brasil na oferta gratuita de quatro cursos universitários via web (cada um com duração de 15 horas): Recursos Humanos, Ética, Diversidade nas Organizações e Ciência e Tecnologia.
Através de convênio com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), o Portal Universia oferece um repositório contendo, em tradução para o português, o material de apoio ao aluno em centenas de cursos de graduação e pós-graduação daquela instituição norte-americana: planos de estudo, materiais de estudo, tarefas, exames e recursos relacionados. Há, também, conteúdos de disciplinas de tecnologia e ciências exatas, ciências sociais, humanidades e artes.
A Scielo-Scientific Electronic Library Online (Biblioteca Científica Eletrônica Online) é um referatório que abrange mais de 600 periódicos científicos brasileiros na web em todas as áreas de conhecimento.
Directory of Open Access Journals (Diretório de Revistas de Acesso Livre) é um referatório internacional, sediado na Suécia, que oferece links com 736 periódicos científicos online das mais diversas áreas de conhecimento, sendo 386 originados no Brasil e 26 em Portugal.

 Agradecimentos pela colaboração da Prof.ª Dra. Andréia Inamorato dos Santos
Para acrescentar um site que contenha recursos digitais nesta lista envie o link para abed@abed.org.br .

Bye bye Brazil: wither the 6th big economy?

Por Ana Clara Costa
VEJA.com, 31 de agosto de 2012

O fraco resultado da economia brasileira no segundo trimestre sepultou a permanência do Brasil como sexta maior economia do mundo – posto que havia sido atingido no início do ano com o anúncio dos resultados econômicos de 2011, desbancando o Reino Unido. Ainda que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostre um estranho otimismo em relação aos próximos trimestres, o resultado atual – alta de 0,5% no PIB no primeiro semestre – coloca o país de volta à sétima posição, atrás de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.
Segundo dados da Economist Intelligece Unit (EIU), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos últimos doze meses soma 2,391 trilhões de dólares, ante 2,415 trilhões de dólares da Grã-Bretanha. No ano passado, a economia brasileira produziu riquezas que totalizaram 2,48 trilhões de dólares, enquanto o país europeu somou 2,26 trilhões de dólares.
Segundo o analista da EIU, Robert Wood, além da desaceleração econômica, a desvalorização do real foi crucial para a queda no ranking. “Desde março o real enfrenta expressiva queda ante o dólar e isso afetou, parcialmente, o PIB brasileiro na comparação mundial”, afirma Wood. Em março de 2012, a moeda americana era cotada a 1,71 real, enquanto, no final de junho, estava em 2,03 reais – mesmo cotação desta sexta-feira. “O desempenho da economia britânica é muito fraco, mas a libra tem se mantido estável em relação ao dólar”, acrescenta o economista.
Em abril deste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia alertado, em seu relatório trimestral, que o Brasil perderia o posto de sexta economia devido ao enfraquecimento do real. O FMI prevê que a economia brasileira encerrá o ano com um PIB de 2,449 trilhões de dólares, enquanto o da Grã-Bretanha chegará a 2,452 trilhões de dólares. 
O resultado frustrante mostrou-se iminente, mesmo após as inúmeras medidas de estímulo anunciadas pelo Palácio do Planalto: desde o aumento do protecionismo para estimular a indústria nacional até a pressão do governo para o corte de juros e expansão do crédito por parte dos bancos públicos e privados. Por último, a presidente Dilma decidiu apelar para o que realmente impulsiona o crescimento sustentável do país: os investimentos em infraestrutura por meio de um agressivo plano de privatizações: o PAC das Concessões. Contudo, o anúncio veio tarde demais para salvar o PIB de 2012.

Ipea: relembrando o desastre (produtividade do setor publico)

Este o artigo relativo aos comentários feitos dois posts abaixo, sobre o estudo estapafúrdio em torno da produtividade do setor público.
Neste link: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1395
Paulo Roberto de Almeida
Setor público mais produtivo do que o setor privado?
Mises Brasil, quinta-feira, 30 de agosto de 2012

 

IPEA.jpgO comunicado do Ipea "Produtividade na Administração Pública Brasileira: Trajetória Recente" foi publicado em 2009, e gerou alguma revolta na época. Bem menos do que merecia. Por algum motivo, reapareceu nas redes sociais nestes últimos dias, gerando surpresa e compartilhamentos. Dois de seus resultados, de fato, causam espanto: no Brasil, o setor público seria mais produtivo do que o setor privado; e, dentro do setor público, os estados que promoveram choques de gestão tiveram pior aumento, ou até queda, de produtividade entre 1995 e 2006. Aos interessados, o estudo está aqui.

Alguns comentadores econômicos logo viram que tinha algo estranho. Roraima com crescimento vertiginoso de produtividade? Estados mais responsáveis com resultado pífio? Governo mais produtivo que empresas? Miriam Leitão e outros, ainda em 2009, apontaram os equívocos do estudo, mas de uma forma, digamos, discreta. Limitaram-se, em geral, a dizer que "não se compara a produtividade do setor público com a do setor privado". Isso é verdade — veremos por que mais a frente —, mas não diz tudo o que precisaria ser dito. Aproveitando o renascimento do estudo na rede, pretendo mostrar como suas falhas e omissões são tão graves que seria mais justo qualificá-lo de embuste.
Medindo produtividade
Produtividade é o quanto se consegue produzir com determinada quantidade de recursos. Nas palavras do estudo, que até aqui são verdadeiras:
"De maneira geral, a produtividade reflete a relação da produção de bens e serviços por unidade de tempo com o conjunto de fatores engajados nessa mesma produção, como máquinas, trabalhadores, matéria prima, entre outros.
Noutras palavras, o grau de eficiência no uso dos recursos produtivos termina sendo medido pela produtividade [...]."
Como medi-la? É uma conta que exigiria comparar coisas muito diferentes: utilizo plástico, máquinas mão-de-obra, energia elétrica, água, tempo; produzo um brinquedo. Outra empresa, com os mesmos insumos produz um brinquedo diferente; outra ainda produz um banquinho de bar. E uma quarta empresa usa insumos completamente diferente para me entregar um lanche no delivery. O que permite comparar coisas tão diferentes são os preços, que indicam, ademais, o quanto as pessoas valorizam os bens em questão. Se a razão entre o preço do produto final e o preço dos insumos é superior a 1, a empresa é produtiva, gera valor, tem lucro. Se a razão é inferior a 1, a empresa é improdutiva, destrói valor, tem prejuízo. Quanto maior a razão entre receita e despesa do processo de produção, mais produtiva é a empresa.
O setor público tem um grande problema na hora de medir sua produtividade: seu produto, os bens e serviços produzidos pelo governo, não tem preço de mercado. O estado é deficitário; precisa de impostos, dívida e criação de moeda para se financiar. Como então, comparar sua produtividade com a do setor privado? Se fôssemos usar o critério de criação de valor dado acima, o estado invariavelmente apareceria como um destruidor de valor. Ainda assim, costuma-se aceitar que os serviços prestados pelo Estado têm algum valor; e por isso a preocupação em encontrar uma maneira de medi-lo.
Como o Ipea lida com essa dificuldade? Usando uma metodologia aprovada pela ONU e padrão nas contas públicas: em vez de se medir o valor do produto, isto é, seu preço de mercado, mede-se seu custo de produção. Já que não temos receita para medir, medimos as despesas. Se um dado serviço provido pelo estado custou X (e nisso entram salários, manutenção do prédio, material do escritório, etc.), então ele vale X. É essa, inclusive, a metodologia usada para calcular a participação do estado no PIB.
Mas — e aqui mora o problema — se o valor do produto estatal é seu custo de produção, o que entraria como denominador para calcular a produtividade? Afinal, a produtividade no mercado é preço do produto/custo. A produtividade do governo, por essa lógica de igualar o valor do produto ao custo de produção, ficariacusto/custo. Como sair desse impasse? O Ipea, cuja engenhosidade nunca deixa de surpreender, encontrou uma saída criativa ao ressuscitar um princípio derivado do bom e velho marxismo: medição da quantidade de trabalho. Em vez de contabilizar as despesas da produção, conta-se o número de empregados. A escolha é tratada como uma opção entre várias possibilidades:
"A medida de dimensionamento da produtividade em si depende do enfoque prévio adotado, ou seja, a produtividade total dos fatores (capital e trabalho), a produtividade do capital (produção por unidade de capital investido), a produtividade do trabalho (produção por unidade de trabalho). Por isso, a aferição da produtividade numa economia não se mostra um fenômeno trivial [...]."
O que o estudo não diz é que o "enfoque prévio" por ele adotado não serve para nada. Vejam só: a grande vantagem de se trabalhar com valores em dinheiro é que isso permite a comparação de coisas muito diferentes. Como já mencionado, um banquinho de bar e um serviço de delivery, coisas completamente díspares, podem ser quantificadas e comparadas por meio de seus preços. As variáveis "fatores totais" ou "capital" são variáveis expressas em termos monetários. O "trabalho" também poderia ser assim expresso: basta pegar o valor da remuneração dos trabalhadores. Mas o estudo é explícito em utilizar a variável "unidade de trabalho", o que significará, na prática "a força de trabalho ocupada" medida pelo PNAD.

Enfoque fora de foco


Primeiro ponto: o trabalho não é o único fator produtivo: e todo o capital físico? Por que o Ipea limitou sua análise? Só posso supor que a exclusão foi feita porque, se não fosse, a análise seria impossível. Temos o dado de quantos indivíduos estão empregados; mas e a conta de quantos prédios, lâmpadas, aparelhos de ar condicionado etc. existem pelo país a fora? A escolha pelas variáveis físicas (trabalhadores e objetos) em vez de seus valores monetários leva a esse tipo de dificuldade. Para facilitar sua vida, então, o Ipea preferiu se ater aos trabalhadores, à "força de trabalho ocupada", mesmo sabendo perfeitamente que isso já compromete largamente sua análise.
Embora usemos uma única expressão — força de trabalho — para designar a variável, ela abarca coisas muito heterogêneas. Como comparar o trabalho de um faxineiro ao de uma CEO? O valor da remuneração revela uma diferença muito relevante entre eles. A mera contagem dos trabalhadores empregados reduz ambos a unidades indiferentes. Trabalhadores com produtividade muito diferente são igualados. Para se medir a produtividade, portanto, o número de trabalhadores, por si só, é conceitualmente inútil (a não ser que se definisse muito precisamente um tipo de trabalho que não admitisse variações, como "martelar 1000 pregos em uma dia" — o que não é o caso aqui).
O número de empregados não quer dizer rigorosamente nada para a produtividade. Se uma empresa, para produzir $ 1.000, contrata dois funcionários ao salário $ 200 (e supondo que este seja seu único custo), ela tem lucro de $ 600; é produtiva! Por outro lado, uma outra empresa que, para produzir os mesmos $ 1.000 contrata um único funcionário ao salário de $ 950, tem um lucro bem menor, de apenas $ 50. Ou seja, ela é muito menos produtiva que a primeira. Pela conta do Ipea, contudo, ela seria considerada como duas vezes mais produtiva.
Sigamos em frente, e vejamos a qual resultado esses dados nos levarão. O cálculo por trás dos belos gráficos da pesquisa do Ipea é simples. Assim se calcula produtividade do setor privado: valor de mercado dos bens e serviços / número de trabalhadores do setor privado. Do setor público: custo das operações do setor público / número de trabalhadores do setor público. Agora atentem para o detalhe mais grave, um verdadeiro requinte de perversidade dessa "metodologia": os salários e benefícios, isto é, tudo aquilo que o empregador desembolsa para manter o "trabalhador do setor público", é parte do "custo das operações do setor público"; com efeito, é sua parte mais significativa. Ou seja: quanto maiores forem os salários e os benefícios dos funcionários públicos, maior será a "produtividade" do setor público.
O alarde desonesto dos resultados
Reflita alguns segundos sobre esse resultado. Para o Ipea, que é supostamente o instituto mais respeitável de pesquisa econômica do Brasil, um funcionário público ganhar aumento de salário já constitui, por si só, um aumento da produtividade do governo. No setor privado, ocorre exatamente o contrário: se um funcionário de uma empresa ganha aumento e todo o resto fica constante, a empresa se torna menos produtiva. Afinal, aumentou seu custo de produção e o valor de seu produto permaneceu igual.
Tendo isso em mente, como justificar a decisão dos pesquisadores do Ipea de colocar em um mesmo gráfico a variação da tal medida de produtividade do setor público e a do setor privado? A segunda mede, mal e mal, a produtividade do setor privado por trabalhador. A primeira mede, sem mais nem menos, o custo do funcionário público, e não o valor por ele gerado. No processo de mercado, a tendência é que o custo do trabalhador sempre se aproxime do valor por ele criado. No setor público não: o salário é determinado, como bem sabemos, por negociatas e reivindicações políticas que nada têm a ver com a oferta e demanda dos serviços ofertados pelo estado.
O que ninguém disse, por desatenção ou timidez, mas que está absolutamente claro, é que a medida de produtividade do setor público usada pelo Ipea é, na verdade, uma medida da ineficiência do setor público. O governo mais produtivo, nessa definição, é aquele que gasta proporcionalmente mais. Quanto mais benefícios, quanto mais aumentos, quanto mais gastos desnecessários em geral, mais "produtivo". Dá para levar a sério?
O estudo do Ipea compara apenas a trajetória da produtividade, mostrando como a produtividade do setor público aumentou mais do que a do setor privado. O presidente do Ipea na época, Márcio Pochmann, foi muito além disso na divulgação dos resultados à imprensa. Citado pela Carta Maior, afirmou que "em todos os anos pesquisados, a produtividade da administração pública foi maior do que a registrada no setor privado. E essa diferença foi sempre superior a 35%. [...] Há muita ideologia e poucos dados nas argumentações de que o Estado é improdutivo, e os números mostram isso." Explicitando as definições da pesquisa, a fala de Pochmann diria o seguinte: "no setor privado, cada trabalhador cria $ 100 de valor; no setor público, cada funcionário custa $ 135 aos cofres públicos. Portanto, o setor público é 35% mais produtivo". Agora que sabemos o que significam os cálculos de produtividade a que Pochmann se referia, como encarar tal declaração feita à mídia? Seria possível caracterizá-la como intelectualmente honesta?
Os problemas não param aí. A "conclusão" de que os governos de estados que fizeram "choque de gestão" (isto é, cortaram gastos desnecessários em suas operações, algo sempre benéfico) tiveram piores ganhos de produtividade, longe de ser uma descoberta empírica como foi alardeado, é um resultado trivial dado pela própria construção da variável. Ao cortar gastos, o estado diminui a relação entre gastos e número de funcionários (supondo que seu corte de gastos envolva relativamente pouco corte de funcionários, o que é razoável de se supor dada a dificuldade de se demitir um funcionário público). Não era preciso coleta de dados para concluir essa obviedade matemática.
A "produtividade" do Ipea
Não é de hoje que o Ipea goza de pouca credibilidade. Embora ainda haja gente séria dentro dele, há anos que sua especialidade deixou de ser medir a realidade ou fazer previsões. É claro que um instituto austríaco como o IMB pode — e deve — questionar a abordagem empirista que o Ipea sempre teve, mesmo em seus melhores dias; mas essa divergência se dá no plano da discussão científica. Pesquisadores e cientistas igualmente sérios podem ter visões divergentes de como conduzir a ciência. O Ipea dos últimos anos, por outro lado, abandonou a seriedade científica e tem se dedicado cada vez mais a fazer propaganda vulgar do mais puro estatismo. Tudo com dinheiro de impostos, claro. De um estudo como o aqui analisado, não cabe divergir; cabe desmontar e acusar o embuste.
É notório que os gastos com esse questionável instituto, que saem do nosso bolso, não param de subir, chegando a mais de R$ 300 milhões anuais. Para que tanta verba? Acho que agora, finalmente, entendemos o motivo: pela definição do próprio Ipea, gastar mais dinheiro já é, por si só, aumento de produtividade. Todos os que prezam a ciência econômica podem apenas torcer para que a chegada do novo presidente, Marcelo Neri, mude os rumos da instituição

Joel Pinheiro da Fonseca é mestrando em filosofia, editor da revista Dicta&Contradicta e escreve no blog Ad Hominem. 

Caindo do cavalo: talvez de um elefante (companheiros surpreendidos?)


O que pode e o que não pode

O Estado de S.Paulo, 31/08.2012

A acachapante maioria de votos no Supremo Tribunal Federal (STF) pela condenação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, o petista João Paulo Cunha, por corrupção passiva e peculato - numa decisão sem precedentes - não fala por si. A demolição das alegações do réu para se inocentar do delito penal do recebimento, por meio de sua mulher, de R$ 50 mil providos pelo publicitário Marcos Valério - à época em que sua empresa conseguiu um polpudo contrato de prestação de serviços àquela Casa legislativa - poderia se esgotar na arena dos fatos. Seria a desmoralização, por inverossímil, da versão do acusado de que Valério lhe repassou a quantia a pedido do tesoureiro do PT Delúbio Soares, a quem, por sua vez, o outro teria recorrido para custear pesquisas políticas no seu reduto de Osasco, na Grande São Paulo, o que configuraria o crime apenas eleitoral do caixa 2.
É certo que o amplo acolhimento do parecer do relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, ao qual apenas dois ministros se opuseram - o revisor Ricardo Lewandowski e o ex-colaborador do então ministro José Dirceu na Casa Civil do governo Lula, José Antonio Dias Toffoli -, sepultou de uma vez por todas a contrafação que o ex-presidente tentou impingir ao País, dissolvendo o delito continuado do mensalão, com o uso à larga de dinheiro público, numa prática feita no Brasil, como disse, "sistematicamente": o pecado venial da manipulação de dinheiro obtido por baixo dos panos em tempos de campanha eleitoral. Mas - e isso é impossível subestimar - os fundamentos apresentados pelos ministros, desde a mais nova, Rosa Weber, ao decano Celso de Mello, passando por Cezar Peluso, às vésperas da aposentadoria, para condenar João Paulo demonstram que a Corte Suprema firmou convicção também sobre o imperativo de extirpar qualquer resquício de tolerância à corrupção e de resignação à impunidade.
Eles e seus pares trouxeram para o julgamento, mais do que a indignidade moral e política de um esquema concebido para perpetuar um partido no poder, a questão dos padrões de moralidade na conduta dos agentes públicos - funcionários, autoridades, detentores de cargos eletivos. Nas suas manifestações, foi como se os ministros a eles se dirigissem, com uma mensagem ao mesmo tempo poderosa e singela: não há e não deve haver zonas cinzentas entre o lícito e o ilícito no âmbito do Estado. É um indicador do retardo ético, que insiste em sobreviver na esfera pública, terem os membros do tribunal brasileiro de última instância de afirmar o que deveria ser intuitivo para o mais humilde dos cidadãos: tem coisa que pode, tem coisa que não pode. Ninguém foi mais incisivo do que o ministro Celso de Mello ao dizer o que são, afinal, os que violam essa barreira - uma prática que alcançou níveis extravagantes nos anos Lula.
Afirmou o decano do STF: "Agentes públicos que se deixam corromper, qualquer que seja a sua posição na hierarquia do poder, e particulares que corrompem os servidores do Estado (...) são corruptos e corruptores - os profanadores da República, os subversivos da ordem constitucional. São delinquentes, marginais". Para condená-los, entendem os ministros, não é preciso cavoucar os seus malfeitos em busca do "ato de ofício" que demonstraria cabalmente que se deixaram corromper e abusaram do cargo para servir aos corruptores. Sendo alentados os indícios de conduta delituosa, como no caso de João Paulo com Marcos Valério, basta o suspeito estar em condições de adotá-la. "Ninguém precisa fazer prova em juízo de que Brasília é a capital do Brasil", comparou o ministro Peluso, no que foi, até agora, a mais clara e vigorosa sustentação de voto no julgamento. Tampouco importa o que o corrompido diz ter feito com a recompensa recebida. Ainda que provasse que a destinou a uma associação de caridade, o crime permanece.
E não importa, por fim, o passado do transgressor. "A vida é como uma estrada. Não adianta você dizer que foi na reta certinho, por mil quilômetros, se depois entra na contramão e pega alguém", ensinou Rosa Weber. "Você tem que ser reto pela sua vida inteira." Vale para João Paulo Cunha, vale para o PT. Vale para todos.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ipea: a caminho da normalizacao?

Recebi, a propósito deste meu post de mais de dois meses atrás,

sábado, 23 de junho de 2012

Ipea: uma triste historia a caminho da decadencia institucional

este comentário, que me cabe destacar, proveniente de um texto de Joel Pinheiro da Fonseca, que pode ser encontrado neste link: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1395:

(...) novo comentário sobre a sua postagem "Ipea: uma triste historia a caminho da decadencia ...":

-- Setor público mais produtivo do que o setor privado? --
"Não é de hoje que o Ipea goza de pouca credibilidade. Embora ainda haja gente séria dentro dele, há anos que sua especialidade deixou de ser medir a realidade ou fazer previsões. (...) Pesquisadores e cientistas igualmente sérios podem ter visões divergentes de como conduzir a ciência. O Ipea dos últimos anos, por outro lado, abandonou a seriedade científica e tem se dedicado cada vez mais a fazer propaganda vulgar do mais puro estatismo. Tudo com dinheiro de impostos, claro. De um estudo como o aqui analisado, não cabe divergir; cabe desmontar e acusar o embuste. (...) É notório que os gastos com esse questionável instituto, que saem do nosso bolso, não param de subir, chegando a mais de R$ 300 milhões anuais. Para que tanta verba? Acho que agora, finalmente, entendemos o motivo: pela definição do próprio Ipea, gastar mais dinheiro já é, por si só, aumento de produtividade. Todos os que prezam a ciência econômica podem apenas torcer para que a chegada do novo presidente, Marcelo Neri, mude os rumos da instituição."


O trecho acima finaliza uma avaliação crítica sobre o desastroso "estudo" do Ipea, publicado como documento de trabalho, sobre a suposta produtividade excepcional do setor público, bem superior ao do setor privado e excepcionalmente elevado nos estados que tiveram custos ampliados e pessoal contratado, comparativamente aos estados que fizeram reformas administrativas e de fato aumentaram a produtividade.
Nada mais desastroso do que isso poderia ocorrer em 50 anos de história do Ipea. Esperamos que seus autores se penitenciem três vezes pelo monumental equívoco deliberado, alias de total desonestidade acadêmica (mas acho que não se poderia esperar nada melhor do ex-presidente).
Só me resta desejar que o novo presidente tenha uma gestão profícua, que ele consiga restaurar a antiga credibilidade perdida do Ipea, destacando apenas o mérito e a seriedade acadêmica, que devem prevalecer sobre quaisquer outros critérios políticos em vigor nestepaiz desde alguns anos.
Paulo Roberto de Almeida
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Notícia do site do Ipea:
27/08/2012 17:02
Marcelo Neri é nomeado presidente do Ipea
Economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, ele tomará posse nos próximos dias A ministra de Estado chefe da Casa Civil da Presidência da República, Gleisi Hoffmann, nomeou o economista Marcelo Cortes Neri para exercer o cargo de presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O ato foi publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 27, e consta da Portaria nº 694 da Casa Civil.
Neri já trabalhou no Ipea durante cinco anos, primeiro como pesquisador associado e depois como técnico de Planejamento e Pesquisa concursado. Seus estudos concentram-se especialmente em políticas sociais, microeconometria e educação. Atualmente exerce o cargo de economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas.
Bacharel e mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, PhD em economia pela Universidade de Princeton (Estados Unidos), o presidente nomeado é autor dos livros Microcrédito: o Mistério do Nordeste e o Grameen Brasileiro; Cobertura Previdenciária: Diagnóstico e Propostas; Ensaios Sociais; Diversidade; Inflação e Consumo e A Nova Classe Média. Neri tomará posse nos próximos dias e substituirá a presidenta interina do Ipea Vanessa Petrelli Corrêa.

Angola: Growing Wealth, Shrinking Democracy (NYTimes)


Growing Wealth, Shrinking Democracy


Luanda, Angola
The New York Times, August 29, 2012 (Opinion Pages)
PRESIDENT José Eduardo dos Santos, whose party will no doubt win Friday’s election, has ruled Angola for 33 years. He once declared that democracy and human rights “do not fill up bellies.” But he has not even given ordinary Angolans bread as a substitute for freedom.
In 2002, after emerging from nearly three decades of civil war, Angola’s government began an ambitious national reconstruction program carried out and financed by China. As the state’s coffers filled with oil wealth, there was general optimism that millions of impoverished Angolans would share in the peace dividends. But hope was short-lived.
Mr. dos Santos hasn’t relied on Angolan workers for national reconstruction, which would create jobs and spur the economy. Instead, his regime has admitted more than 250,000 Chinese laborers on work visas. Angolans who initially complained about not getting jobs were led to believe that the Chinese would produce a miracle by building new infrastructure in record time.
But the Chinese-built roads, hospitals and schools began to crack as fast as they were being built. Luanda’s General Hospital had to be shut down in June 2010, when bricks started to fall from the walls, threatening it with imminent collapse. Newly tarred roads were washed away after one rainy season.
After Mr. dos Santos’s People’s Movement for the Liberation of Angola claimed a highly suspect victory with over 80 percent of the vote in 2008, he promised to build one million houses in four years. But, as he recently acknowledged, over 60 percent of Angolan families remain mired in extreme poverty, living on less than $1.70 per day and without proper shelter — a problem that Beijing hasn’t helped him solve. Instead China helped the government build blocks of apartments selling for between $125,000 and $250,000.
The Chinese are not investing to develop the country. They have brought more corruption and, consequently, more poverty. African leaders have a duty to serve and guide their people, and not depend on foreign intervention. Unfortunately, in Angola, the presidential family, government officials and top generals have monopolized the country’s resources for their illicit enrichment while paying Chinese to do shoddy labor.
In this year’s budget, Mr. dos Santos earmarked over $40 million to promote Angola’s image abroad, through a private company owned and managed by two of his children. The two also received two state-owned television channels, and the government now pays them millions to dabble as TV executives.
Elections are unlikely to change things. Preparations for Friday’s vote have failed to meet the most basic standards of organizing a democratic poll.
Voter registration was carried out by the government. The database of registered voters was handed over to the National Electoral Commission only three months before the elections. A partial audit carried out by Deloitte found that the identities of two-thirds of the country’s 9.7 million registered voters could not be verified and that the government still holds the voter registration cards of over 1.5 million citizens whose whereabouts are unknown. Two million voters still need to be assigned to polling stations.
The commission, under the thumb of Mr. dos Santos, also refuses to allow opposition parties access to certified copies of electoral results from each polling station, which is required by law. To prevent exit polling, the commission has ordered that results cannot be tallied at individual polling stations. And no member of the opposition or independent observer will be allowed to enter the “national scrutiny center” where results will be tabulated and announced, as was the case in 2008.
The outcome on Friday will therefore not remotely reflect the will of the people.
Mr. dos Santos has missed an opportunity to implement democratic reforms both as a safeguard for his peaceful retirement and as a legacy for the country. All he needed to do was let the peace dividends and the economic boom trickle down to ordinary Angolans. Instead, he used victory on the battlefield, after 27 years of war, to consolidate his power even though his family and his cronies were already rich.
The government, unnerved by the Arab Spring, has become increasingly repressive in the past year. It has been particularly frustrated by regular youth protests demanding the end of Mr. dos Santos’s rule. The largest of these demonstrations, which were started by rap musicians in 2011, drew 3,000 people. The movement is gaining traction among Angola’s more than 200,000 war veterans, some of whom have also been demonstrating to demand their pensions, many of which have been in arrears for 20 years. Even former presidential guards, who were laid off without compensation, tried to protest, on May 27. Two of the protest’s organizers, Alves Kamulingue and Isaías Cassule, were swiftly kidnapped and are now feared dead.
If elections cannot produce the changes that Angolans are seeking, then there will be increased pressure for the president to step down as a precondition for change. Indeed, the risk of violent revolt is increasing, and Mr. dos Santos will go down in history as just another dictator who was blinded by power and greed.

Reflexao do dia: STF julga algo que nao aconteceu (só dois acreditam)

Segundo o nosso Guia, o supremo pai dos pobres destepaiz, o Mensalão não existiu.
De fato, o Mensalão não existiu, o e os ministros do STF, em sua grande maioria, julgaram algo que não houve.
O que houve, na verdade, foi algo muito maior, a montagem de uma imensa máquina de extração, de extorsão, de desvio, de roubo de dinheiro público e privado, uma máquina destinada a criar um enorme duto de canalização de recursos para o nosso único partido totalitário de alguma importância nestepaiz -- sim, porque os demais totalitários, o ex-PCB, o atual PCdoB e o contraditório PSOL, além de algumas pulgas ridículas, do tipo PCO, PSTU e outros ácaros, não têm muita importância --, recursos com os quais esse partido totalitário e geneticamente corrupto, além de mentalmente deformado, pretendia manter controle e monopólio sobre o poder, num estilo próximo a de outros regimes de Gulag que existiram ao longo da história, só que nestepaiz não houve e não havia condições de se ter um Gulag tropical (sorte minha, pois não?).
Bem, quanto a isso, nada ocorreu. O STF julgou, portanto, algo que não existiu, ou que era ridiculamente ridículo, se ouso dizer, totalmente desimportante, apenas a ponta do iceberg, deixando de fora do julgamento o que era realmente importante.
O nosso Guia Genial dos Povos tem, portanto, inteiramente razão.
O STF passou ao lado dos fatos.
Os únicos que acreditaram no mensalão (com minúscula, pois é realmente ridículo) foram dois funcionários do partido totalitário, que de conformidade com suas funções e tarefas absolveram os acusados. Ponto para eles, portanto, pois cumpriram com o seu dever.
Acho que o STF vai continuar julgando algo que não existiu.
E os nossos funcionários vão continuar acreditando na materialidade do mensalão e cumprindo suas funções partidárias. Parabéns aos disciplinados operários do partido, true believers de uma causa que permanece inédita nestepaiz...
Paulo Roberto de Almeida

Ainda o maior tirano da humanidade: Mao Tse Tung e a grande fome


Mao's Great Famine
From Wikipedia, the free encyclopedia

Mao's Great Famine: The History of China's Most Devastating Catastrophe, 1958–62, is a 2010 book by professor and historian Frank Dikötter about the Great Chinese Famine of 1958–1962.
Based on four years of research in recently opened Chinese provincial, county, and city archives,[1][2] the book constructs what Andrew J. Nathan, Professor and Chair of the Department of Political Science at Columbia University writing in Foreign Affairs, describes as "the most detailed account yet"[3] of the experiences of the Chinese people during the famine, which occurred under the Communist regime of Mao Zedong. The book supports an estimate of "at least" 45 million premature deaths in China during the famine years.[4] Dikötter characterises the Great Famine as "The worst catastrophe in China’s history, and one of the worst anywhere."[4].
The book won the Samuel Johnson Prize in 2011, beating five other works on the short list,[5] for being what the judges characterised as "stunningly original and hugely important".[6] The 20,000 award is the largest in the UK for a non-fiction book.[7]
Background
Dikötter is Chair Professor of Humanities at the University of Hong Kong, where he teaches courses on both Mao and the Great Chinese Famine,[8] and Professor of the Modern History of China from the School of Oriental and African Studies at the University of London. The author's research behind the book was funded by, in the UK, the Wellcome Trust, the Arts and Humanities Research Council, and the Economic and Social Research Council, and in Hong Kong, the Research Grants Council and the Chiang Ching-kuo Foundation.[9]
The first chapter of the book, entitled "The Pursuit of Utopia", explains how the Chinese Communist Party's Great Leap Forward program, intended to achieve the rapid modernization of Chinese industry and agriculture, instead led to the catastrophe of the famine. According to one reviewer, the chapter summarizes:
… Mao's hubristic and utterly impractical plans for remaking China in the image of communist paradise. These include mass mobilization fueled by revolutionary ardor alone, the expropriation of personal property and housing to be replaced by People's Communes, the centralized distribution of food, plans to leapfrog Britain in 15 years and outdo Stalin by "walking on two legs” (referring to development of both agriculture and industry), and regimenting and militarizing the entire society.[1]
The following chapters detail the attempt to reach these goals and the consequences of the failures to do so.[1] Dikötter was one of only a few historians granted access to the relevant Chinese archives.[5]
Key arguments of the book
On a website providing exposure for the book, Dikötter detailed his key arguments. First, he states that the famine lasted at least four years (early 1958 to late 1962), not the three sometimes stated. And after researching large volumes of Chinese archives, Dikötter concluded that decisions coming from the top officials of the Chinese government at Beijing were the direct cause of the famine.
Beijing government officials, including Zhou Enlai and Mao, increased the food procurement quota from the countryside to pay for international imports. According to Dikötter, "In most cases the party knew very well that it was starving its own people to death." Mao was quoted as saying in Shanghai in 1959: “When there is not enough to eat people starve to death. It is better to let half of the people die so that the other half can eat their fill.”
In their attempts to survive, Chinese people resorted to hiding, stealing, cheating, pilfering, foraging, smuggling, tricking, manipulating or otherwise outwitting the government. There were reports of armed assaults on granaries or trains. Overall, Dikötter estimates that there were 45 million premature deaths, not 30 million as previously estimated. Some two to three million of these were victims of political repression, beaten or tortured to death or summarily executed for political reasons, often for the slightest infraction.
Because local communist cadres were in charge of food distribution, they were able to withhold food from anyone of whom they disapproved. Old, sick and weak individuals were often regarded as unproductive and hence expendable. Apart from Mao, Dikkötter accuses several other members of the top party leadership of doing nothing about the famine. While famine was ravaging the country, free food was still being exported to allies, as well as economic aid and interest-free or low-interest loans.
In addition to the human suffering, some 30 to 40 percent of all rural housing was demolished in village relocations, for building roads and infrastructure, or sometimes as punishment for political opponents. Up to 50 percent of trees were cut down in some provinces, as the rural ecological system was ruined.[10][4]
Responses to the book
Mao's Great Famine has elicited a number of responses (here presented in alphabetical order by author):
Jasper Becker, author of Hungry Ghosts: Mao's Secret Famine, praises the book as a "brilliant work, backed by painstaking research . . . The archive material gathered by Dikötter . . . confirms that far from being ignorant or misled about the famine, the Chinese leadership were kept informed about it all the time."[11]
Jung Chang, author of Mao: The Unknown Story, called the book: "The most authoritative and comprehensive study of the biggest and most lethal famine in history. A must-read."[12]
Jonathan Fenby, author of the Penguin History of Modern China and China Director at the research service, Trusted Sources, praised Dikötter's "masterly book" and states that his "painstaking research in newly opened local archives makes all too credible his estimate that the death toll reached 45 million people."[2]
Sinologist Roderick MacFarquhar said the book is "Pathbreaking... a first-class piece of research... [Mao] will be remembered as the ruler who initiated and presided over the worst man-made human catastrophe ever. His place in Chinese history is assured. Dikötter’s book will have done much to put him there."[13]
Historian and journalist Ben Macintyre, one of the judges for the Samuel Johnson Prize, said Mao's Great Famine was a "meticulous account of a brutal manmade calamity [that] is essential reading for anyone seeking to understand the history of the 20th century."[7] He also said that the book "could have been overwritten, but part of what makes it work so well is it is written with quiet fury. He doesn't overstate his case because he doesn't need to. Its very strength lies in its depth of scholarship, lightly worn."[6]
Writer Brenda Maddox, another of the judges for the prize, said "this book changed my life - I think differently about the 20th century than I did before. Why didn't I know about this?"[6]
Jonathan Mirsky, a historian and journalist specializing in Asian affairs, said Dikötter's book "is for now the best and last word on Mao's greatest horror. Frank Dikötter has put everyone in the field of Chinese studies in his debt, together with anyone else interested in the real China. Sooner or later the Chinese, too, will praise his name." He also writes that "In terms of Mao's reputation this book leaves the Chairman for dead, as a monster in the same league as Hitler and Stalin - and that is without considering the years of the Cultural Revolution (1966-76), when hundreds of thousands more Chinese died."[14]
The Indian essayist and novelist Pankaj Mishra, writing in The New Yorker, offered qualified praise for the book, stating that the "narrative line is plausible". However he stated that Dikötter is "generally dismissive of facts that could blunt his story’s sharp edge", and thought that Dikötter’s "comparison of the famine to the great evils of the Holocaust and the Gulag does not, finally, persuade".[15]
Cormac Ó Gráda, a leading scholar of famine, and professor of economics at University College Dublin, criticised the book describing it as reading "more like a catalogue of anecdotes about atrocities than a sustained analytic argument". Ó Gráda further goes on to describe the book as "weak on context and unreliable with data" and that it failed to note that "many of the horrors it describes were recurrent features of Chinese history during the previous century or so". Dikötter is also taken to task for his use of an unrealistic low 'normal' mortality rate of 1 percent in order to maximise his death count. Ó Gráda says 10 per thousand adopted by Dikötter is "implausibly low". Ó Gráda goes on to say that "The crude death rate in China in the wake of the revolution was probably about 25 per thousand. It is highly unlikely that the Communists could have reduced it within less than a decade to the implausibly low 10 per thousand adopted here (p. 331). Had they done so, they would have “saved” over 30 million lives in the interim! One can hardly have it both ways."[16] Ó Gráda criticises Dikötter's "breathless prose style – replete with expressions like 'plummeted,' 'rocketed,' 'beaten to a pulp,' 'beaten black and blue,' 'frenzy,' 'ceaseless,' 'frenzied witch-hunt'" which he said were more "reminiscent of the tabloid press than the standard academic monograph".[16]
Orville Schell, former Dean of the Graduate School of Journalism at the University of California, Berkeley, praised Dikötter's research in Chinese archives, which enabled him to unveil "the shroud on this period of monumental, man-made catastrophe" and document how Mao's "impetuosity was the demise of tens of millions of ordinary Chinese who perished unnecessarily in this spasm of revolutionary extremism."[12]
Simon Sebag-Montefiore, author of Stalin: The Court of the Red Tsar, called the book "a gripping and masterful portrait of the brutal court of Mao."[12]
George Mason University Law School professor Ilya Somin called the book "excellent", and wrote that "Dikötter’s study is not the first to describe these events. Nonetheless, few Western intellectuals are aware of the scale of these atrocities, and they have had almost no impact on popular consciousness. This is part of the more general problem of the neglect of communist crimes. But Chinese communist atrocities are little-known even by comparison to those inflicted by communists in Eastern Europe and the Soviet Union, possibly because the Chinese are more culturally distant from Westerners than are Eastern Europeans or the German victims of the Berlin Wall. Ironically, the Wall (one of communism’s relatively smaller crimes) is vastly better known than the Great Leap Forward — the largest mass murder in all of world history. Hopefully, Dikötter’s important work will help change that."[17]
Steven Yearley, Professor of the Sociology of Scientific Knowledge at the University of Edinburgh, notes that the book "stands out" from other works on the famine "on account of its basis in recently opened archives and in the countless compelling details which are provided to clarify the interlocking themes of the text."[18]
Misrepresentation of famine image on book cover
Adam Jones, political science and genocide studies professor at UBC Okanagan, criticised Bloomsbury Publishing and Dikötter for using a cover photograph on their editions of the book of a starving child that was actually from a Lifemagazine depiction of a 1946 Chinese famine, well before the events described in the book took place. [19]
Jones places most of the blame on Bloomsbury, stating that "Most book covers are designed by the publisher, often using stock images, rather than by the author," but also accepted a blogger's point that it was unlikely that Dikötter would have been unaware of the deception, because in an interview with Newsweek magazine, Dikötter had stated that, to his knowledge, no 'non-propaganda' images from the Great Leap Forward had ever been found.[20] The Walker & Company edition of the book has a different cover, which incorporates a 1962 image of Chinese refugees to Hong Kong begging for food as they are deported back to China.[20]
References: 
1.     a b c Robertson, Matthew (21 November 2010). "Mao's Utopia a Medley of Death and Destruction"The Epoch Times.
2.     a b Fenby, Jonathan (5 September 2010). "Mao's Great Famine by Frank Dikötter"The Guardian (London).
4.     a b c Dikötter, Frank (15 December 15 2010). "Mao's Great Leap to Famine"International Herald Tribune.
6.     a b c d Flood, Alison (6 July 2011). "Samuel Johnson prize won by 'hugely important' study of Mao"The Guardian.
8.     ^ "Professor Frank Dikötter"University of Hong Kong. Retrieved 7 January 2011.
9.     ^ "Frank Dikötter". Frank Dikötter home page. Retrieved 1 January 2011.
10.   ^ Dikötter, Frank (20 October 2010). "Cover interview of October 20, 2010". Rorotoko.com. Retrieved 21 November 2010.
11.   ^ Becker, Jasper (25 September 2010). "Systematic genocide"The Spectator.
12.   a b c "Frank Dikötter: Advance Praise and Synopsis". Frank Dikötter Home Page. Retrieved 22 November 2010.
14.   ^ Mirksy, Jonathan (September 2010). "Livelihood Issues"Literary Review.
16.   a b Ó Gráda, Cormac (15 March 2011). "Great Leap into Famine? – Ó Gráda’s review of Dikötter book". China Study Group.
17.   ^ Somin, Ilya (17 December 2010). "Frank Dikötter on Mao’s Mass Murders"The Volokh Conspiracy.
18.   ^ Yearley, Steven (15 January 2011). "Book Review: Frank Dikötter, Mao's Great Famine"Food Security 3 (1): 113–115.doi:10.1007/s12571-010-0110-3.
19.   ^ Jones, Adam (7 October 2010). "Misrepresenting a famine image". Genocide Studies Media File.
20.   a b Fish, Issac Stone (26 September 2010). "Greeting Misery With Violence"Newsweek.

External links: 
§  Mao's Great Famine (Complete)Historian Frank Dikötter recounts the horrific cost of China's "Great Leap Forward" between 1958 and 1962. Asia Society, October 13, 2010. (Video)
§  Jeff Kingston. Mao's famine was no dinner party.The Japan Times, 3 October 2010
§  Peter Duffy. The MonsterThe New Republic. 27 October 2010.
§  Bhupesh Bhandari. Mao, the grim reaperBusiness Standard. 6 November 2010.