Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Referencias sobre Educacao: bases de dados (ABED)
Bye bye Brazil: wither the 6th big economy?
O fraco resultado da economia brasileira no segundo trimestre sepultou a permanência do Brasil como sexta maior economia do mundo – posto que havia sido atingido no início do ano com o anúncio dos resultados econômicos de 2011, desbancando o Reino Unido. Ainda que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostre um estranho otimismo em relação aos próximos trimestres, o resultado atual – alta de 0,5% no PIB no primeiro semestre – coloca o país de volta à sétima posição, atrás de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.
Ipea: relembrando o desastre (produtividade do setor publico)
Neste link: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1395
Paulo Roberto de Almeida
Setor público mais produtivo do que o setor privado?
Alguns comentadores econômicos logo viram que tinha algo estranho. Roraima com crescimento vertiginoso de produtividade? Estados mais responsáveis com resultado pífio? Governo mais produtivo que empresas? Miriam Leitão e outros, ainda em 2009, apontaram os equívocos do estudo, mas de uma forma, digamos, discreta. Limitaram-se, em geral, a dizer que "não se compara a produtividade do setor público com a do setor privado". Isso é verdade — veremos por que mais a frente —, mas não diz tudo o que precisaria ser dito. Aproveitando o renascimento do estudo na rede, pretendo mostrar como suas falhas e omissões são tão graves que seria mais justo qualificá-lo de embuste.
"De maneira geral, a produtividade reflete a relação da produção de bens e serviços por unidade de tempo com o conjunto de fatores engajados nessa mesma produção, como máquinas, trabalhadores, matéria prima, entre outros.Noutras palavras, o grau de eficiência no uso dos recursos produtivos termina sendo medido pela produtividade [...]."
O que o estudo não diz é que o "enfoque prévio" por ele adotado não serve para nada. Vejam só: a grande vantagem de se trabalhar com valores em dinheiro é que isso permite a comparação de coisas muito diferentes. Como já mencionado, um banquinho de bar e um serviço de delivery, coisas completamente díspares, podem ser quantificadas e comparadas por meio de seus preços. As variáveis "fatores totais" ou "capital" são variáveis expressas em termos monetários. O "trabalho" também poderia ser assim expresso: basta pegar o valor da remuneração dos trabalhadores. Mas o estudo é explícito em utilizar a variável "unidade de trabalho", o que significará, na prática "a força de trabalho ocupada" medida pelo PNAD."A medida de dimensionamento da produtividade em si depende do enfoque prévio adotado, ou seja, a produtividade total dos fatores (capital e trabalho), a produtividade do capital (produção por unidade de capital investido), a produtividade do trabalho (produção por unidade de trabalho). Por isso, a aferição da produtividade numa economia não se mostra um fenômeno trivial [...]."
Enfoque fora de foco
Primeiro ponto: o trabalho não é o único fator produtivo: e todo o capital físico? Por que o Ipea limitou sua análise? Só posso supor que a exclusão foi feita porque, se não fosse, a análise seria impossível. Temos o dado de quantos indivíduos estão empregados; mas e a conta de quantos prédios, lâmpadas, aparelhos de ar condicionado etc. existem pelo país a fora? A escolha pelas variáveis físicas (trabalhadores e objetos) em vez de seus valores monetários leva a esse tipo de dificuldade. Para facilitar sua vida, então, o Ipea preferiu se ater aos trabalhadores, à "força de trabalho ocupada", mesmo sabendo perfeitamente que isso já compromete largamente sua análise.
Caindo do cavalo: talvez de um elefante (companheiros surpreendidos?)
O que pode e o que não pode
O Estado de S.Paulo, 31/08.2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Ipea: a caminho da normalizacao?
sábado, 23 de junho de 2012
Ipea: uma triste historia a caminho da decadencia institucional
este comentário, que me cabe destacar, proveniente de um texto de Joel Pinheiro da Fonseca, que pode ser encontrado neste link: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1395:(...) novo comentário sobre a sua postagem "Ipea: uma triste historia a caminho da decadencia ...":
-- Setor público mais produtivo do que o setor privado? --
"Não é de hoje que o Ipea goza de pouca credibilidade. Embora ainda haja gente séria dentro dele, há anos que sua especialidade deixou de ser medir a realidade ou fazer previsões. (...) Pesquisadores e cientistas igualmente sérios podem ter visões divergentes de como conduzir a ciência. O Ipea dos últimos anos, por outro lado, abandonou a seriedade científica e tem se dedicado cada vez mais a fazer propaganda vulgar do mais puro estatismo. Tudo com dinheiro de impostos, claro. De um estudo como o aqui analisado, não cabe divergir; cabe desmontar e acusar o embuste. (...) É notório que os gastos com esse questionável instituto, que saem do nosso bolso, não param de subir, chegando a mais de R$ 300 milhões anuais. Para que tanta verba? Acho que agora, finalmente, entendemos o motivo: pela definição do próprio Ipea, gastar mais dinheiro já é, por si só, aumento de produtividade. Todos os que prezam a ciência econômica podem apenas torcer para que a chegada do novo presidente, Marcelo Neri, mude os rumos da instituição."
O trecho acima finaliza uma avaliação crítica sobre o desastroso "estudo" do Ipea, publicado como documento de trabalho, sobre a suposta produtividade excepcional do setor público, bem superior ao do setor privado e excepcionalmente elevado nos estados que tiveram custos ampliados e pessoal contratado, comparativamente aos estados que fizeram reformas administrativas e de fato aumentaram a produtividade.
Nada mais desastroso do que isso poderia ocorrer em 50 anos de história do Ipea. Esperamos que seus autores se penitenciem três vezes pelo monumental equívoco deliberado, alias de total desonestidade acadêmica (mas acho que não se poderia esperar nada melhor do ex-presidente).
Só me resta desejar que o novo presidente tenha uma gestão profícua, que ele consiga restaurar a antiga credibilidade perdida do Ipea, destacando apenas o mérito e a seriedade acadêmica, que devem prevalecer sobre quaisquer outros critérios políticos em vigor nestepaiz desde alguns anos.
Paulo Roberto de Almeida
===================
Notícia do site do Ipea:
27/08/2012 17:02
Neri já trabalhou no Ipea durante cinco anos, primeiro como pesquisador associado e depois como técnico de Planejamento e Pesquisa concursado. Seus estudos concentram-se especialmente em políticas sociais, microeconometria e educação. Atualmente exerce o cargo de economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas.
Bacharel e mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, PhD em economia pela Universidade de Princeton (Estados Unidos), o presidente nomeado é autor dos livros Microcrédito: o Mistério do Nordeste e o Grameen Brasileiro; Cobertura Previdenciária: Diagnóstico e Propostas; Ensaios Sociais; Diversidade; Inflação e Consumo e A Nova Classe Média. Neri tomará posse nos próximos dias e substituirá a presidenta interina do Ipea Vanessa Petrelli Corrêa.
Angola: Growing Wealth, Shrinking Democracy (NYTimes)
Growing Wealth, Shrinking Democracy
By RAFAEL MARQUES de MORAIS
The New York Times, August 29, 2012 (Opinion Pages)
Reflexao do dia: STF julga algo que nao aconteceu (só dois acreditam)
De fato, o Mensalão não existiu, o e os ministros do STF, em sua grande maioria, julgaram algo que não houve.
O que houve, na verdade, foi algo muito maior, a montagem de uma imensa máquina de extração, de extorsão, de desvio, de roubo de dinheiro público e privado, uma máquina destinada a criar um enorme duto de canalização de recursos para o nosso único partido totalitário de alguma importância nestepaiz -- sim, porque os demais totalitários, o ex-PCB, o atual PCdoB e o contraditório PSOL, além de algumas pulgas ridículas, do tipo PCO, PSTU e outros ácaros, não têm muita importância --, recursos com os quais esse partido totalitário e geneticamente corrupto, além de mentalmente deformado, pretendia manter controle e monopólio sobre o poder, num estilo próximo a de outros regimes de Gulag que existiram ao longo da história, só que nestepaiz não houve e não havia condições de se ter um Gulag tropical (sorte minha, pois não?).
Bem, quanto a isso, nada ocorreu. O STF julgou, portanto, algo que não existiu, ou que era ridiculamente ridículo, se ouso dizer, totalmente desimportante, apenas a ponta do iceberg, deixando de fora do julgamento o que era realmente importante.
O nosso Guia Genial dos Povos tem, portanto, inteiramente razão.
O STF passou ao lado dos fatos.
Os únicos que acreditaram no mensalão (com minúscula, pois é realmente ridículo) foram dois funcionários do partido totalitário, que de conformidade com suas funções e tarefas absolveram os acusados. Ponto para eles, portanto, pois cumpriram com o seu dever.
Acho que o STF vai continuar julgando algo que não existiu.
E os nossos funcionários vão continuar acreditando na materialidade do mensalão e cumprindo suas funções partidárias. Parabéns aos disciplinados operários do partido, true believers de uma causa que permanece inédita nestepaiz...
Paulo Roberto de Almeida