Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Crise fiscal no Brasil - Ilan Goldfajn (so crise fiscal?)
Não tem outro nome.
A suposta "crise internacional" não tem NADA a ver com os nossos problemas atuais, que só existem por incompetência, inépcia, ineficiência (desculpem as redundâncias), malversações, fraudes, mentiras, sem falar nos crimes econômicos e nos crimes comuns cometidos pelos companheiros.
O artigo abaixo de Ilan Goldfajn toca nos pontos corretos e aponta dos dilemas reais, mas peca, ao meu ver, por uma conclusão dúbia: ele proclama a necessidade de um corte maior no curto prazo -- com o que eu concordo, e acho que teria de ser um corte brutal, obrigando todo mundo a se ajustar, inclusive e principalmente os beneficiários de sempre --sem o qual teríamos uma crise e um ajuste pelo mercado, ou seja, pela inflação, perda maior de investimento e recessão.
Como assim?
A crise já está posta, e vai ficar maior.
A única solução ao enorme problema criado pela incompetência companheira, e apenas por ela, é um corte brutal de despesas e reformas urgentes e radicais.
Isso virá? Nenhuma chance.
Para isso precisariamos ter lideranças credíveis, o que simplesmente não existe.
Ou seja, estamos no pior dos mundos, com a crise e paralisados pois só temos incompetentes no governo.
Pobre Brasil, pobres nós...
Paulo Roberto de Almeida
Qual é a alternativa?
Ilan Goldfajn
O Globo e O Estado de S. Paulo, 1/09/2015
O Brasil está deprimido, clinicamente. Não consegue ver nenhuma saída para seus problemas. Percebe o problema fiscal como insolúvel. Tinha metas no passado? Não conseguiu atingir. Tem metas menores no presente? Já não são factíveis. E as metas futuras, basta prometer, não? Já ninguém acredita. Mas e se for pra valer, cortando gastos? Dizem que estamos no osso (mesmo gastando mais que 40% do PIB). E aumentar impostos como no passado? Ninguém mais se submete a isso. A solução então é aceitar o déficit primário? É a pior saída. Significaria mais inflação, recessão, queda de salário real e piora na distribuição de renda.
Indicar um déficit primário no orçamento (em vez de superávit) para o ano que vem significa admitir que o País não consegue se decidir por um caminho que evite o pior. E significa também que não há consenso para transformar um desequilíbrio no presente em equilíbrio futuro. O resultado será uma dívida crescente. E um risco Brasil maior. Nesse caso, as agências de classificação provavelmente reduziriam o grau de investimento do Brasil. Os investidores reprecificariam os ativos brasileiros no mercado, o que resultaria em queda na bolsa, depreciação do câmbio e juros maiores nos mercados.
A inflação viraria a solução, na falta de opção. A depreciação do real aumentaria a inflação, o que reduziria as rendas, em termos reais. Os salários não conseguiriam acompanhar a inflação, devido à fraqueza no mercado de trabalho. As rendas mais baixas sofreriam mais com o aumento da inflação por estarem menos protegidas e consumirem uma parcela maior da renda.
A inflação é o imposto regressivo que fecha as contas, à força. É a solução clássica no Brasil do passado. As diversas lideranças neste País recusam-se a optar por outra solução.
E a solução do passado vai enfrentar as instituições do presente: há metas de inflação e um Banco Central com responsabilidade para cumpri-las. Para evitar uma inflação maior, a atividade poderá sofrer mais. Na ausência do ajuste via preços, a economia pode precisar ajustar ainda mais via quantidade.
O próprio risco Brasil maior reduz o investimento, que derruba a atividade, enfraquecendo o mercado de trabalho. Essa fraqueza destrói empregos e induz a queda do salário real, o que diminui a massa salarial e o consumo. A recessão poderia se aprofundar.
A perda de renda real, que afeta desproporcionalmente os mais pobres, impactaria a distribuição de renda e a nova classe média. O tão festejado PIB do povo (dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad) infelizmente alcançaria o PIB dos economistas, como já era de se esperar. A nova classe média sofreria sendo empurrada para classe baixa, uma volta traumática.
O desenrolar acima seria a efetiva saída por não optar. Mas qual é a verdadeira alternativa?
No presente, cortar mais gastos é visto como muito difícil, assim como diminuir benefícios é visto como impopular e quase impossível. Mas aumentar a inflação, perder o grau de investimento, aprofundar a recessão e piorar a distribuição de renda é uma opção válida?
Recuso-me a acreditar que num País com tanto gasto e tanta ineficiência não seja possível achar espaço para melhorar. Certamente, há frutas baixas a serem colhidas. O contra-argumento é que, ao contrário da colheita de frutas nos trópicos, a melhora na economia precisa de um mínimo de organização, liderança e certo consenso.
É claro que temos problemas considerados “estruturais” (entenda-se, que vêm de longa data e são considerados de difícil resolução). Acredita-se que a sociedade adotou um grande “contrato social” desde pelo menos a Constituição de 1988, cujos benefícios concedidos a vários grupos já não cabem no PIB. A carga tributária necessária para pagar esse Estado social já paralisa a economia. A dívida criada para financiar os gastos atingiu um teto, e o risco de perda do grau de investimento atesta isso.
Dizem que não se pode desperdiçar uma crise para fazer as duras mudanças. O medo do pior torna o custo da mudança o mal menor. Entre duas opções ruins o natural em tempos normais é acreditar numa terceira mais benigna que ainda virá. Adia-se a decisão à espera dessa opção benigna que não aparece. As opções realistas ficam piores. A crise obriga uma decisão, contanto que haja um mínimo de organização e liderança.
Há certamente escolhas duras a fazer, revendo benefícios, adequando o Estado à renda disponível. Nada trivial. É mais fácil dar do que tirar, se autoenganar do que aceitar a realidade do possível.
Mas essa dura realidade não deve ser interpretada como um convite à falta de posicionamento e a delegar a um futuro distante a tarefa de consertar os problemas estruturais, a ser resolvida depois de um grande consenso abstrato da sociedade. A dura tarefa terá de ser feita aqui, e a partir de agora, na forma como o Brasil se organiza, pelo Congresso e o Executivo (neste e nos próximos). As políticas adotadas hoje não são neutras: pioram ou melhoram os problemas estruturais.
Alguns ajustes estão a caminho. O câmbio mais depreciado ajuda a diminuir o déficit em conta corrente e estimula o crescimento dos setores exportadores e que competem com importados. É uma das poucas fontes de crescimento.
O realismo tarifário aliviou setores e descongelou preços, tirando distorções relevantes e ajudando a economia. O ajuste parafiscal reviu programas insustentáveis e diminuiu subsídios. O investimento na infraestrutura e as reformas do PIS/Cofins e da unificação do ICMS, se aprovadas, são esforços na direção certa.
Mas é necessário equacionar o problema fiscal, sem o que será difícil enxergar a retomada da economia e um caminho estável à frente. Para isso será necessário optar, por exemplo, por um corte maior no curto prazo (e depois buscar uma reforma que limite o crescimento de gastos no longo prazo). Evita-se assim a crise que, implicitamente, é escolher a pior opção.
Ilan Goldfajn é economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.
UNILA: democratismo anti-academico defendido por Professora: aberto o debate
Não tenho nenhum problema em apresentar aqui pontos de vista contrários aos meus, apenas reafirmando que sou contra essa demagogia barata.
Universidade deve ter critérios acadêmicos, o que inclui o mérito e a disposição de seu corpo permanente (professores) em tomar decisões do interesse da instituição como um todo em caráter mais ou menos permanente, o que não deveria, e não deve incluir funcionários e alunos, que ali estão para atender seus interesses de emprego ou de estudo, temporário.
O democratismo demagógico está destruindo as instituições brasileiras de ensino, e é contra isso que eu me posiciono.
Em lugar de uni-la, se me permitem o trocadilho, os demagogos estão dividindo a instituição.
Com a palavra quem é a favor.
Paulo Roberto de Almeida
Sel Guanaes
20 minutos atrás (editada) - Compartilhada publicamenteClasses Sociales et Pouvoir Politique au Bresil - tese de doutorado finalmente disponivel - Paulo Roberto de Almeida
Informo também, por oportuno, que esse mesmo texto, inteiramente revisto, e acrescido de uma longa introdução explicativa e retrospectiva (que terminei ontem), encontra-se em fase final de edição, para fins de publicação pelas Éditions Universitaires Européennes, o que informarei oportunamente.
e em Research Gate (DOI: 10.13140/RG.2.1.3366.8326;
link: https://www.researchgate.net/publication/281416995_Revolution_Bourgeoise_et_Modernisation_Capitaliste_au_Bresil?ev=prf_pub
http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.1.3366.8326
Relação de Trabalhos Publicados nº 018.
Année Académique 1983-1984
Mises Brasil ascensao dos liberais desperta ataques raivosos daqueles mesmos seres raivosos de sempre...
Andaram até esfaqueando um boneco, poucos dias atrás...
Como o Mises vem crescendo nos últimos tempos, tornou-se alvo de ataques, como revelado nesta mensagem do Instituto.
Minha solidariedade, e meu alerta...
As coisas vão ainda ficar muito piores, antes de um dia (não sei quando), melhorar...
Paulo Roberto de Almeida
IMPORTANTE
O Instituto Mises Brasil vem a público informar, por meio de sua Diretoria, que o único meio oficial de comunicação do Instituto, conforme disposição estatutária, é o site www.mises.org.br
Nesse sentido, também gostaríamos de esclarecer que nossa conta no Twitter tem sido alvo de diversos ataques nos últimos meses, e por isso não deve ser considerada atualmente como um meio autêntico de comunicação por nossa parte. A mesma coisa aconteceu em nossa antiga conta do Youtube.
Agradecemos a inúmeros de nossos seguidores pelo apoio que temos recebido nas últimas horas no sentido de melhor esclarecer e dissipar qualquer mal entendido.
Atenciosamente, Diretoria do Instituto Mises Brasil.
Instituto Ludwig von Mises Brasil
www.mises.org.br
domingo, 30 de agosto de 2015
Os “aspirantes a pipoqueiros", uma novela juridico-economica brasileira - Pedro Lagomarcino
O Brasil finalmente sob o imperio da lei? - J. R. Guzzo (Veja)
International conference for the Study of Economic Thought - Strasbourg, April 2016
You will find below the call for papers for the next conference of the French Charles Gide society for the history of economic thought.
We look forward to welcoming you in Strasbourg.
Best regards,
Sylvie Rivot
http://www.beta-umr7522.fr/IMG/UserFiles/Webmasters/Images/beta_logo.gif
16th international conference of the Charles Gide Association for the Study of Economic Thought
Strasbourg, 14–16 April 2016
Call for papers
(Deadline for the submission of proposals: 15 November 2015)
The 16th international conference of the Charles Gide Association for the Study of Economic Thought will take place at the University of Strasbourg, 14–16 April 2016. This conference is organised by the laboratory Bureau d’Economie Théorique et Appliquée (BETA).
This international conference will propose sessions on the theme “expectations, conjectures and coordination”, although any other proposal in the fields of the history of economic thought and philosophy of economics is also welcome.
Expectations, conjectures and coordination
Contemporary economic analysis was born with the study of strategic interactions between individuals. At the turn of the 17th and 18th centuries, Boisguilbert placed the issue of the available information and of expectations at the core of his explanation of economic fluctuations. For Boisguilbert, expectations of future prices formed by agents on agricultural markets can prove either stabilising or destabilising, depending on whether the economy is in a situation of free trade or prohibition.
Later, Smith warned us about market exchange: “it is not from the benevolence of the butcher, the brewer, or the baker that we expect our dinner, but from their regard to their own interest”. Here, the issue is about an interpersonal relationship: a consumer who would count on the acquisition of a good thanks to the benevolence of a producer is most likely to see his conjecture invalidated. Satisfying one’s needs through market exchange thus requires accurate forecasting of the behaviour of other agents, which is to forecast their own conjectures.
Nearly a century later, but from a quite similar perspective, Cournot’s law of demand raised the issue of price expectations in the functioning of markets. He established an empirical relation between the price of a good and its demand function: “a commodity is usually more demanded when it is less expensive”. Cournot even went further: not only does each seller anticipate the reactions on the side of the buyers, but he also needs to conjecture about actions on the side of the other sellers. With Cournot, information and expectations henceforth became at the centre of individual decisions. What ensues from this is a conception of market equilibrium as the result of interactions between strategic behaviours established by each other.
With Keynes’s parable of the beauty contest, the coordination mechanism not only applies to the results of other agents’ behaviour, but calls into question the very foundation of these results: how does an individual anticipate that the other individuals will form their own expectations?
Last, with the rational expectations approach launched by Lucas, the issue of strategic interactions has been extended to the coordination between public authorities and private agents.
With this theme, we propose to raise the issue of conjectures and expectations along complementary lines of research. A first line of inquiry, for example, would question the way economists suppose economic agents shape their forecasts. On which basis of knowledge? And which kind of behaviour on the part of the other individuals do they conjecture? A second line of research could investigate how the question of market equilibrium has been addressed in different times and places. How have these expectations led to a specific market result? And how do individuals coordinate themselves in favour of any particular equilibrium? A third line of inquiry, which directly ensues from the previous ones, would address the issue of state intervention. How is the state able to influence the market equilibrium resulting from the interactions between individual decisions in transforming the way these forecasts are elaborated and coordinated?
Submissions of papers or proposals for sessions
Proposals for papers will take the form of an abstract of about 500 words, submitted through the website: charlesgide2016.sciencesconf.org
Proposal for sessions are also welcome, whether they are directly connected with the theme of the conference or not. Contributions will either take place in French or in English; parallel sessions will be organised accordingly.
Deadlines
Deadline for the submission of proposals: 15 November 2015
Notification to the authors: 20 December 2015
Deadline for the sending of contributions: 20 March 2016
Keynote speakers
Anna Carabelli, Professor at the University of Oriental Piemont (Italy)
Roger Guesnerie, Professor at the Collège de France
Organisation committee
Caroline Bauer (BETA, University of Strasbourg)
Jean-Daniel Boyer (Culture et Sociétés en Europe, University of Strasbourg)
Charlotte Le Chapelain (CLHDPP, University Lyon 3)
Rodolphe Dos Santos Ferreira (BETA, University of Strasbourg)
Ragip Ege (BETA, University of Strasbourg)
Philippe Gillig (BETA, University of Strasbourg)
Herrade Igersheim (CNRS et BETA, University of Strasbourg)
Simon Hupfel (BETA, University of Mulhouse)
Cyriel Poiraud (BETA, University of Strasbourg)
Lionel Rischmann (BETA, University of Strasbourg)
Sylvie Rivot (BETA, University of Mulhouse)
Scientific committee
Richard Arena (GREDEG, University of Nice)
Michel Bellet (GATE-LES, University of Saint-Etienne)
Pascal Bridel (University of Lausanne)
Annie L. Cot (CES, University Paris 1)
Muriel Dal-Pont (GREDEG, University of Nice)
Robert Dimand (Brock University, Canada)
Rodolphe Dos Santos Ferreira (BETA, University of Strasbourg)
Ragip Ege (BETA, University of Strasbourg)
Gilbert Faccarello (Triangle, University of Paris Panthéon-Assas)
Ludovic Frobert (CNRS et Triangle, University of Lyon 2)
Muriel Gilardone (CREM, University of Caen)
Nicola Giocoli (University of Pisa, Italy)
Herrade Igersheim (CNRS et BETA, University of Strasbourg)
André Lapidus (Phare, University of Paris 1)
Harald Hagemann (University of Hohenheim, Germany)
Sylvie Rivot (BETA, University of Mulhouse)
Goulven Rubin (LEM, University of Lille 2)
Nathalie Sigot (Phare, University of Paris 1)
Amos Witztum (London School of Economics, Great-Britain)
A Marcha do (des)Impeachment: Preposto Garantidor da Roubalheira, vulgo PGR, garante que tudo segue bem...
Sem palavras, como se diz nos bons cartoons self-explaining...
Só que não é um cartoon...
Paulo Roberto de Almeida
Ao arquivar ação contra Dilma, Janot aponta ‘inconveniência’ do TSE
Procurador-geral da República recusa investigação que ministro Gilmar Mendes pediu sobre contas da campanha da presidente
Relacionadas
“Não interessa à sociedade que as controvérsias sobre a eleição se perpetuem: os eleitos devem poder usufruir das prerrogativas de seus cargos e do ônus que lhes sobrevêm, os derrotados devem conhecer sua situação e se preparar para o próximo pleito”, escreveu Janot, falando sobre o papel da Justiça eleitoral na “pacificação social”.
No despacho, o procurador-geral da República entendeu que não era o caso de estender a investigação nem no âmbito eleitoral tampouco na esfera criminal. A decisão de arquivamento proferida por Janot é de 13 de agosto, dia em que Gilmar Mendes concedeu o primeiro de três despachos realizados nas últimas três semanas referentes à prestação de contas de Dilma, caso do qual é relator.
A manifestação de Janot pelo arquivamento, acompanhada da mensagem a Gilmar Mendes, acontece num momento em que o governo federal trabalha para evitar que se estabeleça definitivamente no TSE uma nova via para que a oposição possa impedir a presidente Dilma de concluir seu mandato.
Após a aprovação com ressalvas das contas de campanha da presidente, em dezembro do ano passado, o vice-presidente do TSE, Mendes, fez uma série de encaminhamentos a órgãos competentes por investigação dos trechos da prestação de contas considerados “com indícios de irregularidades”.
Entre os órgãos que receberam documentos estavam, além do Ministério Público, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União (TCU). Em julgamentos na corte eleitoral e em seus despachos, Gilmar Mendes tem levantado a suspeita de que a campanha de Dilma teria recebido recursos desviados da Petrobrás, principal alvo da Operação Lava Jato.
Acordão. Ao ser sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na quarta-feira, Janot teve de responder à oposição sobre um suposto acordo do qual ele faria parte para preservar a presidente Dilma Rousseff de investigações. Um dos questionamentos foi feito diretamente pelo presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG). Janot negou qualquer tipo de “acordão”.
No documento em que pede o arquivamento, o procurador-geral da República utiliza dois julgamentos realizados no TSE, ambos de relatoria de Gilmar Mendes, para dizer que a corte eleitoral tem um entendimento consolidado de que, após a diplomação do candidato eleito, não cabe questionamento das contas de campanha.
“Admitir a juntada de documentos em processo de prestação de conta, após o seu julgamento, seria permitir a ‘eterna’ instrução do feito, o que não é cabível”, diz um trecho do documento, citando o julgamento de uma ação, em 2014, que teve o ministro Gilmar Mendes como relator. Ao entender que não há irregularidade a ser investigada sobre a prestação de serviços da gráfica à campanha, Janot aponta o receio de que haja uma “judicialização extremada” da Justiça Eleitoral e usa trechos de julgamentos relatados por Gilmar Mendes para sustentar a visão de que a Justiça Eleitoral precisa ser “minimalista”. A decisão foi assinada por Janot, embora assuntos eleitorais sejam despachados normalmente pelo vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão.
Durante a sabatina de Janot na CCJ do Senado na quarta-feira, o procurador-geral foi bastante questionado por senadores de oposição sobre a atuação de Aragão, com insinuações de que o responsável pela condução dos trâmites eleitorais seria um nome “governista”.
Ao fazer perguntas para Janot, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) criticou Aragão, a quem acusou de ter uma atuação “próxima aos interesses do PT”. Ele disse que o procurador atua com “dois pesos e duas medidas”
Em resposta, Janot defendeu o colega e afirmou que a atuação de Aragão tem índice de acerto de mais de 90%, que considera o total de sugestões do Ministério Público Eleitoral que foram acatadas pelo TSE.
O nome de Janot acabou sendo aprovado na sabatina e, na sequência, pelo plenário da Casa, o que garantiu sua recondução ao comando do Ministério Público por mais dois anos. A operação contou com apoio do PMDB do Senado.
Procurada ontem, a assessoria de Gilmar Mendes declarou que o ministro não iria se pronunciar sobre o assunto.