O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Wikileaks-Brasil: mediando as Farc, ou pelo menos tentando...

Dentro da tragédia americana que representa a revelação de todos esses documentos operacionais, cabe reconhecer que eles auxiliam os historiadores do presente e os analistas políticos a se fazerem uma ideia do duplo discurso das autoridades brasileiras em relação a certos temas, entre eles o do terrorismo das Farc, na Colombia e cercanias.
Eles também revelam quão inconscientes ou ingênuos podem ser certos homens públicos, a menos que seja má-fé deliberada.
Em outros termos, o Brasil reconhece a presença das Farc, reconhece que a Colômbia representa o principal ponto de tensão na região, não faz nada para ajudar o vizinho país a resolver o seu problema, e ainda reclama quando o próprio país adota as soluções que acha mais adequadas para resolver essa ameaça terrorista, inclusive fazendo acordos de cooperação militar com o único país que se declarou disposto a ajudá-la (ainda que por interesse próprio, não importa, mas empenhou recursos, armas, homens, de qualquer maneira, o que o Brasil nunca fez).
Inacreditável, por outro lado, a alegação de que o Brasil pretenderia ser um "mediador" do conflito, o que seria aceitável nas mentes distorcidas dos militantes pró-cubanos e pró-Farc, mas não na cabeça de alguém que se pretende ministro da Defesa do Brasil. Mediar entre um Estado legalmente constituído, com um governo constitucionalmente eleito, e um grupo terrorista, que faz tráfico de drogas, pratica sequestros para sobreviver economicamente e cuja única função atualmente é aterrorisar as populações das regiões onde atua? Em que mundo vivem os dirigentes brasileiros? Num mundo da fantasia?
O Wikileaks ainda vai destruir várias reputações, desmantelar diversas hipocrisias, pegar muita gente mentindo em público e desmoralizar algumas carreiras políticas. Nisso, ele é bem vindo...
Finalmente, mais abaixo, os comentários de alguém, certamente muito odiado nesses meios que tentam "mediar" o conflito entre a Colômbia e as respeitáveis Farc... 
Paulo Roberto de Almeida

Brasil sabia da presença das Farc na Venezuela, segundo Wikileaks

Nelson Jobim, ministro da Defesa, também teria comentado a respeito da situação do Equador

Agencia Efe, 30 de novembro de 2010

O Brasil sabia da "presença" das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na Venezuela e considerava a Colômbia como a "principal fonte de instabilidade" na região, mostraram nesta terça-feira, 30, os novos documentos revelados pelo Wikileaks. 


Esta informação aparece em documentos enviados em novembro de 2009 da embaixada dos EUA em Brasília, que mostram conversas de uma funcionária americana, Lisa Kibuske, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
"Falando de temas de segurança regional", diz uma das mensagens, "Jobim reconheceu na prática a presença da guerrilha das Farc na Venezuela e ofereceu sugestões para criar confiança na fronteira entre Colômbia e Equador".
No entanto, Jobim diz que reconhece publicamente a presença das Farc na Venezuela impediria o trabalho de mediação de seu Governo. "Perguntado sobre a presença das Farc na Venezuela, disse que se reconhecesse sua presença poderia arruinar a capacidade do Brasil como país mediador", explica a nota.
Posteriormente, em outra mensagem, Jobim situa a "Colômbia no centro da potencial instabilidade da região" e considera a tentativa do então presidente Álvaro Uribe de optar por um terceiro mandato na Colômbia como "terrível".
Mais adiante, o ministro brasileiro volta a mostrar suas preocupações a respeito de Uribe, a quem "insiste em qualificar como a primeira fonte de tensões" na região andina.
Na conversa entre Lisa e Nelson Jobim, o ministro da Defesa também mostra "inquietação" sobre o acordo de defesa entre EUA e Colômbia, que permitirá que militares americanos utilizem bases no país andino, ao apontar que um dos memorandos que acompanha o acordo deixa em "evidência a falta de compreensão da América Latina" por parte de Washington.
No entanto, a funcionária finaliza com um balanço positivo seu encontro com Jobim, de quem destaca sua "proximidade ao presidente Lula em questões de segurança". "Apesar da tendência do Governo do Brasil de culpar a Colômbia pelas tensões atuais, seus esforços por manter a paz são sinceros e deveriam ser apoiados", afirma na nota.
Trata-se dos primeiros documentos nos quais a Colômbia é citada desde que o Wikileaks começou a publicação em massa no domingo de mais de 250 mil documentos diplomáticos americanos, muitos deles com revelações embaraçosas para Washington e seus aliados.

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O antiamericanismo bocó somado ao personalismo jeca-tatu…
Reinaldo Azevedo, 30.11.2010

O problema dos telegramas vazados pelo site WikiLeaks é que muitos tentam ver como política oficial — ou escolhas de governo — o que está na esfera das considerações, das análises, dos chutes, da fofoca. Já falo mais a respeito. Vamos a um caso em particular.

Em conversa com ex-embaixador americano no Brasil Clifford Sobel (20067-2009), Nelson Jobim, ministro da Defesa, teria definido Samuel Pinheiro Guimarães, então segundo homem no Itamaraty e hoje chefe da Sealopra (lembram-se dela?), como antiamericano; teria dito mesmo que ele “odeia os EUA” e “trabalha para criar problemas na relação”. Clifford enviou a mensagem a seu governo, e agora ela está no mundo…

Jobim já ligou para Guimarães para assegurar que não disse nada daquilo; que conversou, sim, com o embaixador, mas ele interpretou mal o sentido de suas palavras etc e tal. Lula  defende o ministro da Defesa. Vamos pensar.

Digamos que Jobim tenha dito o que lhe atribuem: mentira não é, certo? A hostilidade de Guimarães aos EUA e à política americana não precisa de conversa privada ou de fofoca para se manifestar. Está na cara. É pública. Mais: ao longo de oito anos, nas questões relevantes, o Itamaraty sempre procurou contrastar com os americanos: se eles queriam uma coisa, Celso Amorim demonstrava querer o contrário.

Nem Amorim nem Guimarães mandam em coisa nenhuma. Ambos refletiam as opiniões de Lula — é dele a política externa, certo? Tanto é assim que as relações do Brasil com os EUA pioraram com a eleição de Barack Obama. Já durante a campanha eleitoral do atual presidente americano, notava-se o incômodo de Lula. Ainda que pareça estúpido e mesquinho, o Babalorixá de Banânia achava que o outro era a única figura a lhe fazer sombra no mundo…

Some-se esse aspecto megalômano, delirante, à cultura antiamericana de onde deriva Guimarães, e encontraremos o Brasil a defender o programa nuclear do Irã e a se abster numa votação em que aquele país é condenado por violar os direitos humanos. Foi a soma do antiamericanismo bocó com o personalismo jeca-tatu.

Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil - Edicao Funag 2010

Pude, finalmente, tomar conhecimento da obra que organizei ainda em Washington, quase dez anos atrás, e que demorou um bocado para ser editada em formato impresso, apesar de ter estado sempre disponível, ainda que discretamente, em meu site.

Trata-se do:

Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil: coleções documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos
Paulo Roberto de Almeida, Rubens Antônio Barbosa e Francisco Rogido Fins (organizadores)
 (Brasília: Funag, 2010, 244p.; ISBN: 978-85-7631-274-1)

O sumário segue abaixo. Ele pode ser donwloadado (ops) neste link da Funag (mas sem a capa; que pode ser vista no meu site, neste link):

http://www.funag.gov.br/biblioteca-digital/pdfs_livros/lancamentos/pdf_guia_dos_arquivos_americanos.pdf

GUIA DOS ARQUIVOS AMERICANOS SOBRE O BRASIL Coleções Documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos 
Organizadores: Paulo Roberto de Almeida, Rubens Antônio Barbosa e Francisco Rogido Fins
(Brasília: Funag, 2010, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-274-1)


    • ÍNDICE
    AGRADECIMENTOS
    APRESENTAÇÃO

    APRESENTAÇÃO GERAL DO PROJETO RESGATE: Esther Caldas Bertoletti (Biblioteca Nacional - IHGB)
    PREFÁCIO: Embaixador Rubens Antonio Barbosa
    INTRODUÇÃO: Paulo Roberto de Almeida e Francisco Rogido
    1. NATIONAL ARCHIVES AND RECORDS ADMINISTRATION
    1.1. Informações gerais
    1.2. Principais Record Groups relacionados com o Brasil
    1.2.1. RG 39 – Department of Treasury, Bureau of Accounts
    1.2.2. RG 40 – Department of Commerce
    1.2.3. RG 43 – International Conferences, Commissions and Expositions
    1.2.4. RG 59 – Department of State
    1.2.5. RG 63 – Committee on Public Information
    1.2.6. RG 65 – Federal Bureau of Investigation
    1.2.7. RG 84 – Foreign Service Posts of the Department of State
    1.2.8. RG 90 – Public Health Service
    1.2.9. RG 122 – Federal Trade Commission
    1.2.10. RG 166 – Foreign Agricultural Service
    1.2.11. RG 169 – Foreign Economic Administration
    1.2.12. RG 229 – Office of Inter-American Affairs
    1.2.13. RG 263 – Central Intelligence Agency
    1.2.14. RG 275 – Export-Import Bank of the United States
    1.2.15. RG 333 – International Military Agencies
    1.3. Materiais referentes ao Brasil
    1.3.1. Disponíveis no Brasil
    1.3.2. Disponíveis nos EUA
    2. BIBLIOTECAS PRESIDENCIAIS
    2.1. Herbert Hoover Library
    2.1.1. Informações gerais
    2.1.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.2. Franklin D. Roosevelt Library
    2.2.1. Informações gerais
    2.2.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.3. Harry Truman Library
    2.3.1. Informações gerais
    2.3.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.4. Dwight D. Eisenhower Library
    2.4.1. Informações gerais
    2.4.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.5. John F. Kennedy Library
    2.5.1. Informações gerais
    2.5.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.6. Lindon B. Johnson Library
    2.6.1. Informações gerais
    2.6.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.7. Nixon Presidential Materials Staff
    2.7.1. Informações gerais
    2.7.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.8. Gerald R. Ford Library and Museum
    2.8.1. Informações gerais
    2.8.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.9. Jimmy Carter Library
    2.9.1. Informações gerais
    2.9.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.10. Ronald Regan Library
    2.10.1. Informações gerais
    2.10.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.11. George Bush Library
    2.11.1. Informações gerais
    2.11.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.12. William J. Clinton Presidential Library and Museum
    2.12.1. Informações gerais
    2.12.2. Materiais referentes ao Brasil
    2.13. George W. Bush Presidential Library
    2.13.1. Informações gerais
    2.13.2. Materiais referentes ao Brasil
    3. OUTRAS BIBLIOTECAS E INSTITUIÇÕES
    3.1. Library of Congress – Washington, DC
    3.1.1. Informações gerais
    3.1.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.2. Oliveira Lima Library – Washington, DC
    3.2.1. Informações gerais
    3.2.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.3. Benson Latin American Collection – Austin, TX
    3.3.1. Informações gerais
    3.3.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.4. John Carter Brown Library – Providence, RI
    3.4.1. Informações gerias
    3.4.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.5. Columbus Memorial Library – Washington, DC
    3.5.1. Informações gerais
    3.5.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.6. Yale University – New Haven, CT
    3.6.1. Informações gerais
    3.6.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.7. Howard-Tilton Memorial Library – New Orleans, LA
    3.7.1. Informações gerais
    3.7.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.8. Joseph Mark Lauinger Library – Washington, DC
    3.8.1. Informações gerais
    3.8.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.9. Newberry Library – Chicago, IL
    3.9.1. Informações gerais
    3.9.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.10. Smithsonian Institution – Washington, DC
    3.10.1. Informações gerais
    3.10.2. Materiais referentes ao Brasil
    3.11. Center for Research Libraries: Latin American Microform Project (LAMP)
    3.11.1.  Informações gerais
    3.11.2. Materiais referentes ao Brasil

    4. APÊNDICES
    4.1. RG 59 – General Records of the Department of State
    4.1.1. Microfilmes disponíveis no Brasil
    4.1.2. Microfilmes disponíveis nos EUA
    4.2. RG 263 – Central Intelligence Agency
    4.3. Chefes de Missão dos Estados Unidos no Brasil, 1825-2010
    4.4. Chefes de Missão do Brasil nos Estados Unidos, 1824-2010
    4.5. Modelo de carta para recurso ao FOIA
    4.6. Recursos para pesquisa online
    4.7. Feriados nacionais
    5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    Wikileaks-Brasil: corrupcao, a praga do governo Lula

    Os americanos costumam falar as coisas como as coisas são. Claro, sabendo que suas palavras seriam reveladas, eles seria mais contidos, não colocariam tantas sinceridades em seus telegramas oficiais. É o que provavelmente vai ocorrer agora: partindo do princípio de que tudo pode ser revelado, ninguém mais vai querer conversar com oas americanos, e os próprios serão muito mais cautelosos em seus expedientes internos. Ou seja, vamos perder sinceridade e ganhar hipocrisia, ou os expedientes internos vão ficar muito parecidos com o bullshit habitual dos documentos públicos. O que é realmente uma pena.
    Historiadores do futuro: vocês terão muito menos motivos de divertimento do que até agora...
    Nunca mais teremos saborosas apreciações cristalinas sobre chefes de Estado, sobre como um é maluco, como outra é desequilibrada, um terceiro arrogante, sem esquecer de certos loucos perigosos que são eleitos (fraudulentamente) por aí.
    Aliás, creio que nunca mais teremos papéis à la Stasi: os cubanos já devem estar destruindo os seus...
    Paulo Roberto de Almeida

    EUA apontam para corrupção na gestão de Lula

    Em telegrama secreto revelado pelo Wikileaks, a crítica é feita pelo próprio embaixador americano

    Jamil Chade, correspondente de O Estado de S.Paulo
    30 de novembro de 2010 | 10h 50

    GENEBRA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluirá seus oito anos no poder com uma gestão marcada pela corrupção entre seus "mais próximos aliados", com uma "praga" de compra de votos no PT e sem ter dado uma resposta ao crime no Brasil. Essa é a avaliação da diplomacia americana sobre a gestão de Lula e os principais elementos de seu governo, escancarando a avaliação do governo americano em relação a Lula.
    Em um telegrama secreto revelado pela organização Wikileaks, a crítica é feita pelo próprio embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel.
    "A principal preocupação popular - crime e segurança pública - não melhoraram durante sua administração (de Lula)", afirmou o telegrama enviado entre a embaixada americana em Brasília e o Departamento de Estado norte-americano.
    O documento ainda cita os vários escândalos de corrupção durante a gestão de Lula. "A Administração Lula tem sido afetada por uma grave crise política", afirma o documento, indicando que "escândalos de compra de votos e tráfico de influência" se transformaram em "pragas para certos elementos do partido de Lula, o PT".
    Sobel, porém, deixa claro que a "popularidade pessoal do presidente não sofreu, mesmo depois que muitos de seus associados mais próximos foram pegos em práticas de corrupção".
    O telegrama faz parte de um relatório que a embaixada americana em Brasília enviou para Washington, com vistas a preparar uma visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim. A meta dos americanos no início de 2009 era o de se aproximar ao Brasil, propondo acordos de cooperação no setor militar e uma colaboração para garantir certa estabilidade na América Latina.
    O documento ainda insinua que teria sido o Bolsa Família que o teria ajudado a se reeleger em 2006. "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito em 2002 em grande parte diante da promessa de promover um agenda social ambiciosa, incluindo generosos pagamentos aos pobres. Diante da força da popularidade desses medidas, ele foi reeleito em 2006, ainda que um apoio diminuído da classe média", completou.

    Veja também:
    link Para EUA, Brasil oculta prisão de terroristas, revela WikiLeaks
    blog Veja a íntegra dos documentos do WikiLeaks referentes ao Brasil

    Wikileaks: Deep Throat gosta de Lady Gaga

    Ex-analista militar dos EUA seria fonte do WikiLeaks
    Plantão O Globo,  30/11/2010 às 11h17m

    Por Phil Stewart

    WASHINGTON (Reuters) - Bradley Manning, 23 anos, ex-analista de inteligência do Exército norte-americano, é o pivô da investigação norte-americana a respeito do vazamento de milhares de comunicações diplomáticas secretas, divulgadas nesta semana pelo site WikiLeaks, dizem funcionários dos EUA sob a condição de anonimato.
    Os mais de 250 mil documentos desse lote expõem avaliações francas e embaraçosas de funcionários dos EUA a respeito de líderes mundiais. Meses atrás, o WikiLeaks - especializado na divulgação de documentos sigilosos - já havia trazido a público 500 mil documentos dos EUA relacionados às guerras do Afeganistão e Iraque.
    As autoridades dos EUA não falam abertamente sobre Manning, para não prejudicar as investigações.
    Veja, a seguir, mais informações sobre o suspeito.
    ONDE ESTÁ BRADLEY MANNING?
    Está detido na base Quantico dos Marines, na Virgínia, depois de haver sido indiciado em julho por ter obtido ilegalmente um vídeo secreto, de 2007, que mostrava um ataque de helicóptero que matou 12 pessoas no Iraque, inclusive 2 jornalistas da Reuters. Esse vídeo foi divulgado em abril pelo WikiLeaks.
    Ele também foi acusado de ter baixado em seu computador mais de 150 mil documentos do Departamento de Estado quando trabalhava na operação de inteligência da Segunda Brigada da Décima Divisão de Montanha, no Iraque. Ele passou adiante parte desses documentos, mas as autoridades dos EUA não esclareceram se essas são as mesmas comunicações divulgadas pelo WikiLeaks.
    COMO ELE FOI PRESO?
    Ele se gabou dos seus feitos ao ex-hacker Adrian Lamo, que o entregou às autoridades, segundo relato de Lamo à Reuters. Manning foi prontamente detido pelo Exército e ficou preso no Kuait antes de ser transferido para os EUA.
    COMO ELE PEGAVA OS DADOS?
    Em um chat na internet com Lamo, ele dizia que ia trabalhar levando um CD com músicas de Lady Gaga, sobre o qual ele gravava dados retirados de uma rede militar secreta da internet. A transcrição do chat (em inglês), revelada inicialmente pela revista Wired, pode ser vista no endereço http://www.wired.com/threatlevel/2010/06/wikileaks-chat/
    ELE FOI FORMALMENTE VINCULADO AO WIKILEAKS?
    As autoridades dos EUA evitam estabelecer diretamente tal vinculação, e o nome do WikiLeaks não consta no prontuário distribuído ao público. Mas, nas suas conversas com Lamo, Manning admitia que havia entregado material a Julian Assange, fundador do WikiLeaks. "Sou uma fonte de alta relevância (...) e desenvolvi uma relação com Assenge," escreveu.
    ELE AGIU SOZINHO?
    Lamo disse à Reuters que aparentemente os investigadores dos EUA estão também procurando pessoas que sejam ligadas simultaneamente a Manning e ao WikiLeaks. "Eu não acreditava que ele tivesse o conhecimento tecnológico (...) para arranjar isso sozinho", disse Lamo.

    Wikileaks-EUA: Russia e a dupla dinamica

    Não se pode dizer que os diplomatas americanos careçam de senso de humor:

    Russian President Dmitry Medvedev is described in the cables as "Robin" to Vladimir Putin's "Batman"...

    Wikileaks-Brasil: o antiamericanismo "normal" do Itamaraty

    Vazamento do Wikileaks mostra que EUA consideram diplomacia brasileira 'antiamericana'

    O Globo, 30/11/2010

    Ministro da Defesa, Nelson Jobim (25/11) / Foto: Marcos Tristão - O Globo
    RIO - O mais recente vazamento de material confidencial feito pelo site Wikileaks contém documentos em que o governo dos EUA considera o Ministério das Relações Exteriores do Brasil como um adversário que adota uma "inclinação antiamericana".
    Segundo reportagem da "Folha de São Paulo", nesta terça-feira, em um dos documentos, de 25 de janeiro de 2008, o então embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, comentou em telegrama que o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, "dissera que o então secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, odeia os EUA e trabalha para criar problemas na relação (entre Brasília e Washington)". Sobel e Jobim haviam almoçado juntos.
    Jobim, que foi confirmado na Defesa pela presidente eleita, Dilma Rousseff, é classificado por Sobel como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".
    Em outro telegrama, de 13 de março de 2008, o embaixador americano relata frustração com uma viagem de Jobim aos EUA: "Embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema".
    Leia mais sobre os vazamentos do Wikileaks:
    EUA tentaram interferir em processos na Justiça espanhola
    Análise dos documentos envolveu 120 jornalistas em cinco veículos
    EUA: Brasil ocultou prisão de suspeitos de terrorismo
    Cristina: ciúmes de Lula-Obama
    Hillary: vazamento é 'ataque à comunidade internacional'

    A pergunta da semana, talvez do mes, quem sabe do ano?

    Ninguém escreve ao coronel  (com perdão de um pró-Fidel):

    De vez em quando, dúvidas atrozes me assaltam, eu fico angustiado e nem consigo dormir direito à noite.
    Tenho uma pergunta que não quer calar. Quem sabe?, um dos meus gentis leitores poderá responder a esta pergunta:

    Quando é que, finalmente, o coronel Chávez vai ser promovido a general?

    Acho que metade dos problemas da Venezuela estariam resolvidos com esse simples gesto ascensional...

    Pela pergunta angustiante:
    Paulo Roberto de Almeida

    De volta a estupidez nacional: grande aumento do PIB

    O "meu" PIB não se refere a Produto Interno Bruto, mas sim Produção Insuperável de Bobagens.
    Enfim, é o que mais temos em nossos tempos de imbecilidade galopantes, aliás nos lugares mais insuspeitos...
    Paulo Roberto de Almeida

     Da cortina de ferro à cortina de burrice
    Mario Guerreiro

    Como se sabe, Winston Churchill - logo após a Segunda Guerra e começo da Guerra Fria - foi o criador da expressão iron curtain (cortina de ferro) com o intuito de denominar a muralha espessa e indevassável que separava o bloco comunista do bloco capitalista. Era a época de bipolaridade.
    A coisa era muito mais forte do que uma política externa isolacionista, porque esta se caracteriza por um desejo de neutralidade em relação a conflitos internacionais, mas não por um fechamento de uma nação em suas relações culturais com outras nações.
    Isolacionistas foram a Suécia, a Suíça e os Estados Unidos. Sabe-se que este último - diferentemente dos dois primeiros que sempre mantiveram sua neutralidade - relutou bastante tempo antes de se envolver tanto na Primeira como na Segunda Guerra. Os EEUU consideravam ser um problema europeu a ser resolvido por países europeus, até os momentos em que se viram forçados a entrar nas duas Guerras.
    A cortina de ferro era o desejo concretizado de um isolamento total do exterior, de tal modo que os habitantes da União Soviética não podiam sair do país e estrangeiros não podiam entrar, salvo raras exceções, com permissão explícita do Estado soviético. Aliás, para viajar de uma cidade a outra na própria URSS, era exigida uma espécie de visto fornecida pelas autoridades do Estado.
    Mais que isso: a cortina de ferro era uma filtragem das informações recebidas do exterior e enviadas para o exterior. Era uma espécie de gafieira em que quem está fora não entra e quem está dentro não sai, de acordo com o antigo samba, com a diferença de que ninguém achava aquilo prazeroso.
    Tudo isso, porque os dirigentes do Politburo não queriam, de nenhum modo, que os habitantes da URSS entrassem em contato com o que estava acontecendo no mundo ocidental pós-Segunda Guerra e fizessem indesejáveis comparações com o nível de vida, hoje diríamos o IDH, de países da Europa e dos Estados Unidos.
    No governo de Brejnev, esse rígido controle da mobilidade social e da informação internacional começou a se enfraquecer. Há quem pense mesmo que a penetração da mídia estrangeira e a inevitável comparação de níveis de vida, foram os fatores decisivos da Queda do Muro de Berlim em 1989 e do esfacelamento da União Soviética em 1991.
    Marshall MacLuhan sintetizou isso dizendo que as imagens da TV foram a causa da dissolução do comunismo soviético. Um pouco de exagero, mas com um fumo de verdade.
    Mas antes muito antes disso, sabe-se que o iniciador do processo de desestalinização, o Primeiro-Ministro Nikita Khrushev, fez uma visita aos Estados Unidos e foi levado à Disneylândia na Califórnia.
    A mídia americana mostrou o sisudo russo divertindo-se pra valer, brincando em todos os brinquedos, maravilhado como se fosse uma criança num paraíso lúdico...
    E isto é apenas uma entre muitas outras evidências do fascínio que o American way of life tão detratado pelo Pravda - (em russo: A Verdade), jornal oficial e único da URSS - despertava nos cidadãos soviéticos.
    Cláudio de Moura Castro, em Veja (17/11/2010), afirma que, apesar da eficiência do sistema de controle soviético – que só começou a apresentar falhas no governo Brejnev, no Brasil foi criado um sistema muito mais eficiente, mediante a adoção de um método diferente. Diz o referido economista especializado em educação:
    “Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se à vontade. Mas não cometeram o erro dos russos [que forneceram educação superior gratuita e de boa qualidade a toda a população]. A garantia do isolamento do país está em educação de péssima qualidade e a conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo.”
    Todo e qualquer indivíduo, a menos que esteja nos limites da oligofrenia ou caracterize-se como um perfeito apedeuta, já deve ter desconfiado disso de que fala o articulista de Veja.
    Como professor universitário há mais de 25 anos, sou levado a concordar inteiramente com aquela asserção de Roberto Campos, feita na década de 80, frequentemente citada por mim: “No Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor”. E parece que estamos fadados a esse triste fado. ENEM que a vaca tussa, dificilmente deixaremos de cumprir nosso esplendoroso destino.
    Não só a burrice, que se caracteriza por falta de inteligência e discernimento racional, mas também a ignorância caracterizada por falta de informação e formação. Mas a verdade, a dolorosa verdade histórica é que “subdesenvolvimento não se improvisa: é obra de séculos” (Nelson Rodrigues).
    Nossas burrice e ignorância nacionais, isto para não falar em nossa notória falta de senso moral, possuem uma longa história – basta dizer que só passamos a editar livros no século XIX e a ter uma universidade no século XX, quando países mais pobres da América Latina já editavam e possuíam universidades séculos antes de nós! What a shame!
    Contudo, nas últimas décadas esse quadro se agravou exponencialmente. Cláudio fala de uma experiência pessoal com estudantes universitários: “Há pouco, em uma universidade de elite pedi que levantassem as mãos os que confortavelmente liam inglês. Não vi nem um quinto do auditório. Eis a Cortina de Burrice em ação”.
    Mas, ao mesmo tempo, tramita no Congresso Nacional uma lei ampliando os curriculi do segundo grau.
     Ao invés de tomar medidas eficazes quanto ao desconhecimento de uma língua extremamente útil - tão globalizada hoje quanto o latim na Idade Média - oferecem línguas absolutamente inúteis, ensinadas por muito poucos e aprendidas por menos ainda, tais como o insaudoso tupi do Brasil colonial e a fracassado “idioma universal” de Zamenhof: o esperanto, língua artificial falada por meia dúzia de exóticos gatos pingados espalhados pelos quatro cantos do mundo. Mas o Basic English de Richards nossos educadores parecem desconhecer.
    O que é tudo isso, senão ecos de profunda ignorância aliada à mentalidade treceiromundista e a um agressivo e ressentido antiamericanismo! (Vide a este respeito: Jean-François Revel: O Antiamericanismo , Rio de Janeiro, Editora da UniverCidade).
    “Os europeus passaram do bilingüismo para o trilinguismo. Na Islândia são quatro idiomas. E o nosso controlador de vôo não sabia  inglês” - coisa que não faria a mínima diferença no caso de um entregador de pizza, mas que no ofício em pauta resultou na morte de centenas de pessoas!
    “Nossas universidades estão fora da lista das melhores [Ou seja: estão na lista das piores dos 20 países de maior PIB], resultado da Cortina de Burrice, pois perdem pontos nos quesitos de internacionalização. Nas européias muitos cursos são oferecidos em inglês”.
    É escusado dizer que essa precariedade de conhecimento, associada a uma pouco freqüente aeróbica dos neurônios, não afetam somente a cultura e a mentalidade dominante no País dos Coitadinhos, mas também nosso desenvolvimento socioeconômico.
    “O resultado de nosso isolamento é uma indústria provinciana que não toma conhecimento dos avanços alhures [com as possíveis exceções da indústria dos cosméticos e da “indústria das indenizações”, sinais inequívocos da futilidade e da Lei de Gerson campeando]. Há esforços heróicos, como uma construtora brasileira que comprou uma empresa no Canadá, para mandar estagiar seus engenheiros. Assim veriam como se constrói lá. Mas é uma exceção.”
    Recentemente, um canal de TV brasileiro mostrou como, no boom das construções de edifícios de apartamentos na cidade de São Paulo, a quantidade de novos prédios é muito superior à qualidade do acabamento dos mesmos. Péssima qualificação da mão-de-obra? Ausência de bons cronogramas? Açodamento irresponsável das construtoras? Creio que tudo isso mais alguma coisa. Mas Cláudio prossegue:
    “Ao lermos as descrições feitas por viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, constatamos o primitivismo da nossa sociedade. Se  a corte permanecia tosca, a interiorização estava ainda mais distante do progresso social acumulado pela Europa em 2000 anos. Progredimos muito desde então.Mas as cicatrizes do atraso estão por todos os lados”.
    É verdade. Para o espanto de muita gente letrada e bem informada, o Brasil foi o país que mais progrediu desde seu nascimento como nação soberana em 1822. Estudos históricos de caráter social e macroeconômico mostram isto claramente.
    Mas em pesquisas envolvendo longos períodos de tempo, é preciso levar em consideração as condições de onde se partiu para as de onde se chegou. Para quem morava numa casa de papelão debaixo de um viaduto e passou a morar numa casinha de tijolos numa favela, há um inegável progresso, ainda que muita melhoria seja desejável. Pra ficar ruim, ainda tem que melhorar muito!
    Além disso, o que chama mais a atenção é o caráter desigual, fortemente contrastante e paradoxal do desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Temos grandes bolsões de pobreza contrastando com regiões extremamente prósperas.
    E podemos encontrar isso na comparação entre Estados da Federação. Num dos extremos, temos São Paulo, exemplo de um Brasil que deu certo. E noutro, temos o Maranhão, exemplo de um Brasil que deu errado. Assim são os diferentes “Brasis” de Gilberto Freire.
    Podemos encontrar isso até mesmo dentro de num mesmo Estado da Federação, como Minas Gerais, onde deparamos com a prosperidade do Triângulo Mineiro fazendo fronteira com o norte de São Paulo e com a miserabilidade do Vale do Jequitinhonha e do norte do Estado em sua fronteira com a Bahia.
    Isto se chama desenvolvimento regional desigual e fortemente contrastante. Como se costuma dizer: “O mineiro é um baiano cansado” (porque  se deteve em sua caminhada para São Paulo quando da migração nos tempos coloniais).
    As cicatrizes de que fala Cláudio foram deixadas em parte por causa dos referidos contrastes. Daí, paradoxos aparentemente inexplicáveis, porém de fácil explicação. Por exemplo: temos a mais avançada odontologia do mundo em que se destaca a Faculdade de Bauru (SP) e, ao mesmo tempo, o maior número de desdendatos do mundo.
    Temos um espantoso número de faculdades de direito e formamos não menor número de bacharéis, mas como para exercer a profissão de advogado é preciso passar nas provas da OAB, estas mesmas geralmente reprovam muito mais da metade dos candidatos em todos os Estados da Federação.
    E salvo engano meu, a OAB é a única entidade de categoria profissional a exigir concurso para a obtenção de licença para o exercício da profissão.
    O número de editoras e de publicações aumentou consideravelmente nas últimas décadas, mas o povo lê muito pouco e o pouco que lê é de questionável qualidade. Muitos estudantes universitários só lêem por obrigação imposta por seus professores, mas quando saem das faculdades com seus canudos de papel nunca mais abrem um livro. E ainda alardeiam isso com orgulho, como o de quem se livrou de um atávico vício!
    Finalmente, nos concursos para funcionários de limpeza urbana - para não usar expressões politicamente incorretas, como lixeiros e garis – é exigido segundo grau completo, porque é preciso fazer uma seleção acurada, uma vez que a procura é muitas vezes superior à oferta de vagas.  E tem gente até com mestrado e doutorado entre os candidatos, porque conseguir um emprego está muito difícil nestes tempos bicudos.
     Mas, na eleição para deputado federal, o candidato a candidato pode ser analfabeto funcional ou analfabeto tout court, basta apenas ser jeitoso para burlar a Justiça Eleitoral. O caso Tiririca está aí mesmo, com seus 1.300.000 votos, só para não me deixar mentir...
    É uma lei férrea e inexorável: um país de eleitores, quando muito semiletrados, só pode mesmo ter representantes da mesma espécie. brasil, um país de todos (ou de tolos?).

    Wikileaks-Brasil: terroristas que nao sao considerados terroristas

    No post anterior, eu dizia que os Wikileaks, a despeito da tragédia que representam para a diplomacia americana, desvendam paranoias e hipocrisias estatais. Eles podem revelar também coniviencia ou irresponsabilidade de certos dirigentes políticos, que não se importam em que ações terroristas sejam planejadas contra os EUA, desde que não atinjam diretamente o Brasil.
    Viva o Wikileaks, malgré tout...
    Paulo Roberto de Almeida

    O WikiLeaks e o terrorismo no Brasil - O caso do libanês “K”
    Reinaldo Azevedo, 29.11.2010

    A Folha de S. Paulo publicou nesta segunda-feira uma reportagem de Fernando Rodrigues onde se lê:
    “A Polícia Federal do Brasil ‘frequentemente prende pessoas ligadas ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para evitar chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo’, relatou de maneira secreta em 8 de janeiro de 2008 o então embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Clifford Sobel. Essa informação faz parte de um lote de 1.947 telegramas produzidos pela diplomacia norte-americana durante a última década, em Brasília. A organização WikiLeaks teve acesso a eles. Vai divulgá-los gradualmente a partir desta semana no site www.wikileaks.org.

    Pois bem, no mesmo texto, relata-se o caso de um libanês preso no Brasil, ligado à rede Al Qaeda. E se informa também que o governo americano considera que Dilma era uma das pessoas no Brasil que faziam pressão para que o país não tivesse uma lei especial contra o terrorismo.

    Essa história me irrita um tantinho, você entenderão por quê. No dia 25 de maio de 2009, eu reproduzia aqui a coluna do jornalista Janio de Freitas, da Folha. Eu e ele não somos da mesma enfermaria ideológica, como se sabe. Mas publiquei trecho de sua coluna com link e tudo. Leiam trecho:
    “Está preso no Brasil, sob sigilo rigoroso, um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda. A prisão foi feita pela Polícia Federal em São Paulo, onde o terrorista estava fixado e em operações de âmbito internacional. Não consta, porém, que desenvolvesse alguma atividade relacionada a ações de terror no Brasil. A importância do preso se revela no grau de sua responsabilidade operacional: o setor de comunicações internacionais da Al Qaeda. Tal atividade sugere provável relação entre recentes êxitos do FBI e a prisão aparentemente anterior feita em São Paulo. Há cinco dias, o FBI prendeu por antecipação os incumbidos de vários atentados iminentes nos Estados Unidos, inclusive em Nova York.”

    Eu tinha essa mesma informação e fiquei esperando a confirmação de um dado. Hesitei um tantinho, e Janio saiu na frente. Eu sabia que era verdade. Publiquei a coluna dele porque meu furo já tinha ido para o brejo. Muito bem. Quem era o cara? Tratava-se do libanês K, moderador de um fórum fechado na Internet com mensagens de conteúdo racista e antiamericano. Casado com uma brasileira, exercia atividade regular em São Paulo. E foi solto.

    Sabem o que então ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou sobre o caso?
    “Se esse cidadão tem ou não relações políticas e ideológicas com países ou com correntes de opinião no mundo, isso, para nós, não é uma questão institucional ou legal.”
    Para Tarso, a Al Qaeda era uma “corrente de opinião”.

    Se havia um terrorista da Al Qaeda no Brasil e se a desculpa singela par estar solto era a de que a sua situação por aqui era estável, casado com uma brasileira, nem por isso o país deixava de desrespeitar uma resolução da Organização das Nações Unidas — mais precisamente, de seu Conselho de Segurança. Refiro-me à Resolução 1373, de 2001, cuja íntegra está aqui. Leiam trechos:

    (…)
    Atuando ao abrigo do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas, decide que todos os Estados devem:
    a) Prevenir e reprimir o financiamento de atos terroristas;
    (…)
    d) Proibir seus nacionais ou quaisquer pessoas e entidades em seus territórios de disponibilizar quaisquer fundos, ativos financeiros ou recursos econômicos ou financeiros ou outros serviços financeiros correlatos, direta ou indiretamente, em benefício de pessoas que perpetram, ou intentam perpetrar, facilitam ou participam da execução desses atos; em benefício de entidades pertencentes ou controladas, direta ou indiretamente, por tais pessoas; em benefício de pessoas e entidades atuando em seu nome ou sob seu comando.

    Decide também que todos os Estados devem:
    - Abster-se de prover qualquer forma de apoio, ativo ou passivo, a entidades ou pessoas envolvidas em atos terroristas, inclusive suprimindo o recrutamento de membros de grupos terroristas e eliminando o fornecimento de armas aos terroristas;
    - Tomar as medidas necessárias para prevenir o cometimento de atos terroristas, inclusive advertindo tempestivamente outros Estados mediante intercâmbio de informações;
    - Recusar-se a homiziar aqueles que financiam, planejam, apóiam ou perpetram atos terroristas, bem como aqueles que dão homizio a essas pessoas;
    Impedir a utilização de seus respectivos territórios por aqueles que financiam, planejam, facilitam ou perpetram atos terroristas contra outros Estados ou seus cidadãos;
    - Assegurar que qualquer pessoa que participe do financiamento, planejamento, preparo ou perpetração de atos terroristas ou atue em apoio destes seja levado a julgamento; assegurar que, além de quaisquer outras medidas contra o terrorismo, esses atos terroristas sejam considerados graves delitos criminais pelas legislações e códigos nacionais e que a punição seja adequada à gravidade desses atos;
    - Auxiliar-se mutuamente, da melhor forma possível, em matéria de investigação criminal ou processos criminais relativos ao financiamento ou apoio a atos terroristas, inclusive na cooperação para o fornecimento de provas que detenha necessárias ao processo;
    (…)
    4. Ressalta com preocupação a estreita ligação entre o terrorismo internacional e o crime organizado transnacional, o narcotráfico, a lavagem de dinheiro, o contrabando de materiais nucleares, químicos, biológicos e outros materiais potencialmente mortíferos, e, nesse sentido, enfatiza a necessidade de incrementar a coordenação de esforços nos níveis nacional, sub-regional, regional e internacional de modo a fortalecer uma reação global a essa séria ameaça e desafio à segurança internacional;
    (…)


    Não é o único vexame para o governo Lula revelado pelo WikiLeaks. Na madrugada, trato de alguns outros. Mas por que a resistência em ter uma lei antiterrorista, hein? Falaremos a respeito. Abaixo, uma seqüência de links sobre o caso do libanês da Al Qaeda:

    - Integrante da alta hierarquia da Al Qaeda é preso em SP. Tarso vai protegê-lo?;
    - Acreditem! Dirigente da Al Qaeda já está entre nós, livre, leve e solto;
    - Al Qaeda no Brasil: Tarso e Itamaraty mergulham o país numa lama inédita;
    - Al Qaeda no Brasil: prática do governo Lula desrespeita resolução da ONU;
    - Al Qaeda no Brasil e falas delinqüentes 1: o nacionalismo brucutu;
    - Al Qaeda no Brasil e falas delinqüentes 2: Mais um absurdo;
    - É da Al Qaeda, sim! Ou: Tarso transforma terror em mera “corrente de opinião”;
    - O imbróglio do libanês “K”;
    - Al Qaeda no Brasil - Nota do Ministério Público: ainda não há provas

    Por que o Brasil não tem uma lei definindo o que é terrorismo?
    Reinaldo Azevedo, 29.11.2010

    É preciso ler primeiro o post abaixo [acima]
    Há outras coisas interessantes divulgadas pelo WikeLeaks que dizem respeito ao Brasil  — algumas chegam a ser engraçadas; outras, patéticas. Mas quero me ater ao que vai no post abaixo. Embora o terrorismo seja considerado crime imprescritível na Constituição, inexiste uma lei específica que o defina. Por quê? No dia 28 de maio do ano passado, publiquei aqui o texto “OS TERRORISTAS JÁ ESTÃO ENTRE NÓS. CADÊ A LEI?". Explicava por que os petistas não querem a lei — e, ficamos sabendo agora, segundo o governo americano, Dilma era quem mais trabalhava contra ela. Vamos ao texto daquele dia. Tudo ficará claro como o dia.
    *
    Se K. (ler post abaixo) é mesmo o responsável mundial pelo “Jihad Media Battalion”, o nome do que pratica é TERRORISMO. Bem, ele até poderia escolher a “Saída Dilma Rousseff” e dizer que não matou ninguém, que só cometeu “crime de organização”, não é mesmo?

     A situação é bastante séria porque a Constituição Brasileira diz que o crime de terrorismo é imprescritível, mas simplesmente inexiste uma lei que especifique, afinal de contas, o que é “terrorismo”. E as razões por que ela não existe são de lascar. Já chego lá. Antes, quero chamar a atenção de vocês para o festival de desinformação e cinismo que cercou e ainda cerca essa história.

    Na terça-feira, o inefável Tarso Genro tratou o terrorismo como uma variante de “corrente de opinião”. Ontem, sustentou que o país realmente não precisa tipificar esse crime porque a legislação comum dá conta do recado — o que é conversa mole por definição: crimes específicos pedem leis específicas, ou bastaria uma única lei. Lula acusou a interferência de estrangeiros no Brasil, e o Ministério Público se encarregou de divulgar uma nota um tanto rebarbativa e precipitada, que falava na “ausência de provas”. Bem, não é o que pensa quem é especializado em investigação: a Polícia Federal.

    E posso lhes assegurar que não se trata de algum araponga de Protógenes perdido lá na instituição. É gente séria. Ninguém precisa pertencer ao núcleo da Al Qaeda, em algum buraco no Afeganistão ou no Paquistão, para integrar a rede terrorista. Aliás, a sua característica mais marcante é justamente a descentralização. Existem “Al Qaedas”.

    Por que tanta reticência em admitir isso? O terrorismo já descobriu o Brasil. Encontra aqui um vasto território sem lei que trate da questão. A Tríplice Fronteira está no mapa como área infiltrada pelo terror islâmico — no caso, o Hezbollah. De novo, tenho de escrever: não é assim porque eu quero. É porque é.

    Por que não tem?
    E por que ninguém se ocupa de estabelecer uma lei específica para os crimes de terrorismo? Porque isso criaria dificuldades internas e externas. Sim, senhores! No dia em que uma lei criar punição específica, o primeiro grupo a ser enquadrado é o MST. Mais: quando o Brasil tiver tal texto, terá de parar de flertar com terroristas latino-americanos ou do Oriente Médio, como faz hoje em dia.

    E não que o país já não tenha sido ou não seja permanentemente confrontado com situações que pedem essa definição: os atos do PCC, em São Paulo, em 2006 são considerados terroristas em eu qualquer país civilizado do mundo. O mesmo se diga dos narcotraficantes do Rio, que, freqüentemente, usam a população civil como escudo. Assim, Tarso está obviamente errado. Como sempre.

    Essa é, diga-se, mais uma bandeira que as oposições poderiam e deveriam assumir. Até em benefício do combate ao crime organizado. Não ignoro todo o debate sobre a eficiência ou não da tal “Lei dos Crimes Hediondos”, que tanto divide juristas. Nem entro no mérito agora. O país precisa de uma legislação excepcional - como fazem, reitero, outras democracias - que puna, também com rigor excepcional, aqueles que expõem coletividades em risco (ou que “organizam” tais ações) para alcançar seus objetivos. E a excepcionalidade não deve estar apenas numa pena mais longa ou na imprescritibilidade do crime. Terroristas não podem ter os mesmos direitos de presos comuns.

    E a tarefa é urgente. E não só para conter os terroristas nativos. Também para poder enfrentar os que vêm de fora. Porque, efetivamente, eles já estão ente nós. Como bem sabem a Polícia Federal e o FBI.

    Encerro
    Entenderam?

    Wikileaks e as paranoias: ironias da politica mundial...

    O interessante, e até irônico, dos Wikileaks, é que eles revelam a verdade das coisas, não as hipocrisias que os governos alimentam através de suas declarações oficiais e notas de imprensa.
    Geralmente, esses documentos oficiais são o que de mais mentiroso e cínico existe: o Wikileaks expõe a falsidade das posturas diplomáticas dos Estados, com suas notas que contém puro bullshit.
    Viva o Wikileaks: no meio de toda a tragédia que eles criam para os EUA, por revelar o lado obscuro da ação diplomática americana, não deixa de ser um elemento interessante esse desvendar de hipocrisias oficiais.
    Por sinal, dentre as paranoias efetivas, a do presidente do Irã é uma das mais interessantes...
    Paulo Roberto de Almeida

    Wikileaks Exposes Truth: Arab States Fear Iran, Not Israel 

    Netanyahu: Time for Arab world to speak openly about Iran threat Iranian missiles could strike European capitals Iran also backing Terrorist Groups in Yemen

    Washington, Nov 27 – Publication of some 250,000 classified diplomatic cables by the Wikileaks website has exposed the fact that Arab states see Iran and its nuclear weapons program and not Israel as the real threat to Middle East stability and their own security.

    Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu said the documents reinforced what Israel has been saying for years about the Iranian nuclear program.

    “More and more countries, governments and leaders in the Middle East and the wider world understand that this is the fundamental threat,” Netanyahu said at a news conference in Tel Aviv. “I hope the leaders will have the courage to say to their nations publicly what they’ve said about Iran.”

    Iranian President Mahmoud Ahmadinejad responded that the leaks were deliberately released as part of a psychological warfare campaign against his country.

    But an analysis from Reuters puts the truth in stark terms: “The revelation confirm the depth of suspicion and hatred of the Shi'ites among Sunni Arab leaders, especially in Saudi Arabia, the leading Sunni power and which regards Iran as an existential threat.”

    "Iran should take note of the distress that its nuclear program is causing in the region -- this is not something that should be ignored," said Salman Shaikh, director of the Brookings Doha Center.

    In one key document King Hamad of Bahrain “argued forcefully for taking action to terminate the Iranian nuclear program, by whatever means necessary. "That program must be stopped," he said. "The danger of letting it go on is greater than the danger of stopping it," he said.

    “The cables reveal how Iran’s ascent has unified Israel and many longtime Arab adversaries — notably the Saudis — in a common cause,” The New York Times said. “The United States had put together a largely silent front of Arab states whose positions on sanctions and a potential attack looked much like Israel’s.”

    Among the important revelations in the documents, as published by The New York Times, The Guardian and Der Spiegel are the following:

    Saudi King Abdullah repeatedly urged the United States to destroy the Iranian program. “He told you [Americans] to “cut off the head of the snake,” the Saudi ambassador to Washington, Adel al-Jubeir said, according to a report on Abdullah's meeting with the U.S. general David Petraeus in April 2008. Abdullah told a US diplomat: "The bottom line is that they (the Iranians) cannot be trusted."
    Officials from Jordan also called for the Iranian program to be stopped by any means necessary while leaders of the United Arab Emirates and Egypt referred to Iran as “evil,” and an “existential threat.”
    Iran has obtained advanced missiles from North Korea that could let it strike at Western European capitals and Moscow.
    Crown Prince bin Zayed of Abu Dhabi said in one cable: “Any culture that is patient and focused enough to spend years working on a single carpet is capable of waiting years and even decades to achieve even greater goals.” His greatest worry, he said, “is not how much we know about Iran, but how much we don’t.”
    Kuwait's military intelligence chief told Petraeus Iran was supporting Shi’ite groups in the Gulf and extremists in Yemen. The United States failed to stop Syria from supplying arms to Iranian-backed Hezbollah terrorists in Lebanon, who have amassed tens of thousands of rockets aimed at Israel. One week after Syrian President Bashar al-Assad promised a top State Department official that he would not send new arms to Hezbollah, the United States it had information that Syria was providing increasingly sophisticated weapons to the group.
    Iran smuggled weapons to Hezballah in ambulances and medical vehicles in violation of international conventions. Hamas also used such vehicles for military and arms-smuggling operations. Iran withheld from the International AtomicEnergy Agency the original design documents for a secret nuclear reactor.

    Here are some sources for the raw materials:
    http://www.guardian.co.uk/world/us-embassy-cables-documents/240364
    http://www.msnbc.msn.com/id/40405218/ns/world_news-the_new_york_times/
    http://www.guardian.co.uk/world/us-embassy-cables-documents/209599
    http://cablegate.wikileaks.org/

    segunda-feira, 29 de novembro de 2010

    Por uma vez, EUA sao exemplo...

    Quem sabe alguém se toca por aqui e segue esse exemplo?

    Obama announces 2-year pay freeze for federal workers
    Union leaders are critical of the proposal, which must be approved by Congress.


    Claro, lá como aqui, vai ser preciso enfrentar as máfias sindicais, especialmente ativas entre funcionários públicos, capazes de fazer refém uma nação inteira de pagadores passivos...

    Wikileaks Brasil: terrorismo visto como evasao fiscal

    Do site do Wikileaks, em inglês e em português (acessível a partir do endereço:  http://cablegate.wikileaks.org/articles/2010/Cablegate-Brazil-frames-suspected.html

    Em segredo, Brasil monitora e prende suspeitos de terrorismo
    Natalia Viana, especial para WikiLeaks

    São Paulo, Brasil - A polícia federal e a ABIN seguem dicas da inteligência americana para realizar operações de contraterrorismo no país. É isso que mostram alguns telegramas enviados pela embaixada dos EUA em Brasília para Washington obtidos pelo Wikileaks.
    Segundo os documentos - os primeiros de milhares enviados pela missão americana no Brasil obtidos pela organização - a polícia federal e a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) monitoram a presença de suspeitos de terrorismo em solo nacional desde pelo menos 2005.
    “A Polícia Federal frequentemente prende indivíduos ligados ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para não chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo“, relatou o embaixador Clifford Sobel em janeiro de 2008.
    O governo sempre negou a existência de atividades terroristas no Brasil.

    Almoço
    No dia 4 de maio de 2005, o general Armando Félix esteve em um almoço na casa do então embaixador americano John Danilovich, que ficou no cargo até 2006.
    Segundo o relatório enviado a Washington (See cable 05BRASILIA1207), Felix teria dito que é importante que as operações de contraterrorismo sejam ‘maquiadas’ da maneira apropriada para não afetar negativamente a “orgulhosa” e “bem-sucedida” comunidade árabe no Brasil.
    Pouco antes, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional havia agradecido entusiasmadamente o apoio dos americanos através do RMAS - Regional Movement Alert System, um sistema que detecta passaportes inválidos, perdidos ou falsificados. A partir de informações do RMAS, a ABIN e a PF estariam monitorando "indivíduos de interesse" no país.
    "Além das operações conjuntas conosco, o governo brasileiro também está pedindo que filhos de árabes, muitos deles empresários de sucesso, vigiem árabes que possam ser influenciados por extremistas ou grupos terroristas", diz o relato. Para Félix, é de total interesse da comunidade "manter potenciais extremistas na linha", evitando assim chamar a atenção mundial para os árabes brasileiros.
    A preocupação em manter segredo sobre as operações anti-terrorismo foi uma constante durante o goveno Lula. Desde 2006, a administração tem protestado contra menções de atividades ligadas ao terrorimo na tríplice fronteira com o Paraguai e a Argentina, incluídas no relatório anual do governo dos EUA.
    Em parte, isso se deve a uma discrepância formal: o governo americano considera o partido libanês Hezbollah e o palestino Hamas como terroristas, enquanto o Itamaraty os considera partidos legítimos. Os dois têm grande apoio dentre a comunidade árabe na tríplice fronteira.

    Prisões "disfarçadas"
    Mas para além das diferenças no discurso, os documentos vazados pelo Wikileaks mostram que na prática a polícia brasileira age frequentemente a partir de informações da inteligência americana.
    "A sensibilidade ao assunto resulta em parte do medo da estigmatização da grande comunidade islâmica no Brasil ou de que haja prejuízo para a imagem da região (da tríplice fronteira) como destino turístico. Também é uma postura pública que visa evitar associação à guerra ao terror dos EUA, vista como demasiado agressiva", analisa outro embaixador americano, Clifford Sobel, que esteve no cargo de 2006 a 2010.
    Segundo o telegrama enviado por ele em 8 de janeiro de 2008 (LINK - 136564), a preocupação em não admitir atividades suspeitas de terrorismo seria maior ainda dentro do Ministério de Relações Exteriores. Por isso, diz Sobel, o Brasil participa "relutantemente" das reuniões anuais sobre segurança que reúne diplomatas, oficiais de segurança e inteligência da Argentina, Paraguai e Brasil com os EUA para discutir segurança na tríplice fronteira.
    Na verdade, a região não é prioridade quando se trata de terrorismo. "A principal preocupação em contraterrorismo tanto para oficiais brasileiros quanto para a missão americana é a atividade de indivíduos ligados ao terrorismo - em particular diversos suspeitos extrermistas sunitas e alguns indivíduos ligados ao Hezbollah - em São Paulo e em outras áreas do sul do Brasil", relata Sobel.
    O telegrama revela que, apesar da retórica em contrário, a Polícia Federal, a Receita Federal e a Abin "monitoram" atividades suspeitas de terrorismo e "seguem todos as pistas passadas a elas".
    "A Polícia Federal frequentemente prende indivíduos ligados ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para não chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo”, diz um trecho do telegrama secreto. “No ano passado a Polícia Federal prendeu vários indivíduos envolvidos em atividades suspeitas de financiamento de terrorismo mas baseou essas prisões em acusações de tráfico de drogas ou evasão fical". A PF e a Abin sempre compartilham essas informações com as agências americanas, diz o relato.
    O mesmo telegrama de Sobel cita dois exemplos. Em 2007, a PF teria preso um potencial faclitador terrorista sunita que operava primordialmente em Santa Catarina sob acusação de entrar no país sem declarar fundos - e estaria trabalhano pela sua deportação. A operação Byblos, que desmantelou uma quadrilha de falsifcação de documentos brasileiros no Rio de Janeiro para libaneses também é citada como exemplo de operação de contra-terrorismo.

    Será que o governo sabe?
    O Brasil não tem legislação específica sobre terrorismo, em parte por causa do legado da ditadura militar, que taxa oposicionistas de terroristas. A demora do Executivo em enviar um projeto de lei sobre tema ao Congresso desagrada aos americanos, como mostra outro relatório, enviado por Sobel em 11 de abril de 2008 (See Cable 08BRASILIA504).
    Nele, o embaixador comenta com surpresa o comentário de José Antonio de Macedo Soares, secretário-adjunto do Gabinete de Segurança Institucional, de que o Brasil compartilha todas as informações referentes a contraterrorismo. Ele questiona se o alto escalão do governo recebe as mesmas informações da inteligência brasileira que os EUA recebem. "Embora não possamos responder definitivamente, os comentários de Soares sugerem que esse pode ser o caso e que, apesar das negativas, eles reconhecem os problemas potenciais que o Brasil enfrenta".
    Outra possibilidade seria que o governo tem acesso às informações, mas não as consideram evidência de ação terrorista. "Isso significa que ou estão jogando conosco ou consideram terrorismo apenas fora do Brasil".

    Duplo discurso
    Outro documento publicado pelo WikiLeaks traz a mais recente avaliação da política brasileira de combate ao terrorismo, de 31 de dezembro de 2009 (See Cable 09BRASILIA1540). Nele, a Ministra Conselheira da Embaixada Lisa Kubiske reitera a existência de "dois discursos separados" no Brasil: enquanto o governo nega, a polícia monitora e colabora em operações de contraterrorismo. Ela cita como exemplo a prisão, em maio daquele ano, de um integrante da Al Qaeda.
    A prisão foi feita pela PF em São Paulo durante uma pretensa investogação sobre células nazistas. O libanês, conhecido como "senhor K", foi preso sob acusação de racismo. Para a PF, ele coordenava uma célula de comunicação e recrutamento da Al Qaeda em São Paulo.
    Na época, o presidente Lula se negou a comentar o assunto.
    No seu telegrama Lisa Kubiske avalia como positivo o fato a notícia ter vindo a público. Ela também elogia o Ministério das Relações Exteriores por ter admitido que terroristas podem se interessar no Brasil por causa das Olimpíadas de 2016.
    Entre outras coisas, o relatório de dezembro de 2009 elogia atuação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ligado ao Ministério da Fazenda, chamando-o de "eficiente".
    De fato, diversos documentos obtidos pelo Wikileaks mostram que o COAF tem colaborado bastante com o governo americano, investigando bens de diversos suspeitos de terrorismo. Entretanto, como aponta Lisa Kubiske, até o final de 2009 nenhum bem ou propriedade havia sido encontrado. O telegrama serviu de base para a avaliação oficial dos EUA sobre o Brasil em 2010.
    Os documentos fazem parte de 251 mil telegramas enviados pelas embaixadas americanas de todo o mundo ao Departamento de Estado entre 1966 e 2010 que serão publicados pelo WikiLeaks nas próximas semanas.
    .............................................

    Embaixada se aproxima de muçulmanos moderados para vigiar extremistas
    Natalia Viana, especial para o WikiLeaks

    São Paulo, Brasil - Novos documentos publicados pelo WikiLeaks mostram que o governo americano tem buscado se aproximar da comunidade muçulmana no Brasil como uma estratégia de contraterrorismo. Para a missão americana, São Paulo é uma das áreas onde elementos extremistas têm tentado recrutar jovens para a causa terrorista. Por isso, o consulado na cidade avalia que o Brasil seria o local ideal para testar estratégias que podem ser úteis em outros países com minorias muçulmanas.
    Em 2009, o consulado em São Paulo promoveu a visita da representante especial do governo americano para comunidades muçulmanas, Farah Pandith, e começou a articular a visita de um sheik americano moderado. "A aproximação com muçulmanos moderados coloca os radicais na defensiva e abre canais de comunicação que podem levar a maior informações sobre elementos distantes da comunidade mais propensos ao radicalismo", diz um telegrama do consulado americano em São Paulo , enviado em 20 de novembro de 2009.
    A visão dos EUA confirma o depoimento do ex-chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Federal Daniel Lorenz sobre a prisão do libanês "senhor K" em maio de 2009 em São Paulo. Lorenz afirmou em uma audiência na Câmara dos Deputados que a PF distinguiu três estágios de atividade terrorista no país.
    Primeiro, extremistas estrangeiros teriam usado o país como escala de viagem. Depois, teriam procurado se legalizar e estabelecer no país através de adoção de filhos brasileiros. Finalmente, extremistas residentes estariam iniciando ações de recrutamento, apoio, treinamento, logística e reconhecimento para ações terroristas fora do país. A PF costuma compartilhar informações com a inteligência americana. O governo brasileiro nega a existência de atividades terroristas em solo nacional.

    Engajando a comunidade
    O primeiro telegrama confidencial enviado pelo cônsul em São Paulo, Thomas White, em 11 de novembro de 2009 (See Cable 09SAOPAULO653), revela que há vários anos o consulado tem tentado se aproximar da comunidade árabe. Através do cônsul-geral do Líbano, Joseph Sayah, White diz ter construído uma grande rede de amigos, entre sheiks e líderanças. “Não tire o olho dos sunitas”, teria avisado Sayad, explicando que muitos jovem brasileiros têm sido atraídos pelo fundamentalismo islâmico. O documento descreve também a comunidade libanesa brasileira, afirmando que os novos imigrantes do Líbano "são mais pobres e bem mais xiitas”: “A sua política é mais radical e eles frequentemente seguem a liderança do Hezbollah".
    "A aproximação com muçulmanos moderados coloca os radicais na defensiva e abre canais de comunicação que poderiam levar a mais informações sobre elementos distantes da comunidade mais propejnsos ao radicalismo", escreve o cônsul americano. "Trabalhar junto com os moderados não deve ser visto como algo separado de monitorar elementos mais ameaçadores". Visita
    Um dos grandes momento da visita de Farah Pandith nos dias 22 e 23 de novembro foi uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo na qual ela relatou sua história "como uma muçulmana americana". A visita foi acompanhada de perto pelo consulado e relatada em um telegrama de 8 de dezembro de 2009 (See Cable 09SAOPAULO663).
    Durante a visita Pandith encontrou representantes da comunidade muçulmana e visitou a mesquita de Santo Amaro, onde conversou com jovens estudantes. "No geral, o grupo foi amigável e altamente acessível. As crianças mostraram interesse em aprender inglês e um conhecimento óbvio da cultura pop americana", descreveu o cônsul.
    Além da visita de Pandith, o consulado sugere engajar a comunidade muçulmana através de apresentações sobre o presidente Obama e a visita de um sheik americano "que pode explicar como o Islã é agora uma parte vital da sociedade americana e construir laços com líderes religiosos locais". A ideia do consulado é replicar a estratégia em outros países com minorias muçulmanas pelo mundo.

    Wikileaks Venezuela: loucuras a la Zimbabue de certo coronel

    Bem, nao se pode dizer que falte humor a esses diplomatas quando confidenciam entre si: eles gostam de se divertir à custa de personagens bizarros...

    Wikileaks: Chávez quiere convertir a Venezuela en otro Zimbawe
             
    El presidente venezolano, Hugo Chávez, está "loco" y está convirtiendo a su país en "otro Zimbambue", estimaba en septiembre de 2009 Jean-David Lévitte, el consejero diplomático del presidente francés, Nicolas Sarkozy, según un cable publicado por la web WikiLeaks.

    "Lévitte observó que el presidente venezolano Hugo Chávez está 'loco' y dijo que incluso Brasil ya no podía apoyarlo", indica el cable que resume una conversación entre el consejero francés y el subsecretario estadounidense Philip Gordon. La conversación tuvo lugar el 16 de septiembre de 2009.

    "Desgraciadamente, Chávez está tomando a uno de los países más ricos de América Latina y lo está convirtiendo en otro Zimbabue", añade el documento publicado por la página en internet del diario británico The Guardian.

    El diario español El País, que también difundió los documentos filtrados este domingo por WikiLeaks, indicó por su parte que la diplomacia estadounidense trabajó para que países de América Latina aislaran al presidente Chávez.

    El País habla de los "esfuerzos" de la diplomacia de Estados Unidos "por cortejar a países de América Latina para aislar al venezolano Hugo Chávez", sin publicar por el momento el documento al respecto difundido por WikiLeaks.

    La página digital WikiLeaks distribuyó información secreta del Departamento de Estado norteamericano al diario español y al británico The Guardian, el estadounidense The New York Times, el francés Le Monde y la revista alemana Der Spiegel.

    Wikileaks Brasil: contra-terrorismo na Triplice Fronteira

    Como todo mundo bem informado, estou seguindo o assunto dos Wikileaks de material do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
    O problema apresenta interesse não tanto pelo conhecimento que se possa ter em relação ao que a Embaixada dos EUA investiga acerca do Brasil -- eles investigam absolutamente tudo, é óbvio, e falam com todo mundo, gregos e goianos, de esquerda e de direita, amigos e "inimigos" -- mas sobretudo pelo potencial desastre que essas revelações possam representar para a diplomacia dos EUA, de certa forma castrada em sua missão a partir de agora, sabendo-se que tudo o que eles investigam -- pelo menos até o nível confidencial -- pode vir a público em pouco tempo.
    Como diplomata, só posso ficar preocupado com esse tipo de procedimento, pois isso diminui terrivelmente a capacidade de trabalho dos diplomatas.
    Lamento sinceramente pelo que vem acontecendo, pois nenhum serviço de inteligência -- e a diplomacia é uma das formas de inteligência -- pode trabalhar decentemente se os seus produtos tiverem revelação pública. Não se pode, simplesmente, trabalhar nessas condições, pois ninguém, absolutamente ninguém, vai querer conversar com um diplomata americano (ou de qualquer outra origem, se o mesmo viesse a ocorrer).
    O telegrama abaixo, como transcrito do Wikileaks, me foi sugerido por um leitor anônimo deste blog, provavelmente um diplomata ou um araponga (sem qualquer desprezo pela profissão).
    Paulo Roberto de Almeida



    Reference ID
    Date
    Classification
    Origin

    VZCZCXRO6761
    RR RUEHRG DE RUEHBR
    #0043/01 0081047 ZNY SSSSS ZZH
    R 081047Z JAN 08
    FM AMEMBASSY BRASILIA TO RUEHC/SECSTATE WASHDC
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    RUEHAC/AMEMBASSY ASUNCION 6502
    RUEHBU/AMEMBASSY BUENOS AIRES 5225
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    RUEHMN/AMEMBASSY MONTEVIDEO 7167
    RUEHSG/AMEMBASSY SANTIAGO 0089
    RUEHRG/AMCONSUL RECIFE 7580
    RUEHRI/AMCONSUL RIO DE JANEIRO 5662
    RUEHSO/AMCONSUL SAO PAULO 1436
    RUEAWJA/DEPT OF JUSTICE WASHDC RHEHNSC/NSC WASHDC
    RUEATRS/DEPT OF TREASURY WASHINGTON DC
    RUEKJCS/SECDEF WASHDC RHMCSUU/FBI WASHINGTON DC
    RHEFHLC/HOMELAND SECURITY CENTER WASHINGTON DC
    RUEAIIA/CIA WASHDC
    S E C R E T SECTION 01 OF 04
    BRASILIA 000043   SIPDIS   NOFORN  SIPDIS  
    E.O. 12958: DECL: 01/07/2028 
    SUBJECT: COUNTERTERRORISM IN BRAZIL: LOOKING BEYOND THE  TRI-BORDER AREA 
    REF: BRASILIA 1664  
    Classified By: DEPUTY CHIEF OF MISSION PHIL CHICOLA FOR REASONS 1.4 B A ND D  
    1. (S/NF) Summary: The Government of Brazil remains highly sensitive to public claims suggesting that terrorist or extremist organizations have a presence or are undertaking activities in Brazil--a sensitivity that appears to be the rise and is resulting in more than symbolic reactions. At an operational level and away from the public spotlight, however, the GOB is a cooperative partner in countering terrorism and terrorist-related activities. Even though the Argentina-Brazil-Paraguay tri-border area (TBA) exclusively dominates headlines, the primary counterterrorism concern for both Brazilian officials and the U.S. Mission in Brazil is the presence and activities of individuals with links to terrorism--particularly several suspected Sunni extremists and some individuals linked to Hizballah--in Sao Paulo and other areas of southern Brazil. To a lesser extent, the TBA remains a concern, primarily for the potential that terrorists may exploit conditions there--including lax border controls, smuggling, drug trafficking, easy access to false documents and weapons, movement of pirated goods, uncontrolled cash flows--to raise funds or arrange logistics for operations. Post will focus over the coming year on keeping the higher levels of the Brazilian government engaged politically and diplomatically on CT objectives, and on seeking to ensure that they do not undermine the productive partnerships at the operational level.

    End Summary.

    Policy-Level Sensitivities

    2. (S/NF) The Brazilian government is a cooperative partner in countering terrorism and terrorist-related activity in Brazil--to include investigating potential terrorism financing, document forgery networks, and other illicit activity--that could contribute to the facilitation of attacks in the region or elsewhere. Nonetheless, the highest levels of the Brazilian government, particularly the Ministry of Foreign Relations, are extremely sensitive to any public claims that terrorists have a presence in Brazil--whether to raise funds, arrange logistics, or even transit through the country--and will vigorously reject any statements implying otherwise.
    This sensitivity results, in part, from their fear of stigmatizing the large Muslim community of Brazil (estimated, but unconfirmed, by some sources at over 1 million) or prejudicing the area's image as a tourist destination. It is also a public posture designed to avoid being too closely linked to what is seen as the US's overly aggressive War on Terrorism. This sensitivity manifests itself in various symbolic and concrete ways. –
    (C) The GOB participates reluctantly in the "3 1 Mechanism on Security in the Triborder Area," which annually gathers diplomatic, law enforcement, and intelligence representatives of the three Triborder (TBA) countries together with the U.S. to deliberate strategies to deter a host of transnational criminal activities that could be exploited by potential terrorists to facilitate attacks.
    At the conferences, the Brazilian delegations often decry statements made by U.S. officials claiming that the TBA is a hotbed of terrorist activity and challenge U.S. participants to present the evidence on which U.S. officials base those statements.
    Itamaraty officials repeatedly question the value of this four-way cooperation, insisting that "bilateral concerns should be addressed bilaterally" (reftel). -- (U)
    The GOB refuses to legally or even rhetorically label U.S.-designated terrorist groups such as HAMAS, Hizballah or the FARC as terrorist groups--the former two being considered by Brazil as legitimate political parties. As a result, their threshold for accepting evidence of terrorism financing activity in the region, at least publicly, is very high and any information indicating that individuals in the TBA send funds to the groups in Lebanon, in their view, does not necessarily constitute an activity supporting terrorism. -- (U)
    At the diplomatic level, the GOB has twice refused to officially endorse Argentina's claims that the perpetrators of the 1994 terrorism attack in Buenos Aires may have received support from individuals in the TBA by abstaining from voting in favor of issuing Interpol capture notices for the 5 Iranian and 1 Lebanese national suspected of involvement in the attack. -- (U)
    Two key CT-related legislative initiatives continue to languish. Neither the anti-terrorism nor the anti-money laundering legislation has been introduced to Congress, despite both being ready for more than a year. If passed, the bills would establish the crime of terrorism and associated activities and would facilitate greater law enforcement access to financial and banking records during investigations, criminalize illicit enrichment, allow administrative freezing of assets, and facilitate prosecutions of money laundering cases by amending the legal definition of money laundering and making it an autonomous offense.

    Combined with Operational Cooperation

       3. (S/NF) Despite negative rhetoric in Itamaraty and at higher levels of the GOB, Brazilian law enforcement and intelligence agencies--principally the Federal Police, Customs, the Brazilian Intelligence Agency (ABIN), and others--are aware of the potential threat from terrorists exploiting the favorable conditions existing in Brazil to operate and actively track and monitor suspected terrorist activity and follow all leads passed to them. The Federal Police will often arrest individuals with links to terrorism, but will charge them on a variety of non-terrorism related crimes to avoid calling attention of the media and the higher levels of the government. Over the past year the Federal Police has arrested various individuals engaged in suspected terrorism financing activity but have based their arrests on narcotics and customs charges.
      4. (U) Brazil is capable of monitoring domestic financial operations and effectively utilizes its financial intelligence unit, the Financial Activities Oversight Council (COAF), to identify possible funding sources for terrorist groups. The GoB has carried out name checks for persons and entities on the UNSCR 1267 and 1373 terror finance lists, but has so far not found any assets, accounts or property in the names of persons or entities on the UN terror-finance lists. Brazil also established National Strategy to Combat Money Laundering (ENCLA) and is creating a data base called the Electronic Declaration of Cash Carriage (EDPV), which will assist in monitoring individuals who transfer funds abroad. Although the system is a prototype and is still being tested, Brazilian law enforcement officials are encouraged by initial results.

    Primary Concern: Individuals Linked to Terrorism in Southern Brazil

    5. (S/NF) The primary counterterrorism concern for both Brazilian officials and the U.S. Mission in Brazil is the presence and activities of individuals with links to terrorism--particularly several suspected Sunni extremists and some individuals linked to Hizballah--in Sao Paulo and other areas of southern Brazil. The Federal Police, and to a lesser extent ABIN, monitor the activities of these suspected extremists who may be tied to terrorist groups abroad andshare this information with their U.S. counterparts.  
    6. (S/NF) Brazilian law enforcement officials actively monitor the presence of several suspected Sunni extremists with possible ties to terrorist groups abroad who may be capable of lending logistical support--through financing, safehaven, false travel documents-- for terrorist attacks in the region or abroad. In 2007, the Federal Police arrested a potential Sunni extremist terrorist facilitator operating primarily in Santa Catarina state for failure to declare funds entering the country and is in the process of deporting him. Also in 2007, Brazilian Federal Police took down a Rio de Janeiro-based false document ring that was supplying falsified Brazilian documents to non-Brazilians, among them suspected international drug traffickers.

    Secondary Concern: Argentina-Brazil-Paraguay Tri-Border Area

      7. (S/NF) To a lesser extent, the TBA remains a concern for the U.S. Mission and Brazilian counterparts, primarily for the potential that terrorists may exploit the favorable conditions there--lax border controls, smuggling, drug trafficking, easy access to false documents and weapons, movement of pirated goods, uncontrolled cash flows--to raise funds or arrange logistics for operations. While there are some individuals suspected of having links to Hizballah and HAMAS, there is little evidence these groups have an operational terrorist presence in the region. According to Brazilian security service sources, the Muslim presence in Foz do Iguacu represents a very small percentage of the Muslim population in Brazil, and even those who provide some financial support to the groups have little or no connection to them. The GOB pursues CT investigations in the TBA and shares the results of their investigations, but their principal concern remains the array of other transnational criminal activity that takes place in the region. The area is a major entry point for drug traffickers into Brazil. In addition, it is a focus of concern for Brazil in other areas such as arms trafficking, smuggling of pirated and counterfeit goods, as well as money laundering and terrorist financing.

      8. (S/NF) To cover this range of transnational criminal activity, the GOB's police and intelligence services have an extensive presence in the region and liaison relationships with Argentine, Paraguayan, and other national intelligence services, including USG agencies. Furthermore, the GOB has attempted to institutionalize some of this cross-border cooperation, although with mixed success. For example, Brazilian Customs completed a new inspection station at the Friendship Bridge in the TBA. This should enable the GOB to intensify its crack down on contraband crossing the bridge, though law enforcement officials expect that traffickers will respond to the tough controls by trying to move their goods clandestinely across the border elsewhere via boat. Brazil also conducts maritime patrols on their side of the Itaipu Lake to deter smuggling activity, although resource constraints and lack of equipment hampers their effectiveness. The long-standing goal of conducting joint patrols with the Paraguayans remains elusive. Finally, in order to more effectively combat trans-border criminal organizations with its neighbors, Brazil established a joint intelligence center (JIC) in the TBA, but staffing issues have hampered its operations, and it is not apparent that the GOB has pushed the other countries too vigorously to send representatives.

    Comment:

    9. (S/NF) Operational elements of the various Brazilian security and law enforcement agencies understand that the full scope of the problem goes beyond the TBA, and is almost certainly more significant in Sao Paulo and other parts of Brazil. However, the constant barrage of terrorism-related media coverage regarding the TBA tends to heighten GOB sensitivities, and particularly those of Itamaraty, increasing their reluctance to countenance any claims that terrorists could possibly have a presence in any part of Brazil. While this sensitivity generally manifests itself in nothing more than public rebukes of declarations by U.S. officials and sniping during meetings by Itamaraty officials, it does occasionally result in more than symbolic reactions by the GOB. Brazil's AMIA abstention at Interpol, reversal on CT legislation, and inflexibility on 3 1 all represent concrete challenges to local law enforcement officials and regional partners in advancing CT cooperation. Post will focus over the coming year on keeping the higher levels of the Brazilian government engaged politically and diplomatically on this issue, and on seeking to ensure that they do not undermine the work being done at the operational level.
    End Comment.  SOBEL 2008-01-08


    Mundorama + Paulo Roberto de Almeida: alguns trabalhos

    Por acaso circulando  para ler alguns trabalhos acadêmicos em Mundorama, um site de artigos e materiais diversos sobre relações internacionais, resolvi colocar o meu nome na janela de busca, para ver o que aparecia:
    Os resultados estão aqui: http://mundorama.net/?s=Paulo+Roberto+de+Almeida


    Os trabalhos (alguns dos) são estes, publicados em Mundorama, Meridiano 47 e na RBPI:

    Memória e diplomacia: o verso e o reverso, por Paulo Roberto de Almeida

    Memórias, pelo menos memórias publicadas, não são para qualquer um: elas geralmente constituem o apanágio e a distinção daqueles que tiveram um itinerário de vida semeado de grandes e importantes cruzamentos com a vida política nacional (ou até internacional) e que desempenharam algum papel de relevo em alguns dos episódios. Pode ocorrer, também, com indivíduos que foram simplesmente testemunhas desses fatos, mesmo com alguma participação mínima nesses eventos, aquilo que Raymond Aron chamou, para si mesmo, de “espectador engajado” (ver suas Memórias, publicadas em 1983, e o livro de depoimento, que leva justamente esse título).

    Boletim Mundorama No. 34 – Junho/2010 

    Fluxos financeiros internacionais: é racional a proposta de taxação?, por Paulo Roberto de Almeida

    Uma grande tribo de economistas profissionais, dedicados a trabalhos aplicados, de economistas acadêmicos, ou seja, trabalhando sobretudo com pesquisas econômicas teóricas (alguns deles servindo a governos), assim como de funcionários públicos nacionais e de tecnocratas de organismos econômicos internacionais, todos eles envolvidos com a recomendação de políticas públicas na área macroeconômica, têm se dedicado, nos últimos anos, ao tema da taxação sobre fluxos financeiros.


    Boletim Meridiano 47 – No. 119 – Junho/2010

    A Arte de NÃO Fazer a Guerra: novos comentários à Estratégia Nacional de Defesa, por Paulo Roberto de Almeida

    “Vemos, então, em primeiro lugar, que em todas as circunstâncias a guerra deve ser vista não como algo independente, mas como um instrumento político; e é apenas tendo esse ponto de vista que podemos evitar nos colocarmos em oposição a toda a história militar. (…) Portanto, o primeiro, maior e mais decisivo ato de um estadista ou de um general consiste em entender o tipo de guerra em que está envolvido, não a tomando por outra coisa nem desejando que fosse algo que, pela natureza da situação, nunca poderá ser. Esta é, em consequência, a primeira e a mais abrangente de todas as questões estratégicas.”
    Clausewitz, Sobre a Guerra, 1832. (Clausewitz, Sobre a Guerra, 1832, parágrafo 27, “Influência desta concepção sobre o entendimento correto da história militar, e sobre os fundamentos da teoria”, do Livro I: “
    Sobre a Natureza da Guerra”, da tradução de J. J. Graham, de 1873.
    Aparentemente, os estadistas do Brasil (se é que os há) e os seus generais (estes certamente existem) ainda não conseguiram entender a natureza da ‘guerra’ em que o Brasil estaria supostamente envolvido, se é que existe algo parecido a uma guerra na qual o País poderia estar envolvido; do contrário, seus formuladores não teriam concebido um documento tão idealista e tão distante dos desafios colocados ao País e alheio à realidade efetiva das coisas – la verità effetuale delle cose, como diria Maquiavel – quanto a Estratégia Nacional de Defesa (END). Minha intenção, no presente trabalho, seria a de retomar a discussão em torno desse documento, esforço já iniciado em um ensaio anterior, de natureza prioritariamente formal.[1]

    Boletim Mundorama No. 33 – Maio/2010

    Da democracia à ditadura: uma gradação cheia de rupturas, por Paulo Roberto de Almeida

    O mundo, obviamente, ainda não se ajustou ao “fim da História”, no sentido da convergência da maioria dos países para regimes políticos e para sistemas econômicos próximos das democracias de mercado (capitalistas), como sugeria, tentativamente, Francis Fukuyama. Ele o fará, gradualmente, já que o núcleo central da tese de Fukuyama é basicamente correto – retirando-se a metáfora hegeliana do “fim da História”, resta que o desenvolvimento socioeconômico e a consolidação da prosperidade social, permitidos justamente por uma economia de mercado dinâmica, trazem naturalmente um regime político mais conforme à atomização dos poderes e dos mercados capitalistas (baseados, institucionalmente, em mecanismos de representação, de negociação e de conciliação).

    Boletim Meridiano 47 – No. 118 – Maio/2010 

    Mudanças na economia mundial: perspectiva histórica de longo prazo, por Paulo Roberto de Almeida

    A economia mundial, tal como a conhecemos atualmente, é um “arquipélago” em construção desde o século 16, pelo menos e, ainda hoje, ela não constitui um sistema perfeitamente unificado, sequer homogêneo, a despeito de toda a retórica em torno da globalização.
    Boletim Mundorama, Maio 2010
    maio 24th, 2010

    A falência da assistência oficial ao desenvolvimento, por Paulo Roberto de Almeida

    O conceito de cooperação, num entendimento puramente formal da palavra, implica uma ação voluntária de dois ou mais parceiros em prol de objetivos comuns, sendo subjacente ou implícita a idéia de que juntos eles conseguirão fazer algo que talvez não pudessem alcançar isoladamente.

    Boletim Mundorama No. 30 – Fevereiro/2010 

    Triste Fim de Policarpo Social Mundial, por Paulo Roberto de Almeida

    Todos aqueles medianamente familiarizados com a literatura brasileira, já devem ter lido ou, pelo menos, ouvido falar – inclusive por causa de um filme realizado muitos anos atrás – do romance meio humorístico, meio trágico, de Lima Barreto sobre o major Policarpo Quaresma, um militar idealista e ultranacionalista que tinha grandes projetos para o Brasil, todos extremamente bem intencionados e, em sua essência, humanistas, mas que, se aplicados, invariavelmente trariam mais problemas do que soluções à jovem República positivista. Não preciso falar aqui do “triste fim” do major Quaresma, tanto porque não estou prevendo o mesmo final infeliz para nossos bravos antiglobalizadores e suas propostas surrealistas. Por certo não vamos fazer como o Marechal Floriano, que dizia que receberia seus inimigos a bala, inclusive porque não considero essa tribo de sonhadores como meus inimigos intelectuais; se tanto, eles são um pequeno bando de idealistas equivocados, apenas os mais jovens, porém; não, obviamente, os velhacos de má-fé que tentam ludibriá-los.
    Algumas dessas propostas são verdadeiramente inocentes, ingênuas segundo os menos pacientes com esse tipo de brincadeira, em todo caso inócuas, em sua cândida inconsequência. Outras, em contrapartida, seriam essencialmente prejudiciais, ou até mesmo perigosas, se o tal de “outro mundo possível” desses altermundialistas servisse de critério para a formulação e implementação de políticas públicas. A julgar, todavia, pelo apoio que todos eles deram a um outro militar, bem menos pacífico que o nosso Policarpo, aquele coronel que lidera uma fazenda petrolífera ao norte do continente, pode-se imaginar que eles pretendam aplicar aqui, e em todo o mundo, as geniais lições de economia política que vem sendo aplicadas com tanto afinco naquela nova “fazenda dos animais” (apud Orwell). Creio que todos podem imaginar o que aconteceria se o novo e mais agressivo coronel estendesse suas práticas bizarras de política econômica a todo o mundo possível ao alcance de suas propostas alopradas.

    Boletim Mundorama No. 29 – Janeiro/2010 

    Boletim Meridiano 47 – No. 114 – Janeiro/2010 

    O “Fim da História”, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?, por Paulo Roberto de Almeida

    1. O que restou, vinte anos depois, da tese controversa de Fukuyama?
    No verão de 1989, a revista americana National Interest publicava um ensaio teórico – mais exatamente de filosofia da História – do intelectual nipo-americano Francis Fukuyama sobre os sinais – até então simplesmente anunciadores – do fim da Guerra Fria, cujo título estava destinado a deslanchar um debate ainda hoje controverso: “The End of History?”.[1] Vinte anos depois, em vista das muitas críticas feitas naquela conjuntura – e ainda hoje –  às principais teses do autor, vale a pena retomar seus principais argumentos e verificar se eles ainda conservam alguma validade para nossos tempos, que poderiam ser considerados como de pós-Guerra Fria, mas que alguns interpretam, ou consideram efetivamente, como de volta à Guerra Fria, ainda que sob novas modalidades (com uma Rússia singularmente diminuída e uma China hesitante em se posicionar como contendor estratégico dos Estados Unidos).
    Antes, contudo, de ingressar numa descrição linear desses argumentos, qualquer que seja sua validade relativa ou absoluta para o tema que nos interessa – qual seja, o da natureza das opções abertas aos países em termos de reforma e desenvolvimento paralelos do sistema econômico e do  regime político, que Fukuyama identificava com a redução dessas opções à democracia de mercado – cabe chamar a atenção para uma peculiaridade geralmente descurada no debate anterior (e talvez atual) sobre a validade das teses de Fukuyama, sobretudo por aqueles que recusavam, in limine, a essência mesma do argumento do autor. Esta peculiaridade tem a ver, basicamente, com um simples sinal diacrítico: o ponto de interrogação ao final do título, geralmente ignorado pelos críticos das teses de Fukuyama, e provavelmente também por aqueles que apóiam, em grande medida, o sentido dos seus argumentos. Ou seja, Fukuyama não fazia uma afirmação peremptória, mas levantava uma hipótese, a do final presumido da história, numa análise de corte essencialmente conceitual, ainda que fortemente embasada nos fatos históricos, e nunca pretendeu formular uma sentença de caráter terminativo, indicando um “congelamento” das formas possíveis de organização social, econômica e política. O interrogante básico de seu argumento tem a ver com a possibilidade de alternativas credíveis às democracias liberais de mercado, ponto.

    Boletim Mundorama No. 29 – Janeiro/2010 

    Fórum Social Mundial 2010, uma década de embromação: antecipando as conclusões e desvendando os equívocos, por Paulo Roberto de Almeida

    1. A novela está de volta (com o mesmo enredo…)
    Como acontece todo ano, os alternativos da antiglobalização estarão reunidos neste final do mês de janeiro de 2010 para protestar contra a globalização assimétrica e proclamar que um “outro mundo é possível”. Eu também acho, mas a verdade é que eles nunca apresentam o roteiro detalhado desse outro mundo esperado, se contentando com slogans redutores contra a globalização, essa mesma força indomável que torna mais eficiente a interação entre essas tribos e permite que suas mensagens – equivocadas, como sempre – alcancem, em questão de minutos, todos os cantos do planeta. Em todo caso, eles já se consideram tão importantes que já nem mais se dão ao trabalho de protestar contra o outro Fórum Mundial, o capitalista de Davos, como ocorria todo ano naquela estação suíça de esqui: os capitalistas agradecem serem deixados em paz e prometem refletir sobre as propostas do fórum alternativo, se é que alguma será feita.
    Como também acontece todo ano, eu fico esperando para ver se alguma ideia nova e interessante – Ok, ok, também podem ser ideias velhas e desinteressantes, mas que sejam pelo menos racionais e exequíveis – vai emergir desse jamboree anual de antiglobalizadores e iluminar as nossas políticas públicas tão carentes de racionalidade e sentido de justiça. Como não confio, porém, que algo de novo vá surgir de onde nunca veio nada de inteligente, resolvi não esperar pela conclusão do encontro de 2010, e me proponho, sem cobrar copyright dos antiglobalizadores, antecipar suas conclusões conclusivas (se é verdade que algo do gênero pode ocorrer; isso corre o risco de nos surpreender).

    Boletim Mundorama No. 28 – Dezembro/2009

    Boletim Meridiano 47 – No. 113 – Dezembro/2009

    Sucessos e fracassos da diplomacia brasileira: uma visão histórica, por Paulo Roberto de Almeida

    Numa apresentação feita na quarta conferência de instituições para o estudo científico das relações internacionais, realizada em Copenhagen, em junho de 1931, o já renomado historiador britânico Arnold Toynbee relacionava o que lhe pareciam ser sucessos e fracassos da diplomacia multilateral e das relações mantidas no plano internacional pelas grandes potências, desde que a paz tinha sido restabelecida, doze anos antes, na seqüência da mais devastadora das guerras que a humanidade tinha conhecido até então. Entre os primeiros ele relacionava a própria criação da Liga das Nações, o tratado de Paris de renúncia da guerra como instrumento de política nacional (também conhecido como pacto Briand-Kellog), a Corte Internacional de Justiça e a Conferência Mundial do Desarmamento, que deveria começar o seu trabalho alguns meses mais à frente. Dentre os fracassos, ele relacionava: a recusa do Senado americano de ratificar o ato de criação da Liga, a rejeição desta última pelo governo soviético, as dificuldades para a plena incorporação da Alemanha ao cenário estratégico do pós-guerra e o duplo insucesso do Protocolo de Genebra para a solução pacífica das controvérsias internacionais e da conferência tripartite (EUA-Reino Unido-Japão) para a redução dos armamentos navais (Arnold J. Toynbee, “World Sovereignty and World Culture: the trend of international affairs since the War”, Pacif Affairs, vol. IV, n. 9, setembro 1931, p. 753-778).

    Boletim Mundorama No. 25 – Setembro/2009

    O Brasil e o G20 financeiro: alguns elementos analíticos, por Paulo Roberto de Almeida

    Este breve ensaio efetua uma análise de conjuntura da economia brasileira, mais pelo lado das políticas econômicas do que propriamente pelos principais indicadores setoriais. Foram focalizadas a situação econômica previamente e no decorrer da crise, as principais respostas das autoridades econômicas e as perspectivas que se oferecem ao Brasil no pós-crise, relativamente favoráveis no conjunto do G20. São também tecidas considerações sobre as principais propostas brasileiras para uma nova arquitetura financeira internacional, em torno de posições que o país partilha com os demais Brics, cujo teor essencial é o aumento da participação dos emergentes nos processos decisórios mundiais.

    Evento – Lançamento do número 2/2008 da Revista Cena Internacional 

    Revista Cena Internacional – Vol. 10 – No. 2 – 2008

    EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO REGIONALISMO ECONÔMICO E POLÍTICO DA AMÉRICA DO SUL: UM BALANÇO DAS EXPERIÊNCIAS REALIZADAS, por Paulo Roberto de Almeida

    Boletim Meridiano 47 – No. 104 – Março/2009 

    Estratégia Nacional de Defesa: comentários dissidentes, por Paulo Roberto de Almeida

    Acesse a edição completa em formato pdf – Boletim Meridiano 47 – No. 104 – Março/2009

    Estratégia Nacional de Defesa: comentários dissidentes, por Paulo Roberto de Almeida

    A Estratégia Nacional de Defesa (END), divulgada pelo governo brasileiro em dezembro de 2008, mereceu, de imediato, comentários diversos de observadores e especialistas, e algumas avaliações superficiais na imprensa. A maior parte dos comentários apresentou um tom positivo, posto se tratar de uma iniciativa no sentido da transparência e da abertura de um debate com a sociedade, em geral, e com os estudiosos da área em particular. Sem pretender me colocar entre estes últimos, desejo oferecer, igualmente, alguns comentários preliminares sobre o documento em questão, baseados inteiramente em minhas primeiras impressões de leitura, sem que eu tenha tido a oportunidade, até este momento (11 de fevereiro de 2009), de conhecer opiniões ou análises mais fundamentadas sobre tal documento, ou, pessoalmente, de efetuar eu mesmo um exame mais aprofundado do mesmo.
    Reconheço, de imediato, as mesmas características positivas no fato de que “um” documento – quaisquer que sejam suas qualidades intrínsecas – sobre esse aspecto importante da vida nacional (com repercussões internacionais) tenha sido divulgado. Pretendo, contudo, ressaltar, ou destacar, apenas aspectos que me parecem problemáticos nesse documento, sem desconsiderar que ele possa, de fato, apresentar uma contribuição relevante para um debate qualificado nessa área, ademais de suas implicações práticas para a defesa nacional e a política externa do Brasil. Meus comentários, como já indicado no subtítulo, prenunciam uma posição mais crítica do que favorável, e até num sentido iconoclasta, mas sem qualquer espírito destrutivo, ou puramente negativo, preservando, ao contrário, minha tradicional honestidade intelectual e, tanto quanto possível, minha objetividade analítica.

    Boletim Mundorama – No. 16 – Dezembro/2008

    Boletim Meridiano 47 – No. 101 – Dezembro/2008

    Fórum Surreal Mundial: Pequena visita aos desvarios dos antiglobalizadores, por Paulo Roberto de Almeida

    1. Globalizados contra a globalização: reação freudiana?

    Os participantes do próximo conclave do Fórum Social Mundial, a realizar-se em Belém, de 27 de janeiro a 1° de fevereiro de 2009, podem congratular-se por serem os mais globalizados do planeta: eles desfrutam, provavelmente, de 100% de inclusão digital por meio da internet (sem considerar celulares e outros gadgets do mundo moderno), ou seja, fazem uma utilização plena das possibilidades abertas pela atual sociedade da informação. Todo o processo de informação preliminar sobre o FSM, de convocação e de mobilização preventivas, assim como o registro simultâneo e instantaneamente disseminado de suas ruidosas reuniões, colocadas (escusado dizer) sob o signo da anti-globalização, todo ele terá sido assegurado e efetivamente realizado 100% online, isto é, sob o signo do mundo virtual, que é praticamente um sinônimo da globalização.
    E, no entanto, os alegres participantes do piquenique anual da antiglobalização se reunirão para, entre outros objetivos, conspurcar, atacar e combater os próprios mecanismos que possibilitaram, viabilizaram e permitiram todas essas facilidades de informação, de comunicação e de interação recíproca. Não é contraditório? Aliás, não parece completamente estapafúrdia essa revolta irracional contra os seus meios de expressão? Eu – como não pretendo usufruir de minha cota permitida de ilogismo e de irracionalidade  – respondo imediatamente que SIM.
    Sim, me parece totalmente ilógico e contraditório que pessoas normalmente constituídas, bem informadas, geralmente alfabetizadas (inclusive até o nível universitário) e (que se acredita serem) cidadãos razoáveis no contexto do mundo em que vivemos – ou seja, estudantes e trabalhadores honestos, cumpridores de seus deveres cívicos, promotores de um mundo melhor, ativos na defesa do meio ambiente e dos direitos humanos – consigam revoltar-se contra aquilo mesmo que lhes permite serem exatamente o que são: cidadãos bem informados, participantes, defensores de um mundo melhor para si mesmos e para todos os habitantes do planeta. Em vista disso, apenas posso sorrir ante a perspectiva de ver tantos jovens (e alguns velhos também) reunirem-se para combater a globalização capitalista, logrando, aliás, pleno sucesso em seus empreendimentos antiglobalizadores, justamente tendo como suporte material tudo o que a globalização capitalista lhes ofereceu de melhor. São uns ingratos, para dizer o mínimo. Eu acho que eles também são ingênuos, provavelmente equivocados em suas concepções e intenções e, talvez mesmo, um pouquinho desonestos, pois que se eximindo – como não deveria ocorrer na academia e nas organizações mais sérias – de trazer as provas de suas afirmações tão contundentes contra o capitalismo e a globalização. Deixamos esses aspectos de lado, por enquanto, pois voltaremos a eles no momento oportuno.

    Boletim Meridiano 47 – No. 95 – Junho/2008

    Boletim Mundorama – No. 10 – Junho/2008 

    Pequena lição de Realpolitik, por Paulo Roberto de Almeida

    Seria totalmente justificado o mau (pré)conceito que carrega a Realpolitik no plano das atitudes possíveis de serem adotadas pelos estadistas e outros responsáveis pelas relações internacionais dos Estados modernos? Leva ela, necessariamente, a um comportamento egoísta no confronto com alternativas menos estado-cêntricas e mais voltadas para o bem comum da comunidade internacional? Mas será que existe, de fato, uma coisa chamada “comunidade internacional”? Estadistas responsáveis podem adotar outra postura que não a pragmática, focada no interesse nacional, quando se trata de administrar as relações exteriores de seus países? Vejamos o que seria possível argumentar em torno desse conceito numa espécie de curso concentrado.
    Realpolitik é mais um método do que uma doutrina, completa e acabada. Ela pode ser vista como uma escola de pensamento que não é boa, ou má, em si, e sim que pode, ou não, servir os interesses daqueles que presumidamente se guiam por seus “princípios”, algo vagos, de análise e de ação. O que ela quer dizer, finalmente? A rigor, trata-se de um simples cálculo utilitário, baseado nos interesses primários de um país, um Estado, um indivíduo. Ela tende a considerar os dados do problema e não se deixa guiar por motivações idealistas, generosas ou “humanitárias” de tal decisão ou ação, mas apenas e exclusivamente pelo retorno esperado de um determinado curso de ação, que deve corresponder à maior utilidade ou retornos possíveis para o seu proponente ou condutor da ação.

    Boletim Mundorama – No. 9 – Maio/2008 

    Boletim Meridiano 47 – No. 94 – Maio/2008 

    O legado de Henry Kissinger, por Paulo Roberto de Almeida

    Não, o velho adepto da realpolitik ainda não morreu. Mas tendo completado 85 anos em maio de 2008, o ex-secretário de Estado e ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Henry Kissinger aproxima-se das etapas finais de sua vida. Seus obituários – não pretendendo aqui ser uma ave de mau agouro – devem estar prontos nas principais redações de jornais e revistas do mundo inteiro, e os comentaristas de suas obras preparam, certamente, revisões de análises anteriores para reedições mais ou menos imediatas, tão pronto este “Metternich” americano passe deste mundo terreno para qualquer outro que se possa imaginar (na minha concepção, deverá ser o mundo das idéias aplicadas às relações de poder).
    Talvez seja esta a oportunidade para um pequeno balanço de seu legado, que alguns – por exemplo Cristopher Hitchens, em The Trial of Henry Kissinger – querem ver por um lado unicamente negativo, ou até criminoso, como se ele tivesse sido apenas o inimigo dos regimes “progressistas” e um transgressor consciente dos direitos humanos e da autodeterminação dos povos. Ele certamente tem suas mãos manchadas de sangue, mas também foi o arquiteto dos acordos de redução de armas estratégicas e da própria tensão nuclear com a extinta União Soviética, além de um mediador relativamente realista nos diversos conflitos entre Israel e os países árabes, no Oriente Médio. Sua obra “vietnamita” é discutível, assim como foi altamente discutível – ou francamente condenável – o prêmio Nobel da Paz concedido por um simplesmente desengajamento americano, que visava bem mais a resolver questões domésticas do que realmente pacificar a região da ex-Indochina francesa.

    Boletim Mundorama – No. 8 – Abril/2008

    Boletim Meridiano 47 – No. 93 – Abril/2008 

    Teses sobre o novo império e o cenário político-estratégico mundial: Os Estados Unidos e o Brasil nas relações internacionais, por Paulo Roberto de Almeida

    Uma pequena, mas necessária, introdução

    Vou propor algumas teses simples e diretas sobre o papel dos EUA no atual cenário da segurança internacional. Antes, contudo, preciso adiantar que parto de uma premissa fundamental para a discussão dessa questão e para meus propósitos explicativos: a segurança estratégica de um país tão “aroniano” e tão “westfaliano” como os EUA, não pode ser diferenciada ou separada das demais condições econômicas e ambientais que se traduzem em segurança para os negócios e para a vida dos seus cidadãos, o que significa a manutenção de um ambiente competitivo, externa e internamente, aberto aos méritos privados e às capacidades individuais, o que corresponde, exatamente, ao que são, em sua essência fundamental, os EUA. Para resumir o sentido geral dos argumentos contidos neste texto, eu diria, retomando o subtítulo deste ensaio, que os EUA configuram, no contexto internacional atual, duas características básicas: um poder aroniano e um Estado westfaliano. A noção aroniana remete, obviamente, às raízes do pensamento do grande cientista social francês, Raymond Aron, em especial a seus estudos sobre a guerra e a paz. Já o adjetivo histórico westfaliano se refere aos esquemas de reconhecimento recíproco da soberania exclusiva e excludente dos Estados-nações partícipes de um sistema de relações internacionais. De uma parte, os EUA são um poder aroniano por excelência, ou seja, um Estado que soube, melhor do que qualquer outro, no concerto de nações, conjugar e combinar os dois vetores essenciais de qualquer capacidade de projeção internacional. Esses vetores são constituídos, de um lado, por uma presença dilatada e ativa nos mais diversos foros e cenários abertos à sua diplomacia e, de outro, por uma poderosa ferramenta de afirmação do seu poder primário, isto é, sua força militar, que permanece incontrastável desde um século aproximadamente. O diplomata e o soldado, ainda que o primeiro apareça como bem menos eficiente do que o segundo, são os instrumentos sempre presentes da afirmação internacional ímpar desse hegemon relutante, desse decisor incontornável, de última instância, nos assuntos de segurança internacional e desse árbitro unilateral, por vezes arrogante, das questões de segurança de outros países, incapazes, por sua própria vontade e poder, de dirimir certas contendas ou de afastar certas ameaças.De outra parte, os EUA constituem também um Estado radicalmente westfaliano, no sentido em que eles serão, provavelmente, a última nação do planeta disposta a ceder soberania a qualquer entidade intergovernamental, internacional ou supranacional que possa ser chamada a exercer, pela evolução natural ou dirigida do direito internacional, competências reguladoras ou decisoras infringindo o mandato original conferido ao seu congresso, vale dizer, ao povo dos EUA. Contrastando com outras nações, da Ásia do Sul à América Latina, passando sobretudo pela Europa, mas também pelo Oriente Médio e pela África, que consentem em renunciar, por vezes alegremente, à sua soberania – em políticas macro e setoriais, em questões monetárias e até em matéria de defesa –, os EUA não são sequer relutantes quanto a isso: eles simplesmente não cogitam em colocar qualquer aspecto de sua soberania exclusiva, política, econômica e a fortiori militar, nas mãos de qualquer outro poder político que não seja o seu próprio Congresso e, em última instância, o seu povo. A China talvez possa ser um Estado tão “westfaliano” quanto os EUA, mas ela é muito pouco aroniana em sua natureza profunda e em seu modo de ser. Em suma, estamos falando, no caso dos EUA, de uma democracia irredutível e indivisível, isto é, não solúvel nas águas do direito internacional e não fracionável em partes menores. Dito isto, vejamos, em primeiro lugar, quais seriam as minhas poucas teses, simples, sobre a natureza essencial do poder dos EUA, para depois examinar, numa segunda etapa, seu papel na segurança internacional.

    RBPI – Vol. 50 – No. 2/2007

    As relações econômicas internacionais do Brasil dos anos 1950 aos 80, por Paulo Roberto de Almeida;

    Revista Cena Internacional – Vol. 9 – No. 1 – 2007

    • O BRASIL COMO ATOR REGIONAL E GLOBAL: ESTRATÉGIAS DE POLÍTICA EXTERNA NA NOVA ORDEM INTERNACIONAL, por Paulo Roberto de Almeida

    Boletim Meridiano 47 – No. 78 – Janeiro/2007 

    Fórum Social Mundial: nove objetivos gerais e alguns grandes equívocos, por Paulo Roberto de Almeida

    Os militantes do Fórum Social Mundial já começaram a preparar o próximo conclave anual do movimento. Esse encontro está marcado para a capital do Quênia, Nairobi, nos dias 21 a 24 de janeiro de 2007. As organizações participantes do FSM – nem todas as que gostariam de ser podem sê-lo, pois todas precisam concordar com a plataforma antiglobalizadora da qual elas se orgulham, o que significa que não se admitem discordâncias e desvios do “pensamento único” que defendem – elaboraram, em 2006, um conjunto de objetivos gerais que expressam, presumivelmente, a visão do mundo de seus militantes, quando não sua filosofia de vida.
    Pretendo, no presente texto, transcrever esses nove objetivos gerais, tais como expressos no site do FSM, e tecer, em seguida comentários pessoais sobre cada um eles, agregando a cada vez argumentos de natureza conceitual e histórica sobre o que me parece correto e o que considero serem equívocos dos “ideólogos” desse movimento (“ideólogos”, aqui, no bom sentido da palavra, isto é, como produtores de idéias). Faço-o num puro espírito de debate intelectual, que geralmente ocorre de modo unilateral, pois raramente tenho encontrado antiglobalizadores que aceitem debater suas “idéias”. Não importa, vejamos simplesmente o que eles têm a dizer.

    Boletim Meridiano 47 – No. 77 – Dezembro/2006 

    Mercosul: uma revisão histórica e uma visão de futuro, por Paulo Roberto de Almeida

    Acesse a edição completa – Boletim Meridiano 47 – No. 77 – Dezembro/2006

    Boletim Meridiano 47 – No. 76 – Novembro/2006 

    O contexto geopolítico da América do Sul: visão estratégica da integração regional, por Paulo Roberto de Almeida

    Acesse a edição completa – Boletim Meridiano 47 – No. 76 – Novembro/2006 

    RBPI – Vol. 49 – No. 1/2006 

    Uma nova ‘arquitetura’ diplomática? – Interpretações divergentes sobre a política externa do governo Lula (2003-2006), por PAULO ROBERTO DE ALMEIDA;

    Boletim Meridiano 47 – No. 75 – Outubro/2006 

    Os acordos regionais e o sistema multilateral de comércio: o caso da América Latina, por Paulo Roberto de Almeida

    Acesse a edição completa – Boletim Meridiano 47 – No. 75 – Outubro/2006

    Boletim Meridiano 47 – No. 74 – Setembro/2006 

    A distribuição mundial de renda: caminhando para a convergência?, por Paulo Roberto de Almeida

    Acesse a edição completa – Boletim Meridiano 47 – No. 74 – Setembro/2006

    RBPI – Vol. 47 – Nº 2/2004 

    Notas
    Instituto Brasileiro de Relações Internacionais: 50 anos de um grande empreendimento intelectual, por Paulo Roberto de Almeida

    RBPI – Vol. 47 – Nº 1/2004

    Editorial – o IBRI e a RBPI: tradiçlão, continuidade e renovação, por Antônio Carlos Lessa e Paulo Roberto de Almeida.
    A economia internacional no século XX: um ensaio de síntese, por Paulo Roberto de Almeida

    RBPI – Vol. 41 – Nº Especial Comemorativo dos 40 Anos da RBPI (1998)

    RBPI – Vol. 39 – Nº 2/1996 

    O legado do Barão: Rio Branco e a moderna diplomacia brasileira Paulo Roberto de Almeida

    RBPI – Vol. 39 – Nº 1/1996 

    A economia da política externa: ordem internacional e progresso da Nação, por Paulo Roberto de Almeida

    RBPI – Vol. 38 – Nº 1/1995 

    A parábola do comunismo no século XX, A propósito do livro de François Furet: Le Passé d’une Illusion, por Paulo Roberto de Almeida

    RBPI – Vol. 37 – Nº 1/1994

    Índice da Revista Brasileira de Política Internacional: índice remissivo geral (1958-1992), por Paulo Roberto de ALMEIDA

    RBPI – Vol. 37 – Nº 2/1994 

    Jean-Baptiste Duroselle: morte do grande historiador das relações internacionais, por Paulo Roberto de Almeida

    RBPI – Vol. 36 – Nº 2/1993 

    A propriedade intelectual na política exterior e nos processos de integração econômica, por Paulo Roberto de Almeida

    RBPI – Vol. 36 – Nº 1/1993

    Estudos de relações internacionais do Brasil: etapas da produção historiográfica brasileira, 1927-92, por Paulo Roberto de Almeida

    RBPI – Vol. 35 – nº 137-138 – Janeiro-Junho – 1992 

    Retorno ao Futuro, Parte III: agonia e queda do socialismo real, por Paulo Roberto de Almeida

    E a lista continua:  http://mundorama.net/page/3/?s=Paulo+Roberto+de+Almeida

    Eu paro por aqui...
    Paulo Roberto de Almeida