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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

Site pessoal: www.pralmeida.net.
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sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Uma nova intervenção na América Latina? - Paulo Roberto de Almeida

Uma nova intervenção na América Latina?

No momento em que o Secretário estadunidense da “Guerra” — de Truman até Trump era de Defesa — anuncia uma Operação “Lança do Sul”, dirigida especificamente à América Latina (que também tem uma parte na América do Norte e Central), tomei o cuidado de consultar o n. 2 da revista Política Externa Independente, criada e dirigida pelo historiador José Honório Rodrigues, mas que sobreviveu apenas por três únicos números, de 1965 a 1966.

Esse número 2, de agosto de 1965, é dedicado quase inteiramente à “Invasão da República Dominicana”, país do Caribe então acusado, pelo presidente Lyndon Johnson de colocar em risco “as vidas de norte-americanos e outros estrangeiros ali residentes”, depois para “evitar o risco de um novo regime comunista no continente”.

Esse número especial — artigos, debates, entrevistas, documentos — foi organizado pelo embaixador Jayme Azevedo Rodrigues, que tinha sido aposentado compulsoriamente pelo regime militar logo na primeira leva de cassações da ditadura, em 1964, por ter se recusado a servir “um governo de gorilas”.

Todo o número parece anunciar certo trumpismo avant la lettre, feito de unilateralismo, de arrogância imperial e de desrespeito ao princípio da não interferência nos assuntos internos dos países, consagrado no Direito Internacional e precisamente na Carta da OEA, que aprovou rapidamente a criação (solicitada pela diplomacia profissional brasileira) de uma Força Interamericana de Paz, para dar uma mínima aparência multilateral a um empreendimento imperial (do qual as FFAA brasileiras participaram, um pouco para agradecer o apoio dado no golpe, numa espécie de pagamento de um imposto atrasado).

Vale a pena consultar esse número 2 (de 3), da revista Política Externa Independente, apenas para constatar se alguma coisa mudou no diktat imperial hemisférico. Parece que não. O Brasil mudou, mas de uma forma bizarra: a diplomacia que denuncia a intervenção unilateral imperialista na América Latina tem sido até aqui incapaz de denunciar a intervenção unilateral imperialista no coração da Europa, duplicada por uma guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia que a diplomacia presidencial personalista jamais foi capaz de condenar de forma explícita.

Então, alguma coisa, enfim, mudou: parafraseando Orwell, todas as intervenções unilaterais imperiais são iguais, mas algumas são mais iguais do que as outras.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 14/11/2025


sábado, 6 de setembro de 2025

Venezuela: um trampolim para uma divisão do mundo em três mega-impérios? Análise do Prof. Vitelio Brustolin

Venezuela: um trampolim para uma divisão do mundo em três mega-impérios?

Análise do Prof. Vitelio Brustolin 

(Via Linkedin)

PRA: Cento e vinte anos atrás, na Venezuela, um Chávez avant la lettre, também coronel no comando do país (ainda não petrolífero), tentou dar um calote na divida externa do país caribenho. Canhoneiras europeias bombardearam Maracaibo, sob o olhar complacente dos EUA, então afirmando seu novo império. Na atualidade, o coronel Chávez e seu sucessor menos carismático ousaram desadiar o império americano. Até que chegou ao poder uma espécie de Chávez americano, disposto a retomar o caminho do império.

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Prof. Vitelio Brustolin:

Análise: Estados Unidos enviam caças F-35 para dissuadir Venezuela; trata-se de uma escalada?

Embora os Estados Unidos pudessem alvejar os F-16 venezuelanos que sobrevoaram um destroyer, a decisão foi aguardar que o primeiro movimento viesse da Venezuela, evitando criar um incidente em águas internacionais. A chegada dos 10 F-35 à região busca prevenir novas provocações e mostrar que o Pentágono está preparado, reforçando a dissuasão sobre o regime de Nicolás Maduro. Além de conter possíveis ataques, a operação transmite uma mensagem à oposição venezuelana: que há apoio externo caso tentem insurreições ou movimentos estratégicos contra o governo atual. 

Do ponto de vista do narcotráfico, a Venezuela não é hoje a principal rota da cocaína, que passam principalmente pela Colômbia, Peru, Panamá, Equador e México. Mesmo assim, o governo Trump utiliza a presença militar no Caribe como parte de um esforço mais amplo para combater o tráfico de drogas na região. Operações no Pacífico, como a Pacific Viper, lançada em agosto de 2025 pela Guarda Costeira e a Marinha dos EUA, interceptam navios de narcotráfico antes que cheguem às costas americanas, funcionando como um contrapeso às ações no Caribe.

Além do combate ao tráfico, os Estados Unidos demonstram interesse em outras questões estratégicas ligadas à Venezuela. O país possui as maiores reservas de petróleo do mundo, estimadas em 303 bilhões de barris, e Trump busca limitar a exportação venezuelana enquanto projeta poder na América Latina, pressionando países que mantêm relações comerciais com Caracas e tentando isolar o regime de Maduro. Paralelamente, ações contra o governo venezuelano têm como objetivo transmitir uma mensagem clara sobre o que os EUA esperam da oposição interna e do futuro político do país, mesmo diante da presença de 123 mil militares e milícias alinhadas ao regime.

Conversei sobre o tema com a Renata Lo Prete, no Jornal da Globo. Assista aqui: https://lnkd.in/d8HEPG5p

terça-feira, 10 de junho de 2025

Ideologia na política externa - Rubens Barbosa (Estadão)

 Opinião: 

Ideologia na política externa

Chegou a hora de o governo e o Congresso discutirem, com o setor privado, políticas inovadoras para definir o lugar do Brasil no mundo

Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 10/06/2025


        O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, inaugurou, em abril passado, o projeto Pátria Grande do Sul, no Estado de Bolívar, no sul do país, na fronteira com Roraima. Foram entregues 180 mil hectares de terra ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que fará um trabalho em conjunto com o governo venezuelano para ampliar a produção de alimentos seguindo o viés da agroecologia. De acordo com Maduro, serão produzidos 30 mil hectares de feijão, além de frutas, mamão, cana-de-açúcar, inhame, frango, carne de porco, carne bovina e seus derivados, vegetais, milho e galinhas. O MST também prepara a produção de um banco de sementes nativas tradicionais e um viveiro de mudas para reflorestamento.

        A coordenadora da brigada do MST na Venezuela, Rosana Fernandes, afirmou que o projeto é um modelo de produção agroecológico, com formação política e técnica. De acordo com ela, o projeto demonstra o compromisso do movimento com a revolução bolivariana. O MST atua no país há quase 20 anos em parceria com as comunas venezuelanas, ajudando em projetos de agroecologia, além de formação técnica e produção de alimentos orgânicos.

        Além da cooperação do MST com o governo venezuelano, no dia 12 de abril passado, o Diário Oficial da União publicou memorandum de entendimento estabelecendo as bases de cooperação técnica entre o Itamaraty e três ministérios venezuelanos da área de agricultura e alimentação e com comunidades e movimentos sociais. As atividades de cooperação deverão ser implementadas pelos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura, pela Conab e pela Embrapa.

        Não houve qualquer manifestação oficial do governo brasileiro sobre o assunto. Enquanto isso, como parte da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra, o MST promoveu mais de 70 ações de protesto e invasões entre os dias 11 e 14 de março, em todas as regiões do Brasil.

        Depois das sucessivas controvérsias criadas pelo apoio de Lula a Maduro na contestada eleição presidencial e de ataques públicos de Maduro a Lula, o governo brasileiro conduz o relacionamento bilateral de maneira discreta. A negociação desses acordos e da participação do MST no projeto Pátria Grande do Sul foi feita com a intermediação do governo brasileiro, por meio do Itamaraty.

        Enquanto esses acordos estavam sendo negociados e assinados, o Brasil, que representa os interesses da Argentina na Venezuela, não conseguiu convencer Maduro a autorizar que cinco venezuelanos exilados deixassem a Embaixada da Argentina, submetidos a toda sorte de restrições. Em vez disso, tomou conhecimento do resgate dos venezuelanos pelo governo americano feito à revelia do Brasil, responsável pela guarda da Embaixada da Argentina. Esses acordos na área agrícola teriam sido uma oportunidade para, em troca, obter a concordância de Maduro para a saída dos exilados.

        Diante da maneira como a política externa em relação à Venezuela está sendo tratada – avanço com toda a discrição para evitar a repercussão negativa interna –, poderemos ter novas surpresas nas próximas semanas e meses.

        Maduro fez pronunciamento voltado à política interna em que faz novas ameaças relacionadas à ocupação do território do Essequibo na Guiana. Aliás, nas recentes eleições para o Congresso venezuelano foram eleitos representantes para Essequibo, antecipando eventual ocupação daquele território.

        Do ponto de vista da credibilidade do Itamaraty, o resgate dos venezuelanos e a ausência de reação do governo de Maduro às repetidas manifestações do governo brasileiro com o objetivo de obter o salvo-conduto para os venezuelanos foram um claro sinal de perda de influência, ampliada pela burocrática explicação em nota oficial da chancelaria.

        Com o agravamento do cenário internacional em relação às sucessivas crises e os EUA continuando a impor sua agenda econômica e política, não deixa de causar preocupação a maneira como o governo brasileiro está atuando. São exemplos recentes a visita do presidente Lula a Moscou para participar, ao lado de cerca de 20 presidentes e primeiros-ministros de países reconhecidamente autocráticos, das celebrações do Dia da Vitória da Rússia na Grande Guerra Patriótica; a participação do encontro da Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe em Pequim, seguida de uma bem-sucedida visita de Estado à China; e declarações, na visita à França, sobre a guerra na Ucrânia. Lula instruiu o Itamaraty a reagir fortemente, como uma ameaça à soberania brasileira, caso o governo Trump imponha sanções contra ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) com base em alegação de que o Judiciário brasileiro restringiu a liberdade de expressão de cidadão norte-americano – no caso, ninguém menos do que Elon Musk.

        Em tempos bicudos, em que o secretário de Defesa dos EUA trata a América Latina como o quintal dos EUA e Trump diz que talvez os países da região tenham de optar entre os EUA e a China, seria contra o interesse nacional se o governo brasileiro se alinhasse a qualquer dos lados e abandonasse a posição de independência e equidistância por motivação ideológica ou partidária.

        Chegou a hora de o governo brasileiro e o Congresso Nacional discutirem, com o setor privado, políticas inovadoras para definir o lugar do Brasil no mundo. 

Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), foi embaixador do Brasil em Londres (1994-99) e em Washington (1999-2004)

 


sábado, 11 de janeiro de 2025

Venezuela: toma de presidencia por la tercera vez por Maduro - CFRS

Venezuela: toma de presidencia por la tercera vez por Maduro

20250110 **Análisis Nocturno - 10 de enero de 2025**

**1. Contexto Político en Venezuela**

El 10 de enero de 2025, Nicolás Maduro asumió su tercer mandato como presidente de Venezuela en un ambiente de protestas y cuestionamientos sobre la legitimidad de los resultados electorales. En respuesta, el líder opositor Edmundo González Urrutia se autoproclamó presidente electo, instando a las fuerzas armadas a desconocer a Maduro, a quien considera ilegítimo. Esta situación ha intensificado la crisis política en el país, con detenciones y liberaciones de figuras opositoras como María Corina Machado durante las manifestaciones. La comunidad internacional se encuentra dividida entre aquellos que reconocen a Maduro y quienes apoyan la proclamación de González.

**2. Asistencia Internacional en la Toma de Posesión de Maduro**

**Mandatarios presentes:**

- Daniel Ortega (Nicaragua)

- Miguel Díaz-Canel (Cuba)

- Brahim Gali (República Árabe Saharaui Democrática)

- Gaston Browne (Antigua y Barbuda)


**Delegados importantes:**

- Viacheslav Volodin (Presidente de la Duma de Rusia)

- Ibrahim Boughali (Presidente del partido oficialista de Argelia)

**Delegaciones clave:**

- China

- India

**Delegaciones adicionales:**

- Manuel Zelaya (Expresidente de Honduras, no actual mandatario)

(Más abajo aparecen otros representantes latinoamericanos).


**3. Sanciones Internacionales contra Venezuela**

- **Unión Europea:** Impuso sanciones a 15 funcionarios, sin reconocimiento a Maduro ni a Edmundo González.

- **Canadá:** Sanciones a 14 funcionarios y reconocimiento de Edmundo González como presidente electo.

- **Estados Unidos:** No reconoce a Maduro, aumentando la recompensa a 25 millones de dólares por información sobre su captura, además de imponer diversas sanciones.


**4. Posturas de Líderes Latinoamericanos que indica un creciente aislamiento con América Latina,**

- **Gabriel Boric (Chile):** Critica al régimen, sin representación oficial.

- **Gustavo Petro (Colombia):** Expresa preocupación por las detenciones, envía embajador.

- **Luis Ignacio Lula da Silva (Brasil):** Envía solo a su embajadora, mostrando distanciamiento.

- **Claudia Sheinbaum (México):** No interviene en asuntos internos ni reconoce a Maduro, representada por el embajador Leopoldo de Gyvés de la Cruz.


**5. Políticas Tecno/Económicas Internacionales Relacionadas con Venezuela**

Estados Unidos ha elevado la recompensa por la captura de Maduro a 25 millones de dólares y ha impuesto sanciones adicionales. La Unión Europea también ha anunciado nuevas sanciones. En contraste, países como Rusia, China, Cuba e Irán han enviado delegados especiales, reafirmando su alianza con el gobierno de Maduro.


**6. Políticas del Régimen de Maduro en Venezuela**

- **Económicas:** Venezuela enfrenta una crisis económica caracterizada por hiperinflación, escasez de productos básicos y bajos salarios.

- **Sociales:** Persisten problemas en servicios públicos como el suministro de combustible, electricidad y educación.

- **Laborales:** El salario mínimo es insuficiente para cubrir necesidades básicas.


**7. Coyuntura en México Relacionada con Venezuela**

La presidenta Claudia Sheinbaum ha defendido la soberanía de Venezuela, afirmando que en México no se persigue a nadie por sus ideas. Por otro lado, el expresidente Ernesto Zedillo ha criticado las reformas impulsadas por Sheinbaum y Morena, tildándolas de destructivas para la democracia en México. Se han generado debates sobre la Reforma Judicial y el proceso electoral del Poder Judicial. La presidenta se muestra benevolente con el INE, órgano que ha pedido 1000 millones de pesos más.


**8. Causas de la Crisis Actual **

La crisis política y económica en Venezuela es resultado de la polarización, acusaciones de fraude electoral y la falta de consenso sobre la legitimidad del gobierno de Maduro. La inestabilidad política y la mala gestión económica del régimen chavista han exacerbado la crisis social y de derechos humanos.


**9. Soluciones Propuestas**

Se han realizado llamados desde la oposición y la comunidad internacional para que las fuerzas armadas desconozcan a Maduro y reconozcan a Edmundo González como presidente legítimo. Además, se proponen sanciones y presión internacional para aislar al gobierno de Maduro, así como iniciativas de diálogo y negociación entre el gobierno y la oposición para resolver la crisis.


**10. Escenarios Futuros**

1. **Continuidad del régimen de Maduro:** Se profundizará la crisis económica y social, con mayor represión y aislamiento internacional.

2. **Transición negociada:** Diálogo y acuerdos entre el gobierno y la oposición que permitan una solución pacífica a la crisis.

3. **Cambio de régimen insurreccional:** Levantamiento popular o intervención militar que derroque a Maduro y lleve a la oposición al poder.

**Referencias Bibliográficas:**

- Agencias de noticias: Reuters, AFP, DW, Uno TV, Infobae, BBC Mundo.

- Medios de comunicación: El Economista, Milenio, Reforma, La Nacional, Latinus, Animal Político, El Universal, CNN, 0negocios, Proceso, SinEmbargo, El País.

**Autor-Red:** CFRS & AI

**Nota:** Este informe se basa en la información disponible y puede contener omisiones o distorsiones derivadas de las fuentes o su procesamiento digital.

Análise: diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela - Vitelio Brustolin e Arthur Ambrogi (CNN)

 Vitelio Brustolin e Arthur Ambrogi escrevem sobre o caso de afinidade pouco eletiva do Brasil com a ditadura venezuelana:


Análise: diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela

Segue artigo sobre a Venezuela que escrevi com o colega Arthur Ambrogi e que acaba de ser publicado pela CNN Brasil. O enfoque foi no Direito Internacional e nos princípios da diplomacia brasileira para o reconhecimento de governos. Eles seriam aplicáveis ao governo Maduro? Segue um trecho e o link para leitura na íntegra: 

“Pelo Direito Internacional, o reconhecimento de um governo pode ocorrer por meio de duas formas: expressa ou tácita. A forma expressa se dá por escrito – publicando uma declaração ou nota diplomática. A forma tácita se dá pelo relacionamento com esse governo. Na prática, só muda o formalismo, os efeitos são os mesmos. 

Conforme resume Hildebrando Accioly, em seu “Manual de Direito Internacional Público”, os Estados Unidos sustentam, desde a sua independência, que se deve reconhecer como legítimo o governo oriundo da vontade nacional, claramente manifestada.

A esse princípio foi adicionado, posteriormente, o da intenção e capacidade do governo de cumprir as obrigações internacionais do estado. A doutrina brasileira se aproxima muito dessa formulação, no entanto, historicamente o Brasil leva em conta, também, as seguintes circunstâncias:

- Primeiro, a existência real de governo aceito e obedecido pelo povo;

- Segundo, a estabilidade desse governo;

- Terceiro, a aceitação, por este, da responsabilidade pelas obrigações internacionais do respectivo estado. (…)” 

Leia o artigo na íntegra aqui: https://www.cnnbrasil.com.br/forum-opiniao/analise-diplomacia-brasileira-criou-uma-armadilha-para-si-e-caiu-nela-na-venezuela/


segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Venezuela: morte de mais um preso político sob custódia do regime: alguma Nota do Itamaraty em vista? - Paulo Roberto de Almeida

 Não sei se o setor de Notas do Itamaraty vai preparar alguma nota a esse respeito:

Autoridades venezuelanas entregam corpo em decomposição de preso político.

Jesús Álvarez é o segundo preso durante os protestos contra Nicolás Maduro a morrer sob custódia do regime.”

Não sei se o Palácio do Planalto vai autorizar a publicação de uma nota, que só pode ser, conhecendo o brio de meus colegas do Itamaraty, de veemente protesto contra a iniquidade do regine chavista, que perpetrou mais um crime de um imenso rol de violência e exações já acumuladas contra manifestantes pacíficos, por parte de uma ditadura assassina.

Não sei se o Palácio Miraflores vai, uma vez mais e novamente, responder num tom zombeteiro contra o Brasil, dizendo a Lula para não interferir nos assuntos internos do país.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 16/12/2024

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Venezuela: a maneira dura de Trump tratar com a ditadura não vai funcionar, como não funcionou com Cuba ou Nicarágua - Francisco Rodriguez (Foreign Affairs)

 The Case for Engagement With Venezuela

Maximum Pressure Will Only Strengthen Maduro

By Francisco Rodríguez

Foreign Affairs, November 28, 2024

https://www.foreignaffairs.com/venezuela/case-engagement-venezuela?utm_medium=newsletters&utm_source=fatoday&utm_campaign=The%20Case%20for%20Engagement%20With%20Venezuela&utm_content=20241128&utm_term=EDZZZ003ZX#author-info

 

Among the most complex foreign policy challenges facing the new U.S. administration is the situation in Venezuela. Over the past 12 years, Venezuela has transitioned from a fragile democracy to an entrenched authoritarian regime, experiencing one of the most severe economic collapses and migration crises in modern history outside wartime. And in recent years, these problems have increasingly affected the United States. During the past five years, U.S. authorities have apprehended more than 900,000 Venezuelans attempting to cross the southern border.

[Lea la versión de este artículo en español aquí.]

Many expect that Donald Trump’s presidency will mean the return of the maximum-pressure approach to Venezuela that defined his first term, when Washington imposed sweeping oil and financial sanctions, backed efforts at an armed uprising, and even floated the possibility of direct military action. At a rally in Florida just three days before the election, Senator Marco Rubio, Trump’s nominee for secretary of state, asserted that under the new administration, “we will have a very different position, much tougher and much clearer, not only in Venezuela, but also in Cuba and Nicaragua.” Rubio has cosponsored legislation to codify sanctions on Venezuela, conditioning any sanctions relief and diplomatic recognition on Venezuelan President Nicolás Maduro relinquishing power and an opposition-led transition.

But a return to the failed strategy of maximum pressure by the new administration would be a grave mistake. Sanctions are rarely effective in achieving regime change, and Venezuela is no exception. Far from destabilizing Maduro, U.S. sanctions have helped him consolidate control, increasing the asymmetry of power between the state’s apparatus and an impoverished and weakened civil society. More than seven million Venezuelans have fled the country since 2014, and doubling down on pressure could further worsen the living conditions of those remaining. Maximum pressure will, therefore, cut against Washington’s effort to reduce irregular migration and ensure a stable energy supply.

The United States should continue to condemn Maduro’s authoritarian government for its human rights violations and dismantling of democratic institutions. But Trump and his administration should adopt a strategy of targeted engagement with Venezuela’s authorities. Such a strategy would prioritize maintaining or strengthening economic and diplomatic linkages between the United States and Venezuela—the types of connections that can empower stakeholders committed to fostering a democratic transition. The first priority of U.S. policy should be to alleviate the suffering of Venezuelans, recognizing that broad economic sanctions have exacerbated that suffering. Where possible, Washington should leverage engagement—including the gradual easing of sanctions—to encourage improvements in human rights and political freedoms. This strategy of targeted engagement offers a path to immediately improve conditions in Venezuela while enhancing the prospects for a democratic transition in the medium to long term.

SANCTIONING CATASTROPHE

From 2017 to 2022, the United States imposed some of the harshest sanctions on Venezuela that it has levied on any country. The Trump administration halted all trade with Venezuela’s state-owned oil, gold, and banking sectors (transactions with private banks were still allowed) and blocked the national government and the oil industry from borrowing, restructuring debt, or receiving dividends from its offshore subsidiaries (like Citgo). In 2019, Washington handed control over Venezuela’s overseas assets to the U.S.-recognized opposition, led by Juan Guaidó, and blocked the country’s access to international reserve holdings, including special drawing rights in the International Monetary Fund.

The first Trump administration also imposed secondary sanctions, barring Venezuela from selling oil abroad by targeting foreign companies and vessels involved in its oil trade. Between 2019 and 2021, 47 vessels and 12 companies were sanctioned for assisting in Venezuelan oil exports. (In contrast, despite similar U.S. sanctions on Russian oil today, non-U.S. tankers can still sell Russian oil at $60 per barrel without being sanctioned themselves.)

This pressure has compounded Venezuela’s economic crisis. The country’s contraction in per capita incomes began in 2013 because of severe macroeconomic imbalances created by years of populist policies. Yet starting in 2017, sanctions significantly worsened the economy by severing Venezuela’s access to vital oil and financial markets, which led to a sharp decline in oil production. Sanctions contributed substantially to falling oil output, imports, and productivity; without them, Venezuela’s economy would have started to recover when oil prices rose in 2017. Sanctions accounted for around 52 percent of Venezuela’s economic contraction between 2012 and 2020. Without sanctions, Venezuela would have still faced a severe crisis, with per capita incomes dropping by 34 percent. With sanctions, however, GDP per capita declined by an extraordinary 71 percent—equivalent to almost three successive Great Depressions.

Venezuela’s migration crisis stems from this collapse in economic opportunities. Although the country’s human rights violations are horrific, they are not on the scale of the ethnic cleansing, genocide, or armed conflict that typically drives mass displacement. Instead, millions of Venezuelans have left to escape an economic catastrophe. If the U.S. government resumes policies that target Venezuelans’ livelihoods, it should not be surprised when many of those affected end up at its doorstep.

GAINING FROM ENGAGEMENT

In 2022, the Biden administration reestablished contact with the Maduro government, pursuing a dual track that gradually eased sanctions and encouraged renewed negotiations with the opposition. In November of that year, the U.S. Treasury issued a license for Chevron—the only U.S. oil company with production capacity in Venezuela—to export Venezuelan oil to the United States, coinciding with the resumption of talks between the Maduro government and its opposition.

Critics claimed that the Biden administration was giving Maduro sanctions relief without gaining anything in return. Yet this critique overlooks a key achievement. In October 2023, Maduro publicly committed to holding free and fair presidential elections. Though the election ended up being minimally transparent, this concession ultimately allowed the opposition coalition to register Edmundo González as a candidate after María Corina Machado, who had won the opposition’s primary in October 2023, was barred from running. Washington also successfully encouraged the opposition to abandon its failed electoral boycotts and to engage in the election process despite facing an unlevel playing field.

These decisions helped pave the way for González to defeat Maduro in the July 28 presidential election by more than a two-to-one margin. The opposition documented its victory with tally sheets from the country’s electronic voting system, reenergizing the coalition and demonstrating its broad support among Venezuelans. Although this victory did not produce immediate change, with Maduro’s electoral council blatantly altering the election’s results to declare Maduro the winner, it marked the opposition’s strongest challenge yet to Maduro’s authoritarian rule.

Critics might argue that the opposition’s electoral victory was meaningless because Maduro ultimately retained power and intensified repression. But such a critique misses the broader significance of the outcome. The elections played a crucial role in revitalizing and legitimizing Venezuela’s opposition, demonstrating its broad popular support, and strengthening its internal cohesion. These developments are essential preconditions for any successful challenge to an entrenched regime. Whether these gains can translate into meaningful change will depend on how realistic the opposition’s objectives are and how well it leverages its newfound strength in future negotiations.

BEYOND ISOLATION

A realistic foreign policy toward Venezuela must begin with the recognition that Washington has limited influence over political dynamics in authoritarian countries. In a world where 71 percent of people live under autocratic regimes, it is not only futile but also dangerous to target select countries—such as Cuba, Iran, and Venezuela—for regime change. Singling out specific regimes risks alienating allies, undermining U.S. moral authority, and reinforcing authoritarians’ claims that Washington meddles in other countries’ domestic affairs. In Venezuela, a principled, pragmatic approach—focused on humanitarian relief and diplomatic engagement—would better serve the interests of both the United States and the Venezuelan people.

Trump’s administration should thus continue easing economic sanctions. It should do so, in part, simply because the restrictions have needlessly immiserated millions. But improving the country’s living conditions also serves a political purpose. The more tolerable life becomes for Venezuelans, the less likely they are to flee to the United States. Managing migration flows from Venezuela will also require sustained communication and coordination with Caracas. Reopening the U.S. embassy in Venezuela is therefore a critical step to safeguarding American interests in the country, as well.

A return to the failed strategy of maximum pressure would be a grave mistake.

Easing sanctions could afford the Trump administration an opportunity to secure concessions on human rights. Licenses for new oil projects, for example, could be conditioned on revenues being allocated to international organizations that can address Venezuela’s humanitarian crisis. Likewise, the Trump administration could use sanctions relief to induce political reforms. It should work to secure the release of political prisoners. It should negotiate for institutional changes that reduce the stakes of power and create space for coexistence between Venezuela’s political factions. It should push Venezuela to appoint new electoral authorities and commit to inviting in international observers for upcoming elections. All three of these steps would provide vital space for electoral competition. They remain the best path to fostering a democratic transition. (The United States should also work with regional partners, including Brazil, Colombia, and Mexico, to forge a realistic political settlement.)

Should the Trump administration embrace a policy of limited engagement, it would be bowing to reality. Punitive policies may appeal to policymakers, but they often corner regimes, making behavioral change unlikely. A government whose leaders fear U.S. prosecution will do everything to remain in power, including stealing elections. Strategic engagement, on the other hand, can incentivize positive shifts and strengthen local actors who support a negotiated resolution. The political scientists Steven Levitsky and Lucan Way have shown that countries with economic, social, and institutional ties to the West are more likely to democratize than those subjected solely to punitive measures.

Likewise, Trump would be accepting that when people become poorer in an authoritarian country, the state becomes stronger, not weaker. At the height of the Venezuelan economy’s contraction, a large segment of the population depended on politically conditioned government handouts. In contrast, Venezuela’s economic recovery of the past four years, due in part to the easing of oil sanctions, has helped reduce low-income voters’ dependency on government programs, making them less susceptible to electoral blackmail.

No U.S. administration can overhaul Venezuela’s political system. But by setting achievable goals that address immediate needs, promote economic recovery, and support fundamental freedoms, the United States can help the Venezuelan people. A pragmatic approach that prioritizes economic recovery and gradual political progress will be far more effective in bringing Venezuela closer to change than a strategy of suffocation.

 

  • FRANCISCO RODRÍGUEZ is Rice Family Professor of the Practice of International and Public Affairs at the University of Denver’s Josef Korbel School of International Studies.

sábado, 26 de outubro de 2024

Pequeno Diretório de Autodestruição: Cuba e Venezuela

 Se vcs querem saber de dois exemplos concretos, de 2 paises que foram completamente destruídos pelo socialismo, não precisa ir muito longe: basta olhar para Cuba (70 anos) e para a Venezuela (22 anos); nada a ver com bloqueio ou sanções do imperialismo americano. 

A auto-destruição é própria; daí a emigração maciça, à exaustão. 

Os paises demorarão anos para se recompor, sobretudo no capital humano.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Argentina e Venezuela, à frente da história latino-americana de fracassos - Paulo Roberto de Almeida

Argentina e Venezuela, à frente da história latino-americana de fracassos

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota de caráter histórico sobre retrocessos ocorridos na América Latina, com destaque para Argentina e Venezuela, na economia, na educação, na política, no social.

Fazem muitos anos que o Brasil é ultrapassado pela Argentina nos exames do PISA-OCDE, o que para mim constitui talvez o sinal mais eloquente e dramático dos retrocessos do país em décadas, destruindo tudo o que Sarmiento e Alberdi haviam legado de positivo para o único pais no mundo capaz de andar para trás por seus próprios meios e decisões soberanas. 

Mas antes da Argentina, a Venezuela ganha a Palma de Ouro de uma destruição completa de um país pelos seus próprios dirigentes. São coisas surpreendentes na história do mundo: na Argentina foram os peronistas os principais responsáveis, na Venezuela os chavistas, duas tropas organizadas para dois retrocessos exemplares. 

Fenômenos como esses me deixam estupefato sobre como determinados países se deixam conduzir para o abismo. Em ambos, qualquer recuperação, quando começar, vai levar décadas para recompor o país, na Venezuela de forma ainda mais determinada, pela “exportação” de um quarto de sua população, algo extraordinário e devastador, incluindo quadros qualificados, não apenas refugiados econômicos. 

Certos países africanos talvez superem os dois “campeões latino-americanos” em decadência, pois convivem ademais com guerras civis, inter-étnicas e religiosas.

O caso do Brasil é muito diferente, pois se trata apenas de um país lentíssimo em se desenvolver, com pequenos retrocessos apenas pontuais na esfera das políticas econômicas. Em todos os casos registrados sobre esse tipo de processo exasperante em sua lentidão as causas nunca são choques externos; sempre se trata de populismo e incompetência nas políticas públicas. O que mais uma vez remete à má qualidade da educação para explicar a baixa qualidade da governança. 

Pessoas, povos inteiros podem sim se tornar deseducados. Basta piorar na qualidade da educação, o que resulta de má formação de capital humano dedicado ao setor. O Brasil é um exemplo disso, mas num processo geral de incorporação progressiva dos mais pobres (um grande estoque) aos benefícios democratizantes da inserção social. Somos lentos nesse processo, por falta de prioridades claras na casta dos políticos, sempre selecionados entre os piores e mais oportunistas. Mas o que mais me tem impressionado nos últimos tempos é o crescimento da estupidez entre segmentos outrora aparentemente bem educados da população branca majoritária mos EUA: senão como explicar a resiliência e a extensão do trumpismo ignaro? 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4745, 1 outubro 2024, 2 p.

 

 

 

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

ONU adota 'Pacto para o Futuro' com 56 medidas para enfrentar desafios da atualidade (Oposição da Rússia da Venezuela e Nicarágua)

ONU adota 'Pacto para o Futuro' com 56 medidas para enfrentar desafios da atualidade

Críticos alegam que, apesar de conter boas ideias, documento fica aquém das necessidades para mudanças reais.

Em um mundo ameaçado por "riscos catastróficos crescentes" como guerras, mudanças climáticas e pobreza, os líderes dos 193 países da ONU adotaram neste domingo um "Pacto para o Futuro" da Humanidade, apesar da oposição de alguns países como RússiaVenezuela Nicarágua. A iniciativa foi lançada na Cúpula para o Futuro, evento paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas, que se desenrola na próxima semana em Nova York.

— Convoquei esta cúpula porque os desafios do século XXI devem ser resolvidos com soluções do século XXI — firmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, após a adoção deste texto com 56 medidas para enfrentar os "maiores desafios do nosso tempo". 

Estes desafios vão desde a reforma do Conselho de Segurança da ONU, a arquitetura financeira global, a manutenção da paz e as mudanças climáticas, até questões mais inovadoras, como a Inteligência Artificial.

Guterres lançou a ideia da chamada Cúpula do Futuro em 2021, mas nos últimos dias não escondeu sua frustração diante das dificuldades de chegar a um consenso para um texto ambicioso, para o qual pediu aos Estados que mostrassem "visão", "coragem " e "ambição".

 

"Acreditamos que existe um caminho para um futuro melhor para toda a Humanidade, incluindo para aqueles que vivem na pobreza e na exclusão", diz o texto, ao qual se opuseram Rússia, Venezuela, Nicarágua, Coreia do Norte e Bielorrússia. 

Apesar da oposição dos países liderados pela Rússia, o pacto e os seus anexos (Pacto Global Digital e Declaração para Gerações Futuras) foram adotados por consenso, mas não são vinculantes.

 

Esta nova "caixa de ferramentas" define novos compromissos, abre "novos caminhos para novas possibilidades e oportunidades”, lembrou Guterres, que prometeu trabalhar "para sua concretização até ao último dia" de seu mandato.

 

— Abrimos a porta, agora todos nós devemos passar por ela, pois não se trata apenas de nos entender, mas de agir. E hoje os desafio a agir — disse Guterres. 

Presente na cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, na manhã deste domingo, o maior engajamento dos líderes mundiais em termas da agenda global considerados críticos. Ao discursar na sessão de abertura da Cúpula do Futuro, Lula afirmou que "faltam ambição e ousadia" no cenário atual. 

— Vamos recolocar a ONU no centro do debate econômico mundial — afirmou, reconhecendo que houve alguns avanços, como as negociações para um Pacto Digital. 

— Todos esses avanços serão louváveis e significativos. Mas, ainda assim, nos faltam ambição e ousadia. 

Lula criticou a falta de dinheiro dos países desenvolvidos para mitigar os efeitos do aquecimento global. Disse que os recursos para financiar projetos ambientais são insuficientes e alertou que os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) podem se transformar em um grande fracasso coletivo.

 

As críticas também foram feitas por outros participantes e observadores. Embora existam algumas "boas ideias", "não é o tipo de documento revolucionário" para reformar o multilateralismo que Guterres gostaria, disse à AFP Richard Gowan, pesquisador do International Crisis Group, um dos mais importantes centros de estudos internacionais e avaliação de riscos. 

A opinião é compartilhada entre diplomatas dos Estados-Membros: "morno", "o menor denominador comum", "decepcionante" são os adjetivos mais frequentes. 

O combate ao aquecimento global foi um dos pontos mais sensíveis da negociação, em particular a "transição" das energias fósseis para as mais limpas. Os países em desenvolvimento exigem compromissos concretos relacionados às instituições financeiras internacionais, para facilitar o acesso preferencial ao financiamento de medidas para enfrentar as mudanças climáticas. 

 

Para a ONG Human Rights Watch, o projeto inclui alguns "compromissos importantes" nessa área, e também acolhe os elementos importantes sobre "direitos humanos". Mas "os líderes mundiais devem demonstrar que estão dispostos a agir para garantir o respeito pelos direitos humanos", insiste Louis Charbonneau, especialista da ONG na ONU. 

— Este é um sinal positivo para o caminho a seguir, mas o verdadeiro trabalho está na implementação, e os líderes políticos devem transformar esta promessa em ação — reagiu o diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Mads Christensen.

 

— Este pacto deve realmente oferecer um futuro que as pessoas desejam: livre de combustíveis fósseis e um clima seguro.

 

 

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Por que o Brasil não se junta aos demais países latino-americanos na questão das eleições venezuelanas? O que está faltando?

Declaração da OEA:

 “Ao longo de todo este processo eleitoral, viu-se a aplicação por parte do regime venezuelano de seu esquema repressivo, complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, fazendo com que esse resultado ficasse à disposição da manipulação mais aberrante. O regime de Maduro zombou de importantes atores da comunidade internacional durante esses anos e, novamente, entrou em um processo eleitoral sem garantias”.

Os governos da Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, em conjunto, aderiram a esta declaração da Organização dos Estados Americanos (OEA) . 

Por que o Brasil ainda não o fez? 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Escalada de Maduro na Venezuela pressiona Lula a subir o tom com o ex-aliado - Henrique Lessa (Correio Braziliense)

 Escalada de Maduro na Venezuela pressiona Lula a subir o tom com o ex-aliado

Henrique Lessa
Correio Braziliense - Online | Política
11 de setembro de 2024



Oposição venezuelana organizou protestos em frente à representação brasileira em Caracas. Para especialistas, o Brasil perdeu oportunidade de se posicionar de forma adequada em relação à postura autocrática do regime de Maduro

Com as ameaças de invasão da embaixada da Argentina em Caracas, hoje sob a guarda do , e o aumento da pressão internacional contra Nicolás Maduro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cada vez mais é pressionado para subir o tom com o regime bolivariano. Também a coalizão opositora ao governo atual protestou, nesta quarta-feira (11/9), em Caracas, em frente à embaixada brasileira no país, para pedir que Lula interceda pelos presos políticos do país.

"Nos mobilizamos, na Venezuela e no mundo, para a sede diplomática do governo brasileiro para solicitar sua mediação na libertação de todos os presos políticos e o fim da repressão", dizia uma das convocações nas redes sociais, atribuída a María Corina Machado, principal líder da oposição. O protesto ocorreu em uma praça do centro da cidade. Os manifestantes encerraram o protesto em frente da representação diplomática brasileira.

Com o recente cerco à embaixada da Argentina, sob responsabilidade do governo venezuelano, a situação do governo Lula fica ainda mais difícil, aponta o embaixador aposentado Paulo Roberto de Almeida. "O Lula tem a sua diplomacia personalista, diminuída sistematicamente desde que ele começou. Convocou uma reunião em maio de 2003, para refazer a Unasul, que foi um fracasso. O Celso Amorim e Lula têm uma postura dúbia em relação à , que se mantém até hoje", criticou o diplomata.



Itamaraty ressalta que o vem se posicionando contra os desmandos de Maduro, e alertam que a postura tem sido a do diálogo, e apontam como prioridade manter a inviolabilidade das instalações da embaixada da Argentina em Caracas. "O que nos cabe é manter a inviolabilidade das instalações e a integridade física de quem está ali dentro", disse ao Correio uma fonte da diplomacia, sob reserva.

Para a professora de relações internacionais da ESPM Denilde Holzhacker, a postura do governo é cautelosa, mas aponta que Lula falha em não cobrar de forma mais enfática a manutenção da democracia no país vizinho. "O governo brasileiro tem usado aí uma estratégia de manter uma certa cautela nas ações com relação a ao , para não ampliar ainda mais o conflito. Mas a gente já poderia ter, por exemplo, sinalizado um apoio maior para a oposição nos órgãos internacionais é ter feito uma nota mais contundente com relação a questão da embaixada", avalia a professora.

Para especialistas ouvidos pelo Correio, o cenário mais provável é a permanência de Maduro no comando da e um agravamento da situação no país vizinho.

"O cenário é a permanência do Maduro e o aumento da repressão criando mais fissuras, mas são impactos na oposição. A oposição deve se enfraquecer, a saída de (Edmundo) González (candidato da oposição) já demonstra uma fragilidade para a manutenção do processo (de oposição). A oposição, ainda que bastante unida e com capacidade de mobilização, com, cada vez mais, apoio internacional, pode gerar mais pressão e repressão", aponta a professora Holzhacker.

Segundo a organização não governamental venezuelana Foro Penal, o país contabiliza quase 1,8 mil prisões políticas - 1.659 desde o final de julho, após o início dos protestos contra os resultados divulgados da eleição dando a vitória a Nicolás Maduro.

O não reconhece a vitória de Maduro nem da oposição, como já fizeram os Estados Unidos e outros países. Mesmo com o interesse da diplomacia brasileira em preservar os canais de comunicação com o governo de Caracas, analistas avaliam que falta ao governo Lula uma postura mais enérgica e alinhada aos compromissos brasileiros com a democracia.

"Está feio, e o vai sair feio. Qualquer coisa que o faça agora em relação ao Maduro, perdeu o tempo, vai ficar feio. Muito tarde e muito pouco", disse o embaixador Paulo Roberto Almeida. Para o diplomata, ninguém espera que  Lula venha a romper as relações com o país vizinho.