O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

Site pessoal: www.pralmeida.net.
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terça-feira, 28 de outubro de 2025

Noticias recentes da geopolítica mundial - Paulo Roberto de Almeida

Noticias recentes da geopolítica mundial:

Lido no Observatorio Politica China, 28/10/2025:
“La Casa Blanca adelantó que el presidente de EE. UU. abordará “el tema Taiwán” con Xi Jinping al margen de APEC en Busan, Corea del Sur.”
Opinião do WSJ (28/10/2025): "Xi Gives Trump a Taiwan Test
By The Editorial Board; China’s president wants the U.S. to oppose the democratic island’s independence."

Um tema ainda mais importante no plano geopolitico, ou da “nova guerra do Peloponeso”, do que o próprio conflito comercial entre os dois gigantes da economia mundial, que poderiam viver em completa simbiose cooperativa no plano econômico, em benefício recíproco de ambos os paises e no de toda a comunidade internacional, em especial no dos países em desenvolvimento, mas que, no entanto, iniciaram uma disputa de caráter hegemônico que prejudica a ambos e que só pode refletir as paixões e ambições mesquinhas de dirigentes descompromissados e alienados com redpeito aos reais interesses dos povos de cada Estado respectivo.
O mesmo sucede, mutatis mutandis, com respeito à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, que apenas representa o o resultado de ambições imperialistas do atual ditador de todas as Rússias, e não o real interesse de desenvolvimento e cooperação entre dois Estados saídos da dissolução do irracional e desmesurado império da URSS, ele mesmo herdeiro do império autocrático dos czaristas feudais, já dissolvido em 1917, e recriado logo depois pelo novo poder bolchevique, brutalmente ampliado pelo déspota Stalin, o novo czar na sucessão de Lênin, aquele que era um grande estrategista político, mas uma nulidade em economia.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28/10/2025

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Oleksandra Matviichuk, advogada ucraniana, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2022 - Roda Viva (TV Cultura, SP)

A Ucrânia luta pela ideia de liberdade, uma noção que representa o medo absoluto para o tirano que invadiu o país que queria se unir à União Europeia e, justamente, se defender daqueles que escravizaram a nação durante séculos:

(Grato a Airton Dirceu Lemmertz pela transcrição do programa)

Em 6/10/2025, o programa 'Roda Viva' (TV Cultura) recebeu a advogada ucraniana Oleksandra Matviichuk, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2022:

Oleksandra Matviichuk: Advogada e ativista diz que Putin tem medo da "ideia de liberdade".
https://www.youtube.com/watch?v=vhnGAeLwKJw

Oleksandra Matviichuk: "A ordem mundial está colapsando diante dos nossos olhos".
https://www.youtube.com/watch?v=-Mg2AQo1dt0

"A guerra é uma loteria": O horror da vida civil na Ucrânia após 2022.
https://www.youtube.com/watch?v=N4DGcaGuF2s

Oleksandra Matviichuk: Brasil pode fazer mais e deve focar na dimensão humana da guerra.
https://www.youtube.com/watch?v=WjNza7fAmvE

Trump precisa de força para "paz justa", pois Putin não quer a paz, diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=fBrs8ppwQUs

Oleksandra Matviichuk: A Ucrânia vive uma democracia plena em meio à guerra?
https://www.youtube.com/watch?v=5iegqxfiZF4

Oleksandra Matviichuk expõe momento que transformou Zelensky em líder: "Se revelou muito corajoso".
https://www.youtube.com/watch?v=RON4guOAAXc

Ativista detalha por que mandado de prisão encolheu o mundo para o líder russo:
https://www.youtube.com/watch?v=BRoh3W0vkx8

Oleksandra Matviichuk: Cessão de território é moralmente indefensável para a Ucrânia.
https://www.youtube.com/watch?v=KmD9EWs8RsY

A Lei é a nossa carta, mas Trump diz que ela não conta, diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=ij0aeFqS-4w

Oleksandra Matviichuk: "O futuro da Ucrânia será decidido em Kiev, não em Washington".
https://www.youtube.com/watch?v=gOE0iICsH0w

Após falha do Memorando de Budapeste, Ucrânia exige garantias reais.
https://www.youtube.com/watch?v=rSgI1x0om9c

Oleksandra Matviichuk: "O meu idioma foi roubado": a luta da Ucrânia para reaver sua identidade.
https://www.youtube.com/watch?v=wH91Zc4Rhx4

"Não podemos competir por atenção; precisamos unir esforços para resolver conflitos".
https://www.youtube.com/watch?v=HYuUEuEUvTQ

Oleksandra Matviichuk: Mulheres ucranianas são mais do que vítimas; "bravura não tem gênero".
https://www.youtube.com/watch?v=1A_gcsqToOI

Oleksandra Matviichuk: Putin usa minoria russa como pretexto; ele só vai parar se for parado.
https://www.youtube.com/watch?v=A_Ilt0HMu9g

A caçada aos crimes de guerra e a proteção das fontes em territórios ocupados.
https://www.youtube.com/watch?v=BpIz1hnCShk

A maioria russa se priva da responsabilidade em troca da 'glória imperial', diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=4VOL6tigNDA

Oleksandra Matviichuk: O futuro não está escrito; é nosso dever lutar pela justiça.
https://www.youtube.com/watch?v=Vga0B_CAVQA

Mercenários brasileiros? "A intenção principal não é dinheiro, mas a luta por liberdade".
https://www.youtube.com/watch?v=2vUqjO76-6A

Liberdade de imprensa é o "núcleo da democracia" na Ucrânia, diz Oleksandra Matviichuk.
https://www.youtube.com/watch?v=FBOts946F0c

Oleksandra Matviichuk rebate Lula: "A Lei Internacional só vê agressor e vítima".
https://www.youtube.com/watch?v=R_q2IAktVkY

Oleksandra Matviichuk: Ativista não tem proteção, mas está certa de que "a liberdade vai prevalecer".
https://www.youtube.com/watch?v=quVVo4FebQk

A guerra não tem nada de bom, mas revela a melhor versão do humano, diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=bvVqPfiylgc

Oleksandra Matviichuk: Professor preso dava aula de filosofia para ratos para preservar a dignidade.
https://www.youtube.com/watch?v=ryHJMc-q5SU

Ativista revela que a empatia é sua maior fonte de força contra o "burnout".
https://www.youtube.com/watch?v=bJ2Ht3qaDm8

A democracia vai sobreviver? "Pessoas pararam de lutar por liberdade", diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=NyXBUJi4sHA

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terça-feira, 24 de junho de 2025

O Brasil no ‘eixo dos hipócritas’ - Editorial do Estadão

O Brasil no ‘eixo dos hipócritas’

Posicionamento do governo no conflito entre Israel e Irã repete o padrão de críticas seletivas e condescendência com autocracias que conspurca a credibilidade diplomática do Brasil

Notas & Informações,
Editorial do Estadão, 24/06/2025
https://www.estadao.com.br/opiniao/o-brasil-no-eixo-dos-hipocritas/

        A nota do Itamaraty sobre a ofensiva dos EUA ao Irã, longe de defender princípios democráticos ou a estabilidade internacional, é mais uma demonstração de alinhamento do governo Lula da Silva ao bloco autocrático global. Essa posição, marcada por um duplo padrão diplomático, põe o Brasil em rota de colisão com a tradição histórica de equilíbrio e prudência que sempre orientou sua política externa.
        No conflito entre Israel e Irã, o governo brasileiro formou com a Rússia o que se pode chamar de “eixo da hipocrisia”. A Rússia, que viola a soberania da Ucrânia numa guerra de agressão, condenou “com veemência” os ataques a alvos militares e instalações nucleares iranianas, reprovando-os como violações da soberania e do Direito Internacional. O Brasil, que jamais condenou “com veemência” a agressão russa na Ucrânia nem repudiou o bombardeio russo a uma das usinas nucleares ucranianas, também condenou o ataque americano ao Irã “com veemência”, salientando que “qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas”.
        Da Rússia, é claro, não se pode esperar nada, mas o Brasil deveria ao menos levar em conta o contexto real do ataque americano: o Irã é a maior fonte de instabilidade no Oriente Médio, um país cuja liderança teocrática prega abertamente a aniquilação de Israel e mantém uma guerra por procuração por meio de milícias como Hamas, Hezbollah e Houthis. Nessa guerra antiga e complexa, Israel não apenas tem o direito, mas o dever de se defender, assim como os EUA têm razões de sobra para apoiar a campanha israelense.
        O governo Lula opta por um silêncio cúmplice sobre a agressividade iraniana, enquanto faz questão de condenar as ações preventivas de Israel e dos EUA. Essa inversão de valores não é uma falha pontual, mas parte de um duplo padrão que marca a diplomacia lulopetista: criticar aliados democráticos e alinhados ao Ocidente, enquanto contemporiza com regimes autoritários, repressivos e fundamentalistas.
        O alinhamento com o Irã é só uma faceta desse quadro mais amplo. Do ponto de vista do Direito Internacional, o ataque americano é, de fato, controverso. Mas ao menos pode ser defendido com argumentos razoáveis, como o direito à autodefesa coletiva em face da ameaça nuclear iraniana. Já a invasão russa à Ucrânia não tem qualquer sombra de justificativa legítima. O governo brasileiro, contudo, opta pela ambiguidade e a condescendência com os crimes de Moscou.
        A hipocrisia é mais evidente à luz do histórico diplomático dos governos petistas. Em 2010, sob o comando de Lula, a diplomacia brasileira protagonizou uma desastrada mediação com o Irã de um acordo nuclear, ignorando alertas e fragilizando a posição brasileira no cenário internacional. A tentativa de protagonismo desmedido e voluntarismo diplomático expôs o País ao ridículo e aos riscos de alinhamento com um regime que ameaça a paz mundial.
Hoje, ao repetir o mesmo alinhamento, o governo reforça sua afinidade ideológica com regimes autoritários – Irã, Rússia, China e outros –, rompendo com a tradição de equilíbrio e prudência que sempre pautou a política externa brasileira.
Após a ofensiva dos EUA contra o Irã, as democracias sérias fizeram um apelo à moderação e ao resgate das vias diplomáticas, mas evitaram condenar o ataque e nem de longe legitimaram um regime beligerante e delinquente como o iraniano. Ao contrário: reconhecem o perigo concreto representado pela teocracia xiita, responsável por fomentar o terrorismo, desestabilizar o Oriente Médio e perseguir sistematicamente a fabricação de armas nucleares – uma ameaça que transcende fronteiras e atinge a segurança global.
        O que o Brasil ganha com essa adesão à aliança de autocracias? Quais benefícios estratégicos ou diplomáticos justificam associar o País a regimes que promovem a instabilidade internacional, violam direitos humanos e desafiam o multilateralismo baseado em regras? As respostas são óbvias: tudo isso só serve para satisfazer a rançosa ideologia antiamericana e antiocidental do lulopetismo.


Ex-embaixador Ricupero aponta incoerência da diplomacia brasileira sobre Irã e Ucrânia (VEJA+)

Ex-embaixador Ricupero aponta incoerência da diplomacia brasileira sobre Irã e Ucrânia

VEJA+, 24 de jun. de 2025
https://www.youtube.com/watch?v=BaTowtrvAUI

Na nova edição do Ponto de Vista, o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Ricupero, comenta a reação do governo brasileiro ao ataque israelense contra instalações nucleares do Irã. Em conversa com Robson Bonin e Marcela Rahal, o diplomata avalia a nota divulgada pelo Itamaraty, que condenou “com veemência” a ação de Israel.


“Do ponto de vista formal, a nota está correta. O ataque é ilegal e não foi autorizado pela ONU. Mas é curioso: a nota do Brasil foi mais dura do que a da China”, afirma Ricupero.

O embaixador também destaca o contraste da posição brasileira em relação à guerra na Ucrânia. “Lá, o governo evita condenar a Rússia. Isso gera uma percepção de incoerência”, diz.

Ricupero analisa ainda o contexto regional e internacional envolvendo o Irã: “Nenhum país deseja que o Irã adquira armas nucleares. Por isso, há até certo alívio mundial com o prejuízo ao programa nuclear iraniano.”

Assista à análise completa sobre a guerra no Oriente Médio, os bastidores da diplomacia internacional e os impactos da política externa brasileira neste cenário delicado.

domingo, 25 de maio de 2025

Trocando as bolas, ou trading places - Paulo Roberto de Almeida

Trocando as bolas, ou trading places

Paulo Roberto de Almeida

Vamos fazer um experimento, agora que Lula falou novamente em “genocídio” a propósito dos maciços bombardeios israelenses em Gaza:

“Lula classificou o bombardeio israelense como vergonhoso e covarde, além de mencionar que, diariamente, mulheres e crianças são mortas na Faixa de Gaza.”

Vamos trocar “israelense” por “russo” e “Faixa de Gaza” por “Ucrânia”. Fez alguma diferença? Na prática, nenhuma, só a geográfica. 

Isso significa que Lula poderia falar tranquilamente de “genocídio” de seu amigo Putin sendo cometido diariamente contra o povo ucraniano, sem esquecer as dezenas de milhares de crianças sequestradas e “russificadas” à força, entregues a familias russas. 

Ou seja, além de crimes de guerra, Putin comete crimes contraxa humanidade, imprescritíveis.

Lula já se deu conta disso? Os assessores deveriam ou poderiam lembrá-lo, senão eu mesmo faço.

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 25/05/2025

terça-feira, 1 de abril de 2025

O colonial-imperialismo de Trump, em seu formato mais grotesco e horrendo, contra a Ucrânia - Svitlana Morenets (The Spectator)

 O colonial-imperialismo de Trump, em seu formato mais grotesco e horrendo, contra a Ucrânia - PRA

Grato a Carlos Pozzobon pela postagem:

Novo acordo de minerais de Trump é tóxico para a Ucrânia

Svitlana Morenets

The Spectator


O mais recente esquema de Donald Trump para explorar a Ucrânia está ganhando força. Kiev recebeu um acordo de minerais reescrito de 58 páginas, que obriga a Ucrânia a reembolsar cada centavo da ajuda militar e humanitária dos EUA que recebeu desde a invasão da Rússia em 2022. Washington também está exigindo controle sobre metade da renda da Ucrânia de seus recursos naturais, incluindo petróleo e gás. O acordo é indefinido: a Ucrânia não pode quebrá-lo ou alterá-lo sem a aprovação dos EUA. O que a Ucrânia recebe em troca? Absolutamente nada.

Trump está pressionando para que o acordo seja assinado na próxima semana, mas mesmo que Volodymyr Zelensky seja forçado a concordar com os termos, seria muito improvável que fosse ratificado pelo parlamento ucraniano. O rascunho atual deixaria a Ucrânia devendo aos EUA pelo menos US$ 120 bilhões. Também estabeleceria um precedente perigoso, abrindo a Ucrânia à possibilidade de outros países exigirem reembolsos pela ajuda.

Pelo acordo, o governo ucraniano seria obrigado a converter metade de sua renda de seus minerais, gás, petróleo e até mesmo infraestrutura ferroviária em dólares americanos e transferi-los para o exterior. Qualquer atraso resultaria em penalidades financeiras. Os EUA instalariam um conselho de supervisão para controlar esse chamado "fundo de investimento conjunto", com a ajuda americana passada sendo sua única contribuição.

O conselho de supervisão proposto seria composto por cinco membros: três americanos e dois ucranianos, e qualquer decisão teria que ser aprovada pela maioria. Washington teria poder de veto total e poderia escolher se reinvestiria ou não os lucros na Ucrânia a seu critério. Os EUA também receberiam royalties anuais com um prêmio de 4% antes que a Ucrânia recebesse qualquer coisa.

Washington também ganharia direitos de preferência para todos os investimentos futuros em recursos naturais e infraestrutura da Ucrânia. Somente se os investidores dos EUA recusassem uma proposta a Ucrânia poderia oferecer o acordo a outros. No entanto, mesmo assim, Kiev seria forçada a compartilhar detalhes confidenciais de suas negociações com autoridades dos EUA. A Ucrânia seria legalmente proibida de oferecer melhores termos a outros investidores por um ano após os EUA terem repassado um projeto.

As empresas que extraem os minerais essenciais da Ucrânia seriam impedidas de vender para compradores que Washington considera "concorrentes estratégicos". Dada a guerra comercial de Trump com a Europa, há uma grande chance de a UE cair nessa categoria. Isso fecharia a porta para a futura adesão da Ucrânia à UE, à qual os ucranianos tanto aspiram.

As más notícias não param por aí. Zelensky não consegue dizer não, com medo de arriscar outra briga com Trump. A Ucrânia ainda está se recuperando das consequências da dupla no Salão Oval e precisa desesperadamente dos EUA ao seu lado para as negociações com a Rússia. A única opção que Kiev tem é atrasar o acordo. A equipe de Zelensky está preparando uma contraproposta — uma que não comprometa a soberania da Ucrânia. Trump havia suavizado alguns dos termos mais exploradores no primeiro rascunho do acordo de minerais há um mês. Os ucranianos esperam que ele faça isso novamente — ou que Trump desista do acordo ele mesmo.”


terça-feira, 18 de março de 2025

Trump está servilmente a serviço de Putin, não só na Ucrânia, mas principalmente na Ucrânia - Viktor Kravchuk

A Ceasefire of Shame

A deal written in cowardice, signed in blood

They talked about Ukraine, but Ukraine wasn’t at the table. They spoke of peace, but the bombs kept falling.

They called it a ceasefire, but it’s nothing more than a gift to a war criminal.

Donald Trump and Vladimir Putin had their little phone call, their moment of mutual admiration. Trump, a convicted felon. Putin, a wanted war criminal. And together, they came to an agreement: a ceasefire that Ukraine never asked for, that Ukraine was never even consulted on.

As they spoke, Ukraine was under massive missile attack. This is the "result" of their negotiations.

Trump calls it peace. But do you call it peace when entire families are buried under rubble? When stolen Ukrainian children are still trapped in Russia, renamed, brainwashed, erased? When the invader still occupies your home, your city, your country?

That is not peace. That is submission.

Zelensky accuses Russians of 'cowardly silence' over Dnipro attack

Trump says the war "should never have started", as if it was some tragic accident. As if Ukraine had a choice in whether its cities were bombed, its women raped, its people abducted. 

The war didn’t merely "start." Russia attacked. Putin attacked.

And now Trump wants to reward him with a deal. Not a deal for Ukraine. Not a deal for justice. A deal for Putin, so he can stabilize his economy, sell his gas, stockpile his weapons, and prepare for the next round of war.

Can you believe that?

A ceasefire doesn’t mean Russian troops leave. It doesn’t mean war criminals face trial. It doesn’t mean justice for Bucha, for Mariupol, for every city turned to rubble by Russian bombs.

It means Russia gets time. Time to regroup, time to rearm, time to prepare for another slaughter, another invasion, another genocide.

Because let’s take things clear: this is a war of extermination.

Russia doesn’t just want land. It wants Ukraine erased. Our culture, our people, our history. Russia wants Ukraine to stop existing.

And Trump, whether through cowardice or corruption, probably both, is handing Putin exactly what he wants.

Kyiv mourns as rescuers sift piles of rubble at a children's hospital hit  by a Russian missile - The Press Democrat

Trump’s plan is simple: protect Russian oil and gas so Putin can keep funding his war. 

Not a word about returning abducted Ukrainian children. Not a word about stopping Russian missile strikes on civilians. Not a word about justice for those tortured in the occupied territories.

Because this was never about peace. It was about business.

About "huge economic deals." About Trump’s personal interests.

About the wealthy few who stand to profit from Russian gas, from war, from suffering.

The mask is off. There is no diplomacy, no neutrality here. This is Trump openly doing Putin’s bidding, propping up a dictator who has spent the last 25 years waging war, silencing dissent, assassinating opponents, killing anyone who stands in his way.

What Happened on Day 13 of Russia's Invasion of Ukraine - The New York Times

We don’t need a ceasefire. We need Russian troops out of Ukraine.

We need war criminals on trial in The Hague. We need the return of every stolen Ukrainian child.

A ceasefire without withdrawal is surrender. Would you call it peace if an intruder broke into your home, killed your family, stole your belongings, then sat down at your table and told you to move on?

A ceasefire without justice tells every dictator that war crimes work. 

That genocide is just a phase of war, not a crime.

A ceasefire without Ukraine at the table is an insult. As if Ukraine is some distant land, not a country of millions of people fighting for their lives.

No, we will not accept a "peace" that lets Russia keep its stolen land, its mass graves, its war crimes. 

No, we will not pretend that Trump and Putin are negotiating peace when they are simply negotiating how best to carve up a nation that refuses to die.

They are making their choices. To accept occupation, to let war crimes go unpunished. But we also need to make our choice. 

We have already chosen to fight.

If this were your land, what choice would you make?


terça-feira, 4 de março de 2025

Um plebiscito resolve a questão do Donbas? - Marcelo Guterman

 Um plebiscito resolve a questão do Donbas?

Fronteiras entre os países sempre foram algo disputável. Afinal, o que define uma fronteira?

Durante séculos, fronteiras entre reinos e países foram estabelecidas e reestabelecidas, seja na base da negociação comercial, seja na base da guerra. Aqui mesmo na América do Sul, ainda temos disputas territoriais entre Venezuela e Suriname, entre Chile e Bolívia, entre Argentina e Grã-Bretanha e entre a Argentina e o Chile. Com exceção do área do Essequibo, todas as outras disputas envolvem pequenas áreas ou rios. Mas não deixam de ser disputas.

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O último grande redesenho de fronteiras se deu após a queda do muro de Berlim, quando as ex-repúblicas soviéticas se separaram da mãe Rússia e se tornaram países independentes. O desenho das fronteiras atuais da Ucrânia foram estabelecidas em seu decreto de independência, de agosto de 1991, e não foram contestados, à época, pela Rússia. Um referendo popular, em dezembro do mesmo ano, aprovou a independência. O mapa abaixo mostra o apoio à independência, que ganhou em todos as regiões, inclusive no Donbas e na Crimeia. Nesta última, o apoio foi mais apertado, com 54% de aprovação e baixo comparecimento às urnas, mas, mesmo assim, houve aprovação. Na região do Donbas, o apoio foi superior a 80%.

Há quem defenda que se faça um referendo na região do Donbas para que a população se manifeste. São duas questões aqui. A primeira se refere às condições objetivas para a realização de um referendo justo, em um território ocupado por forças russas. Efetivamente foi realizado um em 2014 e outro em 2022, mas seus resultados, como pode se imaginar, foram fortemente influenciados pela pressão dos rebeldes separatistas e das forças militares e paramilitares russas estacionadas na região.

A segunda questão, no entanto, é mais importante. Todo país tem suas divisões internas. As regiões se distinguem umas das outras de vários modos. Imagine se, a cada discordância, as regiões resolvessem se separar do país. Por exemplo, não seria surpreendente se a separação do São Paulo do restante do País fosse aprovada em um plebiscito no Estado. Seria legal? Ou tal tentativa de separação seria combatida militarmente pelo governo federal? Em 1932 não houve tentativa de separação, mas as forças federais entraram em guerra civil contra as forças paulistas por muito menos.

No caso da Ucrânia, houve um referendo fundacional, que estabeleceu as suas fronteiras. A partir daí, não pode haver mais discussão sobre este assunto, a não ser na base da força, como ocorreu na região da Crimeia e ocorre agora na região do Donbas. Os cidadãos do Donbas aprovaram a sua incorporação à Ucrânia na sua fundação, e agora fazem parte da unidade territorial ucraniana. Colocar em dúvida de maneira permanente as fronteiras de um país não é compatível com qualquer estabilidade institucional. Ainda mais, como sabemos, quando o grupo rebelde é alimentado pela força estrangeira que deseja incorporar o território.

Assim, a solução simplista "vamos fazer um plebiscito e seguir a vontade da população" já foi adotada em 1991, e não há motivo para que seja feito novamente. Ainda mais sob a mira de fuzis.

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Ucrânia: entre a guerra e a desonra -Vitelio Brustolin CNN Forum

Ucrânia: entre a guerra e a desonra

Vitelio Brustolin

CNN Forum, 20 fevereiro 2025


https://www.cnnbrasil.com.br/forum-opiniao/analise-ucrania-entre-a-guerra-e-a-desonra/


        “Você teve escolha entre a guerra e a desonra. Você escolheu a desonra e terá guerra.” Essa foi a declaração de Winston Churchill quando Neville Chamberlain retornou com a assinatura de Hitler no Pacto de Munique.

        Isso foi em 1938. Hitler recebeu os Sudetos da Tchecoslováquia. Meses depois, invadiu a porção ocidental da Tchecoslováquia. Inglaterra e França apenas protestaram. Meses depois, dividiu a Polônia com Stálin e começou a Segunda Guerra Mundial. A história pode se repetir, não como farsa, mas como nova tragédia. A humanidade parece não aprender e estar fadada a repetir seus erros.

Putin ambicionava ter um governo ucraniano obediente, como o da Chechênia ou o de Belarus. Em 2010, um presidente pró-Rússia, Viktor Yanukovych, foi eleito na Ucrânia. Ele assinou um acordo que permitia a presença das tropas russas na região da Crimeia, além de autorizar o treinamento de militares na península de Kerch. 

        Ainda assim, em setembro de 2013, a Rússia advertiu que se a Ucrânia avançasse com um acordo de livre comércio com a União Europeia, “enfrentaria uma catástrofe financeira” e “possivelmente o colapso do Estado”. Diante disso, Yanukovych recuou e se recusou a assinar o acordo com a União Europeia, refutando uma negociação que estava sendo feita há anos e que ele mesmo havia aprovado anteriormente. 

        Essa decisão do então presidente ucraniano de suspender a assinatura do acordo entre União Europeia e Ucrânia, escolhendo, em vez disso, estreitar laços com a Rússia e a com União Econômica Eurasiática, levou multidões às ruas da Ucrânia para protestar no evento que foi inicialmente chamado de “Euromaidan”. Os protestos duraram três meses, de 21 de novembro de 2013 a 23 de fevereiro de 2014 e culminaram no impeachment de Yanukovych, enquanto ele fugia para a Rússia. 

        Na sequência, a Rússia enviou soldados sem identificação para a Ucrânia, ocupando, sobretudo, a região da Crimeia, mas também ocupando parte da região de Donbas. A ocupação foi concluída em 18 de março de 2014. Atualmente a Ucrânia considera que a Crimeia está ocupada pelos militares russos, mas não reconhece a perda do território.

        A Ucrânia não era inimiga da Rússia. A Ucrânia entregou à Rússia as suas armas nucleares em 1994, por meio do Memorando de Budapeste, um acordo garantido por três potências nucleares: Rússia, Estados Unidos e Reino Unido. China e França mais tarde também aderiram; ou seja, todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. 

        O convite para a Ucrânia ingressar na Otan estava engavetado desde a guerra da Geórgia, em 2008. Após 2014, esse ingresso se tornou inviável pelas regras da própria Otan, já que a Ucrânia se tornou território de conflito com a anexação da Crimeia e a guerra civil no Donbas.

        Para resumir: a Ucrânia era um país neutro, como a Rússia queria, desde que obteve a independência em 1991, mas mudou de rumo após Putin promover a anexação da península da Crimeia, em 2014. O Parlamento ucraniano aprovou por larga maioria uma alteração na Constituição e tornou a adesão à União Europeia e à Otan objetivos nacionais. A alteração foi concluída em 2019, três meses antes da eleição de Zelensky. 

        Os grupos extremistas da Ucrânia foram criados em 2014, motivados pela agressão russa – dentre eles, o famigerado Batalhão Azov. Já naquela época existiam grupos extremistas na própria Rússia, como o Russkii Obraz, um grupo neo-nazista que se tornou uma grande força no cenário nacionalista radical da Rússia e que foi apoiado por Putin. Além disso, em 2014 também foi criado o Grupo Wagner, formado por mercenários que atuaram em diversos conflitos ao redor do mundo e que tinha integrantes assumidamente neo-nazistas. O grupo, acusado de cometer crimes de guerra, como saques, estupros, massacres de civis, tortura e execução sumária de prisioneiros de guerra, foi fundado pelo oligarca Yevgeny Prigozhin, antigo amigo Putin que se voltou contra ele em 2023 e, meses depois, morreu em um acidente aéreo suspeito.

        Um dos objetivos declarados por Putin com a guerra na Ucrânia era “restringir a expansão da Otan”. Conforme exposto acima, era impossível o ingresso da Ucrânia nessa organização, pois o país estava em guerra. No entanto, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Otan de fato se expandiu. O ingresso da Finlândia, após ter sido neutra desde 1945, e da Suécia, que era neutra desde 1814, tiveram o efeito contrário ao que Putin aventava.

        Esses países se aproximaram da Otan para se protegerem da Rússia. Assim como aconteceu com outros países do Leste Europeu, incluindo ex-repúblicas soviéticas. 

Putin alega que, em 1990, o então presidente dos EUA George Bush prometeu ao líder russo Mikhail Gorbachev que a Otan não “se moveria nem uma polegada para o leste” além da Alemanha, se esse país fosse unificado. O próprio Gorbachev, no entanto, afirmou que essa promessa nunca foi feita e que o acordo era apenas sobre a Alemanha, conforme pode ser verificado aqui:  https://www.brookings.edu/articles/did-nato-promise-not-to-enlarge-gorbachev-says-no

        Mas qual é então o real objetivo de Putin com a guerra na Ucrânia? Carl von Clausewitz ensina que a guerra é “uma continuação da política por outros meios”. Quando não se consegue o que se quer pela via diplomática, os Estados podem tentar obtê-lo pelo uso da força. A guerra tem, portanto, um objetivo político: a alteração ou manutenção de um determinado status quo; ou seja: a obtenção de “uma paz mais favorável”.

        O objetivo é o seguinte: Putin não reconhece o direito de a Ucrânia existir como país, conforme escreveu em um ensaio publicado em julho de 2021, no site do Kremlin. A ironia disso, é que os ucranianos não querem fazer parte da Rússia, caso contrário, não estariam lutando há três anos contra a segunda maior potência militar do mundo, com a qual fazem fronteira terrestre. 

        Para se ter uma ideia, a Ucrânia é do tamanho do Estado de Minas Gerais e tem uma população três vezes menor que a da Rússia. É notável que o país esteja conseguido resistir por tanto tempo, mas também é evidente que só vem resistindo com armamentos e auxílios de aliados.

        E é justamente aqui que chegamos ao momento presente: desde o início da guerra, países europeus ajudaram a Ucrânia com o equivalente a US$ 137 bilhões, enquanto os Estados Unidos forneceram o equivalente a US$ 118 bilhões. A Ucrânia pode continuar resistindo sem o apoio dos Estados Unidos? O ex-presidente Joe Biden prometeu por diversas vezes que os EUA apoiariam “pelo tempo que for necessário”. Donald Trump, porém, tem outras ideias.

        Em 1938, Hitler convenceu a Grã-Bretanha e a França de que a Tchecoslováquia, e não a Alemanha nazista, seria a causa do conflito na Europa. O pacto ficou conhecido como um exemplo de “política do apaziguamento”, pois Reino Unido e França tentaram evitar uma guerra cedendo às exigências de Hitler. A Tchecoslováquia não foi sequer ouvida.

        Também não foram ouvidos os países que foram divididos em zonas de ocupação e influência na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945. Stálin, da União Soviética; Roosevelt, dos Estados Unidos; e Churchill, do Reino Unido, “decidiram” por todos os demais. E foi assim que começou a Guerra Fria.

        De novo: Putin não reconhece o direito de a Ucrânia existir como país. Qualquer acordo sobre a Ucrânia que não envolva garantias de segurança levará a outra guerra. Afinal, quando ocupou a Crimeia em 2014, Putin não alegou que estava fazendo isso pela “expansão da Otan”. A invasão de 2022 foi só uma continuação da guerra iniciada oito anos antes. 

        Pior que isso: com o afastamento dos Estados Unidos e seu eventual consentimento de uma nova ocupação russa em territórios ucranianos, ninguém na Europa acredita que a Rússia irá parar na Ucrânia. 

        Há tropas russas ocupando territórios na Georgia, na Abecásia e Ossétia do Sul; além da Moldávia, na Transnístria. A Rússia interferiu recentemente nas eleições presidenciais na Romênia, que, por conta disso, foram anuladas. Os países bálticos, Estônia, Letônia e Lituânia, se preparam abertamente para uma guerra, reforçando seus exércitos e construindo muros nas fronteiras (sim, retornamos aos muros que marcaram a Guerra Fria). A Polônia – que foi dominada por quatro anos pelos nazistas e por cinco décadas pelos soviéticos – investe quase 5% do PIB em defesa, pois não quer ser escravizada novamente. Esses são apenas alguns exemplos, já que desde a ocupação da Crimeia, em 2014, a Europa aumentou em 50% as despesas com defesa. O gasto total dos 27 estados-membros da União Europeia em 2024 foi de € 320 bilhões, contrastando com os € 200 bilhões de 2021, antes de a Rússia lançar seu ataque contra a Ucrânia. 

        A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está propondo uma cláusula de emergência que permite aos governos que as despesas militares não sejam contabilizadas em seus limites de déficit orçamentário. É uma cláusula semelhante à que foi usada para a área de saúde, durante a pandemia de Covid-19. O objetivo é fortalecer a Ucrânia e chegar a um investimento de € 500 bilhões em defesa. 

        Enquanto isso, o gasto militar da Rússia em 2024 foi estimado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, o SIPRI, em US$ 140 bilhões, o que representa quase 40% de todo o orçamento anual do país. Não se trata só de empregar recursos, é preciso fortalecer as bases industriais de defesa da Europa, já que a Rússia produz armamentos e munições com rapidez e custos comparativamente reduzidos, além de contar com o apoio direto do Irã, Belarus e da Coreia do Norte.             Além disso, a Europa precisará agir coordenadamente, após ter deixado a sua segurança a cargo dos Estados Unidos nos últimos 80 anos. 

        Nas guerras de Inverno e da Continuação, entre 1939 e 1945, a Finlândia perdeu 11% do seu território para a União Soviética de Stálin, contudo, saiu dessas guerras soberana. Passou 80 anos se armando e hoje tem um dos mais bem equipados exércitos da Europa. Entrou para a União Europeia junto com a Suécia em 1995 e em 2023 ingressou na Otan. O destino da Ucrânia pode ser semelhante, mas apenas se contar com o apoio de aliados.

        “Você teve escolha entre a guerra e a desonra”, disse Churchill. É a mesma escolha imposta hoje à Europa. O preço da desonra pode ser alto demais.

 

Vitelio Brustolin

PhD em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento

É professor de Relações Internacionais na Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisador da Harvard Law School e do Harvard Department of the History of Science. Pós-doutorado na Harvard University.

 


sábado, 9 de novembro de 2024

A decisão geopolítica mais relevante deste século - Paulo Roberto de Almeida

 A decisão geopolítica mais relevante para o resto deste século é a decisão de Trump se ele forçará, ou não, a Ucrânia a capitular em face de Putin. Se o fizer, estaremos de volta aos anos 1930. No comércio internacional já é o caso, aliás direto ao mercantilismo. 

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 9/11/3024

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

A Ucrânia continua a sustentar o morticínio causado pela guerra de agressão da Rússia - CDS

Parte final da informação diária do Centro de Estudos de Defesa da Ucrânia, dia 6/11/2024: 

Humanitarian + general:

  • During the night of November 6, Russian forces launched 63 "Shahed" attack drones and other drones of an unspecified type at Ukraine, as well as striking Odesa Oblast with two guided aviation missiles, the Kh-59 and Kh-31P. Of the drones, 38 were destroyed, 20 were lost from radar, and two remained airborne at the time of the report. 

  • As a result of a Russian attack on energy infrastructure overnight on November 6, parts of Mykolaiv Oblast lost power. As of 8:00 a.m., 21 villages in the Pervomaisk District remained completely without power, with partial outages in the city of Pervomaisk. Electricity was unavailable for 25,500 residential and 1,500 commercial customers. 

  • A missile strike on Zaporizhzhia by Russian forces in the evening of November 5 resulted in seven deaths and 25 injuries. Overall, during the past day, Russian forces launched 301 attacks on 13 towns and villages in Zaporizhzhia Oblast. 

  • After 11:00 a.m., Russian forces launched a strike from the temporarily occupied left bank on Zelenivka in Kherson Oblast. A couple in their home sustained injuries. Earlier, Russian shelling also wounded a man in Kherson and another man in Antonivka, a suburb of Kherson. 

  • In Chernihiv on the evening of November 6, a cruise missile explosion on the outskirts of the city injured two people. 

  • In the city of Kurakhove, Donetsk Oblast, around one thousand people remain, though due to the difficult and dangerous conditions, it is currently not possible to evacuate them. 

  • In Kherson Oblast on November 5, five people were injured as a result of Russian attacks. A total of 17 towns and villages in the oblast came under shelling and air strikes. 

  • In Donetsk Oblast on November 5, Russian forces launched 2,835 strikes, damaging eight civilian sites. 

  • The Prosecutor General’s Office reports that law enforcement is investigating 49 criminal cases concerning the killing of 124 prisoners of war on the battlefield. These killings began to rise in late 2023 and have reached unprecedented levels this year, with most cases recorded in Donetsk Oblast. 

  • Nearly half of Ukrainians (44%) report trying to buy the cheapest food available, regardless of quality, according to a survey conducted by the Razumkov Center from September 20 to 26. Meanwhile, 45% said they can afford to buy higher-quality, though more expensive, food. Another 11% were unable to give a definitive answer. 

  • The survey also showed that, since the full-scale invasion, the number of citizens barely making ends meet has increased to 12%, up from 9% in 2021. At the same time, the share of those who feel financially secure but cannot afford major purchases has grown from 6% to 9%. The percentage of people living at a sufficient level but struggling to buy durable goods like furniture or appliances has decreased from 44% to 41%.


terça-feira, 24 de setembro de 2024

Putin pode destruir o que quiser; os ucranianos só podem se defender, não atacar?

 As democracias ocidentais que apoiam a Ucrânia agonizam em torno das “linhas vermelhas” de Putin, que não tem nenhuma restrição em matar civis e destruir o país e acha que ninguém tem o direito de responder à altura:

Debate over Ukraine weapons restrictions divides allies, administration

By Isabelle Khurshudyan, Siobhán O'Grady, Michael Birnbaum and Ellen Francis (WP)

https://www.washingtonpost.com/world/2024/09/24/ukraine-weapons-limits-biden-permission-atacms/?utm_campaign=wp_todays_headlines&utm_medium=email&utm_source=newsletter&wpisrc=nl_headlines&carta-url=https%3A%2F%2Fs2.washingtonpost.com%2Fcar-ln-tr%2F3f15e0c%2F66f28dcce1d3e04a6f610643%2F596b79f3ade4e24119b43ed3%2F11%2F70%2F66f28dcce1d3e04a6f610643

KYIV — The United States’ lingering refusal to relax restrictions on Ukraine’s use of Western missiles for deeper strikes on Russian territory has exacerbated a growing divide between the allies — with Kyiv angry over yet another setback in slowing Russia’s assault across the country while its biggest backer considers the possibility of Moscow’s backlash. (…)


sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Mistérios imponderáveis da natureza humana - Paulo Roberto de Almeida

 São também mistérios da razão burocrática. 

Ou seriam atinentes a algum fator ideológico?

A atual diplomacia brasileira publicou dezenas de notas lamentando os ataques israelenses a alvos civis na Faixa de Gaza. 

Ela não foi capaz de elaborar qualquer nota a respeito dos bombardeios russos contra alvos civis na Ucrânia. 

Deve haver algum motivo para essa brutal diferença de tratamento para duas guerras em curso. 

Ainda temos de descobrir por que isso!

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 13/08/2024

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

A humanidade desumanizou-se? - Paulo Roberto de Almeida

A humanidade desumanizou-se?

  

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre a total indiferença que o morticínio na Ucrânia vem sendo recebido no chamado Sul Global, entre esses países o Brasil, incapaz de se manifestar sobre o massacre que vem sendo conduzido pela Rússia contra civis inocentes e a infraestrutura material do país.

  

Um dos fatos mais chocantes na atualidade internacional é constatar que a maior parte da comunidade dos Estados membros da ONU, especialmente do chamado Sul Global, permanecer completamente indiferente ao cenário de morticínio e de destruição bárbara perpetrados pela Rússia na Ucrânia. 

Como é possível aos dirigentes, à população, não se indignar em face de um espetáculo de pura barbárie, terrorismo deliberado, crimes de guerra e contra a humanidade?

As pessoas, em geral, no Sul Global em especial, consideram que não há nada que possa ser feito e que os bombardeios contra alvos civis podem continuar a ser feitos porque um membro permanente do CSNU dispõe de um poder exclusivo, o de violar a Carta da ONE e todos os princípios do Direito Internacional impunemente?

Quando esse tipo de comportamento inadmissível passou justamente a ser considerado como admissível, normal e inquestionável? Quando foi que a MAIOR PARTE da humanidade se convenceu de que nada poderia ser feito, ou, coisa pior, que era possível continuar a comerciar e até a intensificar esse comércio e outras relações com a parte agressora, como se o lado perversamente amoral do seu comportamento pudesse passar a ser admitido como coisa menor?

O que foi que ocorreu com os países que aderiram e que ratificaram a Carta da ONU para ignorar por completo suas OBRIGAÇÕES inscritas na Carta de boicotar o agressor, de submeterem-no a sanções e de vir em socorro da parte agredida unilateralmente?

Por acaso, mais da metade da humanidade, seus dirigentes políticos, se julgam desprovidos de qualquer responsabilidade política, moral, simplesmente humanitária, em face da barbárie sendo cometida contra o povo iraniano?

Almas cândidas poderão argumentar com as matanças já em curso na África e em outros lugares, a maior parte resultado de guerras civis, conflitos políticos, étnicos ou religiosos, mas estamos falando, no caso da Ucrânia, nada disso estava dm curso, e sim foi uma agressão deliberada, unilateral, não provocada, das mais cruéis já vistas desde as guerras de expansão das potências nazifascistas dos anos 1930.

Estamos de volta aos momentos mais sombrios da história da humanidade, um tempo de desumanização inédita para os padrões do multilateralismo contemporâneo?

Tudo indica que sim…

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4725, 4 setembro 2024, 2 p.