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quinta-feira, 6 de março de 2025

Chefe da diplomacia americana fala com 58 países, mas ignora Brasil - Daniel Rittner CNN

Chefe da diplomacia americana fala com 58 países, mas ignora Brasil

Em 45 dias, Marco Rubio conversou pessoalmente ou por telefone com representantes de dezenas de nações; Mauro Vieira ainda não teve contato com secretário de Estado

Daniel Rittner

CNN, Brasília, 06/03/2025 às 04:30

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/marco-rubio-brasil-contatos/


O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, teve conversas telefônicas ou encontros pessoais com representantes de pelo menos 58 países em um mês e meio de governo Donald Trump nos Estados Unidos, mas deixou o Brasil fora de sua lista de contatos.

O levantamento foi feito pela CNN com base em registros do Departamento de Estado.

A lista contempla, por exemplo, chanceleres ou primeiros-ministros de todos os integrantes do G20 (o grupo das 20 maiores economias do planeta) — à exceção apenas do Brasil e da África do Sul.

Desde a volta de Trump à Casa Branca, o secretário de Estado conversou com autoridades de dez países do continente americano: Canadá, México, Argentina, Costa Rica, El Salvador, Guiana, Jamaica, Panamá, República Dominicana e Venezuela — no último caso, houve diálogo com o líder oposicionista Edmundo González, que os Estados Unidos reconhecem como presidente legítimo.

Em janeiro, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviou uma carta a Rubio cumprimentando-o por sua nomeação. Os dois, porém, não se falaram nenhuma vez.

Desde então, o Brasil tem sido citado frequentemente por Trump como um parceiro comercial com tarifas elevadas sobre produtos americanos, como o etanol.

Fora das questões meramente comerciais, que são tocadas por outras áreas de governo, o Departamento de Estado esteve no centro de uma polêmica com o Brasil.

Na semana passada, o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental — uma divisão do Departamento de Estado — postou uma mensagem nas redes sociais com críticas ao Brasil.

“Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA por se recusarem a censurar indivíduos que lá vivem é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão”, disse o escritório no X (antigo Twitter).

Em resposta, uma nota publicada pelo Itamaraty acusou o escritório de distorcer decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a exigência de representantes legais das big techs que operam no país.

“O governo brasileiro rejeita, com firmeza, qualquer tentativa de politizar decisões judiciais e ressalta a importância do respeito ao princípio republicano da independência dos poderes, contemplado na Constituição Federal brasileiro de 1988”, afirmou o Itamaraty, na nota.


Contatos de Rubio

Em 45 dias, Marco Rubio conversou com os presidentes, primeiros-ministros ou chanceleres dos seguintes países (por ordem cronológica do contato):

·       Europa (21): Polônia, Dinamarca, Lituânia, Letônia, Estônia, França, Reino Unido, Hungria, Itália, Alemanha, Comissão Europeia, Finlândia, Bélgica, Ucrânia, Suécia, Rússia, Polônia, Grécia, República Tcheca, Irlanda, Chipre.

·       Américas (10): Venezuela, Canadá, Costa Rica, República Dominicana, Guiana, Panamá, El Salvador, Argentina, México, Jamaica.

·       Ásia (19): Filipinas, Índia, Japão, Indonésia, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Turquia, Israel, China, Vietnã, Iêmen, Jordânia, Catar, Bahrein, Uzbequistão, Iraque, Omã, Cingapura

·       África (6): Egito, Congo, Marrocos, Argélia, Quênia, Angola.

·       Oceania (2): Austrália, Nova Zelândia.


Segundo fontes da diplomacia brasileira, uma aproximação com o Departamento de Estado está sendo conduzida pela embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti.

A avaliação no Ministério das Relações Exteriores, entretanto, é que questões como a deportação de brasileiros em voos precários puderam ser resolvidas pelos canais diplomáticos existentes — sem a necessidade de “subir de nível hierárquico”.

Uma oportunidade de contato entre Mauro Vieira e Marco Rubio, esperada pelo Itamaraty, era a reunião de chanceleres em Joanesburgo (África do Sul), em fevereiro.

No entanto, o secretário de Estado não compareceu e o governo Trump foi representado no encontro apenas pela encarregada de negócios (chefe temporária) da embaixada americana no país.

De acordo com a avaliação de uma fonte diplomática ouvida pela CNN, há vantagens no “esquecimento” do Brasil pela Casa Branca e pelo Departamento de Estado.

Essa fonte argumenta que mesmo aliados históricos dos Estados Unidos, como o Canadá e países europeus, têm sido tratados com “agressividade” pelo governo Trump.

Nesse cenário, acrescenta o interlocutor, é mais benéfico para um país como o Brasil não chamar (ou chamar pouco) a atenção dos americanos do que ter uma suposta “linha direta” de diálogo com Rubio.

 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Quanto tempo de "vida" tem o Secretário de Estado de Trump? Muito, pouco, muito pouco? - Stephen Collinson, Caitlin Hu and Shelby Rose (CNN)

 Os analistas políticos americanos não confiam em que o Secretário de Estado de Trump dure muito tempo:


'When Marco speaks ... toilets flush themselves'
Stephen Collinson, Caitlin Hu and Shelby Rose
CNN Meanwhile in America, Jan 15, 2025

Marco Rubio has the chance to be an excellent secretary of state and his Senate pals are sure to confirm him in the job.

But how long can he last?

Running US diplomacy for Donald Trump is like having a root canal every day. The president-elect's first, first-term Secretary of State Rex Tillerson had a nightmare, which culminated in his calling Trump a “moron” and getting fired by tweet. His successor Mike Pompeo did last three years, but only by downplaying his own power and influence and giving Trump credit for anything that went right.

Rubio’s nomination was greeted with huge relief by US allies and foreign policy professionals in Washington because he’s seen as stable and reasonable. This despite amping up his histrionics to fit his hawkish conservative internationalism within Trump’s “America First” creed. His painful genuflecting before his 2016 primary opponent is typical of the rite of humiliation Trump demands of former foes.

But his best qualities were on display when the Florida senator held court in his confirmation hearing Wednesday, conducting a sweeping global seminar, without notes, and displaying impressive depth. Not only did he know what ASEAN was -- unlike his counterpart for Trump's pick for secretary of defense, Pete Hegseth, who testified on Tuesday -- he offered a intricate analysis of the Southeast Asian grouping’s internal political dynamics and views on Beijing.

Rubio also showcased his intense suspicion of China, describing the rising giant as the most “potent and dangerous near peer adversary this nation has ever confronted.” Despite his long-term hostility towards Vladimir Putin, Rubio argued that Ukraine would be unable to fully repel the Russian invasion and that the war should end, aligning himself with the president-elect. But he reassured foreign policy traditionalists by saying he still supports a law that he helped write that means Trump can’t quit NATO without Senate approval.

After Trump refused to rule out sending troops to take back the Panama Canal, Rubio suggested that the terms under which the US turned over the critical waterway may have been violated by two Chinese ports at its ends. But he stressed Panama’s government was a friend of the United States and that the situation could probably be sorted out. This is an example of how Rubio hopes to leverage Trump’s saber rattling to fashion a cohesive American foreign policy.

Not everyone in the Senate Foreign Relations Committee agrees with Rubio, but senators on both sides were wowed by his expertise. Democratic Sen. Tim Kaine said, “We are used to nominees who know a lot about a couple of things or sometimes who know very little about virtually everything.”

Rubio is taking a big risk in leaving the Senate’s clubby confines for Trump’s three-ring circus. The fault lines of an eventual schism with the new president are already evident. While he wants to crack down on China, the president-elect seems to be itching to do deals with leader Xi Jinping. Rubio is a long-time proponent of human rights, a universal value for which his new boss has little time. Trump has also boxed Rubio in by appointing a slew of envoys who will bite chunks out of his portfolio. Turf wars also rage between the State Department and the White House. But it’s all magnified ten-fold under Trump.

And sooner or later, Trump sours on everyone. While Rubio travels the world, MAGA loyalists will be trashing him to the president and reminding Trump of their “small hands” showdown during the 2016 campaign. This is where Rubio’s relationship with new national security adviser Mike Waltz, a Florida House member, who is said to be close to the Florida senator, will be especially critical.

Rubio knows the drill. He repeatedly stressed Wednesday that Trump will be making foreign policy and he’ll just be implementing it, showing how Cabinet members must minimize their own clout to keep the president-elect sweet.

It’s no secret Rubio still pines to be president. So he must stay in Trump’s favor and build bonds with the MAGA base so he can run as his heir. He could then leave Foggy Bottom to launch a GOP primary campaign in 2027, in a crowded field that may include Vice President-elect JD Vance, Florida Gov. Ron DeSantis and even Trump’s son Don Jr.

In 2015, Dan Gelber, a former Florida House Democratic minority leader, told CNN about a warning he gave to his party when the young Rubio was the speaker of the state’s legislature. “When Marco Rubio speaks, young women swoon, old women faint and toilets flush themselves,” he said. “This guy is really good. Marco is instinctive. He is also very, very disciplined.”

Soon-to-be-Secretary of State Rubio will need all those skills to keep his political career alive.

sábado, 11 de janeiro de 2025

Diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela - Vitelio Brustolin, Arthur Ambrogi (CNN)

Comentário inicial de Paulo Roberto de Almeida:

A politica externa brasileira apresentou certa consistência conceitual com a diplomacia profissional desde o segundo governo da ditadura militar até o segundo governo FHC, uma diplomacia presidencial mas fortemente amparada na metodologia prática do Itamaraty. Essa coerência foi rompida desde o primeiro governo Lula, quando são introduzudos os primeiros elementos de uma diplomacia partidária de um partido sectário e anacronicamente antiamericano e de uma diplomacia presidencial extremamente personalista. Um apparatchik a serviço dos interesses cubanos passou a desviar algumas vertentes da politica externa oficial para objetivos partidários inconsistentes com os interesses nacionais e em desconformidade com as práticas do Itamaraty (contatos clandestinos conduzidos mais pelos “mestres” cubanos que influenciaram as pressões partidários).

A incoerência foi exacerbada sob o bolsolavismo diplomático, quando o Itamaraty foi dominado por ignorantes submissos a um dirigente incompetente fascinado pelo personalismo trumpista. Nunca o Itamaraty foi tão humilhado quanto nesse periodo de isolamento internacional.

Lula 3 representa o retorno confuso a uma diplomacia partidária que é também um exagero no presidencialismo personalista, tornando a politica externa ainda mais incoerente e inconsistente.

O artigo abaixo reflete um dos aspectos dessa politica externa incoerente e inconsistente com os valores e princípios da diplomacia brasileira tradicional, aliás valores e principios que já estão consolidados constitucionalmente e que são desprezados pelos dirigentes despreparados que ocupam o poder no Brasil atualmente. Mais um período de submissão do Itamaraty a desígnios contraditórios com os interesses nacionais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 11/02/2025

Análise: Diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela

Vitelio Brustolin, colaboração de Arthur Ambrogi

CNN, 10/01/2025


O governo brasileiro está reconhecendo Nicolás Maduro como o chefe de Estado da Venezuela. No entanto, já que o governo brasileiro não vai validar o resultado das eleições venezuelanas de 2024, está implícito que o Brasil reconhece Maduro como ditador daquele país. Em outras palavras: Maduro não venceu, mas ganhou.

Pelo Direito Internacional, o reconhecimento de um governo pode ocorrer por meio de duas formas: expressa ou tácita. A forma expressa se dá por escrito – publicando uma declaração ou nota diplomática. A forma tácita se dá pelo relacionamento com esse governo. Na prática, só muda o formalismo, os efeitos são os mesmos.

Conforme resume Hildebrando Accioly, em seu “Manual de Direito Internacional Público”, os Estados Unidos sustentam, desde a sua independência, que se deve reconhecer como legítimo o governo oriundo da vontade nacional, claramente manifestada.

A esse princípio foi adicionado, posteriormente, o da intenção e capacidade do governo de cumprir as obrigações internacionais do estado. A doutrina brasileira se aproxima muito dessa formulação, no entanto, historicamente o Brasil leva em conta, também, as seguintes circunstâncias:

  • Primeiro, a existência real de governo aceito e obedecido pelo povo;
  • Segundo, a estabilidade desse governo;
  • Terceiro, a aceitação, por este, da responsabilidade pelas obrigações internacionais do respectivo estado.

É bastante questionável que o governo de Maduro seja “aceito pelo povo”, já que seu poder é imposto com punho de ferro, por meio da opressão. Maduro seguiu os passos de Hugo Chávez, cooptando as Forças Armadas da Venezuela.

O país é um dos que têm maior proporção de generais no mundo: são mais de 2 mil. Para fins de comparação, o Brasil tem cerca de 300 generais, embora a quantidade de militares nos dois países seja praticamente a mesma: 360 mil.

Promoções, benesses e salários comparativamente elevados para as maiores patentes tornam os militares parte fundamental do regime. A isso soma-se o temor de responderem pelos crimes contra a população.

Relatórios produzidos por uma missão criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) elencam os seguintes crimes cometidos há anos pelo aparato opressivo: tortura, espancamento, asfixia, violência sexual, prisões arbitrárias, censura, repressão e violações de direitos humanos.

Também é questionável que o governo seja estável, já que as pessoas que fogem do país denunciam os abusos do regime para se perpetuar no poder.

Segundo a Agência da ONU para as Migrações, em agosto de 2023, havia mais de 7,7 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos em todo o mundo. A maioria deles vive em países da América Latina.

Desde 2017, mais de 800 mil venezuelanos entraram no Brasil, quase todos a partir de Roraima, que faz fronteira com aquele país. São 7,7 milhões de pessoas que fugiram de um país cuja população é de 28 milhões.

A estabilidade também não é percebida nas eleições. As últimas a que se pode creditar alguma legitimidade foram em 2015, quando a coalizão oposicionista conquistou 99 dos 167 assentos da Assembleia Nacional.

Essa oposição passou a levar questões contra o governo para o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ). Maduro então iniciou um processo de aposentadoria dos juízes do TSJ e a substituição deles por correligionários seus. As eleições seguintes passaram a ser boicotadas pela oposição, que não encontrava condições justas para concorrer.

Por fim, é questionável que o governo Maduro aceite cumprir as “obrigações internacionais” da Venezuela. A dívida da Venezuela com o Brasil ultrapassa R$ 15 bilhões, na cotação de hoje.

Em dólares, são US$ 1,5 bilhão via BNDES, mais cerca de US$ 1 bilhão em exportações de produtos brasileiros ao país. Hoje não há qualquer expectativa de que o Brasil venha a receber esses valores. A Venezuela também não cumpre as resoluções da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Em agosto, os países-membros aprovaram por consenso a cobrança da publicação das atas das eleições presidenciais de 2024.

Maduro não publicou e não irá publicar as atas. Não fará isso, porque perdeu as eleições, conforme demonstra o Centro Carter, que foi um dos poucos observadores internacionais autorizados pela Venezuela para as eleições de 28 de julho de 2023.

Em outubro, o Centro Carter apresentou cópias feitas por conta própria das atas à OEA, explicitando que Edmundo González obteve mais de 67% dos votos e Nicolás Maduro conseguiu 31%.

A oposição tinha conseguido fotografar 80% das atas, que já demonstravam a vitória de González. O Centro Carter, no entanto, conseguiu registrar todas as atas, incluindo seus códigos QR. Trata-se de uma prova incontestável da vitória de González no pleito.

A ONU já havia atestado que as atas apresentadas pela oposição eram verídicas, com base em um relatório produzido por um painel de seus especialistas que observaram as eleições na Venezuela. Tanto os funcionários da ONU quanto os do Centro Carter tiveram que sair do país após as eleições.

Em 2023, Lula posicionou o Brasil como observador dos Acordos de Barbados. Os Acordos garantiriam que as sanções impostas à Venezuela pelos Estados Unidos, União Europeia e outros países fossem retiradas. Em troca disso, seriam promovidas eleições justas.

Maduro sempre criticou as sanções como principal motivo de empobrecimento do país, a despeito dos 300 bilhões de barris de petróleo confirmados – a maior reserva do mundo.

Apesar desse discurso, as sanções da União Europeia são apenas um embargo às armas e ao equipamento que o regime usa para repressão interna.

Foi imposta a proibição de viajar e o congelamento de bens de 54 funcionários responsáveis por violações de direitos humanos e por minar a democracia e o Estado de direito na Venezuela.

Por sua vez, os Estados Unidos impuseram sanções de bloqueio de bens a 11 indivíduos e 25 empresas que possuem ligações com o governo Maduro, designando-os como narcotraficantes.

Seja como for, é evidente que a retirada das sanções nunca foi uma prioridade para Maduro, pois bastaria que tivesse promovido eleições justas para que elas fossem eliminadas.

Ocorre que após as denúncias da oposição sobre a fraude nas eleições de 2024, bem como a apresentação de fotos das atas, não restou opção ao governo brasileiro, a não ser exigir a apresentação das atas eleitorais por parte de Maduro.


Isso, a despeito do partido de Lula, o PT, ter reconhecido a suposta vitória de Maduro, além de enviar representantes para sua posse, juntamente com o MST.

A opressão ditatorial de Maduro que se seguiu à eleição, com a prisão de mais de 2 mil opositores, sepultou qualquer avanço na reaproximação com a Venezuela, que vinha sendo operacionalizada pelo assessor Celso Amorim.

A relação entre Lula e Maduro continuou esfriando. Maduro acusou “a diplomacia brasileira” de ter vetado o ingresso da Venezuela no BRICs+. Também insinuou que Lula deveria “tomar um chá de camomila” para se acalmar, entre outras farpas lançadas publicamente.

Nesse contexto, e diante do rompimento das relações diplomáticas de vários países com a Venezuela, dentre os quais, Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai, o governo brasileiro deixou claro que não desejaria seguir pelo mesmo caminho.

Há cerca de 20 mil brasileiros na Venezuela e romper relações seria potencialmente prejudicial a eles. Além disso, em julho de 2024, o Brasil assumiu a Embaixada da Argentina na capital venezuelana.

O precedente do chefe da representação brasileira na Nicarágua, Breno Souza da Costa, em agosto, já havia deixado o Itamaraty em alerta. Ao não comparecer ao evento de aniversário da Revolução Sandinista, comemorado no dia 19 de julho, o diplomata brasileiro foi expulso pelo ditador Daniel Ortega.

Antes que o Brasil adotasse o princípio de reciprocidade e expulsasse a embaixadora da Nicarágua, Fulvia Castro, ela foi chamada de volta para Manágua.

O envio da embaixadora brasileira em Caracas, Glivânia de Oliveira, para a posse de Nicolás Maduro constitui um reconhecimento tácito do governo Maduro. A diplomacia ‘presidencial’ brasileira avançou demais e criou uma armadilha para si.

Historicamente, Lula foi um apoiador dos governos Chávez e Maduro. Receber este com honrarias de chefe de Estado em Brasília, em 2023, no entanto, foi um erro.

Também foi um erro ter relativizado o conceito de democracia. Já naquela época eram públicos os relatórios sobre as violações de direitos humanos, crimes generalizados e a opressão do ditador venezuelano.

Também era notório o fluxo de refugiados venezuelanos para o Brasil. Alguns poderiam acusar o governo brasileiro de ingenuidade, porém Lula seguiu apenas o modus operandi que sempre teve com os governos do país vizinho.

Fórum CNN

Os artigos publicados pelo Fórum CNN buscam estimular o debate, a reflexão e dar luz a visões sobre os principais desafios, problemas e soluções enfrentados pelo Brasil e por outros países do mundo.

Os textos publicados no Fórum CNN não refletem, necessariamente, a opinião da CNN.

**Texto em colaboração com Arthur Ambrogi – Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Mackenzie.


Análise: diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela - Vitelio Brustolin e Arthur Ambrogi (CNN)

 Vitelio Brustolin e Arthur Ambrogi escrevem sobre o caso de afinidade pouco eletiva do Brasil com a ditadura venezuelana:


Análise: diplomacia brasileira criou uma armadilha para si e caiu nela na Venezuela

Segue artigo sobre a Venezuela que escrevi com o colega Arthur Ambrogi e que acaba de ser publicado pela CNN Brasil. O enfoque foi no Direito Internacional e nos princípios da diplomacia brasileira para o reconhecimento de governos. Eles seriam aplicáveis ao governo Maduro? Segue um trecho e o link para leitura na íntegra: 

“Pelo Direito Internacional, o reconhecimento de um governo pode ocorrer por meio de duas formas: expressa ou tácita. A forma expressa se dá por escrito – publicando uma declaração ou nota diplomática. A forma tácita se dá pelo relacionamento com esse governo. Na prática, só muda o formalismo, os efeitos são os mesmos. 

Conforme resume Hildebrando Accioly, em seu “Manual de Direito Internacional Público”, os Estados Unidos sustentam, desde a sua independência, que se deve reconhecer como legítimo o governo oriundo da vontade nacional, claramente manifestada.

A esse princípio foi adicionado, posteriormente, o da intenção e capacidade do governo de cumprir as obrigações internacionais do estado. A doutrina brasileira se aproxima muito dessa formulação, no entanto, historicamente o Brasil leva em conta, também, as seguintes circunstâncias:

- Primeiro, a existência real de governo aceito e obedecido pelo povo;

- Segundo, a estabilidade desse governo;

- Terceiro, a aceitação, por este, da responsabilidade pelas obrigações internacionais do respectivo estado. (…)” 

Leia o artigo na íntegra aqui: https://www.cnnbrasil.com.br/forum-opiniao/analise-diplomacia-brasileira-criou-uma-armadilha-para-si-e-caiu-nela-na-venezuela/


quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Há um divórcio entre a diplomacia brasileira e a política de defesa do Brasil, diz Vitelio Brustolin (WW, CNN)

Há um divórcio entre a diplomacia brasileira e a política de defesa do Brasil, diz especialista à CNN

Vitelio Brustolin destaca alinhamento diplomático com Rússia e China, enquanto política de defesa mantém laços com países da OTAN

Da CNN , 

Um especialista em relações internacionais apontou uma significativa discrepância entre a política externa e a política de defesa do Brasil, levantando questões sobre a coerência estratégica do país no cenário global.

Vitelio Brustolin, pesquisador de Harvard e professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), destacou em entrevista ao WW o que ele chama de “divórcio” entre estas duas esferas cruciais da política brasileira.

Alinhamento Contraditório

Segundo Brustolin, enquanto a diplomacia brasileira busca um alinhamento com potências como Rússia e China, a política de defesa do país continua fortemente ligada aos países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

“O Brasil, em 2021, estava fazendo exercícios com países da OTAN no Mar Negro, que hoje é teatro de operações da guerra da Rússia contra a Ucrânia”, exemplificou o especialista.

O professor ressaltou que o Brasil adquire equipamentos militares de países da OTAN desde a Segunda Guerra Mundial. Ele citou exemplos como veículos do exército da Itália, equipamentos navais da França, caças Gripen da Suécia e colaboração com os Estados Unidos no programa espacial brasileiro.

Desafios Práticos

Brustolin argumenta que esta divergência cria desafios práticos para o Brasil. “O Brasil não tem nem munição para projetar poder para ajudar a China a invadir Taiwan”, afirmou, ilustrando a inviabilidade de um alinhamento militar efetivo com potências como China e Rússia no curto prazo.

O especialista enfatiza que, para um alinhamento coerente com Rússia e China, o Brasil precisaria primeiro alinhar sua política de defesa, incluindo a produção de equipamentos compatíveis e treinamento conjunto de tropas, um processo que levaria décadas.

“Não adianta a gente ir para um lado com a política externa e para o outro com a política de defesa, as duas têm que andar juntas”, concluiu Brustolin, ressaltando a necessidade de uma estratégia mais coesa e de longo prazo para a posição do Brasil no cenário internacional.

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William Waack

Uma avaliação dos nossos riscos

Opinião

|Sob Lula, Brasil perdeu projeção internacional

Apelos do presidente por “justiça” ou “inclusão” dos países pobres em instâncias que deveriam ser de governança global são apelos morais feitos por quem abandonou a moralidade. 


sábado, 24 de agosto de 2024

Vergonhosa entrevista do assessor presidencial internacional - CNN

 Poucas vezes fomos confrontados com afirmações tão desonestas, tão deformadas em seu vies pró-chavista. PRA

Venezuela: Não é correto reconhecer presidente com “atas nas mãos da oposição”, diz Amorim à CNN 

Celso Amorim destaca problemas na eleição venezuelana, sugere nova votação com supervisão da União Europeia e alerta para a necessidade de diálogo e reconciliação nacional 

Da CNN

Leia abaixo uma versão editada da entrevista que a CNN fez com Amorim:

CNN: O que o senhor está lendo sobre o que está acontecendo na Venezuela hoje, levando em conta que já se passaram várias semanas desde as eleições?

Celso Amorim: Estive na Venezuela durante as eleições, inclusive com o presidente Maduro, no dia seguinte; também estava presente o presidente da Assembleia Nacional, e falei sobre a necessidade de ter as atas.

Isso faz parte do acordo de Barbados, aceitar a transparência da parte deles e, para dirimir qualquer dúvida, seria importante ter as atas.

Ele me disse que seria uma questão de dias, de alguns dias, ele até acrescentou, “como sempre ocorre”. Mas, bem, ainda não as temos.

Do outro lado, temos as atas da oposição, mas também não me parece correto basear o reconhecimento de um presidente em atas que estão nas mãos da oposição, de um partido, não do Conselho Nacional Eleitoral. Embora saibamos que são cópias, não me parece correto.

CNN: Essa promessa de que em poucos dias as atas apareceriam, Nicolás Maduro fez diretamente ao senhor?

Amorim: Vamos ter que pensar com imaginação.

Enfrentamos uma situação, não era idêntica, os fatos não eram os mesmos, mas uma situação muito difícil após a tentativa de golpe de Estado em 2002, e em 2003 criamos um grupo de amigos que analisaram a situação e fizeram propostas que os dois lados aceitaram e, naquele caso, foi um referendo revogatório.

Agora não é o caso, mas será necessária alguma imaginação e também tolerância de ambas as partes, pois é um problema muito sério. Não se trata apenas de quem venceu uma eleição; há uma divisão muito profunda, e me parece que é necessária uma reconciliação nacional.

Uma pessoa vota durante as eleições presidenciais na Escola Ecológica Bolivariana Simon Rodriguez em 28 de julho de 2024 em Fort Tiuna, Caracas, Venezuela • Jesus Vargas/Getty Images

CNN: Esse exercício de imaginação poderia chegar ao ponto de pedir novas eleições na Venezuela?

Amorim: Já se falou sobre isso, mas não podem dizer que é uma proposta do Brasil, porque não deve ser uma proposta do Brasil ou de outro país, deve haver um diálogo do qual possa surgir uma solução.

Poderia ser isso, não sei se seria suficiente, teria que fazer parte de um pacote, como disse o presidente (Gustavo) Petro no X, que tenha garantias recíprocas entre o governo e a oposição. Não só a garantia de não perseguição, mas também garantias de participação no processo eleitoral.

No próximo ano, estão programadas as eleições parlamentares e regionais. É muito importante que… São mais de dois partidos, mas que os dois lados principais possam participar livremente.

CNN: Essa ideia de repetir as eleições, pelo menos em uma primeira reação oficial da oposição, por exemplo, no caso de María Corina Machado, não foi bem aceita. Há outro caminho?

Amorim: O fundamental é o diálogo, e no diálogo deve haver um pacote. Por exemplo, a UE seria uma boa entidade para acompanhar as eleições. Eles estavam convidados, mas o convite foi retirado porque a UE manteve as sanções.

Então, deve haver tolerância, não deve haver arrogância daqueles que querem ajudar, porque é fundamental lembrar que a Venezuela é um país independente. Estamos tentando ajudar, como fizemos há 20 anos com o referendo revogatório, mas não para intervir, não para dar uma prescrição, dizendo “façam isso”.

CNN: A principal líder da oposição, María Corina Machado, não quer novas eleições. O que o senhor acha disso?

Amorim: Não consigo compreender. Se ambos os lados dizem que venceram, por que não realizar outra eleição em que se possam evitar os problemas que, dizem, contaminaram essa eleição? Se ela ganhou, provavelmente ganhará de novo, não?

Não estou questionando a Corina (Machado) nem nada parecido, estou dizendo que o diálogo é importante, a tolerância é importante.

No caso da Venezuela, há uma divisão muito profunda, parece que são quase dois países, não é possível isso. Deve haver um diálogo, e os amigos do diálogo podem estar presentes.

Para Amorim, diálogo com o país vizinho é essencial • ANDRE VIOLATTI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Naquela época… Não estou dizendo que as soluções são as mesmas, mas foi criado o grupo Amigos da Venezuela, que incluía o Brasil, por exemplo, que tinha um bom diálogo com (Hugo) Chávez, mas também os Estados Unidos ou a Espanha, que tinham reconhecido, inclusive, o golpe de Estado.

CNN: O senhor acredita que Maduro eventualmente reconheceria uma derrota em uma segunda eleição?

Amorim: Se houver uma supervisão real… Mas, para isso, seria importante que a UE suspendesse as sanções. Se houver uma supervisão real, o problema não surgirá, porque a própria supervisão evitará as dúvidas que existem agora.

CNN: Vou fazer uma pergunta que parece pessoal, mas é política. Quando o senhor viu cara a cara Nicolás Maduro e ele lhe prometeu que em poucos dias as atas eleitorais apareceriam, o senhor acreditou nele?

Amorim: Tenho 82 anos, tenho um grau suficiente de ceticismo político, mas também tenho confiança no ser humano, então preferi acreditar. Não estou acusando de nada, mas esse é o fato.

CNN: Qual é a sua opinião e a do Brasil sobre as denúncias de detenções arbitrárias e até mesmo de pessoas cujo paradeiro ainda é desconhecido após as eleições?

Amorim: Não conheço os detalhes das detenções. Claro que somos contra todo tipo de detenção política e espero que isso seja resolvido também em um contexto de reconciliação e diálogo, porque não há outra maneira de enfrentar isso.

Países como Colômbia, Brasil, México também — mas o México agora está em uma transição, então é mais difícil –, mas estamos lá. E qualquer país de fora da região, desde que não seja com arrogância.

CNN: A posição histórica do Brasil em relação à Venezuela pode mudar se tudo continuar como está e as atas eleitorais não aparecerem?

Amorim: A posição histórica do Brasil é ajudar a encontrar uma solução.

Na época, Chávez nos procurou porque queria que o ajudássemos; ele queria mais um grupo de amigos de Chávez do que de amigos da Venezuela, e o presidente (Lula) lhe disse isso, exatamente com essas palavras, ao presidente Chávez.

O assessor especial da presidência, Celso Amorim, e o presidente Lula
O assessor especial da presidência, Celso Amorim, e o presidente Lula • Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil – 26/06/2023

Finalmente, foi criado um grupo que era composto pelo Brasil, mas também pelos Estados Unidos, México, Chile, Espanha e Portugal. Então, havia pessoas mais próximas de Chávez e pessoas mais próximas da oposição.

Isso permitiu que se chegasse a uma conclusão que foi justamente, naquele caso, aplicável, o referendo revogatório. Chávez ganhou com uma margem bastante grande.

Agora, não sei, você perguntou sobre novas eleições, talvez, quem sabe? Não posso dizer com certeza que seja isso, mas sim o diálogo, que pode ser um diálogo com facilitadores, pensado um pouco fora da caixa, pode-se chegar a esse acordo.

Você me pergunta se sou otimista, nesse caso… A gente tem que ser otimista sempre, mas é muito difícil. Não quero simplificar a situação.

CNN: Esse otimismo ao qual o senhor se refere também é compartilhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Amorim: Isso é muito pessoal, mas se Lula não fosse otimista, não estaria onde está agora, depois de ser colocado de maneira totalmente injusta na prisão.

Ele conseguiu provar que era inocente e foi eleito pela terceira vez pelo povo brasileiro. É o primeiro presidente reeleito pela terceira vez no Brasil, sem mudar nenhuma regra.

CNN: É possível continuar sendo amigo de um país que não tem eleições transparentes, se isso for comprovado?

Amorim: A Venezuela é vizinha do Brasil. Os amigos (sic) são amigos dos vizinhos. Os vizinhos devem se tratar bem. Tenho esperança de que encontremos uma solução que permita uma boa relação com o governo da Venezuela.

CNN: Mas você tem vizinhos que são amigos com uma parte importante da população dizendo que essas eleições não terminaram com Maduro como presidente.

Amorim: Somos amigos da Venezuela, não de uma parte ou outra, somos amigos da justiça, da verdade, e isso é o que queremos.

Ata eleitoral da Venezuela • Luciana Taddeo/CNN

CNN: O que o senhor acha que aconteceu com o processo eleitoral que o governo dizia que seria completamente transparente? Em que momento tudo se complicou tanto?

Amorim: Não tenho elementos para dizer em que momento isso aconteceu. O que sei é que, quando estive com o presidente, ele disse claramente que o CNE publicaria as atas em poucos dias e isso não aconteceu.

Eles alegam que houve hackeamento, eu não tenho como julgar isso. Mas, de qualquer forma, não cabe a nós fazer um julgamento de valor sobre cada coisa. Temos que fomentar um diálogo do qual possa surgir uma solução.

CNN: O senhor estaria disposto a voltar se o presidente do Brasil lhe pedisse?

Amorim: Sou assessor de Lula, não sou assessor nem de Maduro nem de Edmundo (González Urrutia), mas se Lula me pedir, pode ser.

CNN: Mas o senhor poderia ser um dos negociadores, um dos interlocutores válidos para tentar encaminhar esse processo?

Amorim: Vamos deixar o tempo passar e ver como as coisas acontecem.

CNN: Quanto tempo seria razoável?

Amorim: Quando se fala em tempo, parece que há um ultimato. Isso é sempre negativo, porque fazer um ultimato a um país e obrigá-lo a algo é invadir sua soberania. Por outro lado, se for feito um ultimato e não for cumprido, perdemos a credibilidade.

Vamos continuar conversando, haverá um momento em que haverá um cansaço, não sei, mas ainda não chegamos exatamente a isso.


sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Governo brasileiro caiu em mais uma de suas armadilhas com posição sobre Venezuela, diz Rubens Barbosa (CNN)

Governo brasileiro caiu em mais uma de suas armadilhas com posição sobre Venezuela, diz ex-embaixador à CNN 

Ex-embaixador Rubens Barbosa diz que o governo brasileiro se encontra em uma posição difícil diante da decisão do Supremo Tribunal da Venezuela de reconhecer a vitória de Maduro 

Da CNN22/08/2024 às 23:03

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/o-governo-brasileiro-caiu-em-mais-uma-de-sua-armadilhas-diz-ex-embaixador-a-cnn/

O ex-embaixador Rubens Barbosa criticou duramente a posição do governo brasileiro em relação às recentes eleições na Venezuela.

Segundo o diplomata, o Brasil “caiu em mais uma de suas armadilhas” ao afirmar que a Justiça venezuelana seria responsável por solucionar a crise política no país.

Durante sua participação no programa WW da CNN Brasil, Barbosa comentou a decisão do Supremo Tribunal da Venezuela de declarar a vitória do presidente Nicolás Maduro nas últimas eleições.

O ex-embaixador destacou que o presidente Lula (PT) havia anteriormente declarado que era normal haver divergências e que a oposição poderia contestar o resultado da eleição.

Coerência política em xeque

Rubens Barbosa argumentou que o governo brasileiro se encontra agora em uma posição difícil.

“Como ele propôs que ocorresse o que ocorreu e que deveria ser a decisão da Suprema Corte, o que ele vai fazer agora? Vai reconhecer o resultado ou vai ficar calado sem fazer nada?”, questionou o diplomata.

Na opinião do ex-embaixador, o presidente Lula provavelmente não reconhecerá o resultado das eleições venezuelanas por questões de política interna e optará por permanecer em silêncio.

No entanto, Barbosa enfatizou que, para ser coerente com suas declarações anteriores, Lula deveria reconhecer o resultado da eleição.

A situação coloca em evidência os desafios enfrentados pela diplomacia brasileira na região, especialmente em relação a governos controversos como o de Nicolás Maduro.

O posicionamento do Brasil neste caso pode ter implicações significativas para as relações do país com a Venezuela e outros parceiros internacionais.


terça-feira, 23 de julho de 2024

A grande dama da democracia americana: Nancy Pelosi - Stephen Collinson, Caitlin Hu and Shelby Rose (CNN)

 CNN Meanwhile in America