O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador Documento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Documento. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Vamos discutir o Brasil - Rubens Barbosa (O Estado de S. Paulo)

 O embaixador Rubens Barbosa lamdnta a falta de espaço na sociedade e nas esferas políticas para um debate aprofundado sobre os problemas nacionais e sua possível solução. PRA



Vamos discutir o Brasil

É quase inexistente hoje o pensamento sobre o Brasil como país, e não como palco de disputas ideológicas e partidárias

Opinião: Rubens Barbosa 

O Estado de S. Paulo, 14/01/2025

“Tinha razão aquele velho brasileiro que, escandalizado com a futilidade dos nossos debates políticos, lembrava a conveniência de, ao lado do Congresso Nacional, organizar-se uma comissão permanente de brasileiros de boa vontade, sem outra preocupação que a prosperidade e a grandeza da Pátria, para o fim de estudar e resolver os grandes problemas políticos de nossa terra. O Congresso ficaria para as parolagens inúteis, para os bate-bocas apaixonados, para as exibições teatrais (...).” Nada mais atual do que o comentário publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 23 de novembro de 1935.

Nos dias que correm, a divisão e a polarização da sociedade brasileira dificultam e influenciam a discussão e o debate sobre os múltiplos aspectos das questões nacionais. O foco de debate reproduzido pela mídia tradicional e pela mídia social reflete aspectos importantes da economia, da política, das questões sociais, das questões identitárias, as reformas estruturais, a relação entre Executivo, Legislativo e Judiciário, as questões ambientais e de mudança de clima, a violência e a corrupção. São raramente analisados os impactos relacionados com o cenário global (guerras, nacionalismo, protecionismo, geoeconomia e uso da força, inovação, inteligência artificial, entre outras) sobre a economia e a política nacionais.

Discute-se tudo, mas pouco ou quase nada sobre o Brasil. É quase inexistente hoje o pensamento sobre o Brasil como país, e não como palco de disputas ideológicas e partidárias. A ausência de lideranças no governo, no Legislativo, no Judiciário, na classe política, nos setores industriais e agrícolas contribui para a discussão fatiada, sem a preocupação mais geral de pensar o Brasil em primeiro lugar, em um mundo em grandes transformações, e sem reconhecer as mudanças ocorridas nas últimas décadas no País e no seu entorno geográfico (América Latina e do Sul), relevantes para uma análise objetiva. Está mudando a economia global, a ordem internacional, a geopolítica, o meio ambiente e a mudança de clima, a inovação tecnológica se acelerou e a inteligência artificial criou desafios na área civil e militar, a geoeconomia e a segurança nacional são as forças do momento. Qual o impacto dessas transformações sobre o Brasil? Quais as decisões estratégicas, internas e externas, que terão de ser adotadas para o Brasil responder a esses desafios? Como tentar reduzir as vulnerabilidades e aproveitar as oportunidades que se oferecem na nova ordem econômica e mundial? Como enfrentar as novas e as tradicionais ameaças à soberania, ao desenvolvimento e à segurança do País?

A radicalização da política interna, na minha visão, torna difícil, neste momento, a discussão sobre um projeto para o Brasil. Na impossibilidade de se chegar a um acordo em torno de um projeto nacional por diferenças ideológicas e político-partidárias, torna-se necessário preencher essa grave lacuna do ponto de vista estratégico. Não existe nenhum documento oficial (e poucos de origem na academia) que pensem o Brasil no contexto global e que tenha sido discutido com a sociedade civil.

Chegou a hora de começar a discutir o Brasil e tentar colocar os interesses nacionais permanentes acima de visões setoriais, como fazem todos os principais países do mundo, com uma visão de médio e longo prazo. O documento Uma Estratégia para o Brasil – O Lugar do Brasil no Mundo, preparado pelo Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), procura contribuir para um debate que está atrasado, mas que se faz necessário (interessenacional.com.br). Não se trata de um documento elaborado a partir das políticas do governo de turno nem com viés ideológico ou partidário. Necessariamente genérico, sempre com uma visão estratégica e não conjuntural, o trabalho trata dos objetivos nacionais, do lugar do Brasil no mundo, sinaliza as prioridades e vulnerabilidades de uma potência de médio porte emergente que tem um peso no cenário internacional como oitava economia global, com um território continental e mais de 210 milhões de habitantes. O documento vai além da Estratégia Nacional de Defesa e da Política Nacional de Defesa, produzidos pelo Ministério da Defesa, que refletem posições nacionais, mas de um ponto de vista setorial.

Durante o ano de 2025, serão promovidos encontros virtuais e presencias para discutir o trabalho e suscitar o debate sobre uma estratégia para o Brasil, do ponto de vista interno e externo, com uma visão de médio e longo prazo. Com isso, se pretende começar a focalizar o Brasil em primeiro lugar, em um novo mundo, em complemento ao debate interno conjuntural de todos os problemas políticos, econômicos e sociais nacionais.

O Irice, com o apoio do Portal Interesse Nacional, organizará uma série de encontros para sensibilizar a sociedade civil para esse debate. Serão buscadas parcerias com as Comissões de Relações Exteriores e de Defesa, da Câmara e do Senado, com os partidos políticos, com instituições civis e militares, públicas ou privadas, empresariais e acadêmicas, além de formadores de opinião na mídia social que possam se interessar.

Vamos discutir o Brasil acima de interesses ideológicos e partidários.

PRESIDENTE DO INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E COMÉRCIO EXTERIOR (IRICE)

https://www.estadao.com.br/opiniao/rubens-barbosa/vamos-discutir-o-brasil/

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Documento do Club de Madri: Leading in a World of Converging Crises - cinco grandes tarefas

Documento do Club de Madri: Leading in a World of Converging Crises

The recommendations are centred mainly around five main issues: a) ending the war in Ukraine; b) reforming the UN System; c) ensuring global food security; d) implementing debt restructuring; and,  e) accelerating the energy transition.

PRA: Permito-me observar que todas essas recomendações, por mais válidas que sejam, são extremamente complexas e basicamente dependentes de uma ampla convergência de objetivos e de uma concordância quanto aos meios entre as grandes potências, atualmente uma perspectiva praticamente impossível, dada a distância registrada entre as posições do "clube ocidental" (EUA e parceiros da OTAN) e as da "aliança sem limites" entre Rússia e China.

O Brasil, que deveria estar entre os primeiros, padece atualmente de uma enorme miopia diplomática, por força desse agrupamento bizarro chamado Brics. Parece que vai ficar pior, nesse sentido, no próximo governo, com uma liderança que ainda se recusa a denunciar as ditaduras de esquerda, e que não vai se distanciar das duas grandes ditaduras associadas ao Brics.

Paulo Roberto de Almeida


De: Secretaria General <secretariageneral@clubmadrid.org>

Date: qua, 2 de nov de 2022 09:31
Subject: Advocacy Support: Concluding Document PD2022

Dear Advisors,

It is a pleasure to contact you from Club de Madrid to share the Concluding Document resulting from the discussions held in this year's Annual Policy Dialogue on Leading in a World of Converging Crises.

As always, we reach out to you to kindly ask you to read the recommendations included in this document and if you find them appropriate, elevate and disseminate them broadly with your own network, including your respective governments, international organisations, and other relevant stakeholders that you may consider fit.

As you will see in the attached document, the recommendations are centred mainly around five main issues: a) ending the war in Ukraine; b) reforming the UN System; c) ensuring global food security; d) implementing debt restructuring; and,  e) accelerating the energy transition.

This document will be key in guiding our advocacy work in the coming months and we would be most grateful to count on your support in increasing the visibility of these recommendations when possible. As you may remember from previous communications, some of our targeted landing pads for these recommendations will be the G20, the UN High-Level Advisory Board on Effective Multilateralism, and international financial institutions, amongst others.

Below you will find examples of how you can share this document through your social media channels in case it is of interest to you. Please find also attached a family picture from the discussions and the image of this year´s Policy Dialogue for your reference and use.

@ClubdeMadrid Annual Policy Dialogue "Leading in a World of Converging Crises" has just ended. We will now share recommendations with #G7, #G20 and #UN – in our effort to contribute to an effective response to the megacrisis.
️ Know more: https://bit.ly/3gbU73x
#ClubdeMadridPD 
🍎#FoodCrisis💡#EnergyCrisis 📉#DebtCrisis

We thank you in advance for your constant support of the mission and work of our organisation. We also look forward to receiving any comments or suggestions you may have about potential platforms or stakeholders you consider might be relevant for our organisation to reach out to in order to share this document.

Best regards,

Logo
Twitter icon Instagram icon Youtube icon LinkedIn icon Facebook icon
Legal notice

María Elena Agüero
Secretary
General

 
Palacio de Cañete
C/ Mayor 69, planta 1
28013 Madrid, Spain
Office: +34 911 54 82 30
Cell: +34 678 53 07 61
clubmadrid.org


https://clubmadrid.org/wp-content/uploads/2022/11/031122-CONCLUDING-DOCUMENT-PD-2022.pdf 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A politica da China para a America Latina - visao positivo do documento

Documento de China para América Latina servirá para fortalecer relaciones, enfatizan analistas argentinas
Observatorio da Politica China, 07/12/2016
 
BUENOS AIRES, 6 dic (Xinhua) -- El documento que China presentó en noviembre sobre sus vínculos con América Latina y el Caribe (ALC) es "un instrumento para la mejora, profundización y generación de una estrategia para las relaciones conjuntas", enfatizaron hoy, martes, las expertas argentinas Nadia Radulovich y Cecilia Peralta.
BUENOS AIRES, 6 dic (Xinhua) -- El documento que China presentó en noviembre sobre sus vínculos con América Latina y el Caribe (ALC) es "un instrumento para la mejora, profundización y generación de una estrategia para las relaciones conjuntas", enfatizaron hoy, martes, las expertas argentinas Nadia Radulovich y Cecilia Peralta.
"Este nuevo documento busca un mayor compromiso a través de la 'persistencia' y 'cooperación' en varias áreas y sectores económicos, productivos, científico-tecnológico, informático, de inversiones, de comercio exterior, para llevar a una 'nueva altura' la asociación de cooperación integral China-ALC", dijeron en entrevista con Xinhua.
A su juicio, "las posibilidades de intercambios y cooperación entre las partes son muchísimas, al igual que las oportunidades de esta asociación de cooperación integral pueden significar para la región latinoamericana y el Caribe".
Las analistas, titulares del grupo de especialistas Asia Viewers e integrantes del Grupo China del Consejo Argentino para las Relaciones Internacionales (CARI), se referían así al texto que Beijing dio a conocer el 24 de noviembre.
El texto resalta que "pese a la distancia geográfica entre China y ALC, la amistad entre sus pueblos data de tiempos remotos. A raíz de la fundación de la Nueva China en 1949, y gracias a los esfuerzos mancomunados de varias generaciones, las relaciones chino-latinoamericanas y caribeñas han venido avanzando a pasos firmes por una trayectoria extraordinaria".
"En 2008 China tuvo la incitativa de publicar su Libro Blanco hacia ALC cuyo objetivo era establecer la asociación China-ALC. Desde el año 2013 los dirigentes chinos han planteado una serie de iniciativas y medidas de importancia con miras a robustecer las relaciones y la cooperación en diversas áreas", ponderaron.
En 2015, el volumen comercial entre China y América Latina alcanzó 236.500 millones de dólares, multiplicándose por 20 en la pasada década, según estadísticas oficiales de China.
En 2016, las relaciones entre China y América Latina han avanzado con el establecimiento de las nuevas plataformas tales como el Año de Intercambio Cultural China-América Latina y el foro de cooperación China-América Latina entre los gobiernos locales.
China ha firmado tratados de libre comercio (TLC) con varios países latinoamericanos. Con Chile, en noviembre de 2005, con Perú, en abril de 2009, y con Costa Rica, en 2010.
En la actualidad, China es el segundo mayor socio comercial y la tercera fuente de inversión de América Latina, mientras que América Latina es el séptimo mayor socio comercial de China, e importante destino de su inversión extranjera.
"Las áreas de cooperación en el ámbito de gobierno, cultura y educación son vastas y dejan en relieve temas como el intercambio de conocimiento así como también temas de medidas conjuntas en un tema tan complejo como la reducción de la pobreza", sostuvieron las observadoras.
También, añadieron, "desarrolla una sección muy detallada acerca de la coordinación internacional en temas como asuntos internacionales políticos, gobernanza económica global, implementación de la Agenda 2030 para el Desarrollo Sostenible y el cambio climático".
"La cooperación financiera en el desarrollo de infraestructura, en temas energéticos y temas de comercio, sobre todo en temas agrícolas, para fomentar conjuntamente la seguridad alimentaria son y serán los ejes de las relaciones entre China y América Latina para los próximos años", consideraron.
Subrayaron "la importancia de estudiar y analizar el documento con el fin de que nuestra región pueda también unirse al muevo compromiso chino y aprovechar de las posibilidades que puedan generarse de esta nueva fase de relacionamiento".

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Wikileaks-Brasil: mediando as Farc, ou pelo menos tentando...

Dentro da tragédia americana que representa a revelação de todos esses documentos operacionais, cabe reconhecer que eles auxiliam os historiadores do presente e os analistas políticos a se fazerem uma ideia do duplo discurso das autoridades brasileiras em relação a certos temas, entre eles o do terrorismo das Farc, na Colombia e cercanias.
Eles também revelam quão inconscientes ou ingênuos podem ser certos homens públicos, a menos que seja má-fé deliberada.
Em outros termos, o Brasil reconhece a presença das Farc, reconhece que a Colômbia representa o principal ponto de tensão na região, não faz nada para ajudar o vizinho país a resolver o seu problema, e ainda reclama quando o próprio país adota as soluções que acha mais adequadas para resolver essa ameaça terrorista, inclusive fazendo acordos de cooperação militar com o único país que se declarou disposto a ajudá-la (ainda que por interesse próprio, não importa, mas empenhou recursos, armas, homens, de qualquer maneira, o que o Brasil nunca fez).
Inacreditável, por outro lado, a alegação de que o Brasil pretenderia ser um "mediador" do conflito, o que seria aceitável nas mentes distorcidas dos militantes pró-cubanos e pró-Farc, mas não na cabeça de alguém que se pretende ministro da Defesa do Brasil. Mediar entre um Estado legalmente constituído, com um governo constitucionalmente eleito, e um grupo terrorista, que faz tráfico de drogas, pratica sequestros para sobreviver economicamente e cuja única função atualmente é aterrorisar as populações das regiões onde atua? Em que mundo vivem os dirigentes brasileiros? Num mundo da fantasia?
O Wikileaks ainda vai destruir várias reputações, desmantelar diversas hipocrisias, pegar muita gente mentindo em público e desmoralizar algumas carreiras políticas. Nisso, ele é bem vindo...
Finalmente, mais abaixo, os comentários de alguém, certamente muito odiado nesses meios que tentam "mediar" o conflito entre a Colômbia e as respeitáveis Farc... 
Paulo Roberto de Almeida

Brasil sabia da presença das Farc na Venezuela, segundo Wikileaks

Nelson Jobim, ministro da Defesa, também teria comentado a respeito da situação do Equador

Agencia Efe, 30 de novembro de 2010

O Brasil sabia da "presença" das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na Venezuela e considerava a Colômbia como a "principal fonte de instabilidade" na região, mostraram nesta terça-feira, 30, os novos documentos revelados pelo Wikileaks. 


Esta informação aparece em documentos enviados em novembro de 2009 da embaixada dos EUA em Brasília, que mostram conversas de uma funcionária americana, Lisa Kibuske, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
"Falando de temas de segurança regional", diz uma das mensagens, "Jobim reconheceu na prática a presença da guerrilha das Farc na Venezuela e ofereceu sugestões para criar confiança na fronteira entre Colômbia e Equador".
No entanto, Jobim diz que reconhece publicamente a presença das Farc na Venezuela impediria o trabalho de mediação de seu Governo. "Perguntado sobre a presença das Farc na Venezuela, disse que se reconhecesse sua presença poderia arruinar a capacidade do Brasil como país mediador", explica a nota.
Posteriormente, em outra mensagem, Jobim situa a "Colômbia no centro da potencial instabilidade da região" e considera a tentativa do então presidente Álvaro Uribe de optar por um terceiro mandato na Colômbia como "terrível".
Mais adiante, o ministro brasileiro volta a mostrar suas preocupações a respeito de Uribe, a quem "insiste em qualificar como a primeira fonte de tensões" na região andina.
Na conversa entre Lisa e Nelson Jobim, o ministro da Defesa também mostra "inquietação" sobre o acordo de defesa entre EUA e Colômbia, que permitirá que militares americanos utilizem bases no país andino, ao apontar que um dos memorandos que acompanha o acordo deixa em "evidência a falta de compreensão da América Latina" por parte de Washington.
No entanto, a funcionária finaliza com um balanço positivo seu encontro com Jobim, de quem destaca sua "proximidade ao presidente Lula em questões de segurança". "Apesar da tendência do Governo do Brasil de culpar a Colômbia pelas tensões atuais, seus esforços por manter a paz são sinceros e deveriam ser apoiados", afirma na nota.
Trata-se dos primeiros documentos nos quais a Colômbia é citada desde que o Wikileaks começou a publicação em massa no domingo de mais de 250 mil documentos diplomáticos americanos, muitos deles com revelações embaraçosas para Washington e seus aliados.

==============

O antiamericanismo bocó somado ao personalismo jeca-tatu…
Reinaldo Azevedo, 30.11.2010

O problema dos telegramas vazados pelo site WikiLeaks é que muitos tentam ver como política oficial — ou escolhas de governo — o que está na esfera das considerações, das análises, dos chutes, da fofoca. Já falo mais a respeito. Vamos a um caso em particular.

Em conversa com ex-embaixador americano no Brasil Clifford Sobel (20067-2009), Nelson Jobim, ministro da Defesa, teria definido Samuel Pinheiro Guimarães, então segundo homem no Itamaraty e hoje chefe da Sealopra (lembram-se dela?), como antiamericano; teria dito mesmo que ele “odeia os EUA” e “trabalha para criar problemas na relação”. Clifford enviou a mensagem a seu governo, e agora ela está no mundo…

Jobim já ligou para Guimarães para assegurar que não disse nada daquilo; que conversou, sim, com o embaixador, mas ele interpretou mal o sentido de suas palavras etc e tal. Lula  defende o ministro da Defesa. Vamos pensar.

Digamos que Jobim tenha dito o que lhe atribuem: mentira não é, certo? A hostilidade de Guimarães aos EUA e à política americana não precisa de conversa privada ou de fofoca para se manifestar. Está na cara. É pública. Mais: ao longo de oito anos, nas questões relevantes, o Itamaraty sempre procurou contrastar com os americanos: se eles queriam uma coisa, Celso Amorim demonstrava querer o contrário.

Nem Amorim nem Guimarães mandam em coisa nenhuma. Ambos refletiam as opiniões de Lula — é dele a política externa, certo? Tanto é assim que as relações do Brasil com os EUA pioraram com a eleição de Barack Obama. Já durante a campanha eleitoral do atual presidente americano, notava-se o incômodo de Lula. Ainda que pareça estúpido e mesquinho, o Babalorixá de Banânia achava que o outro era a única figura a lhe fazer sombra no mundo…

Some-se esse aspecto megalômano, delirante, à cultura antiamericana de onde deriva Guimarães, e encontraremos o Brasil a defender o programa nuclear do Irã e a se abster numa votação em que aquele país é condenado por violar os direitos humanos. Foi a soma do antiamericanismo bocó com o personalismo jeca-tatu.