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sábado, 15 de março de 2025

Nazismo, gemocídio, Holocausto, antissemitismo - via Airton Dirceu Lemmertz

Nazismo, gemocídio, Holocausto, antissemitismo 

 via Airton Dirceu Lemmertz

Fogueiras de livros e lavagem cerebral - como funcionava a máquina de propaganda liderada por Joseph Goebbels no regime nazista: https://www.youtube.com/watch?v=wVYYtQcXdyMhttps://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 

Gerald Granston tinha apenas seis anos quando fugiu com o pai da Alemanha nazista a bordo do navio S.S. St Louis rumo à Havana, mas a jornada não saiu de acordo com o planejado. Ele estava entre os refugiados judeus que os EUA e Cuba rejeitaram em 1939https://www.youtube.com/watch?v=f72a5fhNqYI 

Em julho de 1938, o cônsul do Brasil em Budapeste, Mário Moreira da Silva, enviou ao ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, uma circular secreta em que informava ter recusado a concessão de vistos a 47 pessoas "declaradamente de origem semita" (judeus) que buscavam migrar para o Brasil. Eles tentavam fugir enquanto o governo húngaro, aliado da Alemanha nazista, punha em marcha uma série de políticas antissemitas – que, seis anos depois, culminariam com o envio de meio milhão de judeus húngaros para campos de extermínio. E essa não foi uma posição isolada. Documentos diplomáticos compilados por Maria Luiza Tucci Carneiro, professora do Departamento de História da USP, mostram que o Brasil rejeitou ao menos 16 mil pedidos de visto feitos por judeus que fugiam do Holocausto ou tentavam reconstruir suas vidas após a Segunda Guerra. Os documentos jogam luz sobre um lado pouco conhecido da história da imigração no Brasil. Saiba mais sobre "a época em que o Brasil barrou milhares de judeus que fugiam do nazismo": https://www.youtube.com/watch?v=2ejUFezFVHghttps://www.bbc.com/portuguese/brasil-46899583 

A brasileira Aracy de Carvalho (1908-2011) trabalhou no consulado do Brasil em Hamburgo, na Alemanha, durante o regime nazista. Aracy teria burlado regras para dar vistos brasileiros a judeus alemães que tentavam escapar do país. Mas o historiador Fábio Koifman diz que isso é um mito. Ele e o historiador Rui Afonso, dois pesquisadores com mais de 20 anos de experiência nessa área, investigaram os vistos concedidos a alemães no consulado de Hamburgo entre 1938 e 1939https://www.youtube.com/watch?v=EdhqLhC1RsE https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59707747 

O britânico que levou centenas de crianças judias da Tchecoslováquia para o Reino Unido e conseguia famílias para cuidar delas: https://www.youtube.com/watch?v=SwNiIMNrYss 

Há 80 anos, as tropas soviéticas libertaram o campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau. Em pouco mais de quatro anos e meio, a Alemanha nazista executou sistematicamente pelo menos 1,1 milhão de pessoas no campo de Auschwitz, construído no sul da Polônia ocupada, perto da cidade de Oswiecim. Auschwitz estava no centro da campanha nazista para erradicar a população judaica da Europa, e quase um milhão dos que morreram lá eram judeus. Entre os outros que perderam suas vidas, estavam poloneses, ciganos e prisioneiros de guerra russos. E, no dia 27 de janeiro de 2025, para marcar a data, alguns dos últimos sobreviventes se juntaram a líderes mundiais em memória das 1,1 milhão de pessoas assassinadas no local. Auschwitz - como campo de extermínio se tornou centro do Holocausto nazista: https://www.youtube.com/watch?v=pTNF7KsGmdk (atenção: o conteúdo tem imagens que impactam profundamente muitas pessoas) 

Auschwitz: 80 anos da libertação do campo. https://www.youtube.com/watch?v=5yWZEBEoi8Q 

Um 'drone' percorre o maior campo de concentração nazista: https://www.youtube.com/watch?v=lonWtvhInsw 

Em abril de 1945, Richard Dimbleby, da BBC, foi o primeiro repórter a entrar no campo de concentração de Berger-Belsen, na Alemanha, que havia sido libertado pelas tropas aliadas. Ele fez um relato sobre a experiência, em que descreveu o horror inimaginável que testemunhou. Para muitos ouvintes ao redor do mundo, aquela foi a primeira vez em que se deram conta da brutal realidade vivida pelos prisioneiros do regime nazista. Estima-se que 70 mil pessoas tenham morrido no campo de concentração de Berger-Belsen. O apresentador Jonathan Dimbleby contou ao Witness Story, série documental da BBC, que seu pai desabou diversas vezes durante a gravação e que a BBC relutou em transmiti-lohttps://www.youtube.com/watch?v=5iE-tDJbam4 (atenção: contém cenas fortes) 

A libertação de Auschwitz por tropas soviéticas ocorreu em 27 de janeiro de 1945. Andor Stern é o único brasileiro nato a sobreviver ao campo de concentração que virou símbolo da "Solução Final da Questão Judaica", de Adolf Hitler. Andor Stern relata os momentos trágicos que enfrentou, principalmente no último ano da Segunda Guerra Mundial, quando foi deportado com sua família para o campo. Viu sua mãe e outros parentes serem levados para a câmara de gás do infame campo e só foi poupado para ser usado no trabalho escravo a que prisioneiros eram submetidos. Compartilha também sua visão de mundo repleta de sabedoria e gratidão pelas coisas simples da vida. https://www.youtube.com/watch?v=q0ULzaJtuec ( atenção: o vídeo contém cenas fortes;  https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50790313 

Um dos piores massacres da Segunda Guerra Mundial: em apenas dois dias, cerca de 34 mil judeus foram mortos por nazistas na ravina de Babi Yar, em Kiev, capital da Ucrânia. A tragédia era parte de uma tentativa sistemática dos alemães de eliminar os judeus do Leste Europeu. Historiadores estimam que mais de dois milhões de pessoas foram executadas a balas em valas comuns em episódios como o de Babi Yar, no que ficou conhecido como "Holocausto das Balas". Muitos desses extermínios ocorreram na Ucrânia, onde [o repórter da BBC] Jonah Fisher acompanhou tentativas de identificar o lugar onde esses massacres ocorreram e evitar que caiam no esquecimento. Algumas das poucas testemunhas ainda vivas relembram onde e o que aconteceu. https://www.youtube.com/watch?v=ipYDYLYhLZg 

O Memorial do Holocausto, em Israel, busca nomes de vítimas desaparecidas do nazismo. Cerca de 1,3 milhão de nomes permanecem desconhecidos. https://www.youtube.com/watch?v=yfN7oH3fKFw 

Se você acha que a palavra "genocídio" existe há séculos, está equivocado. Esse crime extremo ganhou um nome há oito décadas, baseado no assassinato de armênios por parte da Turquia. Como um judeu que fugiu do Holocausto criou o termo 'genocídio'https://www.youtube.com/watch?v=W6Sh8HfxOqs 

Túneis e bunkers nazistas completamente conservados estavam sob areia em região costeira de Haia(na Holanda) e agora foram abertos ao público: https://www.youtube.com/watch?v=NS7aPKad94Ahttps://www.youtube.com/watch?v=qs30MBMEy38 

Com uso de óculos de realidade virtual, Frank Mouqué (um veterano da Segunda Grande Guerra) voltou à cidade de Armentières (no norte da França), que ajudou a libertar dos nazistas, e recebeu homenagenshttps://www.youtube.com/watch?v=LnM8ve6phE8 

A falta de uma foto ou vídeo dos restos mortais de Adolf Hitler alimentou (e ainda alimenta) lendas e teorias da conspiração. O que realmente aconteceu com o cadáver do homem responsável por um dos regimes mais nefastos da história mundial, a Alemanha nazista? https://www.youtube.com/watch?v=719sVNjYXVo 

Adolf Eichmann foi considerado um dos principais responsáveis pela chamada "solução final" dos nazistas, para o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Ele também foi apontado como responsável pelo envio de milhares de pessoas aos campos de concentração e de extermínio nazistas. Após passar vários anos escondido na Argentina, o ex-oficial da SS foi capturado por agentes israelenses em 1960. Como foi a operação secreta que o levou da Argentina para Israel, onde foi então julgado pelos crimes cometidos durante o regime nazista: https://www.youtube.com/watch?v=XRPGd1OS_Gc https://www.bbc.com/portuguese/geral-63792332 

As reviravoltas na história do médico nazista Josef Mengele, que se refugiou no Brasil depois de realizar experiências com centenas de judeus e condenar vários outros à morte na câmara de gás. [O repórter da BBC News Brasil] Thomas Pappon conta como a ciência comprovou que um idoso que se afogou no litoral de São Paulo era, na realidade, o carrasco de Auschwitz. Mas um mistério permanece vivo: como Mengele conseguiu se comunicar com a família e receber amigos no Brasil durante 30 anos sem jamais ter sido descoberto? https://www.youtube.com/watch?v=ug2cXtlvJA8https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47142678 

Iniciados em 20 de novembro de 1945, na Alemanha, após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Julgamentos de Nuremberg sentenciaram 24 dos mais importantes líderes do nazismo. 12 deles foram condenados à morte. E, apesar de muito já ter se falado sobre os processos em si, pouco se discutiu sobre a extraordinária análise psicológica dos nazistas que foi feita nesse período. Horas de entrevistas, exames e observações tentaram responder se os nazistas eram verdadeiros monstros ou seres humanos comuns que cometeram monstruosidades. O que foi descoberto com a análise das mentes de quatro figuras marcantes do nazismo: Robert Ley, Julius Streicher, Rudolf Hess e Hermann Göring. E como psicólogos tentaram destrinchar a anatomia do mal nos nazistas. https://www.youtube.com/watch?v=CNn9JYGjf18 ( https://www.bbc.com/portuguese/geral-55035660 

Com a derrota na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha ficou ocupada por tropas aliadas. Entre os americanos estavam soldados negros, que permaneceram no país por algum tempo após o fim do conflito e, em muitos casos, acabaram tendo filhos com mulheres alemãs. Essas crianças negrasnasceram em um ambiente totalmente branco e que, até então, não tinha tido contato com pessoas negras. A hoje ativista e escritora Ika Hugel-Marshall conta como foi ser uma dessas crianças, lembra o forte racismo que sofreu e relata a busca pelo pai e por autoaceitação. https://www.youtube.com/watch?v=h6czFkJFbOo 

Projeto Paintback - a criativa solução de artistas alemães para esconder pichações de suásticashttps://www.youtube.com/watch?v=Jb5pe-PanW8 

Centenas de judeus se aglomeravam diante do Museu de Arte de Tel Aviv às 16h do dia 14 de maio de 1948 – há quase oito décadas. Lá dentro, as palavras de David Ben-Gurion mudariam para sempre a história do Oriente Médio. Chefe da então Agência Judaica para a Palestina, ele fazia um discurso declarando a independência de Israel. Os soldados britânicos tinham abandonado a região poucas horas antes. Os judeus celebram e recordam esse momento com alegria. Mas o deslocamento em massa de palestinos que viria depois fez com que o dia seguinte, o 15 de maio, passasse a ser o Nakba, ou 'dia da catástrofe', para os árabes. E assim se deu a fundação de Israel, país que hoje é uma potência militar, econômica e tecnológica da região. A repórter Nathalia Passarinho explica, em três pontos, o que levou a esse importante (mas turbulento) momento histórico: https://www.youtube.com/watch?v=iEpwgDez1DY 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

A Lista de Schindler: livro e filme - Marcos de Queiroz Grillo

A Lista de Schindler: livro e filme 

Marcos de Queiroz Grillo

... Com o avanço das forças aliadas e o recuo dos nazistas, o Reich decide fechar Campos de Concentração e acelerar a exterminação em massa dos judeus. Inicialmente, começam a incinerar os judeus mortos na própria Cracóvia. Posteriormente, passam a enviar diariamente 60 mil seres humanos aos fornos de Auschwitz. No período de 1939 a 1945, foram assassinados 6 milhões de judeus espalhados pelos vários campos de extermínio nos países europeus dominados pelo III Reich...

... O livro apresenta duas realidades inteiramente díspares. De um lado, os judeus poloneses sendo violentados em suas vidas pelos nazistas (transferidos para ghetos e depois para campo de concentração, sem qualquer solidariedade de seus compatriotas poloneses). De outro, os nazistas vivendo e desfrutando de suas vidas com plena segurança e conforto...

... Oscar Schindler, além de empresário, era membro do Partido Nazista e muito bem relacionado nos círculos militares. Tendo conseguido capitalizar-se com o dinheiro dos judeus, faz lobby junto a nazistas poderosos, conquista contrato para fabricação de utensílios para o exército e é autorizado a utilizar mão-de-obra judia escrava. Tudo isso acontece na base da troca de favores e do toma lá dá cá. Schindler pagava comissões ao oficialato alemão pelo trabalho fabril de cada judeu empregado, o que para ele resultava ser mais barato do que a contratação de poloneses. Schindler era especialista em comprar favores de oficiais da SS e do exército alemão, tanto superiores como subalternos...

 

A lista de Schindler

 

Por MARCOS DE QUEIROZ GRILLO*, 


Marcelo Guimarães Lima, Piranesi (VII) - I Carceri / As Prisões, desenho digital, 2023



Comentário sobre o livro de Thomas Keneally

1.

Romancista, dramaturgo e produtor, Thomas Keneally levou dois anos entrevistando 50 sobreviventes – Schindlerjuden (judeus Schindler) – em oito países: Austrália, Israel, Estados Unidos da América, Polônia, Alemanha Ocidental, Áustria, Argentina e Brasil. Baseado nesses depoimentos e nos testemunhos que se encontram na Seção de Lembrança de Mártires e Heróis do Museu Yad Vashem, em Jerusalém, ele realizou essa fabulosa recriação da história, narrada com a ênfase típica de uma ficção. Foi agraciado com o prêmio Booker, da Inglaterra.

Dentre os entrevistados o autor fez referência ao próprio Leopold Pfefferberg, ao juiz Mosh Bejski, da Suprema Corte de Israel, e Mieczyslaw Pemper – que além de transmitirem suas lembranças sobre o período, forneceram documentos que contribuíram para a exatidão da narrativa. Ainda constam da lista Emilie Schindler, Ludmila Pfefferberg, Sophia Stern, Helen Horowitz, Jonas Dresner, casal Henry Rosner, Leopold Rosner, Alex Rosner, Idek Schindel, Danuta Schindel, Regina Horowitz, Bronislawa Karakulska, Richard Horowitz, Shmuel Springmann, o falecido Jakob Sternberg, dentre muitos outros.

O livro fala da vida interrompida de milhares de judeus, que perdem suas identidades e não passam de carcaças esfomeadas marcadas com uma tatuagem numerada no antebraço. Eram apenas números, vidas insignificantes aos olhos nazistas e, como sempre dizia Himler, deveriam ser aniquiladas, para “o bem da Alemanha nazista”. Itzhak Stern, a Sra. Pfeffeberg, Hanukkah, Danka, Genia, Menasha Levartov, entre tantos outros, viveram anos de medo, dor de perder seus parentes, fome, frio, humilhações e privações por parte dos nazistas. Se escaparam, foi por sorte de encontrar pessoas como Oscar, que se arriscavam por eles.

O livro foi adaptado para o cinema pela Universal Pictures, que produziu o filme intitulado A lista de Schindler, dirigido por Stephen Spielberg, que ganhou diversos Oscars e prêmios (melhor filme, melhor diretor, melhor música e trilha sonora, melhor fotografia, melhor edição, entre outros) tendo sido considerado um dos maiores sucessos cinematográficos pela Associação de Críticos de Nova Iorque e Los Angeles.


2.

Trata-se de texto literário que documenta uma história real vivenciada durante a 2ª Guerra Mundial, retratando o drama daquela época de holocausto, construída em cima de depoimentos dos Schindlerjuden (judeus Schindler) e evita ficar somente na esfera de um documentário biográfico sobre Oscar Schindler.

Holocausto é um substantivo masculino que significa o sacrifício, praticado pelos antigos hebreus, em que a vítima era inteiramente queimada. Seus sinônimos são imolação, sacrifício, massacre.

Durante a ocupação nazista de quase toda Europa, o termo “holocausto” passou a significar o genocídio organizado pelos alemães nazistas, principalmente de judeus, durante a Segunda Guerra Mundial. Os judeus e qualquer outra minoria considerada inferior pelos nazistas eram sistemicamente agrupados, explorados até exaustão e, então, sumariamente executados. O Holocausto fez parte da “Solução Final”, um plano nazista que procurou eliminar os judeus da Europa, além de outras minorias, como ciganos, homossexuais e negros.

O livro apresenta duas realidades inteiramente díspares. De um lado, os judeus poloneses sendo violentados em suas vidas pelos nazistas (transferidos para ghetos e depois para campo de concentração, sem qualquer solidariedade de seus compatriotas poloneses). De outro, os nazistas vivendo e desfrutando de suas vidas com plena segurança e conforto.

Oscar Schindler, um empresário e lobista alemão, filiado ao Partido Nazista, consegue que alguns judeus ricos entreguem para ele o dinheiro que mantinham escondido. Eles se tornariam empregados “investidores” numa fábrica de utensílios (panelas). Receberiam, em troca, e a longo prazo, produtos que poderiam trocar no mercado negro, além de diminuírem o risco de irem para a Câmara de Gás. Era isso ou nada.

Embora não compactuasse com a ideologia do partido, de ‘limpar’ a Alemanha dos ‘malditos judeus’, ele lucrava com sua fábrica de esmaltados, e contribuía com o Partido.

Oscar Schindler, além de empresário, era membro do Partido Nazista e muito bem relacionado nos círculos militares. Tendo conseguido capitalizar-se com o dinheiro dos judeus, faz lobby junto a nazistas poderosos, conquista contrato para fabricação de utensílios para o exército e é autorizado a utilizar mão-de-obra judia escrava. Tudo isso acontece na base da troca de favores e do toma lá dá cá. Schindler pagava comissões ao oficialato alemão pelo trabalho fabril de cada judeu empregado, o que para ele resultava ser mais barato do que a contratação de poloneses. Schindler era especialista em comprar favores de oficiais da SS e do exército alemão, tanto superiores como subalternos.

Em princípio Schindler utiliza mão-de-obra escrava judia dos guetos. Posteriormente, quando os guetos são desmontados e os judeus transferidos para o Campo de Concentração da Cracóvia, consegue continuar utilizando a mesma mão-de-obra. Aproveita-se da situação de pavor dos judeus, que se sentem mais protegidos com ele, e delega toda a operação da fábrica para o contador judeu Stern, de quem busca aproximação.

Schindler sempre defende seus empregados por ocasião das vistorias dos soldados alemães, quando havia o risco de serem presos ou mortos, fingindo não se importar com seus destinos, mas que seria de grande prejuízo para sua fábrica e para o país o desperdício de ‘mão-de-obra especializada’ já treinada naquela indústria.

Apesar do trabalho escravo, os judeus preferem trabalhar na fábrica de Schindler pois, assim, diminuem o risco de trabalhos forçados mais pesados ou, o que era pior, de serem enviados para a Câmara de Gás.

Fruto da relação de infância de Schindler com Amon Göet, oficial da SS e Chefe do Campo de Concentração, na Cracóvia, seus funcionários têm menos riscos do que os demais judeus de serem assassinados a esmo e a sangue frio, esporte preferido daquele assassino bipolar. Ainda assim, algumas vezes isso acontece.

Com a produção de panelas com baixo custo de mão-de-obra para atender os contratos conquistados com o exército, Schindler acumula um patrimônio significativo, que o permite levar uma vida nababesca e pautada por orgias. Vive longe de sua mulher e tem várias amantes, sendo considerado uma pessoa de atração irresistível pela sua elegância, educação e charme.

Contudo, sua produção industrial não teria sido possível sem o concurso do contador Stern, que é a pessoa que, de fato, toca a fábrica e lidera as pessoas que lá trabalham, todas irmanadas pelo espírito de sobrevivência.


3.

Com o avanço das forças aliadas e o recuo dos nazistas, o Reich decide fechar Campos de Concentração e acelerar a exterminação em massa dos judeus. Inicialmente, começam a incinerar os judeus mortos na própria Cracóvia. Posteriormente, passam a enviar diariamente 60 mil seres humanos aos fornos de Auschwitz. No período de 1939 a 1945, foram assassinados 6 milhões de judeus espalhados pelos vários campos de extermínio nos países europeus dominados pelo III Reich.

Gradativamente, Schindler se apega mais ao contador Stern e aos seus demais funcionários judeus, a quem, anteriormente, considerava como meras peças de sua propriedade. Do ponto de vista pessoal, Schindler experimenta uma mudança na sua percepção de mundo e de vida, tornando-se mais humanista.

Ao constatar que o Campo de Concentração da Cracóvia, na Polônia, está em vias de ser desmobilizado e do desinteresse do exército na continuidade da compra de utensílios, Schindler conquista, junto ao exército alemão, um novo contrato, desta vez, para a produção de munição. Essa decisão fez parte de sua ideia de salvar seus funcionários da exterminação nas Câmaras de Gás de Auschwitz.

Investe quase todo seu patrimônio na compra de 1.200 judeus pagando o preço negociado com Amon Göet, oficial da SS e Chefe do Campo de Concentração da Cracóvia e obtém autorização para transferi-los para um novo Campo de Concentração, em Zwittau – Brinnlitz, na antiga Tchecoslováquia (sua cidade natal dos tempos do Império austro-húngaro), onde inicia a produção de munição, em nova fábrica.

Constrói às pressas, com o contador Stern, a lista dos judeus, para cujo preço total dispunha de recursos próprios suficientes.

Por ocasião da transferência deles, os homens e as mulheres são enviados em trens separados. Inadvertidamente, o trem das mulheres segue para Auschwitz. Schindler vai pessoalmente negociar com o oficial nazista a devolução das mulheres, negócio que foi pago em diamantes. Novo êxito logrado por um Oscar Schindler diferente, mais humanizado e já comprometido a salvar vidas.

Durante todos esses anos Schindler enfrenta grandes obstáculos nas suas negociações com seus pares nazistas, no perigoso toma lá dá cá, na tentativa de convencimento de oficiais sobre os quais não tem influência, correndo o risco de ser preso; uma verdadeira luta pela sobrevivência, de início, pensando no seu negócio e, depois, somente em proteger seus funcionários.

Schindler continua a proteger as vidas de seus trabalhadores evitando fuzilamentos sumários que eram impetrados com a maior normalidade pelos nazistas.

As munições produzidas por eles não passavam pelo controle de qualidade do exército e, por essa razão, Schindler passa a comprar com seu próprio dinheiro munições no mercado paralelo para honrar seu contrato com o exército alemão.

Reconquista a sua mulher e deixa de lado suas amantes e as orgias. A fábrica funciona aos trancos e barrancos até a rendição da Alemanha, em 1945.

Com a rendição da Alemanha, a ordem superior era de fuzilarem todos os judeus. Schindler convence os alemães que controlam o Campo de Concentração a não fuzilarem os judeus trabalhadores de sua fábrica, em desobediência às ordens do Reich. Em virtude do avanço das tropas soviéticas e dos pedidos de Schindler, os alemães abandonam o Campo, sem matar os judeus.

Schindler, amargurado por não ter podido salvar mais pessoas, despede-se dos seus empregados ocasião em que recebe uma carta explicativa de suas peripécias humanistas, assinada por todos eles. Na despedida também recebe um anel, feito com ouro extraído de um dente de um dos judeus, que aceitou dá-lo voluntariamente, com a seguinte inscrição do Talmud: “Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”.

Na convivência com seus empregados judeus Schindler evolui como pessoa e esforça-se para parar a roda do holocausto. Schindler foge da Tchecoslováquia com sua mulher Emilie, ambos trajando uniformes de judeu.

Ocorre a ocupação da Tchecoslováquia pelo exército soviético. Os judeus são liberados para seguirem seus caminhos, sendo desaconselhados a retornarem à Polônia.

Schindler enfrenta muitas dificuldades para escapar, lidando com americanos, franceses e suíços. Nesse processo, suas últimas posses são confiscadas. Finalmente, na França, quando consegue provar sua inocência, sua mulher e ele não tinham nada mais do que a roupa do corpo. Mas, tinham a proteção dos Schindlerjuden, que eram agora sua família. Vão viver por um tempo em Munique, na Alemanha, e decidem, depois, cruzar o Atlantico para morar na Argentina. Foram com ele uma dúzia de judeus amigos.

Em 1949 fizeram-lhe um pagamento ex gratia de USS 15.000 e deram-lhe uma referência (“A Quem Possa Interessar”) assinada por M.W. Beckelman, vice-presidente do Conselho Executivo da organização: “O Comitê Americano da Junta de Distribuição investigou minuciosamente as atividades do Sr. Schindler no período da guerra e da ocupação… A nossa recomendação irrestrita é que as organizações e pessoas, a quem o Sr. Schindler possa procurar, façam todo o possível para ajudá-lo, em reconhecimento pelos seus eminentes serviços…

Sob o pretexto de administrar uma fábrica nazista de trabalhos forçados, primeiro na Polônia e depois na Tchecoslováquia, o Sr. Schindler conseguiu recrutar como seus empregados e proteger judeus e judias destinados a morrer em Auschwitz e em outros infames campos de concentração… Testemunhas relataram ao nosso Comitê que o “campo de Schindler em Brinnlitz era o único, nos territórios ocupados pelos nazistas, em que nunca foi morto um judeu, ou mesmo espancado, mas, ao contrário, sempre tratado como um ser humano.”

Agora, quando ele vai iniciar uma nova vida, devemos ajudá-lo, como ele ajudou os nossos irmãos.

Durante dez anos dedicou-se à produção rural, mas terminou falindo. Talvez, como comentavam alguns, porque não tivesse um Stern para ajudá-lo. Retornou à Alemanha. Sua mulher Emilie permanece na Argentina. Vai viver em Frankfurt onde funda uma fábrica de cimento, que também não tem êxito. Todos os anos é convidado para visitar Israel para homenagens. Entrevistas em Israel, republicadas na Alemanha, não lhe ajudam em nada. Em Frankfurt é vaiado, insultado e apedrejado.

Os Schindlerjuden continuam mantendo-o sob proteção moral e financeira. Schindler morre em 9 de outubro de 1974. Em atenção ao seu desejo, é enterrado em cemitério católico de Jerusalém.

 

*Marcos de Queiroz Grillo é economista e mestre em administração pela UFRJ.

Referência




Thomas Keneally. A lista de Schindler

Tradução: Tati Moraes. Rio de Janeiro, Record, 2021, 424 págs. [https://amzn.to/41aujtS]

 


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Nunca houve nada parecido com o Holocausto em toda a história mundial - Registros em francês

Nunca houve nada parecido com o Holocausto em toda a história mundial.
Cabe relembrar para não usar o termo em vão, como certo presidente o fez ainda em 2023:
(Grato a Mauricio David)

80 anos após a liberação do campo de Auschwitz, o dever da memória é mais
importante que jamais - Cinco podcasts sobre a Shoah para escutar e para
conservar para as gerações futuras
Cinq podcasts sur la Shoah à écouter et à conserver pour les générations
futures
par Louis Pillot – 2 février 2025 à 8h55
Quatre-vingts ans après la libération du camp d'Auschwitz, le devoir de
mémoire est plus important que jamais.
Deux survivants de l'Holocauste se recueillent devant le «mur de la mort»
au mémorial d'Auschwitz-Birkenau, le 27 janvier 2025. | Wojtek Radwanski /
AFP
Le 27 janvier 2025 marque le 80e anniversaire de l'entrée de l'Armée rouge
dans le camp d'extermination d'Auschwitz-Birkenau, où plus d'1,1 million de
déportés, majoritairement juifs
witz-camps-concentration-allemagne-nazie-memoire-humanite-civilisation> ,
furent tués. Une cérémonie de commémoration
ns-des-80-ans-de-l-ouverture-d-auschwitz-nous-sommes-ici-pour-promettre-que-
nous-ne-permettrons-jamais-jamais-a-l-histoire-de-se-repeter-declare-la-resc
apee-tova-friedman_6517782_3210.html> était organisée sur place, réunissant
une cinquantaine de survivants de la Shoah ainsi qu'un parterre de
dirigeants, parmi lesquels le roi Charles III, Emmanuel Macron, et le
chancelier et le président allemands, Olaf Scholz et Frank-Walter
Steinmeier. Devant la porte d'entrée du mémorial d'Auschwitz, plusieurs
survivants ont pris la parole pour rappeler ce qu'ils avaient vécu. Nombre
d'entre eux se sont aussi inquiétés de la montée des extrémismes partout sur
le globe.
Le Suédois Leon Weintraub
invite-la-nouvelle-generation-a-rester-vigilante-face-aux-expressions-d-into
lerance_VN-202501270719.html> , déporté à 18 ans, a été on ne peut plus
clair sur le sujet. «Ceux qui se présentent comme des héros nationalistes
reprennent exactement les mêmes idées haineuses de l'Allemagne nazie qui a
exterminé des millions d'êtres considérés comme non humains […]. J'invite la
nouvelle génération à rester vigilante face aux expressions d'intolérance,
de ressentiment face à ceux qui sont différents, qu'il s'agisse de couleur
de peau, d'origine ou d'orientation sexuelle. Dans le monde numérique
d'aujourd'hui, il est particulièrement difficile de faire la distinction
entre les intentions réelles et la simple recherche de popularité.» Une
semaine à peine après que l'homme le plus riche de la planète a fait un
l'investiture de Donald Trump
-investiture-trump-sens-nazi-extreme-droite-hitler> , ces paroles résonnent
douloureusement.
Tous les historiens de la Shoah <https://www.slate.fr/dossier/1869/shoah>
le disent: cette cérémonie marque un point de bascule. Pour la dernière fois
sûrement, des rescapés de l'Holocauste ont pu témoigner en personne
agne-nazie-80-ans-apres-liberation-auschwitz-birkenau-histoire-nationalisme>
des conséquences de l'idéologie nazie. Dans cinq ou dix ans, il est fort
probable qu'aucun ne soit encore en vie. Alors la mémoire vive, portée par
des êtres humains en chair et en os, ne sera plus qu'un chapitre historique
désincarné… Pour éviter que les récits individuels ne tombent dans l'oubli,
de nombreux journalistes et documentaristes ont entrepris de les récolter,
d'en faire des archives pour l'histoire.
Les podcasts <https://www.slate.fr/dossier/91965/podcasts> sont peut-être
les plus puissantes de ces œuvres. Parce qu'on y entend le courage d'hommes
et de femmes qui acceptent, à l'hiver de leur vie, de se replonger dans les
souvenirs les plus sombres
nniere-juive-designer-graphique-auschwitz-birkenau-alma-rose> de leur
existence. Parce que les épisodes, souvent assez longs, laissent leurs
histoires individuelles se déployer. Mais surtout parce que, grâce à la
puissance de la voix, l'horreur des faits
r-apres-auschwitz-encore-pire-kanada-liberation-camp> prend chair avec
intensité. Voici donc cinq podcasts à écouter, à partager, et à sauvegarder
précieusement pour les générations futures.
«Mémoires de la Shoah» (INA)
Fruit d'une collaboration entre l'INA et la Fondation pour la Mémoire de
Shoah regroupe les témoignages de Simone Veil, Marceline Loridan-Ivens,
Georges Kiejman ou encore Ginette Kolinka, mis en ondes par la
documentariste Léa Veinstein. À l'occasion du 80e anniversaire de la
libération du camp d'Auschwitz <https://www.slate.fr/dossier/1129/auschwitz>
, le podcast a été augmenté d'un récit choral intitulé «Auschwitz, des
survivants racontent».
Interrogés en 2005 et 2006 par Catherine Bernstein, Jean-Baptiste Péretié
et Antoine Vitkine dans le cadre du projet Mémoires de la Shoah, des
dizaines de rescapés anonymes racontent le quotidien dans un camp de
jusqu'au moindre détail. Le dernier épisode
ent-vie-apres-5> , qui aborde la question de la sortie du camp et de la
culpabilité des survivants, est bouleversant.
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Juifs ou pas, nous sommes tous morts à Auschwitz
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«Fracas – Ne l'oubliez pas» (Louie Media)
En 2021, Elisa Azogui-Burlac a interrogé quatre survivantes de la Shoah
pour le podcast Fracas: Evelyn Askolovitch, Ginette Kolinka, Esther Sénot et
Clara Fischer. Intitulée «Ne l'oubliez pas»
h> , la série explore en filigrane la question de la parole, ou plutôt du
silence dans les familles. Chacune leur tour, les quatre témoins expliquent
pourquoi elles n'ont pas transmis leur histoire
seulement à un âge avancé qu'elles ont décidé de libérer leur parole, afin
que leur histoire ne soit pas oubliée.
«Enfants de la Shoah» (Catherine Benmaor)
Parmi ceux qui sont encore là pour témoigner, beaucoup étaient enfants
pendant la guerre. Ce sont eux, ceux qui ont grandi dans un climat de
violence et d'antisémitisme <https://www.slate.fr/dossier/683/antisemitisme>
, qui témoignent au micro de Catherine Benmaor dans
podcast indépendant.
Le témoignage de Herbert
-temoin-de-la-nuit-de-cristal> , l'un des derniers témoins vivants du pogrom
polonais qu'on appelle «la Nuit de Cristal», est particulièrement
remarquable. Séparé du reste de sa famille à l'adolescence, le jeune homme
fut interné dans plusieurs camps français avant de s'échapper et de vivre
dans la clandestinité. Déterminé à combattre la barbarie, il s'engagea dans
la Légion étrangère et participa aux combats contre les nazis
<https://www.slate.fr/dossier/3565/nazis> en Afrique du Nord, en Provence,
en Allemagne et en Autriche.
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e-seconde-guerre-mondiale>
Valises, cheveux, chaussures: au musée Auschwitz-Birkenau, la délicate
conservation des reliques
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«Transfert – L'enfant du convoi n°20» (Slate podcasts)
Simon a grandi à Bruxelles avec sa grande sœur Ita et ses deux parents, des
immigrés de confession juive <https://www.slate.fr/dossier/2353/juif> . Un
matin, il voit débarquer deux agents de la Gestapo dans leur appartement.
Ils ont à peine le temps d'emballer quelques affaires et les voilà
embarqués. Quelques jours plus tard, on fait monter Simon et sa mère dans un
wagon à bestiaux. Destination: inconnue.
Âgé de 11 ans à peine, Simon aurait dû faire partie des premiers sacrifiés
à sa descente du train. Mais alors qu'il file vers l'est, le convoi de Simon
s'arrête en pleine voie. Et la mère du petit garçon prend le risque de faire
sauter son fils le long des rails… Plus de soixante-quinze ans après son
évasion miraculeuse, Simon raconte son histoire au micro de
Transfert.
«Face à l'Histoire – Les derniers témoins, 80e anniversaire de la
libération des camps» (France Inter)
«En mémoire de toutes les victimes du nazisme, nous avons une mission
commune: défendre la dignité humaine. Et n'oubliez pas: les morts nous
écoutent.» En préambule de l'émission spéciale qu'il a animée sur France
Inter pour le 80e anniversaire de la libération d'Auschwitz, Philippe Collin
nous rappelle l'importance du devoir de mémoire
<https://www.slate.fr/dossier/3623/memoire> , au moment même où les derniers
témoins disparaissent.
Au cours des presque deux heures d'émission, les témoignages de deux
anciennes déportées sont éclairés par les explications de Tal Bruttmann,
historien <https://www.slate.fr/dossier/9483/historien> spécialiste de la
Shoah, et ponctués de lectures de textes de Primo Levi, Henri Borlant ou
encore Marguerite Duras. L'enregistrement en direct donne à cette émission
un format plus spontané que les autres podcasts déjà cités.
Avant la Shoah, la vie à Oświęcim, petite ville de Pologne qui deviendra
Auschwitz
ire-oubliee-ville-pologne>
D'autres œuvres à lire, à voir, à écouter
* Si ces écoutes vous donnent envie de lire des témoignages
je vous en conseille deux en particulier: Si c'est un homme
rimo-levi/> , que l'Italien Primo Levi fit publier un an à peine après son
retour d'Auschwitz –il fut l'un des seuls à prendre la parole si vite après
la guerre–, et L'amour après
Loridan-Ivens. À 89 ans, celle qui fut conduite dans les camps à
l'adolescence raconte ce que sa déportation a fait à son corps, à sa
sexualité et à son rapport à l'amour. Deux livres bouleversants, à lire une
fois dans sa vie.
* Puisqu'il faut désormais se demander comment transmettre ce chapitre
de l'histoire sans la parole directe des personnes qui l'ont vécu, je vous
recommande l'écoute du podcast Mémoires de Buchenwald
Pauline Blanchet et Claire Latxague, les élèves de la section germanophone
du lycée Utrillo de Stains ont réalisé ce podcast pour documenter leur
voyage à Buchenwald aux côtés de descendants de déportés
proposent une piste pour continuer à transmettre et sensibiliser à ce pan de
l'histoire: aller sur place, au moins une fois, et s'appuyer sur les récits
transmis au sein des familles de victimes.
* Pour LSD, la série documentaire sur France Culture, Béatrice Leca
s'interroge sur le camp d'Auschwitz-Birkenau: comment ce lieu libéré en 1945
est-il devenu le mémorial que l'on connaît aujourd'hui? Dans
«Auschwitz-Birkenau, le lieu témoin
le-lieu-temoin-de-la-memoire-polonaise-a-l-histoire-europeenne> », on
apprend que ce ne fut pas une évidence. Avant d'être un lieu de mémoire,
l'ancien camp d'extermination fut l'objet de manœuvres politiques ou
religieuses, pour en faire un symbole
<https://www.slate.fr/dossier/15851/symbole> communiste, juif ou européen,
selon l'époque.