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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 15 de março de 2025

Nazismo, gemocídio, Holocausto, antissemitismo - via Airton Dirceu Lemmertz

Nazismo, gemocídio, Holocausto, antissemitismo 

 via Airton Dirceu Lemmertz

Fogueiras de livros e lavagem cerebral - como funcionava a máquina de propaganda liderada por Joseph Goebbels no regime nazista: https://www.youtube.com/watch?v=wVYYtQcXdyMhttps://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 

Gerald Granston tinha apenas seis anos quando fugiu com o pai da Alemanha nazista a bordo do navio S.S. St Louis rumo à Havana, mas a jornada não saiu de acordo com o planejado. Ele estava entre os refugiados judeus que os EUA e Cuba rejeitaram em 1939https://www.youtube.com/watch?v=f72a5fhNqYI 

Em julho de 1938, o cônsul do Brasil em Budapeste, Mário Moreira da Silva, enviou ao ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, uma circular secreta em que informava ter recusado a concessão de vistos a 47 pessoas "declaradamente de origem semita" (judeus) que buscavam migrar para o Brasil. Eles tentavam fugir enquanto o governo húngaro, aliado da Alemanha nazista, punha em marcha uma série de políticas antissemitas – que, seis anos depois, culminariam com o envio de meio milhão de judeus húngaros para campos de extermínio. E essa não foi uma posição isolada. Documentos diplomáticos compilados por Maria Luiza Tucci Carneiro, professora do Departamento de História da USP, mostram que o Brasil rejeitou ao menos 16 mil pedidos de visto feitos por judeus que fugiam do Holocausto ou tentavam reconstruir suas vidas após a Segunda Guerra. Os documentos jogam luz sobre um lado pouco conhecido da história da imigração no Brasil. Saiba mais sobre "a época em que o Brasil barrou milhares de judeus que fugiam do nazismo": https://www.youtube.com/watch?v=2ejUFezFVHghttps://www.bbc.com/portuguese/brasil-46899583 

A brasileira Aracy de Carvalho (1908-2011) trabalhou no consulado do Brasil em Hamburgo, na Alemanha, durante o regime nazista. Aracy teria burlado regras para dar vistos brasileiros a judeus alemães que tentavam escapar do país. Mas o historiador Fábio Koifman diz que isso é um mito. Ele e o historiador Rui Afonso, dois pesquisadores com mais de 20 anos de experiência nessa área, investigaram os vistos concedidos a alemães no consulado de Hamburgo entre 1938 e 1939https://www.youtube.com/watch?v=EdhqLhC1RsE https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59707747 

O britânico que levou centenas de crianças judias da Tchecoslováquia para o Reino Unido e conseguia famílias para cuidar delas: https://www.youtube.com/watch?v=SwNiIMNrYss 

Há 80 anos, as tropas soviéticas libertaram o campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau. Em pouco mais de quatro anos e meio, a Alemanha nazista executou sistematicamente pelo menos 1,1 milhão de pessoas no campo de Auschwitz, construído no sul da Polônia ocupada, perto da cidade de Oswiecim. Auschwitz estava no centro da campanha nazista para erradicar a população judaica da Europa, e quase um milhão dos que morreram lá eram judeus. Entre os outros que perderam suas vidas, estavam poloneses, ciganos e prisioneiros de guerra russos. E, no dia 27 de janeiro de 2025, para marcar a data, alguns dos últimos sobreviventes se juntaram a líderes mundiais em memória das 1,1 milhão de pessoas assassinadas no local. Auschwitz - como campo de extermínio se tornou centro do Holocausto nazista: https://www.youtube.com/watch?v=pTNF7KsGmdk (atenção: o conteúdo tem imagens que impactam profundamente muitas pessoas) 

Auschwitz: 80 anos da libertação do campo. https://www.youtube.com/watch?v=5yWZEBEoi8Q 

Um 'drone' percorre o maior campo de concentração nazista: https://www.youtube.com/watch?v=lonWtvhInsw 

Em abril de 1945, Richard Dimbleby, da BBC, foi o primeiro repórter a entrar no campo de concentração de Berger-Belsen, na Alemanha, que havia sido libertado pelas tropas aliadas. Ele fez um relato sobre a experiência, em que descreveu o horror inimaginável que testemunhou. Para muitos ouvintes ao redor do mundo, aquela foi a primeira vez em que se deram conta da brutal realidade vivida pelos prisioneiros do regime nazista. Estima-se que 70 mil pessoas tenham morrido no campo de concentração de Berger-Belsen. O apresentador Jonathan Dimbleby contou ao Witness Story, série documental da BBC, que seu pai desabou diversas vezes durante a gravação e que a BBC relutou em transmiti-lohttps://www.youtube.com/watch?v=5iE-tDJbam4 (atenção: contém cenas fortes) 

A libertação de Auschwitz por tropas soviéticas ocorreu em 27 de janeiro de 1945. Andor Stern é o único brasileiro nato a sobreviver ao campo de concentração que virou símbolo da "Solução Final da Questão Judaica", de Adolf Hitler. Andor Stern relata os momentos trágicos que enfrentou, principalmente no último ano da Segunda Guerra Mundial, quando foi deportado com sua família para o campo. Viu sua mãe e outros parentes serem levados para a câmara de gás do infame campo e só foi poupado para ser usado no trabalho escravo a que prisioneiros eram submetidos. Compartilha também sua visão de mundo repleta de sabedoria e gratidão pelas coisas simples da vida. https://www.youtube.com/watch?v=q0ULzaJtuec ( atenção: o vídeo contém cenas fortes;  https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50790313 

Um dos piores massacres da Segunda Guerra Mundial: em apenas dois dias, cerca de 34 mil judeus foram mortos por nazistas na ravina de Babi Yar, em Kiev, capital da Ucrânia. A tragédia era parte de uma tentativa sistemática dos alemães de eliminar os judeus do Leste Europeu. Historiadores estimam que mais de dois milhões de pessoas foram executadas a balas em valas comuns em episódios como o de Babi Yar, no que ficou conhecido como "Holocausto das Balas". Muitos desses extermínios ocorreram na Ucrânia, onde [o repórter da BBC] Jonah Fisher acompanhou tentativas de identificar o lugar onde esses massacres ocorreram e evitar que caiam no esquecimento. Algumas das poucas testemunhas ainda vivas relembram onde e o que aconteceu. https://www.youtube.com/watch?v=ipYDYLYhLZg 

O Memorial do Holocausto, em Israel, busca nomes de vítimas desaparecidas do nazismo. Cerca de 1,3 milhão de nomes permanecem desconhecidos. https://www.youtube.com/watch?v=yfN7oH3fKFw 

Se você acha que a palavra "genocídio" existe há séculos, está equivocado. Esse crime extremo ganhou um nome há oito décadas, baseado no assassinato de armênios por parte da Turquia. Como um judeu que fugiu do Holocausto criou o termo 'genocídio'https://www.youtube.com/watch?v=W6Sh8HfxOqs 

Túneis e bunkers nazistas completamente conservados estavam sob areia em região costeira de Haia(na Holanda) e agora foram abertos ao público: https://www.youtube.com/watch?v=NS7aPKad94Ahttps://www.youtube.com/watch?v=qs30MBMEy38 

Com uso de óculos de realidade virtual, Frank Mouqué (um veterano da Segunda Grande Guerra) voltou à cidade de Armentières (no norte da França), que ajudou a libertar dos nazistas, e recebeu homenagenshttps://www.youtube.com/watch?v=LnM8ve6phE8 

A falta de uma foto ou vídeo dos restos mortais de Adolf Hitler alimentou (e ainda alimenta) lendas e teorias da conspiração. O que realmente aconteceu com o cadáver do homem responsável por um dos regimes mais nefastos da história mundial, a Alemanha nazista? https://www.youtube.com/watch?v=719sVNjYXVo 

Adolf Eichmann foi considerado um dos principais responsáveis pela chamada "solução final" dos nazistas, para o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Ele também foi apontado como responsável pelo envio de milhares de pessoas aos campos de concentração e de extermínio nazistas. Após passar vários anos escondido na Argentina, o ex-oficial da SS foi capturado por agentes israelenses em 1960. Como foi a operação secreta que o levou da Argentina para Israel, onde foi então julgado pelos crimes cometidos durante o regime nazista: https://www.youtube.com/watch?v=XRPGd1OS_Gc https://www.bbc.com/portuguese/geral-63792332 

As reviravoltas na história do médico nazista Josef Mengele, que se refugiou no Brasil depois de realizar experiências com centenas de judeus e condenar vários outros à morte na câmara de gás. [O repórter da BBC News Brasil] Thomas Pappon conta como a ciência comprovou que um idoso que se afogou no litoral de São Paulo era, na realidade, o carrasco de Auschwitz. Mas um mistério permanece vivo: como Mengele conseguiu se comunicar com a família e receber amigos no Brasil durante 30 anos sem jamais ter sido descoberto? https://www.youtube.com/watch?v=ug2cXtlvJA8https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47142678 

Iniciados em 20 de novembro de 1945, na Alemanha, após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Julgamentos de Nuremberg sentenciaram 24 dos mais importantes líderes do nazismo. 12 deles foram condenados à morte. E, apesar de muito já ter se falado sobre os processos em si, pouco se discutiu sobre a extraordinária análise psicológica dos nazistas que foi feita nesse período. Horas de entrevistas, exames e observações tentaram responder se os nazistas eram verdadeiros monstros ou seres humanos comuns que cometeram monstruosidades. O que foi descoberto com a análise das mentes de quatro figuras marcantes do nazismo: Robert Ley, Julius Streicher, Rudolf Hess e Hermann Göring. E como psicólogos tentaram destrinchar a anatomia do mal nos nazistas. https://www.youtube.com/watch?v=CNn9JYGjf18 ( https://www.bbc.com/portuguese/geral-55035660 

Com a derrota na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha ficou ocupada por tropas aliadas. Entre os americanos estavam soldados negros, que permaneceram no país por algum tempo após o fim do conflito e, em muitos casos, acabaram tendo filhos com mulheres alemãs. Essas crianças negrasnasceram em um ambiente totalmente branco e que, até então, não tinha tido contato com pessoas negras. A hoje ativista e escritora Ika Hugel-Marshall conta como foi ser uma dessas crianças, lembra o forte racismo que sofreu e relata a busca pelo pai e por autoaceitação. https://www.youtube.com/watch?v=h6czFkJFbOo 

Projeto Paintback - a criativa solução de artistas alemães para esconder pichações de suásticashttps://www.youtube.com/watch?v=Jb5pe-PanW8 

Centenas de judeus se aglomeravam diante do Museu de Arte de Tel Aviv às 16h do dia 14 de maio de 1948 – há quase oito décadas. Lá dentro, as palavras de David Ben-Gurion mudariam para sempre a história do Oriente Médio. Chefe da então Agência Judaica para a Palestina, ele fazia um discurso declarando a independência de Israel. Os soldados britânicos tinham abandonado a região poucas horas antes. Os judeus celebram e recordam esse momento com alegria. Mas o deslocamento em massa de palestinos que viria depois fez com que o dia seguinte, o 15 de maio, passasse a ser o Nakba, ou 'dia da catástrofe', para os árabes. E assim se deu a fundação de Israel, país que hoje é uma potência militar, econômica e tecnológica da região. A repórter Nathalia Passarinho explica, em três pontos, o que levou a esse importante (mas turbulento) momento histórico: https://www.youtube.com/watch?v=iEpwgDez1DY 

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Babi Yar (Ucrânia): o começo do Holocausto - Paulo Roberto de Almeida e Hoje no Mundo Militar

Na pré-história prática do Holocausto:

Paulo Roberto de Almeida 

Babi Yar foi o primeiro experimento de execução de judeus em massa perpetrado por ordens expressas de Hitler, mas tinha um “defeito”: era “labour intensive”, ou seja, estava ainda baseado naquilo que os marxistas chamariam de “modo artesanal de produção” (neste caso, de eliminação em massa  de judeus).

Os nazistas, animados pelo princípio do produtivismo, aspiravam um método mais eficiente de elimina massa de judeus, mais “capital intensive”, e por isso passaram a um “modo industrial de produção” de cadáveres dentre as comunidades judaicas da Europa central e oriental. Adoraram as câmaras de gás e os fornos crematórios adjuntos aos campos de concentração, dentre os quais Auschwitz foi o mais, tristemente, famoso.

Jamais tinha ocorrido, na história da humanidade, um projeto burocraticamente organizado tão perverso e insano como foi concebido e organizado pelos líderes nazistas, Hitler en tête, o genocídio de TODO um povo conhecido como Holocausto. O stalinismo e o maoismo (e, proporcionalmente, o pol-potismo) mataram, deliberadamente ou involuntariamente, muito mais seres humanos, mas nada se igualou, na história de toda a humanidade, ao nazismo hitlerista, que também suscitou uma indústria secundária de negacionismo jamais vista nos anais do trabalho historiográfico, com efeitos politicos.

Por todas essas razões, Babi Yar deve ser sempre relembrado na história da Ucrânia e de toda a Europa oriental que esteve, alguma vez, sob ocupação nazista.

Paulo Roberto de Almeida

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De uma postagem de 29/09/2023 do site Hoje no Mundo Militar:

“Neste dia, no ano de 1941, teve início o massacre nazista de Babi Yar, na Ucrânia.

No dia 26 de setembro daquele ano, as forças nazistas de ocupação, que controlavam Kiev desde o dia 19, emitiram uma ordem obrigando todos os judeus ucranianos da cidade a se apresentarem na esquina da rua Mel'nikova e a rua Dokterivskaya. Os nazistas esperavam que fossem aparecer no máximo 6 mil judeus, mas às 8h da manhã do dia 29 de setembro, mais de 30 mil judeus ucranianos estavam no local designado.

Foram transportados em pequenos grupos para a ravina de Babi Yar, localizada a poucos quilômetros do centro de Kiev. No local, os nazistas, aproveitando-se do declive do terreno, executavam os grupos no fundo da ravina conforme iam chegando. À medida que os corpos se amontoavam, jogavam cal e uma fina camada de terra por cima para receber o grupo seguinte.

Entre os dias 29 e 30 de setembro de 1941, 33.771 judeus ucranianos foram brutalmente executados em Babi Yar. No total, considerando todo o período de ocupação, os nazistas mataram naquele local um número estimado em quase 150 mil judeus.”

domingo, 18 de setembro de 2022

As Forças Armadas na Política, não no Brasil, mas na Alemanha, para um enorme desastre nacional - leitura

 Estou lendo este livro, depressivamente instrutivo, sobre como as Forças Armadas da Prússia, e da Alemanha, foram especialmente ativas no ato de intervir na política do Estado, sempre provocando guerras de conquista e, em última instância, provocando a ruína do país e do seu povo.


Como relembra o autor na Introdução, Mirabeau, retornando a Paris no final do século XVIII (1788), escrevia isto: 

"La Prusse n'est pas um pays qui a une armée; c'est une armée qui a un pays", 

acrescentando em seguida: 

"La guerre est l'industrie nationale de la Prusse". 

Pois é, parece que outras Forças Armadas também tentaram dominar um país.

Eis o resumo do espírito com o qual este livro foi escrito, tal como o autor escreve em sua Introdução: 


Traduzo a última parte, que pode ser instrutiva, para outras épocas e outros países (como ênfase minha nas maiúsculas):

"Foi também meu objetivo mostrar a extensão da responsabilidade das Forças Armadas (da Alemanha) na ascensão dos nazistas ao poder, por tolerar as infâmias desse regime desde que alcançou o poder, E POR NÃO TOMAR AS MEDIDAS – numa fase em que só as FFAA o poderiam fazer – para remover aquele regime do poder." (p. x)

From the Epilogue (p. 694)

"As Forças Armadas dominaram a República de Weimar desde o momento exato de seu nascimento e o seu próprio eclipse aparente em Novembro de 1918, até as fantásticas circunstâncias de sua contribuição para os obséquios da República em janeiro de 1933. Elas procuraram dominar o Terceiro Reich da mesma maneira, e foram cegas e confiantes sob a impressão de que eles o estavam fazendo, até que a crise de 1938 diminuiu o seu orgulho e enfraqueceu o seu poder.
Até 1938, as FFAA foram o árbitro final dos destinos políticos do Reich. Elas tinham primeiro apoiado, e então condenaram a República à sua derrota, e tinham feito a principal contribuição para a chegada de Hitler ao poder. Elas entraram num pacto com o Partido [Nazista] de maneira a preservar o seu status privilegiado e influência, e, como resultado, foram culpadas de cumplicidade na Purga Sangrenta de 30 de junho de 1934 [aquela que eliminou Ernst Rohm e diversos membros das tropas de assalto, inclusive dois generais da Wehrmacht.]. Conhecendo muito bem o que tinham feito, elas aceitaram Hitler como chefe de Estado e ofereceram sua lealdade a ele pessoalmente como o Supremo Comandante, sempre com a reserva ao seu próprio arbítrio que elas poderiam desfazer o Cesar que elas criaram".  (p. 694) 

PRA: Muito parecido com certo país, bem conhecido...

O final foi a rendição incondicional de maio de 1945, na França e em Berlim, depois da completa derrota da Wehrmacht.

domingo, 31 de julho de 2022

Hitler e seus Comediantes, pelo jornalista José Jobim (1934): reedição pela Topboks (2022).

 Um livro praticamente desaparecido dos sebos, desde suas duas edições de 1934, e que constitui um primeiro testemunho, por um brasileiro, sobre o regime nazista em ascensão: 

Hitler e seus Comediantes (RJ: Cruzeiro do Sul, 1934).

Alguns anos depois, o político e jornalista Lindolfo Collor, faria também seus relatos, mas para o final da década, no limiar da nova guerra global. 

Hitler e seus comediantes

(Rio de Janeiro: Topbooks, 2022)

Apresentação da Editora:

Jornalista e diplomata, o autor trabalhou como repórter para vários órgãos de imprensa e entre 1930 e 1936 foi enviado especial de O Jornal à Ásia, África e Europa.

Na Alemanha, impressionou-se com a ascensão meteórica de Hitler e fez anotações importantes para uma grande reportagem, que pretendia publicar na imprensa carioca. Mas, ao voltar ao Rio com essa intenção, nenhum jornal quis se ariscar. Então transformou o excelente material num livro, que teve duas edições em 1934, virou raridade e só agora, quase nove décadas depois, retorna às livrarias. 

Nele, José Jobim fala de tudo que viu, dos discursos inflamados de Hitler e das muitas pessoas que lhe contaram histórias dramáticas. Sua carreira diplomática teve início em 1938, e no Itamaraty, entre outros postos, serviu no Paraguai, durante o início das negociações para a criação da Hidrelétrica de Itaipu, e como embaixador na Argélia, Vaticano e Marrocos, aposentando-se em 1975. 

Em 22 de março de 1979, aos 69 anos, saiu de casa para visitar um amigo e não mais retornou. Encontrado morto dois dias depois, a polícia tratou o caso como suicídio, mas na verdade ele fora sequestrado e assassinado pela ditadura empresarial-militar por estar escrevendo um livro onde denunciaria um esquema de corrupção no financiamento e construção da Itaipu Binacional. 

Depois de anos de luta de sua família, em 2018 se deu o reconhecimento de que José Jobim havia sido vítima da violência do Estado brasileiro. Sua certidão de óbito foi corrigida.

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Ele tinha publicado, no mesmo ano, seu livro imediatamente anterior, que tratou do caso de Portugal sob o Estado Novo: 

A Verdade sobre Salazar: entrevistas concedidas em Paris pelo Sr. Affonso Costa (RJ: Calvino Filho, 1934).

Também registrei as investigações sobre a sua morte, bem como a homenagem que lhe foi prestada pela turma que se formou no Instituto Rio Branco em 2021 em pelo menos quatro postagens de meu blog: 

José Jobim: o embaixador que sabia demais - André Bernardo 

A ferida aberta do Itamaraty : José Jobim, patrono da turma de 2021 - Ricardo Lessa (Piauí)

Cold Case no Itamaraty: a estranha morte do embaixador Jobim em 1979 - Hellen Guimarães (revista Epoca)

Nova turma do Instituto Rio Branco homenageia embaixador morto pela ditadura - Eliane Oliveira (Globo)


quarta-feira, 11 de maio de 2022

Quem é fascista na guerra da Ucrânia? - Jaime Pinsky (CB, Chumbo Gordo)

Quem é fascista na guerra da Ucrânia? 

Jaime Pinsky

10/05/2022

Verdade. Muitos ucranianos ficaram do lado nazista durante a II Guerra Mundial. Isso dá aos russos o direito de invadir o país vizinho?

OTAN- UCRÂNIA

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO CORREIO BRAZILIENSE
E NO SITE DO AUTOR, www.jaimepinsky.com.br

A bandeira da Ucrânia tem as cores azul e amarela. Já o grupo nacionalista direitista Pravy Sector usa a mesma bandeira, mas com as cores preta e vermelha. Este grupo se organizou a partir de 2013/14 quando promoveu manifestações contra seu governo, aliado da Rússia, conseguiu depô-lo e acabou por mergulhar o país em um caos político, econômico e étnico. A situação só se equilibrou a partir da surpreendente eleição do atual presidente, Vladimir Zielensky. Ele competiu como um “azarão”, entre os partidários da Rússia e os ultra-direitista. Para surpresa de todo mundo e do mundo todo ele venceu as eleições, tornou-se popular e acabou tendo que sustentar uma guerra contra Putin que não se conformou com sua vitória, uma vez que desejava um governante submisso aos seus desejos.

Todos devem se lembrar que no início do atual governo brasileiro grupos bolsonaristas referiam-se a “ucranizar” o Brasil. Seu objetivo declarado era promover uma guinada para a direita. Mas não seria errado supor que tinham a intenção de destituir poderes da República, algo promovido pelo grupo ucraniano que lhes servia de modelo (em 2014). A ultra direita ucraniana era chauvinista, francamente antirrussa, antissemita e antiglobalização. Além do que, é bom lembrar que agrupamentos políticos como o Pravy Sector promoviam treinamento militar, que ofereciam a correligionários de outros países. A militante bolsonarista, muito evidente no início do mandato presidencial atual, Sara Winter, proclamava a quem queria ouvir e a quem não queria também, que ela própria teria recebido treinamento na Ucrânia, com esse pessoal.

Putin e seu circulo de apoiadores alega que ao derrubar, em 2014, um presidente legalmente eleito, os ucranianos tiveram uma atitude fascista, de nacionalismo extremo, com caráter de antiglobalização, além de chauvinista. De fato, esse perfil político tem se manifestado em muitos países, podendo ser uma ameaça séria às instituições democráticas. Contudo, a invasão russa não se deu por aqueles que poderíamos chamar de “bons motivos”. Em nenhum momento o governo russo preocupou-se com a democracia, mesmo porque o próprio presidente russo não é um exemplo acabado de democrata radical… Ele manipulou e manipula as leis e os tribunais russos, colocando-os a serviço de seus interesses, não do interesse do aperfeiçoamento da democracia russa, muito menos do sistema democrático como concepção e prática política. Aristóteles já dizia, há mais de dois mil anos, que o sistema democrático baseia-se, antes de tudo, em “governar por turnos”, isto é, em haver revezamento de indivíduos e correntes políticas no poder. Oferecer veneno e cadeia aos adversários – o que tem acontecido na Rússia – não é, exatamente, a melhor maneira de estimular o desenvolvimento da democracia, convenhamos.

Não deixa de ser irônico que Putin não esperava por Zelinsky no poder. Um não político (era ator, antes de ser presidente, imitava e caricaturava presidentes na tevê, entre outras atividades artísticas) no poder, um cidadão com antecedentes familiares judaicos, não podia e não pode ser chamado de fascista ou de antissemita. Mas, como a lógica formal não é problema para governos autoritários, Putin e seu círculo de poder fingem que o presidente ucraniano é de extrema direita. Não é. E agora, para coroar a falta de sentido de algumas acusações, além de garantirem que os governantes ucranianos podem  ser antissemitas e judeus (!) um ministro russo acaba de afirmar que Zelinsky pode ser fascista, embora judeu, pois até Hitler tinha sangue judaico. O absurdo é evidente. Mas, não se trata apenas de atentado à lógica. É também um atentado às milhões de vítimas do nazismo. Além de infeliz, imbecil, grosseira, agressiva, a frase de uma autoridade russa fere todas as pessoas de bom senso no mundo, as de bom caráter, as sensíveis, todas as que têm compromisso com verdade. E, devo deixar muito claro, sou um apreciador da cultura russa, amo seus escritores – vários assassinados por Stalin – seus músicos, suas orquestras, seus cineastas, seus dançarinos.

Contudo, como neto de imigrantes, que só escaparam das câmaras de gás nazistas, perpetradas pelo mesmo Hitler a quem o ministro russo se refere como tendo sague judeu, eu me sinto no direito e no dever moral de solicitar pedido formal de desculpas por parte dessa autoridade. Minha avó Sara só escapou do Holocausto, com seus nove filhos, porque o Brasil permitiu que para cá ela viesse. Foi um bom investimento do país: hoje somos, entre netos, bisnetos e tataranetos dela mais de duzentos bons brasileiros que trabalham aqui como médicos, professores, empresários, técnicos, dentistas, editores, artistas, ente outras profissões.

Sim, a Ucrânia talvez não possa se vangloriar de seu passado democrático, de ser um país aberto para minorias culturais e étnicas. Sim, durante a II Guerra Mundial nem sempre colaborou com as democracias; na verdade, esteve mais perto da Alemanha nazista e há casos terríveis de massacres perpetrados por ucranianos contra minorias nessa época e até antes da guerra.  Contudo, ter ficado do “lado certo” contra o nazismo não dá à Rússia carta branca para invadir seus vizinhos, estados independentes, mesmo que não goste de seus governantes. E inventar mentiras contra ucranianos e outros povos não é digno de um país e um povo tão relevantes quanto o russo.

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JAIME PINSKY: Historiador, professor titular da Unicamp, autor ou coautor de 30 livros, diretor editorial da Editora Contexto. Autor de vários livros sobre preconceito, cidadania e escravidão. Organizador e coautor do livro “Novos Combates da História“.

jaimepinsky@gmail.com

www.jaimepinsky.com.br

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Os bilionários nazistas, Adam Tooze - Chartbook #117

 

Chartbook #117: Nazi billionaires 

Source: Harper Collins

Journalist and historian David de Jong started work at Bloomberg just shortly after Zucotti park was violently cleared of protestors, on the orders of Mike Bloomberg, his new boss. As he describes it: 

In the wake of the previous years’ financial crisis, the tension between the 1 percent and the 99 percent was palpable around the globe. Though I was hired to cover American business dynasties such as the Kochs and the Waltons (who control Walmart), I was soon asked to add the German-speaking nations to my beat …

This provides the rather striking opening to his highly readable study of ultra wealthy German families - the Quandts, the Flicks, the von Fincks, the Porsche-Piëchs and the Oetkers - and their entanglement with Hitler’s National Socialist regime. 

The Nazi regime and business has been studied again and again. There were the muckraking (in the historical sense of the term) investigations that accompanied the Nuremberg trials. 

Then there were the hard fought battles of the Cold War. The work of Marxisant business historians in West Germany regularly appeared with passages inked out by the order of the courts. In the US in the 1980s David Abraham, Henry Ashby Turner, Gerald Feldman et al did bloody battle over the responsibility of German business for Hitler’s rise to power. Out of that conflict emerged the first generation of new business histories led by Peter Hayes’s highly influential study of IG Farben. In the 1990s the new focus on the Holocaust and forced labour litigation triggered a further wave of studies. In some cases there were commissioned by the firms themselves. In other cases they were the work of independent academics. 

There is not enough space to do justice to this huge literature in a single newsletter. I will return to it. 

Though he draws on all these earlier studies, de Jong’s book is as a history of German business in the Nazi era that reflects the preoccupations of the years since 2008, the Occupy movement, and the discourse of the 1 v. 99 percent. It is, if you like, a post-Piketty history of Nazi Germany. 

The families at the heart of de Jong’s book were not necessarily the most influential business people in the Nazi regime. He isn’t talking about the CEOs of IG Farben, or Rheinmetall or Krupp. His selection is dictated by two criteria - closeness to the Nazi regime in political and personal terms - and prominence and wealth in the postwar period. 

The Quandt’s tick both boxes most emphatically. As owners of BMW - though that is not how their money was made - they are amongst the wealthiest people in the world. The current generation are descendants of Magda Goebbels who killed herself and all but one of her children in the Führer bunker in 1945. Magda’s first husband, Günther Quandt (1881-1954) to whom they owe their name, was a major supplier of arms, ammunition and batteries to the Nazi war effort and a gigantic employer of forced labour. 

Friedrich Flick was an early sponsor of the Nazi movement and Germany’s wealthiest man twice over. His son Friedrich Karl Flick recalcitrantly denied any wrong-doing on his family’s behalf and frittered away their fortune. So that the youngest members of the family are perhaps worth a mere 1.8 billion euros each. 

The von Finck family, which straddle Bavaria, Austria and Switzerland, were founders of the twin titans of Allianz Insurance and Munich Re. They supplied Hitler’s regime with an Economics Minister, helped build Hitler’s art collections and profited handsomely from the Aryanization of Rothschild assets in Vienna. Their parsimony has ensured that they have stayed in the top ranks of German billionaires down to the present day. 

Rudolf-August Oetker the founder of Oetker’s dramatic postwar growth was a volunteer in the Waffen-SS officer who eagerly enrolled in training courses at Dachau concentration camp. When he died in 2014 he left his 8 children from three marriages with a brand name known throughout Germany - for baking goods - and equal shares of a fortune worth $12 billion at the time. 

The Porsche-Piëchs built Hitler’s Volkswagen - a factory to rival that of Ford. As de Jong shows they not only took advantages of the Nazi seizure of power to boot out their Jewish business partner Adolf Rosenberger, but have systematically written him out of history ever since. 

Though many of these stories are well known, de Jong assembles a compelling and horrifying group portrait. And his points of emphasis are thought-provoking. 

Of late the literature has tended to focus on forced labour, slave labour, contacts between business and the SS. De Jong’s families were involved in that.But, tellingly, de Jong starts not in the 1940s but in 1933. 

On Monday, February 20, 1933, at 6 p.m., about two dozen of Nazi Germany’s wealthiest and most influential businessmen arrived, on foot or by chauffeured car, to attend a meeting at the official residence of the Reichstag president, Hermann Göring, in the heart of Berlin’s government and business district. The attendees included Günther Quandt, a textile producer turned arms-and-battery tycoon; Friedrich Flick, a steel magnate; Baron August von Finck, a Bavarian finance mogul; Kurt Schmitt, CEO of the insurance behemoth Allianz; executives from the chemicals conglomerate IG Farben and the potash giant Wintershall; and Gustav Krupp von Bohlen und Halbach, chairman-through-marriage of the Krupp steel empire. 

The purpose of that meeting was not to sell big business on anti-semitism, Hitler’s plans for world conquest, or the Holocaust. Hitler’s regime as we now know it was not up for for debate. The purpose of the meeting was to raise money with which to end German democracy. 

“Private enterprise cannot be maintained in the age of democracy,” the forty-three-year-old chancellor said. “It is conceivable only if the people have a sound idea of authority and personality. Everything positive, good and valuable, which has been achieved in the world in the field of economics and culture, is solely attributable to the importance of personality.”

What Hitler and his movement needed was money with which to win the election of March 5 1933. It was to be a decisive vote. 

“the last election,” according to Hitler. One way or another, democracy would fall. Germany’s new chancellor intended to dissolve it entirely and replace it with a dictatorship. “Regardless of the outcome,” he warned, “there would be no retreat . . . There are only two possibilities, either to crowd back the opponent on constitutional grounds . . . or a struggle will be conducted with other weapons, which may demand greater sacrifices.” If the election didn’t bring Hitler’s party into control, a civil war between the right and the left would certainly erupt, he intimated. Hitler waxed poetic: “I hope the German people recognize the greatness of the hour. It shall decide the next ten or probably even hundred years.”

What Hitler, Goering and Schacht had in mind was a fund equivalent to $20 million in today’s money with which to win the election and end Germany democracy. They had no problem raising the funds. 

The day after the meeting, February 21, 1933, thirty-five-year-old Joseph Goebbels, who led the Nazi propaganda machine from Berlin as the capital’s Gauleiter (regional leader), wrote in his diary: “Göring brings the joyful news that 3 million is available for the election. Great thing! I immediately alert the whole propaganda department. And one hour later, the machines rattle. Now we will turn on an election campaign . . . Today the work is fun. The money is there.” Goebbels had started this very diary entry the day before, describing the depressed mood at his Berlin headquarters because of the lack of funds. What a difference twenty-four hours could make. 

If the choice was between consolidating Hitler’s or continuing the Weimar Republic, by 1933 the German business community knew which way it would swing. 

This had not always been their choice. In the 1920s they had learned to live with the Weimar Republic and its Western-facing foreign policy. But after ten years of what they regarded as intolerable instability, with the Communist Party surging, the economy in deep crisis and little prospect of a return to the international economic order of the 1920s, they made their choice.

They were not the only ones. As I argued in Deluge, faced with the collapse of Anglo-American hegemony in the Great Depression, Italian and Japanese elites also swung to a nationalist course. 

They got more than they had bargained for. German business was not without influence at the technical level in the Third Reich. In technical and industrial terms they shaped what was possible. Some who were considered untrustworthy or insufficiently enthusiastic were bullied or even lost control of their businesses. But that was far from being the majority experience. For the most part the trade offs offered by the Nazi regime were extremely attractive. There is much more to say about this but businesses profited handsomely. But any illusion they might have had that they were backing a conservative nationalist government in which figures like the publisher Alfred Hugenberg or the military high command would call the shots were soon dispelled. They had embarked on a dramatic va banque adventure dominated by Hitler’s vision of racial war. 

De Jong does a skillful job of interweaving family history with the drama and violence that began in 1938 with the Anschluss of Austria and continued down to the stabilization of the 1950s. 

Defeat was a shock but it did not end the prosperity of this cluster of families. All of them survived the war. Their fortunes were if not intact, then at least the basis for regrowth. And this is the bigger point to highlight about de Jong’s account. It is a story of continuity, a story of relentless accumulation across some of the most massive caesura in modern history. 

To that extent it runs counter to one of the findings commonly taken away from the inequality studies of recent years, that war was one of the very few forces that disrupts entrenched wealth inequality. This is the headline, for instance, of Walter Scheidel’s The Great Leveler: Violence and the History of Inequality from the Stone Age to the Twenty-First Century

Does the emphasis on continuity in a study like de Jong’s contradict that basic idea? 

Of course, one might take refuge in the fact that de Jong’s study is not an exercise in quantitative history. It is to be regretted that it does not include a quantitative tracking of the fortunes of his subjects. 

By starting with the families whose wealth continued to accumulate he has built in survivorship bias. We don’t learn about the wealthy Germans - if there were any such persons - whose fortunes were destroyed by the war and the subsequent division of Germany. It was clearly bad for the landowners of East Prussia. 

Focusing on the billionaires with Nazi connections gives us a distorted impression of wealth in Germany today. In the list of the top 30 German fortunes today, the Quandts and the von Fincks are flanked by families like the Herz’s who made their fortune in coffee after the war, or the Albrechts who are heirs to the Aldi retail fortune. The 2021 top 30 billionaire list for Germany is here and as far as I can see Nazi-related fortunes make up a small minority of the group. 

But, survive the Quandts and the von Fincks did. And before dismissing them as flukes it is interesting to consider some other possible implications of de Jong’s history. 

To start with, what do the German data tell us about the impact of World War II on wealth and income inequality in that country? What kind of shock did the Nazi regime, the war and postwar division deliver to wealth in general? 

We owe the best estimates on this score to the recent work by N. H. Albers, Charlotte Bartels and Moritz Schularick in their 2020 paper The Distribution of Wealth in Germany, 1895-2018

As a baseline they use Prussian data, which yield this fascinating breakdown of wealth in Prussia before World War I. 

Tracking the wealth share of the top one percent shows it falling monotonously from just before World War I through to the 1970s. 

The data are patchy but what is striking is not so much the impact of the wars as such, but the Great Depression of the 1930s and postwar fiscal measures, notably the Lastenausgleich (Burden Equalization) legislation passed in West Germany in 1952, building on Weimar and Nazi-era precedents. 

According to the careful estimates by Albers et al, postwar wealth taxes in West Germany had twice the impact on the top 1 % share as did the destruction of property predominantly owned by the wealthy during the war.

These are fascinating data and the postwar wealth tax legislation of West Germany are a topic to return to. 

But relating these data to de Jong’s narrative still poses problems. In relying on large statistical aggregates to measure the wealth distribution are we actually able to capture the history of the largest fortunes? When we say that wars tend to redistribute wealth, whose wealth is it that gets redistributed? Is it the wealth of the ultra-ultra-rich or merely that of the very rich? The 0.0001% or the 1%? It would be fascinating to know whether the records of the Lastenausgleich tax allow one to throw light on these questions. 

In the mean time there is at least one study that does dig into the top 1 percent income share. 

Fabien Dell of INSEE and Paris-Jourdan calculates top 1 percent and top 0.01 percent shares for German and Swiss incomes.

The income data broadly follow the story of declining inequality shown by the wealth data. But in the income data we see a major recovery of the share of the top 1 percent during the period of the Nazi regime between 1933 and 1940. 

And this is even more pronounced in the data for the top 0.01 percent. Their share doubles between the Weimar Republic and the outbreak of World War II. And what is also striking is how robust the top 0.01 share of national income remains after 1945. In 2000, on Dell’s data, it is still comfortably above the levels measured for the Weimar Republic. 

Income and wealth inequality are two different things. But as Dell points out, the incomes of those in the top 1 percent are heavily driven by capital income. So his data strongly confirm the supposition that the Nazi regime was very good for Germany’s wealthy class.

On closer inspection, in short, the appearance of contradiction between the aggregative view of inequality trends and the importance of war shocks and de Jong’s case study approach dissolves. Indeed, the two views seem to complement each other. 

World War I, the revolution, hyperinflation, Weimar democracy and the great depression delivered a nasty shock to German wealth, which shows up clearly in a break in the income and wealth inequality data. To guard against any further erosion at the hands of democracy, the wealthy placed a bet on Hitler and between 1933 and 1940 Hitler’s regime delivered handsomely on the bargain. War damage was severe, but not devastating. There was plenty of opportunity for plunder in the occupied territories and, in the event that Germany had won, the most prominent collaborators of the regime would not doubt have been rewarded even more amply. It was a high risk gamble but not an unfathomable one. I explore the politics of the moment of maximum risk in 1939-1940 at length in Wages of Destruction. Defeat was a shock, but not, in the end, a disaster. West Germany delivered capitalist democratic stability anchored safely within the US orbit. That was a deal that German elites had been willing to accept in the 1920s under far more precarious circumstances. The price of postwar stability was some redistribution to stabilize a society crowded with refugees, homeless and displaced persons. That shifted wealth shares. But what might have been a dramatic moment for wholesale redistribution by way of a 50 percent flat rate levy on all wealth assessed in 1948, was instead commuted into a manageable tax. As Albers et al put it succinctly:

Instead of paying the full amount in 1952 (due in Lastenausgleich tax), households and companies (that had done well out of the war) made quarterly amortization payments including interest until 1979. The combined annual payment amounted to 4-6% of the total initial amount of 1948, depending on the asset type (Albers, 1989, p. 288). Put differently, the main levy thus corresponded to an annual wealth tax of 2-3% on the initially assessed net wealth in 1948. This implied that it could be paid from the returns of private wealth rather than its substance

This confirms the most fundamental point conveyed by in-depth narratives like de Jong’s. Continuity achieved by all means necessary. 

De Jong alerts us to the structures of ownership and influence which perdure even if the book value of assets is written down, a family member or two falls out of favor for a while, or business is bad for a few years. Wealth and privilege persist - or perhaps we should better say they are produced and reproduced - through their anchoring in law and through networks of social contacts and relationships of trust and kinship. 

They also persist through crafting self-protective narratives that legitimize and defend wealth. This is where history and, in particular, business histories come in. It can serve as legitimizing device for wealth, or as a powerful check and source of accountability. 

De Jong’s book, as much as anything, is an intervention in the discourses that surround modern German wealth and its history. As he himself acknowledges it is not the most scholarly or archival study of German business and the Nazi regime. There are plenty of those, nowadays even commissioned by the businesses themselves, for the sake of transparency, of course. But, they remain untranslated and veiled in scholarly apparatus. They tend non-accidentally to disappear from view. The result is a culture of apparent transparency but de facto ignorance or even denial. 

The challenge as de Jong reminds us is to reactualize this history. To continually find new ways to bring it into the present. The result is a fresh and highly readable account. But for me it is less the novel framing of de Jong’s story that I admire than the fact that he has taken up this Sisyphean labour of rolling the heavy boulder of history up the hill again.