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segunda-feira, 1 de julho de 2024

Politica econômica de Lula preserva estagnação ou prepara nova crise fiscal (matérias da FSP)

 Sim, preserva o longuíssimo ciclo estagnacionista da economia brasileira, que vem desde a “década perdida” dos anos 1980, continuou mesmo depois da estabilização do Plano Real e do crescimento mais vigoroso de Lula 1 (feito à base de aumento do dispêndio público e não de maior eficiência, pois que inferior ao crescimento médio mundial e da AL, e três vezes menor do que os emergentes dinâmicos da Ásia) e que jamais propiciou ganhos sustentáveis de produtividade ou inserção na economia mundial. Ficamos nos arrastando penosamente em direção ao futuro nos últimos 40 anos, com algumas poucas ilhas de excelência na academia ou na economia (o agronegócio, por exemplo), mas uma enervante lentidão em todos os demais setores. O que mais cresceu, na verdade, foi a sanha abocanhadora dos políticos, os instintos aristocráticos dos mandarins do serviço público (com destaque para os abusos predatórios do Judiciário, complementados pelas benesses abusivas dos militares sob Bolsonaro) e a corrupção generalizada no Estado e na sociedade, de maneira geral. 

Reproduzo abaixo duas matérias da FSP, do domingo 30/06 e  desta segunda-feira, 1/07/2024, um péssimo início de segundo semestre. PRA


“A política de valorização do salário mínimo instituída pelo governo federal aumentará as despesas da Previdência Social em mais de R$ 100 bilhões nos próximos quatro anos, informa a Folha de S. Paulo. O presidente Lula e sua equipe afirmam que o objetivo é ampliar o poder de compra dos trabalhadores, mas economistas alertam sobre o impacto dessa política nos gastos públicos. Em dez anos, o impacto pode chegar a R$ 550 bilhões, anulando parte dos ganhos obtidos com a reforma da Previdência de 2019 e pressionando o limite do novo arcabouço fiscal. Lula já avisou que não aceita mudanças na política de valorização do mínimo nem desvinculação dos benefícios.” 

Como falas de Lula têm contribuído com a alta no dólar
Folha.com | Feed
30 de junho de 2024

São Paulo

Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) têm contribuído para a alta do dólar, em meio a um cenário de incertezas sobre os gastos do governo. Isso além do cenário externo, com juros norte-americanos em alta e a proximidade das eleições no Estados Unidos.

Na sexta-feira (28), do dólar fechou o dia com aumento de 1,5% ante a quinta, cotado a R$ 5,5906. É o maior patamar desde 18 de janeiro de 2022, quando a moeda americana atingiu R$ 5,56.

Dólar recua ante real com incertezas sobre ajuste fiscal e cenário externo

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As elevação parecia ter encontrado seu pico na quarta, chegando a R$ 5,518, quando Lula afirmou, em entrevista ao UOL, que era preciso saber se realmente era necessário um corte de despesas ou um aumento de arrecadação.

"O problema não é que tem que cortar. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação", disse Lula

O mercado não reagiu bem. No dia, havia outros pontos do cenário internacional influenciando o câmbio, mas o salto foi atribuído por analistas às declarações do presidente.

Na mesma entrevista ao UOL, o presidente afirmou que a inflação está controlada, mas reforçou que manterá a política de valorização do salário mínimo, que conta com parte do PIB (Produto Interno Bruto) dos últimos dois anos, além da inflação do ano anterior.

Além disso, afirmou que não pretende desvincular o piso das aposentadorias e pensões do INSS, o que aumentou a percepção do risco fiscal. Veja outros casos no gráfico abaixo.

Na quinta (27), durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado Conselhão, que envolve representantes de trabalhadores e de diversas empresas do setor produtivo, Lula chamou de "cretinos" os que afirmaram que o dólar subiu na véspera por causa de suas declarações.

"Vejam o que aconteceu ontem. Quando eu terminei a entrevista [ao UOL], a manchete de alguns comentaristas era que o dólar subiu pela entrevista do Lula. E os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista. Quinze minutos antes!", afirmou.

"Ou seja, nesse mundo perverso das pessoas colocarem para fora aquilo que querem sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim", disse no Palácio do Itamaraty.

No acumulado do mês de junho, o dólar registrou alta de 6,48%. No ano, a moeda americana registra alta de mais de 15% ante o real.

"Tem especulação com derivativo para valorizar o dólar e desvalorizar o real, e o Banco Central tem que investigar isso. Se o presidente da República que for eleito não puder falar, quem vai poder falar? O cara que perdeu? O presidente do Banco Central?", afirmou Lula na sexta (28).

Já no fim da manhã, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que ajustes fiscais muito focados em ganho de receita são menos eficientes e podem ter como resultado menor investimento, menor crescimento econômico e inflação mais alta.

O presidente do BC disse, ainda, que a desconfiança sobre as contas públicas impacta os juros de longo prazo e as expectativas de inflação.

À tarde, durante evento em Juiz de Fora (MG), o petista disse que não fará ajuste fiscal que atinja o "povo trabalhador e pobre" do país.

"Ah, dizem que é importante se fazer ajuste fiscal, que o salário mínimo está alto. Que alto? Mínimo é mínimo", disse Lula, que foi aplaudido pelos presentes.

Em novembro de 2022, o presidente também havia atacado o corte de gastos. "Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos? Por que a gente não estabelece um novo paradigma?"

No mesmo mês daquele ano, no entanto, chegou a dizer que sabe que tem de cortar gasto, sabemos que temos de ter responsabilidade fiscal. Não podemos gastar mais do que a gente ganha", e que irá respeitar a lei de responsabilidade fiscal.

O presidente se queixa com frequência da taxa de juros, e diz acreditar que a situação irá se estabilizar quando indicar o novo presidente do Banco Central. Analistas, no entanto, apontam que o cenário internacional não tende a mudar até a eleição norte-americana, pressionando a moeda internacional a altas.

No caso do aumento da última sexta, no entanto, a moeda norte-americana se valorizou ante ao real mais ligada uma disputa entre agentes de mercado pela formação da Ptax do que propriamente a Lula. A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo BC que serve como referência para a liquidação de contratos futuros.

No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

A disputa pela Ptax impulsionou as cotações do dólar no Brasil, ainda que no exterior a moeda americana tenha apresentado baixa. A maior parte das moedas emergentes, como o rand sul-africano e o peso chileno, registrou valorização. O real, no entanto, amargou o pior desempenho.

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