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terça-feira, 2 de julho de 2024

De “grande conchavão”, Lula entende - Felipe Moura Brasil (O Antagonista)

De “grande conchavão”, Lula entende


Felipe Moura Brasil - diretor de jornalismo

O Antagonista, 2/07/2024

Crítica de Lula à independência do Brasil se aplica a seus próprios governos

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula disse à Rádio Sociedade nesta terça-feira, 2 de julho:


“A nossa independência foi um acordo feito pela elite que governava o Brasil naquela época e transformaram aquilo na data oficial. Um grande conchavão que resultou, não se sabe se é verdade, no grito de D. Pedro: ‘Independência ou morte’.”


Lula entende do assunto.


O caso do mensalão


O mensalão, descoberto em 2005, foi um “grande conchavão” entre a elite do PT e do Congresso Nacional, com pagamento de propina a parlamentares para que votassem a favor dos projetos do primeiro governo Lula.


A impunidade dos mensaleiros foi um “grande conchavão”, que incluiu o indulto de Natal concedido por Dilma Rousseff a gente do naipe do petista José Dirceu e de Valdemar Costa Neto, que saíram juntos da cadeia e hoje atuam em polos ideológicos supostamente opostos.

O caso do petrolão


O petrolão, revelado em 2014, foi um “grande conchavão” entre empresários amigos de Lula e diretores indicados por ele e seus aliados para setores da Petrobras, com os primeiros levando boladas bilionárias em contratos públicos em troca do pagamento de propina aos demais.


A impunidade dos envolvidos no maior esquema de suborno da história do Brasil também foi um “grande conchavão”, apontado desde a raiz por Crusoé, que uniu lulistas, tucanos e Centrão a bolsonaristas interessados em livrar a família de Jair Bolsonaro das investigações de peculato em gabinetes passados. Os ministros dos tribunais superiores indicados nos governos de PT, PSDB e Bolsonaro somaram seus votos para aliviar a barra dos acusados de corrupção e lavagem de dinheiro no petrolão, bem como de “rachadinha”.

A vingança contra a Lava Jato


A retaliação contra juízes e investigadores da Lava Jato foi um “grande conchavão” da mesma elite política, econômica, judicial e midiática, que resultou em piruetas na lei para cassar o mandato de deputado federal do ex-procurador Deltan Dallagnol, em processos contra o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR) até por piada de “prisão” de festa junina, bem como em afastamentos e procedimentos disciplinares contra a ex-juíza Gabriela Hardt e desembargadores do TRF-4, o tribunal de segunda instância que ousou referendar condenações no âmbito da força-tarefa anticorrupção.


O caso do orçamento secreto


orçamento secreto, desvelado em 2020, foi igualmente um “grande conchavão”, que institucionalizou os esquemas anteriores durante o governo Bolsonaro, para garantir a distribuição de verbas públicas conforme a conveniência da cúpula do Poder Legislativo, sendo mantido, de modo maquiado, no terceiro mandato de Lula, mesmo após o STF ter declarado sua inconstitucionalidade e o atual presidente ter chamado o mecanismo, durante sua campanha eleitoral, de “fonte do maior esquema de corrupção da história do país”.


A volta ao passado


volta de empresários amigos de Lula à cena do crime em Brasília, em seu terceiro mandato, também foi um “grande conchavão”, que resultou em medida provisória conveniente no setor elétrico e seleção para concluir a mais escandalosa refinaria de todos os tempos. Isto sem falar nas “coincidências” dos leilões de milho e arroz estatal, ou da megalicitação da Secom para a publicidade governista.

A dependência de Portugal


De conchavão em conchavão, portanto, o Brasil vem perdendo a sua independência para uma casta privilegiada que tudo pode e se autoriza a fazer, inclusive em Portugal, como evidencia o Gilmarpalooza, em nome da mesma democracia diariamente solapada por ela.


As elites colonizadoras das instituições se reúnem anualmente em Lisboa para ditar os rumos brasileiros, enquanto Lula, seu maior beneficiário, posa de defensor do povo.


Sabemos perfeitamente que é tudo verdade.


Felipe Moura Brasil - diretor de jornalismo

O Antagonista, jornalismo vigilante.

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