O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador O Antagonista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador O Antagonista. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 6 de maio de 2024

O cabidão da República (empreguismo no setor público) - Carlos Graieb, Duda Teixeira (O Antagonista)

Nota PRA em 6/05/20924: O concurso foi postergado para agosto, em virtude da catástrofe no Rio Grande do Sul, o que não invalida em nada os comentários dos dois jornalistas sobre o empreguismo público, uma das alavancas do PT em seu domínio sobre o Estado.

O cabidão da República 

CARLOS GRAIEB 
DUDA TEIXEIRA
Crusoé, O Antagonista, 03.05.24 

Mais de 2 milhões de brasileiros irão prestar um único concurso neste domingo, 5 de maio, em 228 cidades. Eles concorrerão a 6.690 vagas na administração pública federal. A relação é de uma vaga para cada 319 pessoas, com cerca de 1% da população tentando se pendurar no cabide estatal. Apelidado de o “Enem dos Concursos”, em referência ao exame feito por alunos do Ensino Médio em todo o Brasil, o Concurso Unificado (seu nome oficial) dá a dimensão de quanto os brasileiros depositam suas esperanças no Estado. 

E eles têm bons motivos para isso. Segundo um estudo publicado pelo Banco Mundial em 2019, além de contar com estabilidade, ou seja, ter chances baixíssimas de ficar desempregado, o servidor público brasileiro recebe, em média, um salário 19% maior que o trabalhador do setor privado. Mas, no caso dos servidores federais, o chamado “prêmio salarial” pode ser muitas vezes maior do que isso. O “Enem dos Concursos” mostra algo mais: a vocação do PT para aumentar o tamanho da máquina administrativa sem tomar medidas prévias nem para garantir que os serviços prestados à população melhorem, nem para eliminar desigualdades dentro do próprio setor público, onde uma casta influente coleciona privilégios. 

Acreditou-se por bastante tempo que o maior problema do Estado brasileiro era o inchaço. Sabe-se hoje que não é bem assim. O Brasil tem cerca de 11 milhões de servidores públicos, ou 12,4% do total de trabalhadores do país. Utilizando informações da International Labour Organization (ILO), ligada à ONU, o instituto Republica.org comparou recentemente esses números com os de outros países. Constata-se que a proporção de funcionários públicos no Brasil é bem menor que a média dos 38 membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 23,48%, ou que a de vizinhos como Argentina (19,31% ) e Uruguai (16,92%). O porcentagem é semelhante, mas ainda menor, que a dos Estados Unidos, de 13,56%. Se os números são esses, a ideia de promover contratações no setor público brasileiro não deve ser vista como um mal em si mesma. Em algumas áreas do governo federal existe até mesmo a necessidade urgente de ampliar o quadro de servidores. Mas isso não valida a maneira petista de abordar a questão. Em seus respectivos mandatos, Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro reduziram o número de servidores federais. Sempre que esteve no poder, o PT cuidou de fazer o contrário. Em 2023, primeiro ano do terceiro mandato de Lula, foram realizadas 6.849 contratações. No Concurso Unificado serão outras tantas. 

Seria necessário preencher todas elas? Ninguém sabe ao certo, porque somente depois de anunciar o concurso o governo federal lançou um edital para dimensionar sua força de trabalho. “Aparentemente, o número de vagas foi definido antes que se fizesse essa medição”, diz Wagner Lenhart, diretor-executivo do Instituto Millenium e especialista em gestão de pessoas no setor público. É certo que o concurso vai angariar simpatia dos aprovados e dos sindicatos que compõem uma das bases eleitorais do PT, mas não há garantia que vá tornar o Estado brasileiro mais eficiente. Uma vez que um servidor é aprovado em um concurso, ele costuma representar um custo na folha de pagamento da União por cerca de 60 anos. Ou seja, a contratação de hoje vai se refletir por décadas. Surge então outra pergunta: esse modelo de contratação precisa ser adotado invariavelmente? A resposta é praticamente unânime entre os estudiosos da administração pública: não, sobretudo porque experiências de anos recentes mostraram não haver correlação obrigatória entre o tipo de vínculo empregatício e a qualidade dos serviços oferecidos aos cidadãos. O caso da educação no Espírito Santo é uma prova disso: o estado melhorou seus índices nos rankings de ensino apostando sobretudo em contratações temporárias de professores para a rede pública. 

A gestão da saúde e da cultura por meio de Organizações Sociais, responsáveis por suprir a mão de obra especializada requerida nesses dois setores, também trouxe bons resultados em vários estados. “Há um leque de formas de contratação que já vêm sendo testadas”, diz Regina Viotto Monteiro Pacheco, professora de Gestão Pública na FGV-SP. “O que falta é sistematizar o seu uso, tornando a administração pública mais ágil e mais flexível.” A maneira como o Estado seleciona os seus funcionários representa outro gargalo, diretamente relacionado ao “Enem dos Concursos”. Ainda que a prova seja bem desenhada (o que só se descobrirá no domingo), identificando indivíduos com conhecimentos úteis para atuar no setor público, ela não conseguirá selecionar, sozinha, candidatos com as competências específicas requeridas por 21 entidades federais diferentes. Como observa Carlos Ari Sundfeld, professor de Direito Público da FGV Direito-SP, se não for complementado com outras etapas de seleção, o Concurso Unificado não resolverá um problema fundamental, que é promover o melhor casamento possível entre vaga e ocupante (assista à entrevista com Sundfeld nesta edição de Crusoé). Regina Pacheco faz o mesmo diagnóstico. “Esse provão é uma forma limitada e antiquada de fazer seleção de pessoas”, diz ela. “Não permite avaliar competências, muito menos vocação para os serviços públicos. No setor privado, a última fase de qualquer processo de contratação é uma entrevista. Isso não acontece por acaso. 

Mas o setor público brasileiro nem sequer leva em conta essa possibilidade, por medo de incluir fatores ‘pessoais’ na seleção. Trata-se de uma bobagem, porque há formas de impedir que essa contaminação ocorra.” O modo como é feita a seleção dos funcionários ajuda a explicar o déficit na qualidade dos serviços. O índice de eficiência governamental do Banco Mundial, que leva em conta a entrega de serviços públicos, mostra o Brasil no terço mais baixo de uma escala de 230 nações. Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia e México, por exemplo, têm desempenho melhor. Além disso, entre 2012 e 2022 houve piora significativa, de 20 pontos percentuais, nos resultados nacionais. Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha em outubro do ano passado mostrou que 84% dos brasileiros têm uma percepção clara de que a presença de servidores bem preparados em cargos importantes – como a direção de um posto de saúde, por exemplo – melhoraria a vida da população. A maior distorção no setor público, porém, está nos salários exorbitantes pagos a uma pequena camada de privilegiados. Segundo o Republica.org, uma minoria que representa 0,06% de todo o funcionalismo recebe os chamados supersalários, que furam o teto constitucional de R$ 41.650. Outro grupo, que compõe 0,94% do total, ganha entre R$ 27.000 e o teto. É possível encontrá-los em todas as esferas da administração – municipal, estadual e federal – mas eles se concentram sobretudo nas carreiras jurídicas: magistrados; promotores e procuradores; advogados públicos. 

Segundo Carlos Ari Sundfeld, a existência dessa casta cria insatisfação generalizada e, dentro da própria estrutura do Estado, uma pressão permanente por remuneração maior. “As pessoas ficam se espelhando no que essa hipererelite ganha, mas é claro que o orçamento público brasileiro não aguenta“, diz ele. Qualquer grande aumento de quadros, como pretende fazer o PT, deveria ser precedido de iniciativas no sentido de reformar a administração pública: ter um diagnóstico claro sobre carências e distorções, reestruturar carreiras, estabelecer metas para os órgãos públicos, melhorar a seleção dos servidores e criar mecanismos de avaliação do seu trabalho. No entanto, a esquerda que ocupa o governo se finge de morta, com sua mentalidade estatista. E a oposição também não pressiona, muito pelo contrário. 

No ano passado, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) sinalizou ter escolhido a reforma administrativa como um objetivo pessoal – uma marca que pretendia deixar em sua passagem pelo cargo de liderança. “Seria um avanço, uma conquista para o Brasil. Melhoraria a eficiência do Estado e seria uma importante sinalização para o mundo que o país está entrando na modernidade”, disse ele a Crusoé, em agosto. Desde então, o deputado se esqueceu do assunto. Enquanto isso, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pensa em ressuscitar o quinquênio, que proporcionaria um bônus automático a cada cinco anos, acima do teto do funcionalismo, àquelas carreiras jurídicas que já desfrutam dos famigerados “penduricalhos” – indenizações pela compra de livros ou roupas, férias não gozadas convertidas em dinheiro e assim por diante. Tramita no Congresso uma proposta de emenda constitucional, a PEC 32, que pretende promover uma reforma ampla dos serviços públicos. O problema é que além de despertar grande resistência, ela já sofreu enxertos que põem diversos grupos à salvo das mudanças. Segundo os especialistas ouvidos por Crusoé, seria provavelmente mais eficaz avançar por meio de leis, que têm aprovação mais fácil, em vez de mexer na Constituição. 

Há projetos já bem encaminhados para acabar com os supersalários, por exemplo. Bastaria haver um esforço para votá-los. Segundo Regina Pacheco, destacar um item da PEC 32 e votá-lo em separado já representaria um grande avanço: a chamada “contratualização de resultados”, por meio da qual órgãos do serviço público se comprometem com certas metas, que precisam ser atingidas mesmo quando mudam os governos e os gestores. “Fala-se muito em criar avaliação de desempenho para funcionários públicos, permitindo inclusive a demissão de quem ficar abaixo da média, mas seria um teatro nas nossas condições atuais”, diz ela. “Antes disso é preciso criar uma cultura de resultados no setor público. Quando os órgãos começarem a cumprir suas metas passamos para a fase seguinte.” Para Sundfeld, aprovar uma “lei geral das contratações temporárias” também poderia ser um bom começo, para regrar e disseminar uma ferramenta que já vem sendo usada nos estados com bons resultados. “Mas o mais importante de tudo seria o governo colocar o seu peso político na discussão da reforma administrativa”, diz o professor. Infelizmente, essa é uma situação bem conhecida no Brasil: o caminho para que se resolva um problema é conhecido; falta andar. 


terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Tinha uma Ucrânia no meio do caminho do Lula para a visita a Biden - Claudio Dantas (Antagonista)

 A questão mais espinhosa da futura política externa.

O que Biden quer de Lula

Jake Sullivan vem em missão especial, com um pacote de cobranças a Lula relacionadas à posição brasileira na guerra da Ucrânia

O Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, estará em Brasília nesta segunda-feira 5 para encontro com Lula e integrantes do gabinete de transição.

O principal item da pauta é a cobrança para que o governo brasileiro condene de forma clara a guerra na Ucrânia e se engaje com os EUA e parceiros europeus no fornecimento de armas para o regime de Zelenski.

A gestão de Jair Bolsonaro negou a venda para a Ucrânia de 1500 veículos blindados Guarani, aviões Super Tucano da Embraer e lançadores de foguetes Astros da Avibras, além de grande quantidade de armamento.

Biden não quer saber de diplomacia da bola ou da cervejinha.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Lula virou um bolsonarista anti-China? Não, ele apenas quer agradar a FIESP - O Antagonista

 "A China está ocupando o Brasil, está tomando conta do Brasil", diz Lula; assista ao vídeo

09.08.22 16:22
Redação O Antagonista

Lula disse, em debate na Fiesp nesta terça-feira (9), que a China está “ocupando” e “tomando conta” da economia brasileira. “A gente tem a ilusão, dizendo que a China está ocupando a África, a América Latina. Não, ela está ocupando o Brasil. Ela está tomando conta do Brasil“, declarou o petista.

“Eu achei muito grave isso, achei muito grave”, acrescentou, ecoando críticas normalmente feitas por Jair Bolsonaro.

O presidenciável listou a participação de fabricantes chineses em diversos produtos comercializados no Brasil.

Sem citar suas fontes, Lula afirmou que eles são responsáveis por 95% dos eletrodomésticos no mercado brasileiro.

Ele também atribuiu aos fabricantes chineses, dentre outros produtos, 79% dos cabos de fibras ópticas e 77% dos equipamentos de comunicação vendidos no Brasil.

“Eu fiquei muito assustado quando vi isso”, disse.

O petista disse que o empresariado, e não o governo, deve encontrar a solução para se contrapor à influência dos fabricantes chineses na economia brasileira.

O petista aparenta se esquecer de que, em 2004, durante o seu primeiro mandato presidencial, o governo brasileiro reconheceu a China como uma economia de mercado.

A medida significa que qualquer processo antidumping, que envolve produtos vendidos abaixo do preço do mercado, seja sujeito às regras da OMC, a Organização Mundial do Comércio.

“O Brasil hoje deu uma demonstração de confiança, deu uma demonstração de que a nossa relação estratégica é para valer. Isso é a demonstração mais inequívoca da objetividade, da seriedade e da prioridade que nós damos à relação Brasil-China”, disse Lula na época.

O ex-presidente também defendeu inúmeras vezes uma “parceria estratégica” com o gigante asiático, para estabelecer “uma nova ordem mundial”.

https://oantagonista.uol.com.br/brasil/a-china-esta-ocupando-o-brasil-esta-tomando-conta-do-brasil-diz-lula-assista-ao-video/

quarta-feira, 30 de março de 2022

O império da sem-vergonhice: corruptos da Lava-Jato processados nos EUA, perdoados no Brasil - Mario Sabino (Antagonista)

O império da sem-vergonhice

Enquanto os Estados Unidos caçam quem recebeu propina do petrolão, aqui vão livrar a cara das empresas corruptoras que assinaram acordos de leniência 

Uma notícia muito ilustrativa passou meio despercebida ontem, salvo neste site. Como informamos, “o Departamento de Justiça dos EUA e o FBI estão oferecendo recompensa de até US$ 5 milhões (cerca de R$ 24 milhões) a quem fornecer informações que levem à identificação de destinatários de propinas da Odebrecht e da Braskem” (foto). Não é uma iniciativa excepcional, que visa apenas a essas empresas brasileiras que estavam no âmago do escândalo de corrupção na Petrobras revelado pela Lava Jato. Ela integra o “Programa de Recompensas de Recuperação de Ativos da Cleptocracia”, aprovado pelo Congresso, no compromisso do governo americano de combater a corrupção de governos estrangeiros, como também esclarecemos. O programa está no âmbito do Gabinete de Terrorismo e Inteligência Financeira do Departamento do Tesouro e seu objetivo é “identificar e recuperar ativos roubados, confiscar os lucros da corrupção e, quando apropriado e viável, devolver esses bens roubados ou valores ao país prejudicado pelos atos de corrupção”.

Enquanto isso, no Brasil, os suspeitos de sempre em Brasília querem dar uma tremenda colher de chá a empresas que firmaram acordos de leniência com a Lava Jato, como mostra uma reportagem publicada pela Crusoé na semana passada (clique aqui para ler a íntegra aberta para não assinantes). Os acordos de leniência possibilitaram que elas escapassem de punições ou tivessem sanções menos pesadas, em troca da entrega de provas dos esquemas dos quais participaram na roubalheira perpetrada contra a Petrobras e da devolução do dinheiro surrupiado. No total, 17 empresas firmaram tais acordos, comprometendo-se a restituir 15,4 bilhões de reais aos cofres públicos. Dessa forma, ganhou-se velocidade nos processos e as empresas puderam voltar a fazer contratos com o estado. Mas, com a destruição da Lava Jato promovida por políticos e magistrados, agora querem dar um jeito para que essas empresas burlem o que foi pactuado.

A realidade nua e sem temperos, porém, é que, nos Estados Unidoshá o império da lei, como mostra a iniciativa de recompensar as pessoas que informarem os destinatários de propinas da Odebrecht e da Braskem (e todos sabemos muito bem quem são). Aqui, o império é mesmo o da sem-vergonhice, como deixa evidente a malandragem de livrar a cara de quem pagou propina.


quinta-feira, 3 de março de 2022

"Presidente" do Brasil: estamos entregues a um DÉBIL MENTAL, ele e a tropa de energúmenos que o cerca - O Antagonista, O Globo

 Sinto muito: eu raramente me dedico a xingar as pessoas, mas neste caso não estou, de verdade, xingando, apenas constatando algo que pode ser deduzido diretamente do que se pode ler nesta nota do Antagonista: ESTAMOS SENDO GOVERNADOS POR UM DÉBIL MENTAL, o dirigente psicopata e os que cercam, os que são capazes de acreditar nos argumentos aqui expressos.

Mais abaixo da nota do Antagonista, transcrevo a íntegra da nota que vem sendo circulada. Ou é oportunismo puro é simples, ou é debilidade mental  no mais alto grau.

Nesse caso, vou repetir para ficar bem claro: ESTAMOS SENDO GOVERNADOS POR UM DÉBIL MENTAL, em toda a sua plenitude.

Para que fique constância do que afirmo, assino e dato embaixo.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3/03/2022

Bolsonaro compartilha mensagem que prega “Nova Ordem Mundial” e exalta Rússia

Redação O Antagonista

Ao longo do conflito entre Ucrânia e e o governo de Vladmir Putin, que já dura sete dias, Jair Bolsonaro tem evitado condenar as ações do Kremlin.

Jair Bolsonaro compartilhou em alguns grupos de WhatsApp um texto que critica a atuação dos Estados Unidos no atual contexto geopolítico e que exalta a Rússia como integrante de um seleto grupo de países que seria capaz de enfrentar a “Nova Ordem Mundial”.

“USA não é mais uma nação virtuosa”, inicia a mensagem, obtida pelo jornal O Globo.

“Só existe a Rússia, a China e a Liga Árabe capaz de enfrentar a NOM (Nova Ordem Mundial). O Brasil está no radar da NOM e de toda a esquerda. Três ministros do STF e a mídia brasileira (via fraude eleitoral), estão prontos a entregá-lo pela metade do preço que o presidente da Ucrânia entregou seu país”.

O texto prossegue:

“Pela primeira vez na vida, encarem a realidade nua e crua – a NOM está pronta para instalar um governo hegemônico mundial e o Brasil será a horta dele! O comunismo se transmutou, voltou para o seu berço europeu, agora não prega mais lutas de classes e sim pautas, como as do preconceito, minorias, sexuais, machismo… Prega a morte de Deus e a submissão de todas as nações a uma minoria com poder e dinheiro capaz de submeter toda a humanidade!”.

O texto é uma reprodução de várias afirmações de Olavo de Carvalho, que morreu no mês passado. Alguns integrantes do governo endossam esse tipo de bobagem, como o assessor especial de Assuntos Internacionais Filipe G. Martins.

Ao longo do conflito entre Ucrânia e Rússia, Jair Bolsonaro tem evitado se manifestar contra as ações de Vladmir Putin, alegando que isso poderia comprometer o fornecimento de fertilizantes para o Brasil.

===========

A ÚNICA VERDADE

- A Rússia não é a União Sovietica;

- Vladimir Putin não é Stalin;

- USA não é mais uma nação virtuosa;

- Só existe a Rússia, a China e a Liga Árabe capaz de enfrentar a NOM (Nova Ordem Mundial);

- O comunismo tem outro nome, se chama Progressismo e seu berço é a Europa;

- O Brasil está no radar da NOM e de toda a esquerda. Três ministros do STF e a mídia brasileira (via fraude eleitoral), estão prontos a entregá-lo pela metade do preço que o presidente da Ucrânia entregou seu país;

- Os mesmos que desejam que o Presidente brasileiro tome uma posição firme no conflito Rússia X Ucrânia, são aqueles que desejam tomar de nós a Amazônia. 

- Se Bolsonaro não tivesse corrido para fazer aliança com Putin (fertilizantes,  ...), nem eleições teríamos;

- Tirem as máscaras de pano e as que encobrem a verdade!!

- Pela primeira vez na vida, encarem a realidade nua e crua - a NOM está pronta para instalar um governo hegemônico mundial e o Brasil será a horta dele!!

- O comunismo se transmutou, voltou para o seu berço europeu, agora não prega mais lutas de classes e sim pautas, como as do preconceito, minorias, sexuais, machismo ...

- Prega a morte de Deus e a submissão de todas as nações a uma minoria com poder e dinheiro capaz de submeter toda a humanidade!

- Chega de cegueira! Canadá já caiu! França, Inglaterra, Alemanha e agora os USA, são apenas vassalos da NOM!

- Apoiemos e confiemos no nosso Presidente nas suas decisões ou seremos aniquilados como nação! 🇧🇷

=============

Se isso não é debilidade mental, não sei mais o que é.

Paulo Roberto de Almeida


quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

O inacreditável chanceler acidental e o "orgulho de ser pária" - O Antagonista

 Ernesto Araújo e o orgulho de ser pária

O Antagonista | 22/12/2020, 19h00

O Brasil, em 2020, ficou ainda mais isolado. Resultado, em boa parte, da falta de diplomacia do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que já disse não se importar se o país virar um “pária internacional”.

Se a comunidade internacional já reagia negativamente à política ambiental, ficou escandalizada com a forma como Jair Bolsonaro atuou no enfrentamento da Covid-19.

O chanceler não se constrangeu por um minuto ao defender as posturas ridículas de seu chefe e tampouco conseguiu explicar o fracasso total do alinhamento automático em relação ao governo Donald Trump.

Em maio, Trump barrou a entrada nos Estados Unidos de cidadãos brasileiros e não americanos que chegassem do Brasil e ainda citou o país como exemplo de má administração na pandemia.

Araújo ainda se meteu, do lado errado, na briga entre o deputado Eduardo Bolsonaro e a embaixada da China no Brasil.

Depois de diversas postagens em redes sociais atacando o principal parceiro comercial do Brasil, o filho do presidente da República acusou a China de usar a tecnologia 5G para espionagem.

O bananinha falou em “repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”.

A embaixada respondeu à mensagem publicada no Twitter por Eduardo, apagada após a repercussão negativa, com uma ameaça: “Cessem as calúnias ou vão arcar com as consequências”.

Em nota, o Itamaraty afirmou que “o tom e conteúdo ofensivo e desrespeitoso” da embaixada “prejudica a imagem da China junto à opinião pública brasileira”.

Dias depois, o chanceler voltou a provocar a China e publicou em suas redes sociais o trecho de um texto do pensador chinês Lao Tzu sobre tentar “controlar o mundo”:

 

“Tentando controlar o mundo? Vejo que não conseguirás. O mundo é um vaso espiritual. E não pode ser controlado.”

Para bajular o governo americano, Ernesto Araújo permitiu que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, usasse Roraima como palanque para a campanha de Trump pela reeleição.

No Brasil, Pompeo fez um discurso contra o regime do ditador Nicolás Maduro, a quem se referiu como narcotraficante. Araújo seguiu a mesma linha e chamou a ditadura venezuelana de “narcorregime”. Dizer verdades quase nunca é recomendável na diplomacia.

A vitória de Joe Biden na eleição presidencial americana foi uma péssima notícia para o chanceler olavista. Ele e Bolsonaro apostaram todas as fichas na relação com o governo Trump, e levaram tempo demais para reconhecer o democrata eleito.

Ao longo do ano, Jair Bolsonaro foi aconselhado por integrantes do governo e parlamentares a demitir o ministro das Relações Exteriores. O nome de Michel Temer figurou entre os possíveis sucessores, mas o ex-presidente rejeitou o suposto convite.

Afinal, o ocupante do Palácio do Planalto continua sendo o mesmo.

https://www.oantagonista.com/brasil/ernesto-araujo-e-o-orgulho-de-ser-paria-internacional/

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Antagonista e Crusoé NÃO aceitam publicidade governamental: ISSO é o que espero de um veículo de notícias e de comentários

Permito-me reproduzir por inteiro – e convidar os potenciais interessados em assinar – uma nota dos dois órgãos de informação e opinião que assino e leio na maior extensão possível (não consigo ler tudo), exatamente pelas características que estão descritas nesta nota.
Raramente, ou quase NUNCA, eu faço qualquer tipo de publicidade neste meu espaço livro, neste meu quilombo de resistência intelectual – e sempre recusei propostas de publicidade, para ganhar dinheiro –, mas abro uma exceção para esta nota, não para simples publicidade, mas como expressão de uma atitude.
Paulo Roberto de Almeida

Caro leitor,


Talvez você ainda não saiba: O Antagonista e Crusoé NÃO aceitam qualquer recurso de origem pública.


NÃO aceitamos publicidade de governos (federal, estadual ou municipal), tampouco de órgãos do Legislativo ou do Judiciário.


Também NÃO veiculamos anúncios de estatais (Petrobras, BB, Caixa etc.) nem de empresas privadas enroladas em escândalos.


NÃO ACEITAMOS. NUNCA ACEITAMOS. DESDE O PRIMEIRO DIA.


O princípio é: o jornalismo independente não pode ter vínculos comerciais com autoridades e instituições que ele, o jornalismo independente, deve fiscalizar.


Agora você pode entender como governos compram o apoio de veículos de comunicação.


Felipe Moura Brasil escreveu artigo exclusivo que conta, passo a passo, como isso funciona:



Leia um trecho do artigo exclusivo:


" A distribuição de verbas de publicidade de governos, inclusive de estatais, a veículos de comunicação tem consequências (que a maioria da população desconhece) no próprio mercado de comunicação e no debate público e eleitoral de um país, ainda mais quando é feita sem transparência, nem critério técnico, nem fiscalização…” -- CLIQUE AQUI PARA CONTINUAR A LER


Felipe Moura Brasil explica como funciona todo o processo.


E ajuda você a separar quem faz jornalismo independente de quem só está a fim de bajular os poderosos de plantão.


Isso, é claro, vai determinar o tipo de jornalismo ao qual você tem acesso.


Leia mais na Crusoé e libere todas as reportagens e artigo em uma CONDIÇÃO ESPECIAL:



Boa leitura e um abraço,

Equipes O Antagonista+ e Crusoé



segunda-feira, 15 de junho de 2020

O aspone presidencial em RI é um ignaro, não só em RI, mas em Português também - O Antagonista

O Robespirralho seria reprovado não só em temas internacionais, mas também no mais simples Português, porque as Notas que saíram em nome do Itamaraty, mas que não foram redigidas por diplomatas da Casa, são muito mal escritas, com erros primários de Português e sobretudo de conceitos elementares em Direito Internacional – que na verdade não existe – e de Relações Internacionais, torturadas até a morte.

A mediocridade chegou ao poder, mas o presidente inepto, ignaro, despreparado pode se contentar com gente tão estúpida quanto ele.
Paulo Roberto de Almeida

Filipe Martins “seria reprovado na minha disciplina de Segurança Internacional”, diz professor
 

sábado, 11 de agosto de 2018

A Grande Corrupcao lulopetista: 307 encontros entre Mantega e Odebrecht

Isso é apenas parte da história, uma pequena parte...
A Lava Jato ainda não apurou quantos encontros, abertos e furtivos (sobretudo estes últimos), teve Mantega com o "super-capitalista companheiro", o homem das empresas X, todas elas regiamente sustentadas por centenas de milhões generosamente repassadas por esse Banco de Grandes Bobos que é o BNDES. O dia em que a PF, ou o MPF, rastrearem as ligações e os encontros entre Mantega e Eike Batista, talvez o número se aproxime, ou talvez até supere, esses encontros entre o ministro da fazendona companheira e o grande capitalista promíscuo, o homem da empresa geneticamente corrupta que deve mudar de nome doravante, com toda probabilidade. A PF também pode solicitar as planilhas de voo do jatinho do Mister X, e as vezes em que Mister Manteiga viajou de "carona", para o Rio ou SP. Pena que eles não conseguiram pegar parte das verbas generosas repassadas em formato cash de X a M, em $$ de várias denominações, à escolha do cliente.
Os brasileiros ainda não se deram conta de que os dois ÚNICOS ministros das finanças pessoais do PT, por acaso também do Brasil, foram apparatchiks especialmente dedicados às doações legais e ILEGAIS dos capitalistas achacados em favor da maior organização criminosa que já governou o Brasil. Pela PRIMEIRA VEZ na história do Brasil, tivemos não apenas ministros da Fazenda, mas súditos do grande chefão mafioso que colocaram toda a máquina do Estado, naquela jurisdição, a serviço do projeto de poder do PT. 
Estou apenas refletindo o que leio na imprensa diária, com base na minha percepção daquilo que os americanos chamam de "compelling evidences", que deveria garantir a todos os protagonistas pelo menos 300 anos de cadeia.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 11 de agosto de 2018


Lava Jato rastreia 307 encontros de Mantega com Marcelo Odebrecht para aprovação de MPs


Por Claudio Dantas

Na denúncia contra Guido Mantega, o MPF anexa relatório com a identificação de 307 possíveis encontros de Marcelo Odebrecht com o então ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, entre os anos de 2011 e 2015.
A partir do cruzamento das ERBs (antenas de celular) utilizadas por Marcelo e Mantega, a Lava Jato verificou que ambos estiveram nos mesmos lugares ao mesmo tempo.
“A elevada quantidade de encontros destoa completamente de uma relação sadia e proba entre um ministro da Fazenda e um alto executivo de um grupo empresarial”, escrevem os procuradores.
A força-tarefa também identificou 118 ligações telefônicas do celular de Marcelo Odebrecht para assessores de Guido Mantega, e mais 129 chamadas entre as secretárias de ambos. Segundo o MPF, o objetivo dos contatos era viabilizar a aprovação das MPs 470 e 472, de interesse da Odebecht.





quarta-feira, 30 de agosto de 2017

BNDES lulopetista: a politica externa da megacorrupcao - O Antagonista

TCU suspeita de superfaturamento em obras bancadas pelo BNDES no exterior




Uma boa parte dos R$ 50,5 bilhões que o BNDES desembolsou ao financiar operações de “exportações de bens e serviços” para obras no exterior pode ter sido desviada.
Essa é a suspeita de auditores do TCU, que, no ano passado, descobriram que os governos petistas beneficiaram a Odebrecht com 82% dos financiamentos de obras no exterior.
Os técnicos aprofundaram a apuração e constataram que o BNDES bancou, em média, 68% do valor total desses empreendimentos, que incluem rodovias, hidrelétricas e portos.
Ocorre que 80% do custo direto de uma obra rodoviária, por exemplo, é consumido em terraplenagem, pavimentação, drenagem e obras de arte. Nada disso pode ser incluído em “bens e serviços exportáveis” – que seriam apenas 20% do custo.
Em poucas palavras, é como se o BNDES tivesse liberado R$ 680 milhões para uma obra de R$ 1 bilhão, quando o certo seria aportar apenas R$ 200 milhões. Os técnicos estão checando cada uma das 140 operações – cujos valores individuais permanecem sob sigilo.
A suspeita dos auditores é reforçada pela coincidência de percentuais dos empréstimos para obras absolutamente diferentes, como uma rodovia, um metrô ou mesmo um aeroporto.
Lembrando que Angola foi, de longe, o país mais beneficiado com essas operações, num total de R$ 14 bilhões. Seguido por Venezuela (R$ 11 bilhões), República Dominicana (R$ 8 bilhões) e Argentina (R$ 7,7 bilhões).
Suspeita-se ainda que o dinheiro – a juro subsidiado, com longo prazo de pagamento – tenha sido usado em operações de câmbio, multiplicando ainda mais os lucros da Organização Criminosa.

domingo, 20 de agosto de 2017

A "diplomacia da corrupcao" pode cair pela crise venezuelana - O Antagonista

Um lado menos conhecido do "lulopetismo diplomático": a colaboração com regimes amigos (muy amigos), unidos no Foro de São Paulo, mas sobretudo comprometidos com uma "diplomacia da corrupção", que fez com que uma companhia multinacional megacorruptora, a Odebrecht, se convertesse num "braço financeiro" da organização criminosa que atuou no Brasil entre 2003 e 2016 em suas interfaces externas, sobretudo em íntima conexão com regimes autoritários da África e da América Latina. O BNDES também foi envolvido no mesmo esquema, e algum dia saberemos toda a extensão da imensa rede de corrupção mantida pelos companheiros.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de agosto de 2017

A responsabilidade de Lula no desastre chavista (1)

 
Luísa Ortega fugiu da ditadura de Nicolás Maduro.
Destituída do cargo de procuradora-geral e acusada por Tarek William Saab, aliado do ditador, de ser a “autora intelectual” das mortes das últimas semanas, ela foi da península venezuelana de Paranaguá para a ilha de Aruba, onde pegou um voo privado para Bogotá, na Colômbia.
Além de dois membros de sua equipe, Ortega aterrissou acompanhada de seu marido, o deputado Germán Ferrer, cuja imunidade parlamentar foi retirada pela Assembleia Constituinte chavista, que pediu que ele fosse processado por, supostamente, participar de uma rede de extorsão que exigia dinheiro de delinquentes para evitar o prosseguimento das acusações.
Tudo porque Ortega abriu inquérito para investigar as propinas da Odebrecht na ditadura erguida com apoio de Lula.

A responsabilidade de Lula no desastre chavista (2)

O motivo básico da “perseguição sistemática” a Luisa Ortega e seu pessoal de confiança pela ditadura de Nicolás Maduro são os subornos pagos pela Odebrecht a funcionários do governo venezuelano.
Foi o que a própria Ortega disse em áudio gravado de local desconhecido e divulgado pelo Ministério Público mexicano quando a procuradora-geral destituída pela Assembleia Constituinte chavista estava na ilha de Aruba, no meio de sua fuga para Bogotá.
“E isso os deixa muito preocupados e angustiados porque sabem que temos a informação e o detalhe de todas as operações e os montantes”, diz ela na gravação revelada durante a Cúpula dos Procuradores da América Latina.
“Temos o detalhe de toda a cooperação, os montantes e personagens que enriqueceram, e essa investigação envolve o Sr. Nicolás Maduro e seu entorno”, denunciou Ortega.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Resumo de uma farsa chamada Lula - Mario Sabino (O Antagonista)

Transcrevendo, apenas:

Resumo de uma farsa chamada Lula

Por Mario Sabino
O Antagonista, 26 de Agosto de 2016


Hoje, dia 26 de agosto de 2016, uma farsa começou a ser formalmente desmontada. A farsa chamada Luís Inácio Lula da Silva. Ele foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de capitais, no âmbito da Lava Jato. Todos esses crimes estão conectados ao recebimento de vantagens indevidas pela OAS, uma das empreiteiras do petrolão, no caso do triplex do Guarujá. Lula também deverá ser indiciado em relação ao sítio de Atibaia.

Indiciamento não é condenação, mas as provas contra Lula são tão robustas que será muito difícil para ele escapar de uma sentença dura. Esperava-se o indiciamento para logo depois do impeachment de Dilma Rousseff. A situação se precipitou por causa do cancelamento da delação premiada de Léo Pinheiro, por Rodrigo Janot, episódio ainda mal explicado. O que se sabe até agora é que a PF não gostou de ter sido deixada de lado nas negociações da PGR com o ex-presidente da OAS.

Não importam as circunstâncias do indiciamento, o Brasil está se livrando de Lula. Com ele, atingimos o ápice da demagogia e da corrupção neste terra pródiga em demagogos e corruptos.

Lula surgiu no regime militar, quando se apresentou como líder sindicalista tolerável aos generais. Na redemocratização, a esquerda o transformou em ícone revolucionário e chefe de partido. No entanto, o discurso radical que lhe fora oportuno na construção do PT revelou-se um desastre eleitoral nas campanhas presidenciais -- e Lula, então, engravatou o pescoço e as palavras, para conquistar banqueiros, empresários e parte da classe média. Chegou ao Planalto por meio do que parecia ser um consenso inédito entre interesses de trabalhadores e patrões.

No poder, Lula levou às últimas consequências o assistencialismo mais rasteiro e uma política econômica que, baseada apenas em crédito farto, graças à bonança mundial, resultaria no desastre completo sob Dilma Rousseff, a criatura que escolheu para sucedê-la e autora da maior fraude fiscal já cometida no país. Como resultado, os ganhos sociais relevantes proporcionados pelo Plano Real foram parar na fila do desemprego.

No poder, Lula instituiu, para além da imaginação, a prática de comprar apoio parlamentar  e financiar campanhas com dinheiro sujo. Tanto no mensalão como no petrolão, o seu partido e aliados desviaram bilhões de reais dos cofres públicos para realizar tais pagamentos.

No poder, Lula e boa parte dos seus companheiros enriqueceram por meio de contratos fraudulentos entre empreiteiras e estatais como a Petrobras, arrasada durante os anos dos governos do PT.

No poder, Lula tentou calar a imprensa independente, comprou o veneno de blogueiros e jornalistas decadentes, perseguiu profissionais que desvelavam os porões imundos do lulopetismo e cortou propaganda de veículos sérios, como a revista Veja. Com isso, minou um dos pilares da democracia que é a liberdade de imprensa.

É essa farsa que começou a ser formalmente desmontada pela PF num radioso 26 de agosto de 2016.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Um blog contrarianista sauda um blog sensacionalista; um texto de Mario Sabino

O blog contrarianista, obviamente, é este aqui, o Diplomatizzando, um quilombo de resistência intelectual durante todo o regime pornográfico dos companheiros mafiosos, e que por isso foi objeto de um cerrado escrutínio, como revelado por inúmeras mensagens anônimas na área de comentários, atacando este humilde blogueiro, que além de tudo teve de amargar uma longa travessia do deserto, durante a maior parte do regime celerado dos neobolcheviques. Se pretendiam me dobrar, não conseguiram, ao contrário.
O blog sensacionalista, por definição própria, é O Antagonista, que sigo desde seu início, embora não tenha por ele nenhuma devoção beata, ou confiança irrestrita.
Como em qualquer outro aspecto da minha vida profissional, ou intelectual, sempre mantenho uma atitude de "ceticismo sadio", ou seja, de questionamento positivo sobre qualquer questão, problema, assunto que aparece pela frente, inclusive no Antagonista.
Por isso mesmo, meus cumprimentos ao Mário Sabino por este texto simplesmente arrasador, contra a imprensa "burguesa", como diriam os companheiros.
Como sou politicamente incorreto, não tenho nenhum problema em dizer: não tenho muita paciência para a imprensa tradicional, sem falar que algumas dessas "folhas" são simplesmente inaceitáveis, pois misturam esquerdismo vulgar com estupidez aberta.
Paulo Roberto de Almeida

"Sensacionalista" com muito orgulho
Por Mario Sabino
O Antagonista, 19 de Agosto de 2016

Quando atacam O Antagonista, os detratores do site costumam usar o adjetivo "sensacionalista", entre outras delicadezas.

O sensacionalismo é definido pelo Dicionário Aurélio como "divulgação e exploração de matéria capaz de emocionar, impressionar, indignar ou escandalizar".

Em geral, aplica-se o qualificativo aos tabloides que se dedicam a vasculhar a intimidade de celebridades dos mais diversos campos e tirar proveito de tragédias.

Não há como negar que O Antagonista divulga e explora a política brasileira como um dado emocionante, impressionante, capaz de indignar e escandalizar. O adjetivo "sensacionalista" é, portanto, aplicável ao site.

Para infortúnio dos detratores de O Antagonista, no entanto, esse é justamente o motivo do nosso sucesso. Conseguimos transformar o sensacionalismo em algo positivo, ao tratar sem mesuras -- e, quando é o caso, aos gritos escandalizados -- esse espetáculo indecoroso que é a política brasileira. Com isso, atraímos uma legião de leitores que andava entorpecida pelo jornalismo de gabinete que contamina as publicações tradicionais. Com isso, atraímos uma legião de leitores que jamais havia se interessado por política, pelo fato de a enxergarem lá longe, como um mundo apartado da vida real -- quando é justamente o contrário, a política é que está por trás de todas, absolutamente todas, as mazelas que infernizam o cotidiano do país.

No Brasil, confunde-se equilíbrio jornalístico com medo do poder e, não raro, certa cumplicidade com mandachuvas. Ouve-se com "imparcialidade" até bandido flagrado com dólar encontrado na cueca. Como sou "extremista", permito-me dizer que, estivesse cobrindo o Tribunal de Nuremberg, a imprensa nacional de hoje em dia iria ouvir o choro dos advogados de Hermann Goering ou Alfred Rosenberg, a fim de "compensar" as acusações contra esses monstros nazistas. E todos eles "teriam exterminado judeus e outras minorias", porque a "presunção de inocência" deve valer até o fim. O mais curioso é que tanta "isenção" não levou a que os jornais errassem menos. Só se tornaram mais anódinos.

Agradeço, portanto, o adjetivo "sensacionalista" que volta e meia nos dirigem. Enquanto tivermos leitores, continuaremos a emocioná-los, indigná-los e escandalizá-los com o escândalo que é a política brasileira, porque estamos do lado dos cidadãos do bem e queremos que eles (nós) mudem o país. E também seguiremos tentando diverti-los, porque às vezes só dá mesmo para fazer piada com as mentiras que essa gente nos conta.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Espioes eletronicos, predadores comerciais: anuncio de Nunca Antes na Diplomacia

Não sou paranoico, mas sei que estamos cercados de todos os lados por espiões não revelados (elementar meu caro Watson do cerrado).
Já não é a primeira vez que constato, ao abrir a página do Antagonista, até aqui a minha página favorita de fofocas políticas e fuzilamento dos lulopetistas, um anúncio silencioso, mas gritante, acima ou à direita da minha tela. Este aqui:

R$61,00
Só hoje! Oportunidade única. Grandes Ofertas. Em até 12x s/ Juros e Frete Grátis*

 
Pronto, descobriram onde eu estou, e querem me fazer comprar o meu próprio livro a todo custo, ou melhor, a um custo elevado.
O mesmo livro está sendo vendido na Cultura a um preço bem inferior.
Mas o fato é que descobriram onde eu me escondo, e vivem me cercando.
Bando de espiões.
Vou ter de comprar o livro para cessar o assédio?
Paulo Roberto de Almeida 
 
Em todo caso, aqui está a informação:

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Oh, Mario Sabino: os brasileiros sao um praga, ou sao insetos? A Metamorfose - Mario Sabino

A metamorfose
Por Mario Sabino
O Antagonista, 08 de Julho de 2016

Quando acordei na primeira manhã em Praga, depois de sonhos intranquilos, eu havia me metamorfoseado num inseto.
Como poderia ser diferente? Eu estava num país que, independente do Império Austro-Húngaro somente em 1918, após a Primeira Guerra Mundial, havia sido barbarizado pelos nazistas ao longo de sete anos, ocupado pela Rússia soviética durante mais de quarenta, se desmembrado da Eslováquia  em 1993 — e, no entanto, conquistado níveis de excelência por todas as métricas disponíveis.
Com pouco mais de 20 anos de liberdade política e econômica, os tchecos privatizaram estatais, puseram a sua juventude para estudar de verdade (nada de marxismo), reabilitaram a sua indústria, revitalizaram a sua linda capital, dinamizaram o turismo, entraram para a União Europeia e passaram a exibir um padrão de vida próximo ao das grandes nações ocidentais.
Enquanto isso, o que fizemos nas últimas duas décadas — ou melhor, nos quase duzentos anos de independência? Fizemos o que os insetos fazem: avançamos poucos metros por dia, a maior parte das vezes andando em círculos ou abertamente para trás, sujamos o percurso como baratas e, neste momento, lá estamos nós outra vez com as perninhas para o alto, tentando tirar a parte cascuda do chão. Tudo para voltar a avançar poucos metros por dia, a maior parte das vezes andando em círculos ou abertamente para trás.
Não é uma imagem entomológico-literária. No ranking mundial de competitividade, para ficar apenas num exemplo, recuamos pelo sexto ano consecutivo, agora para o 57º lugar, enquanto a República Tcheca ganhou posições (figura em 27º).
Os tchecos têm Praga; os brasileiros são uma praga.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Cambio e comercio exterior: entrevista com Rubens Barbosa - O Antagonista

Teria pouca a acrescentar, ou comentar, a não ser este fato fundamental. Como a produtividade brasileira vai continuar a ser a porcaria que é, e como o câmbio deve ser, em princípio flutuante, como disse o presidente do BC, então o principal problema da indústria brasileira é mesmo -- mas isso já sabemos há séculos -- o custo Brasil, ou seja, a enorme carga de impostos, a burocracia, toda a parafernália regulatória intrusiva, expoliativa, simplesmente alucinante que impede os capitalistas brasileiros de simplesmente atuarem pelas regras de mercado, razão pela qual eles estão sempre pedindo algum favor de Brasília.
Quando é que isso vai acabar?
Eu não sei: mas ouso afirmar que será quando os capitalistas brasileiros se organizarem para liquidar com o Estado brasileiro. Atenção, eu disse LIQUIDAR, e I mean it...
Paulo Roberto de Almeida 
Câmbio não é livre em lugar algum, diz Rubens Barbosa
Por Márcio Juliboni
O Antagonista, 03 de Julho de 2016

 Passado o susto com a decisão dos britânicos de deixar a União Europeia, o dólar voltou a recuar em relação ao real. O movimento foi reforçado pela sensação dos investidores de que a nova diretoria do Banco Central não iria mesmo intervir na taxa de câmbio. Mas o cenário mudou após o BC vir a campo na sexta-feira (1), realizando a primeira intervenção no mercado de câmbio desde 18 de maio.
O movimento de alta da moeda norte-americana ganhou força ao longo do dia, após as declarações do presidente do BC, Ilan Goldfajn, de que estão abertas as condições, no Brasil e no exterior, para reduzir os estoques de swaps cambiais. Goldfajn reafirmou, contudo, seu compromisso com o regime de câmbio flutuante. Pelo sim, pelo não, o movimento foi interpretado pelo mercado como o estabelecimento de um novo piso para o dólar: R$ 3,20.
Para o embaixador Rubens Barbosa, presidente do conselho superior de comércio exterior da Fiesp, a reação do BC é bem-vinda e necessária. Ele lembra ainda que a indústria defendia a medida havia tempos. Embora o câmbio flutuante faça parte do tripé macroeconômico que sustentou a estabilização do país desde o Plano Real, é temerário segui-lo ao pé da risca. “Nenhum país do mundo tem um câmbio totalmente flutuante, livre, hoje em dia”, afirma Barbosa a O Financista. “Todos os países administram suas taxas: Estados Unidos, China...”. Leia a seguir os principais trechos da conversa:
O Financista: Como o senhor avalia a intervenção do BC nessa sexta-feira?
Rubens Barbosa: Ela foi muito importante. Foi positiva e bem-vinda, porque a indústria já pedia, havia tempos, alguma reação do Banco Central.
O Financista: O mercado interpretou a intervenção como o estabelecimento de um novo piso de R$ 3,20 para o câmbio. Esse patamar é bom para a indústria?
Barbosa: Eu acredito que a intervenção não teve o objetivo de estabelecer um novo piso. Acho que o BC agiu para mostrar que está atento ao câmbio. Agora, o novo piso é algo que deve ser discutido mais adiante.
O Financista: Mas seria o caso de manter o câmbio ao redor de R$ 3,50?
Barbosa: Do ponto de vista dos exportadores, sim. Mas o BC não pode tomar decisões isoladas do mundo. Agora, se o país não criar condições para que as exportações voltem a crescer, a balança comercial será prejudicada. O que estou dizendo é que não se pode pensar na política macroeconômica desvinculada da política industrial e comercial, algo que os economistas brasileiros estão acostumados a fazer. Além disso, nenhum país do mundo tem um câmbio totalmente flutuante, livre, hoje em dia. Todos os países administram suas taxas: Estados Unidos, China...
O Financista: Para a indústria, é melhor que o BC intervenha no câmbio?
Barbosa: O BC precisa acompanhar o que ocorre no mundo. Há toda essa instabilidade recente dos mercados, e o BC tem todo os dados para avaliar a situação. Agora, do ponto de vista macroeconômico, a queda do dólar ajuda apenas pontualmente, como no caso da importação de feijão. Mas manter os juros elevados, em um cenário de inflação convergindo para a meta e câmbio em queda... Isso cria uma situação delicada para alguns setores industriais.
O Financista: Segundo o último boletim Focus, do BC, a expectativa é de um saldo comercial de US$ 50,76 bilhões neste ano. No atual patamar de câmbio, esse saldo pode cair?
Barbosa: Acho que essa projeção foi feita com um câmbio estimado ao redor de R$ 3,50. A queda do dólar tem um efeito muito negativo para a indústria. Como o Custo Brasil é elevado, muitos setores conseguem ser competitivos na exportação por causa do câmbio. Os empresários com quem converso dizem que, com a taxa entre R$ 3,50 e R$ 3,70, conseguem uma pequena margem nas exportações, mas conseguem. Abaixo desse patamar, há um problema sério, porque a margem acaba. O câmbio não é tudo, mas ajuda.
O Financista: O saldo comercial pode cair, então?
Barbosa: Os setores que mais se beneficiaram com a alta do dólar, como o têxtil, calçadista, papel e celulose e máquinas e equipamentos, já estão sentindo dificuldades. As importações estão caindo, mas o problema é que as exportações podem crescer num ritmo menor que o atual. Com isso, o saldo pode desacelerar. Desse jeito, não sei se a projeção poderá ser mantida.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

O capitalismo mafioso da Odebrecht - Mario Sabino (O Antagonista)

Com toda razão Mario Sabino diz que a Odebrecht precisa ser extinta, por representar no mais alto grau aquele tipo de capitalismo promíscuo que queremos eliminar no Brasil.
Mas, espere um pouco: está faltando a outra parte na promiscuidade.
A Odebrecht não teria chegado onde chegou sem a colaboração ativa, o estímulo, as portas abertas e os empurrões para a criminalidade de uma outra organização mafiosa, que também precisa ser extinta.
Vocês sabem de quem estou falando.
Paulo Roberto de Almeida

A Odebrecht precisa ser extinta
Por Mario Sabino
O Antagonista, 20 de Junho de 2016

A esta altura, não há dúvida razoável: a Odebrecht é uma organização criminosa disfarçada de empresa. Como tal, tem de ser totalmente desmantelada. A Odebrecht precisa ser extinta.
Está errado dizer que ela mantinha um departamento de propina. O correto é afirmar que era composta por um núcleo de corrupção cercado de departamentos que lhe serviam de fachada para roubar dinheiro público. Tanto é que a transferência para esse núcleo significava uma promoção para os funcionários.
A Odebrecht lavava o dinheiro de contratos hiperfaturados com a construção de obras mais ou menos capengas, a depender da visibilidade que elas lhe proporcionavam para a obtenção de mais contratos hiperfaturados. A fim de manter o esquema funcionando, a organização viabilizava financeiramente a eleição de políticos comprometidos com ele. Mais: a Odebrecht chegou a contratar um ex-presidente da República como lobista, para garantir um fluxo ainda maior de dinheiro público para o seu caixa, por meio de empréstimos a juros subsidiados pelos contribuintes.
Até a ascensão de Marcelo, a Odebrecht atuava como as outras empresas que há anos participam do assalto aos cofres da União, dos estados e municípios. O novo presidente da organização, no entanto, aperfeiçoou e ampliou a roubança, criando o departamento de propina que se transformou no coração de toda a estrutura.
Ele não parou por aí. A Odebrecht comprou um banco no exterior para otimizar a distribuição de dinheiro sujo aos seus cúmplices. Isso vai muito além da infiltração mafiosa no sistema financeiro europeu. É como se a máfia italiana houvesse ela própria adquirido um banco para fazer as suas transações espúrias. Marcelo Odebrecht é um gênio do crime.
Não há acordo de leniência possível com essa organização criminosa. A extinção da Odebrecht é necessária para depurar o capitalismo brasileiro e também a política do país. Ponto final.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

O anarco-capitalismo, os socialistas fabianos, e os fascistas e anti-fascistas - Mario Sabino (Antagonista)

Uma crônica extremamente saborosa que me permito reproduzir a partir da newsletter diária do Antagonista, de que Mario Sabino (ex-Veja) é um dos fundadores.
Eu adoraria chamar esse blog de Contrarianista (pois assim ele ele ficaria com o meu perfil, mas talves isso seja narcisismo demais, ou quem sabe autismo).
Nesta crônica, com base em suas lembranças de família, ele discute o papel do Estado, em geral, e o seu pobre e miserável papel aqui no Brasil.
Considerações familiares e filosóficas à parte, concordo inteiramente com sua caracterização do Estado brasileiro atual, capturado por patrimonialistas de direita e de esquerda (os primeiros desde sempre, os segundos desde 2003, e ainda não terminou), mas que eu preferiria traduzir por outros conceitos.
Eu diria, por exemplo, que nosso antigo patrimonialismo tradicional, aquele das elites latifundistas, dos coroneis do interior e dos magistrados da capital, foi transformado por Vargas num patrimonialismo urbano-industrial, das novas elites industriais (que antigamente eram chamadas de "classes produtoras"), foi igualmente modernizado pelos militares, que o converteram num patrimonialismo tecnocrático (e Brasília foi essencial nesse mudança perversa), até chegarmos no patrimonialismo operado pelos companheiros, que o converteram em um patrimonialismo de tipo gangster.
Essa palavra gangster pode parecer exagerada, mas é isso mesmo o que eles fizeram: são mafiosos, e o pior de tudo, como diria Mario Sabino, são uns fascistas (e sequer são de esquerda, pois são eminentemente reacionários).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10/06/2016

Sobre o meu avô, o Estado e o “Estado brasileiro"
Por Mario Sabino
O Antagonista, 10 de Junho de 2016

Acho graça quando petistas me xingam de "fascista”. Sou fruto da oposição ao fascismo. Explico: o meu avô materno refugiou-se no Brasil ao receber um ultimato de Benito Mussolini para sair da Itália. Era cair fora ou morrer. Mussolini lhe deu essa oportunidade porque ambos trabalharam juntos no jornal socialista Avanti! e nutriam certa afeição recíproca quando eram colegas de redação.
É impossível que Mussolini tenha odiado o meu avô, no máximo uma minúscula nota de rodapé na sua biografia. Mas o meu avô odiava Mussolini, a ponto de a simples pronúncia do seu nome ser proibida diante dele. Até mesmo falar dos feitos dos antigos romanos -- que os fascistas pateticamente tentaram copiar -- era considerado ofensa grave. Nada podia lembrar Mussolini, o homem que o expulsara da Itália e havia assassinado muitos dos seus amigos.
Meu avô era melhor do que Mussolini? Digamos que não teve a chance de provar. O meu avô era, mais do que socialista, anarco-socialista, amigão de Errico Malatesta, prócer do movimento italiano (os que me chamam de “socialista fabiano” vão adorar saber). Uma vez no poder, talvez mandasse fuzilar Mussolini, sem lhe dar a chance de escapar para a América do Sul. Só estou sendo franco porque a minha mãe morreu e os dois tios maternos que me restam dificilmente lerão esta newsletter.
A minha existência, portanto, se deve ao fato de um anarco-socialista ter sido expelido da Itália por um socialista que se tornou o Duce fascista. Assim sendo, é natural que eu pense no meu avô quando leio a palavra “fascista” ou a expressão “socialista fabiano” associadas a mim. Mas eu também penso nele ao ouvir jovens adeptos do liberalismo em pregação pelo fim do Estado.
O meu avô anarco-socialista pregava o fim do Estado. Ele basicamente queria substituir essa grande conquista da civilização por sindicatos de trabalhadores em assembleia permanente que decidiriam tudo: do preço do leite ao fim das fronteiras nacionais. Troque-se os sindicatos dos trabalhadores em assembleia permanente pelas leis do mercado e a privatização de todas as atividades humanas e eis que temos a profissão de fé desses jovens adeptos do liberalismo que pregam o fim do Estado. O nome de tal profissão de fé é anarco-capitalismo.
A revolta mais do que justificada contra o "Estado brasileiro” deveria nos fazer refletir menos sobre o substantivo e mais sobre o adjetivo. Diminuir o nosso Estado é fácil, difícil é fazer com que ele não seja brasileiro.
O Estado é uma grande conquista da civilização porque, lá na sua origem, impediu que devorássemos uns aos outros. Depois, porque resultou na separação entre o público o privado, sem matar o privado. Mais tarde, porque propiciou a escola gratuita. Em seguida, porque possibilitou a construção de redes de saúde, saneamento básico, iluminação e transporte dignos desses nomes para as massas. Por último, viabilizou a criação de museus e bibliotecas fantásticos.
O Estado da civilização, como se pode ver, é o exato oposto do Estado brasileiro” -- um monstrengo surgido da colusão entre os patrimonialistas da direita e esquerda nacionais, lubrificados por um povo ignorante e abúlico.
Nem “fascista”, nem “socialista fabiano”, nem anarquista de qualquer tipo, sou muito pelo contrário.

terça-feira, 24 de maio de 2016

O Ministerio Publico Federal sabota o Ministerio Publico Federal? Sim, em MG parece ser assim...

Transcrevo, abaixo, postagem do Antagonista, que denuncia frases absolutamente construídas para se opor ao ambiente político atual no país, por elementos que só podem ser de algum sindicato de mequetrefes encarregado de preparar provas de concurso de seleção.
Paulo Roberto de Almeida

Sem-vergonhice ideológica na prova do MPF de Minas




No último fim de semana, os candidatos a um estágio no Ministério Público Federal de Minas Gerais fizeram uma prova de português que deveria ser objeto de uma investigação especial da PGR.
As questões de ortografia e gramática continham frases como:
-- "O analfabetismo político é um mal cada vez mais comum em quem assiste ao Jornal Nacional";
-- "Os golpistas ficaram prostrados com a reação que se viu nas ruas em defesa da democracia";
-- "O juiz infringiu a legislação ao divulgar o conteúdo das interceptações telefônicas";
-- "Segundo renomados juristas, a presunção de inocência, apesar de configurar direito constitucional, vem sendo ignorada pela Operação Lava Jato".

Comentário final do Antagonista: 
É uma sem-vergonhice ideológica e um escândalo institucional.