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segunda-feira, 6 de maio de 2024

O cabidão da República (empreguismo no setor público) - Carlos Graieb, Duda Teixeira (O Antagonista)

Nota PRA em 6/05/20924: O concurso foi postergado para agosto, em virtude da catástrofe no Rio Grande do Sul, o que não invalida em nada os comentários dos dois jornalistas sobre o empreguismo público, uma das alavancas do PT em seu domínio sobre o Estado.

O cabidão da República 

CARLOS GRAIEB 
DUDA TEIXEIRA
Crusoé, O Antagonista, 03.05.24 

Mais de 2 milhões de brasileiros irão prestar um único concurso neste domingo, 5 de maio, em 228 cidades. Eles concorrerão a 6.690 vagas na administração pública federal. A relação é de uma vaga para cada 319 pessoas, com cerca de 1% da população tentando se pendurar no cabide estatal. Apelidado de o “Enem dos Concursos”, em referência ao exame feito por alunos do Ensino Médio em todo o Brasil, o Concurso Unificado (seu nome oficial) dá a dimensão de quanto os brasileiros depositam suas esperanças no Estado. 

E eles têm bons motivos para isso. Segundo um estudo publicado pelo Banco Mundial em 2019, além de contar com estabilidade, ou seja, ter chances baixíssimas de ficar desempregado, o servidor público brasileiro recebe, em média, um salário 19% maior que o trabalhador do setor privado. Mas, no caso dos servidores federais, o chamado “prêmio salarial” pode ser muitas vezes maior do que isso. O “Enem dos Concursos” mostra algo mais: a vocação do PT para aumentar o tamanho da máquina administrativa sem tomar medidas prévias nem para garantir que os serviços prestados à população melhorem, nem para eliminar desigualdades dentro do próprio setor público, onde uma casta influente coleciona privilégios. 

Acreditou-se por bastante tempo que o maior problema do Estado brasileiro era o inchaço. Sabe-se hoje que não é bem assim. O Brasil tem cerca de 11 milhões de servidores públicos, ou 12,4% do total de trabalhadores do país. Utilizando informações da International Labour Organization (ILO), ligada à ONU, o instituto Republica.org comparou recentemente esses números com os de outros países. Constata-se que a proporção de funcionários públicos no Brasil é bem menor que a média dos 38 membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 23,48%, ou que a de vizinhos como Argentina (19,31% ) e Uruguai (16,92%). O porcentagem é semelhante, mas ainda menor, que a dos Estados Unidos, de 13,56%. Se os números são esses, a ideia de promover contratações no setor público brasileiro não deve ser vista como um mal em si mesma. Em algumas áreas do governo federal existe até mesmo a necessidade urgente de ampliar o quadro de servidores. Mas isso não valida a maneira petista de abordar a questão. Em seus respectivos mandatos, Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro reduziram o número de servidores federais. Sempre que esteve no poder, o PT cuidou de fazer o contrário. Em 2023, primeiro ano do terceiro mandato de Lula, foram realizadas 6.849 contratações. No Concurso Unificado serão outras tantas. 

Seria necessário preencher todas elas? Ninguém sabe ao certo, porque somente depois de anunciar o concurso o governo federal lançou um edital para dimensionar sua força de trabalho. “Aparentemente, o número de vagas foi definido antes que se fizesse essa medição”, diz Wagner Lenhart, diretor-executivo do Instituto Millenium e especialista em gestão de pessoas no setor público. É certo que o concurso vai angariar simpatia dos aprovados e dos sindicatos que compõem uma das bases eleitorais do PT, mas não há garantia que vá tornar o Estado brasileiro mais eficiente. Uma vez que um servidor é aprovado em um concurso, ele costuma representar um custo na folha de pagamento da União por cerca de 60 anos. Ou seja, a contratação de hoje vai se refletir por décadas. Surge então outra pergunta: esse modelo de contratação precisa ser adotado invariavelmente? A resposta é praticamente unânime entre os estudiosos da administração pública: não, sobretudo porque experiências de anos recentes mostraram não haver correlação obrigatória entre o tipo de vínculo empregatício e a qualidade dos serviços oferecidos aos cidadãos. O caso da educação no Espírito Santo é uma prova disso: o estado melhorou seus índices nos rankings de ensino apostando sobretudo em contratações temporárias de professores para a rede pública. 

A gestão da saúde e da cultura por meio de Organizações Sociais, responsáveis por suprir a mão de obra especializada requerida nesses dois setores, também trouxe bons resultados em vários estados. “Há um leque de formas de contratação que já vêm sendo testadas”, diz Regina Viotto Monteiro Pacheco, professora de Gestão Pública na FGV-SP. “O que falta é sistematizar o seu uso, tornando a administração pública mais ágil e mais flexível.” A maneira como o Estado seleciona os seus funcionários representa outro gargalo, diretamente relacionado ao “Enem dos Concursos”. Ainda que a prova seja bem desenhada (o que só se descobrirá no domingo), identificando indivíduos com conhecimentos úteis para atuar no setor público, ela não conseguirá selecionar, sozinha, candidatos com as competências específicas requeridas por 21 entidades federais diferentes. Como observa Carlos Ari Sundfeld, professor de Direito Público da FGV Direito-SP, se não for complementado com outras etapas de seleção, o Concurso Unificado não resolverá um problema fundamental, que é promover o melhor casamento possível entre vaga e ocupante (assista à entrevista com Sundfeld nesta edição de Crusoé). Regina Pacheco faz o mesmo diagnóstico. “Esse provão é uma forma limitada e antiquada de fazer seleção de pessoas”, diz ela. “Não permite avaliar competências, muito menos vocação para os serviços públicos. No setor privado, a última fase de qualquer processo de contratação é uma entrevista. Isso não acontece por acaso. 

Mas o setor público brasileiro nem sequer leva em conta essa possibilidade, por medo de incluir fatores ‘pessoais’ na seleção. Trata-se de uma bobagem, porque há formas de impedir que essa contaminação ocorra.” O modo como é feita a seleção dos funcionários ajuda a explicar o déficit na qualidade dos serviços. O índice de eficiência governamental do Banco Mundial, que leva em conta a entrega de serviços públicos, mostra o Brasil no terço mais baixo de uma escala de 230 nações. Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia e México, por exemplo, têm desempenho melhor. Além disso, entre 2012 e 2022 houve piora significativa, de 20 pontos percentuais, nos resultados nacionais. Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha em outubro do ano passado mostrou que 84% dos brasileiros têm uma percepção clara de que a presença de servidores bem preparados em cargos importantes – como a direção de um posto de saúde, por exemplo – melhoraria a vida da população. A maior distorção no setor público, porém, está nos salários exorbitantes pagos a uma pequena camada de privilegiados. Segundo o Republica.org, uma minoria que representa 0,06% de todo o funcionalismo recebe os chamados supersalários, que furam o teto constitucional de R$ 41.650. Outro grupo, que compõe 0,94% do total, ganha entre R$ 27.000 e o teto. É possível encontrá-los em todas as esferas da administração – municipal, estadual e federal – mas eles se concentram sobretudo nas carreiras jurídicas: magistrados; promotores e procuradores; advogados públicos. 

Segundo Carlos Ari Sundfeld, a existência dessa casta cria insatisfação generalizada e, dentro da própria estrutura do Estado, uma pressão permanente por remuneração maior. “As pessoas ficam se espelhando no que essa hipererelite ganha, mas é claro que o orçamento público brasileiro não aguenta“, diz ele. Qualquer grande aumento de quadros, como pretende fazer o PT, deveria ser precedido de iniciativas no sentido de reformar a administração pública: ter um diagnóstico claro sobre carências e distorções, reestruturar carreiras, estabelecer metas para os órgãos públicos, melhorar a seleção dos servidores e criar mecanismos de avaliação do seu trabalho. No entanto, a esquerda que ocupa o governo se finge de morta, com sua mentalidade estatista. E a oposição também não pressiona, muito pelo contrário. 

No ano passado, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) sinalizou ter escolhido a reforma administrativa como um objetivo pessoal – uma marca que pretendia deixar em sua passagem pelo cargo de liderança. “Seria um avanço, uma conquista para o Brasil. Melhoraria a eficiência do Estado e seria uma importante sinalização para o mundo que o país está entrando na modernidade”, disse ele a Crusoé, em agosto. Desde então, o deputado se esqueceu do assunto. Enquanto isso, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pensa em ressuscitar o quinquênio, que proporcionaria um bônus automático a cada cinco anos, acima do teto do funcionalismo, àquelas carreiras jurídicas que já desfrutam dos famigerados “penduricalhos” – indenizações pela compra de livros ou roupas, férias não gozadas convertidas em dinheiro e assim por diante. Tramita no Congresso uma proposta de emenda constitucional, a PEC 32, que pretende promover uma reforma ampla dos serviços públicos. O problema é que além de despertar grande resistência, ela já sofreu enxertos que põem diversos grupos à salvo das mudanças. Segundo os especialistas ouvidos por Crusoé, seria provavelmente mais eficaz avançar por meio de leis, que têm aprovação mais fácil, em vez de mexer na Constituição. 

Há projetos já bem encaminhados para acabar com os supersalários, por exemplo. Bastaria haver um esforço para votá-los. Segundo Regina Pacheco, destacar um item da PEC 32 e votá-lo em separado já representaria um grande avanço: a chamada “contratualização de resultados”, por meio da qual órgãos do serviço público se comprometem com certas metas, que precisam ser atingidas mesmo quando mudam os governos e os gestores. “Fala-se muito em criar avaliação de desempenho para funcionários públicos, permitindo inclusive a demissão de quem ficar abaixo da média, mas seria um teatro nas nossas condições atuais”, diz ela. “Antes disso é preciso criar uma cultura de resultados no setor público. Quando os órgãos começarem a cumprir suas metas passamos para a fase seguinte.” Para Sundfeld, aprovar uma “lei geral das contratações temporárias” também poderia ser um bom começo, para regrar e disseminar uma ferramenta que já vem sendo usada nos estados com bons resultados. “Mas o mais importante de tudo seria o governo colocar o seu peso político na discussão da reforma administrativa”, diz o professor. Infelizmente, essa é uma situação bem conhecida no Brasil: o caminho para que se resolva um problema é conhecido; falta andar. 


terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Contra as sanções (a estranha amizade e proteção do Brasil a Putin e à Rússia) Duda Teixeira Crusoé

Contra as sanções 

Duda Teixeira
Crusoé, 2/01/2024

 E essa nem foi a primeira vez que Vieira fez o jogo de Moscou. Em abril, o ministro recebeu Lavrov pela primeira vez, em Brasília. O russo estava tentando angariar apoio internacional em um roteiro que incluiu países aliados, como Cuba, Venezuela e Nicarágua. De Vieira e dos ditadores latino-americanos, Lavrov ouviu o que queria: críticas às sanções impostas ao Ocidente por causa da invasão da Ucrânia. “Reiterei a posição brasileira contra a aplicação de sanções unilaterais. 

Tais medidas, além de não contarem com a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, têm impacto negativo sobre as economias de todo mundo, em especial dos países em desenvolvimento”, disse Vieira à época. A esperança de que o Conselho de Segurança da ONU não faz sentido algum, uma vez que a Rússia integra o órgão e jamais concordaria com algo que iria contra os próprios interesses. Após falar com Vieira, Lavrov se encontrou com o presidente Lula. Apenas dois meses depois, em junho, Vieira recebeu novamente Lavrov dizendo que “estava com saudades“. 

 A depender de Lula e dos seus subordinados, o Brasil sempre estará “muito contente” em fazer o jogo de Putin e criticará qualquer sanção imposta à Rússia, sem importar para a ficha criminal do autocrata. Ministério de Relações Exteriores, Itamaraty, deveria ter como prerrogativa básica a defesa dos interesses nacionais. Sendo um órgão do Executivo, cabe ao presidente da República, eleito pelo povo, indicar que interesses seriam esses. No terceiro mandato de Lula, contudo, o Itamaraty parece mais empenhado em defender os interesses da Rússia que os do Brasil. 

 Na quarta, 27, o chanceler de ofício do Itamaraty, Mauro Vieira (foto), afirmou em entrevista à rede britânica BBC que o Brasil ficaria agradecido caso o presidente da Rússia, Vladimir Putin, viesse ao país para a cúpula do G20, agendada para novembro de 2020. “Se ele (Putin) quiser vir, nós estaremos muito contentes que esteja presente e nas reuniões do Brasil“, disse Vieira. A declaração de Vieira, que teoricamente está no topo da diplomacia brasileira, é assombrosa ao denotar completo desprezo pelo direito internacional.

 O Tribunal Penal Internacional, TPI, emitiu um mandado de prisão contra Putin por crimes contra a humanidade. Ele é suspeito de ter ordenado o sequestro de crianças ucranianas. Elas foram afastadas dos pais e receberam nova cidadania na Rússia. Vieira ainda aventou que o Brasil não seria obrigado a cumprir a ordem de prisão, o que é falso. O país é signatário do Tratado de Roma, que foi validado pelo Legislativo e pelo Supremo Tribunal Federal. Em respeito às instituições brasileiras e ao direito internacional, não há alternativa a não ser cumprir o que manda o TPI. “Obrigado a cumprir? Não. Tem que haver a ordem. Senão seria como o TNP (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares) que é sobre não proliferação e desarmamento e só se pensa no desarmamento, na proliferação ninguém dá importância. Enfim… não é assim. Cada circunstância é uma circunstância“, disse Vieira na entrevista. É um acinte. 

O que temos é nada mais do que um ministro dizendo que os tratados internacionais não precisam ser respeitados. Se tudo varia com a circunstância, de que valem as negociações diplomáticas? O Acordo de Paris, em que os países adotaram voluntariamente cortes de emissão de gases de efeito estufa também não tem importância? A fala do chanceler, mesmo absurda, está infelizmente em linha com as de Lula, do assessor Celso Amorim, do ministro da Justiça Flávio Dino e do ministro de Direitos Humanos Silvio Almeida. Para justificar a acolhida ao autocrata russo, todos eles não titubearam em colocar em dúvida a legitimidade do TPI. Contra as sanções E essa nem foi a primeira vez que Vieira fez o jogo de Moscou. Em abril, o ministro recebeu Lavrov pela primeira vez, em Brasília.

 O russo estava tentando angariar apoio internacional em um roteiro que incluiu países aliados, como Cuba, Venezuela e Nicarágua. De Vieira e dos ditadores latino-americanos, Lavrov ouviu o que queria: críticas às sanções impostas ao Ocidente por causa da invasão da Ucrânia. “Reiterei a posição brasileira contra a aplicação de sanções unilaterais. Tais medidas, além de não contarem com a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, têm impacto negativo sobre as economias de todo mundo, em especial dos países em desenvolvimento”, disse Vieira à época. 

 A esperança de que o Conselho de Segurança da ONU não faz sentido algum, uma vez que a Rússia integra o órgão e jamais concordaria com algo que iria contra os próprios interesses. Após falar com Vieira, Lavrov se encontrou com o presidente Lula. Apenas dois meses depois, em junho, Vieira recebeu novamente Lavrov dizendo que “estava com saudades“. A depender de Lula e dos seus subordinados, o Brasil sempre estará “muito contente” em fazer o jogo de Putin e criticará qualquer sanção imposta à Rússia, sem importar para a ficha criminal do autocrata. 


terça-feira, 7 de novembro de 2023

O Brasil tem o DEVER de se OPOR à pretensão da Venezuela de anexar território da Guiana - Duda Teixeira (Revista Crusoé)

 Maduro ameaça tomar um pedaço da Guiana e Brasil fica em silêncio

Duda Teixeira

Revista Crusoé, 6/11/2023

 https://crusoe.com.br/diario/maduro-ameaca-tomar-pedaco-da-guiana-e-brasil-fica-em-silencio/

O ditador venezuelano Nicolás Maduro  anunciou na quinta, 2 de novembro, que fará um referendo no dia 3 de dezembro para saber se a sua população defende a anexação da região de Essequibo, que representa dois terços do território da Guiana. 

Se levar adiante sua vontade, a Venezuela estará infringindo a Carta da ONU, que pede o respeito à soberania das nações. Mas, quatro dias após o anúncio, a ameaça de Maduro de tomar uma parte do país vizinho não foi motivo de nenhuma manifestação do Itamaraty ou do governo Lula. Na semana passada, o regime venezuelano divulgou uma lista de cinco perguntas que gostaria de fazer à população. Duas são particularmente preocupantes. “Você está de acordo com a posição histórica de não reconhecer a jurisdição da Corte Internacional de Justiça para resolver a controvérsia territorial sobre a Guiana?” é uma delas. 

 A Corte Internacional de Justiça, CIJ, é o principal tribunal da ONU. Criada pela Carta da ONU, em 1945, essa corte julga países (o Tribunal Penal Internacional, que também fica em Haia, julga indivíduos e não faz parte da estrutura da organização). Todos os membros da ONU integram a CIJ, incluindo o Brasil, a Venezuela e a Guiana. 

 Causa estranheza, portanto, que se pergunte ao povo venezuelano se as pessoas acham que a CIJ deve ou não ser levada a sério, sendo que o país é signatário do acordo que criou esse tribunal. A outra pergunta que Maduro pretende incluir no seu referendo de dezembro é ainda mais absurda. “Você está de acordo com a criação do estado da Guiana Essequiba e que se desenvolva um plano acelerado para a atenção integral à população atual e futura desse território que inclua entre outros a entrega de cidadania e RG venezuelanos, conforme o Acordo de Genebra e do direito internacional, incorporando como consequência esse estado ao mapa do território venezuelano?“, é a quinta questão. 

 Acontece que a população guianesa de Essequibo não quer fazer parte do estado falido da Venezuela. Se o que vale é a autodeterminação dos povos, um conceito caro ao governo Lula, o que Maduro está propondo é um acinte. Não é a população venezuelana que deve decidir o futuro da Guiana, em um referendo fraudulento, e sim os próprios guianeses. Surpreendentemente, o governo Lula e o Itamaraty não deram um pio sobre a questão. Até agora, não se ouviu uma frase sobre a defesa da demarcação das fronteiras (as quais também incluem as fronteiras brasileiras). Não se falou em autodeterminação dos povos, nem de paz, nem da soberania dos países da América do Sul. “Isso é algo que pode afetar a segurança regional. 

O Brasil, que faz fronteira com esses dois países, deveria ao menos condenar a intenção de Maduro e promover a tolerância e a paz“, diz o embaixador venezuelano Víctor Rodríguez Cedeño, que trabalhou na diplomacia até 2002 e representou seu país na ONU. “É claro que há uma afinidade política entre Lula e Maduro, mas se o brasileiro quer ter uma liderança regional, então deveria ao menos propor uma mediação. Esse referendo é perigoso e Lula deveria se pronunciar“, diz Cedeño. Lula, contudo, não condenou a invasão russa da Ucrânia e disse que o presidente Volodymyr Zelensky quis o conflito. 

Na guerra entre Israel e Hamas, Lula foi incapaz de criticar o terrorismo do Hamas e tentou fazer equivalências entre o grupo e o estado de Israel. Esse breve histórico mostra por que não se deve ter grandes expectativas de que o Brasil tenha uma postura sensata em uma possível guerra entre Venezuela e a Guiana. 


domingo, 2 de abril de 2023

Faz sentido o Brasil se aproximar de China e Rússia? - Programa Latitudes, Duda Teixeira, Rogerio Ortega, Paulo Roberto de Almeida

 1501. “Faz sentido o Brasil se aproximar de China e Rússia?”, Programa Latitudes n. 19, 1 abril 2023, 1h de conversa com os jornalistas Rogério Ortega e Duda Teixeira sobre as posições adotadas pela diplomacia petista em relação aos grandes temas da política internacional, como a invasão da Ucrânia e a retórica belicista da China (link: https://www.youtube.com/watch?v=3S2n8_pCtrw).

Durante mais ou menos uma hora conversei com os dois jornalistas do Antagonista e da revista Crusoé, sobre muitos dos temas abordados nestes dois artigos meus, recentes, para o semanário: 

1499. “O que Putin quer de Lula? O que ele vai conseguir?”, Crusoé (31/03/2023; link: https://crusoe.uol.com.br/edicoes/257/o-que-putin-quer-de-lula-o-que-ele-vai-conseguir/?fbclid=IwAR0HUZLik-L-mAziepagvbW2FtPFh-mtymnqIQHUhNSGKuu2dxVGndG0dKk?utm_source=crs-site&utm_medium=crs-login&utm_campaign=redir). Relação de Originais n. 4344.


1496. “O Brasil e a China: até onde vai a relação estratégica?”, revista Crusoé (3/03/2023; link: https://crusoe.uol.com.br/edicoes/253/o-encanto-de-lula-pelo-duvidoso-modelo-chines/); divulgado no blog Diplomatizzando (12/03/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/03/o-brasil-e-china-ate-onde-vai-relacao.html). Relação de Originais n. 4326.



Muitos dos temas discutidos também têm a ver com estes meus dois artigos também recentes: 


1498. “Perspectivas da diplomacia no terceiro governo Lula, 2023-2026”, Revista do CEBRI (no 2, n. 5, janeiro-março 2023; ISSN: 2764-7897 (online); 2764-7889 (impressa); link: https://cebri.org/revista/br/artigo/73/perspectivas-da-diplomacia-no-terceiro-governo-lula-2023-2026). Relação de Originais n. 4316.


1497. “Os intelectuais do Itamaraty e o caso único de José Guilherme Merquior”, revista Crusoé (17/03/2023; link:https://crusoe.uol.com.br/edicoes/255/os-intelectuais-do-itamaraty-e-o-caso-unico-de-jose-guilherme-merquior/ ). Relação de Originais n. 4335.


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Algumas reações da audiência que alcançou este programa: 

 

(A) Comentários na postagem no YouTube:

 

Marco Antonio Coragem

há 1 dia

Parabéns pela excelente entrevista com o experimentado diplomata sobre a atualidade é o descompasso de nossa diplomacia Coitado do nosso Brasil!

 

Fabio Ballestro

há 23 horas

Que aula! Esse embaixador sabe tudo de geopolítica e história moderna. Parabéns.

bmosken

há 11 horas

Como sempre, excelente programa. Pena que são poucos os brasileiros que aproveitam essa oportunidade pra saber o que acontece no mundo.

 

Rosele Sarmento

há 6 horas

Excelente entrevista! Uma verdadeira aula de geopolítica! Parabéns aos três.

 

Tania Mara Knorr

há 1 dia

Esse senhor é realmente bem formado e bem informado

Maria José Pereira da Silva

há 1 dia

Excelente programa! Parabéns! 

 

Pris Pros

há 1 dia

Bastante esclarecedor! 

 

Mônica Scodeler

há 1 hora

Excelente, entrevista. Parabéns, Antagonista.

 

Damasco Restaurante

há 1 dia

O antagonista e a crusoe deveriam abrir o programa para publicidade. Os 3 já não fazem mais parte. Não tem nexo não financiar. Os programas continuam muito bom

 

Wagner Parnoff

há 11 horas

Uma aula jornalismo, parabéns por trazer clareza, magoado que nos últimos 20 anos não estamos no caminho certo, o Brasil está flertando com o populismo um atraso imensurável para a nosso população, esperando uma luz no fim do túnel em 2026, que com certeza os próximos 4 anos vai ser de retrocesso populista….

 

Sandra De Souza

há 1 dia

Excelente. Obrigada.

 

Elisabeth Muller

há 1 dia

Excelente!!

 

Fernando Arruda

há 11 horas

Excelente

 

Carlos

há 11 horas

Pois é...Essa opção pelo uso da moeda chinesa não deveria passar pelo Congresso?

 

Ana Galdino

há 16 horas

👍👍

Marcos Felix

há 1 dia

queria entender qual a fonte, qual autor relaciona direita com preconceito? e esquerda cm direitos humanos?

 

John Gutierro

há 21 horas

Eu queria entender essa acusação de q seríamos títeres da China pela questão de sermos dependentes do mercado chinês para manter nosso mercado estável temos q manter uma grande proximdade. Porém dadp ao contexto seria de bom grado dizer que os eua sempre utilizaram a sua hegemonia econômica e militar para forçar paises a fazerem acordos q muito beneficiam aos yankez e mais debilita ao estado vassalo. Resumindo áos grandes antagonistas q nos fala. Será q não séria melhor começar a lutar unicamente pela nossa soberania e independência nacional como povo e potencia q somos. EU acho q não devemos ajoelhar perante aos chineses e tampouco aos yankes. Nos devemos deixar bem claro que não somos vassalos nem de chinês e nem de americanos. Se vcs dois tem problemas q se resolvam mas nos brasiliros não somos e nem seremos Forçados a concordar com oa yankes e tampouco nos interessa tomar um lado nesta guerra. Para mim essas guerras devem ser aproveitada temos mão de obra farta voluntário para a defesa de berlim

 

O Brasil já foi ,ingenuamente "minha pátria amada", agora tenho ,sem nenhum respeito,verdadeiro asco. Assim pudesse sair.

 

Fernando Amado Aymore

há 2 horas

Entrevista excelente sobre as falhas da hipocrisia diplomática brasileira que deve se aliar às democracias e jamais aos estados totalitários de China ou Rússia com seus presidentes „eternos“.

 

Hank Lenzi

há 4 horas

Amorim é obsessivamente antiamericano. Velho na idade e na mentalidade.

 

Sonia Santos

há 14 horas

Excelente

 

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(B) Comentários no chat da emissão: 

 

Elen TorresBoa noite!

 

Mauro SantosO chanceler anão fará a ponte entre Lavrov e Ladrov

 

Rogerio CocatiBoa Noite

 

Joelto da mataBoa noite pessoal

 

Lilian BulgariBoa noite

 

Rogerio Cocatio Brasil 🇧🇷 esta errado tem que ter um lado! nesse caso a Rússia está sendo covarde com a Ucrânia!

 

Ariadne De Alencar OliveiraBoa noite, pessoal...

 

marcia brunettiBoa noite Duda, Rogério, convidado do Latitude e pessoal do chat

 

Carlota FernandesBoa noite de Portugal 🇵🇹 uma portuguesa 

 

Ariadne De Alencar OliveiraPõe equívoco nisso...

 

Carlota FernandesSem dúvida alguma 

 

Silvia Teixeira Macedo: Oi Duda e entrevistados boa noite 

 

Gelson Santoso Brasil está sendo governado pelo crime organizado todos sabiam quem era e é o PT

Silvia Teixeira Macedo: @Elen Torres olá @marcia Brunetti olá 

 

Rogerio Cocatipetistas não ficam meia hora na Rússia!

 

Elen TorresBoa noite!

 

Mauro SantosO chanceler anão fará a ponte entre Lavrov e Ladrov

 

Rogerio CocatiBoa Noite

 

Joelto da mataBoa noite pessoal

 

Lilian BulgariBoa noit

 

Rogerio Cocatio Brasil 🇧🇷 esta errado tem que ter um lado! nesse caso a Rússia está sendo covarde com a Ucrânia!

 

Ariadne De Alencar OliveiraBoa noite, pessoal...

 

marcia brunettiBoa noite Duda, Rogério, convidado do Latitude e pessoal do chat

 

Carlota FernandesBoa noite de Portugal 🇵🇹 uma portuguesa 

 

Ariadne De Alencar OliveiraPõe equívoco nisso...

 

Carlota FernandesSem dúvida alguma 

 

Silvia Teixeira Macedo: Oi Duda e entrevistados boa noite 

 

Gelson Santoso Brasil está sendo governado pelo crime organizado todos sabiam quem era e é o PT

Silvia Teixeira Macedo: @Elen Torres olá @marcia Brunetti olá 

 

Rogerio Cocatipetistas não ficam meia hora na Rússia!

 

marcia brunettiBoa noite @Silvia Teixeira Macedo 

Ariadne De Alencar OliveiraDeveriam ficar e passar uma temporada por lá...

𝙞𝙖𝙣𝙞𝙣𝙖@Elen Torres Silvia

 

Márcia : boa noite

 

Carlota FernandesA Europa está de rastos 

 

marcia brunettiBoa noite @𝙞𝙖𝙣𝙞𝙣𝙖 @Elen Torres 

 

Silvia Teixeira Macedo: @ianina boa noite 

 

Denis SantosLula foi vetado no congresso de Portugal, e parlamentares em discurso disseram q seria uma vergonha um bandido q financia DITADURAS participar 

 

Denis Santosolha a vergonha q estamos passando

Elen Torres@Silvia Teixeira Macedo @marcia brunetti @ianina 

Ariadne De Alencar OliveiraTeremos mais 3 anos de vergonha pela frente...

 

Denis Santossobre a guerra, pq ninguém fala q a culpa é da OTAN, pq pós seg guerra houve acordo de não expansão para o Leste 

 

Carlota FernandesO Lula já não tem nada para dar

 

marcia brunettiMas o PT em sí é um recuo de 90 anos. Eles vivem de discurso empoeirado e cheio de traças

 

Denis SantosQueria ver se alguem quisesse colocar base militar na fronteira do EUA se eles deixariam HIPÓCRITAS

 

Ariadne De Alencar OliveiraAh, mas para nos tirar tem bastante disposição...

 

Carlota FernandesO Brasil lulista precisa de acordar para a realidade 

 

Sonia BatistaBoa noite