Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Eleicoes 2014: samba do, ops, de uma nota so...
Joao Ubaldo Ribeiro: Aula de Portugues o verbo FOR (saudades das cronicas domingueiras)
Paulo Roberto de Almeida
O Verbo For
Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).
O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho.
Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.
— Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra — dizia ele ao entanguido vestibulando.
— "Catilina, quanta paciência tens?" — retrucava o infeliz.
Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a platéia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à porta da sala.
— Ai, minha barriga! — exclamava ele. — Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor meu Pai!
Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.
O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo "dar um show". Eu dei show de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:
— Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!
— As margens plácidas — respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.
— Por que não é indeterminado, "ouviram, etc."?
— Porque o "as" de "as margens plácidas" não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. "Nem teme quem te adora a própria morte": sujeito: "quem te adora." Se pusermos na ordem direta...
— Chega! — berrou ele. — Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!
Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mim. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra "for" tanto podia ser do verbo "ser" quanto do verbo "ir". Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.
— Esse "for" aí, que verbo é esse?
Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do círculo, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.
— Verbo for.
— Verbo o quê?
— Verbo for.
— Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.
— Eu fonho, tu fões, ele fõe - recitou ele, impávido. — Nós fomos, vós fondes, eles fõem.
Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe!
Mensagem ao Congresso Nacional 2015: um novo governo, um novo ministerio - Paulo Roberto de Almeida
São sugestões, claro, mas acredito que condizentes com o que necessita o Brasil, em contradição com o que vem sendo partidariamente atualmente.
Paulo Roberto de Almeida
Eleicoes 2014: CNA promove debate com candidatos a presidente
Ao discutir política comercial, Campos reforça que é fundamental um olhar sobre as relaçoes exteriores apoioado na Constituição. "Não podemos ter uma política externa partidária, mas sim de Estado."
Assim é, se lhe parece...
Ao abrir seu pronunciamento, o candidato Aécio Neves disse que a prioridade número ZERO de seu governo será o combate ao "Custo Brasil". E prometeu criar um superministério da Agricultura, trazendo de volta o que dele foi extraído indevidamente...
Tomara...
Ao fechar sua participação, o candidato Aécio Neves disse que faria com que o Mercosul fosse redimensionado de uma união aduaneira para uma zona de livre comércio. Vai ter de combinar com os demais membros, como é óbvio.
Paulo Roberto de Almeida
So a Petrobras? Nao! Todo o governo e' uma fraude continua, completa...
Educacao: mais uma ideia errada que vai continuar afundando o que ja e'ruim
Federalização do ensino fundamental: plebiscito nacional
Escandalos companheiros: um atras do outro; que tal uma CPI da CPI da CPI?
China: a caminho de uma nova decadencia? - Bloomberg News
Microsoft, Google
Banco dos Brics confirma a hegemonia do dolar: ironia pura?
Claro que podem fazer algo de diferente: e será pior.
Como essa coisa, por exemplo de fazer empréstimos em outros moedas.
Como tudo tem de ser contabilizado em dólar, para que o trabalho? Só para assumir o risco do câmbio e criar mais custos administrativos e intermediações burocráticas?
Sinto muito, mas eu prefiro sorrir, a ter de chamar certas coisas pelo nome certo.
Tenha pena de ver alguém dotado intelectualmente se prestar a esse papel.
Paulo Roberto de Almeida
Negociador brasileiro explica como vai funcionar o Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos BRICS
Isaías Dalle, de Fortaleza
Rebrip, 16/07/2014
Carlos Márcio Bicalho Cozendey, ao centro, respondeu questões dos movimentos sociais sobre funcionamento do banco dos BRICS
O nome escolhido para a instituição financeira criada pelos BRICS é Novo Banco de Desenvolvimento. Já tem slogan: “Um Novo Banco para um Novo Desenvolvimento”. A informação foi dada na manhã desta quarta, dia 16, pelo embaixador Carlos Márcio Bicalho Cozendey, o principal negociador brasileiro durante o processo de criação do banco.
Curiosamente, essa foi a única informação que ninguém havia pedido. O embaixador esteve em debate promovido pela Rebrip (Rede Brasileira pela Integração dos Povos), em Fortaleza (CE), quando foi questionado sobre como o novo banco vai funcionar e se será, de fato, uma alternativa ao modelo financeiro internacional existente.
Ele diz que o banco pode, no longo prazo, produzir mudanças no sistema financeiro tradicional. “Mas que não se espere que isso vá ocorrer logo no primeiro dia”.
O banco terá um capital inicial de US$ 50 bilhões.
A seguir, os principais pontos explicados por Cozendey:
A China vai mandar no novo banco?
A sede será em Xangai. Cozendey explica que os cinco países terão cotas iguais (20%), ou seja, nenhum sócio será formalmente maior que o outro. Para equilibrar o processo decisório, a China será o último a presidir o banco. Primeira presidência caberá a Índia, depois, na sequência, Brasil, África do Sul e Rússia. O embaixador informa também que haverá um centro, uma espécie de subsede, na África do Sul. “A melhor solução para todos os pontos que precisaremos definir daqui para frente é que as vozes dos acionistas sejam devidamente ouvidas”.
O banco vai se financiar com recursos do sistema financeiro tradicional?
“Não há dois mercados financeiros oficiais no mundo. Então, vamos ter de recorrer ao único que existe. Então, vamos fazer captação de recursos globalmente. Vamos ter de decidir, caso a caso, se queremos, por exemplo, nos capitalizar com bônus dos EUA, por exemplo”, diz
O sistema financeiro vai ditar as regras do banco?
“Ninguém quer ser sancionado pelo mercado dos EUA, por exemplo. Por isso, nossas operações terão, inicialmente, de considerar a lógica atual. Mas, sem dúvida, pelo nosso peso, teremos um poder de negociação junto ao mercado muito maior (...) Temos um potencial futuro de mudar o sistema financeiro, fazendo com novas práticas que até organismos como Banco Mundial e FMI mudem. Mas sem ilusão de que no primeiro dia tudo vai ser diferente”.
O banco vai poder realizar empréstimos e investimentos em outras moedas que não o dólar?
“Prevemos que vamos trabalhar com outras moedas. Depende de onde será o investimento. Se for no Brasil, por exemplo, podemos usar o real. O problema é que essas moedas, por causa das regras atuais, não são conversíveis no mercado internacional, o que é prevalência do dólar. Mas quando pudermos, vamos usar outras moedas em transações multilaterais”.
Só os cinco países poderão aderir ao banco?
“Só os cinco serão acionistas com direito a voto. Caso outros países queiram aderir, vamos sempre manter 55% do capital”.
Os empréstimos serão dirigidos apenas aos cinco países?
“Pretendemos cooperar com outros países em desenvolvimento”.
O banco vai impor condicionantes ambientais, sociais e trabalhistas aos empréstimos?
“Há uma fronteira tênue entre dar à instituição o poder de condicionar os empréstimos a certas exigências e não permitir que essa mesma instituição possa interferir na política interna dos países. Estes dois lados não são facilmente separáveis. A melhor solução aí é que as vozes dos acionistas sejam devidamente ouvidas (...) O Brasil vai defender sempre que as entidades da sociedade civil sejam ouvidas e consultadas, e que tenham poder propositivo. Daí a importância de os movimentos sociais pressionarem e proporem. Eu digo que o Brasil, independentemente dos demais, vai dialogar com os movimentos no âmbito do banco”.
Quais critérios serão usados para financiar empreendimentos e ao mesmo tempo considerar o meio ambiente?
“Nossa referência, e aí digo pelo banco como um todo, será a Rio + 20”.
A criação do banco vai livrar os países de órgãos como FMI e Banco Mundial?
“Continuaremos associados ao Banco Mundial e ao FMI. Mas cremos que com o tempo, nossa menor dependência e a construção de novas políticas levem os outros a caminhar em uma nova direção”.
Os BRICS também anunciaram a criação de um fundo de socorro aos países-membros. Isso dispensará a existência do FMI?
“Não está no horizonte de nenhum dos cinco países a necessidade de recorrer ao FMI. Mas na hipótese de isso ocorrer, esse fundo emprestará 30% do total que o país precisa, com condições diferenciadas. O restante terá de ser buscado no FMI. Mas esses 30% servirão como um colchão que dará ao país um outro poder de negociação com o FMI”.
O stalinismo do Big Brother autocratico chines ainda nao terminou - Shanghai Daily
O confinamento ao local de origem ou de residência oficial, ou seja, a vinculação absoluta de um indivíduo ao local em que ele se encontra registrado pela polícia, é um dado stalinista, reproduzido pela China maoista. Stalin criou o passaporte interno, ou seja, um documento que permitisse ao um indivíduo, no caso súdito de uma autocracia comunista, pudesse tomar um trem, um ônibus, para visitar parentes em outro local. Na URSS deve ter sido abolido com a abertura kruscheviana do final dos anos 1950, mas não tenho certeza. Pode ser que tenha continuado no papel, sem ter sido abolido oficialmente, mas não aplicado na prática. Na China, ele nunca foi abolido.
Ou seja, todos os chineses ainda vivem o mesmo regime feudal, da prisão perpétua à sua terra de origem. Eles não tem permissão para ir para outros lugares.
Mas, como a China é um país mais capitalista do que o Brasil, e como os capitalistas precisam de trabalhadores "livres" -- como diria Marx -- eles se movimentam pelo país.
São os chamados "flutuantes", porque literalmente flutuam de um local de trabalho a outro, os modernos paus-de-arara da China, que dormem nas construções e passam de um emprego a outro, numa contínua movimentação física.
Devem existir mais ou menos 150 milhões de flutuantes, o que, com alguns dependentes (que eles não são autorizados a trazer para as cidades) devem fazer mais de 220 milhões de ilegais.s
Só em Shanghai, como explica a matéria abaixo, são mais de 5 milhões.
Eu disse 5 milhões.
Está bem assim, ou vocês querem mais?
Paulo Roberto de Almeida
Advisers urge more help for 5m living unofficially in city
Of some 11 million people from other areas living in the city, 5.37 million do not have residence certificates, said the local public security bureau.
While locals and migrants with residence certificates are entitled to health benefits and education services, this group are not and many live and work in the city’s peripheries.
More housing and adjustments to the city industrial structure are required to tackle this problem, said deputy directors of the bureau Jiang Xianfa and Ni Jianyu, and former deputy director Wu Yan’an.
The directors, who are all local political advisers, were detailing suggestions for the new round of urbanization work.
By the end of 2013, Shanghai’s population reached 24.15 million, according to the Shanghai Statistics Bureau.
This figure includes locals, incomers with residence certificates and other migrants who have lived in the city for more than six months.
Of the city’s total population of out-of-towners, only 10 percent are college graduates, the officials said.
Some 55,000 migrant families run unlicensed businesses — 85 percent of all such businesses in the city, according to the industrial and commercial administrative department.
These include, eateries, stalls and recycling businesses.
The employment status of more than 4 million incomers are unknown — 42 percent of the out-of-town workforce.
To address these problems, Shanghai should adjust its industrial structure to weed out low-value-added industries, said the advisers.
It must attract highly skilled workers and urge migrant people to get the skills to find employment in local industries.
The city must also meet the housing needs of migrant workers, by providing public housing and dormitories, and consider subsidies for employers who offer subsidized accommodation for out-of-town workers, the advisers added.
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Congratulations PRA: your paper on Economic Historiography is gaining traction (Academia.edu)
Aliás eu precisaria instalar contadores no meu site e no meu blog, inclusive um identificador de países, mas não sei bem como fazer isso.
Incompetente...
Paulo Roberto de Almeida
Hi Paulo Roberto,
Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction.
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You got 35 views from the United States, Brazil, and Peru on "2479) Brazilian Economic Historiography: an essay on bibliographical synthesis (2013-14)".
Thanks,
The Academia.edu Team
O artigo está aqui:
Brazilian Economic Historiography: an essay on bibliographical synthesis”,
História e Economia: Revista Interdisciplinar
(vol. 12, n. 1, 1o. semestre de 2014, p, 149-165; ISSN: 1808-5318).
Academia.edu (link: https://www.academia.edu/7858303/2479_Brazilian_Economic_Historiography_an_essay_on_bibliographical_synthesis_2013-14_).
Relação de Originais n. 2479.