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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Cronicas da realidade cotidiana - Luiz Alberto Machado

O título acima é meu, mas o título original, abaixo, é do autor, Luiz Alberto Machando, um bom amigo da FAAP, cujo inicio de artigo reflete uma conversa que tivemos recentemente em SP, num jantar, em seguida a uma palestra que fiz na FAAP, da qual ele participou como debatedor, junto com Georges Landau, outro bom amigo de SP.
De fato, o título de artigo é essencial para capturar a atenção do leitor e fazê-lo deter-se um instante na leitura de uma peça de texto, um pedaço de realidade (ou não), algo accrocheur, ou appealing, que permita competir com outras atividades mais interessantes.
Isso me lembra que fiquei de encaminhar ao Roberto Macedo as referências exatas de uma frase do Raymond Aron, nos idos de 1950, ou meados dessa década, quanto o pensador francês começou a dar aulas na Sorbonne, e confessava estar impressionado pela vetusté des locaux.
Eu também vou dar aulas na Sorbonne, mas no Institut de Hautes Etudes de l'Amérique Latine, dois cursos apresentados aqui: http://www.pralmeida.org/11CursosPRA/IHEAL-Paris.html
Boa leitura (e eu preciso ver este documentário: Inside job).
Paulo Roberto de Almeida


Artigo: Como castelos de areia
Por Luiz Alberto Machado (*)
17 de November de 2011


“Eu fico feliz ao olhar para a minha mãe,
minha esposa, minha filha e a senhora,
presidente, e dizer: eu sou inocente.”
Orlando Silva
(ex-ministro dos Esportes)

Conversando recentemente com os amigos Roberto Macedo e Paulo Roberto de Almeida, o primeiro economista, o segundo diplomata, ambos articulistas de primeiríssima qualidade, ouvi os dois dizerem algo que não me saiu da cabeça: “Se você tem um título, você tem um artigo”.
Acompanhando o noticiário político e econômico da Europa nas últimas semanas e do Brasil ao longo deste ano, não houve como não me lembrar da referida frase.
Mas, o que há de comum no noticiário europeu nas últimas semanas e no brasileiro ao longo deste ano?
A resposta é que tanto lá como aqui ocupantes de altos postos governamentais caíram, deixando seus cargos até então por muitos considerados inatingíveis e revelando a fragilidade de determinadas estruturas, lembrando verdadeiros castelos de areia, incapazes de resistir às ondas que se desfazem na praia.
E o que há de diferente no noticiário sobre a queda de ocupantes de importantes postos nos governos da Europa e do Brasil?
A diferença é que na Grécia e na Itália, os primeiros-ministros George Papandreou e Silvio Berlusconi foram obrigados a renunciar pela incompetência demonstrada na gestão da economia de seus respectivos países. De forma um pouco diferente, o mesmo já havia acontecido alguns meses antes em Portugal, onde o ex-primeiro-ministro José Sócrates teve que antecipar as eleições diante da situação insustentável em que se encontrava. O mesmo poderá acontecer na Espanha, onde as eleições também foram antecipadas para o dia 20 de novembro e em que as pesquisas eleitorais apontam ampla vantagem para o Partido Popular, que deverá retornar ao poder depois dos oito desastrados anos em que o país foi governado por José Luis Zapatero.
Já no Brasil a queda de inúmeros ministros que posaram ao lado de Dilma Rousseff na foto oficial com a equipe ministerial que assumiu o governo em 1º de janeiro deste ano está relacionada ao envolvimento com diversos esquemas de corrupção. Um após o outro, foram deixando o governo por envolvimento com desmandos e corrupção o reincidente Antonio Palocci, que ocupava a chefia da Casa Civil, e os ministros Alfredo Nascimento, dos Transportes, Pedro Novais, do Turismo, Wagner Rossi, da Agricultura, e Orlando Silva, dos Esportes. O mais recente acusado de também estar envolvido com corrupção é o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Por enquanto, ele está “prestigiado”, jargão utilizado no futebol para técnicos em vias de serem demitidos por seus clubes. Por mais que a presidente Dilma Rousseff procure minimizar os atos de seus ministros chamando-os de “malfeitos”, o povo não se deixa enganar e tem plena consciência de que a rapinagem que culminou com o afastamento dos ministros chama-se “corrupção”.
Nem o que está ocorrendo na Europa nem o que está ocorrendo no Brasil é digno de louvor ou de comemoração. Ao contrário. Ainda que por razões diferentes, a queda de pessoas que ocupam postos relevantes no governo de tantos países é algo a se lamentar e a se refletir.
Nesse sentido, fica a pergunta: o que é pior, a incompetência verificada nesses países europeus ou a corrupção, existente praticamente em todos os lugares e muitas vezes combinada com a impunidade, como bem mostrou o filme Trabalho interno, mas que, no Brasil, é praticada numa escala quase inacreditável?
Com a palavra o amigo internauta.
Iscas para ir mais fundo no assunto
Referências e indicações bibliográficas
CHADE, Jamil. Pressão da UE derruba governo grego. O Estado de S. Paulo, 7 de novembro de 2011, p. B 1.
ROGOFF, Kenneth e REINHART, Carmen. Oito séculos de delírios financeiros. Rio de Janeiro: Campus, 2010.
ROSENFIELD, Denis Lerrer. Moral e política. O Estado de S. Paulo, 7 de novembro
de 2011, p. A 2.
SAAB, Paulo. Sugestões para melhorar o País. Diário do Comércio, 5, 6 e 7 de novembro de 2011, p. 2.
Referências e indicações webgráficas
CRISE europeia derruba líderes no poder. Disponível em www.pbagora.com.br/conteudo.php?id=20111...dreou-jose-socrates.
DINIZ, Arthur Chagas. O ovo da serpente. Disponível emwww.institutoliberal.org.br/comentario.asp?cdc=3831.
_______________ Corrupção direta ou ONGs? Disponível emwww.institutoliberal.org.br/comentario.asp?cdc=3844.
Referência cinematográfica
TRABALHO interno (Inside job). Documentário, EUA, 2010, dirigido por Charles Ferguson, com duração de 120 minutos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Paulo, o texto está sobreposto pela aba lateral direita. Está ruim de se ler.

Anônimo disse...

Precisa ver mesmo Inside Job!
Comentário de um célebre economista sobre o Euro:
http://maovisivel.blogspot.com/2011/11/profetico.html

Rozenbaum disse...

O documentário (inside job) é realmente interessante
.
Assim que assistí-lo peço que você presenteie as centenas de leitores do seu blog com uma boa crítica
.
Apesar de não ser "comercial" creio que você achará o filme com facilidade até mesmo na Blockbuster!
.
No aguardo
Abs
Rozenbaum

Anônimo disse...

Aos que tiverem interesse em ver o filme "Inside Job-A Verdade da Crise"(legendado); segue link:http://www.vimeo.com/25142692

Vale!