Une Saison en Academie,
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Paulo Roberto de Almeida
Em voo, Brasília-São Paulo, 14/01/2012
Ça y est: en vol! Não mais na véspera, mas no próprio dia em que
começa minha licença para incursionar intelectualmente na Europa, que pretendo
a mais produtiva possível, retomando aqui algumas reflexões em torno de minha
pequena “estação na academia”, iniciadas poucos dias atrás.
Não pretendo, obviamente,
repetir experiências, alimentar dúvidas ou sofrer as angústias existenciais do
autor original do poema pré-surrealista Une
Saison en Enfer. Arthur Rimbaud pode continuar tranquilo no panteão dos
poetas malditos, que não é minha intenção reescrever qualquer peça do gênero.
Inclusive porque Paris não é exatamente o que poderíamos chamar de inferno,
embora não seja o paraíso que muitos cantam e incensam, ao contrário. Claro, em
meio a uma campanha presidencial e a um intenso debate eleitoral, algumas
greves – daquelas bem perversas, em que são especialistas as máfias sindicais
francesas – serão inevitáveis, sobretudo nos transportes públicos e em alguns
outros serviços essenciais (estes são os mais visados, sempre).
Como pretendo morar a
walking distance do meu local de “trabalho”, espero poder escapar dos
mau-humores desses sindicalistas, habitués
em levar adiante seu combate de retaguarda. Claro, eles sempre podem
atrapalhar, também, viagens de lazer, e por isso mesmo pretendo viajar o mais
possível em carro alugado, o que todavia não garante escapar dos proverbiais embouteillages dos périphériques parisienses. A solução para esse tipo de incômodo
está em viajar em horas impossíveis e por vias inesperadas, o que me será
facultado pelo ritmo excepcionalmente leve das obrigações acadêmicas (aulas só
às terças e quartas, duas horas de cada vez, já que ninguém é de ferro).
Terei algumas outras
obrigações secundárias – como acompanhamento e orientação de mestrandos, palestras
em fundações, entrevistas com jornalistas, contatos no mundo acadêmico e
governamental francês, pesquisas de meu interesse – mas nada que atrapalhe muito
o objetivo principal: as muitas viagens que pretendo fazer. Hoje em dia é muito
fácil planejar, preparar e empreender viagens – com a ajuda de ferramentas como
o Google Maps, Via Michelin, Wikipedia e milhares, literalmente milhões de
sites turísticos – e o mais difícil, justamente, é escolher uma ou duas,
selecionar dentre as dezenas de possibilidades interessantes, todas elas
atraentes e apetitosas. Como já conheço muito bem a Europa mediterrânea e
meridional, desde a península ibérica , sul da França, Itália, os Balcãs e a
Grécia, pretendo desta vez me concentrar na Europa central e setentrional,
revendo ou conhecendo velhos e novos lugares na Alemanha, República Tcheca,
Polônia, países bálticos, com uma possível esticada a Kaliningrad – na verdade não
sei o que restou da histórica e kantiana Koenigsberg – e a St. Petersburg.
Muitas leituras, muitas
pesquisas e estudos, alguns trabalhos escritos completarão esta “saison
académique”. Il me reste à souhaiter bon
séjour!
Em
voo, Brasília-São Paulo, 14/01/2012
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