O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 21 de julho de 2021

“É mais urgente que o impeachment” - Leandro Demori (The Intercept)

 É mais urgente que o impeachment

Leandro Demori

The Intercept, 21/07/2021

Olá,

O texto abaixo pode soar alarmista ou revelador, a depender do interlocutor. Como meu objetivo não é causar polêmica, ele será enviado apenas para os assinantes da nossa newsletter e não irá para o site. Minha intenção é: 
 

  1. Partilhar algumas ideias que estão pairando por aqui a partir da grande quantidade de informação que temos apurado nas últimas semanas;
  2. Mostrar para onde vai o trabalho do Intercept no futuro próximo, justamente guiado por essas informações.

Não vou enrolar para dizer o que motiva este texto, mais adiante explico com calma, mas já queria que partíssemos de uma ideia comum. Diante das condições estabelecidas hoje, no atual patamar de pressão e alta temperatura em Brasília, o impeachment de Jair Bolsonaro é insuficiente para tirar o Brasil da crise sanitária, econômica e política. 

Mais do que isso: o impeachment, apenas ele, pode aprofundar essa crise. 

Você me perguntará: "Leandro, você está dizendo que é contra o impeachment?". De maneira nenhuma. Também não estou fazendo exercício de futurologia, não pretendo "prever" para onde nos levaria o impeachment. Não é esse meu trabalho. O que eu quero e tenho condições de fazer é trazer informação e refletir a partir dela. 

É possível que você seja uma das centenas de milhares de pessoas que conheceram o Intercept depois da Vaza Jato. Ou talvez você tenha passado a assinar nossa newsletter no último mês — tivemos um boom de assinaturas em junho e julho. Talvez você conheça bem o TIB ou seja uma das pessoas que apenas leu alguns dos nossos furos mais importantes. Eu não sei. Mas independentemente de como você chegou aqui, quero te lembrar que o Intercept existe pra fazer jornalismo de impacto. Isso não é muito comum no Brasil, então vou tomar a liberdade de explicar rapidamente.

Toda e qualquer pauta que chega para a gente aqui é debatida coletivamente a partir de um princípio: essa apuração causa alguma mudança importante para a sociedade?Atenção: uma mudança pode acontecer de várias formas. Às vezes uma pauta não derruba um ministro, mas ela escancara pra sociedade negócios escusos e revira o tabuleiro enfraquecendo um nome poderoso. Em outras situações ela é mais efetiva: reverte uma injustiça, muda uma lei, liberta pessoas presas injustamente. 

Tenho muito orgulho quando lembro que uma apuração da jornalista Amanda Audi resultou na proteção das terras dos Tupinambá de Olivença, no Sul da Bahia. A área é o lar de 4,6 mil indígenas, além de marisqueiros e pescadores artesanais. Esse pessoal ia perder tudo porque o governo Bolsonaro pretendia repassar as terras para uma rede hoteleira. Demos a matéria, a pressão em cima do governo aumentou e no fim os indígenas encontraram Amanda em Brasília para agradecer.

Conto com orgulho também que, depois de uma reportagem da Nayara Felizardo, 30 casos de adoções irregulares no Amapá estão sendo investigados, porque provavelmente aquelas crianças foram tiradas de suas famílias pobres por conta do poder financeiro de outras famílias. Estampo um tremendo sorriso no rosto todas as vezes que lembro do que fizemos na Vaza Jato e olho para o que aconteceu com Sergio Moro. Há quanto tempo não ouvimos falar em Deltan Dallagnol, o procurador que vivia metendo o bedelho em todos os assuntos nacionais e articulando politicamente através do seu cargo e segundo seus interesses pessoais? O destino de Deltan era a PGR…

Prometi explicar resumidamente, mas me empolguei. Peço desculpas. Antes de falar propriamente do impeachment e do atual cenário político, citei esses exemplos mais contundentes para explicar o trabalho do Intercept e te alertar que o que vamos abordar aqui é fruto desse trabalho. 

Cheguei ao Intercept em 2018 e muito rapidamente vi essa redação se transformar em uma das mais relevantes do país. Somos uma equipe pequena para o tamanho do barulho que provocamos e isso não é casual. Isso acontece por três fatores: somos focados em impacto, temos os recursos para correr atrás dele e temos independência como nenhuma outra redação para enfrentar as consequências disso.

É a partir desse lugar e com essa autonomia que trabalho. E tenho trabalhado cada vez mais nas últimas semanas. 

Estamos em um momento singular da nossa história republicana. Somos comandados por um governo militar que chegou ao poder através do voto. Tinha tudo para ser a chance de ouro dos milicos. Eles não precisaram de golpe para chegar lá e tinham apoio de parcela expressiva da população. O Brasil estava atolado em uma crise profunda e, caso as coisas melhorassem, todos os méritos seriam deles, os militares, os brasileiros "mais preparados para enfrentar qualquer problema". Você sabe, para eles, nós, civis, somos um bando de idiotas e de ladrões. 

Mas no meio do caminho tinha uma pandemia. Com ela, a crise não só piorou como ganhou aspectos de terror. O governo militar é responsável por 540 mil mortes e 20 milhões de famintos. O fracasso é retumbante e para onde se olhe só vemos desgraças, equívocos, corrupção e coronéis, capitães, generais. É muita corrupção.  

Os militares passaram os primeiros dois anos do governo se vendendo como algo diferente de Jair Bolsonaro. Também tentam mostrar que têm conflitos com outros grupos que apoiam o presidente, como os lunáticos olavistas. E os militares são muito bem-sucedidos nessa operação de autopromoção. Eles têm, provavelmente, a assessoria de imprensa mais eficiente do país. É impressionante como conseguem falar em off com jornalistas e serem pintados como bom moços por uma enorme gama de colunistas. 

A essa altura, com quase três anos de governo, com tudo o que foi escancarado pela CPI da Covid-19, com o show de horrores protagonizado por figuras como Pazuello, Élcio Franco e, por que não?, Braga Neto, não dá mais para separar as Forças Armadas de Bolsonaro. Eles são uma coisa só, pelo menos enquanto for conveniente para os militares. 

Houve um momento em que se acreditava que havia uma disputa entre militares e civis no comando dos esquemas de compra de vacina. Hoje essa versão não pára em pé. Não tinha disputa alguma. Os militares e os civis do ministério da Saúde estavam todos muito bem acomodados e cada um na sua com a parte que lhe cabia. Um mandava dinheiro para paraíso fiscal ali com a Covaxin, outro comprava Sputnik com o Centrão aqui, outro adquiria Coronovac superfaturada acolá. E, claro, todos ignoravam a Pfizer porque aparentemente ali não deu para fazer nenhuma tramoia.

Ou seja, os militares até podem tentar empurrar tudo pra cima de deputados e outros funcionários civis do ministério. Podem entregar uma cabeça como a de Élcio Franco. Não importa. 

A CPI já foi longe demais e está claríssimo: havia militares em toda a cadeia de comando e tomada de decisão da compra da vacina. 

Não é mais questão de um militar chegar ao poder caso Bolsonaro caia: hoje sabemos que os militares já estão no poder. Não dá para termos a medida exata, mas estamos falando de dezenas de pessoas. Tem general, tem coronel, tem tenente. E tem, como o presidente da CPI, Omar Aziz, já deixou claro, Braga Neto — o ministro todo-poderoso que era chefe da Casa Civil e, lembre-se, o cabeça do comitê gestor da Covid-19. Omar Aziz foi categórico no depoimento de Roberto Dias, ex-funcionário do ministério: "o senhor recebia ordens através de um e-mail da Casa Civil".

Bolsonaro pode se esforçar para mudar o rumo do debate público dando todo dia uma entrevista mais absurda que a outra. Os milicos podem tentar subir o tom para ver se amedrontam aqueles que estão liderando as investigações. Tudo isso é perfumaria, porque os fatos estão dados: a pandemia foi uma grande oportunidade de negócio para o governo militar. Muita gente faturou e ia faturar muito mais enquanto centenas de milhares de famílias perdem seus entes queridos. 

É por isso que o governo militar está em pânico. E é por isso que vivemos um momento tão delicado. 

Vou repetir algo que disse ali em cima: a CPI já foi longe demais. Há uma enorme quantidade de contratos, sigilos quebrados, registros de conversas e áudios, documentação de embaixadas, enfim: muita informação acumulada e que indica vários caminhos de investigação. 

Apenas um exemplo: o caso Covaxin. Esse era um negócio de R$ 1,6 bilhão que iria evaporar. O governo pagaria a uma empresa de fachada num paraíso fiscal. Esse é o maior golpe que eu já vi. Notem: a Lava Jato diz que a Petrobras recuperou R$ 5,3 bilhões por causa de anos de corrupção. Apenas a canetada da Covaxin seria quase um terço disso. 

É diante desses fatos que eu te pergunto: o que aconteceria no dia seguinte ao impeachment de Jair Bolsonaro? Quem assume a cadeira? Qual o indicativo que temos de que os militares respeitarão as investigações, a Polícia Federal, o Congresso Nacional, o STF? A lama já chegou até os coturnos de muita gente poderosa, mas o que vai acontecer quando começarmos a ver ordens de prisão para os fardados?

Não tenho resposta para essas perguntas, claro. O que eu sei, a partir do que vi nas nossas apurações recentes e de conversas que realizei nos últimos dias, é que estamos diante de um megaescândalo de corrupção

Se não é o maior escândalo de corrupção da nossa história, seguramente é o mais letal.

É por tudo isso que acredito que o impeachment de Bolsonaro é insuficiente para sairmos desse buraco no qual ele e os generais nos meteram. 

As Forças Armadas passaram duas décadas se promovendo como reserva moral e técnica do país. Balela. São tecnicamente medíocres, moralmente execráveis. Pazuello foi incapaz de erguer uma logística eficiente para distribuir vacinas para os estados. Hoje, para tentar fugir das investigações, é defendido por um advogado que tem no currículo a defesa de vários milicianos notáveis, entre eles Cristiano Girão e Ricardo Teixeira Cruz, o Batman. Que coincidência, não? 

Estou usando Pazuello de exemplo, mas você sabe que eles são abundantes. As maracutaias no orçamento são infinitas: generais no governo agora ganham acima do teto, mais de R$ 60 mil por mês vão para o bolso de Mourão, Ramos e Braga Neto. Conseguiram um monte de penduricalhos e foram os únicos que saíram da reforma da previdência ganhando dinheiro — e não perdendo. Eles exaltam torturadores, ameaçam a democracia sem nenhum constrangimento, abominam a liberdade de expressão. 

Como eles vão reagir ao perceberem que o consenso que conseguiram criar nos últimos 20 anos está se rompendo ainda não sabemos. Mas essa é a grande história desse momento: é preciso investigar o governo militar, responsabilizar culpados e colocá-los de volta nos quartéis de onde não deveriam ter saído. Esse momento é chave para enfraquecê-los e isso não se resolve com o impeachment. 

Mostramos no último sábado, aqui na newsletter, como eles já estão se articulando para a eleição do ano que vem. Não tenho dúvida de que Jair Bolsonaro é uma enorme ameaça para a democracia brasileira, mas os militares são ainda piores. Se fraquejarmos agora, se abaixamos a cabeça para as notinhas desaforadas que eles gostam de soltar, onde eles vão parar? Vão aceitar as investigações? E o resultado das eleições do ano que vem, vão respeitar?

A história brasileira é cheia de momentos como esse, em que a pressão sobe e os militares assumem o comando nos jogando em uma temporada obscura. Dessa vez não pode ser assim. É preciso acertar as contas com eles e mostrar sua real face para a população brasileira. 

É por tudo isso que estamos mergulhados na cobertura de um grande volume de documentação da CPI. É também por isso que estamos focados em apurar tudo que é relacionado aos militares. Esse foi o tema do nosso programa no YouTube na última quarta-feira, o Cama de Gato, e da newsletter de sábado, apenas para citar dois exemplos. 

É esse jornalismo que o Intercept pretende te entregar nos próximos meses. Jornalismo de impacto e de interesse público. Tudo, como sempre, gratuito, aberto, sem paywall, feito de maneira profissional e absolutamente autônoma. Aqui no Intercept, general não fala em off para lustrar a imagem do Exército. Aqui eles são investigados. 

Acredito que você compreendeu que esse é um momento crucial. Mas para de fato conseguir entregar tudo que desejamos precisamos de mais ajuda do que em qualquer outro momento. 

Estamos em campanha com o objetivo de reunir 5 mil novos assinantes até agosto e está bem difícil chegar lá. Eu realmente estou com medo de não conseguirmos. Estou ciente de todas as dificuldades que enfrentamos no momento, mas eu não tenho outra alternativa que não pedir. Precisamos de muitos novos doadores mensais, com qualquer valor. Porque se conseguirmos reunir mais 2 mil novos apoiadores, com cada um doando 25 reais, sei que teremos força para tocar nosso trabalho com todos os recursos que precisamos.

Por que tão pouco? 

Simples: porque para continuarmos verdadeiramente independentes não temos interesse em trabalhar com um único financiador ou com anunciantes. Nosso foco não é atrair milionários. O que nós queremos é criar uma comunidade grande o suficiente que sustente não os salários de quem trabalha aqui apenas, mas o jornalismo de que o país precisa. 

Quero te pedir para ponderar o que pode significar para você e para o país uma doação hoje de 25 ou 50 reais para o Intercept. E a partir disso espero que você considere nos ajudar. Sendo muito sincero, tenho convicção de que esta é uma das melhores atitudes políticas que você pode tomar atualmente. Basta clicar aqui.

Se você leu isso tudo, muito obrigado! Eu ainda fico impressionado com o alcance do trabalho do Intercept e às vezes até me assusto como isso aqui cresceu. 

Antes de me despedir, uma curta nota pessoal.

Eu já fui auxiliar de serralheiro, montador de box de banheiro, instalador de alarme residencial. Eu nem sabia que existia faculdade de jornalismo. Hoje, não é raro que um texto meu seja lido por uma audiência que equivale a 10 vezes a população da minha cidade no interior de Santa Catarina. Assusta um pouco, mas ao mesmo tempo me anima demais. 

Temos uma chance única aqui no Intercept de fazer jornalismo com liberdade, impacto e coragem. É o que eu quero te entregar nos próximos meses e é do que o país precisa. Isso se tornará muito mais fácil se você nos ajudar hoje. Topa?

FAÇA PARTE DO TIB →  

Um abraço,

Leandro Demori
Editor-executivo
Recebeu este e-mail encaminhado por alguém? Assine! É grátis. 
Mudou de ideia e não quer receber nossa newsletter?
Clique aqui para cancelar a inscrição.
Obrigado por nos ler! Que tal nos dizer o que achou?
Nosso e-mail é: newsletter@emails.theintercept.com
Para garantir que nossas news sempre cheguem ao seu e-mail, adicione newsletter.brasil@emails.theintercept.com ao seu catálogo de endereços.






This email was sent to pralmeida@me.com
why did I get this?    unsubscribe from this list    update subscription preferences
First Look Media · Caixa Postal 15.120 · 
Rua das Marrecas, 48, Centro · Rio de Janeiro, RJ 20031-120· Brazil 

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Resistance and Repression in Cuba - Mary Anastasia O’Grady (WSJ)

 Segundo antigo dirigente do KGB, a máquina de repressão do comunismo cubano é muito mais eficiente do que jamais o foi o KGB na finada União Soviética. O número de pessoas envolvidas no trabalho de vigilância é muito maior do que tinha a Stasi na RDA. 

Trecho: "The corrupt former president of Brazil, Lula da Silva, is blaming the U.S. trade embargo for the events. That’s either stupid or evil. Cubans want liberty and justice."

Paulo Roberto de Almeida


Resistance and Repression in Cuba

Protesters knew they would meet brutality. They went out anyway, demanding liberty.

By Mary Anastasia O’Grady
The Wall Street Journal, July 18, 2021 7:12 pm ET

During a visit to Moscow in 1991, members of the Cuban-American National Foundation had a quiet meeting with a top KGB official. Diego Suarez, who was at that meeting, told me last week by phone from Miami that, in the KGB man’s opinion, Havana’s internal-security apparatus was more sophisticated than the Kremlin’s.

A former senior U.S. official told me on Wednesday that when he and others met with the same KGB general— Oleg Kalugin —in Washington in 2001, he told them that the machine controlling the Cuban police state was more “effective” than the Soviet system had been.

This testimony is worth contemplating in the wake of unprecedented antigovernment demonstrations across Cuba last week. The island’s rich ruling elite have spent decades cultivating a monstrous, merciless state-security structure for occasions such as this. Now it has unleashed a wave of terror on the island that would make Stalin blush.

Watching the Interior Ministry and the military do their dirty work, it’s hard to believe regime collapse is imminent. Yet last week’s protests overwhelmed a network that is supposed to be airtight. The breadth of the uprising reveals a nation at the breaking point. Any lingering pretense of regime legitimacy has been shredded—at home and abroad.

On July 11 in the municipality of San Antonio de los Baños, some 22 miles from Havana, a group of pro-democracy activists launched a protest. It was far from the first of its kind. This column has been documenting the work of Cuban dissidents for more than two decades. But on that Sunday something new happened.

Cuba’s internal security is constructed in concentric circles. Closest to home, there is the “committee to defend the revolution,” which has spies in every nook of life and rewards them for ratting out “counter-revolutionaries.” Next there are regime-controlled activists and “rapid response brigades” to meet and punish anyone who ventures outside to protest.

According to Maria Werlau, executive director of Cuba Archives, the ratio of secret police to the population is higher than it was under the Stasi in East Germany. National police, shock troops and elite-trained military squads are another layer of defense.

With Big Brother everywhere, Cubans are taught to tremble before authority and to keep nonconforming thoughts to themselves. Yet in a flash on that day, large numbers of ordinary Cubans made the decision to raise their voices against their oppressors. The outcry spread as if a fuse had been lit. The fear factor failed.

The regime was caught off guard. It shouldn’t have been. The island was simmering with discontent before 2020, but Covid-19 has put regular privation on steroids and exposed the injustice of a system in which the Communist Party enjoys lavish privileges and everyone else grovels for crumbs.

A further unprecedented development: What was happening in San Antonio de los Baños didn’t stay there. Images of Cubans chanting “liberty” and “down with communism” went viral. Within hours, thousands were marching in more than 30 cities. Some reports say that the protests extended to 60 towns and municipalities.

Dictator Miguel Díaz-Canel loaded up buses with trained military hit men and sent them, dressed in civilian clothing and carrying metal bars and sticks, to attack the demonstrators. They chased, beat and dragged citizens in the streets. Uniformed enforcers, some dressed in riot gear, were also used. Some fired weapons. One man was killed.

In the aftermath of the marches there were home-to-home searches for enemies of the revolution. Democracy advocates on the island say some 5,000 people have been arrested and the whereabouts of nearly 200 are unknown. Arrests include important dissident leaders like José Daniel Ferrer and Luis Manuel Otero Alcántara and the journalist Henry Constantin.

Many protesters were young. They knew their demands would be answered with brutality. They went out anyway, out of desperation, hoping that someone in power would hear their pleas.

Some have. The nephew of Gen. Luis Alberto Rodríguez López-Calleja, who sits atop the military’s tourism conglomerate, uploaded a video last week condemning repression and calling for change. Some intellectuals and artists quit their associations with the regime, including film director Carlos Lechuga, who on Facebook called the president a murderer. Speculation is rampant that family members of the ruling elite are heading out of the country.

The corrupt former president of Brazil, Lula da Silva, is blaming the U.S. trade embargo for the events. That’s either stupid or evil. Cubans want liberty and justice.

More blood will be shed. But the financially and morally bankrupt authorities won’t be able to feed their security apparatus indefinitely.

The six-decade lie that the revolution produced well-being and equity has been laid bare. What Cubans—and the world—have seen cannot be unseen.

https://www.google.com.br/amp/s/www.wsj.com/amp/articles/resistance-cuba-protests-coronavirus-san-antonio-de-los-banos-diaz-canel-11626638849


Plagues and empires - John Rapley (Aeon)

 

Plagues and empires

What can the decline of the Roman Empire and the end of European feudalism tell us about COVID-19 and the future of the West?

Economics as a moral tale - John Rapley, 2019 (Aeon)

 Interessante, e muito provocador, mas eu sempre me pergunto se esses sociólogos que fazem uma leitura organizada do processo histórico, escolhendo cuidadosamente conceitos e personagens para ilustrar o seu relato, realmente acreditam que eles detêm a chave explicativa de uma complexa dinâmica social e societal que me parece escapar de qualquer tentativa humana - individual ou nacional - no sentido de controlar, moldar ou dirigir o que é, finalmente, o carro da História se movendo lentamente (algumas vezes para a frente, outras para trás, ou para os lados, ou até o abismo), sem dar a minima para esses sociólogos, economistas ou historiadores, que pretendem, ou têm a pretensão de, entender, explicar e tentar guiar esse mesmo processo histórico, caótico e não planejado como ele sempre é.

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 19/07/2021

Economics as a moral tale

John Rapley

Aeon, 9/01/2019

The development sector set out to summon the magic of capitalism from the ashes of communism. How is it going?

domingo, 18 de julho de 2021

CFP: "Pandemic and Narration: COVID-19 Narratives in Latin America" - Vernon Press

CFP: "Pandemic and Narration: COVID-19 Narratives in Latin America"

by Ellisa Anslow

Your network editor has reposted this from H-Announce. The byline reflects the original authorship.

Type: Call for Papers
Date: July 16, 2021 to November 5, 2021
Subject Fields: Latin American and Caribbean History / Studies, Literature, Theatre & Performance History / Studies, Film and Film History, Social Sciences

Vernon Press is seeking contributions for a forthcoming edited volume on narration and COVID-19 in Latin America.

From the first contagion to the peak of the death toll's curve and the timid returns to 'normality' after the lockdowns declared globally, the COVID-19 pandemic has been subjectively and collectively narrated across Latin American; in the news, government reports and statistics, presidential speeches, literature, theatre, cinema, photography, social media etc. Fictional and non-fictional stories, official discourses, as well as personal and political accounts, have documented and represented the health crisis, laying bare how – in Latin American countries – the spread of the virus intersects with corruption, gender violence, inequality and exclusion, and a disconcerting rise of authoritarianism.

Departing from the fact that, in the time of COVID-19, life not only continues to be experienced but also continues to be told, this book will put together pandemic and narration in Latin America. It aims to present an interdisciplinary dialogue that contributes to understanding the local, national, and regional impacts of the health crisis on the region. We welcome chapters paying critical and empathic attention to the narratives being crafted and circulated in Latin America's pandemic times. As our purpose is to engage with a broad range of scholarly disciplines, we are interested in contributions addressing the intersections of narration and COVID-19 from diverse perspectives and methodologies. Chapters can be written in Spanish or English.

Possible contributions may explore (but are not limited to) the following topics:

  • Latin American literature in the time of COVID-19, from real-time literary responses on social media to long-term literary projects engaging with the pandemic and its consequences.
  • Fictional and non-fictional testimonies of the pandemic in Latin America.
  • Narratives of gender violence in Latin America's pandemic times, from governments responses to increases in domestic abuse to NGOs communication campaigns and actions for supporting victims of gender-based violence in lockdown.
  • Official discourses about the spread of the virus in Latin America, including government reports and statistics, presidential speeches, officials' declarations and other forms of official communication about the crisis.
  • Portrayals of the COVID-19 in Latin American media, film and TV.
  • Visual narratives of the pandemic in Latin America, from photographic accounts of the crisis on mass media to independent projects to document health emergency visually.
  • Latin American theatre and performance in lockdown.
  • Representations of the virus, its consequences, and its victims in Latin American journalism.

Please submit an abstract (max 300 words) to the volume editors: Luis A. Medina Cordova (luis.medina@manchester.ac.uk) and Andrea Espinoza (andrea.espinoza@kcl.ac.uk). Inquiries also welcome.

Deadline for proposals: 5th of November 2021.

Completed chapters should be between 5000 and 7000 words and will be due in early 2022 (date TBA).

Contact Info: 

Luis A. Medina Cordova (luis.medina@manchester.ac.uk) and Andrea Espinoza (andrea.espinoza@kcl.ac.uk)

Cuba: An American History, Ada Ferrer (lançamento em setembro de 2021)

 An epic, sweeping history of Cuba and its complex ties to the United States—from before the arrival of Columbus to the present day—written by one of the world’s leading historians of Cuba.

  

In 1961, at the height of the Cold War, the United States severed diplomatic relations with Cuba, where a momentous revolution had taken power three years earlier. For more than half a century, the stand-off continued—through the tenure of ten American presidents and the fifty-year rule of Fidel Castro. His death in 2016, and the retirement of his brother and successor Raúl Castro in 2021, have spurred questions about the country’s future. Meanwhile, politics in Washington—Barack Obama’s opening to the island, Donald Trump’s reversal of that policy, and the election of Joe Biden—have made the relationship between the two nations a subject of debate once more.

Now, award-winning historian Ada Ferrer delivers an ambitious and moving chronicle written for a moment that demands a new reckoning with both the island’s past and its relationship with the United States. Spanning more than five centuries, Cuba: An American History provides us with a front-row seat as we witness the evolution of the modern nation, with its dramatic record of conquest and colonization, of slavery and freedom, of independence and revolutions made and unmade.

Along the way, Ferrer explores the sometimes surprising, often troubled intimacy between the two countries, documenting not only the influence of the United States on Cuba but also the many ways the island has been a recurring presence in US affairs. This, then, is a story that will give American readers unexpected insights into the history of their own nation and, in so doing, help them imagine a new relationship with Cuba.

Filled with rousing stories and characters, and drawing on more than thirty years of research in Cuba, Spain, and the United States—as well as the author’s own extensive travel to the island over the same period—this is a stunning and monumental account like no other.