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sexta-feira, 26 de maio de 2023

Política externa brasileira: história e historiografia - Gelson Fonseca Jr. (org.), Biblioteca Digital da Funag

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Organizei, em meus tempos de diretor do IPRI, os seminários que resultaram na produção deste livro, convidando todos os integrantes, inclusive eu, a escrever capítulos sobre a historiografia da política externa. O livro ficou pronto ainda em 2018, mas as tribulações do calendário eleitoral brasileiro delongaram sua publicação naquele ano, e depois vieram os novos bárbaros, que demoliram a política externa e a própria diplomacia, e eu fui exonerado do cargo de diretor do IPRI. Acabei retirando a minha contribuição do livro, que seria uma espécie de introdução geral ao volume, tratando da historiografia brasileira das relações internacionais, desde o século XIX até a atualidade, para ver se o livro era publicado, pois eu era considerado um opositor (com orgulho) da nefanda diplomacia bolsolavista. 

Nem assim o livro foi publicado, e ficou na geladeira durante os quatro anos de domínio da política externa (e de todas as demais políticas) pelos aloprados da franja lunática dos bolsonaristas. Acabei colocando o meu capítulo sobre a historiografia das relações internacionais do Brasil no meu livro Apogeu e Demolição da Política Externa: itinerários da diplomacia brasileira (Appris, 2021) e agora, vejo com satisfação que o livro acabou sendo publicado, sob a direção do meu colega do CHDD, o embaixador Gelson Fonseca. Espero que ele sirva aos objetivos que nos propúnhamos em 2017 e 2018, quando organizamos o seminário, com todo o pessoal especialista nas diferentes fases da história das relações internacionais e da política externa brasileira.

Paulo Roberto de Almeida


Política externa brasileira: história e historiografia

Gelson Fonseca Junior (org.)

Descrição:
O objetivo desta obra é mostrar como os historiadores apresentaram os caminhos da política externa desde os primeiros momentos do Brasil independente até 1985. Foram convidados, para tanto, especialistas conhecidos nos diversos períodos. E, de fato, estão reunidos, neste volume, historiadores do mais alto quilate, com obras de referência em suas áreas. O livro é um primeiro esboço do que poderia ser o debate sobre a historiografia da história diplomática. Não pretende fechar questões, mas abri-las. Pela própria natureza da inserção internacional do Brasil, o campo da história diplomática é amplo; são muitos os temas em aberto. Espera-se que este livro sirva como um roteiro para estimular novas pesquisas e rever, com novas perspectivas, o que já se sabe, ou se pensa conhecer.
Detalhes
Organizador: Gelson Fonseca Junior
Editora: FUNAG - Fundação Alexandre de Gusmão
Assunto: Brasil – História – Independência, 1822 | Brasil – História - I Reinado, 1822-1831 | Brasil – História – Revolução, 1930 | História e historiografia | História – Fontes | Regime Militar - Brasil
Ano: 2023
Edição: 1ª Edição
Nº páginas: 556
Idioma: Português
ISBN: 978-85-7631-975-7

Sumário

Sobre os autores,  7

Introdução, 9 

    Gelson Fonseca Junior

Recortes historiográficos da independência – três imagens e meia sobre o desmembramento do Império português, 15

    João Daniel Lima de Almeida

Da legitimação ao questionamento: a historiografia sobre as relações exteriores brasileiras (1822‐1840), 107

    Francisco Doratioto

O Segundo Reinado (1840‐1889), 169 

    Gabriela Nunes Ferreira

Política externa da Primeira República: avaliação da historiografia, 199

    Clodoaldo Bueno

Da Revolução de 1930 ao fim de 1945, 283 

    Fábio Koifman

A historiografia das relações internacionais do Brasil sob a República Liberal‐Democrática (1945‐1964), 347

    Antônio Carlos Lessa

O regime militar e sua política externa: ideologia e pragmatismo (1964‐1985), 423

    Paulo G. Fagundes Visentini

Fontes diplomáticas, diplomática e historiografia da política externa brasileira, 491

    Eduardo Uziel


Sobre os autores

Antônio Carlos Lessa: professor titular de relações internacionais da Universidade de Brasília.

Clodoaldo Bueno: professor titular aposentado da Universidade Estadual Paulista Unesp – Marília.

Eduardo Uziel: diplomata de carreira. Doutorando na Universidade Livre de Bruxelas.

Fábio Koifman: professor associado do Departamento de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Francisco Doratioto: professor associado no Departamento de História da Universidade de Brasília e bolsista produtividade 2 do CNPq.

Gabriela Nunes Ferreira: professora associada do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo – campus Guarulhos e pesquisadora do Cedec – Centro de Estudo de Cultura Contemporânea.

Gelson Fonseca Junior: diplomata de carreira. Diretor do Centro de História e Documentação Diplomática da Fundação Alexandre de Gusmão.

João Daniel Lima de Almeida: professor de história das relações internacionais da PUC-Rio.

Paulo G. Fagundes Visentini: professor titular de relações internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Introdução

O projeto de organizar uma coletânea sobre a historiografia da história diplomática brasileira foi desenvolvido entre 2018 e 2020 pelo Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD) e pelo Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG). Desde a concepção, para a qual foi decisiva a contribuição do Embaixador Paulo Roberto de Almeida, contamos com o empenho e o vasto conhecimento da história diplomática do professor Rogério de Souza Farias, pesquisador do IPRI. Em nossa convivência com pesquisadores e alunos da área de relações internacionais, e em nossas participações em seminários e debates acadêmicos, chegamos à conclusão de que faltava uma reflexão historiográfica sobre a política externa brasileira. Seria útil projetá-la, e cabia naturalmente à FUNAG, pela sua vocação de promover o estudo da história diplomática, levar adiante o projeto.

De outro lado, o projeto serviria para dar continuidade aos três volumes sobre pensamento diplomático brasileiro que a FUNAG lançou em 2013. Naquele, o foco eram personalidades que tiveram influência na definição da ação externa do Brasil. Neste, o objetivo é mostrar como os historiadores apresentaram os caminhos da política externa desde os primeiros momentos do Brasil independente até 1985.

(...)

Livro disponível no link: 

https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1226

Sputniks divulga vitórias russas contra forças ucranianas

 Forças Armadas russas eliminaram nas direções sul de Donetsk e Zaporozhie até 125 militares ucranianos, disse nesta quarta-feira (24) o tenente-general Igor Konashenkov, representante oficial do Ministério da Defesa da Rússia.

"As perdas do adversário nessas direções totalizaram até 125 combatentes ucranianos entre mortos e feridos, três carros, bem como um obuseiro Msta-B", disse Konashenkov.
Forças Armadas da Ucrânia tentaram sem sucesso atacar no mar Negro o navio russo Ivan Khurs com lanchas não tripuladas, aponta o comunicado do Ministério da Defesa da Rússia.

"Hoje (24) às 5h30 da manhã [23h30 horário de Brasília] as Forças Armadas ucranianas realizaram uma tentativa sem sucesso de atacar com três lanchas rápidas não tripuladas o navio da Frota do Mar Negro Ivan Khurs que desempenhava tarefas para garantir a segurança dos gasodutos Turk Stream e Blue Stream na zona econômica exclusiva da República da Turquia", aponta o comunicado.

O incidente ocorreu a 140 km a nordeste do estreito de Bósforo. O navio destruiu todos os drones com seu próprio armamento e continua a realizar as tarefas definidas, aponta a entidade militar russa.

Nas últimas 24 horas, sistemas de defesa antiaérea russos derrubaram um caça ucraniano MiG-29 na área do povoado de Grigorovka na República Popular de Donetsk (RPD), 20 drones e 16 projéteis de sistemas Himars em várias regiões.
Segundo Konashenkov, a aviação tático-operacional e do Exército e unidades de artilharia atingiram um posto de comando e vigilância das tropas ucranianas na área de Avdeevka na RPD.
Destaca-se que um total de 93 unidades de artilharia do Exército ucraniano em posições de fogo, o contingente militar e equipamentos em 107 áreas foram atingidos pela aviação tático-operacional e do Exército das forças russas.
Tropas russas eliminaram na direção de Donetsk até 150 combatentes ucranianos, um tanque, dois veículos blindados de transporte, dois veículos blindados de combate e três carros, relatou o tenente-general. Além disso, de acordo com ele, foram destruídos depósitos de munição da 10ª Brigada de Assalto de Montanha e da 112ª Brigada de Defesa Territorial da Ucrânia.
De acordo com os dados do Ministério da Defesa da Rússia, desde o início da operação militar especial foram destruídos: 429 aviões da Ucrânia, 235 helicópteros, 4.293 drones, 424 sistemas de defesa antiaérea, 9.295 tanques e outros veículos blindados de combate, 1.100 lançadores múltiplos de foguetes, 4.893 peças de artilharia de campanha e morteiros e 10.433 veículos militares especiais.

O presidencialismo emparedado - Roberto Amaral

 O presidencialismo emparedado

 
Roberto Amaral*
 
O mais famoso dos bardos ingleses valeu-se do disfarce da grande poesia para fazer ciência política. Em uma de suas peças mais lidas, recitadas, ouvidas e vistas (Rei Lear, de 1602), William Shakespeare conta-nos a história de um velho soberano que, descuidado das lições de Maquiavel (O príncipe, 1532), e desprotegido de virtù após ser abandonado pela fortuna, decide, na velhice, pretendendo salvá-lo, dividir seu vasto e poderoso império com suas filhas, igualmente herdeiras. A novela é conhecida: o poder se desconstitui, e o monarca, despido da coroa, conhece o mais vil opróbio, até salvar-se na loucura. A interpretação da saga é, claro, obra aberta. Uma delas pode ser esta: não faz a guerra (ou seja, não se defende), quem foge da adversidade.

Muitas vezes, para poder salvar o mandato, o governante cede o governo. Frequentemente, o dirigente político é levado a se curvar ao que os cientistas grafaram como “correlação de forças” e Ortega y Gasset (Meditaciones del Quijote, 1914) resumiria como o império das circunstâncias: “Eu sou eu e minhas circunstâncias, e se não me salvo nelas não me salvo a mim”. Parece ser este o desafio de Gabriel Boric, no Chile, governante de centro-esquerda (na origem eleitoral) impotente, em face das circunstâncias, para alterar a correlação de forças que se revela adversa, em país ainda polarizado tantos anos passados daquela que certamente vai para a história como a mais abjeta das abjetas ditaduras militares da América Latina. Impotente para levar a cabo um governo de avanços (promessa da campanha eleitoral), acossado por uma constituinte de extrema-direita, tende a seguir no cargo (ou, mais precisamente, a preservar o mandato), mas só podendo implementar, do programa com o qual se elegeu, a pequena parte que os donos do poder julgarem palatável.

Praz aos céus que não estejamos às portas de um recidiva da tragédia chilena, pois a história registra, sem  parcimônia, quantas batalhas foram perdidas simplesmente por não terem  sido travadas. A propósito, acusa-se Jango por não haver resistido em 1964 (para o que, supõe-se, teria apoio), e, para criticá-lo, todos se valem do exemplo de seu cunhado Leonel Brizola, pondo por terra a tentativa de golpe dos militares em 1961, simplesmente por a ele resistir.
 

Essas questões, ainda sem qualquer sorte de dramaticidade, se colocam em nossa história presente, com os impasses que se impõem ao governo Lula.

A conjunção entre o reacionarismo tout court (o atraso que nos persegue desde o período colonial) e o fisiologismo do baixo clero, gerenciado pelo presidente da Câmara dos Deputados, é um dos indicadores do esgarçamento institucional que se vem acentuando nos últimos anos, mais notadamente desde 2016, quando o Congresso Nacional, na contramão da ordem constitucional, se insurgiu contra a vontade da soberania popular, ditada no pronunciamento das urnas, assim atingindo de morte não apenas a reclamada independência dos poderes, mas os fundamentos da democracia representativa  um projeto que, entre nós, ainda  não passa de mera expectativa de futuro. 

Como falar em democracia em sociedade clivada por brutal desigualdade social?

Na década passada, após impedir a presidente Dilma Rousseff de governar, papel levado a cabo pela Câmara dos Deputados, o Congresso extinguiu-lhe o mandato legitimamente conquistado nas urnas, dizendo para a história que entre nós o império da soberania popular não salta das páginas da Constituição para a vida real. Era o golpe de 2016, cujas consequências ainda hoje padecemos. 

Formalmente vencidas as vicissitudes que se instalam em 2018, é eleito em 2022 um novo Congresso, que se afigura como um mostrengo, ainda mais reacionário que o antecedente, ainda mais preso, como craca sedenta, às tetas do erário. Fruto direto do esquema de corrupção que a crônica política identifica como “orçamento secreto”,  o Poder Legislativo de hoje, e nele cumprindo papel primordial a Câmara dos Deputados, é um leviatã insaciável na sua sede por mais poder, impondo-se como verdadeira ditadura sobre o executivo, cuja capacidade de ação é crescentemente limitada, como é limitada sua capacidade de formular políticas. Não se pode dizer que a história intenta repetir-se, mas é fora de dúvida que a este filme já assistimos.

O presidente da Câmara, vitorioso sempre que o governo perde ou a direita (de dentro e de fora de sua  base de apoio) ganha, diz que o governo precisa curvar-se ao “congresso empoderado” e negociar. O verbo negociar, como sabe o leitor, empresta-se aos mais variados entendimentos, e a acepção do jagunço das Alagoas não é a mais canônica. Reimposto por outros meios o teto dos gastos – o que inviabiliza o projeto lulista aprovado majoritariamente pelo eleitorado , alterada a estrutura dos ministérios para facilitar a ação dos grupos de pressão, ameaçados a defesa do meio ambiente e o mínimo de proteção às populações nativas, o presidente da Câmara confronta o Planalto, dizendo que o Congresso é governo, e, nestes termos, mais forte que o governo mesmo: “O congresso conquistou mais protagonismo nos últimos anos, é liberal e conservador e destoa do governo”. Este que se adapte, ou seja, que se adeque às novas circunstâncias de um presencialíssimo emparedado. 

capo porta-se, arrogante, como o toureiro que no meio da arena, cutelo em punho, chama a fera ferida, cansada, exangue, para a última partida. O recado é óbvio: ou o presidente Lula compõe com a direita (e como tal entenda-se o que se quiser), ou não governará. Ou, governará como  o novo rei da Inglaterra, levando a cabo projeto que não é o seu.

O processo em curso, montado à luz do dia, claramente, sem subterfúgios ou cerimônias, visa a reinstalar, no governo Lula, o governo rejeitado pelo eleitorado. Uma afronta à democracia que deve ser interpretada, julgada e enfrentada como o que de fato é, pois o chamado “terceiro turno” das eleições a que se reportam comentaristas políticos tem nome e sobrenome: golpe de Estado.

Na retaguarda, um ministério que, concebido com o justo objetivo de garantir estabilidade institucional (donde determinadas concessões) e governabilidade (donde outra série de concessões) não oferece hoje ao presidente nem a homogeneidade de que carece todo projeto de governo (que continua sendo um projeto do presidente Lula) e menos ainda o respaldo parlamentar que era sua justificativa. É um ministério velho de cinco meses, visivelmente cansado quando é tão óbvia a virulência dos adversários, pois a oposição parlamentar tem na sua retaguarda o grande capital.
 
      Perigosamente, a esquerda, e, a partir dela, o movimento social e as chamadas forças democráticas, progressistas ou não, bem como os ditos liberais (estes como sempre), submergem, e assistem, como plateia silenciosa, ao embate entre direita e extrema-direita, que passam a ocupar o proscênio.

Tudo isso enseja uma questão crucial: a tarefa fundamental das forças democráticas – portando para além da esquerda e dos liberais  é sustentar o governo Lula.
  
***
 
As mãos sujas – Henry Kissinger completará cem anos de idade no próximo sábado, e será amplamente festejado. Falar-se-á do estrategista que intermediou a abertura dos EUA para a China e buscou a détente com a URSS durante suas passagens como conselheiro de segurança nacional e secretário de Estado de Richard Nixon. É preciso, contudo, fazer as contas dos horrores causados pelas conspirações, golpes e sabotagens que o teuto-americano planejou ou apoiou. Centenas de milhares – um milhão, talvez – de mortos em Bangladesh, Camboja e Timor Leste. Dezenas de milhares de mortos e torturados na guerra suja da Argentina e na ditadura pinochetista, no Chile. Democracias golpeadas. E é preciso lembrar que Kissinger, para sempre impune, sequer levado a julgamento, não agiu por conta própria, como um matador solitário, mas tramou atrocidades trabalhando para dois presidentes da nação que ainda ousa  apesar de toda evidência  se apresentar ao mundo como baluarte da democracia e dos direitos humanos, estabelecendo parâmetros com os quais muita gente boa, mundo afora, até hoje se orienta no cenário global.
 
Um sopro – Em meio a dúbias celebrações pela aprovação, na Câmara que aí está, do novo arcabouço fiscal, por meio do qual o governo Lula voluntariamente se lança a uma armadilha, merece destaque a declaração de voto assinada por 23 deputados, quase todos petistas, por meio da qual reiteram sua lealdade ao presidente da república, mas não se furtam em denunciar a trampa: "Lamentamos que ainda não tenha sido possível libertar o poder público do estrangulamento provocado pelos interesses do capital rentista, que busca subjugar o Tesouro [...] às custas do empobrecimento do povo brasileiro e da sangria de nossa economia".

Educação em perigo - Uma pergunta não quer calar: por que o Executivo não lutou, até aqui, para preservar o Fundeb, fabulosa conquista do primeiro governo Lula, sempre combatido pelo capital privatista, e que até mesmo Temer, o perjuro, deixou de fora das amarras impostas pela ortodoxia liberal?
 

 

* Com a colaboração de Pedro Amaral
 

On arrête (parfois) le progrès ! - François Jarrige (L'Histoire)

 

On arrête (parfois) le progrès ! 

Du 24 au 28 mai à Toulouse le festival L'Histoire à venir a pour thème le progrès.

Promesse de bonheur et de justice au siècle des Lumières, le progrès, devenu synonyme d'innovations techniques, est érigé en nouvelle religion depuis la fin du XIXe siècle. Non sans susciter de nombreuses résistances.

D'où vient l'idée d'un progrès perçu comme une nécessité ? Comment s'est-elle enracinée ? Comment fut-elle débattue François Jarrige se penche sur ces questions.

On arrête (parfois) le progrès !

Promesse de bonheur et de justice au siècle des Lumières, le progrès, devenu synonyme d'innovations techniques, est érigé, depuis la fin du XIXe siècle, en nouvelle religion. Non sans susciter de nombreuses résistances. C'est l'un des thèmes du festival L'Histoire à venir, qui se tient à Toulouse du 24 au 28 mai.

La notion de progrès est une idée ancienne qui n'a cessé de se transformer. Aujourd'hui, elle se manifeste par des appels incessants à la « modernisation », avec ses impératifs : « avancer », « accélérer », « s'adapter », « se réformer » ; autant d'injonctions qui saturent les espaces médiatique et politique contemporains. A la veille de la Grande Guerre, qui allait profondément mettre à mal la naïve confiance progressiste et scientiste héritée du XIXe siècle, l'expression « On n'arrête pas le progrès ! » était devenue une évidence. Elle s'est installée peu à peu pour désigner l'impossibilité de freiner certaines réalisations devenues des symboles de la modernité et du progrès en marche, comme l'électricité et l'automobile. Mais d'où vient cette idée d'un progrès perçu comme une nécessité ? Comment s'est-elle enracinée ? Comment fut-elle débattue ?

L'histoire de la notion, de son « invention » à l'Époque moderne, de son déploiement ...

Timothy Snyder's course on Ukraine

https://podcasts.apple.com/us/podcast/the-making-of-modern-ukraine/id1653131950?utm_source=substack&utm_medium=email 

24 episodes


Ukraine must have existed as a society and polity on 23 February 2022, else Ukrainians would not have collectively resisted Russian invasion the next day. What does it mean for a nation to exist? Timothy Snyder explores these and other questions in a very timely course.




This course was recorded live in a classroom at Yale University in the autumn of 2022. Video of the course is also available on YouTube .

The Making of Modern Ukraine

Timothy Snyder

    • History

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    1: Ukrainian Questions Posed by Russian Invasion

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    Class 1 is an introduction to the course and an exploration of questions raised by the Russian invasion of Ukraine. Timothy Snyder is the Richard C. Levin Professor of History at Yale University and a permanent fellow at the Institute for Human Sciences in Vienna. He speaks five and reads ten European languages. Ukraine must … Continue reading 1: Ukrainian Questions Posed by Russian Invasion →
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    Do you speak the language or does the language speak you? In Class 4 Professor Timothy Snyder maps out the landscape ‘Before Europe.’ Timothy Snyder is the Richard C. Levin Professor of History at Yale University and a permanent fellow at the Institute for Human Sciences in Vienna. He speaks five and reads ten European … Continue reading 4: Before Europe →
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    In Class 5, Professor Snyder describes the foundations of the Kyiv state. Timothy Snyder is the Richard C. Levin Professor of History at Yale University and a permanent fellow at the Institute for Human Sciences in Vienna. He speaks five and reads ten European languages. Ukraine must have existed as a society and polity on … Continue reading 5: Vikings, Slavers, Lawgivers: The Kyiv State →
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