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quarta-feira, 14 de março de 2007
712) Bernard Lewis e o terrorismo jihaidista...
FDD Update, 13 March 2007:
INTELLECTUAL LEADER: Last Wednesday, Bernard Lewis was given the Irving Kristol Award by the American Enterprise Institute. On Thursday morning, the Committee on the Present Danger hosted him at the U.S. Capitol where he spoke to members and staff of the new Senate and House Anti-Terrorism Caucuses.
Professor Lewis is arguably -- no, indisputably -- the world's most distinguished scholar of Islam and the Middle East. (Despite that -- or rather because of it -- he has been excluded and disdained by MESA, the Middle East Studies Association, which dominates on college campuses throughout the United States.)
A few of the key points Professor Lewis made last week:
America and other free societies "confront a dedicated and dangerous adversary" engaged in what it sees as a historic conflict for the global supremacy of Islam.
We need to be concerned about the threats emanating from both Iran and Saudi Arabia; al-Qaeda is "Wahhabi in inspiration."
Iran's rulers cannot be deterred. Mahmoud Ahmadinejad is serious about his religious convictions: Because of that, he sees the possibility of "mutual assured destruction" not as a deterrent "but as an inducement."
Speaking both as a historian and someone old enough to recall the late 1930s, Professors Lewis said too many politicians today display "the spirit of Munich -- a refusal to acknowledge the danger we face and a belief that through accommodation we can avoid conflict." He added: "I look around and I see more Chamberlains than Churchills."
Professor Lewis sees the use of military force against Iran as only a very last resort. Much better if we can manage to replace an "apocalyptical villain with merely a pragmatic villain."
Women in Muslim countries are given less education which really means less indoctrination; therefore they may have more capacity for independent thinking. For that reason, women "may be the last, best hope of the Islamic world."
Oil is a potent source of power for the regimes that rule Saudi Arabia and Iran. How do we deal with it? "By finding other sources of energy."
Professor Lewis observed that our enemies have a number of advantages: zeal, certitude and demography among them. On our side, we have freedom. Which will prove powerful? That, I would say, is the great question to be answered in the 21st century.
2 comentários:
Caro Paulo Roberto,
Como leigo, acho que o paralelo com Munique é engenhoso mas falso - pelo menos é o que acredito e (admito) é o que desejo.
Até que ponto Ahmadinejad não é fruto do fundamentalismo neocon que tomou de assalto a diplomacia americana com W Bush, especialmente com a tresloucada aventura iraquiana?
Certo, o "Ocidente" não pode ficar expiando culpas ancestrais (nem vamos falar em Moussadeq, portanto) e tantas outras bem mais recentes, mas sabe-se que Ahamadinejad encontra séria oposição mesmo entre teocratas mais pragmáticos, como Rafsanjani.
Sobre as mulheres, torço para que o professor Lewis tenha razão. Lembro-me, à época da eleição de Khatami, de ler sobre o papel que elas, debaixo dos seus chadors, mas com acesso ao trabalho e às urnas, tiveram na malograda primavera iraniana.
Acho que, no fundo, qualquer País que tiver chance de se modernizar e se urbanizar com um mínimo de equilíbrio (e acho que nesse ponto o Irã está mais próximo do Brasil, digamos, que da Nigéria) acaba caminhando em direção à moderação e a uma relativa secularização.
Não tenho a pretensão de estar revelando nenhuma novidade ao dizer que as noções de democracia e liberdade do Ocidente nasceram não de uma pretendida superioridade do Cristianismo, mas de penosos, tortuosos e freqüentemente sangrentos processos históricos.
Dourivan,
Acredito que Ahmadinejad seria radical independentemente da atitude dos americanos, isto é, mesmo se estes fossem multilateralistas convencidos, não intervissem em nenhum pais e colaborassem ativamente apenas com o bem-estar das populações mais atrasadas do ponto de vista socioeconômico.
O atual presidente iraniano, por exemplo, nao acredita que tenha havido o Holocausto, ou se houve não é tão grave, pois ele não concorda com a existência de Israel e, se pudesse, concorreria ativamente para o sei desaparecimento.
Ele também acredita que o Islam é a melhor religião do mundo, demonstrando intolerância em relação a outros cultos.
Quanto ao paralelo com Munique, nunca se pode tomar essas analogias históricas ao pé da letra, pois as condições e circunstâncias são obviamente sempre diferentes. Mas o que se quer ressaltar é o chamado "espírito de Munique", ou seja, a tendência à conciliação, à acomodação, ao "apeasement", como se concordando com o inimigo você conseguisse ganhar sua confiança ou até fazer com que ele desista de seus instintos belicosos.
Era a isso que o Churchill se referia nos anos 1938-39, quando condenou a atitude dos dirigentes britânicos de se acomodarem a hitler, em lugar de o enfrentarem decisivamente desde o primeiro momento.
As hesitações e acomodações de dirigente pusilânimes fizeram muito mal, não apenas à Grã-Bretanha, mas provocaram dezenas de milhões de mortos, com sofrimentos indizíveis para praticamente todos os povos europeus (sem mencionar o "fascismo" japonês, que já perpetrava barbaridades contra populações chinesas).
De fato, o Iran possui uma sociedade civil, ativa e dinâmica, e conseguirá algum dia se libertar do atual regime teocrático, opressivo e autoritário (ainda não totalitário), mas as perdas culturais, se não econômicas e sociais, já são enormes.
Sociedades livres são em geral mais prósperas, mais realizadas e as pessoas nelas vivem mais felizes.
Isto é uma verdade universal.
Todo e qualquer regime intolerante e opressivo agrega à infelicidade bruta da humanidade...
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