Leiam primeiro esta matéria:
O sacrifício imposto à Grécia
Luis Nassif
Coluna Econômica - 11/05/2010
Durante anos, a Grécia foi um dos paraísos do capital especulativo. Contraiu grandes empréstimos que foram utilizados para consumo, não para investimento.
Em 2000, o déficit grego era de 3,7% do PIB, pouco acima do limite da eurozona, de 3% do PIB. De 2001 a 2007 o déficit oscilou entre 3,6% (2006) a 7,5% (2004), ano em que o país sediou as Olimpíadas, aumentando para 7,7% em 2008 e disparando para 13,6% em 2009.
Atualmente, o PIB (Produto Interno Bruto) da Grécia foi de 237,5 bilhões de euros.
Em 2009, a Grécia registrou um déficit de 13,6% do PIB, segundo dados divulgados em abril pela agência de estatísticas Eurostat. Apesar de bastante elevado, há suspeitas de que possa ser maior ainda. Quando foi constituída a União Européia, definiu-se um limite de 3% do PIB para os déficits nacionais.
A dívida pública grega chegou a 115,1% do PIB, atrás apenas da Itália, com 115,8%. Na Zona do Euro, a relação dívida/PIB bateu em 78,7%.
***
Todo esse movimento proporcionou lucros extraordinários aos credores, bancos internacionais, gregos e fundos de investimento. Estourando a crise, há riscos concretos de moratória. Decretada, haveria uma redução automática do passivo grego – já que os títulos da dívida cairiam de valor.
A pretexto de evitar crises sistêmicas, os Bancos Centrais mais o FMI (Fundo Monetário Internacional) montaram pacotes de ajuda que salvam a cara dos credores mas impõem pesados sacrifícios aos devedores. Como não há um desconto no valor da dívida a ser paga, o esforço fiscal tem que ser redobrado. E aí se bate nos limites de sacrifício da população e nos limites políticos das ações de sacrifício.
***
Para se habilitar ao pacote de ajuda do FMI – e evitar a moratória – o governo grego concordou em reduzir seu orçamento em 30 bilhões de euros até 2014 – o que significará o corte de inúmeros programas públicos voltados para o bem estar da população.
Os salários e as aposentadorias do funcionalismo público serão reduzidos e congelados nesse período. Além disso, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) – espécie de ICMS – será aumentado de 21% para 23%, havendo uma taxação adicional de 10% sobre combustíveis, álcool e tabaco.
***
Não é uma situação fácil.
A ajuda desagradou tanto aos gregos, que a receberam, como aos alemães, que foram os maiores emprestadores.
A população grega reagiu violentamente contra a perspectiva de piora do seu padrão de vida por meio de greves e protestos. Na Alemanha, nação mais poderosa da Zona do Euro, a coalizão de partidos liderados pela chanceler Angela Merkel perdeu as eleições estaduais na Renânia do Norte-Vestfália, punida por uma população majoritariamente contrária ao socorro financeiro.
A União Européia vai garantir a Grécia e o euro. Mas adiará a recuperação da economia do continente.
Comento agora (PRA):
O título já começa errado: "sacrifício imposto à Grécia"???!!!
Paraíso dos especuladores???!!!
Esse jornalista só pode ser maluco.
Qualquer pessoa honesta deveria começar por reconhecer estes pecados gregos:
Dívida pública elevada;
Gasto público maior do que a receita pública;
Concessão pelo estado de privilégios de qualquer espécie;
Aposentadoria e pensões sem o respectivo cálculo atuarial individual;
Inchaço da máquina pública;
Maquiagem das contas públicas.
Depois disso, ele pode falar de especulação, que foi montada, alimentada, favorecida pelo governo grego...
Inacreditável como anda o jornalismo brasileiro
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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Um comentário:
Qual(is) país(es) do "primeiro mundo" o Sr. considera que possui(uem) um Estado eficiente que ofereçam serviços públicos aos cidadãos sem endividar-se mais que o aceitável?
Esta equação gastar menos que arrecada é utópica não?
att,
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