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terça-feira, 15 de junho de 2010
Nuestros hermanos, incorrigibles (con nuestra colaboracion...)
Bridges Weekly Trade News Digest
Vol. 14, No. 20 - 02 junho 2010
A relação comercial entre as duas principais economias da América do Sul tem apresentado focos de tensão recorrentes. Mais recentemente, o secretário de Comércio da Argentina ameaçou bloquear todas as importações de bens alimentícios oriundos do Brasil.
A presidenta argentina, Cristina Fernández de Kirchner, negou que a hipótese mencionada acima esteja sendo considerada e garantiu ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que “não há nenhum bloqueio à importação; tampouco haverá”. Apesar das declarações de Kirchner, empresários brasileiros alegam que, ao menos no nível informal, o bloqueio às importações já teve início.
“A informação que nós recebemos dos empresários brasileiros que comercializam com a Argentina é de que os pedidos dos empresários argentinos foram suspensos, apesar de não existir uma ordem expressa do governo nesse sentido”, afirmou Rubens Barboza, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
As preocupações com relação à possibilidade de um bloqueio comercial surgiram em 23 de abril, quando o secretário de Comércio argentino, Guillermo Moreno, publicou carta em que anunciava que revisaria as compras do exterior, como parte de sua avaliação da competitividade do mercado argentino. O bloqueio foi verbalmente anunciado por Moreno em 6 de maio, com início previsto para 1º de junho.
Cabe destacar que o bloqueio às importações violaria as regras do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul). O Brasil também é o principal parceiro comercial da Argentina, o que torna uma eventual disputa comercial entre esses dois sócios altamente prejudicial para a economia argentina, além de um fator de complicação das - já tensas - relações internas no âmbito do Mercosul.
A União Europeia (UE) criticou o bloqueio argentino, o qual também afetaria produtores europeus, além dos brasileiros. Juntos, Brasil e UE consomem 45% das exportações argentinas, volume que equivale a US$ 56 bilhões. Em comunicado recente, o bloco enfatizou que a aplicação de tal embargo violaria os compromissos assumidos pela Argentina no G-20 e na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Segundo o secretário brasileiro de Comércio, Welber Barral, se o Brasil encontrar evidências de que o bloqueio comercial está em vigor, o país pode depositar uma queixa junto à OMC. Posto que o Brasil exporta para o país vizinho aproximadamente US$ 500 milhões em alimentos - menos de 25% do que importa da Argentina -, não enfrentará dificuldades para retaliar qualquer medida protecionista adotada pelo sócio comercial, sustentou Barral.
Paralelamente, o Mercosul tem figurado recorrentemente entre os temas das campanhas presidenciais, haja vista a aproximação das eleições. A candidata Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (situação), sublinhou em diversas ocasiões a necessidade de fortalecimento do Mercosul. Já o candidato do Partido da Social-Democracia Brasileiro (PSDB), José Serra, alinhado ao posicionamento da Fiesp, tem expressado uma postura mais crítica com relação ao bloco sul-americano, considerando- o um obstáculo aos interesses brasileiros.
Na semana passada, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, desembarcaram em Buenos Aires para reunirem-se com suas contrapartes argentinas. Por meio do encontro, os ministros buscam uma forma de atenuar a tensão nas relações comerciais entre os países.
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