JOÃO LUIZ MAUAD *
Você acha que o governo tem o direito de espionar e monitorar seus próprios cidadãos, em nome da guerra contra o terror? É daqueles que, sendo um cidadão pacato e dentro da lei, não tem nada a esconder e, portanto, acha que não precisa se preocupar com o Big Brother vigiando a sua vida? Então, você deveria dar uma olhada nesta notícia, que saiu ontem no jornal inglês
The Guardian.
Segundo a matéria, uma simples pesquisa pela internet para a compra de panelas de pressão e mochilas colocou uma pacata família americana na mira da polícia anti-terror e levou a uma visita domiciliar de seis investigadores, exigindo informações sem cabimento sobre aspectos da vida privada daquela família.
Mas deixemos que a própria vítima nos dê a sua versão:
“O que aconteceu foi o seguinte: Por volta das 09h00, meu marido … estava sentado na sala de estar com nossos dois cães, quando ouviu barulho de carros parando lá fora. Ele olhou pela janela e viu que eram três SUVs pretas estacionadas na frente da nossa casa…
“Seis cavalheiros em roupas casuais saíram dos veículos e se espalharam, enquanto caminhavam em direção a casa. Dois foram para um lado da casa, dois para o outro lado e dois em direção à porta da frente.
“Um milhão de coisas passaram pela cabeça do meu marido. Nenhuma das quais era boa. Ele saiu e os homens o saudaram com emblemas cintilantes da polícia. Ele podia ver que todos tinham armas na cintura.
“Você é fulano de tal?” um deles perguntou, enquanto olhava para uma prancheta. Ele confirmou e foi perguntado se os visitantes poderiam entrar. “Claro, disse meu marido.”
“Em seguida, perguntaram se poderiam revistar a casa, mas fizeram apenas uma revista superficial. Eles caminharam ao redor da sala, estudaram os livros na prateleira (não, não havia nenhuma livro ensinando como fazer bombas ou qualquer receita de bolo anarquista), olharam para todas as nossas fotos, para o nosso quarto e nossos cães. Em seguida, perguntaram se poderiam ir ao quarto do meu filho, mas quando meu marido disse que ele estava dormindo, deixaram para lá.
“A partir dai, a polícia foi enchendo meu marido com perguntas. “De onde você é? De onde são os seus pais?” Eles perguntaram também sobre mim, onde eu estava, onde eu trabalho, onde meus pais moram. Por fim, perguntaram se tínhamos bombas escondidas.
“Você possui uma panela de pressão?” Meu marido disse que não, mas nós temos uma panela de arroz. “Você pode fazer uma bomba com isso?” Meu marido disse que não, “minha esposa a utiliza para cozinhar quinoa”. “Que diabos é quinoa”, eles perguntaram.
“Senti uma sensação de pavor… As pesquisas que fizemos, por si sós, pareciam bastante inocentes, mas juntas podem fazer alguém suspeito. .. Principalmente eu senti uma grande sensação de ansiedade. Este é o lugar onde estamos. Onde você não tem nenhuma expectativa de privacidade. Onde tentar aprender a cozinhar algumas lentilhas pode colocá-lo em uma lista de observação. Onde você tem de prestar atenção a cada coisa que você faz porque alguém está observando cada pequena coisa que você faz.
“Tudo o que sei é que, se eu for comprar uma panela de pressão em um futuro próximo, não vou fazer isso online. Eu estou com medo. E não das coisas certas.
* ADMINISTRADOR DE EMPRESAS
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