O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Rio Grande do Sul: um estado perto do descalabro fiscal (perto nao: ja' esta'...)

Eu não sou gaúcho, e portanto poderia dizer: vocês que são gaúchos que se entendam...
Brincadeira, claro. Sou casado (há muito tempo, e não pretendo descasar, mas casar novamente, por amor mesmo), com uma gaúcho, e portanto, nada do que é gaúcho me é indiferente, sobretudo economia e políticas públicas, que são meu prato intelectual favorito de estudos e debates.
Considero grave as informações abaixo do jornalista gaúcho Políbio Braga, cuja coluna diária acompanha, não tanto por gauchismo de osmose, mas por interesse mesmo (são tão poucos os jornalistas inteligentes neste país).
Sinto pena dos gaúchos, cidadão de um estado que já nos deu Oswaldo Aranha e tantos outros nomes de valor, que já teve a melhor educação do país (já não é mais o caso, graças aos companheiros), que já teve o melhor IDH (já não é mais o caso), que já espalhou civilização, cidadania e trabalho pelo resto do Brasil, exportando seus muitos filhos agricultores, churrasqueiros, trabalhadores, gaiteiros e "mateiros". Infelizmente, estão conseguindo destruir o estado.
Confio nos bons valores, como os do Foro da Liberdade, que se reune em poucos dias.
Auguro dias melhores, quando os bárbaros deixarem o governo...
Paulo Roberto de Almeida

Governo Tarso Genro promove assalto inédito ao caixa único do Estado. Ele confisca R$ 4,2 bilhões da conta dos depósitos judiciais.
Políbio Braga, 3/04/2013

O governo do sr. Tarso Genro finalmente abriu parte da caixa preto em que transformou seu caixa único, chamou a domesticada jornalista Rosane Oliveira, RBS, e mandou seu recado curto e grosso:

- Pegamos R$ 4,2 bilhões dos depósitos judiciais (depósitos de partes em ações tramitando nas instâncias de outro Poder, o Judiciário) e enfiamos no caixa único, onde gastaremos quando bem entendermos, onde bem entendermos e jamais devolveremos.

. Questionado pela jornalista sobre o ineditismo do assalto aos cofres públicos, o secretário Odir Tonnollier foi de uma franqueza apalermante:

- Ah, mas o Rigotto fez o mesmo e além disto a lei nos autoriza a fazer isto.

. Não pode dizer que Yeda Crusius ou Dom Pedro II fizeram o mesmo, porque estes foram governantes que não meteram a mão no dinheiro do caixa único, com ou sem a menor intenção de devolver.

. O atual governo já tinha sacado outros R$ 1,8 bilhão do caixa único.

. Trata-se de outro governo que não faz, que gasta mais do que ganha e que além disto não tem quadros para impor ordem à desordem administrativa e financeira que implantou.

. Desde o dia 3, as 2h22min, quando o editor queixou-se do fato de que o governo tinha ultrapassado o terceiro mês do ano sem revelar a movimentação patrimonial do Estado, foi possível perceber que algo era tramado nos porões do Palácio Piratini. Sem conhecer essa movimentação, seria impossível avaliar os valores do ativo, passivo, existência de recursos financeiros, dívidas de curto e longo prazo, restos a pagar e  dívidas do exercício. A lista é apenas exemplificativa.

. Sem conhecer a movimentação patrimonial, não há como saber os saques do caixa único.

. O governo alegava que estava "arrumando o plano de contas",  mas já se vê que isto era mentira.

- O governo do PT quebrou o Estado novamente, em menos de três anos, como fez Olívio Dutra, que saqueou totalmente o caixa único, endividou-se de maneira selvagem e só pagou o 13º salário do último ano do seu governo porque o governo FHC, seu adversário, alcançou-lhe o dinheiro na calada da noite, na undécima hora, depois de rocambolescas viagens aéreas na calada da noite, para recolhimento de assinaturas de contratos que resultaram na entrega de patrimônio do Estado. Tarso Genro caminha para o mesmo tipo de desastre.

Chegou a hora de impor ao RS uma Lei Estadual de Rsponsabilidade Fiscal

A oposição na Assembléia Legislativa do RS não tem mais desculpas para não propor a aprovação de uma Lei Estadual de Responsabilidade Fiscal duríssima, capaz de enquadrar governos perdulários e incompetentes como o atual governo do RS.

. A Lei Federal de Responsabilidade Fiscal deixou abertas as portas para manobras escusas do tipo do uso dos recursos do caixa único estadual. Esse tipo de dinheiro representa empréstimos disfarçados e não exigem aprovação da Assembléia.

. Os sucessivos assaltos aos cofres públicos gaúchos precisam acabar de uma vez por todas. Sem isto, nunca haverá equilíbrio das contas e jamais o governo disporá de recursos próprios - sustentados - para pagar bem, quitar as contas em dia e investir.

- Qualquer dona de casa sabe que não pode gastar mais do que consegue receber, mas o governo do RS nem isto sabe.

Edmar Bacha: esse menino vai longe (ja' foi...) - Entrevistas, impressa e televisiva

Meses atrás, postei a entrevista abaixo com um dos melhores e mais brilhantes economistas brasileiros das últimas cinco décadas. Eu pelo menos, conheço textos de Edmar Bacha desde o final dos anos 1960, quando ele começou na UnB e publicou a primeira sugestão (não testada, na época) de substituir a contribuição previdenciária obrigatória sobre a folha salarial (que encarece o preço da mão-de-obra e inibe o emprego de mais trabalhadores) por uma taxa sobre o valor agregado. É o que governo vem tentando fazer agora, setorialmente, o que certamente é uma burrice, pois cria dois regimes, numa área tão sensível. Não tenho certeza de que seja uma boa ideia, mas Bacha logo em seguida ficou famoso, com seu slogan sobre a Belíndia, que era o Brasil (continua sendo, a despeito de tudo).
Como ele acaba de dar uma nova entrevista, retomando os mesmos temas do protecionismo comercial e do fechamento do Brasil (e o governo vem se esforçando para fechá-lo mais ainda; ou seria fexá-lo, segundo a nova terminologia do MEC?), no programa do Jô Soares (que fala demais, em assuntos que não entende), coloco novamente a primeira entrevista, para benefício dos leitores (e para os que querem ler apenas, e não assistir ao programa televisivo).
 Paulo Roberto de Almeida

Entrevista no Jô Soares:
http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/t/entrevistas/v/edmar-bacha-lanca-livro-sobre-processo-de-desindustrializacao-do-pais/2493461/

Blog Diplomatizzando, terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Neoprotecionismo brasileiro atrasa o pais - Edmar Bacha

'Esse neoprotecionismo do governo está errado'
FERNANDO DANTAS / RIO
O Estado de S.Paulo, 02 de dezembro de 2012
Para o economista tucano Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, a política econômica prejudica o investimento e a produtividade, e é um das causas do baixo crescimento recente.

O economista Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, tem duras críticas à atual política econômica, que ele considera responsável pelo pífio crescimento do governo de Dilma Rousseff, que voltou ao foco com o mau resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. Bacha considera que o Brasil vive um "neoprotecionismo geiseliano" (do ex-presidente Ernesto Geisel), que está empurrando a economia no caminho contrário ao necessário, comprometendo a competição e o aumento da produtividade.
Parte dessas preocupações pode ser encontrada na introdução e nos diversos capítulos do recém-lançado livro Belíndia 2.0/Fábulas e Ensaios sobre o País dos Contrastes. A obra é um grande balanço da economia brasileira e do trabalho intelectual de Bacha desde os anos 70, com artigos clássicos (vários deles em forma de fábula), como o que dá nome ao livro, e tratava da distribuição de renda. Ao longo de Belíndia 2.0, questões brasileiras como inflação, crescimento, juros elevados, desigualdade, política social e desindustrialização são tratados em diversos artigos do economista, vários deles em coautoria com outros especialistas.
Sócio fundador e atual diretor do Instituto de Estudos em Política Econômica da Casa das Garças (Iepe/CdG), no Rio, ligado à PUC-Rio, Bacha é politicamente um tucano sem papas na língua para criticar o governo adversário do PT. Ele ocupou cargos importantes no governo, como a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O que o sr. achou do PIB do terceiro trimestre?
Impressionante, a queda do investimento foi uma coisa assustadora. Aliás, o problema do investimento é um dos temas mais importantes que eu trato no meu livro.
Quais são as conclusões?
Todo mundo fala da poupança baixa e do custo do capital, mas ninguém discute o preço inicial dos bens de capital, que é muito elevado no Brasil. O que eu e o Regis Bonelli (economista do Instituto de Política Econômica Aplicada) levantamos de maneira muito sistemática é que o preço dos bens de capital cresce extraordinariamente no Brasil ao longo do processo de industrialização. E hoje, apesar de ter parado de crescer a partir de 1994, com a abertura, ainda é elevadíssimo, do ponto de vista da nossa história passada e das comparações mundiais. Recente artigo de Vinicius Carrasco e de João Manuel Pinho de Mello (economistas da PUC-Rio) mostra que o vergalhão de aço no Brasil é duas vezes mais caro do que o padrão internacional.
Qual a explicação para isso?
Recentemente, eu e o Regis fizemos uma revisão desse artigo para o livro Desenvolvimento Econômico: Uma Perspectiva Brasileira, organizado pelo (economista) Fabio Giambiagi, que está para ser publicado. Nós exploramos econometricamente algumas razões. Uma delas é que, à medida que a gente substituiu máquina importada por máquina nacional, houve aumento do preço do bem de investimento. E nós estimamos esse fato, que é importante.
E por que isso acontece?
Acredito que parte do problema sejam os oligopólios, que estão por trás dos insumos que entram na construção, como no caso do aço. A construção é um componente muito importante do investimento. Como a produtividade dela cresce menos que o PIB, o preço relativo aumenta, para compensar. Eu presumo, embora não tenha evidência empírica, que a mesma coisa que acontece com o aço ocorra com o cimento, com as máquinas nacionais comparadas às importadas. E, finalmente, tem um estudo da (consultoria) McKinsey, do fim dos anos 90, sobre a produtividade no Brasil e uma das constatações foi sobre como a indústria de construção era atrasada naquela época, com produtividade extraordinariamente inferior ao padrão mundial.
Esse problema do investimento caro é comum em outros países?
Não, é uma anomalia brasileira. No mundo, o preço relativo do bem de investimento tende a ser constante. Só no Brasil é que ele sobe ao longo do tempo e não converge para a média. Ele subiu até 1994, e depois estabilizou lá em cima. Tudo o que a gente fez foi deter o processo, com a estabilização e a abertura. Mas não conseguimos reverter.
E por que não?
Porque somos uma economia fechada. Com todas as reclamações que você ouve dos industriais paulistas sobre importações no Brasil, o Brasil é a economia mais fechada do mundo.
Como o sr. vê a política atual do governo em relação a esse problema?
Escrevo na introdução do meu livro que estou preocupado com a natureza da política econômica, que não está voltada para resolver nossos problemas. Estamos revertendo para um sistema protecionista, cujo resultado é aumentar ainda mais o custo do investimento. Todo esse sistema de exigência de conteúdo nacional que se espalha por aí, pela indústria automobilística, do petróleo, nas ações do BNDES em geral - com isso, você está forçando os investidores a comprarem bens mais caros. Portanto, o financiamento que eles têm gera menos capital físico. E esse é um problema histórico que nós temos. Estávamos tendendo a resolver com a abertura comercial e com a estabilização. E agora tem esse processo de reversão ao protecionismo. Além do conteúdo nacional, tem o aumento das tarifas de bens importados.
Por que, na sua opinião, o governo tem essa estratégia?
É basicamente essa propensão a proteger o mercado interno. O ministro da Fazenda (Guido Mantega) e a presidente da República (Dilma Rousseff) dizem que 'face à crise lá fora, estão todos olhando o nosso mercado interno, e a gente tem de protegê-lo contra a guerra cambial, o tsunami monetário, o dumping chinês' - isso é um absurdo, porque o problema brasileiro é essa baixa produtividade. E não vamos conseguir alta produtividade enquanto tivermos a economia fechada, protegida, monopolizada e dependente do Estado. Temos de promover concorrência, temos de arejar esse sistema, temos de fazer com que a nossa indústria se integre às correntes internacionais de comércio, em vez de querer produzir tudo e qualquer coisa aqui dentro. Que é de novo essa mentalidade 'geiseliana'. Que foi o que gerou os nosso problemas. Ao fazer isso, você vai tornando a economia cada vez menos produtiva.
Mas o Brasil cresceu bem até o final do governo Lula.
Nós tínhamos as commodities subindo de preço, e podíamos absorver mão de obra desempregada ou na informalidade, durante esse período de 2005 a 2011. Mas agora acabou a história. Os estudos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estão mostrando: a queda do desemprego chegou ao limite, a queda da informalidade também chegou ao limite, e agora nós precisamos de produtividade. Não dá mais para incorporar mão de obra. E de onde vamos tirar essa produtividade? Precisamos investir mais. Sim, mas precisamos investir nas coisas certas, fazer o investimento mais barato, e não o mais caro.
Bem, o investimento estrangeiro no Brasil ainda está em níveis muito altos.
Claro, você protege o mercado, não deixa importação entrar, o mercado é razoável. Eles vêm e compram a Amil. 'Vamos explorar esse pessoal aqui.' Então, é um investimento para explorar o mercado interno protegido. Isso é coisa boa? Não, para mim é uma coisa ruim. Porque a última coisa que esses investidores externos querem do governo brasileiro é que a economia se abra para a importações. Me lembro quando estava no banco BBA, eu ia conversar com os investidores e eles perguntavam 'Você acha que vai voltar a abertura?' Não se investe no Brasil, como se investe hoje no México, por exemplo, ou no Chile, ou no Peru, ou na Colômbia, para integrar a indústria local às correntes de comércio internacional. Nós investimos para evitar a integração. Isso é um absurdo. Se na concessão de infraestrutura à iniciativa privada estamos marchando, ainda que a fórceps, na direção certa, no problema de incentivar o investimento produtivo do setor privado, de demanda final, estamos caminhando na direção contrária à necessária. É um política econômica equivocada.
Como o sr. vê a situação de juros, câmbio e inflação?
O juro real está caindo, pode ser que dê certo. Mas você quer que os juros caiam, e a inflação também caia. Os juros caíram, mas a inflação está lá, ameaçando o topo da meta. O que permite ao Brasil fazer esse experimento, de trazer os juros até o nível bastante baixo de hoje, é a crise internacional. Quanto ao câmbio, eu prefiro que ele seja flutuante. Aliás, o governo está muito frustrado, porque ele fez duas coisas: manteve o câmbio artificialmente desvalorizado, com controle de capital, comprando mais reservas, e abaixou os juros mais ou menos na marra. Do ponto de vista de alguns economistas, dos economistas que estão no governo, isso deveria ter resolvido o problema, porque o problema do Brasil era juro e câmbio. E, de repente, apesar dessa combinação, o Brasil começa a ter 'pibinhos' atrás de 'pibinhos'. E não é um problema que vem lá de fora, porque os nossos vizinhos latino-americanos não estão tendo 'pibinhos'. Estão tendo PIBs muito bons.

Educacao: desempenho americano em ascensao - Tom Friedman (NYT)

My Little (Global) School

Thomas Friedman

OP-ED COLUMNIST

The New York Times, April 2, 2013 

There was a time when middle-class parents in America could be — and were — content to know that their kids’ public schools were better than those in the next neighborhood over. As the world has shrunk, though, the next neighborhood over is now Shanghai or Helsinki. So, last August, I wrote a column quoting Andreas Schleicher — who runs the global exam that compares how 15-year-olds in public schools around the world do in applied reading, math and science skills — as saying imagine, in a few years, that you could sign on to a Web site and see how your school compares with a similar school anywhere in the world. And then you could take this information to your superintendent and ask: “Why are we not doing as well as schools in China or Finland?”
Josh Haner/The New York Times
Thomas L. Friedman
Well, that day has come, thanks to a successful pilot project involving 105 U.S. schools recently completed by Schleicher’s team at the Organization for Economic Cooperation and Development, which coordinates the Program for International Student Assessment, or PISA test, and Jon Schnur’s team at America Achieves, which partnered with the O.E.C.D. Starting this fall, any high school in America will be able to benchmark itself against the world’s best schools, using a new tool that schools can register for atwww.americaachieves.org. It is comparable to PISA and measures how well students can apply their mastery of reading, math and science to real world problems.
The pilot study was described in an America Achieves report entitled “Middle Class or Middle of the Pack?” that is being released Wednesday. The report compares U.S. middle-class students to their global peers of similar socioeconomic status on the 2009 PISA exams.
The bad news is that U.S. middle-class students are badly lagging their peers globally. “Many assume that poverty in America is pulling down the overall U.S. scores,” the report said, “but when you divide each nation into socioeconomic quarters, you can see that even America’s middle-class students are falling behind not only students of comparable advantage, but also more disadvantaged students in several other countries.”
American students in the second quarter of socioeconomic advantage — mostly higher middle class — were significantly outperformed by 24 countries in math and by 15 countries in science, the study found. In the third quarter of socioeconomic advantage — mostly lower middle class — U.S. students were significantly outperformed by peers in 31 countries or regions in math and 25 in science.
The good news, though, said Schnur, “is that, for the first time, we have documented that there are individual U.S. schools that are literally outperforming every country in the world.”
“BASIS Tucson North, a nonselective high school serving an economically modest middle-class student population in Arizona, outperformed the average of every country in the world in reading, math, and science,” the report said. “Three nonselective high schools in Fairfax, Va., outperformed the average of virtually every country in the world.” One of them, Woodson, outperformed every region in the world in reading, except Shanghai. But the pilot also exposed some self-deception. “One school, serving students similar to Woodson’s, lags behind 29 countries in math but received an A on its state’s accountability system based primarily on that state’s own test,” Schnur said.
Paul Bambrick-Santoyo is managing director of North Star Academies in Newark, an Uncommon Schools network of nine low-income charter schools that took part and cracked the world’s Top 10. “We have always had state tests and SATs,” he told me, “but we never had an international metric. This was a golden opportunity to see where we stand — if we have to prepare our kids to succeed not only in this country but in a global marketplace.” He said he was particularly motivated by the fact that Shanghai’s low-income kids “could outperform” most U.S. schools, because this gave his school a real international peer for a benchmark.
“We got 157 pages of feedback” from participating in the pilot, added Jack Dale, the superintendent of Fairfax County’s schools, which is so valuable because the PISA test exposes whether your high school students can apply their math, science and reading skills to 21st-century problems. “One of my principals said to me: ‘This is not your Virginia Standards of Learning Test.’ ”
So what’s the secret of the best-performing schools? It’s that there is no secret. The best schools, the study found, have strong fundamentals and cultures that believe anything is possible with any student: They “work hard to choose strong teachers with good content knowledge and dedication to continuous improvement.” They are “data-driven and transparent, not only around learning outcomes, but also around soft skills like completing work on time, resilience, perseverance — and punctuality.” And they promote “the active engagement of our parents and families.”
“If you look at all the data,” concluded Schnur, it’s clear that educational performance in the U.S. has not gone down. We’ve actually gotten a little better. The challenge is that changes in the world economy keep raising the bar for what our kids need to do to succeed. Our modest improvements are not keeping pace with this rising bar. Those who say we have failed are wrong. Those who say we are doing fine are wrong.” The truth is, America has world-beating K-12 schools. We just don’t have nearly enough.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O grande desmanche do saldo comercial, a unica taboa de salvacao do governo...

Informações objetivas, de 2/04/2013 (pós dia da mentira, portanto), graças a meu amigo Luiz Gonzaga Coelho Jr.

O Estado de S. Paulo - Balança tem pior março em 12 anos e alarma governo
 A balança comercial teve saldo positivo de US$ 164 milhões em março, pior resultado desde 2001 para o mês. No trimestre, há um déficit de US$ 5,15 bilhões, também o pior em 12 anos. Os resultados acenderam a luz amarela no governo, e técnicos do Ministério da Fazenda veem risco de superávit inferior a US$ 10 bilhões neste ano. 

Balança comercial tem pior resultado em 12 anos e preocupa o governo. Brasil tem déficit de US$ 5,1 bi no primeiro trimestre e técnicos da Fazenda já veem risco de saldo ticar abaixo de US$ 10 bi este ano.  
Adriana Fernandes e Renata Veríssimo, de Brasília e Fernando Dantas, do Rio
A balança comercial fechou março com saldo positivo de US$ 164 milhões, pior resultado para o mês desde 2001. As exportações foram de US$ 19,323 bilhões, e as importações de US$ 19,159 bilhões. No trimestre, há um déficit de US$ 5,150 bilhões, o o primeiro resultado negativo desde 2001. Esses resultados acenderam a luz amarela no governo, e técnicos do Ministério da Fazenda já veem risco de superávit comercial inferior a US$10 bilhões este ano. No primeiro trimestre, as exportações brasileiras, que acumularam US$ 50,839 bilhões, apresentam retração de 3,1% em relação a igual período de 2012. 
As causas apontadas para a queda do superávit comercial são a crise internacional (que reduz a demanda por exportações), a baixa competitividade dos produtos manufaturados brasileiros e o câmbio um pouco mais valorizado do que 110 fim do ano passado. A área técnica do governo está decepcionada pelo fato de que o câmbio mais desvalorizado no ano passado e o juro mais baixo não tenham impulsionado mais as exportações. A constatação agora é de que pouco pode ser feito para garantir uma melhora da balança comercial, principalmente porque o cenário externo está marcado por muitas incertezas e a economia global segue com crescimento baixo. Por outro lado, as medidas de aumento da produtividade devem demorar a surtir efeito. 
A piora da balança comercial faz parte de um quadro mais amplo de deterioração das contas externas, o que representa mais um problema para a equipe econômica, já às voltas com a inflação e o baixo crescimento. O déficit em conta corrente, que, além da balança comercial, inclui serviços, juros, dividendos e remessas, saiu de 2,12% do PIB em 2011 para 2,79% nos 12 meses até fevereiro de 2013. Para um ex-diretor do Banco Central (BC), "o déficit em conta corrente está abrindo e vai abrir ainda mais - se a economia ganhar fôlego, ele vai para 3,5%, 4% do PIB". Revisão. O BC reviu de US$ 17 bilhões para US$ 15 bilhões o superávit da balança comercial este ano. Já a previsão dos analistas financeiros, coletadas pela pesquisa Focus do BC, aponta um superávit de US$ 13 bilhões. 
A previsão deve cair mais. "Já era para a balança ter melhorado em fevereiro e março", alerta o ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Welber Barral. Ele prevê saldo comercial de apenas US$ 4 bilhões em 2013. Barral acha que os preços das commodities exportadas pelo Brasil devem melhorar em abril, mas a perspectiva para os manufaturados está cada vez pior. A balança comercial de petróleo, diz, terá déficit muito alto nos próximos anos. "No médio prazo, há o risco de o Brasil ter um déficit estrutural." Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o problema está na oferta. "Como passamos anos sem lidar com isso, o problema ficou sistêmico. Não tem bala de prata, solução rápida, porque melhorar a competitividade é trabalho para cinco anos", destaca, citando a alta dos custos trabalhistas e as filas nos portos. Mendonça de Barros nota que a pressão inflacionária impôs um limite para o governo usar a taxa de câmbio para ajudar as exportações. "Teria quer ser uma taxa de R$ 2,20 e R$ 2,25, mas aí a inflação fica impossível", diz. 
Investimento. Segundo o economista Samuel Pessoa, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, no Rio, "há uma piora inequívoca das transações correntes". Um problema adicional é que a qualidade do financiamento do déficit também piorou no primeiro bimestre de 2013, com menor proporção sendo bancada pelo investimento direto externo (IED), em produção. Em janeiro e fevereiro deste ano, o déficit atingiu US$ 18 bilhões, e o investimento, de US$ 7,5 bilhões, só financiou 42% do saldo negativo da conta corrente. O resto foi coberto com investimentos em carteira (aquisição de ações e títulos de renda fixa brasileiros) e "outros investimentos", uma rubrica variada, na qual entram linhas ligadas ao comércio internacional. Em comparação, nos dois primeiros meses de 2012, o déficit em conta corrente de US$ 8,8 bilhões foi coberto pelos investimentos de US$ 9,1 bilhões. Pessôa diz que o aumento do I déficit em conta corrente tem a ver com o aquecimento do consumo no Brasil, que reduz a poupança doméstica para financiar investimentos. Assim, parte do investimento acaba sendo financiado com poupança externa. "O mais preocupante é que o déficit esteja aumentando e o investimento caindo - isto significa que a poupança (doméstica) está caindo mais que o investimento", diz. 
Para Pessôa, o aumento do déficit externo para financiar um consumo crescente, com queda do investimento, "é uma combinação ruim". Os analistas em geral, incluindo Pessoa, não veem uma situação de alarme em relação às contas externas do Brasil, que tem reservas internacionais de US$ 376,4 bilhões. Ainda assim, a piora na posição externa do Brasil é vista como um problema de médio e longo prazo. Uma preocupação é com a possível mudança do cenário internacional de juros extremamente baixos (negativos em termos reais nos mundo rico e outros países) e liquidez abundante para os países emergentes. "Caminhamos para um momento em que vai ocorrer um início de normalização da política monetária americana, o que vai afetar os fluxos como aconteceu em 1994, mas não da mesma maneira" diz Tony Volpon, diretor de pesquisas para a América Latina da Nomura./Colaboraram Célia Froufe e Laís Alegretti

Valor Econômico – Saldo de 2013 pode ser inferior a US$ 10 bilhões. 
 Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo.  
O mau resultado da balança comercial no primeiro trimestre (déficit de US$ 5,1 bilhões) e o comportamento dos preços de algumas commodities provocaram redução nas projeções do mercado para o superávit de 2013. Gradualmente, bancos e consultorias econômicas estão reajustando os números, em movimento que se refletiu no boletim Focus, do Banco Central. Cinco semanas atrás, o consenso de mercado registrava um saldo positivo de US$ 15,2 bilhões. No boletim divulgado ontem, a média das estimativas apontou superávit de US$ 12,4 bilhões em 2013. Entre os economistas, contudo, já há previsões de saldo entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões, o que representa resultado cerca de 60% inferior ao do ano passado. 
A piora do resultado projetado decorre tanto de uma exportação mais fraca de manufaturados (especialmente em função de mercados tradicionais, como o argentino) como do aumento do consumo e do preço de bens importados, além do efeito estatístico do registro atrasado nas compras da Petrobras. A safra agrícola, embora recorde, não será suficiente para compensar os demais efeitos negativos sobre o comércio exterior, dizem os analistas. A consultoria MB Associados começou o ano prevendo um superávit de US$ 15 bilhões. Em função dos números em janeiro e fevereiro, a projeção para o saldo diminuiu pela metade: US$ 7,4 bilhões. Dois fatores principais explicam a redução, diz o economista Sérgio Vale: primeiro, a conjuntura para este ano, com uma piora no cenário externo, em especial na Europa, e uma deterioração das vendas de manufaturados para a Argentina. Além disso, o atraso na contabilização nas importações de combustíveis realizadas no fim do ano passado também teve influência no novo cálculo. Vale também chama a atenção para a progressiva piora no saldo comercial brasileiro nos últimos anos, consequência da desaceleração chinesa e seu apetite por commodities e a "piora significativa da competitividade do Brasil, ao mesmo tempo que o mundo está se tornando muito mais competitivo." O atraso na contabilização dos combustíveis e a perspectiva de um resultado pior no comércio com a Argentina também fez a Tendências Consultoria reajustar a previsão do saldo comercial, que passou de US$ 15 bilhões para US$ 12,5 bilhões. A GO Associados, consultoria comandada pelo ex-presidente da Sabesp Gesner Oliveira, tem uma das previsões mais baixas para o saldo comercial deste ano. No início de 2013, o cenário era de superávit de US$ 9,5 bilhões. Agora, a projeção para o saldo positivo desacelerou para US$ 8 bilhões. De acordo com Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da consultoria, não houve um fator específico que levou à redução. 
"Quando você junta alterações de preços, com perspectivas de volumes embarcados e desembarcados, o modelo aponta para esse saldo", afirma. O saldo bem menor do que o do ano passado, quando o superávit verificado foi de US$ 19,4 bilhões, deve acontecer principalmente em função "da quase total dependência do desempenho externo comercial do agronegócio", diz Silveira. A balança de bens intermediários também ajudou na revisão do superávit. Em 2011, esses produtos proporcionaram um saldo positivo de US$ 21 bilhões. Ano passado, o superávit desse grupo caiu para US$ 6,9 bilhões, e neste ano a balança de intermediários deve ficar em torno de zero, prevê o economista da GO. 
Na análise da distribuição por setores, o agronegócio deve contribuir com um superávit de cerca de US$ 70 bilhões em 2013, enquanto os bens de consumo devem ter déficit de cerca de US$ 5 bilhões, e os bens de capital têm projeção de um saldo negativo de US$ 47 bilhões. "Isso sugere que é o agronegócio que está trazendo dólares ao Brasil, enquanto bens duráveis e não duráveis, petróleo e derivados e bens de capital levam essas divisas para fora", diz Silveira. 
A Quest Investimentos também projeta superávit de US$ 8 bilhões. O valor é o mesmo desde o início do ano, quando a consultoria previa cenário mais pessimista para o comércio exterior. Para o economista Fabio Ramos, os dois primeiros meses do ano são tradicionalmente deficitários, mas este ano o resultado foi agravado pela contabilização atrasada das importações de petróleo e derivados. "Esse é um dos diferenciais. Mas nós também estamos observando uma tendência de conjuntura que vai definir o superávit menor: preços mais baratos das commodities e industrializados mais caros, afetando as importações", afirma Ramos. O Banco Fator, que estimava superávit de US$ 17 bilhões, está em processo de revisão dos números. A instituição deve baixar a projeção para o saldo até o fim da semana.

O bebado e o desequilibrista - Celso Ming e Editorial do Estadao

Tomo licença no título de bonita canção de João Bosco e Aldir Blanc, cantada eternamente por Ellis Regina, para simplesmente introduzir esses patéticos puxadinhos industriais do governo: os companheiros se tomaram de amores (desde os tempos de suposto sindicalismo alternativo) pelos patrões da indústria dita automobilística (responsável, segundo o desequilibrista, por 25% do PIB).
O bêbado, evidentemente, é o governo, que não sabe o que fazer, e atira em todas as direções para ver se acerta alguma: acerta, claro, um tiro em 1,800, que vão furar todo o cenário, e deixar muita gente estropiada.
Enfim, é o estilo atual...
Paulo Roberto de Almeida

O IPI dos carros

02 de abril de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo
O adiamento, pelo menos até 31 de dezembro, da recomposição do IPI dos automóveis, que deveria vigorar desde ontem, mostra que o governo continua sem saber o que fazer diante da disseminação da alta dos preços e da reação muito lenta do setor produtivo aos estímulos que cria. É como se, por não conseguir enxergar muito além de seu nariz, o governo buscasse avidamente resultados de curto prazo - que nem sempre surgem.
Ao agir desse modo, ignora a análise da inflação feita pelo Banco Central (BC), um de seus órgãos que ainda tentam conservar lucidez na avaliação da conjuntura. Em seu mais recente Relatório da Inflação, o BC mostrou que a resistência da inflação se deve, entre outros fatores, à alta dos serviços e à dispersão dos aumentos para boa parte dos preços ao consumidor, sinais claros de que a demanda - estimulada pelo baixo nível de desemprego, pelo aumento da renda média da população e pela oferta ainda abundante de crédito - é o principal fator inflacionário. Parece estranho que, nesse quadro, o governo continue a estimular a demanda, com medidas como o adiamento da recomposição do IPI dos carros.
A redução da tributação sobre os automóveis é mais uma das medidas anunciadas pelo governo Dilma como temporárias que vão sendo perenizadas. Ela foi anunciada em maio de 2012, com vigência prevista de três meses, para sustentar as vendas num período de clara redução da atividade econômica. A persistência da estagnação da economia levou o governo a prorrogar a medida por mais um trimestre. Em outubro, foi anunciada nova prorrogação, mas com um cronograma de recomposição gradual da alíquota do IPI dos autos até os níveis vigentes antes da primeira redução.
A primeira parte dessa recomposição foi feita de acordo com o anunciado. Em janeiro, a alíquota passou da faixa de 0% a 6% para 2% a 8%. No início deste mês, passaria de 3,5% a 10%, mas esse aumento foi adiado. A alíquota mais baixa, de 2%, aplica-se a veículos flex e a gasolina com motor de 1.000 cm³ (a alíquota original para veículos com motores com essa capacidade é de 7%).
A justificativa do governo, já conhecida, é de que é importante manter a atividade da indústria automobilística, pois, como lembrou o ministro Guido Mantega, ela representa cerca de 25% da produção industrial.
Na mesma época em que anunciou a recomposição gradual do IPI dos autos, agora adiada, o governo anunciou providência semelhante também para outros produtos, como eletrodomésticos da linha branca, móveis, laminados e outros. Não se sabe, ainda, se também para esses produtos a recomposição da tributação será adiada.
Continua sem justificativa plausível o fato de, no governo do PT, desde o primeiro mandato de Lula, a indústria automobilística ter sido beneficiada com generosidades fiscais.
Serão pouco notáveis os efeitos dessa medida sobre a inflação de todo o ano. Mas haverá impacto na área fiscal. Estima-se que o adiamento da alta do IPI implicará perda de receitas de R$ 2,2 bilhões de abril a dezembro. Menos receita implica maiores dificuldades para a execução da política fiscal, já afetada pelo baixo desempenho da economia.
O adiamento de uma medida que fora discutida com todos os interessados há poucos meses é mais uma indicação de que o governo continua zonzo na procura de caminhos para estimular a atividade econômica. A recuperação econômica imediata tornou-se vital para o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Embora ela continue a desfrutar de grande prestígio popular, a repetição, em 2013, dos maus desempenhos do PIB em 2011 e 2012 reduziria muito suas possibilidades eleitorais em 2014. Daí o esforço de seus auxiliares para anunciar medidas para "estimular a economia".
Ao adotar medidas erráticas, ou refazer o que havia anunciado, sem apontar um caminho seguro para o crescimento, que efetivamente estimule o setor privado a investir, o governo alimenta dúvidas sobre sua política e retarda o início do processo de recuperação.
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Celso Ming
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Mais casuísmo

02 de abril de 2013 | 2h 04
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
 
O governo Dilma acaba de prolongar até o final de dezembro a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e caminhões.
Essas prorrogações casuísticas vão se perpetuando sem que ninguém no governo consiga justificá-las. A nota oficial do Ministério da Fazenda avisa que o objetivo é "estimular o setor automotivo, um dos principais motores da economia".
No entanto, se o setor já esperava crescer mais de 3% em unidades físicas, por que precisa desse empurrão? Além disso, se esses incentivos são sistematicamente prorrogados é porque não passam de expedientes de curto alcance, que não garantem nunca estímulo que assegure futuro sustentável ao setor.
A decisão implica renunciar à arrecadação de R$ 2,2 bilhões em relação à que estava nas contas do governo. Não é uma ajuda que contribuirá para a cura de um setor incapaz de competir, que produz caro demais e que só consegue vender 4 milhões de veículos por ano por contar com reservas de mercado.
O argumento de sempre é o de que a indústria automobilística tem de ser protegida porque, no mundo inteiro, recebe tratamento especial. Assim é nos Estados Unidos, onde a GM, a Ford e a Chrysler estão sempre obtendo favores do Tesouro. E é na França, na Itália, na China, na Coreia do Sul...
Nada de errado na proteção. O equívoco está em definir essa proteção sem uma política consistente, sem um objetivo estratégico que a sustente. A indústria de veículos no mundo opera dentro de um sistema global de suprimentos, apoiada por tratados comerciais que abrem mercado externo. E não é o que acontece no Brasil, onde vigora uma esquisitice chamada conteúdo local, que tem de prever, também, proteção a ainda mais atrasada indústria argentina de autopeças e que refuga tratados comerciais consistentes.
Não está claro nem mesmo o objetivo de curto prazo do governo federal com essa decisão. Não deve ser a preservação do emprego, como a Anfavea, a associação que defende os interesses do setor, chegou a argumentar. Só no Estado de São Paulo, a indústria de veículos mantém registrados 132 mil trabalhadores e espera bater o recorde histórico de 1980, quando eram 133,6 mil. Não há perspectiva de encolhimento do emprego no setor automotivo. De mais a mais, é o Banco Central que adverte para a situação atual de pleno emprego, e para o aquecimento excessivo do mercado de trabalho.
Esta também não pode ser mais uma manobra destinada a conter a alta do custo de vida. Os veículos não fazem parte da cesta básica e não será a redução de dois pontinhos de IPI que vai levar o setor a praticar preços mais baixos.
Caso seja para empurrar a indústria, então cabe perguntar por que repetir a escolha arbitrária de um favorecido quando todo o sistema produtivo enfrenta os mesmos problemas.
Ao contrário do que alardeia o governo, decisões assim criam insegurança porque complicam o planejamento. A qualquer momento favores assim podem acontecer ou deixar de acontecer.

Assedio moral de diplomata: o inquerito que deu chabu? (FSP)

02/04/2013 | 00:00
Itamaraty prepara ‘pizza’ para livrar embaixador
Instaurado há quase dois meses, caminha para a gaveta sindicância no Itamaraty para apurar acusação de assédio moral do cônsul-geral em Sidney (Austrália), embaixador Américo Fontenelle, e seu adjunto Cezar Cidade, a funcionários. Psicanalista, o embaixador Roberto Abdalla já ouviu todos os envolvidos - até brasileiros que procuram o consulado. Fontenelle passa férias em Brasília, onde corre o processo.

02/04/2013 | 00:00
Corrente
Em abaixo-assinado, os funcionários “imploram” ao Itamaraty o fim da investigação. É a segunda denúncia de assédio contra Fontenelle.

02/04/2013 | 00:00
Filme velho
Deu em pizza a grave denúncia de funcionário em Toronto, Canadá, em 2007. Fontenelle se gaba da amizade com ex-ministro José Dirceu.
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Pode ser preventivo, justamente. Aguardar para ver.
Mas se demorar muito não é justiça, como dizem...
Paulo Roberto de Almeida

Os perdedores contam a historia (mas seriam perdedores?) - Olavo de Carvalho

A História invertida
Olavo de Carvalho

Diário do Comércio
 
         O confronto entre militares e terroristas na América Latina dos anos 60-70 foi um episódio da Guerra Fria, onde os atores locais, sem prejuízo de suas convicções e decisões próprias, ecoavam, em última instância, as estratégias respectivas das duas grandes potências em disputa: os EUA e a URSS.
         Nada do que então se passou no continente pode ser compreendido sem ter isso em conta.
         Se perguntarmos qual dos dois protagonistas estrangeiros interferiu mais profundamente no cenário latino-americano, a única resposta honesta é: a URSS.
         Do ponto de vista militar, isso é de uma obviedade gritante. Os EUA jamais chegaram a ter, na época, quarenta mil soldados, quinze mil técnicos em armamentos, setecentas baterias anti-aéreas, 350 tanques e cento e tantos mísseis balísticos intercontinentais instalados em nenhum dos seus países aliados na América Latina, como a URSS teve em Cuba já a partir de 1962 na chamada “Operação Anadyr”. (v. Gus Russo and Stephen Molton, Brothers in Arms. The Kennedys, the Castros and the Politics of Murder, New York, Bloomsbury, 2008, p. 158, e http://www.russianspaceweb.com/cuban_missile_crisis.html).
         No que diz respeito à espionagem propriamente dita, a superioridade soviética surge ainda mais nítida no caso do Brasil em especial. Nada do que a CIA ou qualquer outro serviço secreto norte-americano possa ter feito aqui se compara às proezas da KGB, que chegou a instalar um grampo no gabinete do presidente João Figueiredo (v. George Schpatoff, KGB. História Secreta, Curitiba, Juruá, 2000, pp. 381 ss.), interceptar 21 mil mensagens sigilosas do nosso Ministério das Relações Exteriores e ter a seu serviço, como agente pago, nada menos que um embaixador brasileiro em Moscou (v. Christopher Andrew and Vasili Mitrokhin, The World Was Going Our Way. The KGB and the Battle for the Third World, New York, Basic Books, 2005, p. 105).
         Se daí passamos ao campo das chamadas “medidas ativas” (desinformação, infiltração, guerra psicológica, agentes de influência etc.), a supremacia soviética no Brasil daqueles anos assume as proporções de um poder absoluto e incontrastável. Em 1964, a KGB tinha várias dezenas de jornalistas brasileiros na sua folha de pagamentos (confissão do próprio chefe da agência soviética no Brasil, Stanislav Bittman, em The KGB and Soviet Disinformation: An  Insider’s View). Que o número deles se multiplicou nos anos seguintes não é algo de que se possa duvidar. Muitos jornalistas brasileiros, naquele período, fizeram estágios na URSS, na China, na Tchecoslováquia, na Alemanha Oriental, na Polônia e em Cuba. Uns poucos gabam-se disso até hoje, seguros de que o público amestrado já não verá aí o menor motivo de suspeita. Mas naqueles países, onde todos os órgãos de mídia nada mais eram do que extensões da polícia secreta, é quase impensável que algum jornalista estrangeiro fosse admitido sem ser em seguida recrutado como agente de influência. Como assinalam John Earl Haynes, Harvey Klehr e Alexander Vasiliev em Spies: The Rise and Fall of the KGB in America (Yale University Press, 2009), os soviéticos foram sempre os campeões absolutos no recrutamento de jornalistas. Nos EUA, hoje conhecem-se um por um os nomes daqueles que, na mídia americana, serviram à KGB e ao GRU (serviço secreto militar). No Brasil, esse capítulo da história do nosso jornalismo é ainda um tabu, mas é evidente que sem ele nada se compreende do período, principalmente porque em plena ditadura militar os comunistas chegaram a controlar praticamente toda a grande mídia no país (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/111124dc.html, http://www.olavodecarvalho.org/semana/111125dc.html e http://www.olavodecarvalho.org/semana/111130dc.html) e a dominar também o mercado livreiro através das suas grandes casas editoras (Civilização Brasileira, Brasiliense, Vitória etc.). Nem falo, é claro, dos agentes de influência  que vindo do bloco soviético se espalharam pelos EUA e pelas democracias européias, forjando aí a imagem demoníaca do governo brasileiro que acabou por se consagrar como dogma internacional inabalável. 
         O conjunto forma uma orquestra formidável, ao lado da qual a voz do imperialismo ianque mal soava como o miado de um gatinho doente. Ao longo de toda aquela época, e depois mais ainda, tanto os EUA quanto o governo brasileiro se abstiveram de fazer qualquer esforço sério para ganhar os “corações e mentes” dos formadores de opinião neste país. Em plena ditadura, os jornalistas “de direita” nas redações contavam-se nos dedos das mãos e eram abertamente hostilizados por seus colegas.
         Por fim, até hoje não se fez uma avaliação razoável da quantidade de recursos mobilizados pelas ditaduras de Cuba, da China, da URSS e seus países satélites para treinar, equipar e financiar não só os terroristas brasileiros mas os militantes encarregados de lhes dar apoio político sem participar dos combates. Foi uma operação de proporções gigantescas, que na imagem pública hoje em dia só aparece sob a forma de menções esporádicas a “exilados”, como se os comunistas só fossem para aqueles países quando obrigados a isso pelo governo militar.
         Em comparação com a profundidade e amplitude da intervenção cubano-soviética no continente, e especialmente no Brasil, a ação dos EUA naqueles anos caracterizou-se pela raridade, timidez e omissão, limitando-se no mais das vezes a acordos entre governos. Se a imagem que se consagrou na mídia e no ensino foi exatamente a inversa, isso é mais uma prova do sucesso de uma operação que prossegue ainda hoje, tendo a seu serviço tanto os megafones quanto as mordaças.

Olavo De Carvalho
oakwoodwolf3@aol.com

Um (quase) Tratado sobre (parte do) Comercio de (poucas) Armas - ONU (foi o jeito...)

Final United Nations Conference on the Arms Trade Treaty
New York, 18-28 March 2013


Draft decision
Submitted by the President of the Final Conference
The Final United Nations Conference on the Arms Trade Treaty,
Adopts the text of the Arms Trade Treaty which is annexed to the present decision.


Annex The Arms Trade Treaty


http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=44539&Cr=arms+trade&Cr1=#

http://www.un.org/disarmament/ATT/docs/Draft_ATT_text_27_Mar_2013-E.pdf

Nova colecao da Saraiva: Temas Essenciais em R.I. - livro Paulo Roberto de Almeida sobre Integração Regional

Transcrevo anúncio recebido hoje:

COLEÇÃO TEMAS ESSENCIAIS EM R.I.
Editora Saraiva lança coleção focando o ensino das Relações Internacionais

A proposta da Coleção Temas Essenciais em R.I., publicada pela Editora Saraiva, é a publicação de livros com foco no ensino de Relações Internacionais (R.I.), que englobem todas as disciplinas relevantes para a formação básica na graduação da área de R.I. Elas, por sua vez, também poderão ser aplicadas em outras áreas, como Ciências Sociais, História, Economia, Direito e Geografia. Escrita em linguagem direta e acessível, essa coleção é desenvolvida por professores vinculados ao Curso de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), o mais tradicional programa de formação na área.
A coleção está inicialmente dividida em três volumes. O primeiro, Introdução ao Estudo das Relações Internacionais, apresenta os alicerces teóricos, conceituais, metodológicos e contextuais que sustentam a ciência das Relações Internacionais de forma clara e bastante didática. Ele expõe algumas das complexidades de seus aspectos identitários, destacando as origens do pensamento teórico e as ideias fundamentais às principais instituições, como guerra e diplomacia, que caracterizam a vida internacional.
O segundo volume, Teoria das Relações Internacionais, mostra com detalhes as principais perspectivas teóricas (tradicionais e contemporâneas) das R.I. em linguagem descomplicada. Inicia-se com a formação da disciplina, no início do século passado, e passa pelas teorias mais tradicionais desenvolvidas durante o período da Guerra Fria para, enfim, alcançar as perspectivas mais críticas e inovadoras, as quais se consolidaram, principalmente, com o fim da Bipolaridade, marco histórico que contribuiu para o processo de expansão teórica do campo.
O terceiro trabalho, Integração Regional, trata da formação dos blocos comerciais. De forma sintética e objetiva, o livro consolida um itinerário bastante longo de estudos, pesquisas dirigidas, atividades práticas e escritos publicados sobre o assunto, em suas diferentes variantes institucionais e em suas múltiplas manifestações geográficas e políticas.
Sobre os coordenadores:
Antônio Carlos Lessa é pós-doutor pela Université de Strasbourg, doutor e mestre em História pela Universidade de Brasília (UnB) e graduado em Relações Internacionais pela mesma instituição.
Henrique A. de Oliveira é doutor e mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) e graduado em Ciências Sociais pela mesma instituição.

Sobre os autores de Introdução ao Estudo das Relações Internacionais:
Virgílio Arraes é doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e professor da mesma instituição, com atuação no Departamento de História e no Instituto de Relações Internacionais. Atua também há muitos anos no Ministério das Relações Exteriores. É especialista em Estados Unidos.
Thiago Gehre é doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), no Departamento de Relações Internacionais. Como docente e pesquisador, trabalha principalmente com estudos sobre Relações Internacionais do Brasil, História das Relações Internacionais, Política Externa Brasileira, Estudos sobre América do Sul, Parcerias Bilaterais e Segurança Internacional. É especialista em Venezuela.

Sobre o autor de Teoria das Relações Internacionais:
Daniel Jatobá é doutor em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IESP/UERJ) e mestre em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (IREL-UnB).

Sobre o autor de Integração Regional:
Paulo Roberto de Almeida é doutor em Ciências Sociais, professor de Economia Política Internacional do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e diplomata de carreira, com extensa experiência em temas comerciais e financeiros internacionais.

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Escolha um nome para o mundo da pos-pos-Guerra Fria - Georges Friedman

O problema dos períodos ascendentes, mas difusos, e dos "encerramentos" de uma fase, é que não sabemos muito bem definir o que acabou e o que provavelmente começa, se é verdade que está começando alguma coisa, o que eu não acredito.
A história é um fio que vai se desenrolando inexoravelmente, e que pode descer ladeiras, subir escarpas, mergulhar em turbilhões (guerras) ou atravessar planícies tranquilas e sorridentes. Se trata de um velho carro de bois que avança penosamente por estradas esburacadas, com alguns oasis pela frente, mas também alguns desertos e tempestades.
Se você tiver ânimo, ajude Georges Friedman a encontrar um nome para o pós-pós-Guerra Fria.
Eu ainda não tenho, mas vou começar a pensar. Em todo caso, o importante não são os nomes, e sim interpretar corretamente os sinais e saber aproveitar as oportunidades das novas circunstâncias.
O Brasil me parece perder oportunidades, se fechando no velho protecionismo dos anos 1970.
Vai ficar para trás, mesmo do velho carro de bois...
Paulo Roberto de Almeida

Beyond the Post-Cold War World |

By George Friedman
Founder and Chairman
Stratfor, April 2nd, 2013

An era ended when the Soviet Union collapsed on Dec. 31, 1991. The confrontation between the United States and the Soviet Union defined the Cold War period. The collapse of Europe framed that confrontation. After World War II, the Soviet and American armies occupied Europe. Both towered over the remnants of Europe's forces. The collapse of the European imperial system, the emergence of new states and a struggle between the Soviets and Americans for domination and influence also defined the confrontation. There were, of course, many other aspects and phases of the confrontation, but in the end, the Cold War was a struggle built on Europe's decline.

Many shifts in the international system accompanied the end of the Cold War. In fact, 1991 was an extraordinary and defining year. The Japanese economic miracle ended. China after Tiananmen Square inherited Japan's place as a rapidly growing, export-based economy, one defined by the continued pre-eminence of the Chinese Communist Party. The Maastricht Treaty was formulated, creating the structure of the subsequent European Union. A vast coalition dominated by the United States reversed the Iraqi invasion of Kuwait.

Three things defined the post-Cold War world. The first was U.S. power. The second was the rise of China as the center of global industrial growth based on low wages. The third was the re-emergence of Europe as a massive, integrated economic power. Meanwhile, Russia, the main remnant of the Soviet Union, reeled while Japan shifted to a dramatically different economic mode.

The post-Cold War world had two phases. The first lasted from Dec. 31, 1991, until Sept. 11, 2001. The second lasted from 9/11 until now.

The initial phase of the post-Cold War world was built on two assumptions. The first assumption was that the United States was the dominant political and military power but that such power was less significant than before, since economics was the new focus. The second phase still revolved around the three Great Powers -- the United States, China and Europe -- but involved a major shift in the worldview of the United States, which then assumed that pre-eminence included the power to reshape the Islamic world through military action while China and Europe single-mindedly focused on economic matters.

The Three Pillars of the International System

In this new era, Europe is reeling economically and is divided politically. The idea of Europe codified in Maastricht no longer defines Europe. Like the Japanese economic miracle before it, the Chinese economic miracle is drawing to a close and Beijing is beginning to examine its military options. The United States is withdrawing from Afghanistan and reconsidering the relationship between global pre-eminence and global omnipotence. Nothing is as it was in 1991.

Europe primarily defined itself as an economic power, with sovereignty largely retained by its members but shaped by the rule of the European Union. Europe tried to have it all: economic integration and individual states. But now this untenable idea has reached its end and Europe is fragmenting. One region, including Germany, Austria, the Netherlands and Luxembourg, has low unemployment. The other region on the periphery has high or extraordinarily high unemployment.

Germany wants to retain the European Union to protect German trade interests and because Berlin properly fears the political consequences of a fragmented Europe. But as the creditor of last resort, Germany also wants to control the economic behavior of the EU nation-states. Berlin does not want to let off the European states by simply bailing them out. If it bails them out, it must control their budgets. But the member states do not want to cede sovereignty to a German-dominated EU apparatus in exchange for a bailout.

In the indebted peripheral region, Cyprus has been treated with particular economic savagery as part of the bailout process. Certainly, the Cypriots acted irresponsibly. But that label applies to all of the EU members, including Germany, who created an economic plant so vast that it could not begin to consume what it produces -- making the country utterly dependent on the willingness of others to buy German goods. There are thus many kinds of irresponsibility. How the European Union treats irresponsibility depends upon the power of the nation in question. Cyprus, small and marginal, has been crushed while larger nations receive more favorable treatment despite their own irresponsibility.

It has been said by many Europeans that Cyprus should never have been admitted to the European Union. That might be true, but it was admitted -- during the time of European hubris when it was felt that mere EU membership would redeem any nation. Now, Europe can no longer afford pride, and it is every nation for itself. Cyprus set the precedent that the weak will be crushed. It serves as a lesson to other weakening nations, a lesson that over time will transform the European idea of integration and sovereignty. The price of integration for the weak is high, and all of Europe is weak in some way.

In such an environment, sovereignty becomes sanctuary. It is interesting to watch Hungary ignore the European Union as Budapest reconstructs its political system to be more sovereign -- and more authoritarian -- in the wider storm raging around it. Authoritarian nationalism is an old European cure-all, one that is re-emerging, since no one wants to be the next Cyprus.

I have already said much about China, having argued for several years that China's economy couldn't possibly continue to expand at the same rate. Leaving aside all the specific arguments, extraordinarily rapid growth in an export-oriented economy requires economic health among its customers. It is nice to imagine expanded domestic demand, but in a country as impoverished as China, increasing demand requires revolutionizing life in the interior. China has tried this many times. It has never worked, and in any case China certainly couldn't make it work in the time needed. Instead, Beijing is maintaining growth by slashing profit margins on exports. What growth exists is neither what it used to be nor anywhere near as profitable. That sort of growth in Japan undermined financial viability as money was leant to companies to continue exporting and employing people -- money that would never be repaid.

It is interesting to recall the extravagant claims about the future of Japan in the 1980s. Awestruck by growth rates, Westerners did not see the hollowing out of the financial system as growth rates were sustained by cutting prices and profits. Japan's miracle seemed to be eternal. It wasn't, and neither is China's. And China has a problem that Japan didn't: a billion impoverished people. Japan exists, but behaves differently than it did before; the same is happening to China.

Both Europe and China thought about the world in the post-Cold War period similarly. Each believed that geopolitical questions and even questions of domestic politics could be suppressed and sometimes even ignored. They believed this because they both thought they had entered a period of permanent prosperity. 1991-2008 was in fact a period of extraordinary prosperity, one that both Europe and China simply assumed would never end and one whose prosperity would moot geopolitics and politics. 

Periods of prosperity, of course, always alternate with periods of austerity, and now history has caught up with Europe and China. Europe, which had wanted union and sovereignty, is confronting the political realities of EU unwillingness to make the fundamental and difficult decisions on what union really meant. For its part, China wanted to have a free market and a communist regime in a region it would dominate economically. Its economic climax has left it with the question of whether the regime can survive in an uncontrolled economy, and what its regional power would look like if it weren't prosperous.

And the United States has emerged from the post-Cold War period with one towering lesson: However attractive military intervention is, it always looks easier at the beginning than at the end. The greatest military power in the world has the ability to defeat armies. But it is far more difficult to reshape societies in America's image. A Great Power manages the routine matters of the world not through military intervention, but through manipulating the balance of power. The issue is not that America is in decline. Rather, it is that even with the power the United States had in 2001, it could not impose its political will -- even though it had the power to disrupt and destroy regimes -- unless it was prepared to commit all of its power and treasure to transforming a country like Afghanistan. And that is a high price to pay for Afghan democracy.

The United States has emerged into the new period with what is still the largest economy in the world with the fewest economic problems of the three pillars of the post-Cold War world. It has also emerged with the greatest military power. But it has emerged far more mature and cautious than it entered the period. There are new phases in history, but not new world orders. Economies rise and fall, there are limits to the greatest military power and a Great Power needs prudence in both lending and invading.

A New Era Begins

Eras unfold in strange ways until you suddenly realize they are over. For example, the Cold War era meandered for decades, during which U.S.-Soviet detentes or the end of the Vietnam War could have seemed to signal the end of the era itself. Now, we are at a point where the post-Cold War model no longer explains the behavior of the world. We are thus entering a new era. I don't have a good buzzword for the phase we're entering, since most periods are given a label in hindsight. (The interwar period, for example, got a name only after there was another war to bracket it.) But already there are several defining characteristics to this era we can identify.

First, the United States remains the world's dominant power in all dimensions. It will act with caution, however, recognizing the crucial difference between pre-eminence and omnipotence.

Second, Europe is returning to its normal condition of multiple competing nation-states. While Germany will dream of a Europe in which it can write the budgets of lesser states, the EU nation-states will look at Cyprus and choose default before losing sovereignty.

Third, Russia is re-emerging. As the European Peninsula fragments, the Russians will do what they always do: fish in muddy waters. Russia is giving preferential terms for natural gas imports to some countries, buying metallurgical facilities in Hungary and Poland, and buying rail terminals in Slovakia. Russia has always been economically dysfunctional yet wielded outsized influence -- recall the Cold War. The deals they are making, of which this is a small sample, are not in their economic interests, but they increase Moscow's political influence substantially.

Fourth, China is becoming self-absorbed in trying to manage its new economic realities. Aligning the Communist Party with lower growth rates is not easy. The Party's reason for being is prosperity. Without prosperity, it has little to offer beyond a much more authoritarian state.

And fifth, a host of new countries will emerge to supplement China as the world's low-wage, high-growth epicenter. Latin America, Africa and less-developed parts of Southeast Asia are all emerging as contenders.

Relativity in the Balance of Power
There is a paradox in all of this. While the United States has committed many errors, the fragmentation of Europe and the weakening of China mean the United States emerges more powerful, since power is relative. It was said that the post-Cold War world was America's time of dominance. I would argue that it was the preface of U.S. dominance. Its two great counterbalances are losing their ability to counter U.S. power because they mistakenly believed that real power was economic power. The United States had combined power -- economic, political and military -- and that allowed it to maintain its overall power when economic power faltered.

A fragmented Europe has no chance at balancing the United States. And while China is reaching for military power, it will take many years to produce the kind of power that is global, and it can do so only if its economy allows it to. The United States defeated the Soviet Union in the Cold War because of its balanced power. Europe and China defeated themselves because they placed all their chips on economics. And now we enter the new era.

O estado da Franca: deglutida por emergentes perifericos...

O fato de que uma empresa panamenha e uma líbia tenham sido as únicas a se oferecerem para retomar uma refinaria de petróleo falida da França ilustra bem, não apenas o estado da Europa e da França nesta época de crise e de restruturações, mas também a falta de opções entre os próprios europeus quanto aos destinos respectivos de seus tecidos industriais nacionais.
Não se trata apenas da emergência dos emergentes, the rise of the rest, como diria Parag Khana, mas da diluição do poder econômico num mundo que ainda não tem relações econômicas recíprocas muito bem definidas, e que jamais provavelmente o terá. O mundo pós-guerra fria é um pouco caótico.
Saudades da ordem bipolar?
Não tenha, pois o mundo era muito mais miserável então.
Agora as opções são mais variadas.
Inclusive a de ter como novos patrões panamenhos ou líbios. Eles vão ter menos pruridos ao despedir franceses...
Paulo Roberto de Almeida

Deux offres jugées recevables pour la reprise de Petit-Couronne

Le Monde.fr avec AFP | • Mis à jour le
En plus du panaméen NetOil et du libyen Murzuq Oil, deux candidats "surprise" ont candidaté vendredi pour reprendre la raffinerie menacée de fermeture.

L'intersyndicale CGT-CFDT-CFE/CGC de la raffinerie a ainsi appelé le tribunal à convoquer directement une audience pour désigner un repreneur avant le 16 avril.

Selon des informations communiquées en début d'après-midi par les syndicats, les offres des groupes libyen Murzuq Oil et panaméen NetOil pour la reprise de la raffinerie de Petit-Couronne (Seine-Maritime) ont été jugées mardi 2 avril recevables par les administrateurs judiciaires.

Jean-Luc Brouté, secrétaire général CGT de la raffinerie, a précisé que les administrateurs feraient le nécessaire pour une audience avant le 16 avril devant le tribunal de commerce de Rouen.

Les quelque 470 salariés de la raffinerie Petroplus de Petit-Couronne, près de Rouen, menacée d'une fermeture imminente, étaient suspendus au verdict des administrateurs judiciaires et du juge commissaire qui devaient décider mardi avant midi si l'un, ou plusieurs, des quatre candidats à la reprise était susceptible de sauver l'usine.
Outre le panaméen NetOil et le libyen Murzuq Oil, qui s'étaient manifestés auparavant, deux candidats "surprise" – Oceanmed Seasky System Limited, basé à Hongkong et GTSA, une firme luxembourgeoise – ont déposé vendredi des dossiers de candidature pour reprendre la raffinerie placée en liquidation judiciaire le 16 octobre.
Le sursis accordé en janvier par le tribunal à la raffinerie, sursis qui a autorisé la poursuite de son activité jusqu'au 16 avril, était le dernier légalement possible. L'intersyndicale CGT-CFDT-CFE/CGC de la raffinerie avait donc appelé le tribunal à convoquer directement une audience pour désigner un repreneur avant le 16 avril.
"LETTRE D'INTENTION, SANS CONTENU RÉEL"
Selon l'un des porte-parole de l'intersyndicale, Yvon Scornet, les dossiers présentés par Oceanmed Seasky System Limited et la société pétrolière libyenne Murzuq Oil étaient complets mardi matin sur le plan financier mais il leur manquait encore certaines autorisations administratives. "On demande au gouvernement que leur passage devant les administrations soit accéléré par les ministères", de façon à ce que tous les dossiers soient prêts pour passer au tribunal, avait précisé M. Scornet.
Le syndicaliste a aussi indiqué que, selon lui, le dossier de NetOil était finalisé et que celui de GTSA se limitait en fait à une simple "lettre d'intention, sans contenu réel". Un comité d'entreprise extraordinaire se tiendra en tout début d'après-midi mardi à la raffinerie, où une assemblée générale du personnel était annoncée pour mercredi.
Les juges consulaires attendent des candidats qu'ils apportent des garanties sur leur capacité à approvisionner le site en pétrole brut mais aussi à le moderniser. La raffinerie a besoin pour fonctionner de 15 millions d'euros de pétrole brut par jour. Sa remise à niveau est estimée entre 400 et 500 millions d'euros. Aucun des majors du secteur, tels ExxonMobil, Total, BP ou Shell, ne s'est intéressé à cette raffinerie ancienne et de taille moyenne avec sa capacité de distillation de 150 000 barils par jour. Ils estiment qu'investir dans l'achat d'une raffinerie en Europe n'a guère de sens tant les marges sont faibles et la concurrence des produits importés forte.

A Journey Inside the Whale: viajando pela baleia

Aproveitando a Sexta-Feira Santa (ou Good Friday, como chamam aqui), Carmen Lícia e eu descemos em busca de cultura (e de um pouco de sol). Fomos a Washington, visitar exposições que estavam pedindo desesperadamente a nossa presença (sem qualquer intervenção divina, claro, seja do Pai, seja do Filho).
Guiados pela encarnação atual do Espírito Santo (que se chama GPS), lá desabalamos pelas estradas do império, contornando aqui e ali os eixos de maior circulação (e maiores engarrafamentos, como em volta de NY) e descemos alegremente em direção da capital da nova Roma (na verdade, ficamos no subúrbio, em Alexandria, uma cidade que tinha o privilégio de ser frequentada pelo Bolívar do Império, o Santo general Washington, uma espécie de Artigas que deu certo..., com perdão dos puristas).
O objetivo era claramente o de visitar museus (e restaurantes, por acaso).
Primeiro foi a Freer Galerie, onde havia uma exposição especial sobre o cilindro de Ciro, o grande rei Persa, muito diferentes de sucessores e antecessores, no sentido em que foi um libertador dos oprimidos, tendo reconduzido o povo judeu de volta a Jerusalém, encerrando uma escravidão de dezenas de anos.
Depois almoçamos em Georgetown, ou perto, no Bistro Lepic, um menu leve, começando com seis escargots de Bourgogne, passando por um foie de veau à Provençale, e terminando por sorbet, enquanto Carmen Lícia comia um belo peixe aos legumes. O mais caro mesmo (54 dólares) foi meia garrafa de Bordeaux, mas millesime de 2004, o que talvez justificasse, como justificou, o valor.
Depois fomos ao museu de Dumbarton Oaks, que só abria pela tarde. Foi ali que se realizou uma das conferências preparatórias de San Francisco, com a participação da China, entre os três grandes (a França ainda não era suficientemente grande nessa ocasião): antiguidades bizantinas, pré-colombianas e de outras civilizações, além da própria casa, que é um primor de decoração.
Jantamos num italiano de Potomac, em Maryland, com nosso amigo Gonzaga, quem nos levou, aliás. Como um belo especial da casa, macarrão linguine aos frutos do mar (depois não houve mais espaço para sobremesa), mas o vinho foi um Chianti reserva.
Sábado começamos por um passeio em Alexandria, com sol e um pouco de arte. Eis nossa foto do passeio, à beira do Potomac, tirada por uma simpática mãe de família americana (eles todos são simpáticos).

Pela tarde fomos à National Gallery, para duas exposições especiais, dessas que reúnem peças excepcionais, dispersas em diversos museus do mundo, e que não se reunirão mais nos próximos 300 anos: a primeira em torno dos pré-rafaelitas ingleses, que acreditavam que a Idade Média era melhor do que a era da revolução industrial.
Depois obras quase completas de Albrecht Durer, o genio do desenho, colega de tantos outros artistas do Renascimento.
Finalmente, fomos ao shopping Tysons Corner, numa grande Barnes que tem por lá: quase compro o livro mais recente do Ian Morris, mas resisti à tentação, tanto por razões de espaço (minhas estantes já estão cheias), como porque dentro de um ou dois meses vou poder comprar por menos da metade do preço na Abebooks.
Domingo, chuvoso e frio, voltamos, mas sem deixar de fazer mais um museu, desta vez em Newark, para ver o Altar Tibetano e outras maravilhas.
Estradas cheias, mas suportáveis, sobretudo quando o Santo Espírito do GPS nos guia por caminhos alternativos, longe das embouteillages do império... (Roma devia ser assim, também, nos fins de semana...).
Uma viagem perfeita, não fosse pelo excesso de turistas e carros, mas todo mundo tem o direito de ser como nós...
Achei também que o número de asiáticos em Washington (e um pouco em todas as partes) multiplicou-se por dez, desde que deixamos o império dez anos atrás.
Eles estão por toda a parte, agora com família, carros de bebê e tudo a que têm direito...
Assim é...
Paulo Roberto de Almeida

Esquizofrenias dos socialismos do seculo 21 (ou do 19...)


Ricardo Vélez-Rodríguez
Blog Rocinante, 24/03/2013

Fica clara uma lição do drama sofrido pelo falecido presidente Chávez, da Venezuela, bem como pelo povo desse país irmão. Os homens passam, as nações ficam. O grande problema dos populismos (a mais recente variável do Patrimonialismo na América Latina) é que guindam às alturas líderes carismáticos, que passam a se considerar sobranceiros ao próprio povo que os colocou no altar da fama e que tentam pôr as instituições e as nações respectivas a serviço do seu projeto pessoal de imortalidade. A mumificação do líder carismático é o corolário natural desse processo.

Esse fenômeno, que era corriqueiro na Antigüidade, ao ensejo dos despotismos hidráulicos, muito bem estudados por Karl Wittfogel na sua clássica obra O despotismo oriental (1951) manifestou-se, no Antigo Egito, nos impérios pré-colombianos inca e asteca, no Império Chinês, após a unificação dos chamados “Estados combatentes” efetivada pelo imperador Chin, nos impérios sumero-babilônicos, etc. Era conhecida, nesses contextos, a macabra praxe da imolação coletiva dos funcionários reais e das suas famílias, ao ensejo da morte do líder. Prática que, diga-se de passagem, não deixaria de ser profilática na atual sem-vergonhice do patrimonialismo caboclo.

A primeira manifestação moderna da pretensão de imortalidade pessoal veio na trilha do patrimonialismo ibérico, ao ensejo do absolutismo da dinastia dos Áustrias, com Carlos V e Filipe II, que encontraram no pensamento contra-reformista a ideologia de que precisavam para a perpetuação no poder. O conluio entre poder absoluto da realeza e burocracia eclesiástica foi a resultante dessa simbiose entre religião e política, com os resultados muito bem conhecidos no Império espanhol, notadamente no México. Sofremos também no Brasil as conseqüências dessa mistura, no absolutismo piegas de dona Maria I, que levou ao patíbulo a Tiradentes e que perseguiu com mão de ferro os demais conjurados mineiros.

A pretensão hegemônica do líder carismático veio a ser sistematizada por Jean-Jacques Rousseau, que efetivou a síntese do pensamento totalitário no seu opúsculo intitulado O Contrato social (1763). O Legislador, para ele, seria o salvador, porquanto imporia a unanimidade e eliminaria o dissenso, condições da felicidade geral. Na América Latina, em perversa síntese juntou-se a tradição patrimonialista ibérica com o pensamento de Rousseau, o que produziu um reforço à idéia do poder total, que se manifestou no feroz patrimonialismo que tomou conta dos países hispano-americanos após as guerras da Independência. No Brasil, essa variável se concretizou, depois de proclamada a República positivista, com a eliminação dos que se manifestassem contra. Canudos e a saga do Contestado são expressão desse modelo.

No século XX, a concepção do poder total deixou de ser uma religião revelada para se transformar em ideologia, “a religião totalitária”. Ora, é desse teor o pano de fundo de crenças em que se alicerça o populismo. Chávez considerou-se, numa primeira etapa, o enviado de Cristo para apregoar, nas Américas, a Teologia da Libertação. Já num segundo momento, premido pela doença, apelou para um coquetel ideológico em que foram misturados elementos do cristianismo evangélico (praticado pela avó) e da santeria afro-caribenha. É sabido, como nos conta Beatriz Lecumberri na sua obra intitulada: La revolución sentimental (Caracas: Puntocero, 2012) que, na cerimônia com os paleros (assim chamados os chefes dos terreiros de santeria), o cadáver do Libertador Simón Bolívar foi exumado num ritual rigorosamente planejado, com a finalidade de que o líder doente pudesse se apropriar da imortalidade do herói. A resultante desse processo, num contexto fortemente patrimonialista como o venezuelano, é a radicalização do exército dos seguidores de Chávez (hoje estimado em perto de 120 mil camponeses e líderes sindicais armados nas denominadas “Milícias Bolivarianas”) que, certamente, farão muito barulho, causarão inúmeras mortes e dificultarão ao máximo a volta do país ao leito da normalidade democrática.

No Brasil não ficamos imunes a esse fenômeno de maluquice coletiva. Já estamos pagando a conta da era lulopetista, com a inflação que chegou, com a Petrobrás sendo cada dia mais descapitalizada, com a gastança federal da pupila do líder carismático (que levou a Roma imensa comitiva que se hospedou em hotéis de primeira “para facilitar os trabalhos”, segundo a alegação oficial) e com a nossa infraestrutura em frangalhos, depois de a petralhada ter torrado em políticas sociais sem rumo o caixa que tinha sido feito por FHC e que pagaria os investimentos que não foram feitos. Isso sem falar no “mar de lama” patrocinado desde a alta cúpula para pagar fidelidades no Congresso (no nosso “Presidencialismo de coalizão”). Para não mencionar o estalinismo da direção petista, que enfileira as suas baterias contra todo e qualquer um que se opuser ao projeto de hegemonia partidária, desde os Ministros do Supremo, até os jornalistas, blogueiros e empresas de mídia que não se afinem com a pretensão oligárquica. Para piorar as coisas, num momento em que o Brasil se atrapalha com montes de obras atrasadas para os eventos esportivos previstos, o líder carismático faz deslanchar antecipadamente a campanha presidencial, com o corriqueiro clima de palanque que já tomou conta do país e que impede uma administração transparente do dinheiro público.

Oswaldo Aranha: um dos dois ou tres grandes diplomatas brasileiros do seculo 20 (e do 21 tambem...)

Nunca é demais lembrar grandes personalidades e grandes gestos, com sentido de Estado, não apenas de governo, e sobretudo sem qualquer sentido de partido.
Repito aqui uma postagem já feita em meados de fevereiro, mas que me parece que deve ser lembrada sempre...
Paulo Roberto de Almeida


A frase da semana, do mes, de todos os anos - Oswaldo Aranha


As frases não são de agora, mas de fevereiro de 1945, embora sirvam para todas as épocas.
Não importa o tempo, o lugar, as circunstâncias, as pessoas precisam ter a coragem de assumir responsabilidade pelo que fazem, mas precisam ter antes de mais nada a coragem moral de defender suas convicções profundas, mesmo em tempos sombrios, como por exemplo durante a ditadura do Estado Novo, quando Oswaldo Aranha serviu como ministro das relações exteriores.

Entrei para o Governo, em 1938, não para servir ao Estado Novo, mas decidido a evitar a repercussão de seus malefícios internos na situação internacional do Brasil. (...) Nesse período, participando das reuniões governamentais e privando com o Chefe do Governo, não tive a menor parcela de responsabilidade na política interna do país, salvo de reserva quando ela ameaçava comprometer a conduta da política exterior. Fui, única e exclusivamente, Ministro do Exterior, exercendo a minha função fechado na sala onde viveu e morreu o grande Rio Branco, o exemplo maior e melhor de como todo brasileiro tem o dever de servir ao seu país no Itamaraty, sem que isso importe no sacrifício de suas convicções políticas e pessoais. Não renunciei às minhas ideias e nem reneguei um só daqueles princípios que foram, são e serão parte inseparável de minha vida de devoção ao Brasil.
Nessa função, defendi essas ideias e principios e, graças à minha fidelidade a eles, evitei, com o concurso do povo, que o Brasil fosse arrastado ao erro e à derrota pelas tendências políticas consagradas pela Constituição de 1937.
(...) O curso da guerra era ameaçador e a minha intransigência parecia comprometer a posição com os então vencedores.
Eu mesmo tive dias de perplexidade e se não vacilei foi porque sempre acreditei que o homem não inventou ainda armas capazes de vencer as ideias. (...)
As vitórias da força são efêmeras, ainda que espetaculares, ante a da decisão e de coragem de uma consciência e um coração bem formados.

Oswaldo Aranha, em discurso que deveria ter sido transmitido pela Rádio Tupi, em 23 de fevereiro de 1945, mas que acabou sendo proibido pela censura da ditadura (o DIP); o texto foi publicado n'O Jornal, 24/02/1945.  
In: João Hermes Pereira de Araújo: “Oswaldo Aranha e a diplomacia”.
In: CAMARGO, Aspásia; ARAÚJO, João Hermes Pereira de; SIMONSEN, Mário Henrique. Oswaldo Aranha: a estrela da revolução (São Paulo: Mandarim, 1996), p. 105-379; cf. p. 176-178.