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sábado, 1 de junho de 2019

Que tal um criminoso como presidente? - o caso Trump; novo livro (The Guardian)

Karen Dawisha, uma professora da Universidade de Ohio, escreveu um livro de excepcional qualidade chamado “Putin’s kleptocracy”, uma análise meticulosa de todas as jogadas financeiras feitas pelo ex-agente do KGB que o levaram ao controle da Rússia.
Este livro pode representar o início de uma investigação oficial sobre um outro cleptocrata e mentiroso compulsivo, que resultou ser o presidente da nação mais poderosa do planeta.
Outros presidentes criminosos podem aparecer, mas esta dupla — que estaria muito unida, não fossem as atitudes russofóbicas da maior parte do establishment americano, militares sobretudo — supera todas as demais gangues políticas na história contemporânea.
Este livro ainda vai causar muito ruído, pelo mesmo autor de Fire and Fury.
Paulo Roberto de Almeida


Bannon described Trump Organization as ‘criminal enterprise’, Michael Wolff book claims

Former White House adviser says financial investigations will take down president in sequel to Fire and Fury
The Guardian, Wed 29 May 2019 07.00 BST


The former White House adviser Steve Bannon has described the Trump Organization as a criminal entity and predicted that investigations into the president’s finances will lead to his political downfall, when he is revealed to be “not the billionaire he said he was, just another scumbag”.



The startling remarks are contained in Siege: Trump Under Fire, the author Michael Wolff’s forthcoming account of the second year of the Trump administration. The book, published on 4 June, is a sequel to Fire and Fury: Trump in the White House, which was a bestseller in 2018. The Guardian obtained a copy.

In a key passage, Bannon is reported as saying he believes investigations of Donald Trump’s financial history will provide proof of the underlying criminality of his eponymous company.
Assessing the president’s exposure to various investigations, many seeded by the special counsel Robert Mueller during his investigation of Russian election interference, Wolff writes: “Trump was vulnerable because for 40 years he had run what increasingly seemed to resemble a semi-criminal enterprise.”
He then quotes Bannon as saying: “I think we can drop the ‘semi’ part.”
Bannon, a leading promoter of far-right populism, was a White House adviser until August 2017, when he was removed. He was a major source for Fire and Fury, also first reported by the Guardian. Among other claims in that book, he labelled as “treasonous” an infamous Trump Tower meeting between Donald Trump Jr, Trump’s son-in-law Jared Kushner, campaign manager Paul Manafort and a Russian lawyer.
Amid publicity surrounding Fire and Fury, Bannon was ejected from circles close to Trump and his position at Breitbart News.
In Siege, Wolff pays close attention to Trump’s financial affairs. Investigations into Trump’s business dealings, spearheaded by the southern district of New York, have shuttered the president’s charity and seen the Trump Organization chief financial officer, Allen Weisselberg, receive immunity for testimony in investigations of Michael Cohen, the former Trump attorney and fixer who is now in jail in New York.
This month, the New York Times obtained tax information that showed Trump’s businesses lost more than $1bn from 1985 to 1994.
The newspaper subsequently reported that in 2016 and 2017, Deutsche Bank employees flagged concerns over possible money laundering through transactions involving legal entities controlled by the president and Kushner. Some of the transactions involved individuals in Russia.
The bank did not act but Congress and New York state are now investigating its relationship with Trump and his family. Deutsche Bank has lent billions to Trump and Kushner companies. Trump has attempted to block House subpoenasfor his financial records sent to Deutsche Bank.

In Siege, Wolff quotes Bannon saying investigations into Trump’s finances will cut adrift even his most ardent supporters: “This is where it isn’t a witch hunt – even for the hard core, this is where he turns into just a crooked business guy, and one worth $50m instead of $10bn.

“Not the billionaire he said he was, just another scumbag.”

Wolff also details a 2004 Palm Beach property deal involving the now disgraced financier Jeffrey Epsteinand the Putin-friendly oligarch Dmitry Rybolovlev that, the author writes, earned Trump “$55m without putting up a dime”.
Epstein, he writes, invited Trump to see a $36m Palm Beach mansion he planned to buy. According to Wolff, Trump went behind Epstein’s back to buy the foreclosed property for around $40m, a sum Epstein had reason to believe Trump couldn’t raise in his own right, through an entity called Trump Properties LLC, which was entirely financed by Deutsche Bank.
Epstein, Wolff writes, knew Trump had been loaning out his name in real estate deals for a fee and suspected that in his case Trump was fronting for the property’s real owners. Epstein threatened to expose the deal. As the dispute increased, he found himself under investigation by the Palm Beach police.
According to Wolff, Trump made only minor improvements and put the house on the market for $125m. It was purchased for $96m by Rybolovlev, part of a circle of government-aligned industrialists in Russia, thereby earning Trump $55m without risking any of his own money.
Wolff presents two theories as to how the deal worked: first, perhaps “Trump merely earned a fee for hiding the real owner – a shadow owner quite possibly being funneled cash by Rybolovlev for other reasons beyond the value of the house”
Second, he suggests the real owner of the house and the real buyer were one and the same. “Rybolovlev might have, in effect, paid himself for the house, thereby cleansing the additional $55m for the second purchase of the house.”
This,” Wolff writes, “was Donald Trump’s world of real estate.”

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Politica externa bolsonarista traz perda de prestígio para o Brasil, dizem diplomatas (BBC Londres)

Governo Bolsonaro ameaça prestígio internacional do país, dizem diplomatas brasileiros

Bolsonaro e Trump
Direito de imagemKEVIN LAMARQUE/REUTERS
Image captionO termo soft power é usado para definir a capacidade que um país tem de influenciar decisões internacionais pela persuasão e imagem 'positiva' junta a outros países, sem precisar usar coerção, poderio econômico e militar
O governo Jair Bolsonaro conseguiu sua primeira grande conquista internacional na semana passada (23/5) com a oficialização do apoio dos Estados Unidos à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), seleto grupo que reúne as principais economias do mundo. 
Mas diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil que ocupam postos em diferentes países - de Europa, África e Oriente Médio- afirmam que o prestígio internacional do Brasil pode estar em declínio, a ponto de o país começar a deixar de ser convidado para algumas negociações diplomáticas, principalmente àquelas dedicadas a direitos de minorias. 
Segundo eles, o que está em jogo é o chamado "soft power", termo dado à influência de um país em decisões internacionais por meio de sua capacidade de persuasão, sem uso de coerção, poder econômico ou militar. 
A imagem brasileira, afirmam, vem sendo gradativamente alterada a partir de mudanças internas e externas, com a ruptura da política Sul-Sul (voltada a países emergentes) que marcou as gestões petistas e um realinhamento ideológico agora centrado na aproximação com os EUA. 

O soft power brasileiro

Segundo o professor Marco Vieira, diretor de pesquisa do Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Birmingham (Reino Unido), ao longo das últimas décadas o Brasil conseguiu propagar junto à comunidade internacional uma imagem de país preocupado com o meio ambiente, pacifista, não intervencionista, capaz de dialogar com atores diversos e defensor de órgãos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Essas características permitiram, segundo ele, que o Brasil ocupasse posições de destaque em organismos internacionais e obtivesse vantagens econômicas em negociações comerciais com grandes potências, como Estados Unidos e Europa. 
Assinatura de acordos com IsraelDireito de imagemHEIDI LEVINE/REUTERS
Image captionO que mudou no soft power brasileiro nos últimos anos?
Atualmente, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) são presididos por dois brasileiros: José Graziano da Silva e Roberto Azevêdo, respectivamente. 
Um diplomata com mais de 30 anos de carreira no Itamaraty, que prefere não se identificar por temer retaliações, disse à BBC News Brasil que essas características nacionais garantiam vantagens em negociações, já que o Brasil não conta com outros instrumentos de barganha, como poder econômico e arsenal militar. 
"Essa imagem de Brasil facilitava enormemente o meu trabalho, porque eu podia entrar numa sala onde havia negros e índios, japoneses, latinos, europeus ou russos e ter sempre esse cartão de visitas", disse.

Mudanças em curso 

As novas atitudes do Brasil em política externa e questões sociais vêm causando em foros internacionais estranhamento e dúvidas entre diplomatas estrangeiros. 
Segundo especialistas e diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil, três aspectos do discurso do governo Jair Bolsonaro têm potencial para, no curto prazo, provocar prejuízos à reputação consolidada pelo Brasil no ambiente diplomático internacional: 
- A postura em relação a minorias (gays e indígenas, em especial)
- Um discurso que minimiza os impactos do aquecimento global
- O alinhamento com Estados Unidos e a forte aproximação com Israel, deixando de lado a tradição histórica de neutralidade
Em organismos internacionais, a reação a essa ruptura com a tradição diplomática brasileira veio na forma de comentários preocupados de representantes de outros países e na redução de convites para que o Brasil participe de debates sobre temas sociais. 
Bolsonaro e MourãoDireito de imagemARTHUR MAX/MRE
Image captionDiplomatas e especialistas dizem que posição do Brasil sobre minorias e meio ambiente pode impedir que o país seja convidado a participar de debates em foros internacionais
Um diplomata que trabalha junto à delegação brasileira em um foro internacional disse, também a sob condição de anonimato, que um colega estrangeiro chegou a dar uma "dica" aos brasileiros: eles deveriam se aproximar da delegação iraniana em questões de gênero "para deixar que, publicamente, eles (o Irã) fizessem o trabalho sujo de falar contra os direitos da mulher".
O mesmo diplomata disse ter ouvido um colega de um país africano lamentar as mudanças, dizendo que o Brasil "era a maior inspiração do mundo em desenvolvimento" e pedindo para que os brasileiros "não se retraíssem e continuassem exercendo liderança em favor desses países".
Um ministro de primeira classe, topo da carreira diplomática, que já representou o Brasil em vários postos no exterior, afirmou que alguns diplomatas tentam amenizar as instruções recebidas pelo governo, quando atuam em foros internacionais. 
"Colegas meus que trabalham em foros que discutem temas sociais estão procurando, da melhor maneira, se desincumbir das orientações e instruções de um governo que tem uma visão conservadora na pauta social", disse à reportagem, sob anonimato. 
"Mesmo assim, pela maneira como a gente está se pronunciando em determinados foros, a gente já não é chamado para algumas salas (de debates e negociações)."

'Países dão um desconto ao Brasil'

Esse mesmo diplomata relata, porém, que ainda predomina uma postura de "tolerância" em relação ao Brasil, manifestada em tom de brincadeira por colegas diplomatas de outros países. 
"As pessoas meio que dizem: 'Ah, política é um desastre no meu país também, não tem jeito'. É como se as pessoas tivessem uma tolerância, a partir do reconhecimento de que o Brasil é maior que isso."
Outro diplomata diz que, por vezes, os colegas estrangeiros parecem expressar "compaixão" pela situação dos representantes brasileiros.
Ernesto Araújo e chanceler alemãoDireito de imagemEVARISTO SA
Image captionDurante encontro de Ernesto Araújo com o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, imprensa alemã fez várias perguntas sobre o compromisso do Brasil no combate às mudanças climáticas
"É como se estivessem dando um desconto para a gente, tipo relevando. Mas essa postura obviamente tem limites. Inevitavelmente, o perfil e a intensidade do relacionamento do Brasil com os parceiros mundo afora vai diminuindo."
Ele cita um possível reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel em detrimento de demandas palestinas como um exemplo de política que pode comprometer as relações com países árabes e muçulmanos. 
"O capital político e econômico-comercial com os parceiros árabes e muçulmanos virariam pó e iriam por água abaixo, com graves consequências para nossas exportações e também para o apoio a pleitos brasileiros diversos internacionalmente, como na eleição de membros não permanentes no próximo biênio para o Conselho de Segurança da ONU e na defesa de pautas importantes para o país em áreas como meio ambiente/clima, direitos humanos, acesso a mercados/Organização Mundial do Comércio e agricultura", diz. 

Aquecimento global

Para Marco Vieira, da Universidade de Birmingham, essa mudança de posição em relação ao combate às mudanças climáticas tem o maior poder, em potencial, de isolar o Brasil e trazer consequências econômicas. 
Bolsonaro e TrumpDireito de imagemKEVIN LAMARQUE/REUTERS
Image captionBrasil não está sozinho em abandonar visões que tradicionalmente são vistas como geradoras de soft power
O Brasil era visto como uma liderança em questões ambientais, sendo ouvido e escolhido para sediar grandes eventos internacionais sobre o tema, como a Rio+20, em 2012, que reuniu líderes dos principais países do mundo. 
Em 2016, o governo brasileiro ratificou o Acordo de Paris, se comprometendo cortar as emissões do país em 37% até 2025, e em 43% até 2030, tendo como base o ano de 2005.
Mas durante a campanha eleitoral, Bolsonaro chegou dizer que retiraria o Brasil do Acordo de Paris. Ele recuou ante as reações negativas dentro e fora do país, mas declarações do hoje presidente de que a Amazônia deve ser explorada economicamente e de que há terras indígenas demais receberam grande repercussão no exterior, principalmente na Europa. 
"Se o Brasil for encarado como um país que vai contra os interesses da humanidade como um todo e um deles, se não for o principal, é a mudança climática, poderá ser isolado em outras discussões, sendo visto como um país irresponsável."
Para Marco Vieira, da Universidade de Birmingham, essa mudança de posição em relação ao combate às mudanças climáticas tem o maior poder, em potencial, de isolar o Brasil e trazer consequências econômicas. 
"Já há movimentos na União Europeia de condicionar a importação de commodities brasileiras ao compromisso com a proteção ambiental", exemplifica. 
No último dia 23, o Brasil levou um baque nas negociações por um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. O governo francês endureceu sua posição nas conversas, dizendo que não ratificará nenhum acordo que, entre outros pontos, prejudique os "engajamentos ambientais da Europa no Acordo de Paris".
MourãoDireito de imagemADNILTON FARIAS/VPR
Image caption'Estamos correndo o risco de acender vela para o santo errado. Não podemos, por exemplo, abrir mão da China', diz Marcus Vinicius de Freitas, da China Foreign Affairs University

Afinal, soft power é tão importante assim?

Nem todos os especialistas concordam que o prestígio e a influência para além dos campos econômicos e militares seja determinante no protagonismo dos países no cenário internacional. 
Para o professor Marcus Vinicius de Freitas, da China Foreign Affairs University, em Beijing, o Brasil ganhou maior visibilidade no exterior nos últimos anos por três fatores: criação dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), curiosidade do mundo em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o crescimento econômico razoável na primeira década do ano 2000. 
"Quando se diz que o Brasil está perdendo seu soft power, você cria uma camisa de força para que o governo atue em determinadas áreas em que a opinião pública internacional considera relevante, mas que não resolve os problemas internos do país", disse à BBC News Brasil. Mas, para ele, isso "não coloca ninguém na sala de reunião para definir destino ou governança global". 
Freitas diz que o atual governo erra na "estratégia de comunicação", prendendo o Brasil a uma "narrativa negativa". Mas, para ele, o que vai, de fato, influenciar o protagonismo do país no exterior não é isso, mas sim a capacidade ou não de o governo aprovar reformas e garantir a retomada do crescimento econômico e se tornar um polo de investimentos. 
Gráfico da balança comercial Brasil-China
Marco Vieira, da Universidade de Birmingham, discorda. "Soft power abre portas. O Brasil teve ganhos reais na sua relação com países em desenvolvimento ao promover mecanismos de cooperação entre nações emergentes", diz. 

Que novas alianças pode colher o governo Bolsonaro? 

É fato que o Brasil não está sozinho em relativizar o aquecimento global, nem em defender negociações bilaterais em detrimento de acordos multilaterais, e em promover posições conservadoras em questões de costumes e nos direitos de minorias. 
O principal exemplo é nada menos que os Estados Unidos, maior potência mundial. O presidente Donald Trump retirou o país do Acordo de Paris e vem minando a importância das Nações Unidas, da OMC e de outros organismos internacionais. 
E a Europa tem presenciado movimentos de desintegração de blocos regionais, como o Brexit, e a ascensão de líderes de direita, particularmente na Hungria e na Itália. 
Balança comercial Brasil-EUA
Marco Vieira, da Universidade de Birmingham, afirma que é possível que as características tradicionalmente associadas a soft power (respeito a direitos humanos, democracia e liberalismo, por exemplo) sejam gradualmente substituídas, caso haja uma continuidade na expansão de ideias associadas à direita do espectro político no plano internacional.
"As contestações aos princípios que geraram soft power no passado podem acabar criando um novo sistema normativo, oposto ao sistema atual. Não é irrelevante que os Estados Unidos estejam liderando esse movimento", afirma. 
No entanto, para ele, essa transformação, se ocorrer, só será consolidada no longo prazo.
"O governo Bolsonaro só vai conseguir ter soft power se o modelo internacional se transformar e se reconstituir dentro dessa compreensão de direita radical, cristã, ocidental e branca. Mas isso levaria anos e anos para ocorrer."
Enquanto isso o desafio será conciliar parcerias estratégicas para o Brasil, como a relação com a China, países árabes e alguns dos principais países da União Europeia, com os novos vínculos que o governo pretende ou busca construir. 
"Tenho a impressão de que não há uma visão estratégica para o Brasil em relações internacionais. O que o Brasil pretende alcançar e ser nos próximos anos?", questiona Marcus Vinicius, da China Foreign Affairs University. 
"Sem isso, corremos o risco de acender vela para o santo errado. Não podemos, por exemplo, abrir mão da China."

Mauro Boianovsky: melhor artigo na história do pensamento econômico europeu

Parabéns ao professor Mauro Boianowsky, da FACE-UnB, pela sua premiação na Sociedade Europeia para a História do Pensamento Econômico: 

Best Article: http://www.eshet.net/index.php?a=42

2019
Author: Mauro Boianovsky
Title: Beyond Capital Fundamentalism: Harrod, Domar and the History of Development Economics
Publisher: Cambridge Journal of Economics, 42:2 (2018).
2018
Author: Ivan Moscati
Title: How Economists Came to Accept Expected Utility Theory: The Case of Samuelson and Savage
Publisher: Journal of Economic Perspectives, 30 (2), 2016: 219-236
 2017
Author: Wade Hands
Title: The individual and the market: Paul Samuelson on (homothetic) Santa Claus economics
Publisher: European Journal of the History of Economic Thought, 23 (3), 2016: 425-452
 
2016
Authors: Alberto Feduzi, Jochen Runde and Carlo Zappia
Title: De Finetti on Uncertainty
Publisher: Cambridge Journal of Economics, 38(1), 2014: 1-21.
2015
Author: Nicola Giocoli
Title: Games Judges don’t play: predatory pricing and strategic reasoning in US antitrust

Publisher: Supreme Court Economic Review, 21(1), 2013: 271-330
2014
Authors: G. Deleplace, Ch. Depoortère & N. Rieucau
Title: An unpublished letter of David Ricardo on the double standard of money
Publisher: The European Journal of the History of Economic Thought, 20(1), 2013: 1-28
2013
Author: Richard van den Berg
Title: ‘Something wonderful and incomprehensible in their oeconomy’. The English versions of Richard Cantillon’s Essay on the Nature of Trade in General
Publisher: The European Journal of the History of Economic Thought, 19(6), 2012, 868-907
2012
Author: Hansjoerg Klausinger
Title: Hayek’s Geldtheoretische Untersuchungen New Insights from a 1925‐29 Typescript
Publisher: The European Journal of the History of Economic Thought, vol. 18(4), 2011: 579-­600
2011
Author: Daniele Besomi
Title: ‘Periodic Crises’: Clement Juglar between Theories of Crises and Theories of Business Cycles
Publisher: Research in the History of Economic Thought and Methodology volume 28-A: 169–283, 2010 
2010
Author: Gilbert Faccarello
Title: The Enigmatic Mr. Graslin: A Rousseauist Bedrock for Classical Economics? 
Publisher: The European Journal of the History of Economic Thought, vol. 16(1), 2009: 1-40
2009
Author: Maria Pia Paganelli
Title: The Adam Smith Problem in Reverse: Self-Interest in The Wealth of Nations and The Theory of Moral Sentiments,
publisher: History of Political Economy 40:2, 2008
2007
Author: Hunter Crowther-Heyck
Title: Patrons of the Revolution: Ideals and Institutions in Postwar
publisher: ISIS. The History of Science Society Review, 2006, pp. 420-446
2006
Author: Carl Wennerlind
Title: David Hume's Monetary Theory Revisited
publisher: Journal of Political Economy 2005, 1 
 2005
Author: Estrella Trincado
Title: Equity, utility and transaction costs: On the origin of the judicial power in Adam Smith
publisher: Storia del Pensiero Economico, 2004, 1
 2003Author: Guglielmo Forges Davanzati
Title: Wages fund, high wages, and social conflict in a classical model of unemployment equilibrium
publisher: Review of Radical Political Economics 202, pp. 1-24, 2002
 2003
Author: Niccolò Guasti
Title: Mas que catastro, catastrofe. Il dibattito sull'imposizione diretta nel Settecento spagnolo
publisher: Storia del Pensiero Economico 40, 2003
 2002
Author: Luigino Bruni and Francesco Guala
Title: Vilfredo Pareto and the Epistemological Foundations of Choice Theory
publisher: History of Political Economy, 2001
 2001Author: Matthias Klaes
Title: The History of the Concept of Transaction Costs: Neglected Aspects
publisher: Journal of the History of Economic Thought 22(2): 191-216, 2000
Download article
 2000
Author: Bert Mosselmans
Title: William Stanley Jevons and the Extent of Meaning in Logic and Economics
publisher: History and Philosophy of Logic 19, pp. 83-99., 1998
Download article

Trump: um louco desmantelando a ordem econômica mundial criada pelos EUA desde Bretton Woods - Paulo Roberto de Almeida

Donald Trump está desmantelando todo o sistema multilateral de comércio criado pelos EUA desde 1944, baseado em regras consensualmente acordadas com base em cláusulas consagradas desde séculos no comércio internacional, como as de nação-mais-favorecida, tratamento nacional, não discriminação, reciprocidade, transparência, e antes de tudo, a velha e boa teoria (ainda válida) herdada de David Ricardo, sobre vantagens comparativas relativas.
O esquizofrênico presidente está simplesmente destruindo tudo isso, com a complacência irresponsável, irracional e incompreensível do establishment republicano e a inoperância do Congresso, que tem a atribuição constitucional de legislar sobre comércio. Trump "resolve" impor tarifas unilateralmente e ilegalmente, sob as regras do GATT, assim como uma criança resolve descartar um brinquedo e passar a brincar com outro, independentemente do que possam pensar ou desejar os demais parceiros no jogo, e no desprezo total pelas regras do jogo em questão.
Um verdadeiro touro louco numa loja de cristais, quebrando tudo à sua volta, na leniência geral.
Sua ação se estende inclusive além do comércio, ao afetar relações econômicas e de segurança com outros países, como a Grã-Bretanha, com base em suas preferências políticas anti-União Europeia – nisso ele está unido com Putin, em ação conjunta para desmantelar o bloco econômico –, pró-Brexit, e contrário ao projeto 5G da empresa chinesa Huawei.
Se houvesse uma autoridade central de controle da sanidade mental do presidente, ela o declararia louco, necessitando internação urgente num sanatório para doentes mentais.

Paulo Roberto de Almeida
Pirassununga, 31 de maio de 2019

Alguns exemplos:

A Tariff Issue on Which Free and Fair Traders Can Agree
By Peter Navarro (WSJ)
Flawed WTO rules allow other countries to charge significantly higher duties than America does.

U.S. will slap 5% tariff on Mexican imports over migrant problem, Trump says (WP)

U.S. Hits Mexico With Tariffs. Trump announced that he will slap a 5 percent tariff on all Mexican goods entering the United States until the Mexican government halts illegal immigration. The U.S. government is slated to start implementing the policy on June 10 and increase tariffs if the flow of migrants doesn’t stop. “White House officials did not immediately explain how driving up the cost of Mexican goods might stem the flow of migrants,” the Washington Post noted.

Trump weighs in on Brexit and Huawei before U.K. visit. U.S. President Donald Trump is preparing for a state visit to Britain next week amid the country’s ongoing political crisis. He reportedly plans to threaten to halt U.S. intelligence sharing with Britain if the U.K. government allows the Chinese company Huawei to build part of its 5G network.

While he did not endorse a successor to British Prime Minister Theresa May, he referred to pro-Brexit contenders Nigel Farage and Boris Johnson as “friends” on Thursday. Fears of a no-deal Brexit—currently the default if no agreement is approved by Parliament before Oct. 31—are growing due to ongoing deadlock in the House of Commons.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

A primeira guerra de Trinta Anos, 1618-1648 - Revista L'Histoire (mai 2019)

Retiro do lembrete eletrônico da excelente revista francesa L'Histoire, da qual Carmen Lícia e eu fomos assinantes durante quase toda a sua trajetória de 40 e poucos anos, esta matéria resumida de artigo publicado em seu número corrente. Digo "primeira", porque muitos historiadores consideram que, de 1914 a 1945, a Europa viveu, ou sofreu, uma "segunda" guerra de Trinta Anos, e diferente da primeira seus destinos não foram mais determinados pelos próprios estados europeus, mas por duas grandes potências divididas por ideologias opostas, os EUA e a URSS.
Paulo Roberto de Almeida
Curitiba, 30 de maio de 2019

La guerre de Trente Ans (1618-1648)

De 1618 à 1648, la guerre de Trente ans a mis le Saint Empire à feu et à sang. Opposant les Habsbourg d’Autriche et d’Espagne aux puissances européennes, Danemark, Suède, France, ce conflit majeur de l’Europe moderne a déchiré les états allemands impériaux entre eux.

Chronologie
1618, 23 mai
Défenestration de Prague.
1619, 26 août
Élection de Frédéric V du Palatinat roi de Bohême.
28 août
Élection de Ferdinand II empereur.
1620, 8 novembre
Victoire catholique à la Montagne Blanche.
1621, 22 janvier
Frédéric V mis au ban de l’Empire.
1625, 25 juillet
Wallenstein prend la tête des armées impériales.
1625-1629
Christian IV de Danemark intervient aux côtés des armées protestantes.
1629, 6 mars
Édit de Restitution de Ferdinand favorable aux catholiques.
1630, 6 juillet
Débarquement de Gustave II Adolphe de Suède en Allemagne.
1631, 23 janvier
Traité de subsides de Bärwalde entre la France et la Suède.
17 septembre
Victoire suédoise à Breitenfeld.
1632, 16 novembre
Mort de Gustave II Adolphe à Lützen.
1635, 19 mai
La France entre en guerre.
30 mai
Paix séparée entre Jean-Georges de Saxe et l’empereur.
1637, 23 février
Élection de Ferdinand III.
1643
Début des négociations de paix.
1648, 30 janvier
Paix de Münster entre les Provinces-Unies et l’Espagne.
24 octobre
Paix de Westphalie avec les deux traités de Münster et d’Osnabrück.

Carte issue de l'article "Enquête sur une catastrophe européenne", Pierre Serna, L'Histoire n°454, décembre 2018.