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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 12 de junho de 2019

Tratado de Versalhes: 100 anos em 28 de junho - ensaio de Paulo Roberto de Almeida

Acabo de despachar este meu trabalho mais recente para a seguinte conferência sobre as negociações de paz de Paris, em 1919:

3474. “Brazil and the 1919 peace negotiations: a newcomer among the greats”, Brasília, 7 june 2019, 21 p. Paper prepared for the Peace Making after the First World War, 1919-1923 Conference, due to be held on 27 and 28 June at The National Archives and Lancaster House. Sent to the Organizing Committee, on behalf of Dr Juliette Desplat (Head, Modern Overseas, Intelligence and Security Records; Collections Expertise & Engagement Department; The National Archives, Kew, Richmond, Surrey TW9 4DU; e-mail: peacemaking.conference@gmail.com). 

O trabalho ainda está em revisão final, e pretendo divulgá-lo assim que estiver pronto.

O programa da conferência eu coloquei neste link: 
https://www.academia.edu/39527330/Peace_Making_after_the_First_World_War_1919-1923_Conference

Não participarei da conferência, que tem um impressionante número de grandes historiadores, e um volume extremamente rico de papers a serem apresentados.

Informarei oportunamente.

Paulo Roberto de Almeida

A informação original, tipo Call for Papers (até dezembro de 2018), era a seguinte: 

Call for Papers: ‘Peace making after the First World War 1919 – 1923’

To mark the centenary of the signing of the Treaty of Versailles, a two-day conference in June 2019 will explore the peace-making process that followed the First World War.
27 - 28 June 2019, London
The conference is jointly organised by The National Archives, the Foreign & Commonwealth Office Historians, the University of Strathclyde, the International History Department at the London School of Economics and Political Science, and the British International History Group.
The conference will be held in two locations. The first day will be held at The National Archives; it will include a keynote lecture by Professor David Stevenson and an exhibition of The National Archives’ unique collection of certified copies of all the treaties, alongside a selection of other materials. The second day will be held at Lancaster House.
Confirmed speakers include:
  • Prof Gaynor Johnson (University of Kent),
  • Prof Alan Sharp (Ulster University),
  • Dr Mark Jones (University College Dublin),
  • Prof Alexander Watson (Goldsmiths),
  • Prof Eugene Rogan (University of Oxford),
  • Prof Rana Mitter (University of Oxford),
  • Prof Michael Cox (LSE),

Crônica dos eventos correntes em Brasília: toda semana uma novidade - Carlos Brickmann

E essas novidades sempre atrapalham o governo. Seria pura coincidência? Ou azar?

A ORDEM É CUMPRIR ORDENS

  

 COLUNA CARLOS BRICKMANN

  EDIÇÃO DOS JORNAIS DE QUARTA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2019

 

O ministro Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol podem superar os problemas ou ser superados por eles. Mas a publicação, pelo Intercept, de diálogos entre Moro e procuradores, coloca todo o Governo em má situação. A reforma da Previdência vai passar pelo Congresso, sem ser muito desfigurada. Mas outras iniciativas do Governo (como a Lei Anticrime, do ministro Sergio Moro) só passam se o Centrão, com seus duzentos e poucos votos, concordar. E negociar com o Centrão exige não só muito tempo como sólidos e abundantes argumentos, de dar enjoo ao ministro Paulo Guedes.

 

Mesmo antes das informações publicadas pelo Intercept (que devem ser verdadeiras, já que nem Moro nem Dallagnol as desmentiram), o Centrão já havia mostrado sua força. O COAF, que passaria ao comando de Moro, ficou na Economia; as emendas parlamentares, que o Governo podia ignorar numa boa, são agora obrigatórias. A medida provisória que garante R$ 248 bilhões a mais ao Governo para que suas atividades não sejam paralisadas só passou pelas comissões no último dia, mesmo com Bolsonaro avisando que teria de parar de pagar aposentadorias e pensões. E não há em Brasília quem acredite que a facilidade para posse e porte de armas, as medidas que aumentam o risco e as consequências de acidentes de trânsito e a Lei Anticrime passem sem onerosas discussões com o Centrão.

 

Mesmo que as conversas transcritas não indiquem culpa, já serviram para colocar o Governo em dificuldades.

 

A regra do jogo

 

Que ninguém se iluda, pensando que as transcrições já divulgadas do Intercept tenham esgotado o assunto. Em reportagens desse tipo, publica-se apenas parte das informações disponíveis. Aguarda-se a reação de quem foi atingido. Aí vem a segunda parte, buscando desmoralizar os desmentidos. E pode haver uma terceira parte, por que não? A simples iniciativa petista de divulgar essa reportagem pouco antes de um julgamento que poderia libertar Lula (ou até anular suas condenações, objetivo que buscam) já criou todo um tumulto.

 

Se Moro e Dallagnol pisarem em falso, poderão sofrer muito mais.

 

Culpado ou inocente?

 

Este colunista ouviu advogados de várias tendências. Há quem diga que nas conversas não há nada anormal; há quem diga que o juiz não poderia ter contato tão próximo com um dos lados do julgamento. Se a questão chegar ao STF, considerando-se que vários ministros discordam das posições de Moro, pode ocorrer a suprema inversão: Lula livre e Moro punido – a menos que haja forte mobilização popular em favor do ministro e contra Lula.

 

Questão de opinião

 

Pelas conversas até agora divulgadas, provavelmente a questão de quem é o culpado será resolvida por interpretação, da qual muitos irão divergir. Só que isso também depende do que acontecerá de agora em diante. Desmerecer Glenn Greenwald por ser homossexual, casado com um parlamentar do PSOL, é um erro, e não apenas por achar que a opção sexual o desqualifica.

 

Júlio César, o grande general romano, dizia-se “mulher de todos os maridos e marido de todas as mulheres”. Alcibíades, o general ateniense que, ao mudar de lado, ajudou a definir a vitória de Esparta na Guerra do Peloponeso, foi amante de Sócrates. Greenwald sabe como divulgar as coisas: trabalhou com Edward Snowden, hoje asilado na Rússia, que divulgou informações a respeito dos programas de monitoramento de opinião do Governo americano, é próximo de Julian Assange, conhece o jogo. Querer expulsá-lo é burrice, é levar para o mundo inteiro uma questão que hoje fica por aqui. Que tentem vencê-lo no campo das ideias. É a única vitória definitiva.

 

Sabe mais

 

Greenwald, há muito tempo no Brasil, sabe também que Bolsonaro, sem base parlamentar própria, é quase um refém do Centrão. Derrotar Bolsonaro, popular, com uma legião de fãs que beiram o fanatismo, é impossível. Mas é possível prejudicar muito o seu Governo entregando-o amarrado ao Centrão.

 

Qual é a fonte?

 

Aqui está uma questão intrigante: de onde saíram as transcrições? Dizem que Moro e Dallagnol tiveram os telefones interceptados (“hackeados”), mas o aplicativo Telegram afirma que não houve violação do sigilo. O Telegram tem sede em Dubai e seu principal acionista é russo. Pode estar mentindo. E pode não estar.

 

É bom lembrar que, sempre que se aproxima a reforma da Previdência, que incomoda altos funcionários, acontece alguma coisa que a impede. Da última vez, foi a divulgação da conversa entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer (a propósito, vale ler Traidores da Pátria, livro de Cláudio Tognolli, pela Editora Matrix, sobre os irmãos Batista). Digamos que algum alto funcionário insatisfeito tenha tido acesso às mensagens e se tenha interessado em utilizá-las para dinamitar o atual projeto de reforma. Nada é impossível. Só que agora não vai funcionar: o Centrão, coordenado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está comprometido com ela.


Embaixadas e legações do Brasil, desde o século XIX - Rogerio S. Farias e Frederico A. Ferreira

O Rogério de Souza Farias é, sem qualquer hipótese de engano meu, o historiador oficial do Itamaraty, ainda que o cargo não exista (ainda), e talvez não venha a existir pelos próximos anos (ainda que eu venha insistindo para que se crie tal cargo, que todas as chancelarias de respeito possuem, desde muitos anos, desde décadas). Vou continuar insistindo nisso.
No momento, recebo com imensa alegria, a obra que ele finalmente conseguiu terminar em primeira edição, com a cooperação do colega Frederico Antonio Ferreira: 

Legações e Embaixadas do Brasil
1ª ed. – Brasília : Funag, 2019

Coloquei esta versão preliminar à disposição dos interessados, neste link: 
https://www.academia.edu/s/9cb10efbb7/embaixadas-e-legacoes-do-brasil-rogerio-s-farias-frederico-a-ferreira-2019

Ele me enviou a seguinte mensagem, que partilho com todos os interessados.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 12 de junho de 2019


Prezados(as) colegas,


Já havia encaminhado um email para muitos de vocês sobre novidades do Rio de Janeiro. Agora, mais uma vez um email a título pessoal para os que estudam história da política externa brasileira e têm interesse nos acervos de Brasília.  

Primeiro, está digitalizada toda a série "Almanaques/Anuários de pessoal". Muitos números já estavam disponíveis na Biblioteca Nacional, mas a última edição de lá é de 1977 e são apresentados na plataforma não tão amigável do Docvirt. Agora, com a grande ajuda do Chdd, todas as edições estão disponíveis neste link

Segundo, em julho, se tudo der certo, conseguirei, em colaboração com a biblioteca, iniciar a digitalização da série circulares postais das décadas de 1970 e 1980. A DCA gentilmente emprestou temporariamente um scanner CZUR para a tarefa. É um projeto piloto. Poucas pessoas sabem, mas a biblioteca em Brasília conta com grande volume de documentos, inclusive os relatórios das delegações do Brasil às Assembleias Gerais da ONU e muitos panfletos raros. Diria ser o "quarto" arquivo do MRE de Brasília.

Terceiro, estou na fase final de revisão do volume da história administrativa e listagem de chefes de postos diplomáticos, iniciativa em colaboração com o meu colega Frederico Ferreira, chefe do arquivo no Rio de Janeiro. A última versão do rascunho vai anexa. Será acompanhada dos dados em CSV/Excel para os pesquisadores darem destinação mais criativa e uma página com dashboards apresentando as informações de forma sistemática e amigável (teste por enquanto hospedado aqui.

Do ponto de vista dos meus colegas do arquivo, há muitos avanços: 

1) Ano passado foi concluída a digitalização da série Informações ao Presidente da República, na minha opinião o acervo mais importante do regime militar (vai até 2002, mas nem tudo foi desclassificado ainda); 

2) Provavelmente até outubro será concluída a digitalização dos microfilmes de ofícios, circulares telegráficas, telegramas e série chanceler do período que vai do final da década de 1960 até o fim da década de 1980. Serão provavelmente mais de 30 TB com centenas de milhares de páginas;

3) Conclusão da reforma das novas salas de pesquisa. Agora é possível acolher pelo menos quatro pesquisadores concomitantemente;

4) Foram reiniciadas conversas com a área de ciência da informação da UnB para uma consultoria sobre o arquivo que definirá um projeto para sanar as pendências junto ao CONARQ/Arquivo Nacional, identificará problemas na organização e preservação do acervo, confeccionará os documentos para subsidiar a contratação de equipe de digitalização e criará um repositório institucional (ATOM) para a disponibilização do material digitalizado aos pesquisadores.

Este último ponto é um gargalo muito sério para os usuários e a ideia é que atenda as necessidades do Rio de Janeiro também. 

5) A série "Memorandos" é a melhor para compreender o processo decisório interno do MRE, sendo possível inclusive identificar os debates que levavam à confecção das Informações ao Presidente da República. Agora, ela finalmente está bem organizada, mas infelizmente ainda não há planos de digitalização, o que é uma pena. Futuramente tentarei discutir a possibilidade de um grupo de historiadores compartilharem o custo de um estagiário de pesquisa para não ter de esperar o incerto processo de digitalização futuro (é isso que estou fazendo com as circulares postais no momento).

Enfim, tendo experiência desde 2004 com a área, posso afirmar que nunca houve perspectiva tão otimista, apesar de todos os constrangimentos orçamentários e entraves naturais da burocracia.

Por favor circulem as informações para seus orientandos que se interessem pelo tema.

Abraços,
Rogerio de Souza Farias
IPRI-Funag/MRE

terça-feira, 11 de junho de 2019

Relações Brasil-Russia, no CEBRI - Emb. Antonio Espinola Salgado

Temos a satisfação de convidá-los para a mesa-redonda "Relações Brasil-Rússia: balanço e perspectivas", com o Embaixador Antônio Luis Espinola Salgado* que será realizada no dia 27 de junho, quinta-feira, das 10:30 às 12:00, na sede do CEBRI (Rua Marquês de São Vicente, 336 – Gávea, Rio de Janeiro), antecedido de um welcome coffee às 10:00.   
O evento contará também com a participação dos Conselheiros José Pio Borges, Presidente do Conselho Curador e Renato G. Flôres Jr., Diretor da FGV IIU - International Intelligence Unit.
Esperando contar com a sua presença, pedimos a gentileza de confirmar a sua participação, pelo e-mail rsvp@cebri.org.br ou pelo telefone (21) 2206-4403. 

*Embaixador Antônio Luis Espinola Salgado é graduado em Ciências Jurídicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ingressou na carreira diplomática em 1980, e desde então já ocupou o cargo de embaixador no Irã e na Turquia, além de ter passado pelas embaixadas brasileiras no Chile, na Suíça, Panamá e Rússia, onde cumpriu sua última missão.