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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 4 de abril de 2021

A chegada de Bolsonaro no inferno - Bastião da Curiboca

 A CHEGADA DE BOLSONARO NO INFERNO

Um cordel arretado de Bastião da Curiboca


Corria um dia tranquilo

Na portaria do inferno.

A fila estava pequena

Com três caboco de terno;

Um agiota, um banqueiro,

E um pastor potoqueiro

Invocando o Pai Eterno.


O capeta da guarita 

Só conferia os malfeito

Numa lista bem comprida 

Ia ticando, com jeito:  

Ladroagem, carteirada, 

Ódio, usura, mentirada, 

Consciência com defeito. 


Mais atrás vinha uma quenga

E um vendedor de seguro;

Pouco depois um pinguço

Ralando o chifre no muro; 

Uma dupla sertaneja,

Uma barata-de-igreja,

E um tarado de pau duro. 


Tudo estava nos conformes

Naquela burocracia,

Quando se ouviu ao longe 

Uma estranha tropelia.

Fazendo muita poeira,

Promovendo quebradeira, 

Xingando a democracia.


Na frente, boca espumando,

Tinha um tal de Capitão.

Com a mão fazia um gesto

Imitando um três-oitão;

Riso de psicopata,

Catinga de vira-lata,

E zóio de assombração. 


Ele logo foi dizendo:

“Sou presidente, tá oquei?

Tenho apoio da milícia,

Da rede globo e da lei. 

Vou trocar o delegado!

Eu quero um advogado,

Daqueles que eu já comprei”.


O diabo olhou o tipo

E pensou: “Lá vem encrenca!”

O cabra não vinha só,

Vinha com ele uma renca:

Tinha milico fardado, 

Fazendeiro, deputado, 

E jornalista em penca. 


“Trezentos mil. E daí?”

Relinchava o genocida,

E era aplaudido com força

Pela claque ensandecida.

Os quatro filhos vibravam,

Enquanto compartilhavam

Da rachadinha bandida.


Puxando o coro dos males,

O general  Pazuello;

Damares, Ricardo Salles,

Parecia um pesadelo!

O chanceler Araújo

Com QI de caramujo, 

Paulo Guedes num camelo. 


“Eu vim para destruir!”

Gritava o quase-demente. 

E chegou na portaria 

Querendo passar na frente.

“Não ligo pra pandemia!

Mi-mi-mi é covardia,

De quem não votou na gente!”


Capeta coçou o rosto,

E farejou confusão.

“Esse aí parece encosto,

Vou precisar de outra ação.”

E ligou prum mais chifrudo,

Mais graduado, pançudo,

Que chegou com a guarnição.

 

“O que está acontecendo

Nessa repartição? 

Aqui é lugar decente,

Não pode haver confusão. 

Não me importa a patente,

Tem de ser obediente

Em nossa jurisdição.”


O capitão gargalhou

De um jeito alucinado.

Virou-se pra sua plateia,

Soltou um berro, alterado:

“Vamos passar a boiada!

Isso aqui não é nada, 

Comparado com meu gado.”


O tinhoso, experiente,

Percebeu a desvantagem.

Era muita gente bronca

Seguindo aquela visagem.

“Vou ligar pro meu Supremo.

Briga boa eu não temo,

Mas assim é sacanagem...”


Satanás estava na mesa

Comendo um leitão assado.

Quando recebeu o zap

Caiu no chão, alarmado.

“Como é que esse bandido

Que acompanho, escondido, 

Veio parar desse lado?”


Vestiu a capa vermelha,

E procurou o tridente.

Passou um pente na telha

Deu um gole de aguardente.

Arriou uma jumenta 

Que tinha fogo na venta,

E foi pra linha de frente. 


Chegando na portaria

Viu aquela confusão.

O povo fazendo arminha,

Gritando “É o Capitão!”

Trinta pastores na grama,

Dez generais de pijama,

e o Bonner na narração.

  

Seguindo aquele fascista,

Tinha de tudo um pouquinho.

Acadêmico e artista,

Sílvio, Datena e Ratinho. 

Racista, neonazista,

comboio de taxista 

atravancando o caminho. 


O Demônio encheu o peito

Com seu bafo venenoso,

E perguntou pro sujeito:

“Cê quer o que, malcheiroso?

Não pense que me engana,

A facada foi chicana,

Recurso bem vergonhoso.”


Bolsonaro então sorri,

Lembrando a maracutaia.

“Não foi ali que morri,

Bem sabe o Rodrigo Maia.

Cheguei com apoio do Moro,

Dos tucanos de alto foro, 

E também do Malafaia.”


“Mas então você me explique”,

Interrogou Belzebu:

“Por que vem fazer chilique

Com esse bando de urubu?

Pra entrar tem que ter senha,

Espero que aqui não venha

Provocar um sururu.”


- “É Deus acima de todos,

Brasil acima de tudo!”

Desta forma inconsequente 

Blasfemou o linguarudo.

O Demo pegou a deixa, 

E transmitiu sua queixa

Para o Senhor-Pai-de-Tudo. 


“Mestre Supremo, desculpe,

Nessa hora incomodar.

Mas tem um cara suspeito,

Aqui a me atazanar.

É um tal de Bolsonaro,

Se não me falha o faro,

 É cabra ruim pra danar.”


Deus pôs a mão na testa,

deu um suspiro profundo.

“Belzebu, tu estás comigo

Desde o início do mundo.

Sabes que não ajo errado:

Se alguém vai pro teu lado,

É porque é vagabundo!”


- “Mas, Deus, será que mereço

Um castigo tão tacanho?

O cara é sociopata, 

Quem segue é um povo estranho. 

Aqui temos uma ordem,

Por mais que outros discordem, 

É disso que eu tiro o ganho.”


“Penso que um cabra desses,

Tão seguido de pastores

De igrejas tão diversas,

Guiadas por malfeitores,

Devia ir para o limbo

E receber um carimbo

Por proclamar tais horrores!”


O Supremo, com um sorriso,

Respondeu ao Lucifer:

“É justamente por isso

Que a situação requer

um jeitinho mais profano:

Aceite o miliciano

E seja o que Deus quiser!”


O Maligno, abismado, 

Achou a declaração hostil.

“Se Deus quiser, ora essa!

 Onde é que já se viu?

Agora que a coisa aperta!

Se Deus quisesse, na certa, 

Tinha salvado o Brasil!”


Belzebu ficou cabreiro 

Com aquela situação. 

Lá fora o Bozo rosnava

Incitando a multidão. 

Foi quando um diabo-raso

Preocupado com o caso, 

Disse: “eu tenho a solução!”


“Lá no Brasil tem um cabra 

Que todo mundo respeita.

Correu cinquenta países,

E em nenhum fez desfeita.

Cabra bom de Garanhuns,

Adorado por alguns,

Temido pela direita.”


Satanás, bem curioso,

Viu uma chance bem clara.

O diabinho, orgulhoso,

Sentiu que a fala tocara.

“É Lula, meu comandante!

Sei também que o meliante

Morre de medo do cara.”


“Quero o telefone agora

Dum homem desse quilate!”

Lucifer se apresentou,

E contou qual o embate.

Lula soltou uma risada,

E falou: “Esse é barbada.

Desafia prum debate!”


O Demonho, agradecido,


Foi direto pro portão.

Com a capetada ao lado

Anunciou a intenção:

“Vamos expor nossos planos.

Se os teus não forem insanos,

Te entrego a chave e o bastão!”


Bolsonaro ouvindo aquilo

Na hora empalideceu.

O suor correu na testa

E a garganta emudeceu.

Pra escapar da desgraça

Numa nuvem de fumaça,

Depressa se escafedeu.


A multidão, sem comando,

Aos poucos se diluiu.

Os diabos festejaram

A vitória sem fuzil.

Se alguém pergunta o destino

Do capitão asinino,

Saiba que está no Brasil.


Bastião da Curiboca

Mini-reflexão sobre o aprendizado da pandemia - Paulo Roberto de Almeida

Mini-reflexão sobre o aprendizado da pandemia

  

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

[Objetivoexposição de ideiasfinalidadedebate público]

 

 

Um dia, o confinamento vai passar, ainda que a pandemia seja resiliente e continue impactando vidas e trajetórias por tempo indefinido. 

Cabe retirar lições dessa experiência única em nossas vidas: as crianças recuperarão o tempo perdido dos estudos, adultos talvez percam coisas ainda mais importantes que certo atraso na formação; algumas famílias, muitas, perderam entes queridos, devido à incúria dos governantes e também por irresponsabilidade individual dos vitimados. 

Mas, tudo é matéria de reflexões e ensinamentos. Em tempos igualmente sombrios, dois grandes escritores, um russo e um brasileiro, escreveram suas “recordações da casa dos mortos”, suas “memórias do cárcere”, o que todos também podemos fazer com nossas “memórias da pandemia”. Escrevam, anotem!

Aprendemos algo com esta praga causada pelo desafio humano à natureza da vida?

Muitos sim, estão adquirindo um novo ou um renovado respeito que todos devemos ter para com o meio ambiente. Outros talvez ainda não.

Aprendemos também o valor da solidariedade, da compaixão, da necessidade de fraternidade para com os mais frágeis e necessitados. Alguns não aprenderam nada e reincidem no egoísmo.

Este é um momento grave e crucial na história de nossas vidas e no itinerário da nação. No início, mais de um ano atrás, não sabíamos o que fazer, o que esperar, o que pedir, ou exigir, de quem supostamente nos governa. Hoje já sabemos.

Sabemos com quem podemos contar: prioritariamente o pessoal da saúde (embora entre eles existam médicos idiotas e “enfermeiras” espertas); depois os cientistas, especialistas na área, e os pesquisadores que fizeram o prodígio de oferecer diversas vacinas em tempo recorde.

Se não fosse por esses dedicados profissionais, e pelo avanço da ciência e da tecnologia em nossa época, poderíamos estar enfrentando uma recorrência da Peste Negra ou da Gripe “espanhola”, com centenas de milhões de mortes, e uma destruição econômica ainda mais brutal. 

Vamos nos recuperar com algumas cicatrizes, alguns com sequelas permanentes. 

Independentemente dos efeitos diversos sobre cada um de nós, o importante é retirar ensinamentos, sobre nossos muitos fracassos, sobre nossas grandes vitórias.

Eu estou sempre aprendendo, observando, anotando, refletindo, escrevendo. Tudo o que é humano me interessa, já dizia uma conhecida frase da sabedoria dos antigos. Tudo o que desumano também: e tivemos amplas demonstrações das duas coisas neste ano que passou.

Vai demorar talvez mais um ano até que recuperemos a normalidade, pelo menos aqui no Brasil, onde a lentidão e a inépcia das elites é uma certeza. 

Tenho outra certeza: a maior parte dentre nós terá uma nova consciência sobre a vida, sobre certos bens inatingíveis e, talvez, certo mal absoluto, que aprendemos a rejeitar. Pelo menos assim espero. 

Parem um pouco, anotem, reflitam, escrevam. Sejam bons e fiquem em paz, nesta Páscoa de 2021, o ano que não terminará tão cedo...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4/04/2021

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Um ano atrás (4/04/2020):

Muitos escrevem para perguntar como estamos, eu e Carmen Lícia. Minha resposta padrão: 

Estamos bem. Se eu não estivesse confinado em casa, onde tenho muitos livros, eu estaria confinado na biblioteca do Itamaraty, ou seja, mais ou menos a mesma coisa. Bem, aqui em casa tenho a máquina de expresso e a companhia de Carmen Lícia Palazzo, o que é muito melhor.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3884, 4 de abril de 2021

 

 

Queda de Araújo é derrota de Olavo de Carvalho e de seita de Steve Bannon - Marcos Augusto Gonçalves

 Como um bando de idiotas, pretensamente tradicionalistas — mas adepto de uma destruição preliminar da ordem existente, como condição para reconstruir o seu munfo imaginado — levou o Brasil ao maior desastre já conhecido em sua história: um desgoverno de desconstrução e de inação em face de problemas reais.

Paulo Roberto de Almeida 

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

Queda de Araújo é derrota de Olavo de Carvalho e de seita de Steve Bannon

Indicado por guru de Bolsonaro, chanceler pediu demissão sob forte pressão do Congresso

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MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

Editor da Ilustríssima e editorialista. Foi editor da Ilustrada, de Opinião e correspondente em Milão e em Nova York

[RESUMO] Demissão do chanceler Ernesto Araújo representa novo fracasso do ideólogo Olavo de Carvalho, que o indicou para o cargo, e do Tradicionalismo, escola filosófica que rejeita a concepção moderna de progresso e defende um projeto reacionário de destruição da ordem estabelecida.​

Em janeiro de 2019, logo após a posse de Jair Bolsonaro, um grupo de brasileiros foi recebido para um jantar na casa de Steve Bannon, em Washington.

A “townhouse”, com imagens ao estilo grego nas paredes e carpete azul com estrelas brancas, no segundo piso, onde os comensais se reuniram, era uma espécie de embaixada do campeão da alt-right, que liderou a campanha vitoriosa de Donald Trump à Casa Branca e foi seu estrategista-chefe no início do governo.

Entre os convidados estava Ernesto Araújo, diplomata pouco conhecido que se tornara subitamente ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, por indicação de Olavo de Carvalho, seu professor e espelho inspirador.

Ernesto Araújo (esq.), Olavo de Carvalho e o presidente Jair Bolsonaro durante encontro na embaixada do Brasil em Washington, em 2019 - Alan Santos - 17.mar.19/Presidência da República/AFP

Olavo era a grande atração da noite, inaugurada com palavras entusiasmadas pelo banqueiro Gerald Brant, meio americano, meio brasileiro.

Disse ele: “É um sonho que se torna realidade. Trump está na Casa Branca e Bolsonaro, em Brasília. E nós estamos em Washington: Bannon e Olavo de Carvalho face a face. Isso é um mundo novo, amigos!”.

Bem, o jantar, as conversas, as emoções e as lágrimas contidas de alguns, tudo é descrito em pormenores no livro “A Guerra pela Eternidade” (Editora da Unicamp), de Benjamin Teitelbaum, etnógrafo e pesquisador norte-americano especializado em movimentos radicais de direita, que estava lá naquela noite (em março, em visita aos EUA, o próprio presidente seria homenageado por Bannon e Olavo).

O projeto da obra, baseado em farta pesquisa e entrevistas, era identificar, entre ideólogos internacionais do populismo de ultradireita, a influência de uma espécie de filosofia ou seita ideológica denominada Tradicionalismo —assim mesmo, com maiúscula no T, para diferenciar do uso corrente do termo.

Essa escola espiritual e política manteve um grupo reduzido e eclético de seguidores ao longo dos últimos cem anos e terminou por se amalgamar com propostas nacionalistas autoritárias recentes.

O resultado, segundo Teitelbaum, foi a emergência de “um radicalismo ideológico raro e profundo”.

Entre os principais ideólogos influenciados pelo Tradicionalismo, ainda que com diferenças e reservas, figura o russo Aleksandr Dugin —além, claro, de Bannon e Olavo.

Parafraseando resumo que fiz nesta Ilustríssima, em resenha do livro, o patriarca do Tradicionalismo foi um francês convertido ao islamismo chamado René Guénon, morto em 1951, no Cairo.

Ele e seus seguidores acreditavam que existiu um dia uma religião —“a Tradição, o cerne, ou a Tradição perene”— que se perdeu, deixando apenas fragmentos dispersos em outras religiões. A linha mestra do pensamento de Guénon vem da crença do hinduísmo de que a história humana percorre um ciclo de quatro idades: a de ouro, a de prata, a de bronze e a sombria —que antecede o retorno ao primeiro e glorioso estágio.

A idade de ouro corresponde ao poder dos sacerdotes; a de prata, ao dos guerreiros; a de bronze, ao dos comerciantes; e a das trevas, à desordem e colapso da espiritualidade e das hierarquias sociais. As duas primeiras têm protagonistas guiados por ideais. As seguintes são a degeneração materialista.

O Tradicionalismo ganhou a seguir a contribuição do barão italiano Julius Evola, que acentuou a inclinação para o ideário de extrema direita fascista. Além de uma estratificação com a espiritualidade no topo e o materialismo na base, ele também pregava hierarquizações por raça. A branca ariana, claro, acima de todos —certo, Filipe Martins?

Pela cabeça dessa turma, estaríamos agora em plena degeneração materialista, que rompe a ordem e os valores tradicionais do espírito, franqueando poderes a mulheres, negros, gays etc. E na qual o sistema capitalista internacional, instituições globais de governança e comunismo asiático são a mesma coisa. Globalização e China? “Hope you guess my name”.

Essa concepção circular da história implica a rejeição da ideia moderna de progresso. Afinal, o caminho para superar as trevas é aprofundar a decadência, num processo de destruição que levará à renovação do ciclo.

Esse é o poço profundo de Araújo, que Teitelbaum, com razão, considera mais fiel ao Tradicionalismo do que Olavo. O ex-chanceler bolsonarista cita Guénon em textos, argumentos e bibliografia. O mestre é mais safo, digamos assim.

Entender a discussão sobre o Tradicionalismo e suas imbricações com a nova direita radical (a sempre atenta Patrícia Campos Mello, aliás, entrevistou o autor antes de mim) é importante para entender um pouco melhor que nem tudo é bizarrice reacionária aleatória. Tem também, mas sobretudo evidencia-se um compromisso fundamentalista com um projeto de destruição, condição necessária para o retorno do sonhado mundo ancestral dos sacerdotes e da espiritualidade comunitária sem frestas.

derrota de Araújo é um renovado fracasso do olavismo, apoiado por Eduardo e os demais filhos zeros do presidente, e do Tradicionalismo reempacotado pelo satânico Dr. Bannon e sua alt-right sinistra, já devidamente enxotada pelos eleitores americanos.


sábado, 3 de abril de 2021

A participação do Brasil no golpe de Pinochet contra Allende - Peter Kornbluh (National Security Archive), by Malcolm Byrne

 National Security Archive: Brazil Abetted Overthrow of Allende in Chile 

by Malcolm Byrne



On 57th anniversary of military coup in Brazil, the National Security Archive Posts Declassified Documentation on Brazilian Regime's Effort to Subvert Democracy and Support Dictatorship in Chile 

 

New Book Reveals Brazilian Intervention to Undermine Allende, Bolster Pinochet 

 

Edited by Peter Kornbluh

 

Washington D.C., March 31, 2021 – The Chilean ambassador to Brazil, Raúl Rettig, sent an alarming cable in March 1971 to his foreign ministry titled “Brazilian Army possibly conducting studies on guerrillas being introduced into Chile.” Multiple sources had informed the Embassy that the Brazilian military regime was evaluating how to instigate an insurrection to overthrow the Allende government. The military had established a “war room” with maps and models of the Andean mountain range along the Chilean border to plan infiltration operations, stated the cable, classified “strictly confidential.” According to Rettig’s report, “the Brazilian Army apparently sent a number of secret agents to Chile who would have entered the country as tourists, with the intention of gathering more background on possible regions where a guerilla movement might operate.” No date had yet been set, one informant said, to initiate this “armed movement.” 

 

The revealing Rettig cable is one of hundreds of documents obtained from Brazilian, Chilean and U.S. archives by investigative reporter Roberto Simon for his new book, Brazil against Democracy: the Dictatorship, the Coup in Chile and the Cold War in South America. Published in Brazil last month, the book exposes the clandestine role Brazil’s military regime played in the September 11, 1973, coup that brought General Augusto Pinochet to power, as well as the Brazilian contribution to Chile’s apparatus of repression during his 17-year dictatorship. The book highlights the infamous Oval Office meeting in 1971 between President Nixon and the head of the Brazilian military dictatorship, a conversation originally revealed by the National Security Archive's publication of the Top Secret White House memcon and cited by Brazil's truth commission. 

 

"The book shows how the Brazilian military dictatorship actively worked to undermine Chile's democracy during the Allende years and, after 1973, to help the Chilean junta consolidate its power,” Simon noted in an interview with the National Security Archive. “Brazil provided direct support to, and a model for, the Pinochet dictatorship." 

 

“This book is a game changer for the historical narrative on imperial intervention in Chile,” according to Peter Kornbluh, who directs the Chile and Brazil documentation projects at the Archive. “It provides a far fuller understanding of the history of foreign violations of Chile’s sovereignty, and suggests there is more to be learned.”