Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 25 de abril de 2007
725) ONGs que tambem sao GOV...
Moisés Naím
Foreign Policy, May/June 2007
How government-sponsored groups masquerade as civil society.
The Myanmar Women's Affairs Federation is a gongo. So is Nashi, a Russian youth group, and the Sudanese Human Rights Organization. Saudi Arabia's International Islamic Relief Organization is also a gongo, as is Chongryon, the General Association of Korean Residents in Japan. Gongos are everywhere, in China, Cuba, France, Tunisia, and even the United States.
Gongos are government-sponsored nongovernmental organizations. Behind this contradictory and almost laughable tongue twister lies an important and growing global trend that deserves more scrutiny: governments funding and controlling nongovernmental organizations (NGOs), often stealthily. Some gongos are benign, others irrelevant. But many, including those mentioned above, are dangerous. Some act as the thuggish arm of repressive governments. Others use the practices of democracy to subtly undermine democracy at home. Abroad, the gongos of repressive regimes lobby the United Nations and other international institutions, often posing as representatives of citizen groups with lofty aims when, in fact, they are nothing but agents of the governments that fund them. Some governments embed their gongos deep in the societies of other countries and use them to advance their interests abroad.
That is the case, for example, of Chongryon, a vast group of pro-North Korean, "civil society" organizations active in Japan. It is the de facto representative of the North Korean regime. Japanese authorities have accused several of its member organizations of smuggling weapons technology, trafficking pharmaceutical products, and funneling hundreds of millions of dollars, as well as orchestrating a massive propaganda operation on Pyongyang's behalf. For decades, "civil society" groups based in a variety of countries have stridently defended Cuba's human rights record at U.N. conferences and regularly succeed in watering down resolutions concerning Cuba's well-documented violations. Bolivarian Circles, citizen groups that support Venezuelan President Hugo Chávez, are sprouting throughout Latin America, the United States, and Canada. Their funding? Take a guess. Iran, Saudi Arabia, and other wealthy governments in the Middle East are also known to be generous-and often sole-benefactors of NGOs that advance their religious agenda worldwide.
But the most dangerous gongos grow at home, not abroad. They have become the tool of choice for undemocratic governments to manage their domestic politics while looking democratic. In many countries of the former Soviet Union, government-backed NGOs are crowding out and muddling the voices of the country's legitimate civil society. In Kirgizstan, for example, the Association of Non-commercial and Nongovernmental Organizations was an enthusiastic fan of former President Askar Akayev. It ran a national petition drive in 2004 asking the president, who had been in power since 1991, to run for reelection. Likewise, the Myanmar Women's Affairs Federation is a harsh critic of Aung San Suu Kyi, the Nobel Peace Prizewinner and opposition leader who has spent much of the past 18 years under house arrest. The federation is run by the wives of the military junta's top generals.
Democratic governments have their own gongos, too. The National Endowment for Democracy (NED) is a private, nonprofit organization created in 1983 to strengthen democratic institutions around the world through nongovernmental efforts. It is a gongo funded by the U.S. government. In several countries, receiving money from the NED is considered a crime. President Vladimir Putin's government has denounced foreign-funded support for political reform by groups such as NED as subversive and anti-Russian. A Chinese newspaper called U.S.-backed democracy promotion "self-serving, coercive, and immoral."
For the sake of full disclosure, it's important to note that I serve on NED's board of directors. I, therefore, disagree that its activities are criminal, immoral, or a tool of the White House. Its programs, decisions, and sources of revenues and expenditures are perfectly transparent, and its directors, who serve without pay, are completely independent. But why should you believe me?
Ideally, there should be an independent and credible source that helps you decide if the NED or other gongos backed by, say, the Canadian or Dutch governments belong in the same category as Chongryon or Nashi. The world needs an NGO rating system that does for global civil society what independent credit rating agencies do for the global financial system. The credit rating agencies play an indispensable role in facilitating the massive borrowing and lending that takes place every day by providing investors with reliable information about the financial conditions of corporations, government agencies, and individuals. These independent and professional assessments of the creditworthiness of borrowers allow major transactions to take place faster and cheaper. Ultimately, lenders make the decision. But they do so within a more transparent market where a company that has a history of always meeting its obligations is less likely to be confused with one that only pays its debtors after a court orders it to do so.
A similar set of institutions can provide accurate information about the backers, independence, goals, and track records of different NGOs. The globalization and effectiveness of nongovernmental organizations will suffer if we don't find reliable ways of distinguishing organizations that truly represent democratic civil society from those that are tools of uncivil, undemocratic governments. Such bodies will help donors and citizens decide whom and what to believe. It will also make life harder for gongos with the worst intentions.
Moisés Naím is editor in chief of Foreign Policy.
724) Como fazer um bom parecer
Publicado por Rogério Farias 25 de Abril de 2007 em Visão de Mundo.
Relnet
Uma das atividades que uma pessoa envolvida no mundo acadêmico tem que se debruçar de tempos em tempos é a de dar pareceres para artigos submetidos para publicação em periódicos. Mas como realizar essa atividade de forma mais eficiente? Na área de Relações Internacionais no Brasil isso é muito relevante, principalmente se considerarmos o estágio atual do campo. O que torna o exercício mais importante ainda é que, na maioria das vezes, não há orientação para esse tipo de atividade nem mesmo em programas de mestrado e doutorado - ou seja, a probabilidade de cometer deslizes é grande.
Mas fiquem tranquilos. O The Academic Observer, periódico da Association for Psychological Science, traz um artigo de Henry L. Roediger com 12 dicas para pareceristas, elas são:
1. Saiba sua missão: o trabalho de um parecerista não é necessariamente criticar um trabalho.
2. Seja ligeiro: bons pareceres entregues antes do prazo são muito apreciados;
3. Leia cuidadosamente: velocidade deve ser acompanhada de exame profundo das seguintes questões:
(a) O problema endereçado no artigo é importante no contexto da disciplina?
(b) O trabalho avança o conhecimento na área de forma substantiva de forma que mereça ser publicado?
4. Diga coisas positivas no parecer: até o pior trabalho tem aspectos interessantes. No entanto, não seja excessivamente esbanjador nos elogios;
5. Não exiba traços de hostilidade: se precisar ser crítico não seja rude;
6. Seja breve: o editor é uma pessoa ocupada. Não é adequado redigir um parecer de tamanho equivalente ao artigo;
7. Foque aspectos gerais: não fique procurando no trabalho erros de ortografia e gramática. Se atenha ao big picture;
8. Desenvolva um bom estilo de parecer: não há estilo universal de parecer, desenvolva um que seja confortável;
9. Seja cuidadoso em recomendar modificações: é muito perigoso recomendar mais pesquisa antes que o trabalho seja publicado. Muitas vezes, mais pesquisa não conseguirá escoimar o trabalho de seus problemas;
10. Tome cuidado com o egocentrismo: você pode saber que o seu trabalho é melhor do que o de qualquer um, mas tente resistir à tentação de recomendar ao autor a citação ao seu trabalho;
11. Faça a recomendação sobre o trabalho, a não ser que o editor o instrua a não fazer: ele merece ser publicado, afinal?;
12. Assine seu parecer: o autor deve saber quem você é. O anonimato aumenta probabilidade de ocorrer diversas patologias - como o egocentrismo e a rudez. Muitos periódicos, no entanto, preferem pareceres anônimos.
723) Definicoes de Politica
DEFINIÇÕES DE “POLÍTICA” A PEDIDOS!
Política é reunir pessoas em torno de idéias.
Partido é organizar pessoas em torno de idéias.
Populismo é reunir pessoas em torno de pessoas.
Demagogia é reunir pessoas em torno de quaisquer idéias.
domingo, 15 de abril de 2007
722) Estudos sobre Defesa: chamada de trabalhos
Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED)
Universidade Federal de São Carlos
20 e 21 de setembro de 2007
A ABED convida professores e pesquisadores a apresentar propostas de comunicação para seu primeiro encontro anual, a ser realizado no campus da UFSCar, em São Carlos, SP, nos dias 20 e 21 de setembro de 2007. As propostas devem ser encaminhadas até às 18hs do dia 20 de abril p.f. e deverão conter título, resumo com dez a quinze linhas, filiação e tema geral, segundo a lista abaixo:
1. Relações civis-militares
2. Políticas de Defesa e Segurança Internacional
3. Forças Armadas, tecnologia e sociedade
4. História militar
Além das comunicações, o congresso terá espaço para apresentação de posters, para os quais faremos chamada específica.
O Congresso prevê a realização de, no máximo, oito mesas-redondas com apresentação de três trabalhos em cada uma.
Há possibilidade de financiamento, mas a aceitação de uma proposta não implica em qualquer obrigação da ABED nesse sentido.
As propostas deverão ser enviadas para os emails samuel_soares@uol.com.br e djrm@power.ufscar.br.
Para a apresentação de trabalho ou poster será obrigatória a filiação à ABED, que, no entanto poderá ser feita até a data de início do evento. A inscrição no congresso, sem apresentação de trabalhos será gratuita e será regulamentada posteriormente.
Diretoria da ABED
721) Uma definicao de equilibrio...
Respondi da seguinte maneira:
"Equilíbrio é o estado de permanência de uma situação, uma espécie de status quo, no qual as diferentes partes de um sistema podem conviver harmoniosamente na medida em que seus interesses sejam contemplados de maneira relativamente equânime. Como a situação física indica (isto é, o ponto da balança no qual os pesos se anulam), ninguém consegue ter preeminência absoluta sobre as outras partes, resultando assim numa situação satisfatória para todos os participantes do sistema.
Nesse sentido, o equilíbrio pode ser paralisador, pois "congela" posições e impede o avanço de alguns para novas posições ou novas situações de melhor bem estar. Melhor, em consequência, uma situação de equilíbrio dinâmico, na qual todos concorrem para a elevação geral dos padrões.
Em termos sociais, isso siginificaria perseguir uma situação de progresso contínuo, que pode ser representado pelo crescimento econômico sustentável, com transformações produtivas obtidas a partir da maior produtividade do trabalho humano (o que implica em melhor educação dos agentes econômicos), com distribuição dos benefícios do crescimento para todas as partes envolvidas no processo".
Esta é a minha melhor definição de equilíbrio que posso encontrar...
quarta-feira, 11 de abril de 2007
720) O mundo em 2037, segundo os britanicos...
Um relatório da Defesa do Reino Unido prevê armas mais baratas, atentados espetaculares e um choque entre a China e o Islã
Walter Oppenheimer, Londres
UOL, 11/04/2007
Dentro de 30 anos o mundo poderá ver o renascimento do marxismo, a transformação do Irã em uma democracia cheia de vitalidade, o surgimento da China como potência econômica e militar, o aumento das tensões entre a China e o mundo muçulmano, um nível de terrorismo parecido com o atual, mas com atentados cada vez mais espetaculares, o aumento das migrações mundiais, a implantação de chips nos cérebros humanos ou a existência de armas terríveis a partir do desenvolvimento da bomba de nêutrons e o uso de máquinas não pilotadas pelo homem.
Esses são alguns cenários possíveis, embora não uma previsão, elaborados pelo Centro de Desenvolvimento, Conceitos e Doutrina do Ministério da Defesa (DCDC na sigla em inglês) do Reino Unido. É o terceiro relatório de perspectivas para 30 anos vistas pelo órgão desde 2001. Embora seja um informe oficial, não representa a posição do governo britânico, mas um documento de análise para preparar a tomada de decisões, sobretudo em termos de defesa.
O relatório estima que continuarão as mudanças provocadas pela globalização econômica. Os EUA seguirão sendo o poderio econômico e militar predominante e guardião do sistema de regras internacionais, mas haverá uma "transição possivelmente desequilibrada de um mundo unipolar para um mundo progressivamente multipolar".
A China e em menor medida a Índia constituirão parte desse sistema de pólos múltiplos. A economia chinesa vai superar a japonesa até 2020 e pesará mais que a dos EUA até 2040. "A futura direção política da China será crucial não só para sua própria expansão econômica, prosperidade e estabilidade, como para a do mundo inteiro", adverte o texto. No entanto, a China enfrenta desafios ambientais, sociais, políticos, financeiros e demográficos que "podem acabar provocando colapso econômico, instabilidade política, desordem social e tumulto, com repercussões regionais e globais".
Serão tempos de "extremismo político", talvez inclusive com o retorno do marxismo, devido à crescente vulnerabilidade das classes médias no mundo globalizado e à crescente diferença entre os muito ricos e os muito pobres.
Os avanços tecnológicos que fomentam o desenvolvimento das telecomunicações, com a explosão da Internet e a informação em tempo real, "provavelmente vão reduzir a integridade das funções editoriais, com pressões para publicar histórias, narrativas e opiniões em prejuízo dos fatos".
Em 2035 poderão ser implantados chips conectados diretamente ao cérebro, desenvolvendo-se a telepatia sintética, o que terá "óbvias repercussões militares e de segurança", além de implicações éticas e legais.
As novas tecnologias vão revolucionar e baratear o mercado de armas. O desenvolvimento de armas de nêutrons, que podem matar seres humanos sem destruir as infra-estruturas, poderá facilitar as limpezas étnicas. Vão continuar as tensões entre o mundo islâmico e o Ocidente e poderão aumentar as tensões entre o Islã e a China. O Irã, por outro lado, poderá se transformar gradualmente em "uma democracia cheia de vitalidade" na medida em que sua população jovem quiser se incorporar à globalidade e à diversidade.
Todas essas probabilidades poderão ir pelos ares se ocorrerem grandes fenômenos imprevistos, como o vulcão que destruiu a civilização minoana em 1450 a.C., a peste que assolou a Europa no século 14 ou os atentados de 11 de setembro de 2001. Esse terceiro relatório de tendências estratégicas cobre o período 2007-2036 e leva em conta as tendências em cinco aspectos: recursos, mudança social, evolução política, avanço científico e tecnológico e implicações militares. O relatório parte da premissa de que a evolução mundial será condicionada por três elementos: mudança climática, globalização e desigualdades globais. Não expressa vaticínios, mas probabilidades.
terça-feira, 10 de abril de 2007
719) Argentina: diplomacia sui-generis
Janes Rocha
Valor Econômico, 10/04/2007
O primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, está planejando uma viagem pela América Latina para a metade deste ano. Será sua primeira visita oficial à região desde que foi assumiu, em janeiro passado. A agenda inclui passagens pelo Brasil, Chile, Uruguai, Colômbia e México. Ainda não está confirmado oficialmente, mas a chancelaria do Canadá cogita também uma rápida passagem pelo Haiti, segundo informou o jornal canadense "Globe and Mail". Se confirmado esse roteiro, Harper será mais um dos líderes de países industrializados a deixar a Argentina fora de seu roteiro.
Este ano já visitaram a América do Sul o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, o primeiro ministro italiano, Romano Prodi, e o presidente alemão, Horst Köhler. Nenhum deles passou por Buenos Aires. O caso de Prodi surpreende, pois a Argentina, com uma das maiores comunidades italianas no mundo, tem até um senador no Parlamento italiano.
Em 2006, o presidente francês, Jacques Chirac, visitou o Brasil e também evitou a Argentina.
O único chefe de Estado a visitar a Argentina em 2007 foi o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também o único a receber a visita do presidente argentino Nestor Kirchner recentemente. A agenda de Chávez, porém, não se destacou por assuntos bilaterais, mas pelo espetáculo financiado por seu governo no Estádio Ferrocarril, a manifestação contra a visita de Bush ao Uruguai, no mesmo dia e hora.
"Há um crescente isolamento da Argentina do sistema internacional", constata o analista de relações internacionais Jorge Castro, diretor do Instituto de Planejamento Estratégico (IPE). Para ele, esse isolamento tem a ver com a falta de um posicionamento claro frente ao exterior por parte do governo Kirchner, que sempre subordinou as decisões em matéria de política externa às necessidades da política interna.
"É isso que faz com que a Argentina mantenha um conflito de envergadura com o Uruguai [por causa da construção de uma fábrica de papel às margens do rio que separa os dois países] e também com o governo do Chile [devido à suspensão das exportações de gás]. Houve agora um agravamento do conflito com o Reino Unido pelo tema das ilhas Malvinas, algo também vinculado a uma situação de política doméstica, que é o aniversário de 25 anos da guerra", afirmou Castro.
O presidente Kirchner vem demonstrando, em seus quatro anos de mandato, que o mundo fora da Argentina lhe interessa muito pouco. Ele fez 26 viagens ao exterior desde que assumiu seu mandato, comparado ao dobro realizado pelo presidente Lula, por exemplo. E recebeu apenas cinco chefes de Estado nestes quatro anos, enquanto o presidente Lula recebeu 23.
Ficou famosa a sua desfeita ao presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, em 2005. Às vésperas de uma visita oficial de Mbeki à região, Kirchner mandou avisar que não poderia recebê-lo, obrigando-o a prolongar sua estadia no Brasil e no Chile.
O único país com o qual a Argentina mantém uma intensa relação é a Venezuela. É inegável que o presidente Hugo Chavez tem dado à Argentina um importante apoio. Obrigou o Tesouro venezuelano a comprar mais de US$ 3,6 bilhões em títulos argentinos, rejeitados no mercado internacional devido à renegociação da dívida externa de 2005.
Além disso, ajudou Kirchner com sua política de apoio a empresas argentinas, oferecendo US$ 135 milhões em empréstimos à cooperativa leiteira SanCor para que pudesse recusar uma oferta de compra do investidor George Soros. Isso sem contar acordos estratégicos na área de petróleo, gás, soja e maquinário agrícola.
Um relatório produzido pela pesquisadora Milagros López Belsué, do Centro de Estudos Nueva Mayoría, mostra que, de 2003 até agora, do total de tratados assinados pelo governo argentino com outros países, a maior quantidade (13%), proporcionalmente, foi com a Venezuela (veja quadro).
O ex-secretário geral do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, Andrés Cisneros, esclarece que o isolamento argentino não é um fenômeno novo e tem fortes raízes culturais, que perpassam todas as tendências políticas. Desde que a relação do país como provedor da Inglaterra, entre o fim do Século XIX e a década de 1930 - que a tornou a mais rica nação da América do Sul -, a Argentina nunca mais encontrou um equilíbrio em suas relações externas, "com exceção dos anos 90" quando, segundo ele, o presidente Carlos Menem tentou reverter esse processo. "Em geral a Argentina vê uma conspiração de fora", diz Cisneros. E argumenta: "O Brasil tem com os EUA diferenças iguais ou maiores que as nossas, mas sabe quais são seus interesses. E nós temos políticas exteriores demasiado ideológicas e pouco realistas".
Este posicionamento não tem ajudado o país a resolver questões relevantes como, por exemplo, a renegociação da dívida com o Clube de Paris (que reúne 19 países do mundo industrializado). A dívida, no valor aproximado de US$ 6 bilhões, está em default desde a crise e impede que a Argentina tenha acesso a recursos dos organismos multilaterais e à cobertura das agências multilaterais de seguro de crédito à exportação.
"No caso do Clube de Paris, existe uma posição negativa da parte dos principais países integrantes desse organismo [França, Itália e Japão], que exigem que a Argentina chegue a um acordo prévio com o Fundo Monetário Internacional ou, do contrário pague a totalidade da dívida com o Clube, usando suas reservas", diz Jorge Castro.
718) Respeito ao islamismo e direitos humanos...
Jamil Chade, correspondente, Genebra
OESP, 08/04/2007
Texto contra difamação ao islamismo é alvo de ONGs na Europa e EUA
No polêmico debate sobre a liberdade da imprensa e o respeito às religiões, o Brasil opta por ficar em cima do muro. O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou resolução pedindo a proibição da difamação pública de religiões e reivindicando que a liberdade de expressão “seja exercida com responsabilidade” e, portanto, esteja “sujeita às limitações da lei”.
A proposta foi feita pelos países islâmicos e, mesmo com a oposição dos europeus, foi aprovada. O Brasil, que sofreu forte lobby dos países árabes para se unir ao projeto, preferiu a abstenção. O voto foi dado no final da semana passada, mas vem ganhando repercussão cada vez maior. Para organizações não-governamentais que combatem a resolução, os países que se abstiveram ajudaram indiretamente a aprovar a medida.
A polêmica começou em 2005, depois que um jornal dinamarquês publicou caricaturas do profeta Maomé, consideradas difamatórias por seus seguidores. A Organização da Conferência Islâmica pediu então uma resolução que tratasse do que consideram uma campanha contra a religião muçulmana. No texto, os países pedem “ações para proibir a disseminação de idéias racistas e xenófobas contra qualquer religião”.
A resolução se limita a citar apenas o islamismo, alertando para a tendência cada vez maior de “tentativas de identificar o Islã com terrorismo”. Canadá, Japão, Coréia e os governos europeus votaram contra, alegando que o texto era focado só no islamismo e incompatível com os direitos de liberdade de expressão e de pensamento.
Países árabes, Cuba, Rússia e China defenderam a aprovação. Nove países, incluindo Brasil, Argentina e Uruguai, optaram pela abstenção. No final, o texto foi aprovado por 24 votos a favor e 14 contra.
CRÍTICAS
A Human Rights Watch, que criticou a decisão, alerta que a resolução é uma ameaça aos direitos fundamentais. Para a British Humanist Association, a resolução é “perigosa”.
“Incitar a violência é sempre deplorável. Mas, em uma sociedade livre, temos de ter permissão para criticar as doutrinas e práticas religiosas, mesmo que isso ofenda as pessoas que consideram que as críticas são difamatórias”, disse Hanne Stinson, diretora da entidade britânica.
A entidade americana Freedom House alegou que “o fato de tantas democracias votarem em abstenção” é motivo de preocupação. “Não é de se surpreender que China, Rússia, Arábia Saudita, Argélia e Azerbaijão tenha votado a favor da resolução. Mas é decepcionante ver democracias como Argentina, Brasil, Gana, Índia, Nigéria e Uruguai adotando um voto de abstenção”, afirmou a diretora Jennifer Windsor.
sexta-feira, 6 de abril de 2007
717) Etiqueta para listas de discussao
Mas, por vezes, elas também descambam para disputas pessoais, problemas corroqueiros nas relações humanas.
Por isso, a frequentadora Aline MacCord preparou, com base em sua vasta experiencia de listas, entreveros e outros golpes de alto calão, um conjunto de regras que todos fariamos bem em ler, digerir, refletir e depois usar, nesta e em outras listas...
Ela possui 100 por cento do copyright pelo texto e pelas recomendações, que eu endosso a 150 por cento...
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/
NETIQUETA DO GRUPO DIPLOMATIZANDO
Por favor leia com atenção estas simples recomendações. Elas são importantes para tornar o convívio nesta lista mais eficiente e prazeroso para todos nós. Gaste um pouco de seu tempo para economizar o de todos!
DESCRIÇÃO:
· Este fórum é composto por pessoas de diversas áreas que se interessam pela circulação de informações e discussão de temas voltados para as relações internacionais, para a política externa do Brasil e para questões de diplomacia e de política internacional de modo geral.
· O que se busca aqui é a maior informação possível, se possível isenta, sobre temas de relações internacionais, e depois um debate sério sobre os mesmos problemas, não isento, por certo, de preferências pessoais, mas sempre no maior respeito pelo "contendor" ou parceiro no dialogo.
· Expressões que buscam atingir pessoalmente algum outro membro devem ser simplesmente banidas
· Não está em causa (e não constitui objeto desta lista) as posições pessoais que seus membros possam ter a respeito de religião, política, gastronomia, futebol et cetera.
· O responsável pelo grupo é o diplomata e pesquisador Paulo Roberto de Almeida (pralmeida@mac.com). Mais informações em www.pralmeida.org.
FERRAMENTAS:
· Aprenda a usar o seu programa de email, com filtros automáticos para organizar a informação recebida. O espaço dedicado ao "Subject" ou "Assunto", é um instrumento importante para a organização das caixas postais de todos, principalmente se há um grande fluxo de mensagens.
· Preencha o Assunto (Subject) das mensagens com textos objetivos. Assim as pessoas podem decidir se a mensagem é ou não de seu interesse antes de lê-las. Mude o assunto quando a conversa tomar outro rumo.
Conteúdo:
· Mantenha-se no assunto da lista.
· Viemos aqui para debater temas de relações internacionais. Todos nós já temos pouquíssimo tempo livre, não ajude a acabar com o que dispomos. Nunca mande alertas de vírus, correntes de felicidade ou mensagens de caridade para a lista. Aliás, estas mensagens costumam ser falsas.
· Quaisquer informações de interesse geral referentes a divulgação de eventos, palestras, debates, lançamento de livros e afins são bem-vindas.
Nesse caso, recomenda-se a inclusão da palavra [INFO] no início da linha de ASSUNTO.
· Ao divulgar artigos e textos, procure adicionar também o endereço URL, a fim de identificar-se a fonte. Quando possível, cole não apenas o link, como também o texto no corpo da mensagem, pois nem todas as fontes são acessíveis a todos.
· É proibido enviar arquivos e piadas, a menos que sejam MUITO pertinentes ao assunto.
Nesse caso, recomenda-se a inclusão da palavra [FUN] no início da linha de ASSUNTO.
· Bate-papos sobre assuntos que fogem ao interesse dos outros participantes da lista devem ser tratados em particular. Isso inclui quaisquer diferenças pessoais que possam surgir entre os membros do grupo.
ETIQUETA:
· Não escreva mensagens somente com LETRAS MAIÚSCULAS.
Letras maiúsculas são entendidas como se você estivesse GRITANDO e dificultam a leitura.
· Não mande mensagens privadas para a lista.
Mande mensagens do tipo "Eu concordo", "Também quero" ou "Obrigado" apenas para a pessoa a que estiver respondendo. Quanto menos mensagens sem informação na lista, melhor ela será.
· Seja educado.
Lembre-se que existem outras pessoas do outro lado da rede, trate-as como gostaria de ser tratado. Você será (re)conhecido pelo que escreve, esta será sua imagem pública.
· Use emoticons, para realçar o tom do que estiver falando. Particularmente use o sinal :-) quando estiver brincando ou sendo irônico, isto costuma evitar mal-entendidos.
· Não reclame da ausência de determinado tema, escreva você mesmo a respeito.
Às vezes a lista pode passar muito tempo discutindo assuntos que não são de seu interesse. Em vez de reclamar, tome a iniciativa de novas discussões. No final estará contribuindo para que a lista fique mais interessante.
· Mais uma vez, lembro que NÃO SÃO ACEITOS na lista:
Ø SPAMS
Ø Piadinhas off-topic
Ø Conversas de baixo nível
Ø Brigas e discussões particulares
AJUDA:
· Visite este grupo em http://groups.google.com/group/Diplomatizando?hl=pt-BR
· O email do grupo é: Diplomatizando@googlegroups.com
· Se você quiser sair da lista, mande um email para: Diplomatizando-unsubscribe@googlegroups.com
· Tente você mesmo resolver seu problema a partir da página do Diplomatizando
· Se houver problemas, entre em contato com o administrador da lista. Não adianta enviar mensagens para a lista pedindo para solucionar algum problema que você tenha com a lista. Fale com o moderador responsável, Paulo Roberto de Almeida (pralmeida@mac.com).
· Seja elegante. Caso haja alguma queixa a respeito de outro membro do grupo, isso deve ser resolvido particularmente, afinal, somos todos adultos. Em casos mais sérios, qualquer queixa deve ser encaminhada diretamente ao moderador do grupo.
· Não tente ser o moderador informal deste grupo para que as mensagens não se multipliquem.
domingo, 25 de março de 2007
716) Bibliotecas digitais
Livros digitais: algumas fontes
Retirado do site do Professor José Moreira Palazzo de Oliveira, neste link (em 25/03/2007).
Há uma série de serviços oferecendo livros digitalizados na Web. A seguir são apresentdadas algumas alternativas para o acesso à bibliografia já digitalizada. Os sites oferecem conteúdos em diferentes línguas, cabe ao usuário selecionar os mais adequados a seus interesses e capacidades linguísticas.
* O Portal de Domínio Público do Governo Brasileiro. Este portal constitui-se em um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal.
* (en) A Biblioteca Européia: este portal oferece acesso unificado aos acervo digitalizadao de 43 bibliotecas nacionais européias. A busca aos acervos é gratuíta, o acesso pode ser cobrado.
* (en) A Biblioteca Gutenberg: esta foi a biblioteca pioneira na área, é alimentada por voluntários que digitalizam as obras, em meados de 2006 disponibilizava 15.000 obras.
* Wikilivros: é uma proposta para a disseminação coletiva de livros didáticos. O princípio é o mesmo da Wikipedia, a editoração e a revisão colaborativa de textos.
* (en) The Open-Access Text Archive: reúne um grande conjunto de bibliotecas internacionais para a oferta de de livros digitalizados em acesso livre.
Blog do Professor Palazzo
domingo, 18 de março de 2007
715) Um pequeno alerta para os mais jovens, a respeito do socialismo do seculo XXI
Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
Quem diria?!: o socialismo, temporariamente aposentado e relegado a um esquecido e remoto depósito de alternativas credíveis ao velho e duro capitalismo, parece estar voltando novamente à cena, agora travestido em sua nova roupagem “do século XXI”. Ele passou a ser oferecido, sobretudo, na América Latina, terra de todos os milenarismos.
Com efeito, depois de seu brilhante fracasso no final dos anos 1980, o socialismo tinha ido fazer companhia à roca de fiar e ao machado de bronze, no museu das antiguidades, como pretendia Engels em relação ao Estado. Surpreendentemente, ele parece ensaiar um retorno triunfal nos remakes que vem sendo servidos em tom triunfalista – e a grandes doses de subsídios petrolíferos – por alguns personagens diretamente retirados dos livros de história, ainda que de épocas que se imaginavam enterradas e esquecidas.
Seu retorno em grande estilo se deve, ao que parece, aos fracassos igualmente rotundos do “neoliberalismo” na região, no decorrer das duas décadas seguintes ao desmantelamento do socialismo real na Europa do leste (e um pouco em todas as outras partes do mundo). O fato é que o velho capitalismo continuava a ser, de fato, um sistema injusto e desigual, mas ele se impunha quase que naturalmente como forma de organização econômica e social, uma vez que não tinha sobrado quase nada de alternativo e que fosse factível, nas reduzidas prateleiras do supermercado da história. Tivemos passar a consumir capitalismo, em doses maciças, de forma praticamente obrigatória.
Para alguns, a experiência de ter de aceitar compulsoriamente o capitalismo deve ter sido traumática. Os órfãos do velho socialismo – tão mais numerosos quando nunca tiveram de viver a experiência do “socialismo real” – devem estar novamente esperançosos, ao assistir os anúncios triunfalistas que são atualmente feitos em nome do novo socialismo, cujos contornos são ainda em grande parte indefinidos, mas que envolvem as fórmulas habituais de estatização e os cacoetes culturais conhecidos em torno da criação do “homem novo”, como convém aos sistemas deliberadamente messiânicos e salvacionistas. Aos velhos socialistas se juntaram vários grupos de jovens idealistas, comumente referidos como antiglobalizadores ou altermundialistas, que acreditam, em grande medida sinceramente, que o capitalismo representa, de fato, a maior soma de iniquidades possíveis de todas as formas conhecidas de organização econômica e social, entre elas as comunidades primitivas e o feudalismo medieval.
Contemplo essa “nova marcha para a frente” no sentido da “redenção da humanidade” com o olhar cético de quem já assistiu esse filme antes, inclusive por ter me engajado, em outras eras, na luta contras as iniquidades do capitalismo latino-americano e sua submissão aos ditames do imperialismo colonizador e de ter tido, na seqüência, a oportunidade de conhecer os diversos socialismos reais disponíveis nas lojas de departamento da história, a maior parte nos países do leste europeu, do início até quase o final dos anos 1970. Estou portanto habilitado a pronunciar-me por experiência própria quanto às esperanças de se ter um “novo socialismo”, desta vez sem as habituais bulas marxianas ou leninistas, apenas com roupagens e cenários que me lembram, vagamente, as fórmulas mussolinianas.
Se isto pode servir de consolo aos jovens idealistas da antiglobalização – uma vez que eu considero os “velhos órfãos” do socialismo “irreformáveis” e “intransformáveis” –, eu diria o seguinte: aqueles que hoje condenam o capitalismo por todas as suas iniquidades, provavelmente nunca conheceram suas alternativas “reais”, que eram as do socialismo de tipo soviético e suas diversas variantes, algumas delas ainda sobrevivendo ainda numa pequena ilha do Caribe e num canto remoto da Ásia. Apenas a falta de informação e uma irracional recusa em se informar, a despeito da massa de conhecimento acumulada a respeito das experiências do socialismo real podem explicar essa demanda, atualmente crescente, por um “socialismo do século XXI”.
Eu, por ter conhecido pessoalmente, se ouso dizer, todos os socialismos reais e o seu modo de funcionamento interno, posso assegurar, com toda a candura de uma alma reconciliada com as supostas iniquidades do capitalismo, que não há maior miséria moral, maiores atentados à dignidade humana, do que os regimes socialistas que existiram na face da terra até bem pouco. Posso parafrasear o que disse o poeta e revolucionário cubano José Marti dos Estados Unidos, país no qual ele se exilou temporariamente, para escapar dos opressores coloniais de sua pátria: “eu conheci as entranhas do monstro”. De fato, pude conhecer o interior da “baleia socialista” e o que vi não era nada bonito, muito pelo contrário.
O mais chocante, justamente, não eram apenas as pequenas misérias materiais, o aspecto deteriorado dos equipamentos públicos, a falta habitual de produtos de primeira necessidade, as estantes sempre vazias nos comércios, a rudeza de apresentação e o caráter tosco da maior parte dos bens e serviços oferecidos nos “mercados” socialistas, tudo isso era habitual e esperado e não me surpreendeu mais do que a decepção dos primeiros contatos. O que estava por trás de tudo aquilo era muito mais importante, pois tinha a ver, não com a simples miséria material, mas com os comportamentos sociais, com o olhar furtivo das pessoas, com a contenção da linguagem, com a retenção do pensamento, com o permanente estado de vigilância policial, em uma palavra, com a miséria moral que só os verdadeiros regimes socialistas são capazes de exibir.
Não estou me referindo aqui ao Estado policial em estado quimicamente puro, se ouso dizer, uma amostra do qual pode ser conferido na grande “biografia” do Gulag da historiadora Anne Applebaum. Não tem a ver com a repressão direta, estilo Gestapo ou NKVD, apenas com a vida cotidiana num país socialista “normal” do Leste europeu em meados dos anos 1970. Aquilo deve ter me vacinado de maneira eficaz contra minha anterior inclinação revolucionária a querer implantar o socialismo a golpes de martelo, como pretendíamos na nossa juventude de opositores do regime militar brasileiro.
Por isso, quando ouço novamente os novos cantos de sereia sobre o “socialismo do século XXI”, permito-me retrucar modestamente: vamos ficar com as modestas iniquidades materiais do capitalismo – que permitem, ainda assim, o progresso individual baseado no mérito individual e no esforço próprio – e deixar de lado as tentações totalitárias de pretender implantar a igualdade na base do autoritarismo, o que só pode conduzir às grandes iniquidades morais do socialismo.
Não existem grandes virtudes no socialismo, apenas “heróis” do povo, devidamente fabricados por ditadores pouco esclarecidos que implantam regimes muito parecidos com os sistemas fascistas existentes na Europa do entre-guerras. Por experiência própria, eu constatei que a ditadura dos medíocres – que caracteriza quase sempre os regimes socialistas – é uma coisa terrível, e a miseria daí derivada é muito superior à eventual miséria material do capitalismo...
Brasília, 1733, 18 março 2007
714) Declaracao a praca: para o mercado de dissertacoes...
Obscuridade
“As pessoas que fazem ou falam literatura são totalmente incompreensíveis, parece-me mais um defeito da natureza do que uma virtude, mas talvez a arte tenha sido sempre condicionada por tais deficiências”
Stefan Zweig
carta a Friderike Maria von Winterniz (ex-Zweig),
em 7/12/1940, citado por Alberto Dines,
Morte no Paraíso: a tragédia de Stefan Zweig
(3ª ed. ampliada; Rio de Janeiro: Rocco, 2004), p. 326.
Stefan Zweig referia-se, obviamente, aos escritores como ele, romancistas ou literatos em geral, homens de letras, no sentido amplo, cuja prosa lhe parecia pertencer a um universo de referências escondidas, de significados obscuros, cuja compreensão talvez só estivesse ao alcance de outros membros da République des Lettres, que ele evitava freqüentar, seja por comodismo ou timidez, seja por medo de entrar em polêmica a respeito de suas próprias convicções literárias ou a propósito do seu estilo literário. Ele queria ser compreendido (e amado) do grande público e por isso buscava a concisão literária, a correção na forma, a perfeição na linguagem, ademais da simplicidade no discurso, para que seu argumento atingisse o maior número. Sem deixar de ser profundo, e de fazer apelo à sua vasta cultura humanista, ele pretendia ser um escritor popular, o que requeria, obviamente, um cuidado especial com a linguagem escrita, de maneira a aproximá-la do cidadão comum, do leitor médio, do público cultivado mas não pretencioso, que refugava os maneirismos e preciosismos de linguagem de muitos dos seus colegas de pluma.
De minha parte, entendo que a frase de Zweig aplica-se ainda com maior acuidade e rigor ao trabalho dos filósofos, dos sociólogos, dos cientistas sociais em geral, cujo objeto de análise e de reflexões toca nos campos mais ou menos subjetivos da organização social, das motivações políticas, das políticas econômicas, enfim, dos assuntos humanos. Tenho encontrado, em muitos escritos de meus colegas, grandes doses de prolixidade na escrita, um desejo inconfessado de parecer sofisticado pelo rebuscamento inútil da linguagem, pela profusão nos conceitos e pela adjetivação exagerada das análises. Parece que eles acabaram de fazer um curso completo de redação obscura com um desses filósofos franceses adeptos do desconstrucionismo verbal, êmulos (talvez onconscientes) de Derrida e de Baudrillard.
Isso pelo lado bom. Pelo lado ruim, o que mais tenho encontrado, na verdade, é a simples redação deficiente, uma linguagem caótica e rebarbativa, que por sua vez revela um pensamento desorganizado, uma confusão de idéias que passa longo do que se convencionou chamar de brain storming. Pelo lado catástrófico, então, cada vez mais deparo com a miséria da escrita, com uma linguagem estropiada por incorreções gramaticais, impropriedades estilísticas, quando não barbaridades ortográficas de tal monta que seriam capazes de fazer fundir um desses corretores automáticos de computador que detectam todos os erros de digitação. Mas, mesmo depois que o perpetrador em questão aplicou o seu corretor ortográfico informático e eliminou todos os erros de digitação, ainda sobram frases incompreensíveis, expressões sem sentido, uma linguagem tortuosa e torturada que seria capaz de confundir o mais paciente revisor de estilo pago por tarefa.
A pobreza da linguagem escrita no Brasil – já nem mais falo da linguagem coloquial, irrecorrivelmente contaminada pelo dialeto televisivo das novelas e programas de auditório – tem progredido a olhos vistos, acompanhando a rápida deterioração da educação no país. Acredito que não haja mais espaço, atualmente, para aqueles programas ao vivo voltados para testar o conhecimento de concorrentes em fatos gerais da história ou em destreza na língua escrita, que premiavam verdadeiras enciclopédias ambulantes, dicionários vivos da língua pátria. Tudo isso é passado, eu sei, mas será que não se consegue, ao menos, ter pessoas que consigam escrever ao menos num Português normal, desprovido de erros primários e de barbarismos estilísticos?
Não estou falando de profissionais “normais”, mas de aspirantes a um título universitário de pós-graduação, que constitui a minha “clientela” mais freqüente. Tenho encontrado cada vez mais, nessas dissertações para as quais sou convidado para a banca julgadora, um tal volume de atentados à linguagem que penso seriamente em desistir de aceitar participação, por mais que o título ou o tema possam me atrair. Vou pedir para ver o trabalho antes de decidir se aceito ou não. Não quero ficar chocado com as barbaridades lingüisticas e os atentados à boa escrita.
Não se trata de arrogância intelectual ou elitismo lingüístico, mas uma simples questão de coerência. Uma linguagem confusa, quando não incorreta, revela, antes de tudo, confusão nas idéias, assim que ao menor sinal de impropriedade redacional pode-se estar seguro de que a qualidade intrínseca do trabalho tampouco será superior ao estilo de redação. Como não pretendo deixar nem autor nem orientador constrangidos na hora da avaliação pública do trabalho, vou desistir preventivamente de participar. Acho que é o melhor que eu tenho a fazer nesta fase de deterioração generalizada da educação no Brasil.
Fica dado o aviso. Antes de me convidar, favor revisar o Português (e as idéias também).
Brasília, 18 de março de 2007
sábado, 17 de março de 2007
713) Tendencias demograficas da humanidade...
WORLD POPULATION WILL INCREASE BY 2.5 BILLION BY 2050;
PEOPLE OVER 60 TO INCREASE BY MORE THAN 1 BILLION
NEW YORK, 13 March 2007, United Nations Population Division
Website: http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2006/wpp2006.htm
The world population continues its path towards population ageing and is on track to surpass 9 billion persons by 2050, as revealed by the newly released 2006 Revision of the official United Nations population estimates and projections.
The results of the 2006 Revision -- which provide the population basis for the assessment of trends at the global, regional and national levels, and serve as input for calculating many key indicators in the United Nations system -- incorporate the findings of the most recent national population censuses and of the numerous specialized population surveys carried out around the world.
According to the 2006 Revision, the world population will likely increase by 2.5 billion over the next 43 years, passing from the current 6.7 billion to 9.2 billion in 2050. This increase is equivalent to the total size of the world population in 1950, and it will be absorbed mostly by the less developed regions, whose population is projected to rise from 5.4 billion in 2007 to 7.9 billion in 2050. In contrast, the population of the more developed regions is expected to remain largely unchanged at 1.2 billion, and would have declined, were it not for the projected net migration from developing to developed countries, which is expected to average 2.3 million persons annually&..
Summary Tables (em Excel)
Highlight: Population Ageing(pdf)
Fact Sheets: World Population Ageing(pdf)
Data online
quarta-feira, 14 de março de 2007
712) Bernard Lewis e o terrorismo jihaidista...
FDD Update, 13 March 2007:
INTELLECTUAL LEADER: Last Wednesday, Bernard Lewis was given the Irving Kristol Award by the American Enterprise Institute. On Thursday morning, the Committee on the Present Danger hosted him at the U.S. Capitol where he spoke to members and staff of the new Senate and House Anti-Terrorism Caucuses.
Professor Lewis is arguably -- no, indisputably -- the world's most distinguished scholar of Islam and the Middle East. (Despite that -- or rather because of it -- he has been excluded and disdained by MESA, the Middle East Studies Association, which dominates on college campuses throughout the United States.)
A few of the key points Professor Lewis made last week:
America and other free societies "confront a dedicated and dangerous adversary" engaged in what it sees as a historic conflict for the global supremacy of Islam.
We need to be concerned about the threats emanating from both Iran and Saudi Arabia; al-Qaeda is "Wahhabi in inspiration."
Iran's rulers cannot be deterred. Mahmoud Ahmadinejad is serious about his religious convictions: Because of that, he sees the possibility of "mutual assured destruction" not as a deterrent "but as an inducement."
Speaking both as a historian and someone old enough to recall the late 1930s, Professors Lewis said too many politicians today display "the spirit of Munich -- a refusal to acknowledge the danger we face and a belief that through accommodation we can avoid conflict." He added: "I look around and I see more Chamberlains than Churchills."
Professor Lewis sees the use of military force against Iran as only a very last resort. Much better if we can manage to replace an "apocalyptical villain with merely a pragmatic villain."
Women in Muslim countries are given less education which really means less indoctrination; therefore they may have more capacity for independent thinking. For that reason, women "may be the last, best hope of the Islamic world."
Oil is a potent source of power for the regimes that rule Saudi Arabia and Iran. How do we deal with it? "By finding other sources of energy."
Professor Lewis observed that our enemies have a number of advantages: zeal, certitude and demography among them. On our side, we have freedom. Which will prove powerful? That, I would say, is the great question to be answered in the 21st century.
sexta-feira, 9 de março de 2007
711) Os mais ricos do mundo...
FORBES PUBLICA A LISTA DOS MAIS RICOS!
Segue a classificação das 9 primeiras fortunas mundiais, expressas em bilhões de dólares, segundo a lista 2007 da revista Forbes publicada nesta quinta-feira:
1- Bill Gates, 51 anos, Microsoft, EUA - US$ 56,0 bilhões
2- Warren Buffett, 76 anos, Berkshire Hathaway, EUA - US$ 52,0 bilhões
3- Carlos Slim, 67 anos, telecomunicações, México - US$ 49,0 bilhões
4- Ingvar Kamprad, 80 anos, Ikea, Suécia - US$ 33,0 bilhões
5- Lakshmi Mittal, 56 anos, Mittal Steel, Índia - US$ 32,0 bilhões
6- Sheldon Adelson, 73 anos, cassinos, EUA - US$ 26,5 bilhões
7- Bernard Arnault, 58 anos, LVMH, França - US$ 26,0 bilhões
8- Amancio Ortega, 71 anos, Zara, Espanha - US$ 24,0 bilhões
9- Li Ka-Shing, 78 anos, diversos, China - US$ 23,0 bilhões
quinta-feira, 1 de março de 2007
710) Um "vendedor" de palavras...
O vendedor de palavras
Fábio Reynol - 24 de janeiro de 2007
Ouviu dizer que o Brasil sofria de uma grave falta de palavras. Em um programa de TV, viu uma escritora lamentando que não se liam livros nesta terra, por isso as palavras estavam em falta na praça. O mal tinha até nome de batismo, como qualquer doença grande, "indigência lexical". Comerciante de tino que era, não perdeu tempo em ter uma idéia fantástica. Pegou dicionário, mesa e cartolina e saiu ao mercado cavar espaço entre os camelôs. Entre uma banca de relógios e outra de lingerie instalou a sua: uma mesa, o dicionário e a cartolina na qual se lia:
"Histriônico - apenas R$ 0,50!".
Demorou quase quatro horas para que o primeiro de mais de cinqüenta curiosos parasse e perguntasse.
- O que o senhor está vendendo?
- Palavras, meu senhor. A promoção do dia é histriônico a cinqüenta centavos como diz a placa.
- O senhor não pode vender palavras. Elas não são suas. Palavras são de todos.
- O senhor sabe o significado de histriônico?
- Não.
- Então o senhor não a tem. Não vendo algo que as pessoas já têm ou coisas de que elas não precisem.
- Mas eu posso pegar essa palavra de graça no dicionário.
- O senhor tem dicionário em casa?
- Não. Mas eu poderia muito bem ir à biblioteca pública e consultar um.
- O senhor estava indo à biblioteca?
- Não. Na verdade, eu estou a caminho do supermercado.
- Então veio ao lugar certo. O senhor está para comprar o feijão e a alface, pode muito bem levar para casa uma palavra por apenas cinqüenta centavos de real!
- Eu não vou usar essa palavra. Vou pagar para depois esquecê-la?
- Se o senhor não comer a alface ela acaba apodrecendo na geladeira e terá de jogá-la fora e o feijão caruncha.
- O que pretende com isso? Vai ficar rico vendendo palavras?
- O senhor conhece Nélida Piñon?
- Não.
- É uma escritora. Esta manhã, ela disse na televisão que o País sofre com a falta de palavras, pois os livros são muito pouco lidos por aqui.
- E por que o senhor não vende livros?
- Justamente por isso. As pessoas não compram as palavras no atacado, portanto eu as vendo no varejo.
- E o que as pessoas vão fazer com as palavras? Palavras são palavras, não enchem barriga.
- A escritora também disse que cada palavra corresponde a um pensamento. Se temos poucas palavras, pensamos pouco. Se eu vender uma palavra por dia, trabalhando duzentos dias por ano, serão duzentos novos pensamentos cem por cento brasileiros. Isso sem contar os que furtam o meu produto. São como trombadinhas que saem correndo com os relógios do meu colega aqui do lado. Olhe aquela senhora com o carrinho de feira dobrando a esquina. Com aquela carinha de dona-de-casa ela nunca me enganou. Passou por aqui sorrateira. Olhou minha placa e deu um sorrisinho maroto se mordendo de curiosidade. Mas nem parou para perguntar. Eu tenho certeza de que ela tem um dicionário em casa. Assim que chegar lá, vai abri-lo e me roubar a carga. Suponho que para cada pessoa que se dispõe a comprar uma palavra, pelo menos cinco a roubarão. Então eu provocarei mil pensamentos novos em um ano de trabalho.
- O senhor não acha muita pretensão? Pegar um...
- Jactância.
- Pegar um livro velho...
- Alfarrábio.
- O senhor me interrompe!
- Profaço.
- Está me enrolando, não é?
- Tergiversando.
- Quanta lenga-lenga...
- Ambages.
- Ambages?
- Pode ser também evasivas.
- Eu sou mesmo um banana para dar trela para gente como você!
- Pusilânime.
- O senhor é engraçadinho, não?
- Finalmente chegamos: histriônico!
- Adeus.
- Ei! Vai embora sem pagar?
- Tome seus cinqüenta centavos.
- São três reais e cinqüenta.
- Como é?
- Pelas minhas contas, são oito palavras novas que eu acabei de entregar para o senhor. Só histriônico estava na promoção, mas como o senhor se mostrou interessado, faço todas pelo mesmo preço.
- Mas oito palavras seriam quatro reais, certo?
- É que quem leva ambages ganha uma evasiva, entende?
- Tem troco para cinco?
domingo, 25 de fevereiro de 2007
709) Importante em caso de roubo de celular
Recebi a mensagem abaixo, testei e funcionou.
Repasso, pois pode ser importante:
Agora com esta história do "Chip", o interesse dos ladrões por aparelhos celulares aumentou. É só comprar um novo chip por um preço médio de R$ 10,00 a 30,00 em uma operadora e instalar em um aparelho roubado. Com isso, está generalizado o roubo de aparelhos celulares. Segue então uma informação útil que os comerciantes de celulares não divulgam. Uma espécie de vingança para quando roubarem celulares.
Para obter o número de série do seu telefone celular (GSM), digitem *#06#
Aparecerá no visor um código de 15 algarismos. Este código é único!!!
Escrevam e conservem com cuidado. Se roubarem seu celular, telefonem para sua operadora e informem este código. O seu telefone poderá então ser completamente bloqueado, mesmo que o ladrão mude o "Chip". Provavelmente não recuperarão o aparelho, mas quem quer que o tenha roubado não poderá mais utilizá-lo. Se todos tomarem esta precaução, imaginem, o roubo de celulares se tornará inutil. Enviem isto a todos e anotem o seu número de série.
Resumindo:
Digite esta combinação:
*#06#
para obter o código permanente do aparelho, para que ele possa ser bloqueado em caso de roubo.
sábado, 24 de fevereiro de 2007
708) O Paraguai, visto pelo Senador Alvaro Dias (PR)
Senador Alvaro Dias (Paraná)
Os acordes emitidos pelo nosso estratégico vizinho merecem atenção. As últimas notas dedilhadas simultaneamente pelos postulantes a sucessão do presidente Nicanor Duarte Frutos podem até se diferenciar, mas um arpejo é uníssono: o Brasil é o mote central da campanha presidencial já deflagrada e que promete ser a mais disputada da história do Paraguai.
O governo brasileiro concentra suas atenções e ao mesmo tempo disponibiliza os melhores esforços diplomáticos na direção dos Palácios Miraflores e Quemado, privilegiando a interlocução com os mandatários Hugo Chávez e Evo Morales. A polêmica negociação com a Bolívia, culminada no generoso acordo do gás, expõe a nossa vulnerabilidade em muitos flancos, sinalizando as indefinições existentes no Brasil na área de regulamentação. As mesuras dispensadas à Venezuela contrastam igualmente com a desatenção para com os outros países do entorno regional.
A efervescência da campanha eleitoral no Paraguai expõe a necessidade de o Brasil rever o quanto antes o seu relacionamento com aquele vizinho. São muitos os pontos da intrincada agenda eleitoral. Há sinalização clara dos candidatos de revisão dos preços da energia excedente de Itaipu vendida ao Brasil, passando pela celebração de acordos de comércio com os Estados Unidos, desferindo novos golpes no combalido Mercosul.
Como se não bastassem os complicadores anunciados, não podemos esquecer a gravidade da situação dos aproximadamente 800 mil brasiguaios residentes em solo paraguaio, ameaçados por um processo nebuloso de ''reforma'' agrária amparado por legislação que institui a sumária expropriação de terras na faixa de fronteira sob o manto protetor de preservação da segurança nacional.
A declarada intenção de reavaliar a planilha de desembolsos (juros remanescentes da construção da usina pela Eletrobrás), bem como o valor recebido do Brasil pela energia comercializada, remetem à inevitável revisão do tratado firmado no início da década de 70. O contencioso bilateral é explícito e requer análise e mobilização da diplomacia brasileira.
O foco da política externa do presidente Lula não pode se restringir às parcerias estabelecidas com a Venezuela e a Bolívia, em detrimento do relacionamento com outros países estratégicos do mosaico regional. O Paraguai é ator estratégico sob qualquer ângulo de política exterior brasileira.
As eleições presidenciais, a serem realizadas em abril do próximo ano, prometem colocar em xeque a hegemonia do Partido Colorado, e apenas esse aspecto, por si só, enseja a possibilidade de profundas mudanças na coalizão de forças que dominaram o Paraguai nos últimos 60 anos.
O principal contendor da campanha eleitoral precocemente em curso é o ex-bispo católico Fernando Lugo, sacerdote que renunciou da sua condição eclesiástica e mergulhou na política em salto triplo. Sua imagem entre os paraguaios é irretocável, exibindo baixo índice de rejeição. Sua vitória significaria a mais profunda revisão no relacionamento com o Brasil. O candidato situacionista, o atual vice-presidente, Luis Castiglione, desfralda bandeiras em mastros cujos ventos não sopram exatamente a nosso favor. Ele defende a presença de tropas militares norte-americanas em solo pátrio e ainda apóia a formalização de acordo comercial com Washington.
A galeria dos candidatos presidenciais é mais ampla, incluindo um neto do Generalíssimo Alfredo Strossner, sem mencionar o general Lino Oviedo, mantido sob cárcere na capital paraguaia. A propósito, esse é um episódio inconcluso e de desfecho incerto. O general Oviedo permanece preso em flagrante desrespeito tanto às leis internas como a convenções internacionais subscritas pelo Paraguai. A Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos ''OEA'' já foi acionada e deverá se pronunciar sobre o caso. A popularidade de Oviedo não pode ser subestimada num cenário futuro da sucessão presidencial do Paraguai.
Os sons ouvidos nas arborizadas ruas de Assunção e cercanias não são apenas os produzidos pelas cordas da harpa paraguaia. Cabe ao governo do presidente Lula ponderar sobre os acontecimentos em marcha e escolher um novo diapasão para a política externa.
Senador Alvaro Dias - vice-presidente do Senado Federal
Sexta-feira, 23 de Fevereiro de 2007
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
707) Nova pausa para humor (sorrisos amarelos, por favor...)
Acredito que espíritos maliciosos, professores que ganham mal, talvez, reciclem, a cada ano, na época do vestibular, as mesmas piadinhas maldosas que recolheram (ou fabricaram?) em anos passados...
Isso não quer dizer que os candidatos ao vestibular sejam brilhantes, longe disso. Mas é que eles não levam muita culpa no cartório. Claro, muitos são vagabundos e perfeitos navegantes ou paraquedistas nesses exames de ingresso na universidade. Mas a maior parte, apenas reproduz aquilo que aprenderam (ou não?) na escola média. Ou seja, eles chegam ao terceiro ciclo virtualmente ignorantes e semi-analfabetos, tendo passado impunes por anos e anos de deseducação escolar...
Em todo caso, aqui vão as últimas...
Perólas do Vestibular da PUC-Rio 2006
Redação:
1. Título de uma redação: Sobrevivência de um aborto vivo
2. O Brasil é um País abastardo com um futuro promissório parece que confusório e preocupatório também;
3. O maior matrimônio do País é a educação;
4. Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados que aumenta;
5. Os analfabetos nunca tiveram chance de voltar à escola;
6. O bem star dos abtantes endependente de roça, religião, sexo e vegetarianos,está preocupan-do-nos;
7. É preciso melhorar as indiferenças sociais e promover o saneamento de muitas pessoas, de nível municipal, estadual e federal;
8. Também preoculpa o avanço regressivo da violência;
9. Resposta a uma pergunta: "Esta não cei".
História:
1. O Hino Nacional Francês se chama La Mayonèse...
2. Tiradentes, depois de morto, foi decapitulado.
3. Entres os índios de América, destacam-se os aztecas, os incas, os maios, os pirineus, os phenícios, egipcios, facistas...
4. A História se divide em 4: Antiga, Média, Moderna e Momentânea, esta, a dos nossos dias.
5. Em Esparta as crianças que nasciam mortas eram sacrificadas.
6. No começo os índios eram muito atrazados mas com o tempo foram se sifilizando.
7.Então o governo precisou contratar oficiais para fortalecer o exército
da marinha.
8. No tempo colonial o Brasil só dependia do café e de outros produtos extremamente vegetarianos.
Geografia:
1. A capital de Portugal é Luiz Boa.
2. Geografia Humana estuda o homem em que vivemos.
3. O Brasil é um país muito aguado pela chuva, senão veja a Amazônia.
4. Na América do Norte tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro cimentadas.
5. Oceano é onde nasce o Sol; onde ele nasce é o nascente, e onde desce, é o decente. 6. Na América Central há países como a República do Minicana.
7. A Terra é um dos planetas mais conhecidos no mundo e suas constelações servem para esclarecer a noite.
8. As principais cidades da América do Norte são Argentina e estados Unidos.
9. Expansivas são as pessoas tangarelas.
10. O clima de São Paulo é assim: quando faz frio é inverno;Quando faz calor é verão; quando tem flores é primavera; quando tem frutas é outono e quando chove é inundação.
706) O proximo holocausto vai ser diferente...
Este Holocausto será diferente
O segundo holocausto não será como o primeiro.
Os nazis industrializaram o massacre, claro. Mas, mesmo assim, eram obrigados a ter contacto com as vítimas. Antes de as matarem de forma efectiva, podem tê-las desumanizado nas suas mentes ao longo de meses e anos com recurso a humilhações terríveis, mas, mesmo assim, tinham com as suas vítimas um contacto visual e auditivo, e alguns mesmo táctil.
Os alemães, e os seus ajudantes não germânicos, tiveram de tirar de suas casas homens, mulheres e crianças; tiveram de os arrastar e de lhes bater pelas ruas e de os ceifar em bosques circundantes, ou empurrá-los para vagões de gado que comboios transportariam para campos, onde “o trabalho liberta”, separando os sãos dos completamente inúteis que colocavam sob “chuveiros”, matavam com gás e depois retiravam os corpos para a carrada que se seguia.
O segundo holocausto será bastante diferente. Numa radiante manhã, daqui a cinco ou dez anos, talvez durante uma crise regional, talvez sem qualquer motivo aparente, um dia ou um ano ou cinco anos após o Irão ter obtido a Bomba, os Mullahs de Qom reunirão numa sessão secreta, sob um retrato do Ayatollah Khomeini com olhar severo, e darão a luz verde ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, então no seu segundo ou terceiro mandato.
As ordens serão dadas e mísseis Shihab III e IV serão lançados contra Tel Aviv, Bersheva, Haifa e Jerusalém e provavelmente contra alvos militares, incluindo meia dúzia de bases aéreas israelitas e (alegadas) bases de mísseis nucleares. Alguns dos Shihab terão ogivas nucleares. Outros serão meros engodos, carregados com agentes químicos e biológicos, ou simplesmente com jornais velhos, destinados a confundir as bateiras antimísseis israelitas.
(...)
Continue a ler neste link.
Benny Morris é professor de História do Médio Oriente na Universidade Ben-Gurion e um dos mais marcantes representantes da esquerda académica israelita. Este ensaio foi publicado em Janeiro de 2007 no Jerusalem Post.
Retirado do blog de nuno Guerreiro Josué, "Rua da Judiaria"
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
705) Livre-comercio e emprego: estudo OMC-OIT
Minhas considerações iniciais:
Dizer que o livre-comércio (ou a globalização para ficarmos no plano mais geral) não cria empregos é obviamente simplificar uma realidade complexa.
Liberalização comercial e de investimentos possuem o efeito mais notorio de DESLOCAR empregos, geograficamente e intersetorialmente, de acordo com o velho princípio ricardiano das vantagens comparativas, tao bem conhecido de todos os economistas.
Não ousaria dizer que nesse processo, o saldo obtido é neutro -- ou seja, sem criacao liquida de novos empregos -- porque criacao e destruicao de empregos nunca se dão nas mesmas condicoes iniciais: tecnologias novas ou velhas sao deslocadas de um canto a outro do planeta, ademais de insumos produtivos mais intangiveis como o know-how,por exemplo, sem que a combinacao seja a mesma numa ou noutra ponta do processo.
Como tecnologias e outros procedimentos produtivos são sempre, por definicao, poupadoras de mao-de-obra, é evidente que haverá um deslocamento de trabalho no curso do processo, ou seja, uma supressao, temporaria, setorial, localizada, de empregos numa ponta, e sua criacao numa outra ponta. Deve-se observar, em todo caso, que mesmo com a supressao de empregos NAQUELA atividade, outros empregos estao sempre sendo criados em outras atividades, seja a montante (concepção, design, engenharia), seja a jusante (manutencao, assistencia tecnica, servicos associados, acessorios, etc).
Em outros temos, como qualquer outro processo de mercado, comercio e investimentos estao sempre aproveitando de diversas formas os fatores de producao e nesse processo deslocamentos (criacao e destruicao) de empregos sao inevitaveis.
O que ainda nao se provou, contra a paranoia bem conhecida dos luddistas e anti-liberalizadores, é que isso provoca, no longo prazo e no plano global, uma diminuicao global de empregos. A humanidade sempre conheceu subemprego e desemprego e a supressao dessas inconveniencias depende e muito dos governos nacionais, das politicas setoriais, da capacitacao dos recursos humanos.
O que é certo é que os paises mais produtivos, os mais avancados, tendem a ter menores taxas de desemprego, NA AUSENCIA de politicas inibidoras da contratacao por motivacoes sindicais e corporativas.
Como se sabe, tambem, sindicatos sao maquinas de produzir desemprego, por que pretendem regular de modo estático um dos fatores de producao, o que na dinamica economica é virtualmente impossivel. O resultado pode ser desemprego...
Estas minhas consideracoes, sem ter lido ainda o relatório...
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Paulo Roberto de Almeida
20 de fevereiro de 2007
Agora a matéria de imprensa:
Livre comércio não cria empregos, conclui estudo
Relatório conjunto da OMC e da OIT não vê relação entre
a abertura comercial e a redução ou o aumento do desemprego
EFE, 20/02/2007
As organizações mundiais do Comércio (OMC) e do Trabalho (OIT) reconheceram ontem não ter dados suficientes para garantir que a liberalização do comércio cria empregos e defenderam políticas nacionais eficazes para cumprir esse objetivo. Os dois organismos com sede em Genebra divulgaram ontem um relatório conjunto no qual procuram aprofundar a complexa relação entre a liberalização do comércio e a geração de emprego.
“O sistema multilateral de comércio pode contribuir para o aumento do bem-estar mundial e promover melhores resultados no emprego, um desafio enfrentado por todos os países-membros” da OMC e da OIT, afirmam no relatório os dirigentes dos dois organismos, Pascal Lamy e Juan Somavía, respectivamente. De acordo com o documento, embora “existam vários estudos empíricos, não é possível depreender uma mensagem clara deles”.
Nas últimas duas décadas de intensificação do comércio mundial não houve uma grande melhoria ou deterioração do emprego. Assim, “a única conclusão justificada é que isso depende de fatores nacionais”, acrescenta o estudo. Alguns desses fatores seriam as políticas macroeconômicas e trabalhistas, os investimentos estrangeiros diretos (IED), as novas tecnologias e o comportamento dos trabalhadores quando procuram emprego.
“A globalização pode ser positiva para a maioria dos trabalhadores dos países industrializados e em desenvolvimento, sempre que sejam aplicadas as políticas econômicas adequadas. No entanto, pode não incluir todos e não é possível ignorar suas repercussões de caráter distributivo”, afirma o documento. Segundo o estudo, o aumento da demanda por mão-de-obra qualificada é outro aspecto da globalização que tende a aumentar as diferenças salariais entre os trabalhadores.
“A teoria clássica estabelece que o comércio entre países industrializados e em desenvolvimento aumenta essas diferenças salariais no mundo industrializado”, continua o relatório, apesar de os autores afirmarem que o principal motivo dessas discrepâncias são as mudanças tecnológicas.
No que se refere à estabilidade do emprego, o estudo reconhece que estão muito difundidas as idéias de que o aumento da competitividade, a redução de obstáculos ao comércio e a maior integração entre os mercados causam o aumento da terceirização, um ambiente de trabalho “mais turbulento” e, com isso, mais desemprego.
No entanto, “os dados não comprovam esta tese”, sendo apenas possível afirmar que “a turbulência não gera um mercado de trabalho mais instável, mas sim efeitos mais negativos no caso da perda de emprego”. As organizações reconhecem que “há razões para pensar que existe um conflito entre eficiência e proteção, que, no entanto, não seria muito grave caso fossem adotadas as políticas de proteção adequadas”.
A liberalização comercial “pode ter efeitos tanto positivos como negativos” e, por enquanto, “os dados empíricos são muito limitados”, segundo os analistas, que reconhecem a importância de a abertura dos mercados ser gradual e conter programas de ajuste concretos para potencializar os benefícios do processo.
“A necessidade de programas de ajuste é maior nos países em desenvolvimento do que nos industrializados, onde os mecanismos de proteção social, por exemplo sob a forma de agências de emprego, ajudam as pessoas atingidas pelo desemprego.”
No entanto, os organismos internacionais reconhecem que, nos países em desenvolvimento, os sistemas de proteção social de ampla cobertura “podem não ser viáveis a curto prazo”, e apostam em outros, de menor duração e dirigidos especificamente aos afetados pelas reformas comerciais liberalizantes.
WTO: 2007 NEWS ITEMS
19 February 2007
WTO AND OTHER ORGANIZATIONS
ILO and WTO Secretariat issue joint study on trade and employment
The International Labour Office and the WTO Secretariat, on 19 February 2007, issued “Trade and Employment: Challenges for Policy Research”. Director-General Pascal Lamy and ILO Director-General Juan Somavia, in their foreword to the study, said “the multilateral trading system has the potential to contribute to increasing global welfare and to promote better employment outcomes”.
Download for free
domingo, 18 de fevereiro de 2007
704) A politização do Itamaraty (Editorial OESP)
Editorial de O Estado de São Paulo, Domingo, 18 de fevereiro de 2007, p. A3.
O chanceler Celso Amorim é diplomata experiente e negociador hábil. Não surpreenderia, portanto, se após a leitura da entrevista publicada no Estado de domingo passado alguns leitores tivessem ficado com a impressão de que ele contestou ponto por ponto as críticas à política externa e à conduta administrativa do Itamaraty feitas pelo embaixador Roberto Abdenur, em entrevista à Veja. O embaixador Amorim não respondeu diretamente às perguntas que lhe foram feitas pelo jornalista Expedito Filho, tangenciando os assuntos e montando silogismos. 'O que se viu foi, novamente, a prática da dissimulação, típica do ministro', diagnosticou o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia, que aproveitou para explicar que o relacionamento entre Brasil e Estados Unidos é bom não porque não exista antiamericanismo na cúpula do Itamaraty, como sustenta o ministro Celso Amorim, mas porque 'há uma força inercial favorável a isso, que inclui a densidade comercial', e porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contribui pessoalmente para a existência de um bom clima entre os dois países. Os presidentes Lula e George W. Bush, como se sabe, têm um bom e cordial relacionamento pessoal.
A entrevista de domingo mostra com clareza o método empregado pelo ministro das Relações Exteriores. Até as pedras sabem que o Itamaraty fez o possível para levar as negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) ao impasse e, depois, ao fracasso. O presidente Lula tem apresentado, em seus discursos, essa façanha como uma das mais significativas vitórias de seu governo. Pois perguntado por que o Brasil não se empenhou na consolidação da Alca, o chanceler respondeu: 'O Brasil se empenhou. Fui a Miami e fechei um acordo que chegou a ser 98% costurado. Depois os fundamentalistas começaram a descosturar.' Quem são esses fundamentalistas capazes de levar ao fracasso uma negociação entre 34 países? 'Não sei quem são os fundamentalistas, se são os da direita ou os da esquerda.'
E, com isso, não apenas se desfaz qualquer ranço de antiamericanismo - ou, pior, de complexo de inferioridade que impede um relacionamento altaneiro e produtivo com a superpotência -, como se transfere para desconhecidos 'fundamentalistas' a responsabilidade pelo fracasso da integração do Hemisfério.
Alega o chanceler que a prova da inexistência de antiamericanismo em sua administração é o fato de os EUA demonstrarem 'um interesse tão grande' pelo Brasil. Ora, dado o relacionamento tradicionalmente bom entre os dois países e os interesses comerciais comuns, solidificados por maciços investimentos feitos pela iniciativa privada, lá e cá, só uma política abertamente hostil justificaria atitude diferente de Washington. Mas o antiamericanismo itamaratiano não é grosseiro; é sutil. Como observa o ex-chanceler Mário Gibson Barbosa em artigo publicado no Jornal do Brasil, trata-se de 'um antiamericanismo de viés nitidamente ideológico que contamina nossa atuação internacional, amarrando-nos cada vez mais a posições que não representam o interesse nacional. Muitas vezes nos levam a atitudes e solidariedades desnecessárias, para não dizer prejudiciais'.
Também preocupa o embaixador Gibson Barbosa o engajamento ideológico e partidário - a 'entusiástica adesão política ao petismo e ao atual governo' - que tem sido exigido dos diplomatas 'para que possam obter promoção ou os melhores postos no exterior'. Chanceler no governo Médici, Gibson Barbosa conduziu o processo de aproximação do Brasil dos países da África, numa época conturbada pelos conflitos da guerra fria. Mas isso não o transformou em ideólogo ou áulico do regime militar, pois entende que 'a atividade diplomática é exercida por uma carreira de Estado, cujos profissionais respeitam o governo de turno, mas não servem a este e sim à Nação, que, ao contrário do governo, é permanente'.
Ex-chanceleres e diplomatas de renome que deixaram o serviço ativo não têm poupado a atual gestão do Itamaraty. Um ou outro faz críticas pontuais à política externa petista. Mas não é esse o ponto de união entre eles. O que os liga é a preocupação com o processo de politização a que a Casa de Rio Branco está sendo submetida há mais de quatro anos. A imposição da 'ideologia unificada' acaba por transformar profissionais a serviço do Estado em simples áulicos do governo. O Barão do Rio Branco, um monarquista ferrenho que serviu fielmente à República, jamais permitiria isso.
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
703) Back to the Future...
Em todo caso, pode-se conferir para ver se são necessárias atualizações de conteúdo, ou apenas de forma, isto é, cronológicas...
Astrologia diplomática
Especulações sobre a política internacional em 2004 (e além)
Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
Todo fim de ano é a mesma história: os jornais e revistas trazem aquelas previsões dos astrólogos para o começo do próximo ano, e tome promessa de catástrofes, mortes, assassinatos, traições, acidentes terríveis e outras pragas anunciadas previamente. O problema, atualmente, é que esses “astrólogos de carteirinha” já não se contentam mais com o menu habitual dos ricos e famosos, dos artistas de Hollywood (ou de novela) e um ou outro político. Não: eles já deixaram a seara das catástrofes naturais, dos acidentes de avião e das mortes das vedetes, para enveredar pelos arcanos da alta política e da política econômica oficial. Eles se profissionalizaram e se especializaram, como convém a toda economia moderna funcionando a plena carga da divisão social do trabalho (Durkheim que me perdõe, mas os astrólogos contribuem para reduzir o grau de “anomia” social).
Deve ter gente que coleciona as previsões mais picantes para conferir até o final do ano, mas confesso que eu sempre perco os recortes no meio do caminho. Quando a pilha geológica dos meus materiais “para ler depois” deixa o pré-cambriano de janeiro para o jurássico de maio a memória enfraquece; quando chega então no pleistoceno de novembro, já não há jeito de encontrar mais nada: tudo está soterrado e será descartado na próxima mudança.
Por isso, desta vez resolvi fazer diferente: vou criar minhas próprias previsões, num terreno que é o meu, obviamente, pois que eu não tenho permissão do sindicato dos astrólogos para invadir sua reserva de mercado e fazer previsões estapafúrdias sobre os temas que lhes são caros. Vou ficar na minha própria selva, que é muito mais complicada do que o mundo de Hollywood e dos cenários de novelas, e vou fazer mais: vou deixar minha lista afichada na minha página (www.pralmeida.org) o ano inteiro, mas sem qualquer garantia de satisfação ou seu dinheiro de volta. Fica valendo apenas como exercício de imaginação criadora, num mundo que se repete a cada ano.
Aqui está, portanto, minha astrologia diplomática para o ano de 2004 (e além), com a ressalva de que eu não consultei as entranhas de nenhum animal, não tracei mapas astrais de nenhum líder da política mundial, não segui o curso zodiacal de países ou organizações. Tudo é resultado da mais pura e anárquica especulação, sem compromisso de cumprimento. Como se trata da primeira tentativa, a margem de erro supera 60%, mas prometo melhorar o grau de acerto antes do Brasil ingressar no Conselho de Segurança, o que deve me dar uns vinte anos de aperfeiçoamento. Sem mais delongas, eis minha lista:
ONU:
Enfrentará uma nova crise financeira em 2004 e não terá recursos para mais de duas missões de paz e meia. Convocará uma conferência de chefes de Estado para discutir o problema da fome e das epidemias que atingem os países mais pobres: todos prometerão ajudar e o mundo continuará igual ao que sempre foi. Haverá discussões (intermináveis) sobre a reforma da Carta e a ampliação do Conselho de Segurança, sem conclusões firmes, porém. Aprovará um sem número de resoluções para resolver os mais variados problemas da humanidade: metade delas terá os Estados Unidos como único opositor (por vezes acompanhados de Israel e do Reino Unido). O Brasil abrirá o debate anual na Assembléia Geral, com um discurso no qual defenderá o multilateralismo.
Império:
Aprofundará o seu comportamento imperial, mas com algumas sutilezas, em um ano eleitoral. Continuará a não ligar para o mundo, mas fará de conta que está realmente interessado na paz e na cooperação internacionais. Continuará caçando terroristas durante o ano e alternando os alarmes amarelo e laranja. Vai legalizar imigrantes ilegais, mas um número ainda maior de candidatos passará a demandar fronteiras muito mais vigiadas. Algumas centenas de brasileiros serão deportados, gentilmente, e outros milhares continuarão tentando entrar, de forma pouco gentil. O presidente republicano será reeleito, ou então tomará seu lugar um candidato democrata. O Congresso confirmará que deseja a Alca mas que não pretende fazer nenhum esforço para abrir suas fronteiras agrícolas ou desmantelar os protecionismos setoriais. Aumentará a exportação de enlatados de Hollywood e a importação de cérebros do resto do mundo.
Europa:
Continuará tendo problemas de formação de maiorias para decidir a introdução do décimo-quinto tratado de reforço de uma união cada vez mais estreita entre seus povos, desta vez em número de 45 (contando as minorias), o que deve dar algo como 82 traduções cruzadas na Comissão, inclusive do grego para o finlandês e do sueco para o esloveno. Suas famílias continuarão não fazendo filhos, e por isso recorrerão aos imigrantes para manter a oferta de mão-de-obra barata. Continuarão enchendo a paciência do resto do mundo para que este reconheça exclusividade de apelações de origem (em queijos, bebidas e outras especialidades) que eles mesmos exportaram para o resto do mundo, com os seus emigrantes, cem anos atrás. Continuarão a manter vacas com contas em banco, porcos com talão de cheques e agricultores com cartões de crédito da própria Comissão, esperando que agricultores do Terceiro Mundo se contentem com algumas migalhas que vão jogar pela janela. Ainda assim, será um ótimo lugar para se fazer turismo cultural e gastronômico.
África:
Terá cessado duas guerras, mas começado outras três, com combatentes cada vez mais jovens (alguns empunharão a AK-47 com uma mão e a mamadeira com a outra). A entrada de recursos públicos para combater a Aids será compensada pela exportação de capitais privatizados para aumentar contas nos bancos off shore. Continuará fornecendo candidatos à imigração nos países europeus. Trapaceiros nigerianos continuarão enviando milhões de mensagens eletrônicas para confirmar que o tio ex-presidente ou o ministro da construção desejam lhe tranferir 25% do seu patrimônio desde que você consinta em lhes passar o número de sua conta em banco: será a contribuição africana para resolver em parte o problema da má distribuição de renda no mundo.
Brasil:
Apesar da reforma ministerial, a imprensa continuará especulando sobre a entrada de novos ministros na equipe de assessores do presidente. Também se discutirá muito o crescimento da economia, o aumento da oferta de empregos, a reforma trabalhista, a política e a crise das universidades, a redução dos impostos e o aumento das prestações sociais, bem como dos investimentos do governo em obras de infraestrutura. Haverá troca-troca partidário logo depois das eleições municipais e nova mudança de regras para as eleições de 2006. A próxima novela do horário nobre se espelhará na vida política do País, o que fará, pela primeira vez na história, decrescer o nível de audiência desse tipo de programa. Os discursos ainda serão superiores ao número de medidas-provisórias, com previsão de equilíbrio em 2005. Continuará em seu esforço para ingressar no Conselho de Segurança e para liderar a América do Sul, com progressos sensíveis nas duas frentes.
Mercosul:
A união aduaneira se reforçará, mas antes haverá um curto estágio de cinco anos por um espaço de preferências tarifárias e mais três numa zona de livre comércio. Sua expansão recomendará reuniões de cúpula de dois dias, para dar tempo a todos os discursos, mas a Secretária Administrativa comprará um avião próprio para seguir todas as reuniões de todos os subgrupos técnicos do mercado comum (em preparação). O grupo de educação começará a redação de um manual de portunhol e a própria Secretária Administrativa de um Mercosur for beginners ou de um Idiot’s Guide to Mercosur.
Anti-globalizadores:
Continuarão com suas ruidosas reuniões, mas cada vez mais globalizadas e mais capitalizadas. Com isso conseguirão prolongar a vida útil do Fórum de Davos, que já vinha cansando empresários e acadêmicos. Também estimularão o turismo alternativo, as edições alternativas e os discursos alternativos, criando uma pujante economia de iniciativas anti-globalização que conseguirá, finalmente, salvar o capitalismo de sua atual fase de estagnação econômica e de baixo crescimento. Serão lançados derivativos financeiros do Fórum Social Mundial, para os que desejam aplicações alternativas, com dinheiro não contaminado pelo desejo de lucro e pelo vício da exploração do homem pelo homem. Serão os únicos fluxos financeiros a recolher a Tobin Tax, num esquema administrado pela ONU, que vai reverter em benefício de organizações alternativas do Terceiro Mundo, isto é, para eles mesmos.
Comércio internacional:
Continuará sendo uma guerra por outros meios, ou continuará tendo mais a ver com a política do que com a economia. As vantagens comparativas ricardianas terão uma nova interpretação, patrocinada pela Comissão Européia e pelo Congresso americano, que tentarão modificar simultaneamente todos os livros textos de economia. Seus autores se refugiarão numa ilha deserta, reproduzindo a simulação do Robinson Crusoé que figura nesses livros textos, como exemplo de economia fechada e sem trocas. A despeito disso, as trocas se farão cada vez mais entre multinacionais, que serão em sua maioria ocidentais intercambiando produtos chineses. Indianos também vão começar a exportar uma parte de sua mão-de-obra para a Rússia, que padece de demografia declinante. Haverá dumping de ministros social-democratas, numa primeira antecipação da aplicação da cláusula social em escala universal.
Meio Ambiente:
Cada vez mais protegido, por discursos, de dirigentes políticos, e na prática, por barcos e aviões armados de radares e mísseis das organizações não-governamentais mais agressivas. Povos indígenas, por sua vez, contarão com dirigíveis nao-poluentes para supervisionar suas explorações minerais e agrícolas (sustentáveis). Técnicas de clonagem ressuscitarão espécies desaparecidas, mas as ONGs ecológicas alertarão para os desequilíbrios para o meio ambiente do século 21, não acostumado com predadores do passado. Desaparecerá a agricultura tradicional e os supermercados serão divididos em seções de transgênicos e de orgânicos, com filas separadas nos caixas para evitar contaminação recíproca.
Direitos Humanos:
Serão inclusivos, com os aspectos psicológicos contemplados em nova convenção da ONU. Animais clonados também serão incluídos na categoria. O direito à democracia derrubará o último ditador asiático, mas uma ilha do Caribe continuará resistindo aos ditames do Império. Todos os habitantes do planeta terão direito a uma renda mínima, cujo programa será universalizado graças aos esforços de um senador brasileiro, e a ONU supervisionará sua aplicação até o ano de 2075, quando se espera que o último pobre poderá adquirir uma bicicleta chinesa movida a hidrogênio.
Astrólogos diplomáticos:
Serão uma categoria reconhecida e cada vez mais disseminada, antes mesmo da formalização da profissão de “internacionalista”. Terão seu próprio sindicato e sua colônia de férias e farão congressos anuais para trocar previsões sobre os países em que vivem. O mundo será muito mais divertido e feliz com eles, pois eles poderão abolir completamente as guerras e as epidemias de suas previsões, aproveitando para abater o preço dos manufaturados e para elevar os das commodities. Ou não?
A conferir no começo de 2005.
Paulo Roberto de Almeida (Brasília: 1176, 11 de janeiro de 2004).
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
702) Pausa para humor...
Um imigrante polonês está fazendo exame de vista para obter carteira de motorista. O examinador lhe mostra um quadro com as seguintes letras:
C Z J W I N O S T A C Z
O examinador pergunta:
- Você consegue ler isso?
E o polonês:
- Ler?! Eu conheço esse cara!
Frio Relativo
30º C ou mais:
-Baianos vão a praia, dançam, cantam e comem acarajé
-Cariocas vão a praia e jogam futebol
-Mineiros comem um "queijin" na sombra
-Todos os paulistas estão no litoral e enfrentam 2 horas de fila nas padarias e supermercados da região
-Curitibanos esgotam os estoques de protetor solar e isotônicos da cidade
25ºC:
-Baianos não deixam os filhos sairem ao vento após as 17 horas
-Cariocas vão à praia mas não entram na água
-Mineiros comem um feijão tropeiro
-Paulistas fazem churrasco nas suas casas do litoral, poucos ainda entram na água
-Curitibanos reclamam do calor e não fazem esforço devido esgotamento físico
20ºC:
-Baianos mudam os chuveiros para a posição "Inverno" e ligam o ar quente das casas e veículos
-Cariocas vestem um moletom
-Mineiros bebem pinga perto do fogão a lenha
-Paulistas decidem deixar o litoral, começa o trânsito de volta para casa
-Curitibanos tomam sol no parque
15ºC:
-Baianos tremem incontrolavelmente de frio
-Cariocas se reúnem para comer fondue de queijo
-Mineiros continuam bebendo pinga perto do fogão a lenha
-Paulistas ainda estão presos nos congestionamentos na volta do litoral
-Curitibanos dirigem com os vidros abaixados
10ºC:
-Decretado estado de calamidade na Bahia
-Cariocas usam sobretudo, cuecas de lã, luvas e toucas
-Mineiros continuam bebendo pinga e colocam mais lenha no fogão
-Paulistas vão a pizzarias e shopping centers com a família
-Curitibanos botam uma camisa de manga comprida.
5ºC:
-Bahia entra no armagedon.
-César Maia lança a candidatura do Rio para as olimpíadas de inverno.
-Mineiros continuam bebendo pinga e quentão ao lado do fogão a lenha.
-Paulistas lotam hospitais e clínicas devido doenças causadas pela inversão térmica
-Curitibanos fecham as janelas de casa.
0ºC:
-Não existe mais vida na Bahia.
-No Rio, César Maia veste 7 casacos e lança o "Ixxnoubórdi in Rio".
-Mineiros entram em coma alcoólico ao lado do fogão a lenha.
-Paulistas não saem de casa e dão altos índices de audiência a Gilberto Barros, Gugu Liberato, Luciana Gimenes e Silvio Santos
-Curitibanos fazem um churrasco no pátio... antes que esfrie.
701) Premios e concursos: Franklin Roosevelt, Principe de Asturias e União Europeia
Prêmio Franklin D. Roosevelt de estudos sobre os Estados Unidos
O Prêmio Franklin Delano Roosevelt de Ciências Sociais é uma promoção da Embaixada dos Estados Unidos da América no Brasil e será atribuído uma vez por ano aos melhores trabalhos em níveis de graduação, mestrado e doutorado, com um prêmio em dinheiro para cada um desses níveis. A edição anual do prêmio contempla as seguintes áreas do saber: Relações Internacionais, Sociologia, História, Antropologia, Ciência Política, Economia, Direito e Geografia, que são de áreas de natureza interdisciplinar. O concurso é de âmbito nacional, com ampla divulgação, e premiará trabalhos de alunos regularmente matriculados em universidades brasileiras. Serão habilitados a concorrer aos prêmios trabalhos que abordem aspectos da realidade dos Estados Unidos da América. O prêmio consistirá em uma quantia em dinheiro, com os valores seguintes: Melhor Monografia - US$ 1.500,00; Melhor Dissertação - US$ 2.000,00; Melhor Tese - US$ 4.000,00. A cada ano, concorrerão aos prêmios Monografias, Dissertações e Teses que tenham sido defendidas até 31 de dezembro do ano anterior. As inscrições dos trabalhos, julgamento e premiação ocorrerão na cidade de Brasília. Os dossiês devem ser enviados até o período de Março a Julho. Informações adicionais sobre o calendário, comissão julgadora critérios do Prêmio, estão disponíveis na página da Embaixada dos Estados Unidos.
Prêmios Príncipe de Asturias
Está aberto o prazo de inscrição de candidaturas para os Prêmios Príncipe de Asturias, da Espanha, em sua vigésima sétima edição, oferecidos pela Fundação Príncipe de Astúrias e destinados a premiar o trabalho científico, técnico, cultural, social e humano realizado por pessoas, grupos de trabalho ou instituições no âmbito internacional cujo resultados constituam em exemplo para a Humanidade. Os prêmios são oito: Comunicação e Humanidades, Ciências Sociais, Artes, Letras, Investigação Científica e Técnica, Cooperação Internacional, Paz e Esportes. As propostas de candidaturas apresentadas para qualquer um destes Prêmios devem ser da máxima exemplaridade e a sua obra ou contribuição de reconhecida transcendência internacional. O edital do Prêmio, contendo a convocatória, regulamento, detalhes da premiação e formulário de proposta de candidaturas, está disponível na internet.
Concurso de Monografias sobre o tema “50 Anos construindo a União Européia”
Um concurso de monografias foi lançado pela Delegação da Comissão Européia no Brasil e faz parte do calendário de eventos programados para as comemorações do 50º aniversário da Assinatura do Tratado de Roma.
O Concurso de Monografias sobre o tema “50 Anos construindo a União Européia” elegerá três monografias na categoria de graduação e outras três em nível de pós-graduação. Os vencedores também terão direito a viajar para Bruxelas a convite da Delegação da Comissão Européia no Brasil.
Este Concurso de Monografias está aberto a estudantes de graduação e pós-graduação de todo o país e serão escolhidos os três melhores trabalhos de cada um desses níveis. O prêmio para a monografia vencedora em cada uma das categorias compreende uma viagem a Europa. As outras quatro monografias receberão menção honrosa. Os autores dos seis trabalhos escolhidos serão convidados especiais da Conferência 50 Anos Construindo a União Européia, a ser realizada em Brasília no dia 10 de maio e terão deslocamento e estadia pagos pela Delegação da Comissão Européia.
As inscrições para o Concurso de Monografias poderão ser feitas até o dia 31 de março (vide Regulamento no endereço http://www.delbra.cec.eu.int . Os trabalhos serão avaliados por uma Comissão Julgadora composta por representantes das Embaixadas da Alemanha e de Portugal e por um funcionário da Delegação da Comissão Européia.